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Ensaio Ensaio Fotográfico Fotográfico

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Academic year: 2021

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Ensaio

Fotográfico

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Ensaio

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Feminilidades

coreografadas: gênero,

sexualidade e raça nas festas

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Feminilidades

coreografadas: gênero,

sexualidade e raça nas festas

juninas em Belém, Pará

Feminilidades

coreografadas: gênero,

sexualidade e raça nas festas

juninas em Belém, Pará

Universidade de São Paulo Universidade Federal do Pará

R A F A E L D A S I L V A N O L E T O

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Amazôn., Rev. Antropol. (Online) 7 (1): 264-277, 2015 Noleto, R. S. | Negrão, M. V. N.

Durante o primeiro semestre do ano, os bairros periféricos de Belém são marcados pelos ensaios dos grupos coreográficos – popularmente conhe-cidos como quadrilhas – que se prepa-ram para apresentar-se nos concursos de dança promovidos durante asfestas juninas da cidade. A formação destes grupos é caracterizada pela divisão de seus integrantes em pares, predo-minantemente formados por mulhe-res (damas) e homens (cavalheiros), que dançam uma coreografia alusiva a interações afetivas entre casais hete-rossexuais. No mês de junho são rea-lizados inúmeros concursos de dança, financiados pelo poder público ou promovidos por lideranças culturais das periferias de Belém, que visam ele-ger as melhores quadrilhas da cidade. Cada quadrilha comporta três repre-sentantes femininas que possuem status

diferenciado dentro do grupo: a Miss Caipira, a Miss Mulata (ou Miss Morena Cheirosa) e a Miss Simpatia. Conhecidas

como misses, essas dançarinas se

apre-sentam individualmente antes de sua quadrilha executar a dança coletiva e disputam títulos de reconhecimento à sua beleza física, à qualidade de sua coreografia e à elaboração de seu figu-rino. Cada miss almeja ganhar o título

referente à sua categoria específica. Entretanto, muitas quadrilhas possuem uma quarta miss, conhecida como Miss Gay ou Miss Mix, que nunca (ou

rara-mente) dança junto de sua respectiva quadrilha. Trata-se de um homem ho-mossexual, uma travesti ou um sujeito trans (transexual ou transgênero) que assume este papel e se constitui como a representante gay (ou mix) de sua

quadrilha nos diversos concursos de-nominados genericamente como “Miss Caipira Gay” ou “Miss Caipira Mix”.

Além disso, há ainda os sujeitos – em geral, travestis, transexuais e transgêne-ros – que desempenham os papéis das damas no decorrer da apresentação de suas quadrilhas, formando pares (ou casais) com aqueles que dançam como cavalheiros. Essas brincantes serão re-ferenciadas aqui como damas mix,

uti-lizando a própria categoria mobilizada nos concursos destinados a homosse-xuais e pessoas trans. Capturadas entre maio e junho de 2014, as fotografias deste ensaio estão divididas em dois blocos que colocam em contraponto o protagonismo feminino, homossexual e trans nos concursos juninos realiza-dos na periferia e no concurso oficial promovido pela prefeitura de Belém. Muitos sujeitos homossexuais e/ou trans do universo quadrilheiro são co-reógrafos de inúmeras misses (mulheres

ou gays/mix) que dançam nos concur-sos juninos, estabelecendo com elas uma relação dialógica por intermédio da qual ensinam e aprendem atributos de feminilidade, mobilizando, inclusi-ve, marcadores raciais como elementos que reforçam a beleza, a densidade e a sensualidade de suas coreografias. Assim, a feminilidade é adquirida e aprimorada coreograficamente a partir de complexos movimentos de dança, que conferem a estas misses e damas a

possibilidade de se constituírem como mulheres.

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Ensaio Fotográfico

NOTA

As fotografias deste ensaio estão direta-mente relacionadas à pesquisa de dou-torado desenvolvida por Rafael Noleto (“Brilham estrelas de São João!”: gênero, sexualidade e raça nas festas juninas de Be-lém, Pará), sob orientação da Prof.ª Dra. Laura Moutinho e com financiamento CA-PES junto ao PPGAS/USP. Todas as foto-grafias são de autoria de Marcus Negrão, antropólogo e fotógrafo, que acompanhou e participou do trabalho de campo realiza-do por Noleto durante o primeiro semes-tre de 2014.

E-mail dos autores: rafaelnoleto@usp.br e marcusnegrao@gmail.com

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Figura 1 - O espelho torna-se o principal instrumento para que uma Miss Caipira Gay verifique o potencial de convencimento de sua feminilidade. Raphaelly Mandelly (qua-drilha “Fuzuê Junino”, bairro da Pedreira) observando-se no Clube Imperial (bairro do Jurunas) minutos antes de sua apresentação.

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Figura 2 - Uma Miss Caipira Gay deve comprovar suas competências como dançarina. A veterana Evellyn Gabrielly (bairro do Telégrafo) ensaia sua coreografia diante de uma miss gay iniciante, Fantiny (bairro do Benguí).

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Figura 3 - Fazer poses constitui-se como um saber corporal relevante para que as misses exibam sua feminilidade e enfatizem as particularidades de seus figurinos diante de um júri que a analisa. Marjory Rabech, Miss Caipira Gay da quadrilha “Reino de São João” (bairro do Guamá), posa para a câmera após sua apresentação no Clube dos Comerciá-rios em Ananindeua, município da região metropolitana de Belém.

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Ensaio Fotográfico

Figura 4 - Com 24 anos de idade e uma longa trajetória nos concursos juninos, Gabrielle Pimentel é hoje a principal referência para as misses de todas as categorias. Bailarina clás-sica, é idolatrada por homossexuais e travestis. Foi a única mulher a ser convidada para fazer a abertura do concurso de Miss Caipira Gay promovido pela quadrilha “Sedução Ranchista” (bairro do Jurunas) em maio de 2014.

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Figura 5 - Para os quadrilheiros, a Miss Mulata e a Miss Simpatia representam, respecti-vamente, a energia e a graciosidade de uma quadrilha. Não disputando títulos entre si, es-tas mulheres constroem relações de cumplicidade. Suellen Silva (Mulata) e Paula Lorena Gouveia (Simpatia) tentam amenizar o nervosismo mútuo antes de dançarem junto com a quadrilha “Sedução Ranchista” (bairro do Jurunas).

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Amazôn., Rev. Antropol. (Online) 7 (1): 264-277, 2015

Ensaio Fotográfico

Figura 6 - A Miss Caipira é a mulher mais importante da quadrilha, possuindo o desafio de apresentar ao público a concepção temática de seu grupo. Suas coreografias são mais complexas e exigem maior conhecimento em dança. Gabrielle Pimentel, Miss Caipira da “Sedução Ranchista” (bairro do Jurunas), dança no concurso promovido pela Prefeitura de Belém.

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Amazôn., Rev. Antropol. (Online) 7 (1): 264-277, 2015 Noleto, R. S. | Negrão, M. V. N.

Figura 7 - Parece haver certo consenso de que as damas mix dançam mais intensamente para defender sua quadrilha. Neste caso, a dama mix Sammy Soares (quadrilha “Encanto Tropical”, bairro do Tapanã) é quem comanda a linha de frente de seu grupo de damas.

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Ensaio Fotográfico

Figura 8 - Em alguns casos, para ingressar em uma quadrilha renomada, uma dama mix necessita demonstrar uma feminilidade incontestável. Patrícia Ferraz (quadrilha “Fuzuê Junino”, bairro da Pedreira) é vista por muitos como uma dama mix que transborda feminilidade.

Referências

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