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EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTES NA EMERGÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE CAFEEIRO Coffea arabica L 1.

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DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE CAFEEIRO Coffea arabica L

1

.

GLADYSTON RODRIGUES CARVALHO

2

MOACIR PASQUAL

3

RUBENS JOSÉ GUIMARÃES

3

ANTÔNIO NAZARENO GUIMARÃES MENDES

3

EDUARDO BEARZOTTI

4

LUCINE FALCO

5 RESUMO - O experimento foi conduzido no Setor de

Cafeicultura da Universidade Federal de Lavras-MG (UFLA), objetivando avaliar os efeitos de tratamentos aplicados nas sementes de cafeeiro (Coffea arabica L.), na emergência e no desenvolvimento das mudas. Utili-zou-se o delineamento em blocos casualizados com 4 repetições de 16 mudas ( 4 úteis e 12 na bordadura). Os tratamentos constituíram-se de sementes com e sem en-docarpo, concentrações de Benzilaminopurina (BAP) e tempos de pré-embebição; além desses, foram aplicados tratamentos adicionais que contemplavam sementes com e sem endocarpo pré-embebidas em solução de gi-berelina (20 mg/l) por 30 horas; sementes com e sem endocarpo e sem pré-embebição; sementes com

endo-carpo retirado mecanicamente e sem embebição; se-mentes com e sem endocarpo embebidas em água cor-rente por 30 horas. As avaliações foram feitas aos 85 dias após a semeadura, observando-se as porcentagens de plântulas emersas e de plântulas emersas com folhas cotiledonares, e aos 180 dias, avaliando-se a altura das mudas, diâmetro do caule, área foliar e peso da matéria seca de raiz e parte aérea. Os resultados permitiram concluir que a retirada manual do endocarpo contribui para acelerar o desenvolvimento das mudas. A pré-embebição de sementes em BAP deve ser feita apenas na semente sem endocarpo, e os tempos de pré-embebição, pré-embebições em água corrente e em gi-berelina não influenciaram as características avaliadas.

TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Cafeeiro, germinação, reguladores de crescimento, Coffea arabica

EFFECTS OF TREATING SEEDS DURING EMERGENCE AND

DEVELOPMENT OF COFFEE SEEDLINGS Coffea arabica L.

ABSTRACT - The experiment was conducted in the

coffee (Coffea arabica L.) culture (area) of the Federal University of Lavras - MG (UFLA) aiming at evaluating the effects of treatments applied to coffee seeds, during the emergence and development of the seedlings. The statistical design used was randomized blocks with 4 repetitions of 16 seedlings per parcel, (4 useful ones and 12 as borders). The treatments consisted of: seeds with and without endocarps, Benzilaminopurine (BAP), preimbibition periods, plus additional treatments using seeds with and without endocarps preimbibed in giberelin (GA3) solution (20mg/l) for 30 hours; seeds with and without endocarps not preimbibed; seeds with endocarps taken

out mechanically and not preimbibed; seed with and without endocarps preimbibed in running water for 30 hours. The evaluations were done at 85 days after seeded observing the percentages of emerged plantlets and emerged plantlets with cotyledon leaves and at the end of 180 days, evaluating the seedlings height, stem diameter, leaf area and weight of the dry matter of the root and aerial part. The results led to conclude that taking out manually the endocarps contributes to accelerate the seedling development, the preimbibition of the seeds in BAP should only be done with the seeds without endocarps; the preimbibition periods, preimbibition in running water and in GA3 did not influence the characteristics evaluated.

INDEX TERMS: Coffee tree, germination, growth regulators, Coffea arabica

1. Parte da dissertação apresentada à UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA), pelo primeiro autor, para obtenção do grau de Mestre em Agronomia, área de concentração Fitotecnia.

2. Engenheiro Agrônomo, MS., Pesquisador EPAMIG, Caixa Postal 176, 37200-000, Lavras-MG.

3. Engenheiro Agrônomo, Dr, Professor do Departamento de Agricultura/UFLA, Caixa Postal 37 – 37.200-000 – Lavras - MG.

4. Engenheiro Agrônomo, MS, Professor do Departamento de Ciências Exatas/ UFLA. 5. Engenheiro Agrônomo, Pós-graduanda DAG/UFLA.

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INTRODUÇÃO

As mudas do cafeeiro (Coffea arabica L.), roti-neiramente oriundas de sementes, podem ser obtidas após 6 (“mudas de meio ano”) e 12 (“mudas de ano”) meses do momento da semeadura no viveiro. Em geral, utilizam-se mudas de meio ano por permanecerem me-nos tempo em viveiro e, assim, apresentarem menor custo de produção no final do processo, como resultado da redução dos usos de insumos e mão de obra (Gui-marães, 1995). Segundo o mesmo autor, as mudas de meio ano são, geralmente, plantadas a partir de dezem-bro; há dificuldade de produzi-las antes disso, em vir-tude de as sementes de café apresentarem viabilidade máxima de 6 meses, quando armazenadas em condi-ções apropriadas, serem colhidas em abril/maio e, co-mercializadas, na maioria das vezes, somente a partir de junho.

Outra particularidade associada à produção de mudas é o tempo para a germinação das sementes, que pode variar de 90 (Went, 1957) a 120 dias dependendo da temperatura. Assim, torna-se importante a busca de alternativas para a redução do tempo de germinação que, em algumas situações, corresponde à metade do tempo necessário para a formação da muda.

Na tentativa de acelerar a formação da muda, Carvalho e Alvarenga (1979) , testando sementes de frutos em vários estádios de desenvolvimento, observa-ram germinação a partir da fase de “chumbinho”, po-rém consideraram a taxa de germinação baixa (21%).

A presença do endocarpo (pergaminho) e baixas temperaturas atrasam a germinação; com a remoção do pergaminho e sob temperatura de 32ºC, as sementes maduras de cafeeiro germinam em 15 dias (Rena e Maestri, 1986). Neste caso, aparentemente, as restrições impostas pelo pergaminho à difusão de gases e água e à expansão do volume das sementes, têm papel secundá-rio quando comparadas ao efeito de algum inibidor pre-sente, já que fragmentos de pergaminho misturados às sementes inibiram a germinação (Velazco e Gutierrez, 1974, citados por Rena e Maestri, 1986).

Sabe-se que as giberelinas têm papel chave na germinação de sementes, estando envolvidas tanto na quebra de dormência quanto no controle da hidrólise de reservas, da qual depende o embrião em crescimento (Ackerson, 1984). Contudo, embora ocasionalmente des-crito como promotor do crescimento de embriões somáticos (Evans et al., 1986 citados por George, 1993), o ácido gibe-rélico pode inibir a formação de embriões somáticos (Spi-egel-Roy e Saad, 1980 citados por George, 1993).

Maestri e Vieira (1961) afirmam que, apesar das giberelinas acelerarem a germinação e emergência em sementes de diversas espécies, a maceração de se-mentes de café (com e sem pergaminho), em soluções

de ácido giberélico, promove diminuição na germina-ção à medida que a concentragermina-ção do ácido era elevada. Talvez, o ácido giberélico tenha causado toxidez às se-mentes de café, ocasionado sua morte ou inibindo a germinação das sementes que então morreram em vir-tude de uma permanência demasiadamente longa na sementeira.

Resultado semelhante, encontrado por Takaki, Dietrich e Furtado (1979), indica que sementes de cafe-eiro tratadas com ácido giberélico tiveram redução na germinação. Para esses autores, o fato deveu-se ao au-mento na atividade de enzimas (celulase e outras), pro-porcionado pelo regulador, que atuou degradando as pa-redes celulares do embrião.

Para o cafeeiro, tem sido observado que a gibe-relina atua inibindo a retomada do crescimento do em-brião e que a citocinina atua de modo inverso. Valio (1976) afirma que elevada taxa de germinação está re-lacionada com baixos teores de substâncias semelhantes aos ácidos abscísico e giberélico e altas concentrações de substâncias semelhantes às citocininas.

A citocinina apresenta ação contrária àquela dos inibidores, sendo uma substância essencial para com-plementar a ação do ácido giberélico em induzir a ger-minação ou os processos enzimáticos, quando esses são bloqueados por inibidores, como o ácido abcísico e/ou coumarina. A dormência de sementes pode estar relaci-onada com teores endógenos de CO2 ou com presença de inibidores que dificultam a penetração de oxigênio, pois, não absorvendo O2 ou não liberando CO2, a se-mente não consegue germinar (Fraga, 1982).

Vários compostos fenólicos podem atuar como inibidores do alongamento celular, ou consumir oxigê-nio durante o processo de oxidação, restringindo a quantidade de oxigênio que chega ao embrião (Bewley e Black, 1982). Dietrich (1986) cita o ácido clorogê-nico como substância de natureza fenólica capaz de atuar negativamente, inibindo o desenvolvimento de plantas nos alongamentos de raízes e caules, na germi-nação de sementes e no brotamento de gemas.

O presente trabalho objetivou avaliar os efeitos de citocinina, giberelina e pré-embebição no tratamento de sementes de café (C. arabica), com e sem pergami-nho, na emergência das sementes e no desenvolvimento das mudas.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Setor de Cafei-cultura do Departamento de AgriCafei-cultura da Universida-de FeUniversida-deral Universida-de Lavras, UFLA, Lavras, Minas Gerais.

Utilizaram-se sementes de cafeeiro da cultivar Acaiá (progênie LCP-474/19) com umidade de 12 a 13%.

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As mudas foram formadas em sacos (10x20cm) perfurados de polietileno preto. O substrato utilizado, atualmente considerado padrão, constou da mistura de 700 l de solo peneirado, 300 l de esterco de curral cur-tido e peneirado, 5kg de superfosfato simples e 0,5kg de cloreto de potássio, para cada m3 preparado.

Os saquinhos com o substrato, encanteirados em viveiro de cobertura alta, receberam individual-mente 2 seindividual-mentes visualindividual-mente consideradas como bem formadas. Após a cobertura das sementes com camada de 1 - 2 cm de areia de rio, foi aplicado pentacloroni-trobenzeno (PCNB 75%) em solução aquosa (45 g p.a / l), na dosagem de 2 l / m2 de canteiro.

O experimento foi instalado utilizando-se o deli-neamento em blocos ao acaso, em esquema fatorial (2x4x3+7) com quatro repetições e parcelas formadas por 16 mudas (quatro úteis e 12 bordaduras). Os trata-mentos constituíram-se de:

• fatorial: 2 pergaminhos (presença e ausência) x 4 concentrações de benzilaminipurina-BAP (0, 5, 10 e 20mg/l ) x 3 tempos de pré-embebição (1, 15 e 30 ho-ras);

• adicionais: sementes com e sem pergaminho pré-embebidas em solução de giberelina-GA3 (20 mg/l) por 30 horas; sementes com e sem pergaminho e sem pré-embebição (secas); sementes sem pergaminho (re-tirado mecanicamente) e sem pré-embebição (secas); sementes com e sem pergaminho embebidas em água corrente por 30 horas.

Observações: 1) Para a retirada do pergaminho, foram utilizadas peneiras sobre as quais foram friccio-nadas manualmente as sementes; 2) Para o tratamento adicional, na retirada do pergaminho mecanicamente, utilizou-se o equipamento denominado minidescasca-dor de café, marca Pinhalense.

As avaliações foram feitas aos 85 (porcenta-gem de plântulas emersas e de plântulas emersas com folhas cotiledonares) e aos 180 dias após a semeadura (altura; diâmetro do caule medido na altura do colo das plantas, em milímetros, com o auxílio do paquímetro; área foliar média, multiplicando o comprimento pela maior largura de uma folha de cada par, multiplicado pela constante 0,667, e o resultado multiplicado por 2 ; comprimento da raiz principal em cm e peso da matéria seca da raiz e parte aérea das mudas).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelos resultados da análise de variância, verifi-caram-se, para a porcentagem de plântulas emersas, efeito significativo para os fatores pergaminho, intera-ção entre os fatores pergaminho e concentraintera-ção de BAP e, para o contraste entre os tratamentos adicionais, reti-rada mecânica vs. retireti-rada manual. Já para a

porcenta-gem de plântulas emersas com folhas cotiledonares, ve-rificou-se efeito significativo para os fatores pergami-nho, e os contrastes retirada mecânica vs. retirada ma-nual e retirada vs. não retirada do pergaminho.

Nota-se na Figura 1 que, na ausência de BAP, a emergência das plântulas estimada pela regressão che-gou a 93,12% e que, ao aumentar a concentração do referido regulador até a dose máxima (20 mg/l), a emergência diminuiu para 73,72% o que, aparente-mente, não ocorreu quando o endocarpo não foi retira-do. Resultado semelhante foi observado por Guimarães (1995), que encontrou efeito prejudicial da pré-embebição de sementes, em solução de BAP, sobre a emissão de raízes secundárias.

Com relação ao método de retirada do pergami-nho (mecânico vs. manual), verifica-se pela Tabela 1 que a retirada manual do pergaminho proporcionou aumento de 166% na emergência e 345,55% no apare-cimento de folhas cotiledonares em relação ao processo mecânico de retirada. Esse resultado corrobora as afir-mações feitas por Guimarães (1995), que encontrou um índice de germinação semelhante ao apresentado na Tabela 1, para o processo mecânico de retirada do per-gaminho, pelos possíveis danos causados ao embrião.

Nota-se, pela Tabela 2, que a ausência de per-gaminho nas sementes proporcionou o aumento de 9,03% na porcentagem de plântulas emersas e 121,09% na porcentagem de plântulas emersas com folhas coti-ledonares.

De um modo geral, verifica-se que a retirada do pergaminho proporciona, para ambas as características, maior eficiência na emergência de plântulas de cafeeiro, corroborando as afirmações de Rena e Maestri (1986). A aceleração da emergência com a retirada do pergaminho pode estar relacionada com a presença de substâncias ini-bidoras da germinação no pergaminho (Velazco e Gutierry, 1974, citados por Rena e Maestri, 1986).

Em cultura de tecidos, tem sido observado que embriões assexuados podem ser impedidos de germinar por inibidores que ocorrem, naturalmente, no embrião ou no tecido em que a embriogênese ocorreu (George, 1993). Bewley e Black (1982) citam compostos fenóli-cos que podem atuar como inibidores do alongamento celular. Dietrich (1986) cita o ácido clorogênico como um composto fenólico capaz de atuar como inibidor do alongamento de raízes e caules, da germinação de se-mentes e do brotamento de gemas. Desta forma, verifica-se que inúmeras substâncias podem estar presentes no perga-minho e influenciar na germinação de sementes de cafeei-ro, necessitando serem mais bem elucidadas.

Verificou-se que nenhum dos tratamentos estu-dados influenciou o diâmetro do colo. A não interferên-cia de tratamentos sobre esta característica também

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Concentração de BAP (mg/l)

0 5 10 15 20

Porcentagem de plântulas emersas

0 75 80 85 90 95 100 105

Com pergaminho: Y=93,12-0,9699X, R2=0,8541** Sem pergaminho Y=92,94+0,3923X-0,0160X2, R2=0,7400

FIGURA 1 - Efeito das concentrações de BAP e da presença de pergaminho na porcentagem de plântulas emersas.

UFLA, Lavras-MG, 1997.

TABELA 1 - Dados médios das porcentagens de plântulas emersas e de plântulas emersas com folhas

cotiledona-res do contraste envolvendo os tratamentos adicionais retirada manual vs. retirada mecânica do pergaminho. UFLA, Lavras-MG, 1997.

Tratamentos Plântulas emersas (%) Plântulas emersas com folhas cotiledonares (%)

Retirada manual 95,8366 a 55,7391 a

Retirada mecânica 35,9474 b 12,5100 b

Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste F, ao nível de 1%.

TABELA 2 - Dados médios das porcentagens de plântulas emersas e de plântulas emersas com folhas

cotiledona-res do contraste pcotiledona-resença vs. ausência de pergaminho nos tratamentos adicionais. UFLA, Lavras-MG, 1997.

Tratamentos Plântulas emersas Plântulas com folhas cotiledonares

Ausência de pergaminho 80,8643 a 44,9318 a

Presença de pergaminho 73,9623 a 20,3225 b

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pode ser observada em outros experimentos (Guima-rães, 1994 e 1995). Já para a altura e área foliar das mudas, verificou-se efeito significativo na interação entre os fatores pergaminho e concentração de BAP e nos contrastes retirada mecânica vs. manual e presença vs. ausência de pergaminho. Para área foliar, houve efeito também do contraste envolvendo a embebição vs. a não embebição das sementes.

Observa-se pela Figura 2 que, para a altura da muda, o desdobramento da interação pergaminho vs. concentrações de BAP foi significativo apenas nas se-mentes sem pergaminho, mostrando uma equação line-ar crescente com a elevação das dosagens. Esse resulta-do leva a crer que o tratamento das sementes com BAP tenha intensificado o processo de divisão celular du-rante o desenvolvimento das mudas, já que, em cultura de tecidos, é comum observar, após sucessivas repica-gens utilizando sempre o mesmo regulador ( por exem-plo o BAP) no meio de cultura, que os explantes trans-feridos para um meio livre de regulador multiplicam-se como se alguma substância tivesse sido acrescentada.

Apesar do efeito significativo, é importante ob-servar que o aumento na altura das mudas, alcançado com a embebição das sementes sem pergaminho, na do-sagem máxima de BAP (20mg/l), superou em 0,6cm a embebição das sementes com pergaminho em água. Talvez se as avaliações tivessem sido feitas com as mu-das apresentando entre dois e três pares de folhas ver-dadeiras, ao invés de 6, os resultados pudessem ser mais explicativos, pois a tendência é de as diferenças irem diminuindo à medida que as plantas vão crescen-do.

Analisando a Figura 3, nota-se que para a área foliar, a imersão na concentração de BAP, nas sementes sem pergaminho, contribuiu para o desenvolvimento das mudas, apresentando uma relação linear crescente. Já nas sementes com pergaminho, a equação de regres-são linear foi também significativa; no entanto, em forma decrescente. Provavelmente, houve interação entre alguma substância presente no pergaminho e a citocinina BAP, resultando em efeito prejudicial ao des-envolvimento das mudas.

Seguindo a mesma tendência observada para a altura das mudas (Figura 2), verifica-se que a área foli-ar, nas sementes sem pergaminho submetidas à dosa-gem máxima de BAP (20mg/l), apresentou 49,91 cm2 /muda. Comparando esse resultado com os obtidos com as sementes com pergaminho embebidas em água (42,44 cm2/muda), obteve-se um aumento de 7,47cm2/muda

Ainda com relação à área foliar, verifica-se pela Ta-bela 3 , que envolvendo os contrastes entre os tratamentos adicionais, embebição vs. não embebição e que embebendo as sementes, há redução de 24,64% nos resultados.

Resultados semelhantes foram também observa-dos por Guimarães (1995), que encontrou efeito preju-dicial da embebição sobre a protrusão de radícula. Desta forma, os resultados mostram um efeito contrário ao obtido junto aos produtores, que afirmam que embe-bendo sementes em água corrente por um determinado período, consegue-se acelerar a germinação e antecipar o período de formação de mudas de cafeeiro (ideal para o plantio quando atingem de 3 a 6 pares de folhas). As-sim, há evidências de que a embebição das sementes reduz a área foliar das mudas, não acelera a germinação (Guimarães, 1995) e prejudica o desenvolvimento do sistema radicular (Fraga, 1982).

Para as características comprimento de raiz principal, pesos da matéria seca de raízes e de parte aé-rea, observou-se efeito significativo envolvendo os con-trastes retirada mecânica vs. retirada manual e presença vs. ausência de pergaminho. Para o peso da matéria seca de raiz, observou-se efeito significativo para o fa-tor pergaminho, enquanto que para peso da matéria seca de parte aérea, houve efeito de pergaminho e da interação entre pergaminho e concentração de BAP.

Apesar da interação entre os fatores pergaminho vs. concentração de BAP ser significativa para peso da matéria seca de parte aérea, não houve efeito dos des-dobramentos considerando as concentrações dentro da ausência e da presença de pergaminho.

Da mesma forma que o observado nas porcenta-gens de plântulas emersas e de plântulas emersas com folhas cotiledonares, verifica-se que o peso da matéria seca de raiz envolvendo o fator pergaminho (Tabela 4) e a altura, a área foliar e o peso da matéria fresca de parte aérea, envolvendo os contrastes entre os tratamentos adicionais (Tabela 5), indicam superioridade da ausên-cia sobre a presença do pergaminho, corroborando as afirmações de Guimarães (1995), que encontrou maior número de raízes secundárias nas plântulas oriundas de sementes sem pergaminho.

A superioridade das sementes com pergaminho, observada no comprimento de raiz (Tabela 5), pode ter sido influenciada pelo tratamento de retirada mecânica do pergaminho, que apresentou valores inferiores aos dos tratamentos com retirada manual (Tabela 7), ou então, devido ao comprimento do recipiente utilizado Analisando-se a Tabela 6, observa-se que para a al-tura, o comprimento e o peso da matéria seca de raiz, houve superioridade nos tratamentos de retira-da manual do pergaminho. Para a área foliar e o peso da matéria seca de parte aérea, ocorreu resulta-do inverso, o que pode ser explicaresulta-do pela maior in-cidência de luz durante o desenvolvimento das mu-das no tratamento com retirada mecânica do perga-minho, em virtude da menor emergência observada nessas parcelas (Tabela 1).

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FIGURA 2 - Efeito das concentrações de BAP na altura média das mudas de cafeeiro em relação à presença ou

au-sência de pergaminho. UFLA, Lavras-MG, 1997.

TABELA 3 - Valores médios de área foliar em função da embebição das sementes sem pergaminho nos tratamentos

adicionais. UFLA, Lavras-MG, 1997.

Tratamentos Área foliar

Sem embebição 64,9187 a

Com embebição 48,9187 b

Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste F, ao nível de 1%.

TABELA 4 - Dados médios do peso da matéria seca de raiz (PSR) em função do fator pergaminho. UFLA, Lavras-MG,

1997.

Tratamentos PSR (g)

Ausência de pergaminho 0,5993 a

Presença de pergaminho 0,5339 b

Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste F, ao nível de 1%. Concentração de BAP (mg/l) 0 5 10 15 20 Altura (cm) 0,0 10,5 11,0 11,5 12,0 12,5 13,0

Sem pergaminho: Y=11,41+0,0631X, R2=0,6987*

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FIGURA 3 - Efeito das concentrações de BAP na área foliar média das mudas de cafeeiro em relação à presença

ou ausência de pergaminho. UFLA, Lavras-MG, 1997.

TABELA 5 - Dados médios para a altura (ALT), área foliar (AF), comprimento da raiz principal (CR), peso da

matéria seca de raiz (PSR) e peso da matéria seca de parte aérea (PSPA) do contraste presença vs ausência do per-gaminho. UFLA, Lavras-MG, 1997.

Tratamentos ALT (cm)* AF (cm2)** CR (cm)** PSR (g)* PSPA (g)**

Ausência de pergaminho 12,1793 a 50,1681 a 18,5168 b 0,6668 a 2,5381 a Presença de pergaminho 10,9766 b 37,6225 b 18,5891 a 0,5258 b 2,0541 b

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste F. * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste F.

. Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste F, ao nível de probabilidade cado acima. Concentração de BAP (mg/l) 0 5 10 15 20 Área foliar (cm 2 ) 0 30 35 40 45 50 55

Sem pergaminho: Y=41,17+0,4373X, R2=0,7332**

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TABELA 6 - Dados médios para as características altura (ALT), área foliar (AF), comprimento da raiz principal

(CR), peso da matéria seca de raiz (PSR) e peso da matéria seca de parte aérea (PSPA), em função dos contrastes, envolvendo o método de retirada do pergaminho nos tratamentos adicionais. UFLA, Lavras-MG, 1997.

Tratamentos ALT (cm)* AF (cm2)** CR (cm)** PSR (g)** PSPA (g)*

Retirada manual 10,9766 a 37,6225 b 18,5891 a 0,5258 a 2,0541 b Retirada mecânica 9,8575 b 38, 2525 a 15,8600 b 0,4800 b 2,1200 a

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste F. * Significativo ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste F.

- Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste F, ao nível de probabilidade cado acima.

A maior incidência de luz provavelmente contri-buiu para um aumento na produção de fotoassimilados, promovendo um incremento na área foliar e no peso da matéria seca da parte áerea. O efeito prejudicial do sombreamento no desenvolvimento de mudas de cafeei-ro foi também observado por Silveira e Maestri (1973), que evidenciaram redução no peso da matéria seca to-tal, quando as mudas foram submetidas a condições de disponibilidade de luz inferiores a 50% .

CONCLUSÕES

a) A retirada manual do pergaminho contribui para acelerar o desenvolvimento das mudas.

b) A embebição de sementes com solução de citocinina BAP deve ser feita apenas nas sementes sem o pergaminho.

c) Os usos de pré-embebição em água ou em so-lução de GA3 não contribuem para acelerar a emergên-cia e o desenvolvimento das mudas.

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Referências

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