Desafios e oportunidades de mercado para a transição agroecológica:
mercados de proximidade e consumo alimentar sustentável
Mónica Truninger
JORNADAS DO MUNDO RURAL Mértola 19 de novembro
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O que são cadeias curtas?
“«Cadeias curtas de abastecimento agroalimentar», abreviadamente designadas cadeias curtas, os circuitos de abastecimento que não envolvam mais do que um intermediário entre o produtor e o consumidor, através de vendas de proximidade ou vendas à distância” (p. 1684)*.
[*Artº 4, b) na Portaria nº 152/2016 de 25 de maio, que estabelece o regime de aplicação da ação nº 10.2 «Implementação das estratégias», integrada na medida nº 10 «LEADER» do PDR2020]
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Iniciativas de relocalização do sistema alimentar:
oportunidades
valorização dos agentes e dos recursos locais; revitalização das zonas rurais;
promoção do contacto direto entre o produtor e o consumidor e incentivo de práticas culturais menos intensivas e ambientalmente sustentáveis;
transparência e confiança no sistema alimentar;
preços competitivos (sem especulação de vários intermediários);
humanização das relações produção-consumo (justiça social e fortalecimento comunidade local) qualidade dos alimentos (sabor, aparência, nutrição, frescura, etc.)
consumidores cada vez mais exigentes e à procura de produtos de qualidade
Projecto Interdisciplinar
(Reino Unido, 2005-2008)
‘Comparative Assessment of Environmental, Community and Nutritional Impacts of Consuming
Fruit and Vegetables Produced Locally and Overseas’
Co-sponsored by DEFRA and SEERAD
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As várias virtudes do ‘local’…
Reduz custos ambientais (ex. Transporte) Saudáveis Apoia às economias locais Familiares/ Próximos Éticos Dá poder às comunidades locais Frescura Sabor Vendidos avulso Menos embalagens Fortalece identidades Local Sazonal janeiro de 21 5
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GWP [CO2-eq/kg lettuce in RDC]
U K c-In U K d-In E S a-2 E S b-2 U K a-1 U K b-1 U K c-1 U K a-2 U K b-2 U K c-2 U K c-In U K d-In E S a-1 E S b-1 0.00E+00 5.00E-01 1.00E+00 1.50E+00 2.00E+00 2.50E+00 3.00E+00 3.50E+00 4.00E+00
Jan-Apr May-Jul Jul-Oct Nov-Dec
GWP – Global Warming Potential
Fornecimento de alface todo o ano no RU – (RU & Espanha)
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ESTUFAS, HEREFORDSHIRE, INGLATERRA (2006)
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“Uma coisa que eu nunca compro local são os morangos de Herefordshire, porque sei que são cultivados em estufas!”
“As estufas são little evil things que destroem a paisagem”
Métodos de Produção (Estufas)
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Sistemas de proximidade e de localização alimentar…
alguns desafios...
Bairrismo local (localismo defensivo);
Exclusão social (preços mais altos, mercados com produtos de nicho e de valor acrescentado – inclusão social?);
Sustentabilidade (local é sustentável? consumo de água? qualidade do solo? Pensar no tipo de agricultura mais adaptada ao território, solo, clima); Entrada do grande retalho alimentar no comércio de proximidade (que impactos e consequências?);
Mão de obra agrícola imigrante e impactos na integração social e comunidade local (sobretudo no modelo de agricultura em grande escala);
Que consumidores? Jovens? Onde estão os jovens nas comunidades do interior rural? Programas de captação e fixação de população jovem para o interior?
Mónica Truninger Luísa Schmidt João Graça Susana Fonseca Luís Junqueira Pedro Prista
Segundo Grande Inquérito
sobre Sustentabilidade
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Objetivos e método
Objetivos
Analisar as representações sociais do conceito de sustentabilidade
Considerando as suas quatro dimensões
Ambiental, Social, Económica, Institucional (governança)
Analisando representações e práticas declaradas
Particularmente no consumo, na alimentação e economia circular
Avaliando os impactos da crise
Nas representações e nas práticas de sustentabilidade 11 Amostra 1.600 inquiridos (116 Alentejo) Residentes em Portugal Maiores de 18 anos
Amostragem aleatória estratificada: Região, Género, Idade, Intervalo de Confiança: 95% Inquérito presencial Data de aplicação 7/11 a 13/12 de 2018 Método
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Critérios de compra de produtos alimentares
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(média: 1: Pouco importante - 5: Muito importante)
Os portugueses dão mais importância: • Produzido em Portugal • Informação sobre ingredientes particulares • Informação nutricional Valorização do nacional, proximidade e confiança
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Locais preferidos para as compras alimentares
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• O Alentejo segue a tendência nacional para fazer as
compras sobretudo nas grandes superfícies ou nos supermercados de proximidade • Os inquiridos do Alentejo recorrem mais às cooperativas de produtores e de consumidores para as suas compras alimentares
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Locais preferidos para as compras alimentares
(Alentejo)
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Menores rendimentos + Cooperativas + Feiras e mercados − Supermercados de proximidade − Lojas especializadas − Grandes superfícies Zonas rurais + Diretamente do produtor
+ Ofertas familiares e amigos
− Lojas especializadas
− Grandes superfícies
− Supermercados de proximidade
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Posições face ao consumo de carne
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Posições face ao consumo de carne (Alentejo)
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Reduzir o consumo de carne + Mulheres
+ Áreas metropolitanas + Mais escolarizados + Rendimento
Transição para alimentação crescente de base vegetal + Mais jovens
+ Zonas rurais
+ Mais escolarizados + Rendimento
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Importância das políticas europeias no apoio de medidas de
sustentabilidade na produção e consumo alimentar
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+ Mulheres
+ Mais jovens
+ Ensino Superior
+ Urbano
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Reflexões finais
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Conclusões
A relação qualidade-preço (agregando frescura, aspeto, sabor e custo), critério de preferência de compra, mas conhecimento da origem do produto (nacional ou local) é valorizado;
Os supermercados de proximidade ligeiramente acima dos grandes hipermercados como locais de aquisição mais
frequentes;
Aumento das feiras e mercados. E no Alentejo: cooperativas e diretamente ao produtor muito relevante;
Progressiva valorização dos fatores de proximidade e de
confiança interpessoal (mas também influência da estratégia do grande retalho no comércio de proximidade).
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Conclusões
Lenta transformação nos hábitos de consumo alimentar – consumo
de carne ainda muito relevante;
Apesar da estabilidade é assinalável a disposição para a
mudança (sobretudo na redução do consumo de carne entre as
mulheres), bem como o sentido dessa mudança para uma
alimentação de base crescentemente vegetal a nível nacional;
Maior resistência à transição para uma alimentação de base
crescentemente vegetal no Alentejo;
Apoio público consensual a medidas ativas por parte da União
Europeia e do Estado na relocalização do sistema alimentar
(intervenção nas cantinas públicas e promoção de compras públicas alimentares de produtos locais e biológicos; promoção de mercados locais e cadeias curtas).
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Perfis ou orientações de consumo
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(média: 1: Discordo totalmente-5: Concordo totalmente)
Alentejo acompanha esta tendência
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Refeições com carne, com peixe, e de base
vegetal, numa semana habitual (média)
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Numa semana habitual, os inquiridos comem, em
média, 12 refeições com
carne e peixe, isto é, comem carne ou peixe praticamente todos os dias.
Os inquiridos residentes no Alentejo comem mais refeições com base em carnes vermelhas e refeições sem carne nem
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Refeições com carne, com peixe, e de base
vegetal, numa semana habitual (Alentejo)
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Refeições com carnes
vermelhas (porco/borrego/vaca) + Homens
+ Ensino básico ou secundário + Área metropolitana
+ Menos de 600€ (carnes mais baratas)
Refeições sem carne nem peixe + Mulheres
+ Mais velhos (saúde?) + Ensino superior
+ Rendimentos médios
+ Zonas Rurais (acesso à carne mais difícil?)