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Knowledge transfer in a tourism destination: the effects of a network structure

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Academic year: 2021

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Knowledge transfer in a tourism destination: the effects of a network structure Transferência de conhecimento em um destino turístico: os efeitos de uma estrutura de rede

(Baggio e Cooper, 2010)

Resumo: As destinações turísticas têm uma necessidade de inovar para permanecerem competitivas em um ambiente global. Um pré-requisito para a inovação é entender como as destinações criam, compartilham e usam conhecimento. Este trabalho examina a natureza das redes e como a sua análise lança luz aos processos de compartilhamento de conhecimento, enquanto lutam para inovar. Conceitua-se destinações como redes de organizações conectadas, tanto públicas quanto privadas, cada uma considerada um stakeholder do destino. Na teoria de redes, elas representam os nós dentro do sistema. Este artigo mostra como modelos de difusão epidêmica podem atuar como analogias para a comunicação e transferência de conhecimento dentro da rede do destino. Estes modelos podem ser combinados com outras abordagens da análise de redes para lançar luz em como as redes do destino operam, e como elas podem ser otimizadas, a partir da intervenção de políticas que promovam inovação e competitividade nos destinos. Apresenta-se, ainda, o caso do destino Elba na Itália. Em suma, demonstra-se a utilidade da análise de redes para o turismo na busca por competitividade dos destinos.

Introdução

Transferência de conhecimento, variáveis culturais e arraigo social são fatores-chaves da competitividade global em regiões e nações avançadas, e propicia uma transformação do capitalismo para uma “economia do conhecimento” (Uzzi, 1996). O turismo é basicamente uma indústria de serviços e suas práticas de gerenciamento se focam na eficiência e eficácia das trocas de informação e conhecimento que acontecem entre as diferentes organizações que precisam colaborar para entregar os produtos (Otto e Ritchie, 1996). Nesse sentido, pode-se dizer que no mercado turístico global são os destinos, e não os negócios individuais, que competem para atrair mais consumidores (Ritchie e Crouch, 2003).

No século XXI, é imperativo que as destinações turísticas inovem e permaneçam competitivas em um ambiente de competitividade global. E um pré-requisito para a inovação é entender como os destinos criam, compartilham e usam conhecimento. Entretanto, a maioria das abordagens na literatura se preocupa com as organizações individuais, em vez dos arranjos complexos que caracterizam os destinos. Se a gestão do conhecimento é uma ferramenta eficaz para a inovação do turismo, deve-se considerar como ela pode beneficiar as destinações no nível das organizações. Este trabalho examina a natureza das redes e como a sua análise lança luz à forma como os destinos turísticos podem compartilhar e se beneficiar do conhecimento, enquanto lutam para inovar e serem competitivos.

Conhecimento e redes

Embora existam poucas abordagens da aplicação da gestão de conhecimento às redes nos destinos, reconhece-se sua importância em razão do valor de compartilhar conhecimento não

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apenas dentro das organizações, mas também ao longo das redes e, em particular, no estímulo às parcerias dentro dos destinos. Mais do que “conhecimento é poder”, o novo pensamento é o de “compartilhar é poder” e cria “comunidades de conhecimento” no nível dos destinos.

Destinos como redes de organizações

O turismo envolve o desenvolvimento de colaboração formal e informal, parcerias e redes para entregar produtos. O turismo está entre os setores da economia com mais redes interorganizacionais (Bickerdyke, 1996). A literatura em turismo aborda parcerias e colaboração (Bramwell e Lane, 2000; Hall, 1999; Selin, 2000; Selin e Chavez, 1995) e redes (Copp e Ivy, 2001; Halme, 2001; Tinsley e Lynch, 2001; Tyler e Dinan, 2001). Todavia, uma parte específica examina o turismo (Leiper, 1990), os destinos (Carlsen, 1999) e os nichos de mercado (Scott e Laws, 2004) como um sistema de componentes inter-relacionados.

A visão de destinos como redes, ou um sistema dinâmico complexo (Baggio, 2008), é adequada para analisar usando técnicas como a análise das redes sociais. Uma rede social é definida como um conjunto específico de conexões entre um conjunto definido de pessoas, cujas características dessas conexões podem ser usadas para interpretar o comportamento social dos envolvidos (Mitchell, 1969). A análise da rede social propicia enxergar a complexidade dos relacionamentos e simplificá-los, sendo útil para promover a efetiva colaboração e integração dentro de um grupo (Cross, Borgatti e Parker, 2002). Recentemente, estas análises foram aplicadas ao setor turístico (Baggio, 2007; da Fontoura Costa e Baggio, 2009; Scott et al., 2008a, 2008b).

Stakeholders do destino

Um segundo conceito importante a ser considerado, no entendimento de destinos como redes de organizações, é o de stakeholders. Stakeholders são aqueles que importam para o sistema, ou seja, qualquer pessoa, grupo ou instituição que tenha interesse em atividade, projeto ou programa de desenvolvimento. Esta definição inclui beneficiários e intermediários, perdedores e ganhadores, e aqueles envolvidos ou excluídos dos processos de tomada de decisão (SDI, 1995).

Para Freeman (1984), um stakeholder de uma organização é qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar ou ser afetado pelo alcance dos objetivos organizacionais (conceito fortemente adotado na literatura específica). Assim, os stakeholders apresentam um interesse legítimo nas atividades da organização e, portanto, têm o poder de afetar o desempenho da firma. Além disso, o conceito envolve um governo participativo e o crescimento do ativismo comunitário.

Nesta discussão, stakeholders são organizações que têm algum papel no destino turístico. Contudo, sua participação não é igual e eles podem ser classificados em stakeholders chave, primários e secundários. A análise de stakeholders ajuda a entender como os operadores

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Redes e transferência de conhecimento

Fluxo de informação e conhecimento em uma rede de um destino é um mecanismo relevante para o comportamento geral do sistema. Produtividade, inovação e crescimento econômico são fortemente influenciados por estes processos e a velocidade com que ocorre pode determinar como os atores individuais desempenham e planejam suas ações futuras no destino. Em outras palavras, a estrutura da rede pode influenciar a eficiência nas tentativas do destino em compartilhar conhecimento e inovar e, portanto, permanecerem competitivas (Argote e Ingram, 2000).

A literatura tem lidado com processos de aquisição de conhecimento no interior de um único stakeholder (uma empresa, por exemplo) e a difusão dentro da rede do destino formada por grupos similares (como em clusters industriais) ou geograficamente localizados. Mas é necessário investigar redes de destino formadas por diferentes stakeholders e seus relacionamentos formais e informais para explicar a “viagem” do conhecimento de um elemento do sistema a outro (Chen e Hicks, 2004; Da Costa e Terhesiu, 2005; López-Pintado, 2004; Valente, 1995).

Redes sociais são o canal principal em que estes fenômenos acontecem. Em muitos casos, mostrou-se que uma rede social densa e bem formada favorece a atitude de um stakeholder na busca por novas oportunidades e para compartilhar experiências, particularmente na presença de ambientes dinâmicos imprevisíveis (dialoga com o arraigo social de Granovetter). Como exemplo, identificou-se em hotéis de Sydney que a teia de relacionamentos entre os gestores possibilitou a propagação de melhores práticas, o que levou a melhoria de desempenho e lucratividade das empresas (Ingram e Roberts, 2000).

Modelos de Difusão Epidêmica

Os modelos matemáticos são baseados em ciclos de infecção dos indivíduos. O hospedeiro é considerado suscetível (S) a uma doença. Depois, exposto a uma infecção, ele se torna infectado (I) e, assim, se recupera (R) ou é removido de uma população. A analogia do fluxo de conhecimento em um destino é clara: stakeholders podem ser suscetíveis para receber novo conhecimento, mas a transferência de conhecimento não ocorre até que sejam “infectados”. Indivíduos são igualmente aptos a infectarem outros e se leva em conta a distribuição aleatória dos contatos entre os indivíduos que são responsáveis pela infecção. Os hospedeiros em uma população podem ser representados pelos nós de uma rede em que os contatos constituem os links. A condição limiar para a infecção depende da densidade das conexões entre os diferentes elementos da rede.

Modelos de rede

O formato da rede e os relacionamentos entre os nós, a topologia da rede, são determinantes cruciais no desempenho do sistema, e da qualidade da comunicação entre os nós.

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Materiais e métodos

Considera-se a difusão de conhecimento em uma destinação turística como um processo “infeccioso” em que indivíduos conhecidos (os stakeholders do destino) transferem seu conhecimento aos outros membros do grupo social em que eles têm contato (os autores defendem a ideia de que a densidade da rede favorece a transmissão de conhecimento). A configuração da rede e a natureza dos stakeholders podem influenciar a eficiência do processo e, portanto, a habilidade do destino em inovar e se tornar competitivo.

A rede do destino Elba, Itália

Considerado um destino maduro formado, majoritariamente, por micro e pequenas empresas com administração familiar. Muitas associações e consórcios operam na localidade buscando superar a excessiva “independência” das MPEs, ao sugerir e desenvolver diferentes tipos de programas de colaboração. A conectividade geral é muito baixa com grande proporção de elementos desconectados. A clusterização é limitada, assim como a eficiência, tanto no nível local quanto global. Ou seja, a natureza dos operadores do turismo em Elba é fragmentada. Parece haver pouco incentivo para se agruparem de maneira cooperativa/colaborativa. Essas condições são problemáticas para o fluxo eficiente de informação e conhecimento ao longo do sistema social, e isto pode afetar sua capacidade de inovar e ser competitivo no futuro.

Simulando fluxo de conhecimento na rede de Elba

A rede de Elba pode ser usada para simular a transferência de informação e conhecimento ao longo da rede. Uma vez que o conhecimento é transferido para um novo hospedeiro, ele reterá a informação recebida; por conseguinte, permanecerá infectado. Este é um pré-requisito essencial à inovação já que, apenas quando o conhecimento é transferido e usado pelas empresas no destino, a inovação pode ocorrer.

O conhecimento é seletivo e passado somente para um número limitado de indivíduos com os quais uma organização tem relação (Huberman e Adamic, 2004). Além disso, atores particulares podem ter dificuldades em adquirir e reter todo o conhecimento disponível a eles (capacidade absortiva, de Cohen e Levinthal, 1990), devido ao seu funcionamento interno ou aos custos associados. No turismo, a questão da capacidade absortiva é crítica, sobretudo dada a predominância de MPEs no setor. A capacidade de transferência de conhecimento difere dependendo do tamanho das empresas (pequena, média ou grande).

Resultados e discussão

Primeiramente, evidencia-se uma diferença de velocidade. Remover as diferenças nas capacidades dos stakeholders do turismo em transferir conhecimento a outros membros da comunidade pode melhorar, visivelmente, todo o processo de difusão.

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Deduz-se, portanto, que um importante determinante para a difusão de conhecimento em um sistema socioeconômico – a exemplo de um destino turístico – é a presença de uma topologia estruturada na rede de relações que conectam os diferentes stakeholders. Ou ainda, a existência de um bem definido grau de coesão local influencia fortemente este processo. Isto suporta a noção que os stakeholders do destino podem ser encorajados a formar clusters e tanto competir quanto cooperar para elevar a competitividade do destino. Comumente, o setor público intervém para iniciar este processo cooperativo, dada a natureza combativa das MPEs. Contudo, o apoio do setor público pode facilitar uma rede e propiciar um suporte permanente, mas são os stakeholders do destino que devem operar a rede (os autores ressaltam o papel dos agentes públicos no fomento à cooperação, contudo isto requer que os demais stakeholders tomem frente para gerenciar os relacionamentos). Estes resultados foram identificados nos trabalhos de Granovetter (1973, 1983), o qual trata da força dos laços fracos.

Observações finais

Este artigo destacou os benefícios da análise de redes para a realidade dos destinos turísticos. A abordagem conceituou destinos como redes de organizações e comunidades onde o destino funciona com o movimento de recursos, como informação ou investimentos, ao longo da rede. Em uma economia do conhecimento, os destinos têm que inovar para permanecerem competitivos. A gestão de conhecimento sustenta a inovação e, logo, o entendimento de como o conhecimento pode ser gerenciado ao longo de redes de organizações complexas é fundamental a este processo. Para o turismo, uma preocupação particular é o fato de que a maioria dos destinos envolve MPEs, organizações que tendem a ser avessas ao conhecimento, portanto, a intervenção do setor público é necessária para estabelecer arranjos cooperativos e redes no nível dos destinos.

Como agenda de pesquisa sugere-se análises comparativas de redes para entender as configurações mais eficazes nos destinos.

Referência completa

BAGGIO, R.; COOPER, C. Knowledge transfer in a tourism destination: the effects of a network structure. The Service Industries Journal, Vol. 30, Nº. 10, pp. 1757-1771, 2010.

Referências

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