TIPIFICAÇÃO DA FARINHA DE MANDIOCA E SUA DEMANDA
PELOS CONSUMIDORES DA REGIÃO METROPOLITANA DE
BELÉM.
TYPES OF MANDIOCA FLOUR AND ITS DEMAND BY CONSUMERS
OF THE METROPOLITAN REGION OF BELÉM.
Apresentação: Pôster
DOI: https://doi.org/10.31692/2526-7701.IIICOINTERPDVAGRO.2018.00676
Introdução
A planta de mandioca (Manihot esculenta Crantz) é um arbusto perene, pertencente à classe das dicotiledôneas e à família das Euforbiáceas, originária da América do Sul (FILHO e SILVEIRA, 2012). Caracterizada por ser uma planta tolerante a condições de seca e baixa fertilidade do solo, é comumente cultivada em áreas cujos solos são pobres e onde as condições climáticas nem sempre são favoráveis à exploração da cultura (STAUT, 2012).
Seu cultivo ocorre tanto em regiões de clima tropical e subtropical, com precipitações anuais variáveis de 600 a 1.200 mm (CEPLAC, 2007), quanto em regiões de clima equatorial e precipitação anual superior a 2.500 mm no caso da Amazônia brasileira. Atualmente a África é de longe o maior produtor da mandioca.
O Estado do Pará se apresenta como maior produtor do Brasil, com uma distribuição geográfica em todo território. Entretanto, de acordo com estudos de zoneamento da lavoura, realizados por BASTOS (2008) a região Nordeste deste estado se destaca com excelente aptidão para o seu desenvolvimento. Resultados de avaliação a nível nacional da cadeia produtiva da mandioca conduzido por CARDOSO (2004) indicam que os principais fatores que restringem o seu desempenho estão associados à demanda, aos fatores tecnológicos, estruturais e sistêmicos. A associação de tais fatores reflete em perda de competitividade dos produtos no mercado interno e principalmente no mercado externo.
Por ser uma cultura de grande importância econômica e social, que tem um papel fundamental na permanência do homem no campo, fortalecendo a agricultura familiar, foi proposta e elaborada esta pesquisa relacionada ao consumo da farinha de mandioca, sendo importante salientar que é muito comum o paraense relacionar a qualidade da farinha,
chamada de “farinha boa”, como sendo originária da região Bragantina, conhecida como “farinha de Bragança”.
Fundamentação Teórica
Buscou-se com a pesquisa identificar quais são os critérios adotados pelo paraense “papa chibé” quanto as qualidades e características que influenciam na sua preferência dentre os diversos tipos de farinha, para que se possa caracterizar o produto de forma mais adequada. Entendemos que a origem da produção da farinha é de grande relevância, bem como a forma que são produzidas e outros fatores, tais como a qualidade do solo da região.
Metodologia
A pesquisa foi direcionada aos consumidores da farinha de mandioca, por apresentar uma alta demanda de consumo entre os paraenses. Os dados foram obtidos por meio de pesquisa qualitativa e quantitativa (questionários), com o intuito de levantarmos dados da farinha de mandioca mais consumida, bem como das características que levam os consumidores à escolha. Foram aplicados questionários aos consumidores, cujas respostas serão contabilizadas através do programa Excel, e serão geradas tabelas e gráficos para posterior análise.
Resultados e Discussões
Foram aplicados 80 questionários, com intuito de avaliar a influência que as características relacionadas à granulometria, coloração e preço na demanda da farinha de mandioca. Entre os entrevistados (57%) são do sexo feminino e (43%) do sexo masculino.
Segundo Sousa e Fialho (2007), as raízes representam importante fonte alimentícia, por serem ricas em calorias e carboidratos, podendo ser destinadas ao consumo humano e animal. Possuem também diversas formas de processamento, tais como: raiz cozida, farinha, tucupi, amido, álcool, acetona, entre outros. Com isto, foi possível analisar entre os entrevistados o consumo diário (Figura 1), mostrando assim que pelo menos uma vez por dia os paraenses consomem a farinha. Segundo a pesquisa a forma de consumo mais utilizada é como acompanhamento das refeições (Figura 2). No estado do Pará a farinha também é utilizada é utilizada como complemento ao açaí, assim como a farinha de tapioca que é retirada da fécula de mandioca.
Figura 1: Consumo diário da farinha de mandioca do município de Belém, 2018.
Fonte: Autores
Figura 2: Formas de consumo da farinha de mandioca em Belém, 2018.
Fonte: Autores
Na fabricação de farinha, a classificação também é feita pela cor, o que pode está diretamente relacionada à cor da polpa, de onde pode ser retirada a farinha, o tucupi, o beiju, goma seca, polvilho doce, amido de mandioca, entre outros. Existem vários tipos de cores de farinha, as de cor amarela, cor mais clara e cor mais escura, a preferência varia e de acordo com a cultura e costume de cada população. Na ausência de variedades com essa coloração natural, alguns produtores de farinha fazem uso de corantes artificiais.
A farinha de mandioca tem inúmeras designações, assim pela sua coloração como sua granulometria. É conhecida popularmente como farinha d’agua, farinha beiju, farinha seca, farinha gomada, farinha “baguda”, entre outras. Neste trabalho analisou-se 7 tipos de granulometria de farinha e de coloração que são mais consumidas entre os paraenses (Figura 3), mostrando que a farinha fina amarela, fina branca e grossa amarela são as com maior
34% 25% 8% 13% 20% 1 vez 2 vezes As vezes Mais de 2 vezes Nenhuma vez 27% 73% Açaí Acompanhamento na refeição
aceitação respectivamente, já as que possuem menor aceitação pelos paraenses as farinhas que possuem granulométrica mais grossas.
Figura 3: Coloração e granulometria da farinha de mandioca no município de Belém, 2018.
Fonte: Autores
Desde que sai da casa de farinha do produtor até chegar ao consumidor a farinha passa por diversos lugares, como, atravessadores e barqueiros até que cheguem às feiras, supermercados e mercados informais. Segundo a pesquisa realizada a maioria dos entrevistados costumam comprar a farinha nas feiras de Belém e nas “tabernas” (Figura 4).
Figura 4: Local onde se costuma comprar a farinha de mandioca no município de Belém, 2018.
Fonte: Autores
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), o quilo da farinha nas feiras e supermercados de Belém em fevereiro de 2012 custava em média R$ 2,97 e fechou o ano com R$ 5,56. Nos dois primeiros meses de 2013 o preço atingiu R$ 6,83 com um aumento acumulado de 22,84% contra uma inflação de 1,44%. Sendo que o Pará é um dos maiores produtores de farinha do Brasil. Esses valores elevados se dão pelo sistema de produção que é adotado pelos pequenos agricultores e
0 5 10 15 20 25 Grossa Escura Grossa Branca Grossa Amarela Fina Branca Fina Amarela Baguda Branca Baguda Amarela 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Sim Não As vezes
Supermercados Feiras
Mercados Informais (tabernas)
produtores. Pelo aumento da demanda, os atravessadores e grandes varejistas lucram com toda a procura. Com isso buscou-se saber se o preço seria critério para a compra da farinha, como podemos observar na figura 5, que a maioria não leva em consideração o preço na hora da compra.
Figura 5: O preço é critério de escolha na hora da compra da farinha de mandioca no município de Belém, 2018.
Fonte: Autores
Conclusões
A pesquisa obteve respostas de consumidores em sua maioria jovens com idade predominante entre 19 e 21 anos, que adquirem o produto preferencialmente nas feiras livres, mas os mercados informais também despontam como fortes pontos de aquisição. A partir dos resultados obtidos, verificou-se que o produto é consumido pelo menos uma vez ao dia, como acompanhamento as refeições. Quanto aos consumidores, um dos fatores de maior influência na escolha da farinha de mandioca é a sua granulometria preferencialmente fina, com a coloração amarela. A pesquisa mostra também que o preço não é um fator tão determinante na compra, isso pode ter relação com o consumo diário, visto que os pesquisados comem farinha todos os dias como culturalmente acontece no estado.
Referências
BASTOS, T. X. Zoneamento agroclimático para a cultura da mandioca no Estado do 6 Pará - Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2008.
CARDOSO, C. E. L. Restrições à melhoria da competitividade da cadeia agroindustrial de fécula de mandioca (recurso eletrônico) - Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e fruticultura Tropical, 2004. 38% 36% 26% Sim Não Talvez
CEPLAC. Mandioca, 2007. Disponível em. Acesso: em: 15 mar. 2018.
FIALHO, J. F. e VIEIRA E. A. Mandioca no Cerrado: Orientações técnicas. Embrapa Cerrados: Planaltina, 2013. 208 p.
FOLEGATTI, M. I. da S.; MATSUURA, F. C. A. U.; FILHO, J. R. F. A indústria da farinha de mandioca. In: SOUZA, L. da S. et al. (Ed.). Processamento e utilização da mandioca. Cruz das Almas: Embrapa Mandiocultura e Fruticultura Tropical, 2005. 547p.
FRANÇA, H. B. Avaliação de variedades de mandioca na comunidade Princesa do Xingu, Altamira-PA: ANO 2, 2011.
SOUSA, L, S.; FIALHO, J. F. Raspa de raízes de mandioca. 2007. Disponível no site: Acessado em: 15 mar. 2018.
STAUT, L. A. Resposta Agronomica e Econômica da Cultura da Mandioca a Doses de Composto Orgânico. In: FERTBIO. Anais... Maceió, 2012.