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Investigação in vivo da penetração de óleos e sua influência na barreira cutânea 1. Dra. Ana Maria Mósca de Cerqueira Dermatologista CRM/RJ 37.

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Investigação in vivo da penetração

de óleos e sua influência na

barreira cutânea

1

Dra. Ana Maria Mósca de Cerqueira

Dermatologista CRM/RJ 37.258-0

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cutânea e de manutenção da estabilidade da camada córnea3. A derme é composta de colágeno, elastina, terminações nervosas, vasos sanguíneos, linfáticos, glândulas sudoríparas e sebáceas, sendo o subcutâneo composto de tecido conjuntivo gorduroso.

O manto hidrolipídico é uma película superficial localizada sobre a epiderme, que age como uma substância hidratante natural, cuja função é

proteger a pele da evaporação excessiva, evitando o ressecamento, mantendo a lubrificação e protegendo contra agentes externos e bacteriológicos4.

No recém-nascido (RN), nas duas primeiras semanas de vida, a acidez é débil, tornando a pele menos resistente às infecções5.

O estrato córneo é uma estrutura metabolicamente ativa e também exerce funções adaptativas, com grande interação com as camadas epidérmicas subjacentes. Representa uma barreira poderosa para o meio ambiente e um desafio para fabricantes de produtos cosméticos e farmacêuticos.

Sistema tegumentar.

O grau de hidratação da camada córnea e a perda de água transepidérmica (Transepidermal water loss – TEWL) estão relacionados ao grau de dano à barreira.

Dra. Ana Maria Mósca de Cerqueira

Dermatologista pediátrica do Hospital Municipal Jesus (HMJ) – Rio de Janeiro e do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) – Rio de Janeiro, Sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Presidente do Comitê de Dermatologia Pediátrica da SOPERJ 2010/2013 (SBP) e SBDRJ 2011/2012. Preceptora do curso de pós-graduação em Dermatologia Pediátrica da Policlínica Geral do Rio de Janeiro (PGRJ), Hospital Marcílio Dias (HMD), Hospital Central do Exército (HCE), HFB e HMJ e membro da Câmara Técnica de Dermatologia CREMERJ

CRM/RJ 37.258-0

Introdução

A pele, maior órgão do sistema tegumentar (Figura 1), é o revestimento externo do corpo e apresenta várias camadas de tecido ectodérmico. A camada mais externa da pele é denominada estrato córneo (EC) ou camada de queratina. A pele contém muitas camadas de células achatadas mortas, que atuam como uma barreira para proteger os tecidos subjacentes contra lesões e infecções2.

Os ceratinócitos são as células mais presentes na epiderme, representando 80%. Eles sintetizam os grupos de lipídeos e proteínas, que são depositados como corpos lamelares, cuja estrutura contém uma mistura de ceramidas, colesterol e ácidos graxos livres, e cujo papel é formar o componente lipídico da barreira

Nervo sensorial Célula de Merkel Melanócito Célula de Langerhans Estrato basal Estrato espinhoso Estrato granuloso Estrato lúcido Estrato córneo Ceranócitos 1

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Emolientes

Os emolientes são substâncias que podem ajudar a promover e manter a pele saudável, melhorando a função da barreira cutânea (Figura 2). Principais ingredientes dos produtos farmacêuticos e cosméticos, os emolientes são os grandes responsáveis pela função sensorial do produto. Apresentam três funções principais, mencionadas a seguir:

Formar uma camada de óleo na superfície da pele, reduzindo e retardando a perda de água transepidérmica (TEWL).

Aumentar a umidade – capacidade de retenção de água no estrato córneo (EC).

Lubrificar a pele, contribuindo para seu aspecto deslizante, evitando possíveis irritações causadas por atrito.

Os emolientes devem ser escolhidos com cuidado. Há uma variedade de óleos que podem ser empregados como emolientes cutâneos. É importante conhecer cada componente do produto.

Produtos com grande conteúdo lipídico são recomendados para o cuidado da pele seca e para o tratamento de condições inflamatórias, com o objetivo de vencer a

barreira cutânea e alcançar suas estruturas-alvo, que são parcialmente localizadas abaixo dessa barreira. A pele é relativamente permeável a moléculas de gordura solúveis e impermeáveis a água e sais, porque as membranas celulares têm uma bicamada lipídica. A medição da TEWL tornou-se uma ferramenta não invasiva importante na dermatologia e na cosmetologia. Geralmente é bem vista como um dispositivo para a monitorização das alterações na função de barreira do EC6.

Em pele intacta, valores de TEWL são bastante baixos, enquanto, na pele prejudicada, fornece valores maiores, com decréscimo quando a barreira se recupera7.

Óleos

Os óleos puros podem ser empregados em diversas formulações. São conhecidos pela capacidade de hidratar o tecido cutâneo, como lipídios nativos do estrato córneo, e fornecem melhor função de barreira. Os óleos essenciais são lipossolúveis e penetram na pele por meio dos lipídios cutâneos6. Os óleos naturais são aplicados topicamente em muitos países em desenvolvimento, como um óleo de massagem para recém-nascidos8.

Emolientes criam uma barreira parcialmente oclusiva entre a pele e o ar, reduzindo a perda de água transepidérmica (TEWL).

Gotas de óleo

Emoliente Corneócitos Moléculas de água

Adaptado de Cork et al. 20069.

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O óleo vegetal é uma gordura extraída de plantas formada por triglicerídeo, na maioria das vezes, extraído quase exclusivamente das sementes. A maioria dos óleos vegetais contém ácido oleico entre 14% e 82%7. O ácido oleico é um ácido graxo essencial, que pode ter a capacidade de danificar a barreira cutânea10,11, conforme demonstrativo da Figura 3. No óleo de oliva (azeite), a concentração de ácido oleico varia entre 55% - 83%. Também está presente em alta concentração nos óleos de sementes de uva, canola, gergelim, girassol, soja, óleo de palma e em animais marinhos, como tubarão e bacalhau. A viscosidade ou o grau de saturação do óleo vegetal desempenham um papel na capacidade da sua penetração. Geralmente, os óleos vegetais contêm resíduos de proteínas, que podem causar sensibilização alérgica, inflamação e dano à pele10,11.

Sem ácido oleico Com ácido oleico

Pele saudável Pele separada – Camada superior

Efeito do ácido oleico sobre a barreira da pele. Também chamado parafina líquida, óleo branco ou vaselina líquida, o óleo mineral é:

o principal componente dos produtos farmacêuticos e cosméticos e um dos ingredientes mais seguros utilizados desde 1880.

um produto derivado da destilação do petróleo. da categoria dos hidrocarbonetos.

transparente, incolor, estável e quimicamente quase inerte.

um ingrediente comum das loções de bebês, de cremes, pomadas e cosméticos.

leve e de baixo custo.

O princípio básico para a obtenção do óleo mineral é a remoção dos compostos orgânicos tidos como impurezas, que se encontram presentes nos derivados do petróleo. Purificada, essa mistura de hidrocarbonetos de parafina líquida lhe atribui um perfil de segurança considerada excepcional12.

Métodos de avaliação: penetração de óleos e sua influência na barreira cutânea

É muito difícil encontrar provas científicas substanciais sobre a absorção do óleo pela pele, isto é, a quantidade de óleo absorvida que leva a reações sistêmicas. O óleo não parece ser absorvido na circulação13,14. O estudo publicado no Journal of Cosmetic Dermatology (2005) concluiu que o óleo mineral altamente refinado e purificado, encontrado em produtos cosméticos e de cuidados com a pele, não mostrou ser comedogênico, portanto não obstrui os poros12.

Recentemente, Stamatas et al.15 utilizaram a microscopia confocal para testar a eficácia do óleo mineral e de dois óleos vegetais com relação à penetração na pele e oclusão. O estudo mostrou que ambos os óleos penetraram apenas nas camadas superiores do EC e não havia nenhuma diferença em termos de oclusão entre os óleos vegetais e o óleo mineral.

Outro procedimento muito promissor é a microscopia de varredura a laser, que opera por reflexão16, ou o modo de fluorescência17, métodos altamente seletivos e sensíveis. Eles permitem claramente a detecção da aplicação tópica de substâncias na epiderme e na barreira dérmica5,18. Em particular, a microscopia fluorescente é mais adequada para analisar a penetração da barreira cutânea13,19.

3

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Na faixa visível espectral, os métodos de avaliação por comprimentos de onda demonstraram que os corneócitos são bem permeáveis, na maioria das vezes, na análise da penetração intercelular pela fluorescência com substâncias lípidicas marcadas nas camadas cutâneas13.

Para medições com microscopia de varredura a laser (LSM) e TEWL, Rieger et al.13 utilizaram parafina (óleo mineral) e diversos óleos vegetais. O estudo investigou e comparou a penetração desses óleos na barreira da pele e sua capacidade de oclusão. O petrolato serviu como um controle positivo para a oclusão da pele. Medições de TEWL foram realizadas para avaliar a qualidade da barreira da pele antes e

após a aplicação dos óleos. Os valores reduzidos da TEWL indicaram que a aplicação dos óleos conduziu a semioclusão da superfície da pele, com retenção da umidade e diminuição das reações inflamatórias da pele lesionada. Os resultados demonstraram que a diferença de valores TEWL foi menor que 8%, podendo ser considerada desprezível13.

Utilizando microscopia de varredura a laser com o objetivo de investigar a potencial distribuição e penetração de substâncias aplicadas topicamente, imagens representativas de áreas da pele tratadas com as várias substâncias (óleo mineral, petrolato e quatro óleos vegetais), obtidas pelo LSM estão representadas na Figura 4.

Distribuição de óleo de soja (a), óleo de amêndoa (b), o óleo de jojoba (c), óleo de abacate (d), óleo mineral (e) e petrolato (f) nas camadas do estrato córneo analisada pela fluorescência com microscopia de varredura a laser.

A D B E C F

Adaptado de Patzelt et al.1.

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Todas as imagens foram registradas com profundidade de digitalização. As substâncias investigadas na Figura 4 exibiram apenas um sinal muito fraco de fluorescência, mesmo após a retirada do óleo durante a limpeza, sugerindo que a maior parte das substâncias permanece na superfície da pele, com sinais de fluorescência relativamente baixos. Essa figura mostra também que o petrolato, embora tenha sido apagado, ainda formou um película de proteção homogênea na superfície, impedindo a penetração do suor no EC1.

Conclui-se que, depois de terem sido removidas, as substâncias ficam localizadas apenas na superfície da pele, e não na região profunda dos corneócitos, e é

visível que o corante está apenas localizado na superfície dos corneócitos. Caso o laser foco fosse deslocado para camadas mais profundas das células do estrato córneo, nenhum sinal de fluorescência poderia ser detectado. As amostras investigadas foram estabelecidas para penetrar o mais profundo no EC1.

Como resultado, o óleo mineral e os óleos vegetais penetram apenas nas primeiras camadas superiores do EC indicando que há semelhança de oclusão na superfície da pele, exceto com o óleo de jojoba19. A oclusão mais eficaz foi encontrada no petrolato, que não apresenta risco de causar alergia e inflamação da região tratada (Figuras 5 e 6).

0 10 20 30

Óleo de jojoba

Óleos vegetais Óleo mineral Basal

Lipídios tot ais (r azão molar) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0

Profundidade em µm Adaptado de Stamatas G et al. 200820.

5

Óleos

vegetais Óleo de jojoba mineralÓleo

Edema no Estr ato córneo (% aumento basal) 40 30 20 10 0

Adaptado de Stamatas G et al. 200820.

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Considerações finais

O óleo mineral:

É eficaz na superfície da pele, reduz e retarda a perda de água transepidérmica (TEWL), aumentando a capacidade de retenção de água no estrato córneo (EC).

Sua natureza inerte torna fácil a lubrificação e hidratação da pele, sendo resistente à umidade em muitas formulações.

Mostra não ser comedogênico, portanto não obstrui os poros.

É um dos ingredientes mais comuns encontrados nos cosméticos, podendo ser usado na pele sensível de crianças.

Formam uma base ideal de mistura para cuidados pessoais e produtos farmacêuticos que vão a partir de óleos, loções do bebê e filtros solares.

O elevado grau de pureza do óleo mineral lhe atribui um perfil de segurança considerada excepcional e a sua qualidade, está relacionada diretamente com a escolha da matéria prima, do processo e das técnicas utilizadas na sua fabricação.

É importante conhecer a origem dos produtos empregados, para não apresentar risco de alergia e inflamação da área tratada.

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