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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

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Academic year: 2021

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Nº 9951/12 – MJG

HABEAS CORPUS N. 111748

PACTE: MARLON RODRIGUES

IMPTE: DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO IMPDO: SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA RELATOR: EXMO. SR. MIN. LUIZ FUX

HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO QUALIFICADO

EM SUA FORMA TENTADA. PRESCRIÇÃO. NOTÍCIA ACERCA DO INÍCIO DA EXECUÇÃO PENAL. JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL COMO O JUIZ NATURAL DA CAUSA – ART. 66, II, C.C. ART. 65, AMBOS DA LEP. PENA CORPORAL QUE SE AFIGURA INFERIOR AO LAPSO TEMPORAL COMPREENDIDO ENTRE A DATA EM QUE SE DETERMINOU A EXPEDIÇÃO DA GUIA DE EXECUÇÃO PROVISÓRIA E À DATA EM QUE PROFERIDO ATO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.

- Parecer pelo não conhecimento do mandamus e pela concessão da ordem de ofício, para determinar ao juiz da execução penal que aprecie o pedido de extinção de punibilidade.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO RELATOR

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, nos autos em epígrafe, diz a V.Exa. o que segue:

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Nº 9951/12 - MJG

Trata-se de habeas corpus impetrado pela Defensoria Pública da União, em favor de Marlon Rodrigues, contra ato do Superior Tribunal de Justiça, que, pela unanimidade dos membros de sua Quinta Turma, rejeitou os embargos declaratórios opostos no agravo regimental no REsp n. 1.193.169/MG, em aresto prolatado nos moldes da ementa abaixo transcrita:

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PRETENSÃO DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE NO JULGADO. EFEITOS INFRINGENTES. INVIABILIDADE, IN CASU. PRECEDENTES.

1. A teor do disposto no Direito Processual pátrio, subsiste a possibilidade de oposição dos embargos de declaração para apontar omissão, contradição ou obscuridade na sentença ou acórdão, não se prestando eles, portanto, para rediscutir a matéria já apreciada e não eivada dos vícios acima assinalados.

2. Os embargos de declaração não se revelam meio adequado para o reexame de matéria decidida pelo órgão julgador, mormente quando o objetivo é reformar o julgado em vista da não concordância com os fundamentos presentes na decisão recorrida.

3. Embargos de declaração rejeitados.”

Consta nos autos que o paciente foi denunciado como incurso no art. 155, §4º, IV, c.c. art. 14, II, ambos do Código Penal, pelos fatos assim narrados na denúncia:

“No dia 03 de agosto de 2008, por volta de 01:00h, na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, n.º 1.461, Bairro Glória, o denunciado e o adolescente Adriano Morais de Jesus (já corrompido), em comunhão de esforço e conjugação de vontades, tentaram subtrair para si, coisa alheia móvel, qual seja, 1 (uma) bolsa (mochila) de rodas, grande, de nylon, cor preta, marca Landscape; 10 (dez) pares de sandália Havaiana, tamanhos variados; 3 (três) desodorantes aerosol marca Axé; 2 (dois) desodorantes aerosol marca Rexona; 2 (dois) desodorantes aerosol marca Speed Stick e 1 (uma) lata de energético marca Burn, de 250 ml, pertencentes ao estabelecimento comercial denominado 'Supermercado Super

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Nosso', somente não se consumando o delito, por circunstâncias alheias às suas vontades.”

Finda a regular instrução, foi condenado pela 7ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte/MG às penas de 8 (oito) meses de reclusão, no regime inicial semiaberto, e pagamento de 3 (três) dias-multa. Interposta apelação criminal pela defesa, o édito condenatório foi ratificado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, em acórdão prolatado nos moldes da seguinte ementa:

“APELAÇÃO CRIMINAL – CRIME DE FURTO QUALIFICADO NA MODALIDADE TENTADA – COMETIMENTO NO INTERIOR DE ESTABELECIMENTO COMEERCIAL – SISTEMAS DE SEGURANÇA – CONDENAÇÃO – TESE DEFENSIVA – ALEGAÇÃO DE CRIME IMPOSSÍVEL – PRINCÍPIO DA LESIVIDADE – IMPROVIMENTO. O fato de existir no estabelecimento comercial vigias, sistema de segurança, tais como câmeras e alarmes, por não serem eles infalíveis, não se pode afirmar que qualquer tentativa de subtração de bens em tais estabelecimentos tratar-se-ia da hipótese de crime impossível por ineficácia absoluta do meio.”

Seguiu-se a interposição de apelo especial ao Superior Tribunal de Justiça, que, mediante ato monocrático, teve seu processamento negado dada a ausência de prequestionamento da matéria suscitada. Eis a ementa do agravo interno que confirmou a decisão monocrática:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282 E 356/STF. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. Se o conteúdo normativo do artigo tido por violado não foi objeto de decisão pelo Tribunal de origem, ressente-se o recurso especial, neste ponto, do necessário prequestionamento, Aplicação, à espécie, das Súmulas 282 e 356/STF.

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Nº 9951/12 - MJG

Na via excelsa, pugna a impetrante pela declaração de extinção da punibilidade do paciente em decorrência da prescrição. Aduz, em breve síntese, que, sendo a pena de 8 (oito) meses de reclusão e o prazo prescricional de 2 (dois) anos, o lapso prescricional teria transcorrido entre a data da prolação da sentença condenatória e a pendência de julgamento do recurso especial na Corte Augusta.

Instruídos os autos, vieram a esta Procuradoria Geral da República para a emissão de parecer.

É o relatório.

O habeas corpus não comporta conhecimento.

Sabe-se que a competência dessa Excelsa Corte para o julgamento do recurso ordinário em habeas corpus, bem como do writ que lhe for substitutivo, não prescinde que a decisão denegatória combatida seja proferida, em última ou única instância, por Tribunal Superior (art. 102, II, a, CF/19881). Esse não é o caso vertente, eis que a matéria trazida na inicial

mandamental – a prescrição da pretensão punitiva – não foi enfrentada pelo acórdão vergastado.

Outrossim, ainda que a matéria seja de ordem pública e os autos estejam instruídos com cópias bastantes à verificação dos marcos arrolados pela impetrante – recebimento da denúncia, prolação de sentença condenatória e decisão que negou seguimento ao recurso especial na Corte Augusta –, há notícia nos autos, especificamente na sentença condenatória,

1 “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,

cabendo-lhe:

[...] II - julgar, em recurso ordinário:

a) o 'habeas-corpus', o mandado de segurança, o 'habeas-data' e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;”

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de que o paciente iniciou a execução de sua pena, sendo o juiz da execução o julgador competente para analisar o pedido de extinção de punibilidade (art. 66, II, c.c. art. 65, ambos da Lei n. 7.210/842).

Impende observar que no caso de a execução penal ter sido iniciada na forma determinada pelo juiz sentenciante, a punibilidade do paciente pode estar extinta pelo próprio cumprimento da pena, porque decorrido prazo deveras superior à reprimenda corporal a ele aplicada, qual seja, a de 8 (oito) meses de reclusão.

Diante desse quadro, e não ignorando os precedentes desse Supremo Tribunal que admitem a concessão da ordem de ofício para declarar extinta a punibilidade do agente, entendemos ser mais adequada a apreciação da matéria pelo juiz da execução penal, que, além de estar mais próximo aos fatos aqui abordados, é o juiz natural da causa pretendida.

Destarte, somos pelo não conhecimento do mandamus e pela concessão da ordem ex officio para determinar ao juiz da execução a análise do pedido de extinção de punibilidade decorrente da prescrição.

Brasília, 13 de agosto de 2012.

MARIO JOSÉ GISI

Subprocurador-Geral da República

2 “Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e,

na sua ausência, ao da sentença.” “Art. 66. Compete ao Juiz da execução: [...] II - declarar extinta a punibilidade;”

Referências

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