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Editorial. Vilmar Marques de Oliveira Professor Assistente Doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

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A N O X V I - N º 1 0 2 - 2 0 1 3

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

Radioter

apia

SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA REGIONAL SÃO PAULO

Presidente: César Cabello dos Santos • Vice – Presidente: Afonso Celso Pinto Nazário • 1º Secretário: Vilmar Marques de Oliveira • 2º Secretário: Sílvio Eduardo Bromberg • 1º Tesoureiro: Felipe Eduardo Martins de Andrade • 2º Tesoureiro: Gilberto Uemura • Diretor Científico: José Roberto Filassi • Editores: Sílvio Eduardo Bromberg, Gil Facina.

Editorial

Boletim

102

Vilmar Marques de Oliveira

Professor Assistente Doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Fabio Bagnoli

Professor Instrutor Mestre da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

RECONSTRUçãO MAMáRIA

vERSUS RADIOTERAPIA

A

história da reconstrução

mamária inicia-se em 1906 com a rotação do músculo grande dorsal descrita por Tanzi-ni. Sessenta anos após, foram uti-lizadas as primeiras próteses de silicone gel, porém os resultados estéticos foram insatisfatórios1. A utilização de expansor de pele apresentou resultados mais fa-voráveis como descrito por Ran-dovan2 em 1978. Um dos impor-tantes avanços nos resultados estéticos da reconstrução mamá-ria foi o retalho músculo-cutâneo do reto abdominal descrito por Hartrampf3 em 1980. No Brasil, na década de 70, iniciou-se a re-construção imediata, a principio, realizada por Baroudi et al4, com rotação de retalho cutâneo-adi-poso abdominal para cobertura de áreas de mastectomias para grandes tumores. Depois, passou--se a utilizar próteses de silicone sob o retalho e desta forma sur-giram as primeiras reconstruções mamárias imediatas, por Pinotti e seu grupo, com pioneirismo in-ternacional5. Em 1976, Pinotti et al5 passaram a utilizar o retalho músculo-cutâneo do grande dor-sal e, a seguir o retalho músculo--cutâneo do reto-abdominal.

Des-sa forma, aliando-se tratamento oncológico satisfatório com bons resultados estéticos a reconstru-ção mamária passou a ser prati-cada com freqüência, de forma imediata ou tardia.

Com a prática da reconstução mamária algumas seqüelas psi-cossocias causadas às mulheres submetidas à mastectomia como depressão, baixa auto-estima, pertubações nas atividades so-ciais e profissionais podem ser amenizadas6,7,8. Passados mais de 30 anos, muitos estudos do-cumentaram os benefícios psi-cológicos, sociais, emocionais

e funcionais das reconstruções mamárias, dentre eles, melhora da saúde psicológica, da auto--estima, da sexualidade, da imagem corporal e redução da preocupação com a recidiva do câncer9,10,11. A literatura for-nece fortes bases de que a re-construção mamária pós-mas-tectomia será um dos fatores determinantes da saúde a longo prazo e do bem estar das pacien-tes com câncer de mama.

Um grande dilema presente no momento de se indicar a re-construção mamária imediata ou tardia é em relação à

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ANO XVI - Nº 102 - 2013

Todos os textos apresentados nesse boletim são publicados - “na íntegra” - conforme enviados pelos respectivos autores. Toda informação e opinião pessoal exposta, é de responsabilidade exclusiva do Autor.

Os editores do boletim são responsáveis somente pela organização e execução do mesmo. Gil Facina e Silvio E. Bromberg

de de radioterapia pós mastectomia. Nos últimos 20 anos, a segurança e eficácia da reconstrução imediata foram comprovadas por inúmeros estudos mosrando que a recorrência da doença e a sobrevida não estavam comprometidas, uma vez que as técni-cas para monitorar e detectar recidi-vas locais estavam mantidas12,13.

Brenelli14 (1944) avaliou 306 pacien-tes com câncer de mama estadio I, II e IIIA , divididas em dois grupos de 153 pacientes cada sendo que em um deles as pacientes foram submetidas a mas-tectomia e reconstrução imediata e o outro apenas mastectomia, observou--se que não houve diferenças estatís-ticas em relação a sobrevida global e recidiva local da doença. Esses resulta-dos também foram comprovaresulta-dos por Huang et al15 em estudo que compa-raram pacientes tratadas por mastec-tomia e radioterapia complementar sendo 82 casos com reconstrução ime-diata e 109 sem reconstrução. Resulta-dos semelhantes foram obtiResulta-dos por Pa-tel et al16 em estudo com seguimento de 10 anos.

Com base nesses estudos, e outros, há uma tendência de grupos de mas-tologistas e principalmente de cirurgi-ões plásticos em defenderem a recons-trução imediata pós-mastectomia, salvando as devidas contra-indicações absolutas, uma vez que além de não interferirem no tratamento e prognós-tico oncológico favorecem o resulta-do estético final melhor, mesmo com algumas complicações que podem surgir após a radioterapia como a es-teatonecrose e o endurecimento com diminuição de volume dos retalhos no caso dos tecidos autólogos e assime-tria e contratura no caso das próteses, os quais seriam menos freqüentes gra-ças à moderna radioterapia conforma-cional com intensidade modulada de dose e ao próprio aprimoramento da

técnica da técnica reconstrutiva com a cobertura total do implante por tecido muscular16.

Em contra partida, novos estudos revelam alguns resultados não favo-ráveis às reconstruções imediatas pós-mastectomia que necessitem de radioterapia em relação tanto aos as-pectos oncológicos quanto aos aspec-tos estéticos.

Em estudo retrospectivo realizado por Maurice et al17 que incluiu 146 mulheres submetidas a mastectomia com reconstrução imediata ou tardia, radioterapia e quimioterapia, os re-sultados revelaram taxa de recidiva local da doença de 27%(16/59) naque-las pacientes que foram submetidas a radioterapia após reconstrução mamária imediata, e em 14,9%(13/87) das pacientes que foram submetidas a radioterapia antes da reconstrução mamária. Menor sobrevida ocorreu em 11,9% quando a radioterapia foi reali-zada após reconstrução mamária ime-diata e em 6,9% quando a radioterapia foi realizada antes da reconstrução mamária. Em estudo realizado no M.D. Anderson Cancer Center por Motwani et al18 ficou demonstrado que pacien-tes submetidas a reconstrução mamá-ria imediata pós-mastectomia tiveram o planejamento radioterápico compro-metido em 52% dos casos.

Outros estudos revelam ainda que a reconstrução imediata pós-mastectomia acarreta algumas limitações no planeja-mento da radioterapia, como o risco de dosagem excessiva para pulmão e cora-ção ou dose inadequada para linfonodos da cadeia torácica interna, e isso estaria relacionado à barreira formada pelo re-talho no leito mamário19,20,21,22. Além do que as complicações que se relacio-nariam aos aspectos estéticos, como es-teatonecrose, assimetria e extrusão de próteses estariam ocorrendo com maior freqüência23,24,25.

Quando da realização de radiote-rapia adjuvante, a reconstrução com implantes apresenta uma associação maior com cirurgias corretivas que aquelas realizadas com tecido autólo-go. Os tecidos autólogos parecem to-lerar melhor a radioterapia. Todavia, a associação de tecido autólogo em uma reconstrução baseada em implante diminui a taxa de complicação em pa-cientes previamente irradiadas. Quan-do da utilização Quan-do retalho Quan-do gran-de dorsal associado a implante em pacientes irradiadas, a reconstrução tardia tem demosntrado resultados melhores principalmente quanto ao volume e contorno do polo superior26.

Apesar do exposto acima, alguns es-tudos não tem demonstrado que o uso de implantes definitivos ou próteses expansoras determinam um aumento de recidiva local por compromenter a radioterapia27,28. No entanto se a irradiação dos linfonodos da torácica interna precisam ser irradiados, a pre-sença do implante pode requerer uma maior dose de irradiação e consequen-temente maior incidência de fibrose pulmonar e doença coronariana28. O uso da radioterapia hipofracionada parece não minimizar os efeitos da radioterapia quanto a contratura cap-sular29.

Importante salientar que apesar da melhor tolerância dos tecidos au-tólogos à radioterapia e uma menor morbidade quando comparado com os tecidos autólogos30, estudo condu-zido no Memorial Sloan Ketering de-monstrou que 80% das pacientes que foram submetidas a reconstrução com implante e radioterapia apresentavam resultados considerados de bom a ex-celente31.

Por fim, devemos lembrar que o uso do enxerto de gordura vem se tornan-do técnica rotineira para melhorar os efeitos deletérios da radioterapia

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Horário de atendimento: segunda à sexta-feira, das 8h às 18h /sábado, das 8h às 12h Rua Itapeva, 366, cjto 83/84 - e-mail: atendimento@uddo.com.br

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bre a reconstrução mamária. Sendo observados melhorias dos resultados não só imediatos como tardios. Tem sido sugerido que o uso do enxerto de gordura em reconstruções com im-plantes podem até mesmo diminuir a incidência de contratuta capsular32.

Podemos concluir pelo exposto que a radioterapia poderá propiciar uma taxa maior de complicações tanto nas reconstruções com tecido auólogo como naquelas onde fazemos o uso de implantes, sendo que nesta última esta taxas serão maiores mas não im-peditivas do método. Devemos lem-brar que os implantes não determinam uma maior taxa de recidiva, mas nos casos de implantes volumosos, o pla-nejamento raditerápico pode ser com-prometido. E por fim temos que ter em mente que não existe técnica ideal de reconstrução, mas sim a reconstrução ideal para determinado caso.

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A reconstrução mamária tem se tor-nado uma realidade cada vez mais pre-sente em nosso cotidiano e é parte in-discutível do tratamento do câncer de mama. Na medida que se aprimoram as indicações das reconstruções, pas-samos a observar e esclarecer nossas pacientes das vantagens, limitações e complicações possíveis das técnicas de oncoplastia, em associação com as modalidades terapêuticas do câncer de mama.

A radioterapia (RXT) é de fundamen-tal importância no controle locorre-gional, porém apresenta complicações indesejáveis, como a radiodermite, a fibrose e necrose tecidual, a perda de volume, contorno e simetria mamária, determinando perda de resultados da cirurgia ou da reconstrução mamária, sendo muitas vezes necessárias novas cirurgias visando correção destas de-formidades. Os efeitos da RXT são du-radouros e muitas das complicações tardias. Na associação entre controle da doença e resultado da reconstru-ção, devemos avaliar qual a melhor técnica a ser utilizada em determina-do momento, a irradiação tecidual, bem como a cronologia no tratamento oncológico.

I. PROGRAMAÇÃO CRONOLÓGICA

Ao se avaliar as técnicas de recons-trução mamaria devemos considerar os resultados imediatos, a perda des-tes resultados ao longo dos anos, as complicações inerentes ao procedi-mento cirúrgico, e as complicações

re-Gustavo Zucca Matthes

Médico titular do Departamento de Mastologia e Reconstrução, coordenador do Centro de Treinamento em Cirurgia Oncoplástica do Hospital de Câncer de Barretos

René Aloisio da Costa Vieira

Departamento de Mastologia e Reconstrução Mamária do Hospital de Câncer de Barretos • Programa de Pós-Graduação em Oncologia do Hospital de Câncer de Barretos

RECONSTRUçãO MAMáRIA PÓS RADIOTERAPIA

lacionadas ao momento da utilização da radioterapia, e a sobrevida livre de recorrência. De uma maneira simplista podemos dividir as reconstruções em: 1) retalhos ou técnicas de aproveita-mento do tecido mamário, consistindo nos remodelamentos e técnicas de pe-dículo; 2) reconstruções com próteses definitivas ou expansoras; 3) recons-truções com tecido autólogo, sendo as principais opções a utilização do músculo do grande dorsal, o reto abdo-minal, ou os retalhos micro-cirúrgicos. A Figura I, apresenta os prós e contras das reconstruções e sua relação com a RXT.

Neste sentido, em paciente subme-tidas a quadrantectomia ou recons-trução imediata, a irradiação sobre o plastão mamário pode acarretar com-plicações que necessitarão de reparo, devido: 1) Retrações importantes no

contorno mamário, com perda volu-métrica, assimetria, ou enrijecimento de todo o tecido mamário; 2) Contratu-ra capsular, deslocamento da prótese e dor; 3) Perda do contorno, forma ou volume do retalho autólogo.

Nas pacientes submetidas a mastectomia e que necessitarão de re-construção tardia, a limitação da pele, determina a necessidade de uso de retalhos autólogos ou expansores. Na ausência da RXT, os efeitos tardios são mais satisfatórios.

Não há consenso sobre o momento da reconstrução tardia. Em pacientes com tumores avançados, 50% das re-corrências ocorrem nos 2 primeiros anos e 80% terão ocorrido até os pri-meiros 5 anos. O momento da recons-trução, deve ser seguido de uma ava-liação criteriosa da possibilidade de recorrência, visto que as complicações

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da reconstrução podem postergar a necessidade de um tratamento onco-lógico. Da mesma forma, a avaliação mamária, deve ser seguida com um controle clínico-radiológico da mama contralateral além do controle sistê-mico da doença.

Nas pacientes submetidas a trata-mento conservador, há a possibilida-de possibilida-de recorrência. Tais pacientes pos-sivelmente já terão sido submetidas a RXT, e se a reconstrução mamária for considerada, o retalho autólogo deve representar a primeira escolha.

II. TÉCNICAS APROPRIADAS E MORBIDADES

Na reconstrução pós mastectomia e radioterapia, devemos avaliar as co-morbidades da paciente, o volume ne-cessário de preenchimento e a quali-dade do tecido no plastão mamário. As principais opções constituem o uso de retalhos autólogos e a lipo-enxertia.

Pequenas assimetrias e per-das de volume, alterações no trofismo cutâneo podem ser resolvidas com a li-po-enxertia. Este procedimento encon-tra-se relacionado a baixa morbidade, porém frequentemente são necessá-rias múltiplos procedimentos visando preenchimento adequado. Apesar de resultados promissores, atualmente recomenda-se que seu uso fique restri-to a estudos de pesquisa, devido a re-sultados ainda inconclusivos quando relacionados a casos oncológicos.

Por outro lado, assimetrias tam-bém podem ser corrigidas com a dimi-nuição da mama contralateral, e por se tratar de tecido não irradiado, as taxas de morbidade são baixas.

Os retalhos autólogos constituem a

principal modalidade terapêutica para pacientes mastectomizadas, sendo seus resultados mais duradores quan-do utilizaquan-dos após o tratamento radio-terápico. Geralmente permitem bom volume e contorno. As complicações são decorrentes dos tipos de procedi-mento e da curva de aprendizagem do cirurgião.

0 uso de expansores não definiti-vos, ou na necessidade de tratamen-to da contratura capsular, deve estar associado a plastão mamário sadio. Nesta situação pode-se trocar a proté-se, corrigir a contratura, ou utilizar-se um retalho autólogo. O uso de expan-sores definitivos em plastão irradiado, porém com boa qualidade cutânea, apresenta excelentes resultados, ape-sar de um curto seguimento em nosso serviço.

Apesar de factíveis e seguros em mãos treinadas, a utilização de reta-lhos transpostos de outra regiões e associados a anastomose microcirúr-gica, são procedimentos de exceção na prática clínica diária.

III. CONCLUSÕES

A indicação de reconstrução mamá-ria para pacientes que necessitam em algum momento de radioterapia deve ser baseada na experiência do cirur-gião, nas comorbidades da paciente, na avaliação sistêmica da doença e no desejo da paciente, devendo sem-pre ser discutido os prós e contras de cada procedimento, as sequelas do tratamento e os resultados estéticos a curto e longo prazo. Portanto, a indivi-dualização do tratamento baseada nas variáveis de cada caso, no diálogo fran-co fran-com a paciente e no bom senso da

equipe médica, deve sempre nortear a conduta no tratamento reconstrutor do câncer de mama e, com isso, manter ou recuperar a auto-estima e qualida-de qualida-de vida das pacientes.

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Câncer de Mama: O diagnóstico

precoce faz toda a diferença

O Femme – Laboratório da Mulher conta com estrutura completa e tecnologia avançada para diagnosticar precocemente o câncer de mama, o

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Ultrassonografia Mamografia Digital Agulhamento Mamário PAAF Core Biópsia Mamotomia Estereotaxia Digital

Ressonância Magnética das Mamas com Biópsia Anatomia Patológica e Citopatologia Genética

IDENTIFICAÇÃO: LHS, 27 anos, branca,

solteira, natural e procedente de São Paulo/SP

QUEIXA e DURAÇÃO: Nódulo em mama

esquerda com crescimento progressi-vo há 2 meses.

HMA: Paciente refere desenvolvimento

de nódulo em mama esquerda de apro-ximadamente 5 cm de diâmetro em re-gião de junção de quadrantes laterais, periareolar. No período de 2 meses, a mesma refere que o nódulo apresen-tou crescimento progressivo até 10 cm de diâmetro, associado com ulceração de pele e secreção purulenta.

RADIOTERAPIA E RECONSTRUçãO MAMáRIA

Dr. Bruno Lima

Médico Mastologista pela FMUSP/SP

Dr. Paulo Tenorio

Médico Mastologista pela FMUSP/SP Dr. Silvio BrombergMastologista do Centro de Oncologia do Hospital Israelita

Albert Einstein

Doutor em Cirurgia pela FM USP

ANTECEDENTES PESSOAIS: Refere

an-tecedente de tratamento e interna-ção por depressão maior e bulimia. Refere nodulectomia prévia em mama esquerda há 10 anos. Não sabe referir resultado de anatomopatológico do nódulo extraído.

ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS:

nuli-gesta

ANTECEDENTES FAMILIARES: nada

dig-no de dig-nota.

EXAME FÍSICO: Tumoração exofítica

ocupando cerca de 60% da mama es-querda; de consistência endurecida,

porém móvel a palpação. Axilas e fos-sas supraclaviculares livres de acome-timento.

EXAMES SUBSIDIÁRIOS: Foi solicitado

para a paciente uma ultrassonografia de mamas que apresentou como laudo: “Nódulo sólido, irregular, isoecogênico, heterogêneo às custas de áreas císti-cas, hipervascularizado, com compo-nente vegetante friável, de difícil men-suração, com aproximadamente 10 cm de diâmetro, ocupando toda região central da mama esquerda”.

BIÓPSIA MAMÁRIA: Paciente foi

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grossa, guiada por ultrassonografia.

ANATOMOPATOLÓGICO DE BIÓPSIA:

Neoplasia Mesenquimal, sendo neces-sário avaliação anatomopatológica.

CONDUTA: Como tratamento

cirúrgi-co inicial, foi proposto mastectomia simples a esquerda e reconstrução mamária imediata devido a idade da paciente e a grande preocupação da mesma quanto a imagem corporal. De-vido a possibilidade de tratamento ra-dioterápico adjuvante, optou-se pela reconstrução mamária com prótese expansiva associada com retalho de grande dorsal.

ANATOMOPATOLÓGICO FINAL: Tumor

Phyllodes Maligno. Margens livres.

TRATAMENTO ADJUVANTE: Como

trata-mento radioterápico, recebeu dose de 50 Gy em 25 frações de 2 Gy.

SEGUIMENTO: Paciente não

apresen-tou recidiva e alterações estéticas em 10 meses após tratamento radioterápi-co. (figura abaixo)

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REUNIÕES CIENTÍFICAS SBM

REGIONAL SÃO PAULO - 2013

San Antonio 2012: Novidades do Tratamento Cirurgico,

Radioterápico e Sistêmico. O Que Muda na Prática Clínica

Data: 21 de fevereiro Coordenador: Afonso Celso Nazário

Debatedores: Marcelo Cruz (Oncologista), Felipe Andrade (Mastologista), Samir Addalla Hanna e Carlos Montenegro (Radioterapeutas)

Tratamento Neoadjuvante do Câncer de Mama

Data: 14 de março

Coordenador: Gil Falcina

Radioterapia Adjuvante do Câncer de Mama

Data: 11 de abril

Coordenador: Silvio Bromberg

Lesões Precursora. Como lidar

Data: 09 de Maio Coordenador: Felipe Andrade

Sarcoma de Mama

Data: 13 de junho

Coordenador: vilmar Marques de Oliveira

Recidiva Locais do Câncer de Mama. Como lidar.

Data: 08 de agosto

Coordenador: Gilberto Uemura

Alto Risco. Como lidar.

Data: 12 de Setembro Coordenador: Cesar Cabello

Situação Especiais - Gravidez, Doença de Paget e Câncer Masculino

Data: 10 de outubro

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