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nao e moleza Quem entende de avaliação é quem está na escola

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Academic year: 2021

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Quem entende de

avaliação é quem está

na escola

nao

(2)

estudantes trabalhadores

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) nas

escolas foi uma conquista dos trabalhadores.

Desde os anos 50, diversos movimentos sociais

e religiosos desenvolveram a educação popular

de adultos e lutaram para que ela fosse

reconhecida pelos governantes.

A EJA é, portanto, uma resposta dos

trabalhadores

ao

descumprimento

dos

sucessivos governos de suas obrigações com a

educação dos filhos das classes populares. Pois,

durante muitas décadas só os filhos das classes

altas conseguiam frequentar os estudos, mesmo

nas escolas públicas.

Gerações e gerações de brasileiros foram

excluídas do direito à educação. Uns foram

obrigados a trabalhar desde criança, outros

não tinham escolas próximas da moradia. As

famílias de trabalhadores, principalmente do

interior, eram levadas a pensar que pobre

não precisava ou não podia estudar.

A sociedade era mais machista algumas

décadas atrás e muitas famílias proibiam suas

filhas de freqüentarem escolas, pois podiam

se “desvirtuar moralmente”, ou seja, podiam

tomar consciência de seus direitos. Alguns

abandonaram a escola cedo, porque eram

discriminados, ou por que tinham dificuldades

e não tiveram apoio e orientação dentro e

fora da escola.

Ainda assim, a EJA é lugar de gente experiente,

vivida, inteligente e decidida a se desenvolver

na vida e a melhorar nossa sociedade. É gente

de luta e de coragem, pois, voltar a estudar

depois de adulto não é moleza, é desafio grande:

é preciso conciliar os estudos com o tempo de

trabalho ou de desemprego, com as obrigações

e problemas familiares, problemas de distância

entre escola, trabalho e moradia, problemas de

transporte, de despesas, problemas de saúde,

o risco da violência nas ruas. Tem ainda as

dificuldades em se adaptar de novo às aulas,

aos conteúdos e disciplinas. Mas a maioria

enfrenta essa barra e segue em frente.

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trabalhadores professores

Nessa empreitada dos jovens e adultos estudantes é preciso contar com professores e profissionais

das escolas bem preparados. Profissionais que sejam parceiros dedicados e solidários. Professores

que entendam os diversos problemas de seus alunos. Professores que buscam os melhores caminhos

e recursos para garantir que os estudantes tenham a formação a que têm direito.

A EJA é um grande desafio também para os professores, pois, na universidade não se aprende

a entender e a atuar com a educação de adultos. É preciso aprender desenvolvendo e refletindo

sobre a prática; com os colegas e com os próprios estudantes. É preciso um bom tempo para o

professor formar sua experiência, além da formação universitária.

publico diversificado

Um dos grandes desafios na EJA é lidar com a diversidade do publico: temos em nossas turmas

uns bem jovens, com 15, 16 e 17 anos, cujos pais são ainda os responsáveis legais. Outros são adultos

com 20, 30 40 anos. Ainda há os mais velhos, senhores e senhoras que sempre sonharam em

frequentar a escola, a ler e escrever e que só agora conquistaram essa possibilidade. Uns querem

se formar para o mundo do trabalho, outros para aprenderem mais sobre o mundo e a vida,

outros para continuarem a estudar mais. Todos esses motivos são legítimos.

Os professores precisam analisar cada tipo de estudante, quais são seus interesses, suas dificuldades

escolares e de fora da escola. Assim, ele pode planejar o melhor método e conteúdo para seus

alunos e constantemente avaliar como seu trabalho consegue ajudar no desenvolvimento de

todos e de cada um. O professor deve também fazer com que o estudante faça também sua

auto-avaliação, do seu desenvolvimento.

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Agora que, depois de muitas lutas, as classes mais pobres conquistaram seu acesso à escola (inclusive como direito previsto na Constituição Federal de 1988), as classes poderosas (nos governos) querem fazer da educação pública um serviço de “segunda classe” para o povo. Enquanto os filhos das classes altas estudam em escolas particulares caras, nas universidades públicas de difícil acesso e mesmo no exterior, a educação para as classes mais pobres, os trabalhadores, não tem o investimento e a qualidade necessários. Nosso país investe apenas 3% da produção nacional em educação, enquanto que países desenvolvidos e outros países em desenvolvimento investem até 12%. O Brasil é o que menos investe em educação na América Latina, menos que o Paraguai, Argentina e Uruguai, por exemplo.

o descompromisso dos

governos com a educacao

Sem o investimento necessário e sem a cobrança da população, a PBH implementa alguns projetos “baratos” de educação que são muito ruins. Faz demagogia e propaganda dizendo que está atendendo o direito do povo com alguns cursinhos rápidos como ProJovem que finge formar os jovens estudantes em áreas do ensino fundamental e do ensino profissional, mas não disponibiliza nem recursos, nem profissionais qualificados (não são professores da Rede Municipal) e nem tempo suficiente para uma formação de qualidade.

Outro projeto, o Floração, é um “telecurso” comprado da Fundação Roberto Marinho, da Rede Globo. Ora, será que as emissoras de televisão que ganham fortunas vendendo comerciais e propagandas do governo entendem mais de educação do que os professores e educadoras? Se assim fosse, depois de 30 anos de telecurso não teríamos nenhum problema com a educação no Brasil. Esses e outros projetos da PBH, são, na verdade, enganações, pois não preparam de fato os jovens e adultos trabalhadores para os crescentes desafios do mundo do trabalho e de desenvolvimento pessoal e social que a educação escolar poderia dar. Apenas facilitam a aquisição de um certificado fazendo com que a procura por educação pelas classes populares seja satisfeita demagogicamente, mas sem qualidade de fato. A PBH depois faz uma propaganda dizendo que não há mais analfabetos, nem jovens e nem adultos sem o ensino fundamental na cidade. Entretanto, a batalha no mundo do trabalho e na sociedade continua cada vez mais acirrada e só com um certificado, sem base alguma de formação efetiva a maioria, principalmente os mais jovens, terá muita dificuldade.

pbh investe pouco

A prefeitura de Belo Horizonte deveria investir, por lei municipal, 30% de sua arrecadação em educação das crianças, jovens e adultos da cidade, mas, os governos dos últimos 20 anos, inclusive o de Marcio Lacerda, vêm investindo apenas 17% a 19%. Essa sonegação de verbas para a educação vem se dando mesmo com o crescente aumento das receitas do município a cada ano. Nos últimos 10 anos a receita mais do que dobrou o valor. Nunca PBH teve tanto dinheiro.

Essa economia irregular do dinheiro da educação a PBH vem gastando com obras e propagandas que na maioria das vezes atendem mais aos empresários da construção do que ao povo. Pioram a cada dia os salários dos trabalhadores públicos essenciais como os da saúde e os da educação.

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Na verdade, é preciso mais recursos para as escolas garantirem melhor formação cultural, artística, cientifica, tecnológica, política e social aos estudantes de BH. Mais recursos para se ter acesso aos lugares de saber, de cultura e arte, de produção econômica e de participação política. Materiais, equipamentos, transporte e verbas para projetos educativos, de formação técnico-profissionalizante, para produzir e participar de exposições, intercâmbios e eventos culturais e científicos. Uma educação que desenvolva os estudantes como ser humano como um todo, como pessoa, como companheiro, como trabalhador que produz e transforma o mundo para melhor.

Mas, ao contrário, os estudantes do Ensino Fundamental, do Ensino Médio (que está sendo destruído pela PBH) e da EJA, saem quase apenas com um certificado na mão. Um pedaço de papel

que não garante nada do que eles têm direito. É preciso reconhecer o esforço enorme dos estudante e dos professores para desenvolver o máximo a educação, mas a qualidade não depende só de boas intenções ou boa vontade. Educação é coisa séria para uma nação e é preciso muito investimento. É o que fizeram e fazem os países mais desenvolvidos do mundo.

É preciso denunciar isto: O direito a educação integral dos trabalhadores e seus filhos em BH está sofrendo um ataque brutal da prefeitura e da Secretaria da Educação (SMED).

Além dos projetos e cursinhos ruins para os jovens e adultos de BH, a prefeitura e a secretaria vêm piorando as condições da EJA nas escolas. Desde o ano passado diminuiu ilegalmente a quantidade de professores por turma, descumprindo a Lei Orgânica Municipal e a Resolução da EJA do Conselho Municipal de Educação.

Antes eram 3 professores para cada 2 turmas, como nas demais turmas do ensino fundamental das escolas da prefeitura. Isto afeta o direito dos estudantes de terem mais professores com formações diferentes disponíveis para sua formação, professores de

formações especificas como língua portuguesa, ciências, historia, geografia, inglês, matemática, artes, educação física. Também dificulta o atendimento às turmas em caso de adoecimento e licença de professores.

ataques da pbh a eJa

Outro ataque da PBH à EJA é não efetivar (lotar) professor concursado nos cargos do noturno. A secretaria, desde o ano passado libera apenas professore em regime de dobra (hora extra) para os cargos da noite. Isso provoca uma rotatividade muito grande de professores, pois eles ficam provisoriamente nos cargos, prejudicando um trabalho mais continuado.

Essa postura da PBH também é ilegal, pois, a lei municipal obriga o prefeito a nomear para cada cargo vago na educação um professor aprovado por concurso publico a não ser em caso de licenças de professores e eventualidades.

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O último ataque da PBH/SMED aos estudantes e professores da EJA é a imposição de uma avaliação externa aos alunos da Rede Municipal. Para nós, quem tem condições de realmente avaliar as atividades de educação é quem faz parte delas, ou seja, os estudantes e os professores. Avaliar as dificuldades, os avanços, os próximos passos do trabalho de formação é atribuição dos professores e educandos.

Com essa avaliação imposta de fora, a PBH pratica uma violência e um desrespeito contra a capacidade profissional dos professores e a autonomia e a capacidade de auto-avaliação dos jovens e adultos estudantes. As avaliações externas (provas aplicadas pelos governos federal e estaduais) surgiram nos últimos anos no Brasil como arremedo de alguns países da Europa e EUA. Esses países, entretanto, vêm abandonando essas avaliações devido ao fracasso delas para mostrar de fato como está a educação, devido as conseqüências negativas que trazem e o auto custo que exigem. Na verdade, para saber como anda a qualidade da educação publica e quais são as necessidades e recursos necessários para melhorá-la, é preciso ouvir os profissionais e os estudantes. No mais, essas avaliações só tem servido no mundo inteiro para gastar recursos e prejudicar ainda mais a educação pois:

> Quando as provas são fáceis e as notas são boas, servem de propaganda para os governos e candidatos

que dizem que a educação tem melhorado graças a eles.

> Quando as notas são ruins, os governos jogam a culpa para os professores dizendo que eles ensinam mal e

para os estudantes dizendo que eles não tem força de vontade, inteligência ou disciplina.

As escolas e os professores dos estudantes cuja avaliação foi ruim podem receber menos recursos, menos salários e incentivos. Estabelecendo uma competição ridícula entre escolas e alunos que vivenciam condições, métodos e currículos diferenciados, prejudicando ainda mais os que já têm mais dificuldades para enfrentar.

As avaliações externas tendem a forçar toda a aprendizagem a se reduzir a um treinamento dos alunos para a realização desses testes. Isso simplifica diminui os conteúdos, empobrece a experiência educativa rebaixando a qualidade da educação da escola pública.

Todas essas ações são provas de que a PBH/SMED tem a intenção de acabar com a EJA. De eliminar seus gastos com essa modalidade fingindo que está atendendo o direito das pessoas e negando que as escolas e professores desenvolvam um trabalho de qualidade. Quem sofrerá mais com essa política serão os estudantes, jovens e adultos que, mesmo tendo um certificado na mão, não terão tido da escola os conhecimentos e as capacidades necessárias para a sobrevivência digna no trabalho e na sociedade e o seu aprimoramento constante.

Com base nessa compreensão os professores e representantes dos estudantes da EJA em seminários, congressos, assembléias e outros espaços de debate, decidiram, desde o ano passado a ter posição contrária à aplicação de avaliações externas na Rede Municipal.

avaliacao imposta e

desrespeito

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> Unirem-se aos professores e trabalhadores da educação na luta por uma educação de qualidade.

> Participar do plebiscito e da Campanha Nacional Por 10% do PIB para a Educação Publica. (entre os dias 29/11 e 03/12 de 2011.

> Cobrar da PBH o investimento de 30% de fato na educação do município (conforme a lei), possibilitando maiores recursos às escolas, aos estudantes e aos trabalhadores da Educação.

> Exigir da PBH/SMED, junto com os professores, políticas de educação tecnológica e profissional no campo da EJA e do Ensino Médio, vinculados a políticas de geração de empregos e inserção no mercado de trabalho, principalmente para os jovens.

> Exigir da PBH/SMED o fim de projetos enganadores e pobres de educação para a classe trabalhadora da cidade como o ProJovem, Floração e outros.

> Cobrar da PBH uma massiva divulgação na mídia para a população, o seu direito à EJA e as vagas disponíveis nas escolas.

> Cobrar da PBH, junto com os profissionais, a lotação de professores concursados no noturno e o retorno do número de professores por turma na EJA igual as demais turmas de educação fundamental.

Por fim, chamamos os estudantes a não participarem da avaliação externa imposta contra a vontade da maioria dos professores e estudantes da EJA.

unir professores e

estudantes

Sind-Rede/BH, ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre) e CSP Conlutas.

Diante dessa situação da EJA na Rede Municipal, convidamos todos os estudantes da Rede Municipal a somarem forças na luta por uma EJA de qualidade para todos os trabalhadores da cidade. Para isso, propomos:

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Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte Av. Amazonas, 491, 10º andar, Centro, Belo Horizonte |

Telefone: 3226-3142 | www.redebh.com.br

Distribuição Gratuita

Tiragem 1 mil exemplares

Os conceitos emitidos refletem a opinião do SindRede/BH

Departamento de imprensa

Andrea Carla Ferreira Ednéia Rodrigues Luiz Henrique Roberti

Conselho Editorial

Diretoria Colegiada 2010-2013

Diagramação e arte final

Ana Clara Ferrari imprensadarede@gmail.com

redebh@redebh.com.br

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Referências

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