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São termos usados para designar ação ou efeito de alguém (indivíduo ou grupo) se autovitimar ou vitimizar outrem (indivíduo ou grupo).

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va ld e n ia b ri to @ ya h o o .c o m .b r Vítima

• O conceito de vítima, gramaticalmente, significa pessoa ou animal destinado ao sacrifício; pessoa injustamente condenada à morte; sacrificada. Sob o aspecto etimológico, vítima é oriundo do verbo vincere, que significa atar, amarrar.

Vitimização, Vitimação ou Processo Vitimizatório

• São termos usados para designar ação ou efeito de alguém (indivíduo ou grupo) se autovitimar ou vitimizar outrem (indivíduo ou grupo).

• No processo de vitimização, salvo no caso de autovitimização quando ocorre a autolesão, necessariamente, encontra-se a clássica dupla vitimal, ou seja, de um lado, o vitimizador (agente) e de outro a vítima (paciente).

Segundo Ester Kosovski, a partir de uma visão antropológica, a vítima é vista como “sacrifício humano aos deuses, para aplacar sua ira ou pedir suas ‘benesses’ através da oferenda da vida humana, depois substituída pela de animais, para a expiação dos pecados dos grupos”.1 O conceito de vítima não

tem sido pacífico entre os autores. Tem havido interpretações diversas e no que diz respeito à origem da palavra não há unanimidade. Com a idéia de que a palavra vítima vem do latim, muitos estudiosos não estão de acordo.

No aspecto jurídico, a vítima é o sujeito passivo do ilícito penal, principal ou secundário. Os autores com uma visão mais moderna sobre o tema, dizem que é necessário evitar identificar a vítima como sujeito passivo.

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Benjamim Mendelson, considerado o sistematizador da vitimologia, definia o conceito de vítima como ”a personalidade do indivíduo ou da coletividade à medida que está afetada pelas conseqüências sociais de seu sofrimento determinado por fatores de origem muito diversificada; físico, psíquico, econômico, político ou social, assim como do ambiente natural ou técnico”.2

Edgar de Moura Bittencourt prefere conceituar a vítima buscando o sentido originário, o sentido jurídico geral, o sentido jurídico-penal restrito e o sentido jurídico-penal amplo. Quais sejam:

1".Sentido originário: no qual a vítima se explicaria enquanto pessoa ou animal que sofre resultados infelizes dos próprios atos, dos atos praticados por outrem ou de fenômenos do acaso;

2. Sentido jurídico-geral: quem sofre diretamente uma ofensa ou ameaça de ofensa a um bem tutelado pelo direito;

3. Sentido jurídico-penal restrito: entendido estritamente como aquele que sofre diretamente as conseqüências da violação da norma penal;

4.Sentido jurídico-penal amplo: de caráter abrangente, acolhe tanto o indivíduo quanto a comunidade, que também sofre diretamente as conseqüências do crime”.3

Diante dos vários sentidos apresentados pelo autor, com o objetivo de não ficar preso ao conceito restrito e limitado de vítima ou mesmo buscando um sentido jurídico penal geral, ainda assim, não consegue apresentar a diversidade de papéis que ela pode desempenhar e ocupar na realidade jurídica penal.

2

Vitimologia e tendências da sociedade contemporânea, ILANUD, nº10. São José, Costa Rica, 1981. p. 58.

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No caso específico dos códigos penal e processual penal, percebe-se que não há um critério rígido para o uso dos termos vítima, ofendido e lesado, que são apresentados indistintamente, o que mostra pouca preocupação do legislador com os termos. No caso específico do CPP, usa-se a expressão lesado uma única vez (art. 91, inciso II). O CPP ainda usa outro termo “pessoa ofendida”. Eduardo Mayr tem “considerado de boa técnica usar a expressão ‘vitima’ , quando dos crimes contra a pessoa; ‘lesado’, nos crimes contra o patrimônio; ‘ofendido’, nos crimes contra a honra”.4

No estudo da tipologia das vitimas, como diz Heitor Piedade Júnior, busca-se mostrar que a vítima de crime nem sempre é uma pessoa inocente. A vítima pode ter papel relevante na conduta do agente.

A tipologia contribui, também, para uma compreensão mais abrangente da problemática criminal, levando em consideração as circunstâncias relacionadas com as vítimas.

Na literatura especializada, há uma série de tipologias de vítimas sob os mais diversos aspectos e aqui será dada ênfase a algumas, consideradas as mais debatidas ou, até mesmo, polêmicas.

Benjamim Mendelson, fundador da Vitimologia, elenca três grandes grupos de vítimas:

“Vítima inocente ou ideal: é aquela que não teve nenhuma participação na produção do fato delituoso;

4

Atualidades vitimológicas, artigo publicado na obra coletiva Vitimologia em debate. Rio de Janeiro: Forense,1990. p. 11. Apud Heitor Piedade Júnior. A Vítima e o processo penal. Op. cit. nº93.

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Vítima provocadora, imprudente, voluntária e ignorante: é aquela que tem como característica a flagrante participação dos perseguidos pelo autor;

Vítima agressora, simuladora e imaginária: considerada suposta vítima; considerada co-autora do fato lesivo ou do resultado perseguido pelo autor”. 5

Hans Von Hentig, propõe a tipologia de vítimas resistentes e cooperadoras. A primeira seria o caso, como exemplo, de um homicídio em legítima defesa; a segunda seria aquela “ que é examinada de acordo com a ordem do bem jurídico tutelado”.6

Guglielmo Gulotta critica as tipologias de Mendelsohn e de Von Hentig. Tecendo considerações sobre o primeiro autor, diz da dificuldade de objetivar o que seria vítima culpável e mensurar a graduação de sua culpabilidade. Quanto ao segundo, expressa que na tipologia criada há uma propensão vitimológica nas diversas categorias.

Guglielmo Gulotta, na sua obra, “A Vítima”, propõe uma tipologia de vítima, entre a considerada falsa e a real. Na falsa, subdivide em vítima simulada e imaginária. Na real, subdivide em fungível e não fungível. Na vítima simulada, o que há é uma falsa acusação por motivos vários; entre outros, o de vingança. A vítima imaginária não tem clara a não-existência do delito. Já a vítima fungível é aquela que não tem relação com o autor e o fato delituoso é um produto exclusivo do comportamento deste. Já a vítima infungível é aquela cujo comportamento, mesmo involuntariamente, tem a ver com o do agente.

Luis Jiménez de Asúa, dizia que as vítimas podem ser as indiferentes, indefinidas ou inominadas e vítimas determinadas a que o autor se dirige de

5

BITTENCOURT. Edgar de Moura. Vítima. São Paulo: Editora Universitária de Direito Ltda, 1998. p. 88.

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modo direto. As indeterminadas, são aquelas cuja condição social, como idade e sexo, não importa.

Heitor Piedade Jr. expressa:

“A partir das pesquisas de Mendelson e outros, precursores e seguidores, começou-se a concluir que, no processo de esclarecimento da dinâmica do crime, tão importante quanto o vitimário, era essa personagem, até então totalmente desconhecida, ou seja, a vítima”.7

Elías Neuman propõe uma tipologia bem abrangente, enquadrando não só indivíduos, mas chega a contemplar nações, meio ambiente. Classifica as vítimas em: 1. individuais; 2. familiares; 3. coletivas; e 4.da sociedade e do sistema.

Marwin Wolfgang, apresenta uma tipologia de vitimização que, no entendimento de Heitor Piedade Júnior, cria uma outra tipologia de vítima, a saber: vitimização primária, secundária, terciária e mútua. A primeira é utilizada quando se refere ao indivíduo; a segunda, “a vítima é impessoal, comercial e coletiva, mas não é tão difusa a ponto de incluir a comunidade como um todo”;8 a terciária diz respeito a toda a comunidade; e, por fim, a

mútua que tem a ver com os casos em que os “participantes estão engajados em atos mutuamente consensuais, como por exemplo, o adultério ou o chamado rapto consensual “9

VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA E VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA

a) PRIMÁRIA – ocorre quando a vítima sofre a conduta do criminoso.

7

A vítima e o processo penal. In:___,MAYR, Edurado, KOSOVSCK, Ester ( Coords).

Vitimologia em debate II. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997. p. 91.

8

Heitor Piedade Júnior. Vitimologia. Op cit. p. 101

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c) SECUNDÁRIA – ocorre posteriormente, quando a vítima sofre as agruras da investigação criminal e do Processo-Crime. Ex.: vítima acusada pelo advogado do réu de haver provocado o estuprador; vítima maltratada por agentes públicos; riscos para a vítima ocorridos pós-delito.

Direitos da Vítima pela Declaração da ONU: Acesso à justiça e tratamento eqüitativo

4. As vítimas devem ser tratadas com compaixão e respeito pela sua dignidade.

Têm direito ao acesso às instâncias judiciárias e a uma rápida reparação do prejuízo por

si sofrido, de acordo com o disposto na legislação nacional. 5. Há que criar e, se necessário, reforçar mecanismos judiciários e

administrativos que permitam às vítimas a obtenção de reparação através de procedimentos, oficiais ou oficiosos, que sejam rápidos, eqüitativos, de baixo custo e

acessíveis. As vítimas devem ser informadas dos direitos que lhes são reconhecidos para

procurar a obtenção de reparação por estes meios.

6. A capacidade do aparelho judiciário e administrativo para responder às necessidades das vítimas deve ser melhorada:

a) Informando as vítimas da sua função e das possibilidades de recurso abertas, das datas e da marcha dos processos e da decisão das suas causas, especialmente quando se trate de crimes graves e quando tenham pedido essas informações;

b) Permitindo que as opiniões e as preocupações das vítimas sejam apresentadas e examinadas nas fases adequadas do processo, quando os seus interesses pessoais estejam em causa, sem prejuízo dos direitos da defesa e no quadro do sistema de justiça penal do país;

c) Prestando às vítimas a assistência adequada ao longo de todo o processo; d) Tomando medidas para minimizar, tanto quanto possível, as dificuldades encontradas pelas vítimas, proteger a sua vida privada e garantir a sua

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segurança, bem como a da sua família e a das suas testemunhas, preservando-as de manobras de intimidação e de represálias;

e) Evitando demoras desnecessárias na resolução das causas e na execução das decisões ou sentenças que concedam indenização às vítimas.

7. Os meios extrajudiciários de solução de diferendos, incluindo a mediação, a arbitragem e as práticas de direito consuetudinário ou as práticas autóctones de justiça,

devem ser utilizados, quando se revelem adequados, para facilitar a conciliação e obter

a reparação em favor das vítimas.

Obrigação de restituição e de reparação

8. Os autores de crimes ou os terceiros responsáveis pelo seu comportamento Conceito de Criminalidade

A Criminalidade é o conjunto dos crimes socialmente relevantes .

A Violência é o uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra a outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

A violência contra si mesmo inclui comportamento suicida e autodestrutivo, tal como a mutilação.

A violência interpessoal divide-se em duas categorias:

• Violência familiar e íntima – violência entre membros da mesma família e parceiros íntimos, em geral, mas não exclusivamente, tendo lugar no lar.

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• Violência Comunitária – violência entre indivíduos sem laços de parentesco, que podem conhecer-se ou não, geralmente tendo lugar fora do lar.

• Ex: estupros, agressão sexual e outros contextos institucionais, tais como escolas, locais de trabalho, prisões etc.

Violência Coletiva – é a violência exercida por pessoas que se identificam como membros de um grupo contra outro grupo ou conjunto de indivíduos, para atingir objetivos políticos, econômicos ou sócias.

• Conflitos armados dentro ou entre Estados, genocídio, repressão etc.

Criminalização Primária e Secundária

• Todas as sociedades contemporâneas que institucionalizam ou formalizam o poder (Estado) selecionam um reduzido número de pessoas que submetem à sua coação com o fim de impor-lhe uma pena.

• Criminalização Primária é o ato e o efeito de sancionar uma lei penal material que incrimina ou permite a punição de certas pessoas. Trata-se de um ato formal fundamentalmente programático. Em geral, são as agências políticas (parlamentares e executivos que exercem a criminalização primária.

• A Criminalização Secundária é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando as agências policiais detectam uma pessoa que supõe tenha praticado certo ao criminalizado primariamente, a investigam em alguns casos privam-na de sua

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liberdade de ir e vir, submetem-na à agência judicial, que legitima tais iniciativas e admite um processo.

• A seleção não só opera sobre os criminalizados, mas também sobre vitimizados.

• A seleção criminalizante se torna inoperante para qualquer outra clientela como:

o Delitos do poder econômico ( colarinho branco); o Conflitos não convencionais, como terrorismo;

o torna-se desconsertado nos casos excepcionais em que há seleção de alguém que não se encaixa nesse quadro, por exemplo, alojamentos diferenciados nas prisões.

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