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APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTO DE GRAHAM À BM&FBOVESPA PARA O PEQUENO INVESTIDOR

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ÁREA TEMÁTICA: Finanças

APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTO DE GRAHAM À BM&FBOVESPA PARA O PEQUENO INVESTIDOR

AUTOR

CARLOS HENRIQUE RODRIGUES TESTA Universidade de São Paulo

chrtesta@gmail.com RESUMO

O presente trabalho apresenta a análise e avaliação da aplicabilidade da estratégia de investimento de Benjamin Graham na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), de maneira a proporcionar aos pequenos investidores, parâmetros e variáveis correlacionados com o mercado de ações, que os orientem e os auxiliem na aplicação de seus capitais de forma a obter retornos satisfatórios. A estratégia de Graham, que consiste na formação de portfólios de ações através da aplicação de sete critérios de quantidade e qualidade para a seleção de empresas, foi adaptada ao contexto brasileiro e aplicada em dados financeiros históricos de empresas com ações listadas na BM&FBovespa no ano de 2002, para a formação de uma carteira teórica de ações (carteira Graham). Através de aplicação simulada, no período 02 de janeiro de 2003 a 30 de dezembro de 2010, constatou-se que a carteira Graham obteve rentabilidade nominal de 813,03%, enquanto o Ibovespa, no mesmo período, teve retorno nominal de 497,31%. Os resultados encontrados demonstraram que a estratégia de investimento de Graham tem aplicabilidade na BMF&Bovespa, proporcionando retornos superiores aos índices do mercado.

Palavras-chave: Estratégia de investimento. Benjamin Graham. Pequeno investidor.

ABSTRACT

This paper presents the study and valuation of the applicability of Benjamin Graham’s investment strategy in the Brazilian stock market (BM&FBovespa), aimed to supply the small investors with parameters and variables which are correlated to the stock market, in order to guide and help them in their investments, with satisfactory profits. Graham’s strategy, which consists in composing a stock portfolio through the application of seven quality and quantity rules to business selection, was adjusted to Brazilian context and applied in historical financial data of companies with stocks listed at BMF&Bovespa, in the year of 2002, to form a theoretical stock portfolio (Graham’s portfolio). Through a simulated investment, between January 2nd, 2003 to December 30th, 2010, it was verified that Graham’s portfolio reached 813,03%, nominal return, while Ibovespa index, in the same period, averaged 497,31%. The results demonstrated that Graham’s investment strategy has applicability at BMF&Bovespa, with returns above market indexes.

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1 INTRODUÇÃO

Sir Isaac Newton (Woolsthorpe, 4 de Janeiro de 1643 — Londres, 31 de Março de 1727), um dos maiores físicos e pensadores de todos os tempos, perdeu no ano de 1720, o equivalente a mais de R$ 7 milhões em especulações no mercado de ações inglês (GRAHAM, 2003). Não só Sir Newton, mas muitos investidores aprendem da maneira mais árdua que o mercado de capitais não é para apostadores e especuladores.

Conforme balanço de operações do mês de junho de 2011, divulgado pela BM&FBOVESPA, o número de investidores individuais chegou a 603.259 no referido mês. A participação desses investidores representou um volume financeiro de negócios de R$ 51,96 bilhões (BM&FBOVESPA, 2011).

Grande parte desses novos investidores, que chamaremos de pequenos investidores, não tem conhecimento adequado e não está emocionalmente preparada para a atuação no mercado de ações (BONALDI, 2010). Muitos deles se aventuram a apostar no mercado considerando a um verdadeiro cassino.

Com a crise financeira mundial iniciada em agosto de 2007 (SOROS, 2008), o mercado de ações nacional - BM&FBovespa – desvalorizou-se de forma acentuada (SILVA, 2009), levando muitos dos pequenos investidores a prejuízo dos seus investimentos. Como descrito por Graham (2003), em décadas passadas, esse mesmo comportamento se manifestou no mercado de ações dos Estados Unidos durante a crise de 1929, quando o índice Dow Jones caiu 89%. O mesmo se observou na crise das empresas “ponto com” em que o índice de ações da bolsa de valores eletrônica Nasdaq (National Association for Security Dealers Automated

Quotations System), desvalorizou-se em mais de 30% (JOHANSEN; SORNETTE, 2000).

Segundo Assaf Neto (2006), as bolsas de valores desempenham um papel muito importante na economia de um país, pois elas contribuem para o crescimento da riqueza nacional através da participação da poupança de cada agente econômico. Elas possibilitam que empresas listadas em bolsa captem recursos para investimentos em projetos e expansão de negócios, contribuindo assim, como conseqüência, para a geração de empregos, para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), enfim, para o aumento da riqueza real de uma nação.

Para Douglas (1990), o estudo do comportamento profissional, das metas e estratégias dos investidores que obtiveram êxito pode servir de orientação para o pequeno investidor, de forma a se preparar psicológica e tecnicamente para atuar no mercado de ações, minimizando riscos e evitando a reincidência de erros.

Assim, o presente estudo busca a investigação de um sistema de investimento em bolsa de valores, proposto por Benjamin Graham, mentor, professor e empregador de um dos maiores investidores dos últimos tempos e também um dos homens mais ricos do mundo, a saber, o norte americano Warren Buffett. Segundo dados estatísticos publicados pela revista eletrônica Forbes (2011), o patrimônio de Buffett está em torno de US$ 50 bilhões, sendo considerado o terceiro homem mais rico do mundo.

Graham (2003) propõe estratégias de investimento para o pequeno investidor, com o objetivo de minimizar o risco sobre aplicações financeiras, principalmente no mercado de ações, e possibilitar um retorno adequado que permita a multiplicação de patrimônio no longo prazo.

Neste sentido emerge a questão que norteia esta pesquisa: Qual a aplicabilidade do sistema de investimento proposto por Graham na BM&Fbovespa para o pequeno investidor?

O estudo em questão tem como objetivo verificar a aplicação do sistema de investimento, proposto por Graham, na BM&Fbovespa e analisar se o mesmo possibilita ao pequeno investidor brasileiro obter rentabilidade acima dos índices de mercado.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Investir em ações requer a análise de expectativas de rendimentos, e também, a análise da valorização que venha a ocorrer nesses valores mobiliários. Assaf Neto (2006) afirma que é importante o investidor ter sempre em mente seus objetivos quanto ao retorno esperado sobre seu capital aplicado e qual o risco está disposto a assumir. Para as decisões de compra e venda de ações é necessário que haja uma avaliação racional desses ativos. O investidor deve utilizar de modelos de avaliação que buscam estimar o comportamento futuro dos ativos.

Segundo Assaf Neto (2006), a análise fundamentalista considera a hipótese de existir um valor inerente para cada ação, baseado nos resultados obtidos pela empresa emitente. Dessa forma, seu enfoque está no desempenho econômico e financeiro da empresa, além de realizar profundas avaliações e comparações setoriais, bursáteis e conjunturais.

Matsura (2007) considera a análise fundamentalista como a preferida pelos profissionais analistas de mercado. Para ele, esta análise consiste numa técnica complexa que exige um bom embasamento em economia, administração, contabilidade e matemática financeira, além de conhecimentos específicos em setores que envolvam atividades econômicas.

A precificação de ativos consiste na atividade de mercado destinada à colocação de preços para novos ativos e o ajuste de preços para os ativos já existentes. Consiste num aspecto de grande relevância para os investidores no mercado de capitais, tendo como um dos modelos de precificação o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (MPAF) ou CAPM (Capital Asset Pricing Model), desenvolvido por Sharpe (1964), Lintner (1965) e Mossin (1966).

Damodaran (2002) explica que o valor de um ativo é obtido através do desconto dos fluxos de caixa futuro esperados para esse ativo a uma taxa mínima, o custo de capital. No caso de ações, ele complementa que o modelo dos dividendos descontados é utilizado para avaliar o valor presente de uma ação, sendo o mesmo igual ao valor presente dos dividendos futuros esperados:

(

)

0 1

1

t t t

d

P

r

∞ =

=

+

onde,

P0 = valor presente da ação d = dividendos futuros previstos t = período

r = taxa de retorno exigida pelo investidor

Assaf Neto (2006) menciona que o preço de mercado de uma ação não depende do prazo de investimento. Ele é determinado pelos dividendos futuros esperados, o que valida o modelo de precificação, mesmo para aplicações de prazos determinados. O autor alerta também para o fato de que o modelo de avaliação de ações não leva em consideração os lucros e sim o fluxo de dividendos. Essa opção baseia-se na expectativa dos investidores ao

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escolherem as ações que serão adquiridas no recebimento de dividendos e não de lucros. E acrescenta que, somente uma parte dos resultados líquidos da empresa é distribuída aos acionistas. O restante é reinvestido na própria atividade da empresa com o intuito de uma futura geração de rendimentos.

Brealey e Mylers (1998) definem mercados eficientes como aqueles mercados em que os participantes formam expectativas em relação aos preços, com base nas informações disponíveis sobre os eventos que possam ter influência sobre os preços do ativo negociado. O preço da ação é um indicador da avaliação realizada pelo mercado sobre o produto e deve refletir as informações disponíveis sobre o mercado, em um dado momento (FAMÁ, 1970).

Para Hendriksen e Van Breda (1999) num mercado eficiente não existem custos de transações na negociação de títulos. Toda informação está igualmente disponível para todos os participantes do mercado sendo isentos de custos e as expectativas dos participantes do mercado são homogêneas no que se refere às implicações da informação disponível.

Conforme Damodaran (2002), a questão se os mercados são eficientes, ou não, onde estão as ineficientes, é fundamental para a avaliação do investimento. Se mercados são, de fato, eficientes, o preço no mercado fornece a melhor estimativa de valor, e o processo de precificação ou mensuração de valor se torna uma justificativa para o preço no mercado. Se os mercados não são eficientes, conforme Roberts (1959) e Osborne (1959), o preço de mercado pode ter um desvio do valor verdadeiro, e o processo de precificação é direcionado para obter uma estimativa razoável desse valor. Aqueles que mensuram o valor de forma correta, então, estarão aptos a obterem maiores retornos do que os outros investidores, devido suas capacidades de conhecer as empresas sub e sobre valorizadas (DAMODARAN, 2002).

Damodaran (2002) conclui que um mercado eficiente teria grande implicações para os investidores, pois nenhum grupo de investidores poderia ser capaz de, constantemente, obter retornos superiores que os índices de mercado. Um mercado eficiente também carregaria implicações muito negativas para muitas estratégias de investimento.

De acordo com Markowitz (1959), um bom portfólio de investimentos é muito mais que uma longa lista de boas ações e títulos de renda fixa. É na verdade, o balanceamento do todo, provendo o investidor de proteção e oportunidades em relação a uma vasta gama de contingências. Ele explica que a análise de seleção de carteiras começa com informações referentes a um ativo específico. E a conclusão termina com a carteira como um todo. O objetivo da análise é encontrar a melhor carteira que atenda os objetivos do investidor.

Conforme Assaf Neto (2006), elevando-se, de maneira diversificada, o número de títulos em uma carteira, é possível promover-se a redução de seu risco, porém a uma taxa decrescente. O investidor, com objetivo de minimizar seu risco, deve buscar a diversificação através da seleção de ativos para compor sua carteira de investimento.

Em seu livro The Inteligent Investor, Benjamin Graham propõem um sistema de investimento para o pequeno investidor com o objetivo principal de guiá-lo contra áreas de possíveis erros substanciais e desenvolver estratégias que sejam adequadas aos seus interesses de investimento.

Graham é considerado o precursor da estratégia value investing (“investimento em valor”) em ações, adotada por seu seguidor, o bilionário Warren Buffett. O foco desta estratégia compreende a comprar ações de empresas sólidas com ótimas perspectivas de geração de caixa e mantê-las no portfólio de investimentos por um longo período, objetivando, desta forma, a maximização dos lucros.

De acordo com Graham (2003), em cada compra o investidor buscará obter uma qualidade mínima nos resultados passados e na condição financeira atual da empresa, além de uma quantidade mínima em termos de lucro e patrimônio por cada dólar investido.

Graham sugere sete critérios de quantidade e qualidade para a seleção de ações específicas:

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1. Tamanho do negócio adequado - não menos que US$ 100 MM em faturamento anual; 2. Boa situação financeira - empresas com ativos circulantes pelo menos duas vezes o

passivo circulante, liquidez corrente - AC/PC >= 2;

3. Estabilidade nos lucros - lucros constantes durante os últimos 10 anos; 4. Histórico de dividendos - dividendos ininterruptos durante 20 anos;

5. Crescimento do lucro - um crescimento mínimo de pelo menos 1/3 no lucro por ação (LPA) nos últimos dez anos, utilizando médias móveis de 3 anos iniciais e finais; 6. Preço sobre lucro (P/L) moderado - preço atual não pode ser mais de 15 vezes os

lucros médios dos últimos três anos;

7. Preço sobre valor patrimonial da ação (P/VPA) moderado - preço atual não deve ser mais que 1 ½ do valor patrimonial do último balanço. Entretanto, um múltiplo P/L menor que 15 pode justificar um P/VPA superior. Como regra geral, sugere-se que o produto do P/L pelo P/VPA não deve exceder a 22,5.

Segundo Graham (2003), esses requerimentos são preparados especialmente para as necessidades e temperamento do pequeno investidor. Eles eliminarão a grande maioria de ações candidatas ao portfólio, e de duas maneiras opostas. Por um lado, eles excluirão as empresas muito pequenas, com situação financeira relativamente fraca, com prejuízos nos últimos dez anos e que não possuem um histórico longo de pagamento de dividendos. Por outro lado, os dois últimos critérios são exclusivos para a direção oposta por exigirem mais rendimento e mais ativos por dólar de preço do que os papéis populares oferecerão.

3 METODOLOGIA

O presente estudo classifica-se como uma pesquisa exploratória, documental e com abordagem quantitativa dos dados, tendo como objetivo central a verificação da aplicabilidade das idéias de Graham na BM&FBovespa para o pequeno investidor.

Levou-se em consideração a disponibilidade de dados históricos para definir os períodos de análise e seleção de empresas para investimento e posterior aplicação da estratégia, possibilitando assim analisar a viabilidade e aplicabilidade da mesma na BM&FBovespa para o pequeno investidor. É importante ressaltar que os custos de corretagem e transação não foram considerados, e a estratégia de Graham e seus critérios para seleção de empresas foram adaptados ao cenário brasileiro, em função das diferenças entre mercado e economia dos EUA e Brasil (BEÇAK, 2007).

Os sete critérios de quantidade e qualidade para a seleção de empresas foram aplicadas em dados financeiros históricos de empresas com ações listadas na BM&FBovespa. O propósito foi compor uma carteira de investimento, denominada carteira Graham, e compará-la com o retorno dos principais índices do mercado, a saber: Ibovespa, Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC), Índice Brasil (IBrX) e taxa Selic, através de um investimento simulado em um determinado período.

Esses critérios foram aplicados da seguinte maneira:

1. Tamanho do negócio adequado - empresa com faturamento anual líquido maior ou igual que R$ 300 milhões no exercício encerrado em 2002;

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2. Boa situação financeira - empresa com liquidez corrente (AC/PC) maior ou igual a 1 no ano de 2002;

3. Estabilidade nos lucros – constância nos lucros, no período de 1995 à 2002, sem prejuízos;

4. Histórico de dividendos - pagamento de dividendos no ano de 2002;

5. Crescimento do lucro - um crescimento mínimo de pelo menos 30% no lucro, do ano de 2002 em relação ao exercício encerrado em 1995;

6. P/L moderado - preço da ação no fechamento de 2002 não pode ser maior do que 15 vezes o lucro por ação do ano de 2002;

7. P/L vezes P/VPA moderado - o produto do P/L pelo P/VPA não deve exceder a 22,5.

Para o primeiro critério, tamanho do negócio adequado, considerou-se o valor de faturamento anual líquido maior ou igual a R$ 300 milhões, pois empresas com esse faturamento são enquadradas como grandes empresas conforme classificações do BNDES e legislação societária. Ajustou-se o critério de seleção que trata da liquidez corrente, em função do maior endividamento das empresas brasileiras e das maiores necessidades de capital de terceiro para o financiamento do negócio e dos projetos de investimento das empresas nacionais (VALLE, 2008), e para a análise dos indicadores P/L e P/VPA, utilizou-se a última cotação no ano de 2002 da ação mais negociada da empresa selecionada.

Como fonte para os dados financeiros históricos utilizou-se a base de dados Economática e também os demonstrativos financeiros disponível no portal da BM&FBovespa. Os balanços financeiros utilizados foram os balanços consolidados.

Para a aplicação da estratégia de Graham foram definidas duas etapas, sendo que na primeira etapa, realizou-se a seleção e a análise das ações listadas na BM&FBovespa, para verificar quais possuíam as características necessárias para participar na carteira Graham, ou seja, quais cumpriam os sete critérios de Graham adaptados ao contexto brasileiro.

Foram analisadas as empresas que possuíam ações listadas na BM&FBovespa em 2002, eliminando todas as que realizaram abertura de capital posterior ao referido ano. Para a análise, foram consideradas as empresas com ações listadas no mercado tradicional, nível 1 e nível 2 de governança corporativa e Novo Mercado.

Na segunda etapa, simulou-se investimentos nas empresas selecionadas na etapa anterior, com a compra das ações em 02 de janeiro de 2003 e a venda das respectivas ações em 30 de dezembro de 2010. Utilizou-se a base de dados Economática como fonte de consulta do preço das ações, tanto para a simulação de compra quanto de venda. Comparou-se o retorno dessa carteira com os principais índices de mercado, para verificar a aplicabilidade da estratégia de Graham.

4 APLICAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE GRAHAM NA BM&FBOVESPA

Após a aplicação dos critérios de investimento nos dados financeiros históricos de 1995 a 2002, 218 empresas foram eliminadas e apenas nove companhias foram aprovadas em todos os critérios para comporem a carteira Graham.

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Tabela 1 - Carteira Graham - sete critérios Empresa Faturamento 2002 (R$ milhões) AC/PC em 2002 Dividendo pago em 2002 (R$ /ação) Evolução Lucro 1995-2002 (%) P/L em 2002 P/VPA em 2002 P/L* P/VPA Coteminas 901,67 2,3 0,42 195,19 11,1 1,3 14,43 Eletrobras 19.338,16 1,2 0,70 45,37 3,9 0,2 0,78 Eternit 308,12 2,4 0,51 67,34 4,9 0,8 3,92 Gerdau 9.161,71 1 0,06 2588,19 5,5 1,2 6,6 Guararapes 900,87 2 0,19 224,05 6,4 0,7 4,48 Metal. Gerdau 9.161,71 1 0,22 745,48 3,2 0,8 2,56 Petrobras 69.176,16 1,3 0,40 1203,14 6,2 1,5 9,3 Souza Cruz 2.818,61 1,4 0,43 398,20 6,1 3,2 19,52 Vale Fertiliz. 1.410,59 1,6 0,56 522,31 5,1 1,6 8,16

Fonte: Elaborado pelo autor

Dentre as empresas selecionadas na carteira Graham, é importante destacar uma diversificação setorial das companhias filtradas, o que vai de encontro com as teorias de diversificação para minimizar riscos (MARKOWITZ, 1959). A carteira possui representantes do setor de consumo cíclico, tecidos e vestuário (Coteminas e Guararapes); energia elétrica (Eletrobrás); materiais de construção (Eternit); siderurgia e metalurgia (Gerdau e Metalúrgica Gerdau); petróleo, gás e bio-combustíveis (Petrobras); consumo não cíclico, cigarros e fumo (Souza Cruz) e fertilizantes e defensivos (Valefert).

Na tabela 2, é apresentado o histórico de lucro das organizações selecionadas, sendo a informação de elevada relevância para os investidores, pois conforme Hendriksen e Van Breda (1999) o lucro serve como uma medida de eficiência de gestão da empresa e os dados históricos de lucro servem de instrumento de predição de trajetória futura da empresa ou dos pagamentos futuros de dividendos.

Tabela 2 - Carteira Graham - histórico de lucros - em R$ milhões

Empresa 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Coteminas 52 63 41 30 16 67 87 154 Eletrobras 757 2.393 3.378 1.994 581 2.456 3.251 1.100 Eternit 32 52 55 70 99 52 38 53 Gerdau 30 62 135 190 353 393 464 799 Guararapes 23 39 32 41 51 62 50 75 Metal. Gerdau 51 46 78 122 207 218 253 434 Petrobras 621 669 1.511 1.389 1.757 9.942 9.867 8.098 Souza Cruz 193 349 394 516 673 494 634 961 Vale Fertiliz. 41 96 91 67 120 98 137 258

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É notável o crescimento do lucro líquido das empresas selecionadas, demonstrando companhias sólidas, com boa capacidade financeira, condições de pagamento de dividendos e histórico de resultados crescentes.

Conforme descrito na segunda etapa, foi simulado o investimento nas ações das empresas pertencentes à carteira Graham. A aplicação foi realizada de forma igualitária para todas as ações, ou seja, todas possuem o mesmo peso na carteira. Com essas informações comparou-se a rentabilidade da carteira Graham com os principais índices do mercado.

A tabela 3 apresenta os resultados da simulação de investimento na carteira Graham, com as empresas classificadas, por ordem alfabética.

Tabela 3 - Rentabilidade Carteira Graham

Empresa Código Peso na Carteira Cotação em 2/jan./03 R$/ação Cotação em 30/dez./10 R$/ação Variação (%) Coteminas CTNM4 0,11 11,04 5,39 -51,17 Eletrobras ELET3 0,11 7,14 21,32 198,50 Eternit ETER3 0,11 0,85 11,56 1.255,05 Gerdau GGBR4 0,11 2,06 22,53 993,61 Guararapes GUAR3 0,11 5,90* 79,68 1.250,46 Metal. Gerdau GOAU4 0,11 1,97 26,58 1.249,45 Petrobras PETR4 0,11 3,99 26,78 571,42 Souza Cruz CRUZ3 0,11 1,81 17,54 869,25 Vale Fertiliz. FFTL4 0,11 1,75 18,86 980,71 Rentabilidade carteira 2003 - 2010 (em %) 813,03 * Cotação em 03/jan./2003

Fonte: Elaborado pelo autor

Em relação à rentabilidade da carteira Graham, observou-se que dentre nove ações pertencentes à carteira, apenas Coteminas obteve retorno negativo de 51,17%, no período. A empresa que apresentou a maior rentabilidade foi Eternit, com um retorno de 1.255,05%.

A tabela 4 contém a lista dos principais índices (benchmarks) utilizados pelo mercado para avaliar o retorno sobre aplicações, no período de 02 de janeiro de 2003 a 30 de dezembro de 2010.

Tabela 4 - Índices do mercado

Índice 02/jan./03 30/dez./10 Variação

Ibovespa 11.602,90 69.304,81 497,31%

IGC 1.033,77 7.629,88 638,06%

IBrX 3.397,25 22.239,51 554,63%

Selic - fator acumulado 100,00 298,18 198,18% IGPM - fator acumulado 100,00 166,23 66,23% Fonte: BM&FBovespa, BACEN

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Na última etapa da pesquisa, comparou-se a rentabilidade da carteira Graham com os principais índices do mercado, todos ajustados pelo IGPM. Nesta etapa, a estratégia de Graham demonstrou-se sua viabilidade e aplicabilidade para o pequeno investidor, através de um rendimento superior aos índices de mercado.

Tabela 5 - Comparativo resultados ajustado pelo IGPM Variação 02/jan./03 - 30/dez./10

Carteira Graham 449,26%

Ibovespa 259,32% IGC 344,00% IBrX 293,81% Selic 79,38% Fonte: Elaborado pelo autor

Constatou-se que a rentabilidade ajustada da carteira Graham foi 190% superior ao índice Ibovespa, e teve rentabilidade de 370% superior a da taxa Selic. A análise demonstrou que uma aplicação de capital na carteira proposta, teria um retorno, desconsiderando custos de taxas e corretagem, de 449,26%, já descontada a inflação do período (IGPM acumulado).

5 CONCLUSÃO

O estudo em questão teve como meta avaliar a aplicabilidade do sistema de investimento proposto por Graham na BM&FBovespa para o pequeno investidor. Através da pesquisa, formou-se uma carteira de ações - carteira Graham - utilizando os critérios propostos por Graham adaptados ao contexto nacional. Simulou-se investimento na carteira Graham, no período de 02 de janeiro de 2003 a 30 de dezembro de 2010, para comparação com os principais benchmarks de mercado. Os resultados demonstraram elevado retorno de investimento da carteira Graham, com rentabilidade de 813,03% no período analisado. Essa carteira teórica teve retorno superior aos principais índices do mercado brasileiro.

O estudo permitiu o cruzamento entre a teoria e a prática, demonstrando grande chance de viabilidade e aplicabilidade das idéias de Graham para investimento em bolsa de valores no contexto brasileiro e o uso de tal estratégia como uma ferramenta de investimento na BM&FBovespa, para o pequeno investidor.

Apesar da crise financeira mundial ter afetado as aplicações em bolsa de valores no ano de 2008, tendo a BM&FBovespa retraído em mais de 50% em relação a 2007 (SILVA, 2009), o investimento no mercado de ações ainda continua sendo uma importante fonte de captação de recursos financeiros pelas empresas e uma opção, para o investidor, de formação de patrimônio a longo prazo. A visão fundamentalista de Graham rompeu as barreiras do tempo e suas idéias podem continuar a apoiar estratégias de investimentos para os pequenos investidores, aumentando suas chances de êxito em seus objetivos financeiros, porém, é importante ressaltar que qualquer investimento está sujeito a riscos e incertezas.

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Cabe enfatizar que é interessante um posterior acompanhamento dos resultados encontrados, e propõe-se estudos que mapeiam a relação entre aspectos psicológicos do investidor e a aplicação de estratégias de investimento no mercado de capitais.

6. REFERÊNCIAS

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Referências

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