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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Edna Alencar Gama

Márcia Martins de Oliveira

Tamara Siqueira Tavares de Góes

O EDUCADOR E A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE

DESAFIOS SURGIDOS COM A PANDEMIA DE 2020

Apresentação do TCC - vídeo: Em construção

Cabreúva – SP

2021

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O EDUCADOR E A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE

DESAFIOS SURGIDOS COM A PANDEMIA DE 2020

Relatório Técnico-Científico apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso Licenciatura em Pedagogia da Fundação Universidade Virtual do Estado de São Paulo – UNIVESP

Orientadora: Thaís Rocha

Cabreúva – SP

2021

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GAMA, Edna Alencar; OLIVEIRA, Márcia Martins de; GÓES, Tamara Siqueira Tavares de. O educador e a importância da afetividade – Desafios surgidos com a pandemia de 2020 / Edna Alencar Gama; Márcia Martins de Oliveira; Tamara Siqueira Tavares de Góes. Cabreúva-SP, 2021.

N° de Folhas 45; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação de Pedagogia – Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP), Campus Cabreúva, São Paulo, Brasil, 2021.

Orientadora: Thaís Rocha

1. Socioafetividade 2. Educação 3. Cidadania. GAMA, Edna Alencar; OLIVEIRA, Márcia Martins de; GÓES, Tamara Siqueira Tavares de. O Educador e a importância da Afetividade – Desafios surgidos com a pandemia de 2020. Orientadora: Thaís Rocha. Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP).

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é reconhecer a importância da afetividade na construção do indivíduo em seu trajeto escolar, bem como seus mecanismos, práticas, e vivências. Analisar as diversas teorias humanas e pedagógicas sobre o tema e refletir sobre o impacto sofrido, devido ao isolamento social a partir da pandemia de COVID-19 e, como os educadores encontraram uma saída para minimizar essas distâncias. Para a coleta dos dados e alcance de objetivos, foram utilizados instrumentos de observações, entrevistas e pesquisas bibliográficas. Buscamos tentar responder à seguinte questão: Qual a saída encontrada pelos docentes para minimizar o distanciamento físico em relação à afetividade, vínculo e vivência social escolar, imposto pela pandemia? Família e escola precisam trabalhar coletivamente, no propósito de um ensino integral saudável e a fim de que o aluno utilize o conhecimento construído para o exercício pleno de sua cidadania, sendo que a educação é a própria vida.

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ABSTRACT

The objective of this work is to recognize the importance of affection within the individual growth in a child´s school journey, as well as its mechanisms, practices, and experiences. It analyses the various human and pedagogical theories on the subject and reflects on the impact suffered due to social isolation from the COVID-19 pandemic, as well as, how educators found a way out to minimize these distances. To achieve its objectives and for data collection, interviews, observation instruments and bibliographic research were used. The answer to the question “What is the solution found by bonding and school social experience, imposed by the pandemic?” It concluded that family and school need to work in conjunction, with the purpose of a holistic and healthy education and so that students use the knowledge acquired for the full exercise of their citizenship, as education is life itself.

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 6

CAPÍTULO I ... 8

O cérebro e como ele funciona ... 8

Cérebro onde moram as emoções ...11

CAPÍTULO II ... 16

O Afeto segundo Vygotsky ...16

Teoria das emoções ...17

O afeto na teoria vygotskyana no âmbito escolar ...21

Contribuições de Henri Wallon ...24

Teoria Psicogênica de Wallon ...25

Relação Afetividade e Aprendizagem ...27

Educação Socioafetiva ...29

CAPÍTULO III ... 33

Pandemia de COVID-19 em 2020 ...33

Novos rumos da educação ...35

METODOLOGIA ... 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 37

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“[...] o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente “lido”, interpretado, “escrito” e “reescrito”.”

Paulo Freire

INTRODUÇÃO

A intenção deste trabalho, é apresentar um aspecto muito importante e necessário para a efetivação e sucesso da prática pedagógica principalmente em espaços formais de ensino, a afetividade, sob as mais variadas teorias: pedagógicas, sociais e até biológicas. Exemplificaremos o quanto estão imbricados a afetividade, as interações, as emoções e os vínculos gerados à partir da vivência escolar.

Considerando a natureza social do Homem, que a milênios vive em grupos sociais, ao longo das eras foi percebida a necessidade de que essa sociedade vivesse em harmonia até mesmo para a preservação da espécie, logo, viver em sociedade é algo “quase” nato, entretanto há que se saber viver nela e por ela, com algum grau de ética, respeito, integridade e empatia com os demais. E para tanto a família, escola primeira de uma criança, é a responsável na introdução da vida social à partir de vivências do cotidiano, amiúde como algo muito natural. A escola além da introdução às primeiras letras, ela propicia desde os estágios mais primários da idade mais tenra, o viver social, aliás é primeiramente isso que os pequeninos apreendem: a conviver a respeitar, momento de falar e de ouvir, etc.

Esse trabalho explora uma questão tão importante para a tríade educadores-alunos-famílias, a afetividade e os vínculos sociais, mas como estes se desdobram num ano tão atípico de pandemia e onde a humanidade se deparou com um obstáculo: o distanciamento social, que fez o mundo inteiro rever suas formas de vida, de trabalho, de estudo e principalmente das relações, desconstruindo muitas coisas, mas também reconstruindo novas formas de atuação? Como o distanciamento social repercute especialmente nos professores?

Na atualidade, embora estejamos na era da informação, com muitos recursos tecnológicos e a própria evolução humana e especificamente das crianças – as chamadas nativas digitais, percebemos que o ensino deve acompanhar esses fenômenos sociais, culturais, políticos e tecnológicos, tão essenciais para a evocação de sentidos e de significados. Mas percebemos também que até o ano de 2020 com

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o início da pandemia de COVID-19, os recursos tecnológicos escolares estavam circunscritos a somente à sala de informática uma vez por semana durante as aulas presenciais e no ambiente doméstico, essas tecnologias eram usadas com maior foco para o entretenimento.

Dessa forma, ficamos motivadas, como estudantes de Pedagogia, a entender como os educadores e famílias conseguem lidar com a transformação da escola presencial, cheia de vínculos, significados e afetividades em uma relação virtual e mais distante. Entender como foi a construção desse novo paradigma escolar da educação, o ERE Ensino Remoto Emergencial, como a comunidade escolar e as educadoras foram instigadas e se apropriarem e se repertoriarem de novos saberes e práticas (em especial os tecnológicos), destacando a pluralidade educacional do encontro do novo com o tradicional. Com a expectativa de poderem oferecer aos seus alunos conteúdos que façam sentido, que contenham qualidade e que despertem o senso crítico.

Muitas foram as mudanças ocorridas nesse período pandêmico, escolas, educadores e as famílias tiveram que se reinventar em relação ao uso das tecnologias. Podemos relatar que o Brasil, educacionalmente, carece de muitas melhorias: estrutural/tecnológica, preparatória e paradigmática.

Estrutural/Tecnológica: A população em grande parte, não conta com um bom

serviço de internet e de forma que atenda a todos indistintamente, não possui aparelhos adequados para a evolução das atividades educacionais, como telefones ou computadores;

Preparatória: A população não possuía conhecimentos necessários para o uso mais

amplo de tecnologias, e;

Paradigmática: Em nossa observação percebemos que, as famílias são o maior

lastro para que as crianças participem do novo processo de educação à distância, advém dela, “da família”, a percepção de que os estudos devem continuar, apesar de todas as adversidades e que infelizmente nem todas as famílias têm dado esse suporte de maneira adequada, até talvez por conta dos motivos citados acima estrutura, tecnologia, preparo, ou ainda simplesmente por ignorância de como acompanhar ou incentivar seus filhos, dado o momento tão excepcional ao qual estamos vivenciando com a pandemia de COVID-19.

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Dividimos a exploração de nosso trabalho em capítulos para que possamos ordenar o fluxo das informações de modo que seja fluido e consistente, a saber: Capítulo I mostra as concepções sobre afetividade e vínculo sob a ótica, fisiológica, Capítulo II descreve as principais teorias em que afetividade e vínculo foram elencadas como importantes para o ensino-aprendizagem, Capítulo III abordará como foi e está sendo tratado o vínculo e afetividade com o isolamento físico imposto pelo distanciamento social provocado pela pandemia de COVID-19 e por fim serão expostas as nossas Considerações.

CAPÍTULO I

O cérebro e como ele funciona

Sabemos que o cérebro é a seção mais significativa do sistema nervoso, pois por meio dele podemos compreender as informações alcançadas pelos órgãos sensoriais e processar essas informações, e compará-las com nossa experiência e expectativas. Também vem de sua reação voluntária ou involuntária, que faz com que o corpo humano finalmente aja e reaja ao meio ambiente.

Há cerca de 2.300 anos, reputado como o pai da medicina, Hipócrates já proclamava, que é por ação do cérebro e não do coração, que experimentamos sensações como alegria ou tristeza e é igualmente através de seu desenvolvimento que somos aptos de em entender ou ainda, de transformar nossas atitudes comportamentais conforme vivemos. Assim, os processamentos mentais como o raciocínio, a concentração e a habilidade de julgamento, são produtos da operação cerebral.

Os circuitos nervosos, responsáveis pela atividade cerebral, são compostos por neurônios e são eles que processam e transmitem todas as informações, por forma de estímulosxnervosos que os movem através de sua rede completa. Os impulsos nervosos tem uma natureza elétrica, assim toda a rede de eventos desencadeados no processo cerebral chamado de sinapses, são produzidos pelos neurotransmissores. Para entender as funções cerebrais relacionadas ao aprendizado, que é nossa meta, é interessante entender como as informações circulam no cérebro.

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Assim, nossos órgãos dos sentidos são desenvolvidos para que possamos capturar a energia que existe no biossistema, embora conheçamos muitas formas de energia ao nosso redor, apenas algumas que conseguimos perceber e temos receptores específicos. Em nossos sentidos, a visão geralmente é essencial. A luz é um aspecto de atividade eletromagnética que existe com uma rica porção de frequência. No entanto, podemos ver apenas uma pequena parte dessas frequências. Pode-se mostrar que as ondas de rádio ou raios X dentro da estrutura humana igualmente mostra a atividade eletromagnética, entretanto, invisíveis porque não possuímosxum receptor adequado que possa receber sua faixaxdexfrequência, como explicado por Cosenza e Guerra (2011).

Entendemos que ao longo da evolução humana o cérebro também vem sofrendo desenvolvimentos e atualizações para que a humanidade além de apenas sobreviver, se adeque ao mundo que o rodeia.

Grande parte dos processos que ocorrem no cérebro, de fato, são inconscientes. Especialmente o ajustamento do nosso biossistema, como os graus adequados de glicose e oxigênio no sistema sanguíneo, a preservação da temperatura ou nas produções hormonais, escaparam à nossa consciência por meio da supervisão do sistema nervoso.

Inclusive, o aprendizado que abrange nossa reciprocidade direta com o meio ambiente pode acontecer de maneiras que não conhecemos. Atribui-se comumente o termo dos cinco sentidos que costumamos usar. Entretanto, na verdade, existem mais deles. Por exemplo, na pele, podemos perceber não somente o toque, mas da mesma forma axtemperatura,xaxpressãoxexaxdor. A sensação de movimento (cine = movimento; estesia = sensação) é um significado muito importante e raramente mencionado, que pode informar a localização física no ambiente e o movimento que está por realizar. Assim, a cinestesia é condicionada a uma intrincada rede de receptores que são encontrados em nossos ossos, músculos, articulações e ouvidos internos.

As informações geradas nesses recptores permitem-nos preservar a estabilidade e o equilíbrio, compreender a localização física no ambientexespacial e realizar com boa motilidade os diversos conjuntosxmusculares. Igualmente paraxos sistemasXmotores vale esclarecer que, se o caminho desses impulsos for

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descontinuado, decai-se a habilidade de efetivação do movimentoxvoluntário relacionado. Um dano na espinha dorsal comumente resultada em prejuízo da mobilidade, simultaneamente como agravo severo daxsensibilidade das diversas áreas que sofreramxdesconexãoxdo córtex cerebral.

Outro fato curioso, mas muito importante, é que as cadeias neuronais que constituem as vias sensoriais e motoras são cruzadas no sistema nervoso, de tal forma que o hemisfério cerebral esquerdo recebe informações e comanda o lado direito do corpo, ocorrendo o inverso com o hemisfério direito. COSENZA e GUERRA (2011, p.21)

No tocante à nossa espécie, compreendemos que não encontra-se dois cérebros iguais, mas conseguimos afirmar que todos possuímos vias motoras e sensoriais que seguem a mesma referência. Previstas nelas, estão as informações genéticas de nossas células e são constituídas durante o desenvolvimento de nosso organismo dentro do útero materno. No momento em que a criança nasce, ainda que eles não estejam funcionando em sua plenitude, esse conjunto de circuitos, já estão prontos em seu cérebro. Sendo assim, em linhas gerais maior porção do nosso sistema nervoso é construída, ainda na fase mbrionária e fetal.

Um aspecto relevante do sistema nervoso é sua infindável plasticidade. E o que compreendemos por plasticidade é sua habilidade de fazer e desfazer ligações entre os neurônios como resultância das interações constantes com o ambiente externo e interno do corpo. O treinamento e o aprendizado podem levar à criação de novas sinapses e promover o fluxo de informações nos circuitos neurais. Esta é a situação do pianista, que se profissionaliza a cada dia, pois o treinamento contínuo promoverá mudanças em seus movimentos e circuitos cognitivos, de forma a melhor controlar e expressar em sua execução musical. Por outro lado, o não uso ou doença pode fazer com que a conexão seja interrompida, afetando a comunicação no circuito afetado. Como explicitado por Cosenza e Guerra (2011, p.36):

[…] a aprendizagem pode levar não só́ ao aumento da complexidade das ligações em um circuito neuronal, mas também à associação de circuitos até́ então independentes. É o que acontece quando aprendemos novos conceitos a partir de conhecimentos já́ existentes.

Dessa forma, compreendemos também que a reiteração do uso da informação, em conjunto com sua ordenação, ou seja, sua junção ou associação com os registros já presentes, é o que expande a característica de memória e a torna mais duradoura. Quanto maior o número de repetição de uma atividade, mais encadeamentos ou

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“ganchos” forem fixados como conhecimentos disponíveis no cérebro, mais razoável será, pois o registro vai se consolidar de forma mais permanente.

A formação pode ser realizada de maneira elementar ou sofisticada, ou seja, ela pode abranger diferentes graus ou níveis de processamento. Podemos apenas memorizar uma nova informação, porém o registro se tornará mais estável se procurarmos criar ativamente vínculos e conexões daquele novo conteúdo com o que já está acomodado em nosso repertório de conhecimentos. Como destacam Cosenza e Guerra (2011, p. 62), “Informações aprendidas utilizando um nível mais complexo de elaboração têm mais chance de se tornarem um registro forte, uma vez que mais redes neurais estarão envolvidas.”

O processo de restauração das informações será mais apropriado dependendo da forma como elas foram armazenadas. Se esse processo foi sofisticado, criando muitas conexões com as informações concretas, sucederá um entrecruzamento de interconexões mais ampla, que poderá ser alcançada de múltiplos pontos, tornando o acesso mais simples.

Assim como novas conexões sinápticas podem ser formadas por meio da prática, quanto ao esquecimento, o inverso é verdadeiro, essas conexões podem ser desfeitas pelo desuso. Dessa forma, muito do que aprendemos se deteriora ao longo do tempo. Dessa maneira, há um esquecimento mais veloz no início do processo, continuado por um estreitamento de esquecimento que é mais lento ao longo do tempo. O cérebro é um instrumento refinado para assim armazenar aquilo que se repete com frequência, pois naturalmente esses serão os elementos relevantes para a sobrevivência. Logo, vamos nos esquecendo daquilo que não utilizamos ou com o que não nos vivenciamos com frequência.

Cérebro onde moram as emoções

Apesar que todos saibamos, instintivamente, o que são as emoções e possamos exemplificá-las como alegria, raiva, medo ou tristeza, é usual haver um impasse em conceituá-las ou esclarecer para que servem. As emoções são eventos que designam a existência de algo considerável ou decisivo em um determinado momento na vida de um indivíduo. Elas se apresentam mediante variações na sua fisiologia e nos seus processos mentais e movimentam os recursos cognitivos

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presentes, como a atenção e a percepção. Além disso, elas modificam a fisiologia do organismo visando uma aproximação, enfrentamento ou afastamento e, amiúde, acomodam circunscrever a seleção das ações que se tomarão.

As emoções agem como um indicador interno de que alguma coisa importante está ocorrendo, e são, também, um competente mecanismo de sinalização intergrupal, visto que somos capazes de identificar as emoções uns dos outros e, através delas, transmitir acontecimentos e medidas significativas aos demais indivíduos à nossa volta. Obstante, não somente nós seres humanos, mas também os animais são qualificados para compreender algumas indicações emocionais dos seus semelhantes e responder sem demora. Em nossa cultura, as emoções são frequentemente consideradas como resquícios da evolução animal e como fatores destrutivos na tomada de decisões racionais. Acredita-se que o ser humano deve controlar suas emoções para que a razão prevaleça.

Na verdade, a neurociência mostrou que os processos cognitivos e emocionais estão profundamente interligados na função cerebral e mostram claramente que as emoções são importantes, na escolha do comportamento que é mais adequado para a sobrevivência em momentos importantes de sua vida. As emoções envolvem reações periféricas que os observadores externos podem perceber: aumento do estado de alerta, irritabilidade, pupilas dilatadas, suor, lacrimejamento, mudanças nas expressões faciais, etc. Além disso, o sujeito perceberá mudanças no corpo, como batimento cardíaco acelerado, "tremor no estômago" ou "joelho na garganta". Essas reações fisiológicas são acompanhadas por um sentimento emocional, que está relacionado ao mundo emocional do corpo: euforia, depressão, irritabilidade, etc. Além disso, na maioria das vezes, podemos reconhecer as emoções que sentimos: amor, medo, ódio, ciúme, decepção, etc. Como descrito por Cosenza e Guerra:

Admite-se que esta consciência emocional esteja presente apenas na nossa espécie, enquanto os outros animais, ou pelo menos os mamíferos, são capazes de experimentar os demais aspectos do fenômeno emocional, ou seja, as respostas periféricas e o sentimento emocional. Nesse sentido, as emoções dos animais são um pouco diferentes da emoção humana.(2011, p.76) A motivação assim, configura ser fruto de uma ação cerebral que processa as informações vindas do ambiente interno (fome, dor, desejo sexual) e do ambiente externo (oportunidades e ameaças) e estabelece o comportamento a ser apresentado. A motivação não se imputa condutas reflexas ou localizadas, mas abarca a

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aprendizagem e outros recursos cognitivos que se incubem da organização das ações que melhor assegurem a sobrevivência. Comumente, mais de uma possibilidade comportamental está acessível, e o encadeamento necessita ser qualificado de fazer opções e eleger o comportamento que mais se adequa àquela situação.

Interessante compreender que grande parte dos comportamentos motivados, orientados a um objetivo, é aprendida. Como, a simples conquista da comida e água, quando estamos famintos ou sedentos, subordina-se a esta regra.

Como exemplificam Cosenza e Guerra:

Mesmo o recém-nascido irá selecionar alguns comportamentos que foram bem-sucedidos para esse fim e tenderá a repeti-los no futuro. Nossas motivações nos levam a repetir as ações que foram capazes de obter recompensa no passado ou a procurar situações similares, que tenham chance de proporcionar uma satisfação desejada no futuro. Portanto, ela é muito importante para a aprendizagem em geral. A liberação de dopamina em algumas regiões cerebrais parece estar associada a esse tipo de recompensa, que leva à aprendizagem.(2011, p.81)

Logo, no decorrer do processo educacional, aprendemos a lidar com a influência de nossas emoções de forma socialmente razoável, assim como quando direcionamos uma criança a não bater no colega que tomou o seu brinquedo, mas sim conversar com ele, como forma de solucionar esse viés de conflito.

Nas ocasiões em que vivemos um volume emocional passamos para uma condição de maior vigilância e nossa atenção se concentra nos detalhes considerados importantes, uma vez que as emoções inspiram os processos motivacionais. Pois a amígdala age de forma mútua com o hipocampo e pode mesmo motivar o processo de preservação da memória. Por consequencia, uma pequena alteração emocional pode ajudar na criação e preservação de uma lembrança.

Em contrapartida, as emoções podem se tornar desfavoráveis no âmbito da aprendizagem em casos de exposição à ansiedade e stress prolongados, pois nesses casos são liberados pela suprarrenal, os hormônios glicocorticoides. Eles atuam nos neurônios do hipocampo, chegando a arruína-los, assim a própria atenção é prejudicada, nesses casos de ansiedade e/ou stress.

Por essa razão, as emoções devem ser avaliadas nos processos educacionais. Consequentemente, é vital que o ambiente escolar seja planejado de forma a estimular as emoções positivas (curiosidade, envolvimento, entusiasmo, desafio), ao

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passo que as negativas (medo, ansiedade, frustração, apatia) carecem de ser impedidas para que não dificultem a aprendizagem.

Entendemos então, que essencialmente no ambiente escolar, o estresse deve ser detectado e rejeitado. As circunstâncias que regularmente provocam estresse são aquelas em que o sujeito se considera desprotegido, quando se depara com obstáculos que não consegue transpor ou que julga que são intransponíveis. Situações como de ameaças ou zombarias vindas de colegas ou do próprio professor, exageros na disciplina ou no processo de avaliação, bem como dificuldades escolares mal ajustadas podem ser motivo de estresse.

Sendo assim, os educadores devem atentar não somente às emoções dos alunos, mas também às próprias emoções e também considerar que as emoções os acompanham em todos os momentos e contextos de vida, importando também atentarmos para a observação ativa dos alunos e suas emoções que podem ser trazidas de seu contexto externo. A linguagem emocional é mais física do que verbal, e a postura, a atitude e o comportamento dos educadores muitas vezes têm uma importância que não percebemos. Devido a esses fatores, o conteúdo veiculado pode ser bastante diferente do conteúdo que se pretende ensinar. Outra inferência importante está relacionada ao fato de que as emoções que vimos podem ter origens inconscientes e são atribuídas a outras fontes ou outros antecedentes. Portanto, a origem da resposta emocional da escola pode estar relacionada a problemas externos, como família ou origem social, como relatado por Cosenza e Guerra (2011). Fisiologicamente, quando o indivíduo experimenta situações de estresse, seu organismo responde em 4 etapas e esta última é a da emoção, que quando ativada, compromete o desempenho cognitivo. Sabe-se atualmente que os impactos do estresse, os reflexos emocionais associados, são os mais complexos porque, especialmente, baseiam-se na interpretação da circunstância pelo sujeito que a vivencia, de aspectos exógenos, mas também de agentes endógenos (MANDLER, 1984).

Como explorado de modo divertido e digesto, no filme de animação da Disney- Pixar “Divertida Mente” (DOCTER et al., 2015). Nosso cérebro possui, sim, um centro de comando de operações emocionais ele se chama circuito de Papez (leva esse nome em homenagem ao cientista precussor dessa área – James Papez), é ele que

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garante a comunicação nos dois sentidos entre o córtex e o hipotálamo. (FIORI apud PAPEZ, 2008, p. 189 e 190) explica que:

Segundo Papez, o circuito seria a base do vivido emocional enquanto as expressões da emoção dependeriam de um controle exercido pelo hipotálamo sobre os órgãos vicerais. [...] é o tálamo que, recebendo as mensagens sensoriais e mensagens corticais, representa o papel na determinação do caráter da emoção.

[...] De qualquer forma, a questão da ligação entre sentimento emocional, de um lado, a atividade psicológica, e, de outro, as atividades cerebrais, permanece crucial.

Segundo FIORI( 2008) “além das reações emocionais ‘básicas’ [...], a literatura tem tratado cada vez mais da relação entre emoção e cognição: as emoções estão sob o controle cognitivo ao mesmo tempo que influenciam os processamentos cognitivos.” E encerra sua composição abordando a amplitude e complexidade dos estudos e dados que mostram que se por uma ótica o processamento das emoções atua sobre os desencadeamentos perceptivos e atencionais sofisticados que envolvem variadas redes neuronais corticais e subcorticais e, por outro lado, que a emoção não poderia estar desvinculada da cognição.

Dessa forma, a inteligência emocional ou inteligência social, têm então como características: desenvolver relacionamentos interpessoais/habilidades sociais, canalizar as emoções para situações adequadas à circunstância, motivar as pessoas, ser grato, controlar impulsos, a empatia, dentre outras; que são tão essenciais quanto a inteligência corporal-sinestésica/motora, musical, espacial, lógico-matemática, linguística, naturalista ou existencial, todas as demais empreendidas no currículo educacional.

Entretanto, embora que importantíssimo o ensino/prática de gerenciamento das emoções em espaços de educação formal, para uma boa convivência social e cidadã, o sucesso do indivíduo não está somente vinculado à instituição como Dr. Daniel Goleman declara que, nos dias atuais consentimos que a educação emocional de nossos filhos fique relegada às margens de nossas prioridades, o que impacta em consequências prejudiciais ao desenvolvimento deles. As instituições atentas à essa tendência, propiciam uma solução ao adotar a abordagem de formação global do aluno, quer dizer, agregando coraçãoxexmente em sala de aula.

Nossa viagem termina com visitas a escolas inovadoras, que visam dar às crianças rudimentos da inteligência emocional. Já antevejo o dia em que o sistema educacional incluirá como prática rotineira a instilação de aptidões

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humanas essenciais como autoconsciência, autocontrole e empatia e das

artes de ouvir, resolver conflitos e cooperar. (GOLEMAN, 2011, p. 28

grifo nosso)

Ainda que entendamos que a primeira responsabilidade e influência emocional e educacional será dos pais ou responsáveis pelo aluno, é vital que a escola reflita em desenvolver as habilidades sociais, com a inteligência emocional logo no início da vida; ou, de acordo com as características cognitivas do aluno, disponha-se ou encaminhe o mesmo à avaliação e intervenção neuropsicopedagógica, afinal as escolas dispõem de bastante tempo de convivência diária com o aluno e de muitos elementos de comparação para assim, identificar atos ou condições emocionais que estejam em desarranjo.

CAPÍTULO II

O Afeto segundo Vygotsky

Estudos recentes buscam entender e correlacionar a dimensão ocasionada pelo afeto, não só no comportamento e interações humanas, mas também no campo educacional. Vários autores que abordam o tema defendem que uma relação afetiva entre o educador e aluno facilita o processo de ensino-aprendizagem. Muitos desses artigos baseiam-se na teoria sobre afetividade de Vygotsky, que sem dúvidas é um dos teóricos mais importantes e pesquisados para o entendimento neste campo de estudo.

Lev Semyonovich Vygotsky, nasceu em Orsha em 05 de novembro de 1896, por conta de sua morte precoce, aos 37 anos, alguns dos seus mais de duzentos manuscritos ficaram inacabados. No entanto, a profundeza de informações citadas e observadas por ele durante a formação do sujeito por meio das interações desde seu nascimento, faz com que suas obras sejam fonte de estudos para a compreensão da construção e da evolução do aprendizado do homem, até os dias atuais. Vygotsky, centrava seus estudos e pesquisas nas funções psicológicas superiores, a qual busca compreender fatores sociais e biológicos que influenciam o processo de formação do sujeito. Segundo Mesquita (2012, p. 810) “o desenvolvimento das funções mentais superiores ocorre através do processo de mediação”. A autora explica que é neste momento que a criança deixa de ser um biológico, passando a se tornar um sujeito social. Neste quesito, Vygotsky começa a direcionar sua atenção para o campo

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educacional, buscando compreender o importante papel do professor, para a constituição humana.

Marta Kohl (1992), tendo como base os estudos de Vygotsky, cita a escola e o professor como intermediadores de conhecimentos de cunho conceitual, durante o processo de aquisição e formação de conceitos e na construção e assimilação de significados, segundo ela tudo que não é aprendido de forma natural e espontânea no dia-a-dia é aprendido no ambiente escolar. Ainda segundo Martha Kohl (1992), para Vygotsky, o conhecimento não é nato, a mente humana não possui estruturas desde seu nascimento. Para o teórico as experiências e interações a qual o sujeito é exposto serão sua fonte de construção de conhecimento e também das novas relações entre objetos de estudo.

O professor precisa ter em mente que o aluno não chega na escola com ou conhecimento já interiorizado em si mesmo, é preciso que o professor o transmita, no entanto essa transmissão de saber não pode ocorrer de forma mecânica e autoritária, a construção do conhecimento vai muito além disso. O professor deve se colocar no lugar daquele aluno, entender suas dúvidas, discutir o que está sendo aprendido, para que assim o conteúdo se fixe na mente do aluno, dando a ele a capacidade de elaborar materiais com suas próprias palavras sobre o que foi estudado. Vygotsky (2001), enfatiza a importância do professor considerar os conhecimentos adquiridos fora do ambiente escolar, cabe ao educador criar as condições necessárias para que ele assimile os significados desses conhecimentos e compreenda seus conceitos.

Teoria das emoções

Muitos são os estudiosos que buscam entender os impactos que as emoções ocasionam durante o processo de formação do sujeito. Estes estudiosos procuram compreender um campo que, ainda que explorado pela ciência, não possui todas as respostas a respeito de como sentimentos influenciam no aprendizado e comportamento humano. Tentando as respostas para esse assunto, alguns autores e pesquisadores buscam referências teóricas que busquem solucionar certas indagações. E um dos teóricos mais pesquisados para tal compreensão é Lev Semyonovich Vygotsky, defensor da relação entre o afeto e a cognição, autor da obra inacabada Teoría de las emociones: estudio histórico-psicológico, manuscrito de 1931.

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A teoria das emoções escrita entre 1931 e 1933, por Vygotsky é uma obra polêmica justamente por ter ficado incompleta, dando margens para muitas reflexões de diferentes aspectos, por vários autores diferentes dentre eles Sawaia; Van der Veer & Valsiner, que fazem especulações polêmicas sobre o manuscrito do teórico. Um exemplo disso, é de os autores Van der Veer e Valsinere (2001), afirmarem que Vygotsky ao longo de seus escritos ter percebido que tinha se equivocado ao embasar seus estudos na obra do filósofo Espinosa. Com visão totalmente diferente Toassa (2009), nos remete a ideia de que a obra tenha ficado incompleta, justamente pela riqueza de detalhes e informações que ela necessita, por conta disso não poderia ter ficado pronta a curto ou médio prazo. “Vigotski considerava tão grande a pobreza das pesquisas neuropsicológicas de sua época sobre o assunto, que defendia uma mudança do modelo fisiológico no qual se inspiravam” (TOASSA, 2009, p. 151). Essa falta de informação e estudos interligados ao tema fez com que os estudos sobre as emoções fossem consideradas por Vygotsky como um grande desafio, conforme observamos em sua afirmação: “o domínio menos elaborado da ciência psicológica” (VYGOTSKY, 2004, p. 127).

Naquela época, as emoções eram tratadas como sendo expressões orgânicas, não eram consideradas as informações psicológicas dos processos emocionais. O que Vygotsky procurou fazer foi traçar a transição das primeiras emoções que até então são primitivas para as experiências emocionais superiores. Ainda segundo o teórico a compreensão dessa transição se faz necessária pois os adultos conseguem lidar melhor com seus sentimentos e emoções que as crianças. É importante saber que as funções mentais superiores não se relacionam entre si como uma corrente que se interligam em nossa mente, são muito mais complexas abrangendo uma ligação sistemática de inter-relações e conexões. Toassa (2009), considera as emoções como sendo funções psíquicas superiores.

Entende-se que o desenvolvimento da psique decorre do processo de evolução das funções psicológicas superiores, como o raciocínio, percepção, imaginação, memória, atenção, consciência, capacidade de abstração, para citar algumas. E claro as emoções. Como já citado anteriormente, as emoções inicialmente primitivas e instintivas, migraram para as emoções superiores, categorizando, assim, um encadeamento desenvolvimentista. Nota-se que, por estimar com um mecanismo psicológico fundamentalmente permeado por interações sociais, oportuniza ao

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indivíduo a internalização de concepções culturalmente construídas e, no decorrer do desdobramento do processo, o distanciamento das emoções instintivas para tornarem-se sociais e históricas (superiores).

Neste contexto, se desenvolvem por meio das suas conexões inferiores (de origem biológica).

Existe uma relação entre as emoções e as outras funções psicológicas superiores, que permite a transformação das mesmas, a modificação de sua expressão. Esse cenário permite entender que as emoções não tem nada a ver com algo exclusivamente inato. (PALUDO et al., 2012, p. 4).

Ainda segundo Toassa, as conexões inferiores sofrem interferências por meio da cultura a qual está inserida, é neste momento que ocorre formas diversificadas e complexas de organização afetiva, este episódio é compreendido como a dimensão da afetividade do ser humano. Ela classifica este evento como sendo histórico-cultural. As emoções surgem como funções mentais que, das bases biológicas permeadas por correlatos no universo animal (embora dotadas de componentes especificamente humanos), transformam-se em algo qualitativamente novo no processo de desenvolvimento. Os sistemas psicológicos socializados criam, então, manifestações bizarras ou belas da vida emocional. (Toassa, 2009, p. 143)

Por vezes em diferentes trabalhos, Vygotsky demonstra que a ciência tinha inúmeras dificuldades em lidar com os sentimentos, emoções e fantasias humanas, o próprio classifica essa falta de informação como sendo o campo de estudo mais obscuro da Psicologia.

Teoria dos sentimentos ou das emoções é o capítulo menos elaborado da velha psicologia. É mais difícil descrever, classificar e vincular esse campo do comportamento humano a certas leis que fazer isso com todos os restantes (VIGOTSKI, 1924/2003:113)

Para o teórico as emoções possuem um caráter mutante, as quais se constroem e se modificam pelas relações sociais e processos históricos nos quais estão inseridos. Vygotsky (2001b) considerava que “as emoções complexas aparecem somente historicamente e são a combinação de relações que surgem em consequência da vida histórica, combinação que se dá no transcurso do processo evolutivo das emoções”.

O pensamento vygotskyano, tem suas primeiras referências na obra Psicologia Pedagógica (2004a), a qual descreve a emoção como uma reação a uma ação ou uma recusa a ela. “As emoções são esse organizador interno das nossas reações, que retesam, excitam, estimulam ou inibem essas ou aquelas reações. Desse modo,

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a emoção mantém o seu papel de organizador interno de nosso comportamento (p. 139). O teórico dedicou seu manuscrito quanto ao enfrentamento das teorias dualistas idealistas e naturalistas existentes naquela época, seu interesse era a busca de informações sobre as emoções e o desenvolvimento humano. Vygotsky (2004), alega que a emoção advém de uma reação “motivação, tendência à ação, o impulso –, estritamente imbricados nos processos e que fazem de nossas emoções motivações muito fortes e que influenciam nosso comportamento” (p.77).

Vygotsky, por meio dos seus estudos crítica às abordagens da época que eram totalmente fundamentadas nos processos corporais, pois estas não consideram a maior característica exclusiva do homem, as emoções e também ignoram o processo de desenvolvimento que vai desde seu nascimento até a vida adulta, caracterizada por inúmeras transformações contínuas que variam desde ter autonomia para realização de tarefas, até mesmo novas adaptações sociais, culturais e corporais, as quais ocorrem continuamente por toda a vida. Este novo olhar do teórico para o desenvolvimento humano nos permite observar e compreender o processo de interiorização ("Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois no nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica), e, depois, no interior da criança (intrapsicológica)" (Vygotsky, 1994, p. 75)) e não somente ele, estes estudos nos remetem que as emoções e sentimentos são apropriações sócio-culturais, influenciadores direto nos conhecimentos e sentimentos que serão apropriados pelas crianças.

Ainda segundo o teórico a medida a qual o sujeito evolui as emoções passam a atuar em um universo simbólico, passando a interligar-se com os processos cognitivos, ele nos remete pensar que as manifestações emocionais inicialmente de caráter orgânico, vão se estruturando de tal maneira até passarem a atuar no universo simbólico, desta forma ampliam-se as manifestações emocionais o que faz gerar os fenômenos afetivos. Para o teórico os processos afetivos e cognitivos se relacionam com os fatores culturais e sociais, por este motivo são influenciáveis e sofrem mutações contínuas.

Para Vygotsky (1934), o processo de mediação é a base da psicologia. O homem age e expõe seus sentimentos com base em conceitos já estabelecidos, em um sistema previamente preparado, a forma de pensar e se emocionar de cada indivíduo, leva em consideração aquilo que lhe foi apresentado no ambiente em que

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vive. Ele nos sugere a ideia de uma emocionalidade cultural, onde os modos de reação do sujeito são criadas a partir de práticas sociais e consequentemente são criadoras de relações.

O teórico coloca em ênfase a importância do “outro”, durante ou processo de apropriação e aquisição do conhecimento. Segundo ele, o outro é fundamental no âmbito escolar, pois existem atividades em que as crianças são incapazes de realizar sozinhas, necessitando de ajuda de outro alguém. Na perspectiva vygotskyana, é possível perceber que o teórico defende que a afetividade precisa estar presente na relação professor-aluno, pois ela traz inúmeras manifestações sentimentais de origem psicológica e de emoções de origem biológica. Por este motivo, ela corresponde a um período mais tardio no processo evolutivo da criança, aparecendo somente quando surgem os elementos simbólicos. A afetividade está diretamente ligada com a qualidade de interações entre os sujeitos, a partir das experiências vividas, neste sentido uma interação pedagógica de qualidade propicia um sentido afetivo entre o objeto de estudo e o aluno.

O afeto na teoria vygotskyana no âmbito escolar

Como já citados nos dois tópicos anteriores a este, Lev S. Vygotsky acreditava que as emoções fazem parte do processo de aquisição do conhecimento elas correspondem aos fatores comportamentais biológicos do homem, trazendo sentidos as reações e sentimentos com base no contexto sócio-cultural a qual o sujeito vive "a atividade humana é explicada com referência a influências sociais e culturais e pela reconstituição de seu desenvolvimento histórico na filogenia e na ontogenia" (apud Van Der Veer & Valsiner, 1996, p. 386). Quanto a afetividade esta implica em uma questão mais ampla, uma forma de expressão mais complexa, com base nas vivências usufruídas pelo sujeito, e estas trazem impactos diferentes refletindo no íntimo de cada um.

[..] a afetividade pode ser conceituada como todo o domínio das emoções, dos sentimentos das emoções, das experiências sensíveis e, principalmente, da capacidade de entrar em contato com sensações, referindo-se às vivências dos indivíduos e às formas de expressão mais complexas e essencialmente humanas. (BERCHT, 2001, p. 59).

Considerando o que foi estudado até o presente momento, observamos que os fundamentos da formação e aquisição do conhecimento para o homem iniciam-se com

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base nos afetos, emoções e sentimentos experimentados por ele, são por meio dessas sensações que tomamos nossas decisões durante toda vida.

Ao estudarmos que os sentimentos, emoções e afetos estão diretamente interligados ao processo de aquisição de conhecimento do homem, notamos que grande parte das escolas e educadores brasileiros rejeitam essa informação, e se apegam apenas ao estágio cognitivo ao qual a criança se encontra. Ao entrar na escola é impossível o aluno se desconectar dos seus sentimentos (tristeza, medo, raiva, alegria, insegurança) pois estes fazem parte do seu ser. Maturana (2001, p. 46) afirma que “[...] nada ocorre nos animais que não esteja fundado numa emoção”, neste caso não há como desmembrar os aspectos afetivos e cognitivos, os dois estão diretamente interligados um ao outro. As reações emocionais e sentimentais são influentes em todo modo comportamental do homem e também em todo seu processo formativo e educativo. No âmbito educacional o professor levando em consideração estas informações precisa planejar suas aulas de tal maneira que estimule e motive emocionalmente os alunos, assim os alunos buscarão formas de raciocínio a fim de compreender o que está sendo estudado.

A afetividade tanto em sua forma positiva como negativa é quem cria os meios de aceitação, compreensão ou defesa sobre o que está sendo vivenciado. Portanto, o papel do professor está em buscar aulas estratégicas para estimular seu aluno de maneira afetiva, uma vez que estes serão interiorizados de forma mais rica, pois estarão sendo realizados por meio de suas emoções, minimizando alguns bloqueios afetivos e cognitivos que podem acontecer durante uma aula. O educador não pode se portar em sala de aula como sendo um ser supremo, transmissor de conhecimento, o aluno necessita sentir que o professor tem interesse em que ele aprenda e está ali para apoiá-lo, tirando dúvidas e lançando aulas motivadoras. Para a criança é de suma importância ela ter esta confiança uma vez que depende de outra pessoa para hoje conseguir entender ou realizar uma tarefa que posteriormente ela conseguirá realizar sozinha, o que auxilia no seu processo de socialização. É por meio desta mediação que o conhecimento se desenvolve e com ele o pensamento é aprimorado. Vygotsky (1993) esclarece que o desenvolvimento cognitivo e afetivo sofrem influências bilaterais pois:

[...] quem separa o pensamento do afeto, nega de antemão a possibilidade de estudar a influência inversa do pensamento no plano afetivo, volitivo da vida psíquica, porque uma análise determinista desta última inclui tanto

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atribuir ao pensamento um poder mágico capaz de fazer depender o comportamento humano única e exclusivamente de um sistema interno do indivíduo, como transformar o pensamento em um apêndice inútil do comportamento, em uma sombra desnecessária e impotente. (VYGOTSKY, 1993, p. 25).

Vygotsky, nos revela a importância das relações sociais para a formação do sujeito, ele apresenta em suas obras que a mediação e internalização são fundamentais para o processo de ensino-aprendizagem, esboçando que o conhecimento ocorre justamente pela troca de experiências e interações vivenciadas por elas. Justamente por essas trocas de experiências que ocorrem desde seu nascimento as crianças já chegam na escola com uma vasta gama de conhecimentos, estas por sua vez, não devem ser negligenciadas pelos professores. Para ou teórico o aprendizado do aluno deve ser o foco principal tanto para escola como para o professor, cabendo a instituição e ao educador lançarem estratégias de ensinos que considerem os conhecimentos já adquiridos pelos alunos fora do ambiente escolar, fazendo com que eles assimilem estes conhecimentos com os novos conteúdos que estão sendo estudados, se apropriando de seus significados é trazendo novos sentidos aos mesmos.

Muitos professores ficam presos à ideia de como ensinar?, o que ensinar?, para que ensinar? e se esquecem de uma única pergunta: “Como a criança aprende?”. Esta é a pergunta principal que todo professor deve se fazer para que de fato consiga elaborar uma aula construtiva e cheia de saberes. Para isso, o professor necessita mudar sua postura de um simples transmissor de conteúdos para um mediador que busca ajudar o aluno a alcançar o aprendizado proposto. No entanto, ainda que muitos tentem colocar este intuito em prática, fracassam no decorrer do caminho e pensam que nada adiantou. Logo de imediato o professor pode pensar que falhou em sua metodologia, materiais escolhidos erroneamente, falta de atenção ou indisciplina e falta de interesse por parte dos alunos mesmo e nem sempre isso é verdade. Há uma questão muito importante que passa despercebida por grande parte dos educadores, no entanto ela é fundamental para o alcance da aprendizagem: a Afetividade.

A afetividade no processo educativo é importante para que a criança manipule a realidade e estimule a função simbólica. Afetividade está ligada à autoestima e às formas de relacionamento entre aluno e aluno e professor e aluno. Um professor que não seja afetivo com seus alunos fabricará uma distância perigosa, criará bloqueios com os alunos e deixará de estar criando um ambiente rico em afetividade (COSTA; SOUZA, 2006, p. 12)

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Não há como mudar a natureza humana, somos seres sociais e por este motivo necessitamos de interações e mediações para o alcance do nosso conhecimento e desenvolvimento, portanto esta troca de conhecimentos estão presentes desde o nosso nascimento, inicialmente no âmbito familiar, social, escolar e posteriormente no trabalho. Entender que este processo faz parte da nossa formação é essencial para que as instituições escolares e professores possam tomar as decisões corretas quanto à indisciplina, falta de interesse, desatenção, evasão e consequentemente do fracasso escolar.

Conforme estudamos as indagações de Vygotsky trazem importantes contribuições, quanto a afetividade no campo educacional, nos remetendo a importância de intervenções pedagógicas de qualidade são fundamentais para o desenvolvimento e elas podem ocorrer das mais diversas formas: ouvir o aluno, entender sua realidade, criticar, apoiar, sugerir caminhos para a compreensão do que está sendo estudado, fazer lado a lado, entre outras. Todas estas são formas de mediação e é justamente este o fator primordial, que o teórico busca enfatizar nos seus estudos a verdadeira interação entre professor e aluno em prol da construção do conhecimento.

Contribuições de Henri Wallon

Nascido em 1879 na França, formado em Filosofia e Medicina, Henri Wallon demonstrou grande interesse na formação biológica do ser humano. Com base na sua atuação como psiquiatra e médico cresceu seu interesse pela psicologia da criança. Através de seus conhecimentos sobre neurologia e psicopatologia junto com a experiência clínica já adquirida Wallon construiu sua teoria psicológica.

Em Sorbonne, nos anos de 1920 a 1937, estava encarregado dos eventos e conferências sobre psicologia da criança. Em 1925 fundou o que posteriormente ficou conhecido como Laboratório de Psicobiologia da Criança. Durante o período de 1937 a 1949 lecionou no Colégio da França, e assim no berço da psicologia, ocupou a cadeira de psicologia e Educação da Criança.

Em meio a muita instabilidade social e turbulências políticas Wallon passou por duas guerras mundiais, a saber; a primeira guerra mundial de 1914 a 1918 e a segunda guerra mundial de 1939 terminando em 1945; onde destacou o avanço do

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fascismo nesse período e onde as guerras pela libertação das colônias na África atingiram parte da Europa, chegando assim ao país da França.

Como cidadão ativo participou de movimentos contra o fascismo no final dos anos 30, fazendo parte de manifestações de protesto contra a ditadura de Franco, na Espanha. Na ocupação fascista, Henri Wallon participou da Resistência Francesa e assim foi perseguido pela autoridade Política dos Nazistas, visto como Gestapo, diante dessa perseguição precisou viver na clandestinidade.

Ainda durante a resistência se envolveu na discussão sobre o sistema de ensino francês e devido sua percepção intelectual em 1944 foi chamado para integrar uma comissão e nomeado pelo Ministério da Educação Nacional sendo encarregado da Reformulação do Ensino Francês. Empenhou-se em escrever temas ligados a educação como: orientação profissional, formação de professores, interação entre alunos e adaptação escolar. O filósofo participou ativamente de debates educacionais de sua época quando os críticos ao ensino tradicional se reuniam no importante Movimento Escola Nova.

Um destaque relevante é a revista Enfance criada por Wallon em 1948, que se tornou como um instrumento para pesquisadores em psicologia e também ao mesmo tempo, fonte valiosa de informações para educadores. Liderou a Sociedade de Pedagogia que reunia educadores para troca de experiências e reflexões e assim entrava em contato com os educadores e com os problemas reais do ensino primário, no período de 1937 a 1962. Preocupado e cidadão ativo com questões sociais de sua época Henri Wallon deixou um legado precioso à educação e assim faleceu no ano 1962.

Teoria Psicogênica de Wallon

Em suas pesquisas Wallon identifica a existência de estágios diferentes e descontínuos no ser humano e no seu desenvolvimento, que são marcados por reformulações. Destacando que a passagem de um estágio ao outro não ocorre de forma tranquila; ao contrário, conflitos e também crises estão presentes e desempenham uma função crucial nas transformações psíquicas do indivíduo. Mesmo o desenvolvimento sendo descrito até a adolescência, o autor afirma que o mesmo não se esgota nesse momento, visto que a constituição do “eu” é um processo inacabável.

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Existe ainda a influência do ambiente e das emoções que gera certa ligação entre o indivíduo e a aprendizagem, segundo Wallon:

É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita de contrates e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 2007, p. 198).

Nesse contexto Wallon apresenta cinco estágios, ocorrendo alternância entre os pontos afetivos e cognitivos. Assim como destaca Galvão (1995, p. 45), “cada nova fase inverte a orientação da atividade e do interesse da criança: do eu para o mundo, das pessoas para as coisas. Trata-se do princípio da alternância funcional”.

Segue então, cada estágio brevemente caracterizado:

• Impulsivo Emocional (0 a 1 ano), nesse primeiro estágio o bebê desenvolve uma ligação muito forte com a mãe (sendo ela uma figura de cuidado), assim a emoção e o tônus estão intimamente relacionados, gerando a comunicação entre eles através do diálogo tônico.

• Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3 anos) é o estágio quando a criança aprende a andar a se locomover, explorando assim, o que tem ao seu redor para conhecer a realidade.

• Personalismo (3 a 6 anos), a criança está diante da imitação por observação do meio, trazendo certa graça e satisfação, e isso também no ponto de vista da personalidade que está relacionada ao quesito afetivo que se iniciou no período sensório motor para o personalismo.

• Nesse estágio Categorial (6 a 11 anos) é predominante a objetividade das escolhas, avançando o processo de socialização e transformando as escolhas de acordo com a personalidade de cada indivíduo.

• O último estágio, Puberdade e Adolescência (11 anos em diante) são caracterizados pela autoafirmação em um universo e em meio às várias personalidades diferentes da sua, um processo muito distinto e complicado para a fase do adolescente, que necessita se autoafirmar e ainda assim se relacionar aos grupos. Ser coerente ou não com suas escolhas, acaba sendo uma questão natural da sua fase psicológica.

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Os estágios segue o que Wallon nomeia de predominância funcional, ou seja, “momentos predominantemente afetivos, isto é, subjetivos e de acúmulo de energia, sucedem outros que são predominantemente cognitivos, isto é objetivos e de dispêndio de energia” (GALVÃO, 1995, p. 45).

Relação Afetividade e Aprendizagem

A afetividade é um ponto importante para Wallon, para ele o aparecimento da afetividade e das emoções resulta em certa transformação, das emoções em sentimentos. Wallon (2007, p.61) afirma:

As emoções, assim como os sentimentos e os desejos, são manifestações da vida afetiva. Na linguagem comum costuma-se substituir emoção por afetividade, tratando os termos como sinônimos. Todavia, não o são. A afetividade é um conceito meio abrangente no qual se inserem várias manifestações.

Na Educação a afetividade no desenvolvimento humano envolve o acreditar que a criança é capaz de se tornar um ser autônoma e ativa em resolução de problemas em sua vida e interagir socialmente com o meio. No sentido de afetar e ser afetado por algo. Na vivência entre conflitos e situações diversas, a professora pode intervir por ampliar os horizontes da criança e dando oportunidades de negociação com o outro. Respeitando a individualidade através de uma relação afetiva entre aluno e professor colaborando assim, para o desenvolvimento e aprendizagem do educando.

A relevância da afetividade no desenvolvimento humano, de acordo com Wallon, tem como base a afirmação que desde o nascimento do ser humano existe um envolvimento pela afetividade e que o afeto desempenha um importante papel em seu desenvolvimento e também nas boas relações sociais. O movimento está intimamente ligado ao pensamento e as emoções que dão origem a afetividade, e esta por sua vez é fundamental na construção do sujeito.

Esse autor ilustrou esse ponto ao relatar que um bebê quando está com fome ou dor chora para manifestar seu anseio, mesmo não tendo como se expressar verbalmente ele induz a mãe a entender sua necessidade. Desta forma, o bebê através de suas reações expressa o afeto que necessita. O autor foi o pioneiro a levar em consideração não apenas o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da escola, dentro da sala de aula.

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Como já analisado, as ideias deste autor tem como alicerce os quatro elementos básicos: afetividade, inteligência, movimento e formação; estes se interagem o tempo todo.

Educar nesta perspectiva não é apenas repassar informações e conteúdo, é ajudar a criança a tomar consciência de si, entender o outro e compreender o seu papel dentro sociedade. Se aceitar como pessoa e aceitar o outro com as suas qualidades e defeitos. Dentro da escola, a interação entre aluno e professor favorece o aprendizado e o desenvolvimento pleno das capacidades do educando. Gestos simples como um sorriso, uma escuta ativa acompanhado de uma atitude respeitosa são fundamentais, pois tais elementos são combustíveis para a adaptação do aluno bem como a segurança, o conhecimento e seu desenvolvimento.

O afeto é de suma importância para que o profissional seja visto como um bom professor e principalmente para que o aluno sinta um olhar direcionado a ele, que se sinta valorizado e isso por sua vez, contribui de forma positiva fazendo assim toda a diferença. Refletir sobre este tema é caminhar para uma sociedade escolar mais justa e solidária, é pensar sobre os princípios e os afetos que movimentam a dinâmica da escola.

O aprendizado também ocorre em como o aluno se sente, da atitude do professor e da escola, de seus colegas, do meio em que está inserido. Os conhecimentos se edificam a partir das relações que as pessoas estabelecem e essas relações no contexto da vida afetiva dão a noção para o sujeito sobre si próprio. A qualidade dessa interação com o mundo permite ao sujeito contextualizar com seu professor e a partir do retorno desta inter-relação atingir suas potencialidades.

Neste sentido Wallon afirma:

O eu e o outro constituem-se, então, simultaneamente, a partir, de um processo gradual de diferenciação, oposição e complementaridade recíproca. Compreendidos como um par antagônico, complementam-se pela a própria oposição. De fato, o Outro faz-se atribuir tanta realidade íntima pela consciência como o Eu, e o Eu não parece comportar menos aparências externas que o Outro (WALLON, 1975, p.159).

A convivência social entre os pares e o ambiente são elementos essenciais para estabelecer de forma concreta, a personalidade de cada indivíduo, desenvolvendo assim, um olhar crítico do mundo em sua volta. Através do contexto

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pessoal do sujeito e do campo afetivo construído pelas relações ele poderá sentir medo ou se empenhar mais ou menos e desta forma se compõe a inteligência da pessoa e a forma que ela vai abordar o mundo. Nesse sentido, para Wallon, a escola também tem o seu papel de oferecer a formação integral de forma afetiva, cognitiva e social no campo da aprendizagem.

Por fim, para Wallon, é a vivência na cultura que o homem progride como ser humano e assim o efeito biológico se torna mais complexo, afetividade e inteligência se complementam conforme ocorre o desenvolvimento do ser humano. No âmbito sociocultural os pais e professores trabalham juntos como mediadores dos filhos como objetos culturais, essas mediações são afetivas e estabelecem as relações entre sujeitos e objetos. Conforme afirma Almeida:

[...] para Wallon, a inteligência tem no desenvolvimento a função de observar o mundo exterior para descobrir, explicar e transformar os seres e as coisas. Esse conhecimento do mundo decorre da transformação do real em mental, isto é, da capacidade do homem de representar o mundo concreto. (ALMEIDA 2012 p.51).

Educação Socioafetiva

No âmbito da educação, o objetivo do currículo é o conteúdo do plano de ensino formulado para a experiência de aprendizagem na vida escolar. Por outro lado, as emoções sociais referem-se a emoções relacionadas ao ambiente social. Podemos conceituar o currículo socioemocional de uma maneira específica e, então, servir como um compromisso no processo de compartilhamento / ensino do valor da identidade do aluno.

A Constituição Federal (1988, p. 62 e 63) em seu artigo 227 (emenda constitucional nº 65/2010), estabelece de forma clara que:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Uma das muitas responsabilidades da escola é cooperar para que os alunos / cidadãos entendam seus direitos e obrigações e cumpram as leis e regulamentos, o que é uma parte importante de sua educação. Certos direitos também são

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considerados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96. O inciso II faz referência ao artigo 17 do ECA (1990, p. 12) que declara que “o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”. Determinados direitos, também são contemplados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96 (LDB, 1996).

Dispomos ainda de um número reduzido de estudos, na língua portuguesa, para a total consciência da importância das habilidades emocionais na educação e formação do aluno. Que em nosso entendimento seja uma área tão importante quanto as demais na educação e que está intimamente ligada à qualidade das relações, seja na influência acerca do bem-estar do indivíduo/aluno, nas escolhas e decisões docentes, ou na felicidade de forma geral.

Acerca da aplicabilidade das competências sociais na educação, os mestres em Psicologia, Zilda Prette e Almir Prette apresentam e admitem diferenciar a aplicação do Treinamento de Habilidades Sociais (THS) a uma gama variada de embaraços que se fundem com certa premência, à qualidade das relações interpessoais, ao mesmo tempo em que, um dos agentes podem estar na fonte e, consequentemente, também na suplantação de problemas. Entretanto, apesar do caráter de mitigação de problemas emocionais, nota-se nos dias atuais que intervenções e aplicações do THS, poderiam ter foco na preventivo e educacional, não somente para alunos com transtornos/deficiências sensoriais ou com defasagem de aprendizagem, mas também com alunos regulares no ensino formal (regular e especial).

Essa inquietação igualmente deve ser voltada às esferas do ensino superior e da formação profissional, especificamente nos ramos em que a afetividade do exercício profissional funde-se realmente na qualidade de interação. Em relação a capacidade de comunicação assertiva do professor nas suas conexões com seus alunos e pais, Zilda Prette e Almir Prette (2012, p. 172 e 173) ainda destacam:

Há quase duas décadas atrás Argyle (1980) já chamava a atenção para a importância do THS na formação de professores, destacando, entre as características do professor, a competência interpessoal associada ao entusiasmo, ao criticismo, ao uso da aprovação social, às explicações claras e ao uso de perguntas hierarquizadas.

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Refletindo na promoção da autoestima, de uma comunicação adequada e na manifestação dos sentimentos além do sistema formal de ensino, Zilda Prette e Almir Prette refletem que:

[...]as finalidades práticas “incluem intervenções não clínicas, conduzidas com o objetivo de resolução imediata de problemas interpessoais e prevenção de outros, diretamente em grupos de crianças e adolescentes ou indiretamente com os pais.”(2012, p. 173)

Alguns estudos baseiam-se no rearranjo das redes de apoio social e do meio ambiente, colocando questões de habilidades sociais dentro do foco mais amplo das relações sociais, como forma de integrar e aumentar o bem-estar de pacientes com deficiência intelectual ou doença, como forma de estratégia previne os problemas mais generalizados, como uso de drogas, crime e violência.

Em alguns casos, como os de natureza institucional, pode ser realizada uma análise sistemática das relações e interações que ocorrem nessas circunstâncias para determinar os fatores que extrapolam os limites de sua eficácia.

Portanto, as redes de apoio social são mais uma opção para melhorar a efetividade social do THS, podendo ser inseridas em intervenções mais abrangentes, é o que afirmam os mestres em Psicologia Prette e Prette (2012), acerca do emprego bem-sucedido do Treinamento de Habilidades Sociais Cognitivo-Comportamental.

O conceituado escritor e educador, Libâneo (1994, p. 249 a 253) ressalta que a "situação didática" do trabalho docente trata da relação entre o aluno e o professor, da forma de se comunicar, se relacionar “afetivamente”; e que as dinâmicas e observações são fundamentais para a organização e motivação do trabalho docente e alcançarmos com sucesso os objetivos do processo de ensino.

Nos aspectos socioemocionais, tema central de nossa exploração científica, temos os vínculos afetivos entre o professor e seus alunos e o sucesso que advém dessa relação positiva.

No que tange às fases da infância e a adolescência, atualmente muitas famílias estão vivendo em um triste ciclo vicioso. O tempo do trabalho dos pais, é maior que o tempo que é empregado aos filhos. Consequentemente ficam mais disponíveis e vulneráveis à influências externas, particularmente as próprias redes sociais que podem ofertar perigo; e os pais por questões seja de ordem física e/ou mental não têm rigidez ou firmeza para advertir as resistências e incertezas dos filhos. Assim,

Referências

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