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FATORES ORIENTADORES PARA A FORMAÇÃO DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS

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Academic year: 2021

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EMPREENDEDORISMO

FATORES ORIENTADORES PARA A FORMAÇÃO DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS

Antonia Márcia Rodrigues de Sousa -

pesquisadoramarciarodrigues@gmail.com – Faculdade

Luciano Feijão

Jonas Araújo Nascimento – Jonas.araujo@gmail.com – Faculdade Luciano Feijão

Teresa Lenice Nogueira da Gama Mota –

teresa_mota@yahoo.com.br – Faculdade Luciano

Feijão

Pedro Jorge Ramos Vianna - pjrvianna@hotmail.com – Faculdade Luciano Feijão

RESUMO

O objetivo da pesquisa é propor um conjunto de fatores que caracterizam a manifestação da intenção empreendedora de estudantes universitários na criação de empresas no Brasil.Para isso, utilizou-se como embasamento a teoria do comportamento planejado como enfoque inicial para os demais modelos empíricos de intenção empreendedora apresentado na pesquisa. Metodologicamente é um estudo quantitativo de natureza descritiva. Para a análise dos dados optou-se por uma análise fatorial, com o método de rotação Varimax, para conhecer a carga fatorial de 43 variáveis, incluindo a caracterização dos respondentes, com uma amostra de 540 casos, coletados por meio de um questionário com escala likert de cinco pontos, junto aos estudantes do último ano do curso de administração nas cinco capitais mais populosas do Brasil. Os resultados mostram que os fatores que apresentaram maior influência na intenção empreendedora dos estudantes estão associados à motivação empreendedora e autoeficácia empreendedora, o que ampliam a relevância dos aspectos cognitivos na formação de comportamentos empreendedores. E os demais fatores propostos no estudo mostram suas distintas e discretas influências na formação da intenção dos estudantes. Porém, são factíveis na geração de educação e comportamento para criação de novos negócios.

Palavras-Chave: Intenção empreendedora, Criação de empresas, Motivação empreendedora, Autoeficácia empreendedora

ABSTRACT

This research aims to propose a set of factors that characterize the manifestation of the entrepreneurial intention of university students in business creation in Brazil. For this, was used as a basis of behavior theory as planned initial focus to other empirical models of entrepreneurial intention presented in the survey. Methodologically is a quantitative study of descriptive nature. For the data analysis was chosen by a factor analysis with Varimax rotation method, to know the factor loadings of 43 variables, including the characterization of the respondents, with a sample of 540 cases, collected through a questionnaire with scale Likert five points, with students from the last year of administration in the five most populous cities of Brazil. The results show that the factors that had the greatest influence on an entrepreneurial intention of students are associated with entrepreneurial motivation and entrepreneurial self-efficacy, which increased the relevance of cognitive aspects in the formation of entrepreneurial behavior. And the other factors proposed in the study show its distinct and discrete influences in the formation of the intention of the students. But they are feasible in generating education and behavior to create new businesses

KEY-WORDS: Entrepreneurial Intent, Business creation, Entrepreneurial motivation, entrepreneurial Self-efficacy

1.INTRODUÇÃO

O empreendedorismo é um processo dinâmico de visão, mudanças e criação, que exige determinação e entusiasmo para germinar ideias inovadoras e criativas, capazes de gerar trabalho, riqueza, inovação e sucesso. A atuação empreendedora eleva a eficiência econômica, promove inovação para o mercado e aumenta a capacidade do setor produtivo, por meio da geração de novos empregos (Hunjra, Ahmad, Safwanet al.,2011;Shane, Venkataraman, 2000).

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As particularidades que envolvem as motivações e os comportamentos externalizados pelos indivíduos que idealizam criar seu próprio negócio têm recebido relevante atenção dos governos na destinação de recursos para investimentos educacionais e de infraestrutura. Em outra ótica, tornaram-se objetos de estudos por suas indefinidas atuações regionais (Hunjra, Ahmad, Safwan et al., 2011; Rasliet

al., 2013).

Para Krueger, Reilly, Carsrud et al., (2000), a decisão de se tornar empreendedor é voluntária e consciente; porém, apresenta traços de uma decisão planejada, ficando passível de ser preditiva e explicada por meio das ações comportamentais impressas em atividades empreendedoras desenvolvidas por esses indivíduos que mudam condições regionais com a implantação de novos negócios.

Entretanto, para se concretizar a decisão de abrir uma empresa, é viável que se avaliem as habilidades e competências do indivíduo, que, somadas aos aspectos relacionais, econômicos e sociais impulsionam o indivíduo para a ação, mostrando sua capacidade e o grau de esforço que será necessário deliberar para realização do comportamento em foco.

O princípio geral da teoria psicológica do comportamento planejado, preconizado por Ajzen (1991) defendeu que os comportamentos previstos são intencionais e, portanto, são previstos pela intenção existente para esse comportamento.

Nessa perspectiva, foram surgindo referências à intenção empreendedora como ato predecessor para a criação de uma empresa, enfatizando que a decisão de empreender está relacionada a distintos contextos, que orientam as atitudes e os aspectos motivacionais que estimulam as forças mentais do indivíduo para tal comportamento (Ajzen, 1991; Carvalho, 2004;Krueger, Reilly & Carsrud, 2000; Bird, 1988;Lee et al., 2011;Souza & Silveira, 2016, Santos, et al., 2016).

A motivação do indivíduo postula um conjunto de fatores sociais e cognitivos que potencializa a capacidade de agir nas mais distintas situações. Nesse sentido, as influências motivacionais atuam como agentes indutores da intenção do indivíduo de criar um novo negócio.

Nesse sentido, a intenção de criar um novo negócio prediz a ação empreendedora do indivíduo. Para isso, é necessário identificar quais os fatores que influenciam as intenções de futuros empreendedores. Partindo dessa abordagem, esta pesquisa tem como objetivo geral propor um conjunto de fatores que caracterizam a manifestação da intenção empreendedora de estudantes universitários na criação de empresa no Brasil.

A estrutura do trabalho apresenta cinco seções. Na primeira seção é definida os aspectos introdutórios que contextualizam a pesquisa. Na seção seguinte, é apresentado o aporte teórico sobre o modelo proposto, as hipóteses e os estudos anteriores sobre intenção empreendedora. A terceira seção discorre sobre os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa. A discussão dos resultados está descrita na quarta seção. Na seção final, são sintetizadas as principais conclusões da pesquisa, limitações e propostas de estudos futuros.

2. INTENÇÃO EMPREENDEDORA

A literatura sobre intenção empreendedora enfatiza que a ideia de criar uma empresa é precedida por uma intenção que pode ser executada com base em um planejamento em longo prazo, decidida de acordo com determinada situação, ou formada no percurso da concretização da ideia. A análise da intenção empreendedora, com suas divergências temporais, influencia, embora de forma inconsistente, no comportamento do indivíduo em relação a fundar seu próprio negócio(Davidsson, 1995).

Os estudos deSouza & Silveira (2016),Schlaegel & Koenig (2014);Lortie & Castogiovanni (2015) e Liñán & Fayolle (2013); Santos et al., (2016) mostram que a intenção empreendedora é uma das teorias mais utilizadas na compreensão do comportamento do indivíduo em relação a criação de um empreendimento. Contudo, vale ressaltar que os estudos contemporâneos fazem uma releitura do estudo deAjzen (1991) enfatizando que a Teoria do Comportamento Planejadoexplica uma quantidade maior de variação da intenção empreendedora(Souza & Silveira, 2016)

Os estudos deBird (1988) e Chell (2000)sugerem que a intenção de empreender é determinada pelo estado de espírito, norteado por fatores internos e externos que impulsionam o indivíduo a visualizar um campo de atuação existente ou criar um novo ambiente para desenvolver suas motivações e capacidades empreendedoras.

Nesse sentido, a intenção de empreender é orientada por uma série de variáveis que influenciam na decisão de criação ou na manutenção de negócios existentes. A postura empreendedora é caracterizada por relações que mediam o contexto onde o individuo está inserido e sua capacidade visionária.

Ajzen (1991)afirma que as intenções são delineadas por comportamentos que recebem influencias de três variáveis independentes, sendo a primeira variável a atitude face ao comportamento, ou seja, permite determinar o momento favorável para um determinado comportamento. A segunda variável corresponde ás normas subjetivas que direcionam a percepção do indivíduo em relação ao julgamento

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social dos seus pares. A terceira variável reflete o grau de capacidade de controle individual, com base na sua experiência, impedimentos e obstáculos.

Na ótica deBasu & Virick (2008) a intenção é uma previsão exata do comportamento planejado, especialmente nos casos em que o comportamento é difícil de observar, raro, ou envolve situações temporais imprevisíveis.

A decisão de se tornar um empreendedor não ocorre por reflexos, pode ser atribuída a comportamentos voluntários, conscientes, e de forma intencional. Contudo, é fundamental que seja avaliado o estado de espírito no processo desta decisão. O ato de empreender ocorre no decorrer do tempo, porém, a intenção empreendedora é o passo seminal para iniciar o processo de criação da empresa(Krueger, Reilly, & Carsrud, 2000).

O ato de empreender pode estar associado á exploração de oportunidades, mudanças sociais, políticas, tecnológicas e demográficas.

Segundo Rasli et al. (2013) a intenção empreendedora é um comportamento mental do indivíduo que constantemente é estimulado por características culturais, econômicas e sociais que contribui para o fomento a novos negócios.

Para Hunjra et al. (2011)existem uma diversidade de características que determinam a intenção empreendedora do individuo, sendo que os resultados de uma pesquisa realizada com estudantes em diferentes universidades em Islamabad & Rawalpindi no Paquistão, afirmaram que as principais determinantes que direcionam o indivíduo para a intenção de criar de uma nova empresa, foram atribuídas aos aspectos motivacionais de fatores econômicos e de auto independência.

De forma congruente, um estudo comparativo realizado porNascimentoet al. (2011)com estudantes brasileiros, indonésios e noruegueses, utilizando a metodologia de Kristiansen &Indarti (2004), confirmou que as características comportamentais formadas por lócus de controle, autoeficácia e busca por informações, descrita no modelo deMcClelland (1961)exerce uma significativa predisposição na intenção do indivíduo em abrir seu próprio negócio.

Em outra perspectiva, porém com estudantes,Limaet al. (2014) estudaram o cenário Brasileiro por meio do estudo GUESS Brasil sobre a intenção empreendedora de estudante no nível de graduação e afirmaram a relevância de estudos relacionados a intenção empreendedora no contexto das Instituições de Ensino Superior.

Ainda perspectiva dos estudos nas IES,Souza & Silveira (2016, p.14) desenvolveram um modelo de medida de intenção empreendedora para aplicação em universidades Brasileira mostrando a “testagem do papel mediador da atitude desses alunos pesquisados em relação à intenção empreendedora, no que tange às relações com as normas subjetivas e com o controle do comportamento percebido”.

Os estudantes compõem um grupo de potenciais empreendedores que identificam a ação empreendedora como uma oportunidade significativa de opção de carreira, permeada por idéias inovadoras e criativas, capaz de gerar crescimento e desenvolvimento econômico para qualquer região do país(Basu & Virick, 2008; Kolvereid, 1996).

3. MODELO DA PESQUISA

As percepções teóricas defendidas por Alves(2010), aduzem que os modelos são construções intelectuais, palpites e apostas baseados na crença de que há uma relação de analogia entre o conhecido e o que se deseja conhecer.

Partindo desse direcionamento, os fundamentos teóricos que postulam o modelo de intenção empreendedora, apresentado na figura 1 deste estudo estão sustentados pelos estudos de Ajzen (1985, 1991), Autioet al. (1997), Carvalho (2004), Davidsson (1995), Fishbein&Ajzen (1967), Krueger &Brazeal (1994), Linãn& Chen (2009), Shapero (1982) e outros pesquisadores que disseminam os estudos desses precursores.

Figura 1 - Modelo proposto de intenção empreendedora

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As aspirações dos estudantes em relação ao futuro profissional são permeadas por aspectos superficiais que geram diferentes expectativas comportamentais. Nesse sentido, a ação empreendedora atua como mecanismo de orientação para esses indivíduos que se encontram em processo de formação universitária.

Os estudantes de administração em sua fase de formação superior adquirem conhecimentos que possibilitam diversos percursos profissionais, sendo o empreendedorismo uma das oportunidades presentes e muito semelhante às competências obtidas durante o curso.

4. HIPÓTESES E ESTUDOS ANTERIORES

H1: Existe uma correlação positiva entre os antecedentes pessoais do estudante e a sua intenção

empreendedora

As escolhas profissionais são fundamentadas por aspectos sociais, econômicos e culturais que determinam as atitudes dos indivíduos em relação às suas atividades laborais. Portanto, a identificação ou a criação de novas oportunidades no contexto profissional requer conhecimento, habilidade e experiência, que, somados aos fatores exógenos, formam a intenção de empreender.

De acordo com Greatti et al. (2010), muitos elementos de ordem pessoal e social contribuem para a construção de comportamentos que orientam a vida do indivíduo. Porém, para ingressar no ambiente do empreendedorismo, é fundamental seguir pessoas com referência que possam repassar as experiências exitosas ou deficitárias, que servirão de orientação no processo de tomada de decisão (Filion, 1991).

O cotidiano do indivíduo com comportamento para empreender é permeado por concepções derivadas das suas habilidades, motivações, experiências e cognições, que geram a intenção e, posteriormente, influenciam a formação de atitudes que consolidam a prática empreendedora.

No sentido de identificar argumentos que comprovem uma relação significativa entre a intenção empreendedora do indivíduo e seus antecedentes pessoais, Basu &Virick (2008) realizaram uma pesquisa com estudantes da San Jose State University, cujos resultados apontaram que o comportamento de indivíduos com vínculos afetivos, quando transformado em ações, transforma-se em uma direção de referência para o indivíduo.

No mesmo direcionamento, outras evidências empíricas mostram que a experiência familiar, alinhada a situações de vivência social, com os antecedentes pessoais, produz considerável impacto nos aspectos motivacionais e no desejo do indivíduo de seguir uma carreira empreendedora (Carr & Sequeira, 2007; Chan, 2004).

Empreender exige uma rotina de ações que são estimuladas por comportamentos que eximem o indivíduo de qualquer inércia individual e social. Portanto, sua prática diária deve estar relacionada com as memórias e acontecimentos que provocam ordenadas mudanças na vida das pessoas.

Nesse sentido, os atributos relacionados aos traços da personalidade, experiências anteriores, atitudes, características e recursos financeiros e familiares são considerados promotores dessa ação (Basu &Virick, 2008; Drennan & Kennedy, 2005; Krueger, 1993; Raijman, 2011).

Para Drennan & Kennedy (2005), os indivíduos pertencentes a grupos familiares com experiências empreendedoras apresentam mais tendência a iniciar um novo empreendimento. Essa suposição sustenta a premissa de que o conhecimento adquirido pela convivência no ambiente contribui para que ocorra um planejamento de ações durante todo o processo de preparação e execução do negócio.

Em concomitância, o sentido de liberdade, autonomia e realização eleva a percepção do indivíduo em relação à intenção de abrir um negócio, tornando-o capaz de acreditar no seu potencial para gerir recursos estrategicamente fundamentados no contexto ambiental, com vistas ao fortalecimento de políticas gerenciais que assegurem a sua viabilidade.

No decorrer da formação inicial do indivíduo, alguns aspectos individuais são decisivos na construção do perfil profissional e na consolidação de comportamentos que mobilizem suas ações no cenário social.

Nessa proposta, uma pesquisa realizada pelos teóricos Liñan et al. (2006) observou que os fatores demográficos e contextuais, como idade, sexo e experiência profissional, são aspectos que evidenciam o comportamento do indivíduo para identificar oportunidades e fomentar ideias empreendedoras.

Para Veciana (1999), o grau de formação superior é fator de sucesso empresarial, mas, quando associado ao conhecimento do novo negócio, possibilita que o empreendedor desenvolva estratégias para atingir metas e alcançar objetivos que tenham consonância com o contexto socioeconômico.

Raijman (2011) realizou uma pesquisa com imigrantes mexicanos em estágio embrionário na criação do seu próprio negócio; dentre as especificidades encontradas, destacam-se os recursos da família, na forma de investimentos financeiros, como determinantes na motivação e decisão de um novo negócio.

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Outros estudos evidenciam a área científica do curso, o ano frequentado, os conhecimentos práticos, as características familiares, o reconhecimento de oportunidades, os recursos financeiros disponíveis e, sensivelmente, a educação como fontes de impacto na intenção empreendedora ou na propensão a criar novos negócios (Carvalho, 2004; Franke & Lüthje, 2004; Shepherd & Detienne, 2005; Ahmed, Musarrat & Muhammad, 2012).

As oportunidades empreendedoras surgem da heterogeneidade sociocultural dos indivíduos, que, orientados por suas crenças e valores, exercem um caráter de liderança. E, associados às características individuais, programam ações inovadoras com habilidade e dinamismo, transformando o ambiente socioeconômico por meio da geração de emprego e renda.

H2: Existe uma correlação positiva entre a motivação empreendedora do estudante e a sua intenção

empreendedora

O comportamento humano é guiado por uma multiplicidade de aspectos que salientam a necessidade do indivíduo de viver impulsionado por fatores internos e externos, que estimulam diariamente seu cotidiano pessoal e profissional.

Nesse sentido, a importância da motivação empreendedora na influência da intenção do indivíduo de abrir uma empresa é destacada nos estudos de McClelland (1961), por meio de comportamentos provenientes do desejo de liberdade, independência e necessidade de realização.

Diversas razões ativam e dirigem o comportamento humano. Em relação aos aspectos motivacionais concernentes a uma trajetória empreendedora de sucesso, é possível identificar fatores individuais que motivam o indivíduo a se tornar empreendedor.

A motivação para empreender diverge da interpretação dos fatores individuais de cada empreendedor, e também existe a unicidade entre as características de personalidade. Entretanto, a teoria destaca que as variáveis reconhecimento pessoal, aprovação social, segurança financeira e autonomia são consideradas recorrentes do indivíduo empreendedor (Davidsson, 1995; Maalu, Nzuve & Magutu, 2010).

A decisão de criar um empreendimento e gerenciá-lo de forma competitiva se coaduna diretamente com os aspectos relacionados ao lócus de controle interno, sentimentos de independência, necessidade de realização e propensão a assumir riscos, que, juntos, formam as atitudes do indivíduo e a motivação para empreender (Hisrich & Peters, 2004).

Essas envolventes comportamentais são guias de orientação para a motivação empreendedora do indivíduo que tem a compreensão de que o sucesso é uma consequência de ações formadas e implementadas por valores e competências pessoais.

Muitos fatores internos e externos contribuem para a adoção de atitudes que motivam o indivíduo a criar sua própria empresa. O desejo de liberdade e independência, a resistência a trabalhar em organizações hierárquicas, junto com a autoconfiança e a capacidade de conceber ideias, para transformá-las em oportunidades de negócios, estimulam o empreendedor a trocar a segurança do salário estável pelo risco de um negócio próprio (McClelland, 1987).

A inter-relação dessas características com o reconhecimento pessoal, a autonomia, a percepção da instrumentalidade da riqueza e a aprovação social é um fator que a sociedade e a literatura acadêmica reconhecem como aspecto motivacional preponderante na decisão para a criação de uma empresa (Davidsson, 1995; Veciana, 1999).

Na perspectiva de identificar os comportamentos que direcionam o indivíduo para empreender, Sivarajah & Achchthan (2013) desenvolveram uma pesquisa e concluíram que a motivação para empreender é fundamental para orientar a intenção empreendedora de estudantes de graduação em nível global.

Adicionalmente, Dej (2007) atribui que as intenções empreendedoras com tendência ao sucesso empresarial estão diretamente relacionadas com as características pessoais dos empreendedores, como a necessidade de realização, que indica a intensidade de esforços que o indivíduo é capaz de despender para alcançar o sucesso.

Nesse aspecto, a subjetividade humana prevalece nas diversas classes e culturas, mostrando, por meio do desejo de realização, que o indivíduo, com suas especificidades, traz consigo desejos e sonhos que são desvendados por meio das oportunidades encontradas nos ambientes corporativo e social.

Essa percepção reflete as ideias de McClelland (1972, p. 253), ao afirmar que “uma sociedade que tenha um nível elevado de realização produzirá um maior número de empresários ativos, os quais, por sua vez, darão origem a um desenvolvimento econômico mais rápido”.

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H3: Existe uma correlação positiva entre a autoeficácia empreendedora do estudante e a sua

intenção empreendedora

Bandura (1997) apresentou a teoria da autoeficácia, considerada fator-chave para o sucesso da gestão comportamental, sendo testada e comprovada em vários estudos acadêmicos, que evidenciaram o potencial preditivo da autoeficácia em relação às variável motivação, competência e intenção empreendedora.

Partindo desse cenário, pode-se definir a autoeficácia como o grau de convicção que um indivíduo tem de que pode adotar com sucesso determinado tipo de comportamento necessário para produzir resultados.

Nesse sentido, as crenças determinam o grau de controle do indivíduo sobre o efetivo desempenho de diferentes ações que impactam suas vidas. Portanto, quanto maior a convicção em relação à capacidade de execução de uma ideia, maior a motivação para empreender.

Bandura (1986) defende que o indivíduo tem seus comportamentos guiados por suas crenças de autoeficácia, que são julgadas conforme o nível de confiança e a capacidade de realização de uma tarefa que exige certo grau de performance. Assim, quanto maior a confiança em adotar um comportamento que envolve propensão ao risco, maiores as chances de enfrentar um ambiente de riscos e incertezas.

As crenças de eficácia estão relacionadas não apenas com o exercício do controle sobre a ação, mas também com os fatores individuais, compreendendo motivação, afetividade, segurança e, especificamente, a percepção de que o início de um negócio deve estar fundamentado na credibilidade pessoal.

Para isso, a autoeficácia empreendedora revela que a crença do indivíduo está vinculada não só à motivação, mas também à sua capacidade e potencialidade de planejamento, organização e execução, que influenciam a intenção para a realização de determinada ação, que, ao ser efetivada, promove independência, auto-realização e equilíbrio empresarial e pessoal.

Hashemi et al. (2012) argumentam que a autoeficácia empreendedora expressa a crença do indivíduo em sua capacidade de desempenhar atividades empresariais conectadas com a avaliação das suas competências gerenciais, técnicas e funcionais.

Tal contingência leva a considerar que a autoeficácia atua como um fator determinante nos aspectos motivacionais, que envolvem diretamente a autoestima, a afetividade e a credibilidade, elevando a capacidade do indivíduo para realizar determinados comportamentos baseados nos seus valores e crenças.

Evidências empíricas mostram que a autoeficácia representa um alto fator explicativo na intenção empreendedora do indivíduo e na probabilidade de essa intenção ser concretizada por meio da efetivação de uma ação empreendedora (Boyd &Vozikis, 1994; Kolvereid, 1996; Krueger & Brazeal, 1994).

Nesse sentido, tal expectativa está intrinsecamente orientada pelos fatores do indivíduo que, ao estabelecer metas, sente-se desafiado, tendo, então, sua capacidade impulsionada por sua convicção para a realização. Isso demonstra o grau de autoeficácia em relação às suas escolhas, ao modo de agir e à motivação para a ação.

H4: Existe uma correlação positiva entre o contexto cultural do estudante e a sua intenção

empreendedora

No contexto geral, a cultura é percebida pelos indivíduos por meio da sua história, tradições, normas, valores e crenças, que formam o entendimento da coletividade sobre suas raízes culturais. Ainda são recentes os estudos sobre cultura nacional na influência da atividade empreendedora (Landes, 1953), porém, Berger (1993) postula que a cultura é o condutor, enquanto o empreendedor é o catalisador.

A cultura é analisada por diversas óticas conceituais; porém, na percepção de Mueller & Thomas (2011) é um fenômeno que representa um conjunto subjacente de valores inerentes de um grupo ou sociedade que especificamente molda o comportamento do indivíduo com traços de personalidade que os diferenciam de outros indivíduos ou grupos sociais.

Com uma visão antropológica ampliada, Geertz (1973) define cultura como um padrão de significados transmitidos historicamente entre gerações, por meio dos símbolos e materializados em comportamentos.

Nesse sentido, os aspectos culturais se apresentam para o empreendedor como elementos intangíveis disponíveis para serem identificados e transformados em oportunidades de negócios que geram vantagem competitiva sustentável.

A cultura empreendedora é desenvolvida de acordo com o perfil de cada empreendedor; portanto, a forma como o país ou região dispõe sua cultura favorece mais condições para o empreendedorismo

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coletivo e, consequentemente, a transformação da realidade regional.

É fato que uma comunidade com um elevado nível cultural consegue visualizar e aproveitar melhor o seu potencial produtivo. Segundo Trompenaars (1996), a cultura, quando bem estabelecida, atua como mecanismo para solução de muitos dos dilemas de uma sociedade.

Na perspectiva da ação empreendedora, os teóricos postulam que os valores culturais influenciam o comportamento do empreendedor, impulsionando-o na identificação de oportunidades com base nos costumes e nos valores regionais (Gartner & Shane, 1995). Portanto, os índices de empreendedorismo podem ser influenciados por vários aspectos regionais, como a diversidade da cadeia produtiva e as características sociais formadas pelas crenças e valores dos indivíduos.

Tal argumento corrobora com a ideia de Dolabela (1999) e Schumpeter, (1934) ao afirmarem que o empreendedor é um ser social, produto do meio em que vive, fenômeno regional, que equilibra e destrói a ordem econômica das cidades e regiões por mio da introdução de novos produtos ou serviços ou pela a exploração de novos recursos e materiais.

Uma região com fortes laços religiosos representa um espaço propício de oportunidades para desenvolvimento de atividades empreendedoras voltadas para a cultura da religiosidade, na qual a força do trabalho artesanal se apresenta com mais intensidade.

Short et al. (2010) defendem que as diferenças culturais apresentam implicações para a natureza das oportunidades. Assim, um indivíduo com potencial empreendedor percebe os artefatos culturais de uma região como um celeiro de identificação e exploração de oportunidades para a criação de novos negócios.

O ser humano é um produto social que tende a produzir os modelos nos quais se ambientou. E, por meio das suas características, cria um percurso para planejar e explorar oportunidades com base em seu potencial, no perfil sócio-comportamental e na interdependência sistêmica dos fatores externos que embasam os objetivos e as metas, ampliando suas possibilidades de sucesso empresarial.

De acordo com Thomas & Mueller (2000), as diferenças culturais entre países e regiões têm efeito determinante no comportamento do indivíduo, especificamente na decisão de se tornar profissionalmente independente, por meio da criação de um novo empreendimento.

H5: Existe uma correlação positiva entre a percepção do estudante sobre o contexto econômico e a

sua intenção empreendedora

A dinâmica econômica promovida pela integração de mercados fundamenta o papel do empreendedor como agente de transformação social, por meio da identificação de oportunidades e da expansão de novos empreendimentos, que geram mudanças no setor produtivo, propiciando uma nova ordem para o sistema econômico.

Pesquisadores e economistas reconhecem que as mudanças econômicas nos pequenos e nos grandes centros vêm sendo motivadas pelas ideias inovadoras e criativas, gestadas pelos empreendedores que, com sua capacidade empreendedora, atuam como uma mola propulsora e vital para o progresso econômico (Acs & Audretsch, 2003; Carree et al., 2002; Kirzner, 1973;Oghojafor et al., 2009; Schumpeter, 1934).

Entretanto, as contribuições seminais do papel do empreendedor para a economia são destacadas por Schumpeter (1942) ao correlacionar a figura do empreendedor como agente responsável pela destruição criativa, ou seja, o inovador, que mobiliza e mantém em marcha o motor do capitalismo, criando novos produtos e diferentes métodos inovadores de produção, propiciando o surgimento de novos mercados e, consequentemente, destruindo a ordem econômica vigente, via inserção de modelos organizacionais contemporâneos.

Segundo Kirzner (1973), a partir dessa concepção, o empreendedorismo passou a ser visto na perspectiva de formação de atitude que gera o comportamento inovador, capaz de romper com a rotina, provocando uma destruição no modelo existente e reestruturando-o de forma inovadora e tecnológica para criar um novo significado para o produto ou serviço, e, assim, promover o equilíbrio econômico.

Acs & Audretsch (2003) defendem que esse impacto econômico também é provocado pelas transformações dos fluxos de produtos, processos e tecnologia que mobilizam a ação empreendedora do indivíduo, ocasionando uma atuação que estimula a criação de novos negócios, tornando-se vital para o crescimento econômico e para o fortalecimento das mudanças sociais e, consequentemente, para aumentar a qualidade de vida.

A capacidade empreendedora de uma região apresenta uma relação direta com a diversidade da cadeia produtiva, o que, consequentemente, estimula o indivíduo a identificar suas competências empreendedoras e ajustá-las às potencialidades locais, desempenhando, assim, um papel primordial no desenvolvimento e crescimento econômico regional (Naudé, 2009).

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Nesse sentido, a força empreendedora é mediada pelos fatores ambientais que congregam a capacidade econômica e os conhecimentos técnicos do indivíduo, promovendo novas combinações produtivas que equilibram a economia por meio da geração de renda de novos empreendimentos.

H6: Existe uma correlação positiva entre a percepção do estudante sobre o incentivo institucional e

a sua intenção empreendedora

De acordo com Hynes (1996), a educação para o empreendedorismo deve ser promovida e incentivada de forma contínua e interdisciplinar nas diversas áreas do conhecimento, sendo que os estudantes das escolas de negócios, especificamente, são estimulados a desenvolver ações baseadas na proposta de ingressar no mercado por meio de atividade de cunho gerencial.

Filion (2000) compreende que o espírito empreendedor integra os mais diversos lugares e espaços de forma natural, original e simples. Portanto, a integração com as demais áreas do conhecimento proporciona aos envolvidos uma gama de conhecimentos sobre os aspectos que formam o seu comportamento e o processo de empreender.

Entretanto, as instituições de ensino superior ainda mantêm uma assiduidade na implementação de atividades de estímulo ao empreendedorismo, com práticas direcionadas para estudantes de cursos de Administração ou vinculados a cursos com perfil gerencial. Essa prática pedagógica implica a criação de uma lacuna de fomento à educação empreendedora entre as demais áreas que formam o conhecimento humano.

Na Hisrich & Peters (2004), a educação formal não é determinante para a criação de um negócio, mas possibilita uma imersão em conhecimentos de caráter prático, que possibilitam a apropriação de experiência, especificamente quando essa vivência tem intrínseca relação com o segmento do negócio.

Nessa concepção, os cursos que abordam a educação empreendedora e se utilizam de metodologias como atividades de vivência gerencial, plano de negócio, simulação, feiras e demais práticas despertam no aluno o interesse pelo empreendedorismo.

A diversidade de programas que fomentam a educação empreendedora é desenvolvida especificamente para estimular os estudantes a seguir uma carreira empreendedora. Chen, Greene & Crick (1998) afirmam que os resultados de uma pesquisa realizada com estudantes de MBA em uma faculdade dos Estados Unidos concluíram que o número de cursos de gestão realizados pelos estudantes como apoio profissional influenciou diretamente a sua intenção empreendedora.

De acordo com Martínez, Mora & Vila (2007), a ideia de se tornar empreendedor tem sido mais vigente e atraente para os alunos porque a atuação empreendedora é vista como uma alternativa de ingressar no mercado explorando novos recursos de forma criativa e inovadora, sem perder sua autonomia e independência.

Venesaar, Kolbre & Piliste (2006) propõem que as instituições de ensino superior apresentem, em caráter de urgência, mecanismos que ajudem a direcionar o comportamento dos estudantes para o empreendedorismo, oportunizando mais conhecimentos técnicos por meio de ações que estimulem a geração de ideias para a formação de novos negócios.

Evidências empíricas encontradas nos estudos de Lima, Santos & Dantas (2006) revelam que a educação empreendedora promove o crescimento de novos negócios e a formação da personalidade empreendedora (Paço et al., 2010), que influencia diretamente a atitude e as aspirações do indivíduo (Wang & Wong, 2004), estabelecendo uma relação positiva com a intenção de empreender (Carvalho, 2004).

As perspectivas profissionais defendidas por Filion (2001) consideram que o mercado apresenta fortes tendências a exigir profissionais com mais propensão a adotar comportamentos empreendedores, prevendo a necessidade de formação de empreendedores com características e comportamentos diferenciados, como, por exemplo, os intraempreendedores, os empreendedores socioambientais e os empreendedores institucionais.

Nessa perspectiva, investigações realizadas por Aponte, Urbano &Veciana (2006), Díaz, Hernández & Barata (2004) e Toledano (2006) com estudantes nas universidades da Beira, em Portugal, Porto Rico, Extremadura, Huelva e Catalunha, na Espanha, apontaram para a relevância dos fatores contextuais e educacionais na intenção e motivação dos estudantes universitários na criação de uma empresa.

É imprescindível que as instituições de ensino superior, como órgãos de promoção do empreendedorismo, cumpram sua função social, ao disseminar, por meio dos seus projetos pedagógicos, atividades práticas que estimulem e desenvolvam competências empreendedoras dos estudantes como mecanismos de oportunidades de carreira.

(9)

5. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Com fins de atender os requisitos do objetivo proposto, adotou-se uma pesquisa com abordagem de caráter quantitativo e quanto aos fins tem o norteamento descritivo. O enfoque quantitativo baseia-se na medição numérica e análise estatística para estabelecer padrões e comprovar teorias (Sampieri, Collado & Lucio,2013). Para Acevedo & Noara (2013), a pesquisa descritiva tem como propósito descrever as características de um grupo, bem como especificar propriedades e traços importantes de qualquer fenômeno. A determinação do tamanho da amostra seguiu os critérios utilizado na metodologia de cálculo apresentada por Malhotra (2012) para um grau de confiança de 90% e erro máximo de estimativa de 5%.

No sentido da representação geográfica, definiram-se as cinco unidades federativas do Brasil com mais habitantes, representadas por São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Brasília, por concentrar maior número de instituições de ensino superior, em suas respectivas naturezas pública e privada.

Partindo desse direcionamento, definiram-se como amostra 540 estudantes do último ano do curso de administração, por terem adquirido conhecimentos técnicos e práticos suficientes para uma decisão profissional. O processo de amostragem é não probabilístico (Malhotra, 2012), definido a partir de um universo naturalmente restrito, selecionado por conveniência. A escolha do curso se justifica pelo fato de que os futuros profissionais deverão atuar em um mercado com mais probabilidade de formação de novos negócios do que pela oportunidade de um emprego tradicional.

Para a elaboração do questionário utilizou-se seis fatores que formam o modelo da pesquisa que foram denominados de: antecedentes pessoais, motivações empreendedoras, autoeficácia empreendedora, contexto cultural, contexto econômico, Incentivo institucional e intenção empreendedora, que é considerada o comportamento seminal, que determina a decisão do indivíduo em abrir seu próprio negócio (Lee et al, 2011).

Os dados foram coletados por meio de um questionário com uma escala likert de cinco pontos variando de um “discordo totalmente” até cinco “concordo totalmente”. Esse modelo é muito utilizado em estudos na área das Ciências Sociais, considerado de fácil compreensão para os respondentes (Malhotra, 2012).

Para compreensão dos dados, utilizaram-se os métodos de análise fatorial, que, segundo Hair et al. (2009) constitui uma técnica de interdependência na qual todas as variáveis são simultaneamente consideradas, cada uma relacionada com todas as demais, empregando ainda o conceito de variável estatística, a composição linear das variáveis.

Seguindo as orientações de Corrar, Paulo & Dias Filho (2012), para que ocorra uma efetivação satisfatória na análise fatorial, é essencial apresentar uma correlação entre as variáveis acima de 0,3, já que o resultado inferior inviabiliza a realização da análise.

Portanto, com vistas a atender o objetivo proposto, realizou-se inicialmente a aplicação da análise fatorial dos componentes principais e a análise de confiabilidade (consistência interna), para identificação dos aspectos determinantes do modelo proposto. Uma medida principal utilizada para avaliar o modelo de mensuração, além do exame das cargas para cada indicador, é a confiabilidade composta de cada construto (Hair et al., 2009). A confiabilidade composta descreve o grau em que os indicadores representam o construto latente em comum. Um valor de referência comumente usado para confiabilidade aceitável é 0,70.

Para obtenção de tais resultados, os dados foram lançados na planilha eletrônica Excel. Posteriormente, utilizou-se o aplicativo StatisticPackage for Social Sciences(SPSS®), versão 26, considerado um dos softwares de mais aceitação na área das ciências sociais aplicadas.

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Definiu-se para essa etapa da pesquisa, primeiramente apresentar a caracterização da amostra, composta pelos atributos pessoais e socioeconômicos dos estudantes. Na segunda etapa discute-se o teste de Alfa de Cronbach e a matriz rotada do fator com as respectivas análises das cargas fatoriais, apresentando as variáveis que formam o fator. Na terceira etapa apresenta-se o teste de correlação das hipóteses, para conhecer a grau de correlação das variáveis do modelo com a variável dependente, o que possibilita a aceitação e/ou refutação das hipóteses do pesquisador.

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6.1.Caracterização da amostra

Os estudantes participantes da pesquisa correspondem a 43% da IES privadas, localizadas na cidade de São Paulo, sendo 54,4% estudantes do sexo feminino. 59,2% tem idade entre 21 a 25 anos; 88,1% estudam a noite, sendo que 71,5% estudam e trabalham e 88,1% não possuem empresa. Ao fazer uma análise com os resultados do relatório GEM (2014) observa-se uma alta congruência entre a caracterização dos respondentes e tais resultados.

6.2.Coeficiente de Alfa de Cronbach

Avaliou-se a confiabilidade das dimensões do modelo da pesquisa, usando o Coeficiente de Alfa de Cronbach, e aceitos por apresentarem um alfa superior a 0,7%, seguindo as orientações estatísticas de HAIR et al. (2009), que consideram como padrão de fidedignidade um alfa igual ou superior a 0,7%. Quadro 1– Coeficiente de Alfa de Cronbach

Fator Dimensão Alfa de Cronbach

1 Antecedentes pessoais 0,85 2 Motivação empreendedora 0,75 3 Autoeficácia empreendedora 0,71 4 Contexto cultural 0,77 5 Contexto econômico 0,84 6 Incentivo institucional 0,81

Fonte: Elaborado pelos autores 6.3.Análise fatorial

A disposição dos dados da matriz com rotação Varimax na tabela 01segue a coerência teórica de Corrar, Paulo & Dias Filho et al. (2012), ao considerar significantes as cargas fatoriais superiores ou iguais a 0,6, por representar o impacto real mínimo das variáveis.

Tabela 1 – Matriz de rotada de fator

Variável Enunciado Dimensões de Análise

Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6

V1

A tradição empresarial da minha família influencia a decisão de criar minha própria empresa

0,775

V2

Minha experiência profissional permite criar minha própria empresa

0,401

V3

O reconhecimento social da minha família influencia a minha decisão de criar uma empresa

0,726

V4

O patrimônio da minha família influencia a decisão de criar minha própria empresa

0,778

V5

O patrimônio criado pela minha família com atuação empreendedora influencia a decisão de criar minha própria empresa

0,804

V6

Minha idade influencia a decisão de criar minha própria empresa

0,337

V7

Pretendo abrir minha empresa para realizar uma missão social

0,707

V8 Pretendo abrir minha

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Tabela 1 – Matriz de rotada de fator

Variável Enunciado Dimensões de Análise

Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 exemplos de pessoas de

sucesso que admiro V9

Pretendo abrir minha empresa porque quero ter mais segurança no futuro

0,694

V10

Pretendo abrir minha empresa porque quero construir algo que possa ser reconhecido socialmente

0,663

V11

Pretendo abrir minha empresa para pôr em prática minhas próprias ideias

0,408

V12

Se eu criasse minha empresa, teria alta probabilidade de sucesso

0,548

V13

Conheço os detalhes técnicos necessários para criação de uma empresa

0,812

V14

Tenho conhecimento suficiente para iniciar um negócio com alta viabilidade

0,782

V15

Considero a carreira de empreendedor adequada para minha personalidade

0,405

V16

A cultura familiar influencia a minha decisão de abrir uma empresa

0,346

V17

A religiosidade influencia a minha decisão de abrir uma empresa

0,679

V18

A diversidade cultural da região influencia a minha decisão de criar uma empresa

0,772

V19

As manifestações culturais (Carnaval, festas juninas) influenciam a minha decisão de criar uma empresa

0,645

V20

Uma referência social (empreendedor) influencia a minha decisão de criar uma empresa

0,377

V21

Incentivos oferecidos pelo governo influenciam a minha decisão de criar uma empresa

0,638

V22

O desenvolvimento local influencia a minha decisão de criar uma empresa

0,722

V23

A diversidade da cadeia produtiva da região influencia a minha decisão de criar uma empresa

0,708

V24

A estabilidade da moeda influencia a minha decisão de criar uma empresa

0,696

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Tabela 1 – Matriz de rotada de fator

Variável Enunciado Dimensões de Análise

Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 influencia a minha decisão

de criar uma empresa V26

O acesso a novas tecnologias influencia a minha decisão de criar uma empresa

0,554

V27

Algumas disciplinas de meu curso ofertam

conhecimentos suficientes para a criação de uma empresa

0,599

V28

Minha instituição de ensino me prepara para seguir uma carreira empreendedora

0,744

V29

As atividades práticas desenvolvidas no meu curso me possibilitam

oportunidades para ser empreendedor

0,693

V30

O curso me oportuniza ações de incentivo para criar a minha própria empresa

0,77

V31

A Instituição de ensino apoia a criação de empresas pelos estudantes

0,624

V32

As parcerias da minha instituição de ensino com instituições que representam a classe empresarial e as pequenas e médias empresas fortalecem a decisão dos alunos de criar suas próprias empresas

0,599

Fonte: Elaborada pelos autores

A associação das cargas fatoriais está representada por fatores denominados fator bloco que correspondem à formação do modelo da pesquisa.

Fator 1 – Antecedentes pessoais

As variáveis que formaram o fator antecedentes pessoais estão apresentadas em ordem decrescente, seguindo o critério de maior carga fatorial para as variáveis V5 (O patrimônio criado pela minha família com atuação empreendedora influencia a decisão de criar minha própria empresa) V4 (O patrimônio da minha família influencia a decisão de criar minha própria empresa), V1 (A tradição empresarial da minha família influencia a decisão de criar minha própria empresa) e V3 (O reconhecimento social da minha família influência a minha decisão de criar uma empresa).

A convergência das variáveis com maior carga fatorial mostra a influência das normas subjetivas (Ajzen, 1991), representadas pela referência familiar como agente norteador das ações e percepções comportamentais do indivíduo em relação à decisão de integrar suas intenções e criar uma empresa.

Nesse sentido, pode-se dizer que o contexto familiar se apresenta como um celeiro de normas e crenças que guiam o comportamento do indivíduo com base em orientações predefinidas, que, em congruência com seus modelos mentais e paradigmas sociais, personificam sua atuação no ambiente profissional.

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As cargas fatoriais que formam o Fator 2 – Motivação empreendedora estão representadas pelas variáveis V8 (Pretendo abrir uma empresa porque quero seguir exemplos de pessoas de sucesso que admiro), V7 (Pretendo abrir uma empresa para realizar uma missão social), V9 (Pretendo abrir uma empresa porque quero ter mais segurança no futuro) e V10 (Pretendo abrir uma empresa porque quero construir algo que possa ser reconhecido socialmente).

Esses indicadores mostram que a motivação que conduz o indivíduo para a ação empreendedora é guiada por comportamentos que são fundamentados pelos valores, crenças, independência, segurança, satisfação e realização pessoal (Chiesa & Piccaluga, 2000; Bird, 1988).

Shane (2003) argumenta que existem vários elementos indutores na decisão de criar uma empresa, porém o perfil do indivíduo deve estar enquadrado em duas categorias, uma de ordem psicológica e a outra orientada para a carreira. Partindo dessa visão, os estudantes compreendem claramente os fatores que motivam sua intenção empreendedora. No enquadramento psicológico, estão as variáveis V8, V7 e V10, enquanto a V9 se relaciona com a orientação de carreira.

Nesse sentido, a motivação cumpre o papel de ativar e orientar o comportamento do indivíduo, com base em atributos adquiridos na formação profissional e mediados por fatores individuais estabelecidos a partir das características de sua personalidade.

Fator 3 – Autoeficácia empreeendedora

As cargas fatoriais de mais representatividade que formam o Fator 3 correspondem às variáveis, V13 (Conheço os detalhes técnicos necessários para criação de uma empresa) e V14 (Tenho conhecimento suficiente para iniciar um negócio com alta viabilidade).

Os fatores identificados mostram o grau de percepção positiva dos estudantes em relação às suas habilidades e conhecimentos. Essas afirmações refletem as convicções das suas crenças. Para Bandura (1986), o indivíduo com um nível elevado de autoeficácia estabelece metas para si mesmo, sabe reagir aos eventuais fracassos, tem persistência e determina o grau de esforço para realização das suas atividades.

A autoeficácia é uma ferramenta comportamental decisiva para uma bem-sucedida atuação empreendedora. Assim, quanto maior a confiança do indivíduo na sua capacidade para desenvolver uma atividade, mais fácil a sua execução. Para Chen, Greene & Crick (1998), por meio da autoeficácia é possível definir o nível de capacidade empreendedora do indivíduo.

As crenças da autoeficácia são construídas à medida que o indivíduo acredita no seu potencial de ação; assim, as decisões são baseadas de acordo com sua predição em relação ao seu desempenho. Nesse sentido, os indivíduos com mais percepção da sua autoeficácia tornam-se capazes perseguir e persistir em uma determinada atividade, por se considerar com competência para efetivação de tal ação.

Akmaliah & Hisyamuddin (2009) realizaram uma pesquisa com estudantes da Malásia, em que a autoeficácia apresentou um impacto superficial na intenção de abrir uma empresa. Enquanto os estudantes pesquisados demonstraram um elevado grau de confiança, os estudantes da Malásia não apresentaram confiança suficiente para ingressar na carreira empreendedora. Tal resultado implica a compreensão de que para empreender, exige-se mais do que ideias e oportunidades, sendo essencial que o indivíduo tenha percepção, crença e expectativa das suas ações.

Fator 4 – Contexto cultural

As cargas fatoriais consideradas mais significativas que formam o Fator 4 – Contexto cultural estão representadas pelas variáveis V18 (A diversidade cultural da região influencia a minha decisão de criar uma empresa), V17 (A religiosidade influencia a minha decisão de abrir uma empresa) e V19 (As manifestações culturais (Carnaval, festas juninas) influenciam a minha decisão de criar uma empresa).

As variáveis com mais carga fatorial se relacionam com os valores organizacionais e sociais disseminados pelas relações entre grupos. Para Short et al. (2010), os artefatos culturais de uma região possibilitam a identificação de oportunidades para a criação de novos empreendimentos. Nesse sentido, pode-se aferir que esses fatores estão diretamente relacionados com esses artefatos que influenciam o comportamento e a ação do indivíduo, especificamente na decisão de abrir uma empresa.

Fator 5 – Contexto econômico

As cargas fatoriais de mais representatividade no Fator 5, que forma o contexto econômico, estão relacionadas com as variáveis V25 (A infraestrutura regional influencia a minha decisão de criar uma empresa), V22 (O desenvolvimento local influencia a minha decisão de criar uma empresa), V23 (A diversidade da cadeia produtiva da região influencia a minha decisão de criar uma empresa), V24 (A

(14)

estabilidade da moeda influencia a minha decisão de criar uma empresa) e V21 (Incentivos oferecidos pelo governo influenciam a minha decisão de criar uma empresa).

Os altos coeficientes apresentados nessas variáveis mostram que os aspectos econômicos e estruturais da gestão pública produzem um efeito positivo na criação de empresas. Essa visão é perceptível nos estudos de Acs & Armington(2002), ao relacionar o empreendedorismo com o desenvolvimento econômico das regiões.

Nesse sentido, os fatores externos representados pela capacidade técnica e ambiental da região, em conformidade com a imagem econômica, impulsionam o indivíduo a visualizar oportunidades, identificar as potencialidades locais e promover o crescimento por meio da criação de novos empreendimentos. Fator 6 – Incentivo institucional

As cargas fatoriais que formam o Fator 6 – Incentivo institucional apresentam concentração nas variáveis V28 (Minha instituição de ensino me prepara para seguir uma carreira empreendedora), V29 (As atividades práticas desenvolvidas no curso me possibilitam oportunidades para ser empreendedor) e V31 (A instituição de ensino apoia a criação de empresas pelos estudantes).

Essas afirmações indicam que as instituições de ensino superior devem adequar de forma contínua as suas práticas pedagógicas como mecanismo de orientação para a formação de novos empreendedores. Para Wilson, Kickul & Genderet al. (2007), a educação para o empreendedorismo eleva o interesse dos alunos em seguir uma carreira empreendedora.

Partindo desse direcionamento, é imprescindível que as instituições de ensino superior utilizem metodologias que desafiem os alunos a tomar decisões diante de situações que retratem o real mundo das organizações, o que contribuirá fortemente para a formação de empreendedores com menos propensão ao risco e com elevados níveis de intenção empreendedora.

Na percepção de Venesaar, Kolbre & Piliste et al.(2006), os conhecimentos repassados pelas instituições de ensino superior e os métodos utilizados para tal implementação ajudam a desenvolver o comportamento empreendedor e estimulam a intenção de investir na carreira empreendedora. Nesse sentido, é fundamental a implantação de metodologias que se assemelhem a situações reais vivenciadas no cotidiano do mercado.

6.4. Comprovação das hipóteses Tabela 2 – Valor da correlação “r”

Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 Bloco 5 Bloco 6 Bloco 7

Bloco 1 1 0,404 0,501 0,625 0,562 0,502 0,357 Bloco 2 0,404 1 0,442 0,335 0,364 0,272 0,598 Bloco 3 0,501 0,442 1 0,443 0,405 0,463 0,526 Bloco 4 0,625 0,335 0,443 1 0,617 0,460 0,298 Bloco 5 0,562 0,364 0,405 0,617 1 0,501 0,318 Bloco 6 0,502 0,272 0,463 0,460 0,501 1 0,232 Bloco 7 0,357 0,598 0,526 0,298 0,318 0,232 1 Fonte: Elaboradapelosautores

Nota: * Todas as correlações são estatisticamente significantes com p<=0,01.

“r” entre 0 e 0,33 = baixa correlação; “r” entre 0,34 e 0,66 = média correlação; “r” entre 0,67 e 1,00 = alta correlação.

Com base na tabela 2, observa-se que a hipótese 2, (motivação empreendedora) apresentou uma alta correlação positiva em relação à intenção empreendedora, sendo, portanto, confirmado para este estudo que os fatores individuais relacionados a segurança, reconhecimento social, missão social, referências de pessoas de sucesso e possibilidade de aplicar conhecimentos práticos implicam positivamente a intenção dos estudantes de se tornar empreendedores.

Esses achados apresentam consonância com os resultados da pesquisa realizada por Hunjra, Ahmad &Safwan et al. (2011) com estudantes em diferentes universidades de Islamabad e Rawalpindi, no Paquistão, ao revelarem que os principais fatores que direcionam o indivíduo para a criação de uma empresa estão diretamente vinculados aos aspectos motivacionais, fatores econômicos, autoindependência e segurança.

Em adição, Dej (2007) defende que as características pessoais dos empreendedores têm sido frequentemente relacionadas com as intenções e o sucesso do empreendedor. Nessa ótica, a postura empreendedora identificada na pesquisa é caracterizada pelas relações que mediam o contexto onde o indivíduo está inserido e por sua capacidade criativa e visionária, que os torna um gerador e executor de ideia antes imperceptíveis.

(15)

A Hipótese 3, mostrou uma alta correlação positiva com a autoeficácia e a intenção empreendedora, sendo confirmada como significativa para os direcionamentos da ação empreendedora dos estudantes. Nesse sentido, as crenças relacionadas à capacidade de execução de uma atividade que envolve as competências necessárias para a formação de um negócio competitivo foram percetivelmente demonstradas pelos estudantes.

Para Leite (2011), quanto maiores as crenças de autoeficácia de um indivíduo, maior a sua intenção empreendedora. Nesse sentido, Boyd &Vozikis (1994, p. 73) afirmam: "as pessoas que têm crenças fortes sobre as suas capacidades serão mais persistentes em seus esforços e vão exercer maior desempenho para dominar um desafio".

Nessa perspectiva, os indivíduos com mais percepção sobre as suas competências apresentam autoeficácia positiva para abertura de uma empresa, por exercer controle sobre suas convicções. Assim, o indivíduo acaba por fazer um julgamento das próprias capacidades de executar cursos de ações exigidos para atingir certo grau de desempenho (BANDURA, 1986).

As demais hipóteses do estudo apresentaram baixa correlação com a intenção empreendedora, portanto, optou-se para justificá-las nas considerações finais.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fomento ao empreendedorismo por meio da educação empreendedora vem sendo estimulado nas instituições de ensino como um dos fatores geradores de conhecimento e formação de traços comportamentais que direcionam o indivíduo para a criação de novos negócios.

Definida a base teórica e apresentada a motivação do estudo, foram estabelecidas hipóteses sobre as relações entre esses conceitos. O conjunto de hipóteses resultou em um modelo de relações entre as variáveis independentes formadas pelos fatores antecedentes pessoais, motivação empreendedora, autoeficácia empreendedora, contexto cultural, contexto econômico e incentivo institucional, e a variável dependente intenção empreendedora.

Por meio do teste de correlação linear de Pearson,verificou-se a medida de relação entre as variáveis, sendo que as dimensões motivação empreendedora e autoeficácia empreendedora apresentaram alta correlação, enquanto a dimensão antecedentes pessoais apresentou média correlação, sendo que as dimensões contexto cultural, contexto econômico e incentivo institucional apresentaram uma correlação de qualificação baixa, demonstrando pouca contribuição para a formação da intenção empreendedora dos estudantes.

Em relação às dimensões motivação empreendedora e autoeficácia empreendedora, com uma alta correlação positiva, mostram como importantes dimensões dos fatores individuais na predição da intenção e da atitude em relação ao empreendedorismo, confirmando que os estudantes percebem o apoio social como ação mediadora para a intenção de se tornar empreendedor. Em complemento, é possível identificar que os estudantes possuem controle sobre sua vontade de realizar o comportamento e também se consideram capazes de realizar determinado comportamento, se assim o desejarem.

No que se refere á dimensão cultural, é possível observar a existência de uma lacuna em relação a percepção dos estudantes quanto as oportunidades de caráter empreendedoras oportunizadas a partir dos artefatos culturais presentes em suas regiões, das potencialidades e estratégias do mercado e dos valores familiares para empreender.

Sobre a dimensão contexto econômico, pode-se afirmar que mesmo diante de vários mecanismos informacionais do poder público em concomitância com os resultados dos investimentos apresentados por meio do crescimento e desenvolvimento econômico da região, ainda mostram incipiência em relação aos indicadores essenciais, capazes de influenciar na intenção empreendedora dos estudantes pesquisados.

Quanto á dimensão incentivo institucional, os resultados indicam que, em geral, os estudantes se envolvem com as atividades práticas, mas não apresentam uma atitude positiva em relação aos mecanismos pedagógicos de aprendizagem e aos recursos didáticos desenvolvidos pelas instituições de ensino como elementos norteadores da prática empreendedora.

Nesse sentido, este estudo, ao atender aos objetivos propostos, confirma sua relevância como instrumento norteador para as pesquisas sobre a intenção e os comportamentos imprimidos pelos indivíduos que visam à carreira empreendedora.

Percebe-se, que, embora, estudos consolidam o ambiente de ensino superior como um espaço promotor de ações práticas que evidenciam o comportamento dos estudantes em relação à educação para o empreendedorismo, os resultados apontam uma baixa implicação na influencia dos estudantes pesquisados de se tornar empreendedor.

Ademais, o modelo se mostra adequado, com clara identificação de uma parcela considerável de estudantes participantes da pesquisa com intenção de criar suas próprias empresas.

(16)

A intenção empreendedora é uma área em ascensão de pesquisa dentro do campo do empreendedorismo, sendo que, no Brasil, ainda é uma área com pouca visibilidade em relação a resultados empíricos, o que provocou forte impacto em relação à comparação deste estudo com outros resultados nacionais.Outro fator a considerar é que apesar de a amostra escolhida se assemelhar ao perfil de novos empreendedores, não se pode garantir que ela seja a melhor representação dessa categoria.

Preconiza-se, ainda, o desenvolvimento de outros estudos comparativos entre o Brasil e outros países emergentes.Recomendam-se, assim, estudos com o intuito de replicação do modelo proposto nesse estudo, levando em conta os aspectos sociais das menores regiões do país, bem como a verificação da sua aplicabilidade em outros contextos institucionais.

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