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Aa Amor, A todos que são d Ele E a todos que Ele me deu... Cantos Solitários De busca e captura. Diêgo Melo Oliveira

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(1)

Cantos Solitários

De busca e captura

Diêgo Melo Oliveira

Aa Amor, A todos que são d’Ele E a todos que Ele me deu...

{Edição independente} – Fortaleza-Ceará-Brasil Junho de 2015

(2)

ii

Levando a Vida

Entra, e pergunta Sem esperar resposta Lavando a vila Velando a vala.

Avaro, quero solução pronta O montante impressiona

Ainda que venda alguma valha.

Sopro elevado ascende a vela, E apaga a chama combustível Da morte em vida disfarçada.

Inexplicável, apenas aplica a pena Vindoura, indubitável, puída, apontada Certa de ser cumprida,

Amenizada.

Deleite no cárcere do mecenas.

Suspiro, engulo, suporto. Interno. Agora deixa que eu faço

Aparte da Fonte Primerva Ainda com água cerúlea Que sobeja do cantil herdado De acérrimo pujante aço

Hausto daqueles que antes de mim vieram.

“APARIÇÃO”

“Por uma estrada de astros e perfumes A Santa Virgem veio ter comigo: Doiravam-lhe o cabelo claros lumes Do sacrossanto esplendor antigo.

Dos olhos divinais no doce abrigo Não tinha laivos de Paixões e ciúmes: Domadora do Mal e do perigo,

Da montanha da Fé galgara os cumes.

Vestida na alva excelsa dos Profetas Falou na ideal resignação de Ascetas Que a febre dos desejos aquebranta.

No entanto os olhos d‟Ela vacilavam, Pelo mistério, pela dor flutuavam, Vagos e tristes, apesar de Santa!”

(3)

iii

“Gemidos de arte”

(de Augusto dos Anjos,,Paraíba,4-5-1907)

...Mas a carne é que é humana! A alma é divina. Dorme num leito de feridas, goza

O lodo, apalpa a úlcera cancerosa, Beija a peçonha, e não se contamina! Ser homem! Escapar de ser aborto! Sair de um ventre inchado que se anoja, Comprar vestidos pretos numa loja E andar de luto pelo pai que é morto! E por trezentos e sessenta dias

Trabalhar e comer! Martírios juntos! Alimentar-se dos irmãos defuntos, Chupar os ossos das alimarias! Barulho de mandíbulas e abdomens! E vem-me com um desprezo por tudo isto Uma vontade absurda de ser Cristo Para sacrificar-me pelos homens! Soberano desejo! Soberana

Ambição de construir para o homem uma Região, onde não cuspa língua alguma O óleo rançoso da saliva humana! Uma região sem nódoas e sem lixos, Subtraída à hediondez de ínfimo casco, Onde a forca feroz coma o carrasco

E o olho do estuprador se encha de bichos! Outras constelações e outros espaços Em que, no agudo grau da última crise, O braço do ladrão se paralise

E a mão da meretriz caia aos pedaços! O sol agora é de um fulgor compacto, E eu vou andando, cheio de chamusco, Com a flexibilidade de um molusco, Úmido, pegajoso e untuoso ao tato! Reúnam-se em rebelião ardente e acesa Todas as minhas forças emotivas E armem ciladas como cobras vivas

Para despedaçar minha tristeza! [...]

Mente Ira

Partem eles de que, do gérmen que sentem, aliviatiça a mente as fumaças. Quimeras ladram ensandecidas, A vida surpreende em funestos arrepios,

devora tudo o Ego às mordidas, enquanto, esbaforido, o pulmão late.

Bendito o princípio que rege o Bem. Ainda bem que protege a Fonte

a calmaria da escolha lúcida

daquele que de leve sempre e mais se livra do leviano.

Ora, “Cala-te”?!, Isso que dizes tu á tua alma,

insano ser? Entretantos, com diligência pergunto-te,

(4)

iv

Como teu Cosmos tu fazes?

(cof cooff cooghff, tosse o fumante)

Tosse gofada irrompe, com pus amarelo que prega!

Resposta que mostra da garganta aos sutis montes, uma organização que a Vida desagrega.

Neo logismos, novos hábitos palpitam! Mas, novamente tu gritas, mudo: “Sai, sai daqui mofo de guizos perdidos!”

Embora cantem de teu próprio peito, sofres tentando calar os pios.

Quando, enfim, suspeitares, vês se te chega isto que te digo:

“Consciência voraz, cadê o calor vermelho que roubaste da união luzente que sou?”

Quem me disse que o “Mal do boro” é tolerável? Quem cantou “Free” pelo patrocínio? E quanto à pala narcísica de Holywood?

Ou o tom estrangeiro do “Vogue”? Oh neblina que traga a vida pra fora, maldita a senda que deixa estéril a juventude pueril.

trago solto, pra onde vai o resto preso?

Quando se liquefazem os efeitos, aquilo que serve pra pensar e criar jaz morto em egoísticos abraços ternos.

E tu foges de ti novamente ou continuas a brincar do medo que,

sim, te brota do fundo do peito.

Se a coragem lhe pulsa em ciclo preso, desfaz-se de tua vontade uma vez mais,

e, com invariável mente, percebe-te, e escuta, a Vida clama à tua alma em coro: “pelo Eu-Sou que em ti habito, só desrespeito?!”

Amigo, sinta bem o que te traz o trago, mas, quando aos pés do cume vir o desmaio, não chores o

atraso!

E adere livre a este teu modelo de ser, algo que sequer parece contigo, estilo europamericano de viver, e bebe tua fumaça que bafora morte.

Sorte do ser que livra a boca do Mal. Tu que esse fumar habita há de concordar: cada um cada um, para algo de essência transformar,

e sua ética há de construir seu cada qual. +++++++++++++++++++++++++++

(5)

v

A OPRESSÃO VOLÁTIL, da cultura transeunte e temerosa,

sem passo firme, vacilante, deforma a liberdade por extenso.

Dê forma à tua vida fumaça, e fixe-se mais à Vontade. Os valores e benesses hão de ser dados,

sobretudo herdados, por aqueles que hoje também livres,

um dia partilharam da mesma dor de padecer pela boca de trasgos. +++++++++++++++++++++++++++++++

NA ILHA

Aqui de perto, Pulsar que hidrata

Ferve em plasma A (in)quietude completa,

como queda d’água.

Descoberta gélida refresca, Amorna-se o toque.

A mente solta, ao passear dos sinos, desperta.

Serena, molhada em timbres, caminha pelos silêncios.

Longínquas imagens vejo de perto: Uma costa que toca

Água que salta. Rochedos silêncio.

De mansinho pede aceno um ganso.

Contemplação de pele, alma e mente.

Tudo acontece. Murmúrios que tecem

Barulhos que geram Céu que transborda.

Sinto, em movimento quieto, aos burburinhos,

O espreitar magnético da graça óbvia.

O peito arde em tênue embriaguês. A tez, de amor incutido. Saltam em guizos os pelos.

Alegre lucidez.

Aqui na ilha Nada, que aqui chegando, Vez alguma alcunhado foi. Luzindo, digo: “ora, pois”! Foi só depois de muito sentir

(6)

vi

O balbucio lançou redes ao instante vivido, caminhou à matilha das razões, e perdeu-se a si em seus discursos maturados

fustigando a mordidas suas próprias caudas.

O Contínuo rege o viver sem nada falar, o que vive é a casa das palavras, e não elas mesmas.

De bons tons apenas não se compõe a completa ópera,

é preciso o contemplar das tripas o ressôo.

Pra quê insistir em lógico abarcar, Quando, entretantas entrelinhas, ao mirar em pleno vôo este fértil abismo,

pode-se cantar

à liberdade de não ter de se encaixar.

Conceitos encaixam, Poesia revela.

Infeliz a cultura,

Que tem por deus vivo um quadrado morto, Que a sopros de sorte, de quando em vez revela o

belo,

Mas que, em sua maioria,

se instala a sangue podre jorrado em tela. Busque a paz,

Diariamente,

Quem sabe, nadando, um dia muitas ilhas se juntem,

Nos dando, então, aportes em pontes, e um novo atracado continente. ++++++++++++++++++++++++++++++++++

São os sorrisos!

Amplio-te,

Lábios meus, Logo busco-Te, Deusamor, que me antecipa

e me sempre escapa.

Sua obscuridade translúcida Penumbra que vela

Pureza que flora.

É sempre a partir dela, que crescem as mudas,

e nascem as auroras.

Já a morte, é apenas retorno ou avanço. Mas fez-se dela o Mal príncipe,

rainha ornada torna-a em tons de medos, cinismo ou retorcido desejo!

Quando, na Verdade, ela é apenas porta pra maior intimidade pós-desterro.

(7)

vii

Engraçadas como o trágico inusitado São as peripécias contemporâneas.

Do temor a Deus, chegamos ao temor do embaraço. Deus onipresente se mostraria,

se o ego-desejo, sempre vigente, absoluto não imperasse.

(resmungando, um crítico ativista comenta) “Bahhh, sobre status cantam esses bardos

novamente

Criadelas que entoam brotos luzentes, Mas de pegar só tem palavras.”

Aqui apenas verso ao Uno, sim, Mas também sei: são mínimos os conversos que hão de contemplá-lo. Pois, de pegar, só as palavras,

Mas de viver... Canta a mente, quando serena burla o medo,

à cor do Seu sorriso apenas. Sem exigir d’Ele a graça, Resolve sentar-se calmo e clamante, no brilho do dente daquela boca Senhora de toda

feitoria,

Em descanso então, goza da desperta e lúcida calmaria.

Olhe, olhe, olhe, de relance,

apenas! Ande, o olho corra!

Mas, não busque mais nesse poema sim.?

!!!

+++++++++++++++++++++++++++++++

A LEI

Ciclos, vida, passos, ossos e carnes... Saber do que virá não preenche o pote clamante.

A oportunidade abre-se pela janela, O olho-portal sente, mas ofuscado, mente.

A falsa luz machuca o Arquiteto, Há de se queimar o Antigo Projeto.

Melhor confiar nos ditames etéreos, o contrato primeiro é de íntimo furor,

a Lei chegou pra cada um, Lei de vivo-amor.

Lasca de luz tascada em sangrento arremate divino!

A lei antiga é somente uma: morrer todos vamos.

(8)

viii

Andar nas suas fechadas entranhas ou acolher a Nova Lei que nos eterniza,

cabe a cada qual, porém, tomar Esta ou aquela como norte.

A antiga sorte

para cada situação se transforma. Na ilusão que se repete, imersos,

somente os consentidos como predestinados seres, que deixar-se Ser no Amor buscam,

ouvirão a Lei que não se mede nem se muda. E, sem dúvida, haverão de ver,

novos céus e nova terra, desde já e para sempre, como desde sempre se propôs a ser. +++++++++++++++++++++++++++++++++

LAMENTO DA ESPERA

De onde vem? O que há de vir? Ó condição de impasse. É tudo feito pó que passa!

Basta!

Tipo barro refeito vaso, vou,

do pó ao pó, da poeira que passa

ao passo do eterno compasso, e só.

Porém,

arfando sempre aqui no encalço, fácil, parece manso, e logo piso descalço, fato.

“Caçá-lo é falso descanso”, penso, engano, fatal.

“Porque não me lanço e pronto, Pra me soltar logo do maldito laço?”

... desfeito o pacto, desembaraço. Ó poeira que disfarça, Que esconde o brilho além do pó, Esse maldito mal de pó que passa.

Meio surdo, entretanto, escuto, mudo: “Limpa, meu filho,

o altar belo que te foi dado. Com teu pano de Pele, mergulha-o em Óleo, Água e Vento.

Pois eis que só pra em ti viver, o Amor se condensou e eternamente há de por ti gotejar!”

(9)

ix

MISÉRIA HUMANA (diálogo infantil)

- Só o que tu tens tá bom! Aproveita!

- Bom, bom não! Bom é tudo que eu queria e não tenho. - Quando tiveres tudo que quiseres, terás tudo. Pois, se

desejares só o que tens, tudo terás.

- Mas assim não terei nada mais além do que já tiver. Para quê hei de viver, então?

-Satisfeito, serás pleno de gratidão e ela jorrará de ti como numa fonte.

- Quando, assim sendo, todos forem apenas gratos, que seremos?

- Simplesmente constantes... - Que tédio! - Que pena...

GENTE SIMPLES, ETERNO GOZO

Quietas as várias vozes, apenas vivem as palavras mudas que renovam a folhagem no silêncio.

Verdade velada que desnuda tanto, que o tato do veludo faz pouco caso. Qual palavras antigas do poeta nativo, agora e sempre redivivo em novo brilho,

a Palavra pungente libertando passa!

Suavidade brotada, lascívia longe, descansada, calma esgotada ainda escorrendo,

perserenança que pulsa,

pelo tempo dilatada. (!)

Anseio silenciado e sem sobras! O ‘algo’ a ser mostrado

já está à mostra, ora. Eu, repeteco boneco?

Desletrado incauto? Desfraldado inculto?

(?)

Relativa, a mente, cheira o rastro, inconsistente,

do prezado gozo silencioso que por tantas vezes se apresenta

como sortido infinito ausente. ( ___ )

Perseguindo-O incansavelmente, antevendo imenso Amor formoso, a alma ardente, suspira, e O sente,

ansiando por eterno repouso. (...)

Ente de Patente, Gente como a gente.

(10)

x

Dita que preenche, Bendito, e persistente. Só o brado amante retumba

verdadeiramente. (†)

Só na Pátria eterna o encontro perene, em honra e glória solene, o Inaudível cantará pra gente.

“REBELADO”

“Ri tua face um riso acerbo e doente, Que fere, ao mesmo tempo que contrista... Riso de ateu e riso de budista

Gelado no Nirvana impenitente.

Flor de sangue, talvez, e flor dolente De uma paixão espiritual de artista, Flor de Pecado sentimentalista

Sangrando em riso desdenhosamente. Da alma sombria de tranquilo asceta

Bebeste, entanto, a morbidez secreta Que a febre das insânias adormece.

Mas no teu lábio convulsivo e mudo Mesmo até riem, com desdéns de tudo, As sílabas simbólicas da Prece!”

(de Cruz e Sousa, BROQUÉIS, 1893)

Gira mundo, cresce o Vento

Passo a passo, tirando o disfarce, tudo se descomplica e se edifica um novo traço.

Vem e vai, dá e tira, cai e levanta, gira e volta, no descompasso do humano embaraço,

só o amor deixa a semente pronta. Não que não tenha percalço, que o pé bate até que entorta! Mas se girafa bebe água lá em baixo,

e o carcará no sertão acha a presa, porque há de experimentar o pobre homem,

de Deus o doído desprezo?

Ah, cego que somos, vai saber o que Lhe apetece.

Sei que eu daqui debaixo do sol, vou a plantar as minhas sementes, sem esperar bem ou mal derradeiro,

propondo serenidade ao desespero, pois Aquele que faz germinar

há de ser mais que a gente. O sol conta pra lua,

a lua recita ao sol, dia-a-dia, de loa em loa, o Vento que alivia e refresca sempre a sua Vida dá de novo.

Quando oferece resistência, e de súbito gritamos: “insensato Vento!”,

Ele se ri por tão boba criança:

“Teu desalento, meu filho, é tua falta de crença!”

(11)

xi

Fato retrato

De falso retrato,

Apto agora, revelo-Me, Ao próximo

Fato.

Não mais só,

A solidão é um presente Que te abro ao partilhar. Estou aqui,

Apto,

Sem falsear o peso,

Declamando o infortúnio de não viver. Agradecido e cansado, apto,

Sorvendo o estar

Enquanto recomponho o dorso, Corajoso e fiel, apto.

Fotografia estabilizada, densa, Não imóvel,

E a curiosidade ressalta

o medo dos próximos negativos que para te ver

eu hei de revelar. Paralisado Inspirações. Insípidas ações. Possíveis menções. Honrosas arremediações. Sucesso indiscutível. Incorruptível. Visibilidade, Sucesso... Vazio solidão. Inspirações?...Não! É piração! Qual pura ação? Imoção. Para!

Parei.

Benéfico anúncio

Ação de graças é o ato Expansivo serenar é o gesto Singeleza estampada no sorriso E algo escondido faz luzir o semblante

Foi alarme falso aquele medo Quando passou vi que era bobeira Parece agora que foi treino de exercício

Para que em breve gozasse do sonhado Oh, suspiro aliviado da certeza

Oh, espera doce e jubilosa De quem se sabe inconfundido E alvo de amores transbordados Muito penar é bom de contraste Só assim ressalta a luz e a cor. O gozo vivo da púrpura Verdade Jorra apenas da incisão do Amor.

Consola a dor

A dor no amor consola

Consola o Amor na dor Quem ama o Amor

Na dor se consola

Arde o peito na dor do amor

No ardor do amor o peito abre Quem amou com ardor sabe

Que o peito só abre na dor

Na dor acolhida está a verdade A vida então pelo Amor é colhida

Do peito assim a dor é já ida

(12)

xii

ECCO

Cruz, Jesus seduz, reluz repete-se o eco num infinito presente

semente minúscula árvore gigante rasgado músculo novo mundo infante

a vida goteja rompante floresce

início que tece o fim que se almeja

cabeça pendida suspiro exalado a alma elevada o homem erguido

novo ente somos dele o eco

do amor que dói do gozo que constrói.

Ó Cruz, je suis, Tu me seduz, tu me conduz

Ao instante eterno de tua infinita luz. Amém. Amém. Amém.

NIILISMO

...

Nada, nada, nada Nada,

Praia calma,

Calma, calma, calma, Calma,

Relê pausado agora, Lê, lê, lê; lê-lê-lê L.E.R. , lesão Encontra dor,

Contra dor, contra dor, Contra dor,

Contador?

Não há de quê! De quê? De quê? De quê? Quede? Quede?! QUEDE? Aqui! Dique... ... Nada de volta, nada, nada, nada...

(13)

xiii

Trôpego alçar-se

Assim deveras claro Te mostras em oculto Antecipando às sementes Candor ardente como adubo Estupefato em ver não raro tamanho privilégio de doçura

como entre escombros de enchentes atônito, gozo teu ressoar puro

Perfume da vontade firme,

aquele crer que não exibe escada, libertando o batente ao passo, exala mais um degrau ao cume. Se não entendes deixes ir-me,

que a rima ao leitor que passa longe, cada palavra um descompasso

se o lido não é lida da Divina Fonte. +++++++++++++++++++

COME CIERTO POETA...

O poeta nunca erra

berra, tece, costura, molda, esculpe, pinta, canta, dorme inspira

escolhe, encanta, dança, sobe para, olha e atravessa.

O poeta não tem messe

não uma que pelo menos se meça embora plante de um tudo em cena e ora colha longo corte, cozinha também sempre a mais ou menos do bom senso. Intenso, pensa, inclinado sim, parcial Que poeta é e deve ser enfim

O cantar, dançar, pintar, filmar, atuar ser tudo então, multiplicar

não repetir

que o poeta não tem sim nem não seja ar vácuo ou atmosférico Stephen Hawking ou Copérnico dos Anjos ou de César

o poeta nunca erra.

Esmera, penetra, fala e não diz mas tem alvo certo

alimenta flecha do Menino nunca é sempre desatino

aunque maria-mole de marga mecha

alfinim primeiro de último destino. Doce sina do poeta

Ensina, assina,

Incrimina, absolve e redime Minera e lapida o Sino, Depois...

(14)

xiv

Est’ouro está lido

Teu ouvir „aurum est‟ é ouro ver a ti verdade revelada vela acesa e ânsia espera não ociosa.

Estalo de dedos; e logo caça o olho se coçando a saber quem ordem lhe dera

a fim de com pressa atender quem mais é.

Prata e lobisomem Estaca e vampiro Assim morre a falsantasia

quando a Ti atino. Desce de lá Cai por aqui Circula e vive E sobe cantando, Instalando. Está lida.

É ouro tua palavra. +++++++++++

Passeio Aleatório

A vida é tição carvão ardente lado preto lado rubro e o rastro de cinza. Não é competição camisa a ou b mais é petição atendida de pronto

e até antes de ser.

Perto de estar em par com Ele

que peso tem o mais rude penar?

Ao fim de todo pequeno pedido divino resta um larguíssimo poço

fonte da paz no mundo.

“Mudo padece aquele” Ora, e que digam... “Há um elo oculto ali,

Algo de quem vai mais E recomeça sempre de novo.”

É tal admiração sisuda canto aleatório ao divino que tenta à tarde final ver de longe

(15)

xv

Esquecendo de entender ou querer explicar o que escapa claro aos embotados muito sentidos.

+++++++++++++++++++++

Sobra

Que sou eu Senhor senão Voz em mim?

Fôra por mim criado sem mais tudo que fora de Vós

finge em mim viver,

por isso perecerá, não duvido quanto o que em Nós há, divino jamais passará, jamais, sei disso. Prova, ora...

passa.

Casta fé débil

suplicante a Ti vacila. É como ardente sarça em todo limpo peito ébrio que a „deus-Si‟ aniquila.

Forte apenas tu que teceste qual velo fios brancos nos cordeiros. A tesoura corta rente ao pé do céu azul

em pelos nuvens de incenso divinos esteios maturados

pelas mãos de zelos mil

e te inflama a brasa infinda n‟alma dissipando a fumaça morta em vida. Então que a rebaixada pele-eira de novo um dia a ser colhida Brota, Nova, Forte, em Ti. E aquece, fiel, a terra gelo Uma vez mais ainda

Nas costas do Pastor sem fim. +++++++++++++++++

Tudo e todos

Tu és tudo Vem de ti o Todo

Está em Ti tudo Todos são por ti És o próprio Todo Que é mais que tudo Pois, de Ti têm todos Mas só Tu és todo em Ti E todos só são tudo que são

se estão em Ti em tudo. Somente teu Tudo é Tu mesmo

Só Tu és em todos Foi Tu que deste-nos tudo

És tu tudo em todos. Tu, Deus nu.

(16)

xvi

De Ti dás tudo A todos que têm a Ti E a quem Tu tens todo

Com Tudo e Todos fazes um em Ti. Oh, meu Ente. Vêm a mim. ++++++++++++++++++++++++

De mar a mar e além

Amar o mar do amor de mar a mar! Amor do Mar, de amar assim, amor de dor! Da cor do mar, acorda o Amor, amar de mar a mar. Assim...

Amar dá cor à dor que sei de có e saltear. De sal untar o mar

só o Sol salutar que sabe de mar a mar

demais o Amor amar. Quem me dera amar

de mar a mar

o Amor mor que se dá que fez em mó céu, terra e mar. Amar de mar a mar

o Amor, é acordar à cor dos mares,

e dar cor, alvorecer, brilhar, é amar o Acordo Maior

de se dar acorde à dor de amar, sem temer molde

nem nunca calar nem só concórdia óbvia.

Quem dará ao Amor apesar da dor um sim? Quem assim fizer com amor

além de toda dor, cor verá. E sem torpor algum exultará em cordial louvor maior enfim:

o Amor que vive, vive em mim! ++++++++++++++++

(17)

xvii

És(-)gota(o)(da)mente

Já passado o que evitar queria Punge o fétido canto do peito Que ainda não repatriado fôra À prometida senda de santa regalia.

Ó vontade lúbrica, vê e bem obedece Teu próprio dito que outrora bradastes Invicto e abnegado

Vês que agora em morbidez que pesa Sofres lamentos que aligerado esquece.

Esperas que pagues, contudo, a tempo E te animas ao ver na conta esperança Então firme propõe-te, doentia ainda: “não caias!”

E embora não fácil a nódoa-culpa não saia, Lutai sempre e verás no espelho a contento.

Desdouro insípido tal fatal relapso, O que no esforço mal feito reincide Ou que larga o tônus ao cadafalso, Perde assim triste qual leite derramado O galardão a rico Sangue ordenhado.

Inesgotável seria tua fonte

Caso cresse com tudo em tua mente

A qual, sobre tudo, ao menor sopro dissemina Semente remitiva que cresce na gente.

Alheio

Conflito, grito largo solto Mudo, aviso vindouro fato Mato no peito e escapo Trago foge pesado o fôlego Desnorteado o ponto recalque Só olho nu agora.

Chora a vã escapatória

O escondido lustrado radiante E a pausa pra tomar alento, folga Agora esquecida em prosa torta.

Síncope socada solta o sonso

Sapateia, samba, sussurra sem senso Suporta, se lança, subjuga e se suja Só sabendo soar o Sino-Centelha Não sem sacar solução sinistra Somente sorvendo suspiros insossos Quiçá sinônimo suposto e sem sal Sombra sórdida da Cruz de Souza.

Mamolengando, escapa, liso, corre Fugidio sempre de novo foge A tal ponto indiferente indiferença! Nulo de si existe além, repetente, Não progride nem se responsabiliza Assim não lhe cabe nem mal nem bem Que a moral supõe presença.

(18)

xviii

“CLAMANDO...”

“Bárbaros vãos, dementes e terríveis Bonzos tremendos de ferrenho aspeto, Ah! deste ser todo o clarão secreto Jamais pôde inflamar-vos, Impassíveis!

Tantas guerras bizarras e incoercíveis No tempo e tanto, tanto imenso afeto, São para vós menos que um verme e inseto

Na corrente vital pouco sensíveis.

No entanto nessas guerras mais bizarras De sol, clarins e rútilas fanfarras, Nessas radiantes e profundas guerras...

As minhas carnes se dilaceraram E vão, das Ilusões que flamejaram, Com o próprio sangue fecundando as terras..”.

(de Cruz e Sousa, BROQUÉIS, 1893)

++++++++++++++++++++++++++

PASSOS DA ALMA

1º PASSO -

depois de parado, saio do canto/

mexer algo já soa benéfico/ só um tanto

sacudido já conta/ não importa o piso ou o

traslado.

2º PASSO -

alternado em desencanto/ inovar é

como o próprio descanso/ aquilo de saltar do

peito que deve constar na pauta/ para tanto/

alguém há de chorar e de sorrir alguém outro, o

contraste que marca o passo neste ponto.

3º PASSO -

desfeito o passageiro encanto/ àquele

simples andar primeiro volto/ porém agora

descalço bailo/ faceiro e sem me perder do

compasso./ †ábua rasa e mansa daquele que fora

riscado do mapa.

(19)

xix

Quem me dera fazer um soneto

I

Quem me dera fazer um soneto algo assim tascado a suor daqueles de lapidar os ares tipo repentistas nos sextetos Puxa a sextilha e chacoalha a mó

sem dó indo longe como pascal Hermeto arremedando borboleta nos pomares. Lança logo o lodo todo pelos ares sem medo da conta ficar pior. Era letra elegida pr’altares canto que toca o nó do quinteto dos elementais das estrelas pó. Há métrica tal de carboneto, hirta espiral de borogodó, que flui feito faca na manteiga complexa como uma presa negra da dádiva dançante da Ciência

que explica as correntes mais rítmicas dos mares.

E não só.

Ah, se o excesso fosse eficiência facilmente falaria a toda meiga em qualquer que fosse os lugares sem nesga de deficiência musicava.

Ainda que d’água abusares, sabe disso qualquer musa grega, que noviço qualquer que se achega saturar-se-á só d’inocência.

A decência mor que falta nos andares quero eu pregar aos seculares

via fios e veias viscerais e só. Do apeiron carbônico meto. Quem me dera fazer um soneto ainda que tacanho de dar dó. II

Toda métrica taca pedra em mim no caminho

tudo bem clássico, mas em mim?

Algo assim decepciona No meio do caminho aciona o transporte lírico. Aura impessoal logo sinto, nasceu alguém em mim! Canto, solitário busco, capturo, desagrego, canto, busco, capturo, desagrego, busco

(20)

xx

quem me dera fazer um soneto...

O Eu dos anjos é único Indivisível obra comum

Admirável curiosidade de embate Há de ser eu em alguém também? III

Do monismo panteísta, incrédulo esperançoso da evolução espera amor, investindo na Criação. Na criatura tudo vê

do que foi e há de ser e vir. Carbono que morre circula Sufoca, sem saída.

É-ter, a alma sem saída, infinda,

busca fôlego qualquer que seja

quero um ar pra viver ideologia, filosofia, “quero um ar pra viver” Política, teste

Protesto

vivo, logo existo bem...

penso que vivo bem busco o Além

convém

aaahhh, Meu Deus que vida!

que tédio ébrio sufoco patético de ir e vir aahh! Deus meu dissolução do existir.

+++++++++++++++++++++++++

(Soneto de Luís de Camões – séc XVI)

“Cá nesta Babilônia, donde mana matéria a quanto mal o mundo cria; cá onde o puro Amor não tem valia,

que a Mãe, que manda mais, tudo profana; cá, onde o mal se afina, e o bem se dana, e pode mais que a honra a tirania; cá, onde a errada e cega Monarquia cuida que um nome vão a desengana; cá, neste labirinto, onde a nobreza com esforço e saber pedindo vão às portas da cobiça e da vileza; cá neste escuro caos de confusão, cumprindo o curso estou da natureza. Vê se me esquecerei de ti, Sião!”

(21)

xxi

Desabafo Ponteado

Chegamos num ponto Desmantelo tanto Que o verso e a arte Que são filhos belos Nem mais se importam

Nem estilo, nem forma romântica, Nem semântica, nem moral, Descarte versátil,

Nem religião, nem revolta, Somente o instante ou nada Com toda fútil liberdade Seguimento inerte tal Que até o flerte já é tanto Que no mais profundo

Sonda nenhuma quer a gente.

Verso livre, amor corrupto Lei de arbítrio fútil

Libertino solto Assassino inútil.

Desatino tremendo

Pensa-se em liberdade douta Que tudo pode auto-conduta torta Salvo-conduto pra surto e morte Rima de pinga com canela.

Berra do mesmo jeito o menino Soneto ainda soa bonito

Mas pensamento bom mesmo

É aquele quebrado medíocre hoje em dia. E quem diria que este poema

Não seria de um louco em 700 Que rima numeral com inventos Que ao cotidiano aliviaria.

É tudo tão rápido Que esmero e valia São coisa passada E quem na jornada anda Só é herói se não pensa.

Pensamento inovado Virou tão forte moda Que os ultrajados São os progressistas

Os conservadores são agora A propulsora mola

De inovadores artifícios...

Já que o belo é relativo E o tamanho sem medida Neste verso de moléculas Tudo posso e atravesso.

Conservo sim o Progresso Ativista da Volta Revoltoso da Vinda. Progrido enlatado Concentrado Destilado destino Propagado sucinto De alcance estelar. E é nesse ultramar De rumores longínquos De humores enxutos E lameado penar, De brutos sabores crus, Refinados espiritualismos,

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xxii

Renovados sentimentos, Restaurados cataclismas, Nesse engodo ensimesmado Afogado em mentirice De fôlego cansado De coração esbaforido, Que de pé diante a cova Sem perder um só instante Gozo vida de gigante Prendida numa semente, Tudo faço e toda vida, Cada sopro eternizado, Cada lapso apagado E cada um bem amparado Sustentado, esvoaçante, Integrado, interessante, Sem laço de desapego forçado, Sem nexo mal-intencionado, Sem furor de parte,

Nem rigor de morte Nem mais pena insentata Nem papel, tinta, refil, Carne.

Daqui vivo numa prisão abrigo Que aceitei está perdido e cego Tenho agora liberdade certa Que a grade não mais inibe. Zerada a dívida excessiva e cruel

Pago dia-a-dia, desobrigado, cada segundo, Aluguel em minha propriedade casca Absurdo,

Confiante da polpa eternizada,

Espremida, a ser com todos renascida,

Chorando por quem do Amor não se vê fruto!!!

Fragmentos Oníricos

Dentro do sonho acordo enquanto durmo, Vejo noutro nível a realidade acontecente, Atuo no Mistério meio a meio inconsciente E na vigília d'assuntos angélicos me enturmo. É o que faço, o que escuto e como digo, Tudo são pistas do consciente invertido, Esfera versada em ditames etéreos. No filtro da mente espiritual traduzida, São águas das fontes profundas do Mistério. Não é de se emendar os fatos em vã simbologia. Que as peças não são partes de quebra-cabeças

Mas fragmentos reais revelados em inesperadas facetas Condensadas pelos milhares cristais de experiências. Dissolve-se esse açúcar na Consciência

Que adoça e arredonda os sabores vividos Mesmo sem vermos os cristais derretidos Temos da Doçura Submersa a ciência.

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xxiii

UM HOMEM-DEUS

“Ele sonda o abismo e o coração humanos, e penetra os seus pensamentos mais sutis, pois

YHWH conhece tudo o que se pode saber. Ele vê os sinais dos tempos futuros,

anuncia o passado e o porvir,

descobre os vestígios das coisas ocultas. Nenhum pensamento lhe escapa, nenhum fato se esconde a seus olhos.

Ele enalteceu as maravilhas de sua sabedoria, Ele é antes de todos os séculos

e será eternamente.

Nada se pode acrescentar ao que ele é, nem nada lhe tirar;

não necessita do conselho de ninguém. Como são agradáveis as suas obras! E todavia

delas não podemos ver mais que uma centelha.” (Eclo, 42, 18-23)

Diêgo Melo Oliveira, nasceu em 6 de abril em Fortaleza-CE no ano

de 1988. Estudou até o Fundamental I no Colégio da Imaculada Conceição e até o Ensino Médio no Marista Cearense. Formou-se em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará em 2013. Neste ínterim, jovem curioso, movido pelo gosto pelas artes e pela indignação juvenil, desde a adolescência, à procura do Essencial, 'passeou' por várias atividades e subculturas contemporâneas, como movimentos estudantis, banda de música, diversos esportes, ONGs ligadas à ecologia, grupos de performances artísticas circenses, estudos e práticas religiosas diversas, bem como as atividades acadêmicas.

Mas sua tão almejada epifania foi reencontrar-se com seus fundamentos católicos familiares através de um despretensioso encontro com o Corpo e o Sangue de Cristo na Eucaristia, durante uma Santa Missa, à qual não ia havia muitos anos. Desde então, após longos anos de oração, estudo e discernimento, descobriu na simplicidade do dia-a-dia a verdadeira comunhão com o Deus Pessoa, Jesus Cristo, e por meio d'Ele, com toda a Criação e com o Criador, que nos fala diretamente por meio de seu Espírito e de sua Igreja.

Aos 23 anos sentiu-se chamado à Vida Religiosa Consagrada e ao Sacerdócio. Anos depois, fez uma experiência de 1 ano em 2014 no Mosteiro Cartusiano do Rio Grande do Sul, já noviço, então frei José Lázaro, foi-lhe aconselhado ao fim do ano que voltasse a sua terra natal e discernisse melhor qual sua verdadeira vocação. Atualmente, graduando de Filosofia no Seminário da Prainha em Fortaleza, mora com os pais e espera pelo tempo de Deus (Kairós) para ingressar em sua comunidade religiosa, enquanto isso, mendiga orações e com grande alegria partilha de suas experiências arranjando-as em versos e distribuindo-os como pode, no desejo de partilhar seu amor à Fonte de tudo o que é belo, Deus mesmo.

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