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886 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

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APELAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL.

PRODUTO INOVADOR (COLETOR DE RESÍDUOS

SÓLIDOS). CONCEPÇÃO DE SOCIEDADE

ESTRANGEIRA. REPRESENTAÇÃO/DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL. PARCERIA NATIMORTA. PATENTE

POSTERIORMENTE CONCEDIDA AO RÉU.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL. QUESTÃO DEBATIDA

NO FORO PRÓPRIO. NOCIVIDADE DE

INTERFERÊNCIAS DO RÉU NOS NEGÓCIOS

PESSOAIS DO AUTOR: INDEMONSTRAÇÃO.

DANOS MORAIS: INOCORRÊNCIA.

I) Conquanto questionáveis, em tese, as atitudes imputadas pelo autor ao réu, como a reivindicação para si de patente de invenção antes concebida por sociedade finlandesa – em discussão na sede jurisdicional própria –, bem como o uso de material publicitário da mesma sociedade para a divulgação de produto similar por ele então patenteado, é certo que os danos morais ou patrimoniais causados à sociedade, que não é parte da demanda, não podem ser aqui considerados, assim como os danos materiais sugeridos pela argumentação do autor, porque não pedidos e tampouco comprovados.

II) Limitado o debate à configuração dos danos morais suportados unicamente pelo demandante, há de se analisar, tão-somente, eventual prejuízo concreto à sua credibilidade perante o mercado, em decorrência direta das ditas investidas paralelas do réu, conforme o grau de interferência dessas

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ações em seus negócios, visando à cooptação de clientela e eventualmente colocando em dúvida a exclusividade do produto comercializado. Caso em que, contudo, não ficaram comprovadas repercussões negativas e concretas dessas condutas nas referidas relações comerciais, essenciais para o possível reconhecimento de danos à sua honra objetiva.

RECURSO DESPROVIDO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível número 0245825-97.2008.8.19.0001, em que é apelante Heimo Eerikki Riippa e apelado João Couri.

Acordam os Desembargadores da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, à unanimidade, em negar provimento ao recurso.

Integra o presente acórdão o relatório antecedentemente oferecido.

V VOOTTOO

Em apertada síntese, o autor acusa o réu de agir de forma desleal, atrapalhando suas negociações, por tentar cooptar seus clientes, colocando em risco a exclusividade do produto comercializado.

Relata que, com vistas à consecução de um empreendimento conjunto (constituição de sociedade para comercialização de equipamento finlandês) – que acabou malogrado –, o réu tornou-se conhecedor de técnicas desenvolvidas por sociedade finlandesa relativas ao armazenamento de resíduos sólidos. Nada obstante, após o insucesso das negociações –

formalizadas em 2001 –, aproveitou-se das ideias do produto inovador para

requerer, para si, sua patente, passando a anunciá-lo e comercializá-lo no mercado, inclusive perante clientes originariamente contatados pelo autor.

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Com efeito, foi a patente concedida ao réu em 2009 (fls. 302

e-JUD – 314 originais), conquanto haja demanda visando à declaração de sua

nulidade em trâmite perante a Justiça Federal (fls. 451 e seguintes e-JUD –

originais 454 e seguintes).

O debate no processo, muitas vezes misturado a matérias atinentes à propriedade industrial, foi depurado pela sentença, que salientou não tratarem estes autos de tal questão, “mas sim meramente de

responsabilidade civil, unicamente com postulação de indenização por danos morais, pretendendo o autor ver o réu condenado por eventual

conduta ilícita”, que, contudo, não foi vislumbrada pela sentenciante (fls.

832 e-JUD – originais 827-v).

Talvez por isso, em seu recurso, o autor inclusive abandona o pedido tocante à obrigação de abstenção, qual deduzido na inicial.

Nota-se, ainda, que a linha argumentativa do autor por vezes mescla elementos relativos a danos materiais por ele suportados e a danos morais ou patrimoniais aparentemente sofridos pela sociedade finlandesa.

Bem por isso e mais uma vez, convém reforçar os limites do debate: danos morais ou materiais causados à sociedade, que não é parte dessa demanda, não podem ser aqui considerados, assim como os

sugeridos danos materiais do autor, porque não pedidos e tampouco

comprovados.

É o próprio autor quem destaca “que nesta pendenga não se

discute patente e sim a prática de ato ilícito nos negócios havidos pelo

autor e atravessado pelo réu” (fls. 825 e-JUD – originais 823). Vale dizer: ele

postula indenização por danos morais por ele mesmo sofridos. Assim, por mais que tenha assumido o “dever de proteção da marca e da imagem

Molok” (fls. 06 e-JUD – originais 06), nesta demanda, ele pleiteia direito

próprio em nome próprio.

Ocorre que estes danos morais não foram demonstrados. É claro que, de fato, a despeito da defendida legalidade do depósito do pedido da patente, no mínimo, chama a atenção a circunstância

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de um quase representante da sociedade finlandesa decidir, alguns anos depois da avença malsucedida, patentear produto muito similar ao que ele originariamente comercializaria. Mas realmente isso é matéria respeitante à demanda acerca da patente, em trâmite na justiça federal.

Analisa-se aqui, tão-somente, eventual dano à credibilidade do autor perante o mercado em decorrência das alegadas investidas paralelas do réu, conforme o grau de interferência dessas ações nas relações do autor com seus clientes, não assim a deslealdade em relação à sociedade estrangeira, tanto por ter requerido a patente do produto quanto por ter utilizado o seu material publicitário para a respectiva divulgação.

Com efeito, no plano teórico e não sem alguma dificuldade, até se poderia admitir que as atitudes do réu, tal qual narradas, pudessem vir a macular, de alguma forma, a imagem do autor no mercado.

Ocorre que esta argumentação não veio amparada pela adequada e concreta comprovação da repercussão negativa das ações do réu nas relações bilaterais entre o autor e seus clientes, o que seria essencial para se vislumbrar possíveis danos à sua honra objetiva.

É que, para se dizer, com segurança, que a credibilidade do autor tenha vindo a se arranhar pelo só “atravessamento” dos seus negócios pelo réu, seria preciso fazer a mínima demonstração de que os clientes-alvo do recorrido tivessem, verdadeiramente, se tornado céticos quanto à legitimidade da representação da Molok pelo autor, ou passado a ter dúvidas quanto ao produto até então comercializado pelo apelante.

E isso porque o dito contato direto do réu com os clientes do autor pode ter se dado em circunstâncias tais que eles sequer o consideraram, atribuindo-lhe, quiçá, mínima relevância, de maneira que, nesse hipotético cenário, não se cogita de danos morais à pessoa do autor.

Relembre-se que os questionáveis expedientes de que o réu teria se valido – rasurando materiais publicitários da sociedade finlandesa para divulgação de seu próprio produto, ou reivindicando para si patente de invenção

possivelmente não inédita – não têm o condão de, por si sós, impingir ao

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Veja-se, outrossim, que são nebulosas as circunstâncias que levaram ao insucesso do empreendimento.

O autor aduz que “o requerido não cumpriu com a sua parte

e tal empresa jamais foi constituída” (fls. 04 e-JUD – originais 04). De sua

vez, o réu assinalou que o autor deixou de lhe pagar e de “cumprir com as

obrigações pactuadas” (fls. 165 e-JUD – originais 190).

Como se vê e já bem salientou a sentença, ambas as partes se acusam mutuamente de terem descumprido os compromissos assumidos, sem se precisar, a rigor, quais seriam eles ou em que medida teria havido o desinteresse da outra parte em prosseguir o negócio entabulado – “condições básicas objetivando a constituição da Molok do Brasil

Limitada” (v. fls. 30 e-JUD – originais 30).

Nesse contexto, é preciso analisar as condutas objetivamente imputadas ao réu como potencialmente capazes de causar danos morais ao autor: i) uso de material publicitário da sociedade finlandesa como relativo ao seu próprio invento; e ii) contato direto com clientes do autor, inclusive quando este já detinha a representação exclusiva do produto finlandês (fls.

75 e seguintes e-JUD – originais 67 e seguintes).

A primeira ação, como já examinado, não repercute diretamente na figura do autor, porque se trata de possível uso indevido de materiais da sociedade Molok Oy, terceira na presente relação jurídico-processual.

E, quanto à segunda conduta referida, é preciso observar o que há de concreto nestes autos.

Diz o autor que, verbis, “foi surpreendido ao ser informado

por dois de seus clientes, Clin – Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói e Mundo Limpo Ltda. de que ‘um de seus representantes, Sr. João Couri, havia deixado com a empresa um ‘folder’ dos Molok, bem como de uma tabela de preços para sua apreciação e

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Mais adiante no processo, o autor faz juntar declaração (datada

de 25.05.2009) de representante da Resiplastic Indústria e Comércio Ltda.

no sentido de que sua indústria “foi procurada recentemente, pelo Sr. João

Curi, com a proposta de fabricar para ele os mesmos ‘containers’ semienterrados para armazenamento de lixo em profundidade que já

fabricamos com exclusividade para a empresa CH-Brasil

Empreendimentos Ltda. sob autorização expressa do Sr. Heimo Eerikki Riippa pedido este por nós a ele negado por estarmos sob contrato com a

pessoa acima referida e a empresa do Rio de Janeiro” (fls. 247/248 e-JUD –

originais 268/269).

No que tange às sociedades Clin e Mundo Limpo, o autor até requereu o depoimento de seus representantes, mas não chegaram a ser colhidos ou carreados aos autos (cf. fls. 253 e-JUD – originais 273).

Nesse contexto, é muito pouco o que se tem de objetivo para demonstrar, inequivocamente, a lesividade das ações do réu contra o autor: apenas um testemunho e, mesmo assim, de uma sociedade firmemente vinculada ao apelante, sem que se tenha revelado qualquer risco à sua imagem, ao menos naquele contrato.

Por isso que não se pode chancelar a existência de “sérios

aborrecimentos, sofrimentos e constrangimentos até mesmo quase a

ponto de perder sua representação finlandesa” (fls. 857 e-JUD – originais

832), porque nada disso é provado nem vinculado a uma conduta precisa, atribuída ao réu.

E, sem dano nem nexo causal, não há falar em responsabilidade civil.

Por derradeiro e ad nauseam, insista-se em que a essência de toda a discussão se reporta mesmo à questão da propriedade industrial, que desborda dos lindes dessa relação jurídico-processual.

É que, a rigor, legitimamente ou não, o réu conseguiu a

patente do aludido invento similar, não vindo a comercializar,

tecnicamente, produto da marca “Molok”, esta sim, protegida e confiada à guarda exclusiva do autor pelos contratos firmados com a sociedade

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finlandesa; daí o incremento na dificuldade de se configurarem os alegados danos morais, afinal, ele detinha a patente do produto negociado (“Tatu” e

não “Molok”).

Forte nesses fundamentos, nega-se provimento ao recurso, mantendo-se a sentença tal qual lançada, inclusive quanto aos honorários de sucumbência – questionados pelo recorrente –, porque o dispositivo foi explícito em invocar a norma do art. 12 da Lei nº 1.060/50.

Rio de Janeiro, 05 de fevereiro de 2014.

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