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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL CAMILA CRISTINA CABRAL LOPES

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CAMILA CRISTINA CABRAL LOPES

CARACTERIZAÇÃO DA POLUIÇÃO POR RESÍDUOS SÓLIDOS EM PRAIAS TURÍSTICAS DO RIO GRANDE DO NORTE

Natal, novembro 2017

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CAMILA CRISTINA CABRAL LOPES

CARACTERIZAÇÃO DA POLUIÇÃO POR RESÍDUOS SÓLIDOS EM PRAIAS TURÍSTICAS DO RIO GRANDE DO NORTE

Natal, novembro 2017

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Ambiental.

Orientadora: Profa. Maria Christina Barbosa de Araújo.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Lopes, Camila Cristina Cabral.

Caracterização de resíduos sólidos em praias turísticas do Rio Grande do Norte / Camila Cristina Cabral Lopes. - 2017.

58 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Graduação em Engenharia Ambiental. Natal, RN, 2017.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Christina Barbosa de Araujo.

1. Lixo marinho - Monografia. 2. Resíduos sólidos -

Monografia. 3. Gestão costeira - Monografia. I. Araujo, Maria Christina Barbosa de. II. Título.

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CAMILA CRISTINA CABRAL LOPES

CARACTERIZAÇÃO DA POLUIÇÃO POR RESÍDUOS SÓLIDOS EM PRAIAS TURÍSTICAS DO RIO GRANDE DO NORTE

Aprovado em __/__/__

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________ Dr. Maria Christina de Araújo – Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

____________________________________________________________ MSc. Lorna Falcão Félix

Diretora – Falcão Consultoria e Projetos Ambientais

____________________________________________________________ Dra. Karina Patrícia Vieira da Cunha

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Natal, novembro 2017

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Ambiental.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo de minha vida, е não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer. Por ter me dado força e saúde para continuar e nunca desistir.

Aos meus pais, Francisco e Fátima que sempre estiveram presentes em minha formação. O meu muito obrigado em especial ao meu pai que sempre me incentivou a estudar e a buscar os meus objetivos.

Ao meu esposo onde teve sua participação em todo o meu caminhar na graduação. Sua presença na minha vida acadêmica fez toda a diferença para que eu concluísse esse curso.

Aos meus irmãos e sobrinhos que por muitas vezes entenderam a minha ausência dedicados ao estudo superior.

A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração, dando oportunidades para alunos se qualificarem e terem um futuro brilhante.

A minha professora orientadora Maria Christina pelo apoio e dedicação para elaboração desse trabalho. E apesar da distância conseguimos fazer um ótimo trabalho.

Agradeço aos meus amigos, colegas e professores de faculdade, como também todas as outras pessoas que me ajudaram de maneira direta ou indireta na realização desse sonho.

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RESUMO

Apesar de décadas de esforços para prevenir e reduzir o lixo marinho em ambientes costeiros, há evidências de que o problema é persistente e continua a crescer. Praias urbanas são frequentemente poluídas por resíduos sólidos que acarretam inúmeros prejuízos. Esse trabalho teve como objetivo avaliar a poluição por lixo marinho presente em seis praias do litoral do Rio Grande do Norte (Touros, Genipabu, Artistas, Ponta Negra, Pirangi e Pipa), identificar os problemas nas áreas de estudo e propor melhorias. A avaliação foi desenvolvida mensalmente tendo início no mês de agosto de 2016 e finalizado em fevereiro de 2017. Todos os itens maiores que 3cm foram quantificados e classificados segundo sua composição predominante (plástico, vidro, metal, papel, madeira e orgânico) e principal fonte (usuário, doméstica, mista e pesca). Em cada praia foram delimitadas duas áreas amostrais (A1: área muito frequentada e A2: área pouco frequentada) com 200m de extensão por 5m de largura, no centro da "linha do deixa". Dentro de cada área amostral foi determinada uma área menor com 20m para coleta de itens menores com no máximo 3cm. Foi identificado um total de 14.661 itens de lixo nas seis praias durante o período amostral. A praia de Ponta Negra foi a mais poluída com 25,2% do total. Os itens plásticos foram maioria em todas as praias, apresentando os maiores percentuais em relação à soma de todos os outros itens (papel, metal, vidro, madeira e orgânico). Entre os plásticos, os itens mais frequentes foram, garrafa pet, canudos, saco de alimento (embalagem de picolé) e celofane (embalagem de canudo). Quanto aos resíduos de até 3cm, foi observado que Jenipabu, Artistas, Ponta Negra e Pipa foram as praias que apresentaram a maior quantidade. Com relação à fonte mais provável, em todas as praias avaliadas a contribuição dos usuários foi preponderante em relação às outras fontes. Dentre os problemas encontrados os mais comuns para todas as praias foram o descarte inadequado de resíduos sólidos, lançamento de efluentes a céu aberto, falta de infraestrutura adequada para coleta de resíduos sólidos e ausência de conscientização ambiental da população. Várias medidas foram propostas para reduzir o problema.

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ABSTRACT

Despite decades of efforts to prevent and reduce marine litter in coastal environments, there is evidence that the problem is persistent and continues to grow. Urban beaches are often polluted by solid waste that causes a lot of damage. The present work aimed at evaluating the pollution by marine litter present in six beaches of the coast of Rio Grande do Norte (Touros, Jenipabu, Artists, Ponta Negra, Pirangi and Pipa), to identify the problems and to propose improvements. Sampling was conducted monthly from August 2016 to February 2017. All items larger than 3cm were quantified and classified according to their predominant composition (plastic, glass, metal, papel, wood and organic) and most probable source (beach user, domestic, mixed and fishing). In each beach two sample areas (A1: high user frequency; A2: low user frequency) with 200m extension by 5m wide, in the strandline were delimited. Within each sample area, a smaller area with 20m was determined to collect smaller items with a maximum of 3cm. A total of 14,661 items were identified on the six beaches during the sampling period. The beach of Ponta Negra was the most polluted with 25.2% of the total. Plastic items were the majority in all beaches, presenting the highest percentages in relation to the sum of all other items (paper, metal, glass, wood and organic). Among the plastics, the most frequent items were, pet bottle, straws, food bag and cellophane. As for residues up to 3cm, it was observed that Jenipabu, Artistas, Ponta Negra and Pipa were the beaches that presented the greatest amount. With regard to the most probable source, the contribution of the users was preponderant to all the evaluated beaches in relation to the other sources. Inadequate disposal of solid wastes, discharge of open effluents, lack of adequate infrastructure for solid waste collection and lack of environmental awareness of the population, were the most common problems to all beaches. Several measures have been proposed to reduce the problem.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Mapa da localização da praia de Touros, Touros/RN 18

Figura 2 Mapa da localização da praia de Jenipabu, Extemoz/RN 19

Figura 3 Mapa da localização da praia dos artistas, Natal/RN 20

Figura 4 Mapa da localização da praia de Ponta Negra, Natal/RN 21

Figura 5 Mapa da localização da praia de Pirangi, Parnamirim/RN 22

Figura 6 Mapa da localização da praia de Pipa, Tibau do Sul/RN 23

Figura 7 Esquema representativo da área amostral, destacando a linha do deixa.

24

Figura 8 Total de lixo por praia e por mês. 26

Figura 9 Percentual dos itens plásticos em relação ao total dos outros itens do lixo (média dos meses).

27

Figura 10 Principais itens plásticos por praia

.

28

Figura 11 Quantidade de resíduos por área e por mês. 28

Figura 12 Itens com até 3cm 30

Figura 13 Registro dos fragmentos por tamanho. 31

Figura 14 Pellets 32

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Figura 16 Categorias das fontes mais prováveis. 34

Figura 17 Quantidade de resíduos por área e por fontes nas praias analisadas.

38

Figura 18 Rio Maceió Desaguando na Praia de Touros/RN. 39

Figura 19 Área de Preservação Ambiental do Rio Maceió - Touros/RN 40

Figura 20 Resíduos na Praia de Touros/RN. a) borracha de sandálias; b) frasco de plástico; c) garrafa pet.

40

Figura 21 Tipos de lixeiros na Praia de Jenipabu/RN. a) manilhas com placa “Lixo no Lixo”; b) manilha; c) tambor de plástico.

42

Figura 22 Problemas encontrado na praia de Ponta Negra. 45

Figura 23 Problemas encontrado na praia de Pirangi. 46

Figura 24 Problemas encontrado na praia de Pipa. 48

Figura 25 Projeto Praia Limpa –Natal/RN. 50

Figura 26 Trabalho realizado pela prefeitura de Natal/RN. 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação dos itens do lixo de acordo com a fonte mais provável.

25

Tabela 2 Algumas das estratégias para o controle e minimização dos problemas relacionados ao lixo marinho.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 12 2.OBJETIVOS ... 14 2.1OBJETIVO GERAL... 14 2.2OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 14 3.MATERIAISEMÉTODOS ... 15

3.1DESCRIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO... 15

3.2METODOLOGIA APLICADA... 21

3.3ANÁLISES DAS FONTES MAIS PROVÁVEIS... 22

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 23

4.1ANÁLISE QUALI-QUANTITATIVA... 23

4.1.1MACROLIXO >3CM... 23

4.2MACROLIXO ATÉ 3CM... 27

4.3PONTAS DE CIGARRO... 30

4.4ANÁLISE DAS FONTES MAIS PROVÁVEIS ... 31

4.4.1COMPARAÇÃO ENTRE ÁREAS... 33

4.5 PRINCIPAIS PROBLEMAS RESPONSÁVEIS PELA PRESENÇA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E SOLUÇÕES PROPOSTAS PARA MITIGAÇÃO DO PROBLEMA ... 36

4.5.1PRAIADETOUROS ... 36

4.5.2PRAIADEJENIPABU... 38

4.5.3PRAIADOSARTISTAS ... 40

4.5.4PRAIADEPONTANEGRA ... 41

4.5.5PRAIADEPIRANGI ... 43

4.5.6PRAIADEPIPA ... 44

4.6 SOLUÇÕES PROPOSTAS... 46

5. CONCLUSÃO ... 53

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, o resíduo sólido deixou de ser apenas um problema sanitário em zonas urbanas e tornou-se um dos principais grupos de poluentes em ecossistemas marinhos, inclusive em áreas não urbanizadas. Juntamente com outros grupos de poluentes, como petróleo, metais pesados e nutrientes, o resíduo solido tem ameaçado a saúde do ambiente marinho de diversas maneiras.

O brasileiro é um frequentador assíduo de praias, pois o baixo custo desse tipo de lazer e o clima ameno favorecem essa prática. O Rio Grande do Norte possui mais de 400 km de litoral e recebe por ano em média dois milhões de turistas, segundo a Secretaria de Turismo do estado. A maior parte desse contingente busca nas praias do estado a principal opção de lazer, o que faz com que esses ambientes sejam utilizados praticamente durante o ano todo.

Os impactos ambientais mais evidentes para resíduos sólidos no ambiente marinho estão relacionados à morte de animais. Esse problema tem sido considerado tão grave, que já existem registros de ingestão ou enredamento em resíduos para a maioria das espécies existentes de mamíferos, aves e tartarugas marinhas. Muitos animais confundem resíduos plásticos com seu alimento natural. Sua ingestão pode causar o bloqueio do trato digestivo e/ou sensação de inanição, matando ou causando sérios problemas à sobrevivência do animal. No caso de praias urbanas intensamente utilizadas, o acúmulo de resíduos sólidos (itens descartados diretamente pelos usuários ou depositados na praia por ondas, correntes e marés após um período no mar) é um problema ecológico, social e gerencial. A contaminação e acumulação desses poluentes nas praias é função direta de variações naturais e padrões de intervenção humana (ARAÚJO e COSTA, 2008; SILVA et al., 2008).

As praias centrais de Natal apresentam alto nível de utilização tanto por usuários locais como por turistas, praticamente durante o ano todo. Alguns locais concentram intensa atividade comercial informal, contribuindo para a geração de resíduos. Quando resíduos sólidos são descartados inadequadamente pelos usuários na areia, poluem tanto a praia quanto o ambiente marinho, para onde podem ser carregados pelas correntes de maré. Os resíduos deixados pelos frequentadores, quando não recolhidos imediatamente, são lavados da face da praia e voltam a ser depositada na “linha-do-deixa”, recontaminando a praia (ARAÚJO e COSTA, 2007; SILVA et al., 2008; SILVA-CAVALCANTI et al., 2009).

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Embora estudos dessa natureza já tenham sido realizados em inúmeras praias na região nordeste (ARAÚJO e COSTA, 2006; SILVA et al., 2008; SILVA-CAVALCANTI et al., 2009), ainda são poucos os dados para praias de Natal, ou mesmo do Rio Grande do Norte. Tais iniciativas são importantes para manutenção de um registro da contaminação das praias por resíduos, gerando assim, possibilidades de avaliação da situação atual e cenários futuros.

O resíduo sólido pode ser considerado um dos maiores problemas do homem moderno. Tem sua origem no consumo desenfreado pelo qual passa a humanidade, na chamada “Era dos Descartáveis”, onde toda atividade humana gera resíduos. Plástico, papel, metal, isopor, vidro, madeira, borracha, enfim, tudo que é descartado quando se considera que não ter mais utilidade é lixo. Todo o resíduo sólido que chega aos ambientes costeiros e marinhos por qualquer fonte é definido como lixo marinho (COSTA et al., 2015).

Quanto à fonte dos resíduos, ela pode ter origem no ambiente terrestre: usuários de praias, rios, sistemas de drenagens de esgotos, canais em cidades costeiras, entre outros; e no próprio ambiente marinho: pela própria disposição incorreta em mares e oceanos por navios e embarcações de pesca e de carregamentos, plataformas de exploração de petróleo, entre outros (SUL, s/d).

A falta de fiscalização e de estrutura de muitos portos brasileiros incita muitos navios a jogarem seus resíduos sólidos diretamente no mar, como forma de economizar recursos financeiros. Muitas vezes é preciso pagar uma taxa para entregar os resíduos ao porto e alguns portos não oferecem este serviço (BEVILACQUA, 2011).

O resíduo de toda a parte do mundo despejado nos mares e oceanos atinge correntes marinhas, sendo transportado até a costa brasileira, onde se deposita nas areias das praias, formando acúmulos. Nessas manchas, podem ser encontrados desde cones de sinalização de trânsito a brinquedos, contendo ainda calçados e malas de viagem (BEVILACQUA, 2011).

De acordo com os tipos de resíduos sólidos e seus problemas causados ao meio ambiente marinho, o plástico pode ser considerado um dos quatro principais problemas de poluição ambiental em ambiente marinho, seguido pela contaminação por hidrocarbonetos do petróleo, pela água de lastro e pela eutrofização (OLIVEIRA, 2008; SUL, s/d). Os plásticos possuem propriedades físicas e químicas específicas, que permite sua permanência no ambiente; além de capacidade de flutuação, o que facilita sua dispersão (OLIVEIRA, 2008).

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Outra preocupação diz respeito aos impactos econômicos, estéticos e ecológicos gerados pelos resíduos sólidos. Há perda da qualidade estética ambiental de regiões balneárias, diminuição do turismo, gastos exorbitantes com a limpeza pública, danos às embarcações de passageiros e de pesca, além da diminuição dos estoques pesqueiros. Em relação à interferência do lixo marinho na pesca, esta pode ser prejudicada direta ou indiretamente. A diminuição da captura de pescado e os danos aos apetrechos de pesca e aos motores das embarcações são exemplos disso, gerando prejuízos à atividade econômica (NASH, 1992).

As praias do Rio Grande do Norte possuem grande potencial turístico pelas suas belezas naturais e atratividades, são bastante visitadas nos períodos de alta estação. De acordo com ARAÚJO et al., (2011), as praias centrais de Natal apresentam alto nível de utilização tanto por usuários locais como por turistas praticamente durante o ano todo e apresenta uma elevada atividade comercial, fato que potencializa a geração de resíduos sólidos. Não somente os resíduos sólidos, mas toda a água servida que escoa diretamente na areia da praia, pode estar comprometendo a balneabilidade da água do mar.

Esses cenários refletem diretamente na falta de gestão do poder público que tem por obrigação dispor de uma infraestrutura básica de lixeiras e um sistema eficaz da coleta de resíduos. A associação destes aspectos de falta de planejamento urbano, nos leva a fazer uma sucinta reflexão da importância de se conhecer a atual situação dessa gestão.

2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral

Realizar o diagnóstico da poluição por resíduos sólidos em seis praias turísticas do Rio Grande do Norte, identificar os principais fatores responsáveis e propor soluções para o problema.

2.2 Objetivos específicos

1. Caracterizar o macrolixo presente em praias do litoral do Rio Grande do Norte, segundo sua composição predominante (plástico, vidro, metal, papel, madeira e orgânico).

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3. Avaliar a contribuição dos usuários no grau de poluição das praias através da comparação entre diferentes áreas.

4. Identificar os fatores que favorecem esse tipo de poluição em cada praia e propor medidas de controle.

5. Gerar um banco de dados com informações detalhadas acerca desse tipo de poluição, que possa subsidiar ações de gestão costeira.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa procurou caracterizar em seis praias turísticas do Rio Grande do Norte, duas no litoral norte (Touros e Genipabu), duas no litoral central (Artistas e Ponta Negra) e duas no litoral sul (Pirangi e Pipa), os resíduos sólidos e sua contribuição para gestão costeira. Vale salientar que quatro dessas praias estão fora da capital (Natal), sendo Genipabu e Pirangi a cerca de 23km e Touros e Pipa, a cerca de 85km, todas, incluindo as centrais, são cartões postais do estado, sendo visitadas por centenas de turistas. A pesquisa da ênfase a poluição por resíduos sólidos, aqui tratada como lixo marinho.

O estudo foi desenvolvido no período de agosto de 2016 a fevereiro de 2017. Em cada praia foram delimitadas duas áreas amostrais de 200m de extensão por 5m de largura, transecto em cujo centro se encontra a "linha do deixa" (nível máximo da preamar), região onde normalmente ocorre a maior concentração de itens (Figura 7). Foi delimitada uma área amostral na região de maior concentração de frequentadores (A1) e a outra em uma região pouco frequentada (A2) (Figuras 1,2,3,4,5,6).

3.1 Descrição das áreas de estudo

O estudo foi realizado em seis praias turísticas do Rio Grande do Norte, duas no litoral norte (Touros e Genipabu), duas no litoral central (Artistas e Ponta Negra) e duas no litoral sul (Pirangi e Pipa) (Figuras 1,2,3,4,5,6). Embora quatro dessas praias estejam fora da capital (Natal), sendo que Genipabu e Pirangi a cerca de 23km e Touros e Pipa, a cerca de 85km; todas, incluindo as centrais, são cartões postais do estado, sendo visitadas por centenas de turistas.

A praia de Touros, está cerca de 85 km da capital Natal. É considerado um ambiente tranquilo, com pouca visitação devido ser uma local mais distante da capital e não apresentar tantos atrativos para os usuários.

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O lugar é conhecido por suas características de destino de veraneio e possuir muitas residências para tal finalidade, caracterizando-se assim um turismo de segunda residência, ou seja, um turismo temporal, que se configura como um turismo sazonal.

.

Figura 1: Localização da Praia de Touro

Fonte: Elaborado pelo autor.

A praia de Jenipabu está localizada no litoral oriental do Rio Grande do Norte, distante cerca de 15 km da cidade de Natal, capital do Estado. O lugar representa um dos principais destinos turísticos do Rio Grande do Norte, e encontra-se inserida no Município de Extremoz, que limita-se ao sul com o Município de Ceara-Mirim, a Oeste com o Município de São Gonçalo do Amarante e a Leste com o oceano Atlântico (IDEMA/RN, 2010), (Figura 2).

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Figura 2: Localização da Praia de Jenipabu.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A praia dos Artistas está situada na zona central de Natal/RN, é uma das praias mais movimentadas de Natal, costuma receber um grande número de turistas durante a alta temporada, além de moradores próximos. É conhecida por sua agitação, de dia e à noite. Com uma boa faixa de areia dourada, possui mar de águas transparentes, com boas ondas. É bastante procurado para o banho e o surf. (Figura 3).

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Figura 3: Localização da Praia dos Artistas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ponta Negra é uma praia localizada no bairro de mesmo nome em Natal, capital do estado brasileiro do Rio Grande do Norte. Depois da urbanização, a praia se tornou a mais famosa da capital e a mais visitada pelos turistas. Tem cerca de 4 km de extensão e pode ser considerada uma pequena baía. No extremo sul fica o Morro do Careca, o ponto turístico mais famoso de Natal (Figura 4).

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Figura 4: Localização da Praia de Ponta Negra

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Praia de Pirangi é localizada no litoral sul do estado do Rio Grande do Norte, no município de Parnamirim, a aproximadamente 20km ao sul de Natal, capital do estado. O local chama a atenção de turistas devido pelas suas reservas ambientais e também a facilidade de acesso (Figura 5). A praia de Pirangi do Norte possui cerca de 1,8 km de extensão e localiza-se no município de Parnamirim, ao sul da capital Natal. Seu principal ponto turístico é o Maior Cajueiro do Mundo, uma árvore que cobre uma área de aproximadamente 8.500 m2 e produz cerca 2,5 toneladas de cajus por safra. Além disso, outro ponto turístico são os Recifes de Corais de Pirangi, onde são realizados mergulhos que chamam muita atenção de apreciadores desse tipo de turismo.

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Figura 5: Localização da Praia de Pirangi.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Praia de Pipa é uma famosa praia localizada no município de Tibau do Sul, ficando a 85 km de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, Brasil. É o principal balneário do Litoral Sul do estado, que inclui ainda praias como Ponta do Madeiro e Praia do Amor. Com características de águas claras e mornas, imensos coqueirais, piscinas e mirantes naturais, imponentes falésias ainda cobertas pela Mata Atlântica, dunas branquíssimas, enseadas e despenhadeiros. Tornou-se conhecida por ter ondas e ventos favoráveis à prática de esportes aquáticos como o surf, e logo sua fama aumentou, atraindo pessoas de todas as partes do Brasil assim como turistas estrangeiros (Figura 6).

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Figura 6: Localização da Praia de Pipa

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.2 Metodologia aplicada

A coleta de dados foi realizada mensalmente em um dia do final de semana (sábado ou domingo) durante períodos de baixa-mar. Todos os itens visíveis e fragmentos maiores que 3cm foram contados visualmente através de caminhamento sobre o transecto amostral e registrados em uma planilha específica para classificação de acordo com a composição predominante: plástico, metal, papel, madeira, vidro e orgânico. Os itens não foram recolhidos, apenas contados e registrados.

Dentro de cada transecto amostral inicial (200m x 5m), foi selecionada aleatoriamente uma área menor com 20m de extensão por 5m de largura para coleta de itens com até 3cm (incluindo fragmentos), mas que também são considerados como macrolixo. Todos os itens foram recolhidos, colocados em sacos plásticos identificados com a data e o nome da praia e levados para o Laboratório de Oceanografia Costeira para triagem e classificação de acordo com a composição predominante. Esses resíduos foram divididos em três grupos de tamanho: até 1cm; >1cm-2cm; e >2cm-3cm e classificados em três categorias: plástico, outros e pellet.

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Figura 7: Esquema representativo da área amostral, destacando a linha do deixa

Fonte: Francisco Neto,2013

3.3 Análises das fontes mais prováveis

Todos os itens visíveis e maiores que 3cm que foram contados visualmente através de caminhamento sobre o transecto amostral e registrados em uma planilha específica foram classificados com base na fonte mais provável dentro de quatro categorias (Tabela 1)

Tabela 1: Classificação dos itens do lixo de acordo com a fonte mais provável (adaptado de Araújo & Costa,

2006).

Fonte mais provável Itens

USUÁRIO

canudos, garrafas de água, pratos, talheres, copos e palitos plásticos, embalagens de alimentos, bronzeadores/ água oxigenada, fraldas, sandálias, espátulas/palitos de madeira, pontas de cigarro, latas/tampas metálicas de bebidas, garrafas de vidro, quentinhas de alumínio, restos de alimento.

DOMÉSTICA

potes de remédio, borracha, cotonetes, garrafas de produtos de limpeza, frascos de shampoo/desodorante, potes de margarina, espuma, papelão.

MISTA

anéis de garrafa, tampas plásticas, preservativos, absorventes, rolhas, sacos e folhas plásticas, brinquedos, seringas, garrafas PET, embalagens longa vida.

PESCA fios e fitas de nylon, redes, isopor, light stick, linhas de pesca.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Análise quali-quantitativa

4.1.1 Macrolixo > 3cm

Foi identificado um total de 14.661 itens de resíduos sólidos nas seis praias durante o período amostral (Figura 8), sendo 886, 2899, 1966, 3591, 2082 e 3237 para Touros, Jenipabu, Artistas, Ponta Negra, Pirangi e Pipa, respectivamente. Esses valores são referentes à soma das duas áreas (A1 e A2). As praias com a maior quantidade de resíduos foram Jenipabu, Ponta Negra e Pipa.

Figura 8: Total de resíduos por praia e por mês.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A praia de Ponta Negra representou 25,2%, sendo considerada a mais poluída, apesar de possuir uma boa prática de coleta de resíduos na areia da praia por garis que atuam em sua limpeza diária.

Na praia de Pipa o valor correspondeu a 21,6% do total de resíduos, sendo considerada a segunda praia mais suja das seis praias da pesquisa. Essa grande geração de resíduos é decorrente de ser uma praia muito visitada, apresentando sempre uma grande quantidade de usuários durante toda a semana e em qualquer época do ano.

Os resíduos encontrados na praia de Jenipabu representam um percentual de 19,3%. Esta praia foi considerada a terceira praia mais suja, provavelmente em decorrência da presença de muitos usuários (turistas e também moradores da região) que a visitam. A falta de

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TOUROS JENIPABU ARTISTAS PONTA

NEGRA PIRANGI PIPA

Plástico 63,8% 60,7% 63,6% 62,1% 56,4% 51,0% Outros 36,2% 39,3% 36,4% 37,9% 43,6% 49,0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Q u a n ti d a d e (% )

educação dos usuários é um problema persistente, porque independentemente da existência ou não de lixeira ainda pode-se observar pessoas jogando resíduos no chão. A urbanização desordenada, a falta de estrutura para receber usuários a ausência de educação ambiental para os usuários e principalmente para os comerciantes, justifica o percentual de resíduos encontrados. As praias de Touros, Artistas e Pirangi apresentaram um percentual de 5,7% 13,7% e 14,5%. Essas praias não tiveram valores tão expressivos como as outras, mas não deixam de apresentar poluição na praia, podendo melhorar a gestão dos resíduos. (Figura 8).

Embora apresentando diferentes quantidades de resíduos, as praias foram muito semelhantes nos tipos mais comuns de lixo marinho encontrado. Os meses com maior geração de resíduos foram novembro, dezembro, janeiro e fevereiro de 2017, provavelmente em virtude de maior insolação e incluir período de férias e veraneio, o que acarreta maior visitação.

Os itens plásticos foram maioria em todas as praias (Figura 9), apresentando os maiores percentuais em relação à soma de todos os outros itens (papel, metal, vidro, madeira e orgânico). Entre os plásticos, os itens mais frequentes foram, garrafa pet, canudos, saco de alimento (embalagem de picolé), celofane (embalagem de canudo), (Figura 10).

Figura 9: Percentual dos itens plásticos em relação ao total dos outros itens do lixo marinho (média dos meses).

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Figura 10: Principais itens plásticos por praia.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os plásticos representam a principal ameaça ambiental, já que apresentam baixa capacidade de degradação, permanecendo por longos períodos no ambiente. Seu acúmulo em praias gera prejuízos estéticos, econômicos e sociais; no oceano, esse tipo de resíduo é um risco à biota marinha, que pode ficar emaranhada nos resíduos ou ingeri-los com risco de morte (MARQUES, 2011).

Além disso as praias apresentaram diferenças significativas com relação a quantidade de resíduos encontrados entre as áreas de coleta, (A1 e A2). Pipa, Ponta Negra e Pirangi, foram as praias que tiveram maior diferença de quantidade de resíduos nas respectivas áreas, (Figura 11). Os números apresentados a seguir foram obtidos considerando a maior quantidade de resíduos sólidos coletados em cada área apresentada no estudo.

Figura 11: Quantidade de resíduos por área e por mês.

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Na praia de Pipa foram quantificado 889 tipos de resíduos na A1 e 142 na A2. Esse número de resíduos da A1 aconteceu no mês de fevereiro, época de férias onde muitas famílias estavam visitando a praia turística da região nordeste, com isso houve uma grande geração de resíduos sólidos no ambiente estudado. Em Ponta Negra foram encontrados 505 tipos de resíduos na A1 e 910 na A2, nessa praia aconteceu algo inesperado, como foi denominado A1 como área muito frequentada e A2 de área pouco frequentada, é comum pensarmos que na A2 não há maior geração de resíduos, por não ter movimento, mas o estudo mostrou que os usuários estão em toda parte, e que a geração de resíduos depende muito do período do ano, nos dados mostrados dessa praia o período da quantidade de resíduos na A2 ser maior foi em fevereiro, mês de férias e muitos turistas estavam visitando a praia, assim como na praia de Pipa. Em Pirangi foi obtido 664 itens na A1 e 426 na A2, essa quantidade de resíduos foi encontrado no mês de janeiro, também um mês de muita movimentação na praia. Na praia de Jenipabu foi encontrado 693 na A1 e 451 na A2, e na praia de Touros foi quantificado 211 na A1 e 83 na A2, essas duas praias não tiveram grandes diferenças de quantidade de resíduos coletados por área. Isso porque as duas praias apresentam usuários distribuídos nas duas regiões do estudo, fazendo com que tenham em cada região uma quantidade de resíduos significativa, não tendo tanta diferença comparado as praias de Pipa, Ponta Negra e Pirangi. Por último foi quantificado na praia dos Artistas 485 na A1 e 466 na A2, essa foi a única praia que apresentou quase nenhuma diferença quanto à quantidade de resíduos nas áreas delimitadas. Isso mostra que todas as partes da praia são igualmente poluídas, independentemente do número de usuários.

Na área 2 no mês de setembro está o valor zero, isso porque nesse dia não foi realizado a coleta de resíduos no local. Em Jenipabu na área 2 também está o valor de zero, mas esse valor foi devido à ausência de resíduos nesse mês de coleta. Especificamente na praia de Jenipabu, quando a maré baixa era pela manhã e não havia muitos usuários no ambiente, a área de pós praia era muito limpa. A água do mar com seu movimento das ondas faz com que haja uma cobertura dos resíduos pela areia que é movimentada pela água, fato esse que justifica a presença zero de resíduos na A2 no mês de dezembro.

Essa diferença de quantidade de resíduos nas áreas, provavelmente se dá por causa da maior concentração de usuários nas áreas onde há mais atrativos, como barracas, chuveiros, alimentos, fazendo com que haja um maior consumo de produtos e consequentemente uma maior geração de resíduos. É correto afirmar que os frequentadores da praia contribuem

(28)

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 A 1 A 2 A 1 A 2 A 1 A 2 A 1 A 2 A 1 A 2 A 1 A 2

TOUROS JENIPABU ARTISTAS PONTA

NEGRA PIRANGI PIPA Q ua nt id ad e (u nd ) Até 1cm >1-2 cm >2-3 cm diretamente em alguns casos de forma alarmante, na contaminação da orla, quando deixam os resíduos decorrentes de sua estadia na areia da praia. Dados de algumas pesquisas demonstram que praias recreacionais têm 50% mais resíduos que praias isoladas (Corbin & Singh, 1993).

4.2 Macrolixo até 3cm

Quanto aos resíduos de até 3cm, foi observado que Jenipabu, Artistas, Ponta Negra e Pipa foram as praias que apresentaram a maior quantidade (Figura 12). Touros apresentou a menor quantidade de resíduos nas duas áreas, provavelmente isso é devido ao fato de ser uma praia de pouca movimentação, não tendo tantos atrativos turísticos como as demais praias.

Figura 12: Itens com até 3cm nas praias avaliadas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ocorreu uma ampla variedade de resíduos, sendo constituídos principalmente de plásticos (Figura 13).

(29)

Figura 13: Registro dos fragmentos por tamanho. a) Jenipabu; b) Artistas; c) Pipa; d) Touros; e) Ponta Negra; f) Pirangi

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

(30)

Os fragmentos e outros resíduos pequenos que fazem parte do lixo marinho normalmente se misturam com a areia das praias dificultando a remoção por mecanismos de limpeza manual ou mecânica. Os plásticos que estão presentes nas praias sofrem repetidos processos de quebra em pedaços cada vez menores em decorrência principalmente da exposição ao sol.

Entre os resíduos que fazem parte do grupo com até 3cm, estão os pellets (Figura 14). Eles são grânulos de plásticos que correspondem à forma principal com que as resinas plásticas são produzidas e comercializadas e estão entre os resíduos mais abundantes em praias no mundo. Os pellets podem ser produzidos de várias formas (esféricas, ovóides e cilíndricas), tamanhos (de 1 a 5mm) e cores (geralmente claras, brancas ou transparentes), dependendo de sua composição química e de seu propósito final (Pereira, 2014).

Figura 14: Pellets.

Fonte: http://www.globalgarbage.org.br Fonte: Christina Araújo

Estes podem ser perdidos nas etapas pré-consumo da cadeia produtiva dos plásticos e chegar direta ou indiretamente ao mar. Embora possa causar impactos ambientais e, eventualmente a saúde humana, há poucos estudos registros formais sobre suas fontes. Segundo dados da literatura, os pellets podem ser perdidos, nas atividades de produção, transporte e uso, para o ambiente estuarino/marinho ou para os sistemas de drenagem urbana e, na sequência, para os rios, os quais acabam desaguando no mar (PEREIRA, 2014).

De acordo com a pesquisa, foram encontrados pellets nas praias de Jenipabu, Ponta Negra e Pipa. Tendo uma maior quantidade na praia de Ponta Negra.

(31)

63,82% 8,13% 28,05% 60,74% 10,38% 28,88% 63,64% 14,85%21,51% 62,12% 16,08%21,79% 56,43% 15,70% 27,87% 51,02% 11,14% 37,84% P L Á S T I C O B IT U C A O U T R O S P L Á S T I C O B IT U C A O U T R O S P L Á S T I C O B IT U C A O U T R O S P L Á S T I C O B IT U C A O U T R O S P L Á S T I C O B IT U C A O U T R O S P L Á S T I C O B IT U C A O U T R O S

TOUROS JENIPABU ARTISTAS PONTA NEGRA PIRANGI PIPA

Q u a n ti d a d e (% ) 4.3 Pontas de cigarro.

Durante os seis meses de pesquisa nas seis praias, foram encontrados 2.183 bitucas de cigarro. Valor esse que representa aproximadamente 15% do total de resíduos encontrados.

As pontas de cigarro foram consideradas como uma categoria isolada de resíduos de acordo com SMITH et al. (2014) eBECHERUCCI et al. (2017), e também em virtude de sua composição específica (acetato de celulose). SILVA et al. (2016), avaliando também praias no Rio de Janeiro (Sossego, Camboinhas, Charitas e Flechas) encontraram um total de 2.789 itens em transectos de 600m2 de área em quatro meses durante um ano. Os itens mais comuns também foram plásticos (em todas as praias) e pontas de cigarro (em três delas); porém, as quantidades de cigarros encontradas não foram relatadas.

A comparação da quantidade de plásticos, pontas de cigarros ou bitucas e outros (papel, plástico, vidro, metal, madeira, orgânico), mostra que as três praias com o maior percentual de pontas de cigarro foram Ponta Negra (16,8%), Pirangi (15,7%), e Artistas (14,85%) (Figura 15).

Figura 15: Percentual de Plástico x Bituca x Outros.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Esses resultados demonstram a grande problemática das pontas de cigarro ao meio ambiente. Esse tipo de resíduo é constituído de um material fibroso composto de acetato de celulose (polímero obtido a partir da celulose mais a adição de anidrido acético e ácido acético); além disso, o tamanho normalmente não ultrapassa os 3cm e geralmente apresentam cor clara, tanto interna, quanto externamente. Esses fatores favorecem seu acúmulo e permanência nos ambientes costeiros; o acetado de celulose apresenta uma degradação extremamente lenta, mesmo sob condições severas (PULS et al, 2011; HAYNES et al., 1999); e seu tamanho e coloração facilitam a mistura e camuflagem na areia das praias, dificultando

(32)

sua remoção por processos manuais ou mecânicos (ARIZA et al., 2008). Além disso, esse tipo de resíduo possui baixa densidade, fato que permite seu transporte pela água ou pelo vento, para além dos locais de descarte.

A presença de pontas de cigarro nas praias, além do impacto estético óbvio, também acarreta riscos para a biota marinha. Isso pode ser comprovado pela presença desse tipo de resíduo no trato digestório de tartarugas marinhas, como relatado para Chelonia

mydas e Eretmochelys imbricate em um estudo realizado na costa da Bahia (MACEDO et al.,

2011).

4.4 Análise das fontes mais prováveis

Em todas as praias avaliadas, os resultados demonstraram que a contribuição dos usuários foi preponderante em relação às outras fontes (Figura 16) sugerindo que a poluição que se encontra nas praias é de responsabilidade das pessoas que frequentam ou trabalham no local. Este fato foi mais marcante nas praias de Jenipabu, Ponta Negra e Pipa. A grande quantidade de itens de lixo marinho encontrada com origem dos usuários reflete falta de educação nas pessoas, representada pelo descaso nos espaços públicos e o desrespeito com o meio ambiente. Segundo ARAÚJO & COSTA (2006), praias urbanas ou de intenso uso turístico têm frequentemente suas areias comprometidas por grande quantidade de resíduos, principalmente de origem plástica, deixados pelos usuários.

Figura 16: Categorias das fontes mais prováveis.

(33)

Entre os itens classificados na categoria “usuário”, os mais frequentes em todas as praias foram as pontas de cigarro, canudos, copos, espetinhos de madeira e cocos. A maior parte desses itens é de difícil degradação e podem passar dezenas de anos no ambiente. Sua acumulação, portanto, é extremamente danosa e deveria ser evitada. As pontas de cigarro, em virtude do pequeno tamanho e cor clara, são itens de difícil remoção pelos serviços de limpeza pública. Esses itens facilmente se misturam com a areia da praia. Estudos realizados em várias partes do mundo revelam que é significativa e crescente a poluição de praias urbanas por pontas de cigarro (PASTERNAK et al., 2017; BECHERUCCI et al, 2017; SILVA et al, 2015).

É esperado que o resíduo descartado por usuários fosse bem mais frequente durante os meses da alta estação, visto que corresponde ao período de férias e chegada de turistas, quando as praias são mais utilizadas. A alta temporada vai de meados de dezembro até o final do Carnaval em fevereiro, época em que há mais procura por hospedagem e preços mais salgados. No entanto os resultados mostraram que as praias obtiveram valores similares durante os seis meses de estudo. Isso pode ser explicado pelo fato de que no estado, as praias são frequentadas praticamente o ano inteiro, fato que justifica a pequena diferença entre as quantidades encontradas para os dois períodos. Natal também costuma receber maior quantidade de turistas nos feriados que buscam a cidade por suas praias.

A segunda categoria mais frequente foi a fonte mista (Figura 16), provavelmente em virtude desta categoria incluir fontes diversas como itens que podem ter sido largados pelos usuários e também aqueles vindos através de outras fontes como rios. Os maiores valores ocorreram nas praias de Jenipabu, Ponta Negra e Pipa (Figura 16).

Itens relacionados à fonte doméstica foram pouco frequentes nas praias estudadas (Figura 16). Segundo SILVA (2012), normalmente rios e córregos podem ser os responsáveis pela dispersão dos itens relacionados a esta fonte, mas isso não foi relevante para as praias estudadas.

Pedaços de isopor e outros materiais (relacionados com a fonte “pesca”) encontrados mais significativamente na praia de Pirangí podem ser oriundos provavelmente das jangadas de pescadores presentes na localidade, que utilizam esses materiais como preenchimento nas jangadas, visando uma melhor flutuação, e ferramentas para um melhor funcionamento de seus trabalhos (MAGALHÃES & ARAÚJO et al., 2012).

(34)

4.4.1 Comparação entre áreas

Com relação à origem do lixo marinho encontrado, as fontes seguiram o mesmo padrão nas duas áreas amostrais (A1 e A2), com a fonte usuário, sendo predominante, e a doméstica a menos representada. Com relação à quantidade de itens, não foram observadas diferenças expressivas entre as áreas amostrais quando se considera as fontes doméstica, mista e pesca. Já para a fonte “usuário”, foram verificadas diferenças relevantes apenas para as praias de Touros, Pirangi e Pipa, com a área mais frequentada (A1) apresentando as maiores quantidades de resíduos (Figuras 17a, e, f). Nas praias de Jenipabu e Artistas, embora a A1 apresente um maior número de resíduos, essa diferença não é muito expressiva (Figura 17b, c). Ponta Negra apresentou valores muito semelhantes para as duas áreas amostrais, provavelmente porque o uso é muito alto em toda sua extensão (Figura 17d).

Figura 17: Quantidade de resíduos por área e por fontes nas praias analisadas (a,b,c,d,e,f).

(35)

b)

(36)

d)

(37)

f)

Fonte: Maria Christina, 2017.

4.5 Principais Problemas Responsáveis Pela Presença Dos Resíduos Sólidos e Soluções Propostas Para Mitigação do Problema

Dentre os problemas encontrados os mais comuns para todas as praias foram o descarte inadequado de resíduos sólidos, lançamento de efluentes a céu aberto, falta de infraestrutura adequada para coleta de resíduos sólidos e ausência de conscientização ambiental da população.

4.5.1 PRAIA DE TOUROS

Na praia sede do município de Touros foram detectados problemas paisagísticos, tais como: artificializarão, construções inadequadas ao longo da faixa de praia, e problemas ambientais como poluição hídrica e a presença de restos de entulhos de espigões destruídos pelas marés.

O Rio Maceió é o rio que passa dentro da cidade e deságua na praia cede de Touros. Com uma extensão de aproximadamente 1,5 km, apresenta uma série de problemas

(38)

ocasionados pela expansão da área urbana de forma desordenada, a poluição hídrica é visivelmente exposta à população e frequentadores da região. (Figura 18).

Figura 18: Rio Maceió Desaguando na Praia de Touros/RN

Fonte: Nailton Fonseca,2013.

A Área de Proteção Permanente (APP) do rio apresenta quase totalmente ocupada nas respectivas margens no trecho urbano apresenta uma água de coloração escura que vai clareando à medida que se distancia da foz. Seu principal problema decorre do recebimento de grande carga de esgoto e resíduos sólidos, principalmente do bairro Largo de Nossa Senhora

(SEBRAE/RN, PRODER, 1999), (Figura 19).

Figura 19 – Área de Preservação Ambiental do Rio Maceió - Touros/RN.

(39)

Devido a região possuir uma cultura muito forte da pesca, costume normal em regiões praianas, essa atividade gera diversos tipos de resíduos que podem interferir na vida marinha: redes de pesca e cordas abandonadas pelos pescadores que ficam à deriva e podem continuam capturando peixes e mamíferos marinhos, causando grande mortalidade, principalmente por afogamento, são as chamadas ghost fishing (pesca fantasma) (MATSUOKA et al, 2005), dentre outros resíduos como, embalagens de óleos lubrificantes, embalagens de alimentos, garrafas pets (Figura 20).

Figura 20: Resíduos na Praia de Touros/RN. a) borracha de sandálias; b) frasco de plástico; c) garrafa pet.

(a) (b) (c)

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.5.2 PRAIA DE JENIPABU

É comum na praia de Jenipabu os usuários levarem suas barracas, churrasqueiras, comidas, bebidas para aproveitar o dia na praia sem está nas barracas locais. Esses usuários se distribuem pela pós-praia, ficando próximos as residências a beira mar e também na praia com uma maior aproximação da água do mar.

É visualizado com muita clareza o descarte inadequado de resíduos na praia. Em sua grande maioria são as latas de bebidas. Sendo esses resíduos diminuindo no final do dia por conta dos catadores autônomos que pegam todo esse material para a reciclagem. Foi encontrado também muitas embalagens de comida que as pessoas compram com os ambulantes, embalagens de canudo de plástico, palito de picolé, copos descartáveis, pratos descartáveis, entre outros.

(40)

A cada 500m existem na pós-praia manilhas de concreto com diâmetro de 800 mm e 1000mm de altura, algumas com placas denominadas de “lixo no lixo” (Figura 21a, b). Essas manilhas tem um grande problema, que é o trabalho de retirar o resíduos do seu interior. A prefeitura da cidade colocou esses lixeiros como uma medida mitigadora para os usuários não jogarem resíduos sólidos no chão, mas o acondicionador utilizado não é o mais indicado, devido ao seu peso (cerca de 400 kg). Outro problema encontrado é que o recipiente de coleta não tem uma proteção no seu interior, fazendo com que o resíduo entre em contato direto com o solo, gerando consequentemente contaminação do solo. Além disso não há outra possibilidade de se retirar o resíduo do interior dessas lixeiras a não ser fazendo o retrabalho de tirar o resíduo do interior delas e colocar em outro lixeiro pelos garis da cidade e levados para o destino final. Os usuários e barraqueiros descartam muito coco verde nesses lixeiros, fazendo com que encha muito rápido e dificultando assim a colocação de outros resíduos. Outra dificuldade encontrada é que são muito espaçadas uma das outras, fazendo com que os usuários não se locomovam até elas. Foi identificado também no trecho do estudo um tambor de plástico de 200 l para colocar resíduo, a quantidade é muito inadequada, devido à grande geração de resíduo no local (Figura 21c).

Figura 21: Tipos de lixeiros na Praia de Jenipabu/RN. a) manilhas com placa “Lixo no Lixo”; b) manilha; c) tambor de plástico.

(41)

(b)

(c)

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.5.3 PRAIA DOS ARTISTAS

As praias centrais de Natal apresentam alto nível de utilização tanto por usuários locais como por turistas, praticamente durante o ano todo. Alguns locais concentram intensa atividade comercial informal, contribuindo para a geração de lixo marinho.

Devido ser uma praia que fica no centro de Natal, torna-se, portanto, uma opção mais próxima para a população da capital, muitas pessoas dos bairros mais próximos se deslocam a pé para a praia. De acordo com VAZ (2008), a proximidade é um fator importante em praias urbanas, podendo evitar ou reduzir o tempo de deslocamento no percurso residência-praia. Outro fator que provavelmente pode justificar uma maior concentração dos usuários está

(42)

relacionado com as características dessa praia, a qual é protegida por uma larga barreira de arenito que permite nas marés baixas, a formação de uma grande piscina natural, propícia ao banho de mar seguro. Foi observado que a faixa de praia é estreita, mesmo na maré baixa, e a presença de barracas que utilizam mesas, cadeiras e guarda-sóis, torna o espaço ainda mais reduzido para o público.

Durante o período de pesquisa foi observado uma grande quantidade de resíduos na areia da praia, as barracas não possuem lixeiras nas mesas para que os usuários joguem o resíduo no lugar correto. É realidade e verdade dizer que mesmo com lixeiras nas mesas os usuários ainda jogam o resíduo no chão. É comum ver famílias que levam barracas, churrasqueiras, assim como a praia de Jenipabu, e fazem o consumo de alimentos nesse local, gerando resíduos sólidos, e não apresentando preocupação de onde irão destinar. O impacto visual do resíduo na praia é facilmente perceptível e tem comprometido não somente do ponto de vista da qualidade ambiental, mas também pode acarretar vários problemas como riscos à saúde humana. A perda estética da praia para o turismo pode causar perdas econômicas e prejudicar outras atividades comerciais.

4.5.4 PRAIA DE PONTA NEGRA

A praia de Ponta Negra recebe um grande público. Muitos turistas brasileiros e estrangeiros veem a Natal para conhecer essa praia cartão postal do estado do Rio Grande do Norte. Percebe-se o aumento de resíduos quando tem mais visitantes. É uma praia que tem grande geração de resíduos sólidos pelos frequentadores.

Existem vários quiosques na pós-praia, os mesmos colocam mesas com guarda sol e cadeiras na areia da praia, e poucas barracas usam lixeiras nas mesas (Figura 22d). Nos trechos que foi desenvolvido o trabalho, alguns barraqueiros limpam o local no final do expediente, usando siscadores, retirando os resíduos de tamanhos maiores, deixando os menores na areia. O problema encontrado nesse aspecto é que os resíduos menores ficam acumulados na areia e consequentemente todo esse material é levado pelas ondas do mar, com risco de encontro com a biota marinha. Durante o dia os usuários fazem seus consumos nas barracas, e os mesmos colocam os produtos consumidos numa área mais afastada, próximo ao enrocamento (Figura 22b). Esses resíduos quando não coletados pelos garis são coletados pela água do mar. Pois as ondas chegam até as áreas de enrocamentos.

(43)

A faixa de areia da praia, costumeiramente utilizada pelos usuários para atividades de lazer, foi reduzida, chegando a ficar inviabilizada a utilização desse espaço durante os momentos de preamar (DIAS, 2015).

É importante destacar que apesar da limpeza realizada, tanto pelos barraqueiros, que fazem todo final de tarde uma varredura com siscador removendo apenas os resíduos mais grosseiros, e pelos garis da prefeitura municipal da cidade de Natal, os usuários continuam a ter atitudes inadequadas sobre o lixo marinho na praia, não há uma conscientização dos mesmos e nem dos barraqueiros que trabalham no local.

Além disso, foi observado que o enrocamento presente na praia é um local de grande acumulação de lixo marinho que chega através das ondas ou descartado diretamente pelos usuários.

Ponta Negra é uma das praias de Natal que ainda sofre com problemas relacionados ao esgotamento sanitário. Existem em alguns pontos no decorrer da praia saídas clandestinas de esgoto (Figura 22a). Essas são denominadas de dutos de agua pluvial, mas são aproveitadas por pessoas que jogam seu esgoto no mesmo sistema.

Em muitos pontos do trecho de estudo na área menos movimentada, foi encontrado muitos sacos de rafia, colocados para impedir que as ondas cheguem até a calçada. Mas com o tempo sofreram degradação tornando-se também lixo marinho (Figura 22c).

Figura 22: Problemas encontrado na praia de Ponta Negra (a,b,c,d).

(44)

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.5.5 PRAIA DE PIRANGI

Na praia de Pirangi, o estudo de AZEVEDO (2014) indicou que a maioria dos usuários vem de outros estados. Pirangi tem a seu favor dois atrativos turísticos, o cajueiro e os parrachos (recifes) cartões postais do estado. Centenas de pessoas visitam essas atrações mensalmente, muitas delas, após os passeios, permanecem na praia utilizando a infraestrutura local do bar Marina Badauê, ou das barracas da praia.

Nos finais de semana há uma diferenciação no comportamento do público que frequenta Pirangi, além das pessoas que normalmente se instalam nas barracas à beira mar (Figura 23b), muitos grupos chegam à praia e se instalam na areia em tendas alugadas. Essas pessoas trazem alimentos e bebidas de casa, em quantidade suficiente para passar o dia, sem precisar consumir dos bares. Ao final do dia ocorre o descarte de uma grande quantidade de embalagens de alimentos, descartáveis, garrafas de água e refrigerantes na areia, contribuindo para o acúmulo de resíduos na praia. Em nenhuma das barracas foi encontrado lixeiros nas mesas, durante o período da pesquisa. Um aspecto positivo de Pirangi é a extensão do ambiente praial, que nas marés mais baixas permite um amplo espaço para os usuários.

Ao longo da praia de Pirangi podem ser observadas algumas tubulações que provavelmente estão sendo utilizadas de forma inadequada, pelos estabelecimentos

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comerciais para destinar clandestinamente seus efluentes, permitindo que sejam despejados in natura na praia.

No trecho analisado, há três dessas saídas, duas delas na área de maior concentração de usuários (Figura 23a). Nesses locais é perceptível mau cheiro e aspecto escuro da areia, formando línguas negras algumas vezes. O mau cheiro percebido nos pontos de saída das tubulações pode indicar contaminação da água por esgotos, o que pode afetar as condições sanitárias da praia, já que nas marés mais altas a água marinha se comunica com a água que escoa pelas tubulações.

Figura 23: Problemas encontrado na praia de Pirangi.

a) b)

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.5.6 PRAIA DE PIPA

O trecho trabalhado na praia de Pipa foi entre a Praia dos afogados e praia do amor. Durante a pesquisa foi identificado alguns problemas ambientais, um deles é a localização das barracas, onde as mesmas ficam numa área que, quando a maré atinge seu ponto máximo a água entra por baixo das barracas. E os resíduos que são movimentados pela água ficam nessas áreas de difícil acesso, não permitindo que se faça a limpeza dos resíduos nesse local.

Nas barracas não são colocadas lixeiras para descarte adequado do resíduo. Os barraqueiros usam umas caixas de plásticos vazadas, servindo apenas para acondicionar resíduos maiores como coco, garrafa pet (Figura 24b). Os barraqueiros também colocam tambores de plástico de 200 l para coleta de resíduos maiores como coco verde (Figura 24a).

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Na área que não tem barracas existem enrocamentos, onde podem ser observados acúmulos de resíduos carreados pela maré alta e depositados no local (Figura 24c). Nesses enroncamentos existem vários tubos de PVC com diâmetros diferentes que são saídas de esgoto direto para a praia, de acordo com os moradores da região (Figura 24f). Moradores afirmam que não tem lixeiros suficientes na rua e nem na praia. Ambulantes que vendem água, coco, refrigerante, dizem que quando termina o expediente eles recolhem tudo e colocam em depósitos de resíduos. Em conversa realizada com os donos das barracas, os mesmos afirmam que não existe um trabalho da prefeitura com relação ao lixo msrinho na praia. O que é feito pela prefeitura é ceder uns tambores de plástico de 200l, e os barraqueiros colocam eles por trás das suas barracas (Figura 24d) e todo o resíduo recolhido durante o dia na praia é colocado nesses tambores. A coleta é realizada todos os dias pela manhã. Em períodos de alta estação a geração de resíduos é muito grande, sendo a quantidade de dois tambores não suficientes para acondicionar todo o lixo.

Figura 24: Problemas encontrado na praia de Pipa

(47)

c) d)

e) f)

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.6 Soluções Propostas

A geração de resíduos é um dos principais problemas ambientais em todo o mundo, sobretudo no que diz respeito à poluição marinha. O Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, por meio da Gerência de Zoneamento Costeiro, atua com ações e projetos de incentivo à sustentabilidade costeira. Uma dessas iniciativas é o Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima (Projeto Orla) é uma ação conjunta entre o Ministério do Meio Ambiente, por intermédio de sua Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR), e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito da sua Secretaria do Patrimônio da União (SPU/MP), (MMA, 2017). Suas ações buscam o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União,

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aproximando as políticas ambiental e patrimonial, com ampla articulação entre as três esferas de governo e a sociedade. Os seus objetivos estão baseados nas seguintes diretrizes:

Fortalecimento da capacidade de atuação e articulação de diferentes atores do setor público e privado na gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo para o ordenamento de uso e ocupação desse espaço; Desenvolvimento de mecanismos de participação e controle social para sua gestão integrada;

Valorização de ações inovadoras de gestão voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e da ocupação dos espaços litorâneos.

Assim, o Projeto busca responder a uma série de desafios como reflexo da fragilidade dos ecossistemas da orla, do crescimento do uso e ocupação de forma desordenada e irregular, do aumento dos processos erosivos e de fontes contaminantes.

Para a coordenadora de Gerenciamento Costeiro do MMA, Leila Swerts, os resíduos sólidos são problemas comuns a todos os municípios costeiros. O Brasil possui aproximadamente 400 municípios costeiros e atualmente 80 deles aderiram, em alguma fase, ao Projeto Orla. “A expectativa é que novos municípios sejam alcançados para implantação do projeto, o que garantirá um espaço costeiro mais limpo e sustentável” (MMA, 2017).

O Dia Mundial de Limpeza de Rios e Praias ou Clean Up The World, é comemorado em diversos países no terceiro final de semana de setembro. Coordenado mundialmente desde 1986 pela organização não-governamental (ONG) americana The Ocean Conservancy, a data é celebrada voluntariamente por governo, associações, empresas e demais voluntários. No Brasil, várias cidades como Rio de Janeiro, Cabo Frio (RJ) Brasília (DF), Aracaju, Recife, Porto Seguro (BA), Salvador e Florianópolis aderiram à 10ª Campanha de Limpeza de Praias, coordenada pelo Instituto Ecológico Aqualung. Milhares de voluntários por todo o país participam de um grande mutirão de limpeza e de conscientização para não jogar resíduos em lugares impróprios. O objetivo é fazer algo concreto pelo meio ambiente com resultados imediatos e locais: limpar o resíduo descartado irresponsavelmente e acumulado em todos os litorais do planeta. Simboliza, também, a união mundial e a dedicação em prol de um mundo mais limpo, consciente e saudável para a humanidade (MMA, 2017).

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Nas praias de Natal, as ações de limpeza acontecem muitas vezes por grupos de estudantes que se incomodam com a sujeira nas praias, daí começam a reunir pessoas voluntarias para fazer trabalhos de limpeza na orla. Em algumas ocasiões os órgãos ambientais e prefeitura dão apoio (Figura 25).

A prefeitura muitas vezes faz parceria com universidades e escolas públicas, onde juntos fazem trabalhos de educação e conscientização ambiental. Em setembro de 2017 para comemorar o dia mundial de Limpeza nas Praias, foi realizado na praia da Redinha um mutirão, onde realizaram a limpeza da praia (Figura 26).

A ideia já é um grande avanço. Mas o que deveria ser realizado é um trabalho continuo mantendo datas especificas do projeto praia limpa, e não somente uma vez por ano em comemoração a um evento. Nesses trabalhos deve-se incluir sempre os responsáveis pela geração do lixo marinho nas praias. É muito importante incentivar os usuários e barraqueiros a ter uma maior preocupação com as consequências que o lixo marinho pode provocar.

Figura 25: Projeto Praia Limpa –Natal/RN. Fonte: Google,2017.

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Figura 26: Trabalho realizado pela prefeitura de Natal/RN

Fonte: Google, 2017.

O projeto minha orla na cidade de Natal está em fase de encaminhamento, já houve um avanço, pois desde o ano de 2013 que se vem fazendo reformas nas principais praias de Natal como Ponta Negra e as praias centrais de Natal, Praia do Meio, Dos Artistas. A maioria das obras são estruturais. São colocados acondicionadores de resíduos na orla, mas só colocá-los não é o suficiente. É preciso um trabalho muito forte de educação ambiental. E esse trabalho deve ser com frequência para que se tenha algum resultado.

São 13 municípios do Estado do RN que instituíram o Plano de Gestão Integrada - PGI, ou "Projeto Orla", sendo para tanto, elaborado e legitimado em Audiência Pública, as Planilhas que constituem os respectivos PGI's (Areia Branca, Baía Formosa, Ceará Mirim, Extremoz, Galinhos, Guamaré, Macau, natal, Nísia Floresta, Parnamirim, Porto do Mangue, São Miguel do Gostoso e Tibau do Sul) (AMBIENTE et al., 2011).

Todos os municípios adesos ao referido Projeto estão com suas agendas do Comitê Gestor elaboradas e confirmadas, junto à Coordenação Estadual do Orla, portanto, estão realizando reuniões ordinárias que ocorrem trimestralmente, e mesmo extraordinárias que acontecem quando necessário. É certo que uns estão mais avançados do que outros. As reuniões dos Comitês Gestores são acompanhadas com a participação direta e presencial

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dos dois órgãos que compõem a Coordenação do Orla neste Estado, quais sejam, está a Superintendência do Patrimônio da União do Estado - SPU e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente - IDEMA. Além desses, outros órgãos que também fazem parte da Comissão Técnica Estadual participam da mesma forma, como é o caso do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -IBAMA, principalmente, e a Secretaria de Turismo do RN – SETUR. Outros municípios já manifestaram interesse pelo Projeto Orla, como São Bento do Norte (este inclusive assinou o Termo de Adesão), Caiçara do Norte, Touros, Tibau e mais recentemente Grossos (AMBIENTE et al., 2011). De acordo com o site do Ministério do Meio Ambiente, apenas o município de Tibau do Sul é que está com seu Plano de Gestão Integrada – PGI ou Projeto Orla (AMBIENTE et al., 2011).

Na praia de Pipa, existe um projeto chamado Reciclarte Atelier é um projeto idealizado pelo pernambucano Rafael do Nascimento Santos, que vive em Pipa há 13 anos e assim como muitos se apaixonou pela praia e pela natureza da Pipa. O projeto nasceu de uma iniciativa ousada e descontraída do artista que por admirar esculturas de madeira, aprendeu o método e presenteia as ruas da Pipa com instalações criativas e cheias de alertas sobre preservação ambiental (Figura 27), (PIPA AVENTURA, 2017).

Entre os itens produzidos há objetos para coleta de bitucas, denominados de “Papa Bitucas” (Figura 26b); esses objetos ficam dispostos em duas barracas das sete que existem na área de estudo. Das seis praias em pesquisa apenas uma Pipa tem essa iniciativa. E com certeza faz grande diferença, pois quando o usuário (seja ele fumante ou não), observa esse objeto, há um aprendizado, por ser uma arte chamativa e muito bonita. Se existe um local para colocar os resíduos especificamente a bituca de cigarro, que muitas vezes é muito pequena e pode-se pensar que não causa mal algum em ser jogado no chão, quando nos deparamos com essas iniciativas, muitos irão rever seus conceitos em jogar resíduos sólidos no chão.

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Figura 27: Projeto Reciclart Atelier.

a)

b) c)

Fonte: Google, 2017.

Em alguns estados do Brasil a solução para manter a cidade limpa é multar as pessoas que jogam resíduos no chão. Um grande exemplo de que isso está sendo realmente levado a sério é a punição já em vigor para quem sujar a praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O programa Lixo Zero, que adotou essa pena para aqueles que descartarem resíduos no chão, chega à região após multar quase 500 pessoas em apenas uma semana de funcionamento no Centro da cidade. São 126 profissionais percorrendo as ruas e a orla da “Princesinha do Mar”, trabalhando de três em três. O trio — formado por um agente da Companhia Municipal de

Referências

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