BREVE
NA
U
�C
P7
CURSO
DE
JORNALISMO
DA
UFSC
-FLORIANÓPOLIS,
JULHO DE 2012
-ANO
XXX,
NÚMERO
8
aa
ACUMULAM
BOW!
N.
FUNDAçóa,
EA
une
RECONHECE
"""UDADE DE
MLÁtlIot
ACIMA DO TETO DE
R�
26,7
MIL
PÁGINAS
8/9
OXIGÊNIO
NEM
VIAQRA
9ALVA
CORPUS
TARJA PRETA A UM CUQUE
Venda
pela
internet de remédios
controlados
aumenta
risco
de
dependência
einflaciona preços
ZERO
ENTREVISTA
DERLEI DE LUCA
Pirataria
e acessoonline
afilmes
pornô
provocam
queda
nacomercialização
efazem
omercado
entrar
emcrise
Para
aprofessora
torturada
naditadura,
reabrir
casosnão
é
revanchismo,
mas umaforma de
sefazer
justiça
P.13
P.15
•
EDITORIAL
DIRETO
DAREDAÇÃO
Uma
espécie
atípica
numa
fauna
não-convencional
O
jornal
laboratório éumanimal midiático es
tranho. Não é feito por
profissionais,
mas seespera dele um desem
penho
quenãodecepcione
porsuasraízes escolares.Tem
periodicidade
eformatodistintosdos
convencionais,
masse
espelha
nosmodelos domercado.
É
aomesmotempolaboratório- onde se busca
experimentar
- esala de aula- ondese
aprende
porrepetição
eimitação.
Tentaserirreverentee
livre,
ao mesmotempoemque procura não se descaracterizar
como
"jornal".
Essas
contradições
sãoumpoucodanaturezado
jornallaboratório,
eelastrazemodesconforto da instabi
lidade.Não éfácil paraos
repórteres
convencerem suas fontes a darem
informações
a um veículo que sepretende
"sério" e, ainda assim, éexercício de
aprendizado.
Insistirpara que os alunos desafiem seus
limites éumatarefa dequem super
visionaa
produção
dojornal.
Mistodeeditores-chefese
professores,
atuam também como motivadores de
um grupo
plural
nasambições,
nopreparotécnico e na
disposição.
Porvezessãotambém
produtores
dasre-portagens, intermediando ocontato
com as
fontes, sugerindo
caminhos.Adicione aindaaesta
equação
ofator tempo,que,se
permite
apurações
sobressalentes na reportagem,tambématornamais
perecível.
Manter umpatamarde
qualida
de da
primeira
àúltimapágina,
nãodescuidar da
periodicidade
e fazerdesta uma
experiência
efetiva deensinoe
aprendizagem
são desafiospermanentes. Tentamos ainda nos
divertir fazendoisso ao
longo
destesemestre.
É
maisumaexpectativa
emtornodeste resultado inusitadoqueo
leitortemnasmãos. Boaleitura!
-O
IN AO
ONDE
O LEITOR TEM VOZParabéns.Amatéria dos convênios
ficou
boa.Deuvontade de sabermais. Porquenão
divulgaram
o nomedocaraquemandouoe-mail tentando
intimidaros
repórteres?
Amatériadeveriacomeçarcom essecara,
explicar
queméele,
porque isso, porqueaquilo,
ondemora,oquefaz,
comquemsai,praonde
viaja.
(
..)
Aabertura támuitoburocrática,
não
aprofundá
ospersonagens. Gente, pareceaFolhadeS.Paulo...
Marques
Casara- SãoPauloNamatéria dos modelose oladoBdo
agenciamento
senti
falta
deinformação
sobre onde está localizadaa encrenca.Porque
algumas
agências
ebookers dizemnoboxcomoagemealertamparao
pengo
deseescolheruma
agência
errada. Como,ondeeporqueGabrielaentrounessa
fria?
Foiaqui
emFloripa?
Temalguma fiscalização
desseserviço?
ChristianeSantoro
Balbys
-Florianópolis
Tenho lidoosZerodessa
safra
e esseúltimofoi
omaisinteressante,até trouxepracasa.
(.
..)
Umadascoisasquemaistenho
gostado
éaparticipação
doombudsman.Por não
"poupar"
nasanálisesporsetratardeum
jornal-laboratório,
Kucinski dizcoisasqueservemparatodosos
jornais
eprofissionais.
Upiara
Boschi-Florianópolis
Achoqueaideia doZeroé
justamente
procurarcontarhistóriasque nãodemandem
faaualidade
etragamreflexão.
UmapessoacomooMafalda,
com ahistóriaqueeletemcom o
jornalismo,
ésempreumbomentrevistado. Achoquevocêsacertaramnaescolhae
na
edição,
queficou
caprichada.
Cauê
Marques
-Florianópolis
ZERO HOMENAGEIA
Ao
MESTRE,
COM CARINHODepois
de28 anos, oprofessor
HélioSchuch se aposentouda
UFSC,
mascontinuará presenteno traço de Clóvis
Geyer,
estampado
naparede-galeria
do
Departamento
deJornalismo
Naúltima
edição,
napágina
14,nomeamos oex-reitordaUFSCcomoFrancisco PintodaLuz.O
corretoé
Rodolfo
Joaquim
PintodaLuz.21ão
OMBUDSMAN
BERNARDO KUCINSKI
Sobre
o
jornalismo
a
dois
S·
oube queoZero
passado
furouagrande
imprensa
aorevelaroinícioiminentedas obras de
ampliação
doaeroporto.Parabénsà
equipe
doZero. Parabéns tambémpela
reportagemdenúnciasobre afalta de
fiscalização
financeira dasfundações
queoperam dentroda universidade..Issoé
jornalismo.
Maisdoqueum
problema
dedescontrole,
areportagemrevelaaarrogância
deseusdirigentes
e osegredo
comoinstrumentosdepoder.
Tambémgostei,
pela
escritae
originalidade,
da matériasobreaandroginia,
oestado das pessoasdesexoindefinidoou
duplo
ouambíguo (espero
nãoestarsendopoliti
camente
incorreto).
Eregistro
aclarezaeeficácia doinfográfico
principal
da matéria sobre
adoção.
Feitosos
elogios,
vamosàcritica,queessaéafunção
do ombudsman.Persistiuna
edição passada
oproblema,
quejá
apontei
da escritaanódina, textosque parecem
relatórios,
títulos caretas, aberturas burocráticas.Oque fazer?
Creioqueum
primeiro
passoseriaacabarcom ojornalismo
aquatromãos. Na
edição passada,
apenastrêstextostinhamautoriaunipessoal.
Nadamenosquesetematériaseramassinadas por dois
jornalistas.
Nasedições
anterioresaproporção
erasemelhante.O quedeveriaserexceção,
noZeroéa norma.Ocorreto,
quando
umjornalista
colaboranamatéria deoutro,oqueéraro e selimitaa
ajuda
técnicanaapuração,
é atribuirumcrédito(co
laborou fulano de
tal),
mantendo-se aautoriapessoal
do texto emsi.Essaéaregra.
Exceções?
Claro quehá: asreportagensdoWatergate
noWashington
Postforam sempre assinadaspela dupla
Bob WoodwardeCarlBernstein. Maseramestritamentefactuais
-quase
telegráficas.
Tambémexiste a"salsicharia" do
jornalismo:
em revistassemanais,como
JiEJA,
asapurações
dosrepórteres,
especialmente
emmatériasgran desedecapa, sãoentreguesa um"writer",
quemisturaaquilo
tudo,
tiraumafrase deum,uma
citação
deoutro,emontaumtextoartificialmente
bonito,
semnenhumapessoalidade,
emgeral ideológico
ebabaca,
noqual
nenhum dosrepórteres
contribuintes reconhecesuaparticipação.
A
função
doZeroéformarjornalistas.
EJornalismo
é autoria. Estilos sãopessoais.
Nãosóestilo,
posturas,convicções,
visões demundo: tudoissoé estritamente
pessoal
e somaparaconstruir aimagem
pública
dojornalista;
e,comisso,aformacomoelepróprio
sevêe semanifesta,
seuestiloe suaidentidade
pública
comojornalista.
Porisso,aautoriapessoal
(e
nãohá,
arigor,
autoriamulti-pessoal)
éessencial.Imagino
queoespaço épouco paratantosalunos,
masdeveserpossível separar
tarefas,
umescreve otextoprincipal
outroescreve oboxousegundo
texto, de modoaprivilegiar
autoriaeconstrução
deidentidadenapautae sua
execução.
Outras pequenas
observações:
devem-sepublicar
ascartasde leitorescríticas,
nãoasdeelogios; página
três éamaisnobredojornal,
nãodeveriaserusadaparamatérias frias de caráter
histórico;
matériasdevemser
afirmativas,
semabrigar
desculpas
esfarrapadas,
como adafuncionária
MeryAnn
Furtadonamatériadeadoção
e ado[oceli
Souzanadosimpasses
dapolítica
cultural. Seo"outro lado"tergiversa,
pauno"outrolado".
É preciso
deixaraquestão
claraaoleitorenão-comofaz aFolha
-acentuar
divergências
para criar tensão.Físicoejornalista,é doutorepós-doutoremComunicação.LecionounaUniversidade I
de SãoPaulo,ondeseaposentouhácincoanos.Éprofessorvisitante da UFSC.
JORNAL
LABORATÓRIO
ZEROAno XXX- N° 8 - Julho de2012REPORTAGEMAmanda Melo,Ana Carolina Paci,AriannaFonseca,CarolinaFranco,DanielGiovanaz, EdianeMattos, José
Fontenele, Juliana Ferreira, Lucas Pasqual, Maíla Diamante, Manuela Lenzi, Mariana Pitasse, MarianeVentura, Marina Empinotti, Matheus Lobo Pismel, Milton Schubert, MireneSá,
NathaleEthelFragnani,NathanMattesSchafer,RafaelaBlacutt,RafaellaCoury, RodrigoChagas, SendyLuz, Thomé GranemanneVictorHugoBittencourt
EDiÇÃO
AlécioClemente.Bárbarauno,Camila Garcia,Carolina Dantas,RodolfoConceição,Rosielle Machado, Tullo KruseeWesley Klimpel
DIAGRAMAÇÃO
LucasPasqual, Patricia Pamplona, Rafaella CouryeViniciusSchmidtFOTOGRAFIAMarinaEmpinotti,PatriciaPamplona, SendyLuz, ThoméGranemann,VictorHugoBittencourteWesleyKlimpelCAPA PatriciaPamplonaINFOGRAFIALucasPasqual
ILUSTRAÇÃO
LuteeMorganaHoefelPROFESSORESRESPONSÁVEIS
RogérioChristofolettiMTbjSP25041eSamuel LimaMTbjSC00383MONITORIAPatriciaPamplonaeVinicius SchmidtIMPRESSÃO
Diário CatarinenseTIRAGEM5 milexemplaresDISTRIBUiÇÃO
NacionalFECHAMENTO2 dejulhoi-
•
Melhor JamalLaboratório- I Prêmio Foca
SindicatodosJornalistasdeSC 2000
3° melhorJornal-LaboratóriodoBrasil EXPOCOM 1994
••••i-.
Melhor
Peça
GráficaSetUniversitáriojPÜC-R$
198a,:1.989•.1990,1991, 1992e$9�8
PÁGINAZERO
PRIMEIRAS
LINHASZero:
30
histórias
em
trinta
anos
Relembre
edições
cheias
de ousadia
e as
coberturas mais
marcantes
do
jornal
nSetcm vrodt Ji)K.:
Contracapa
commatéria sobreofechamentoda PonteHercílioLuzecríticassobreafaltadeumaterceira
ligação
ilha-continente.Depois
de 30anos,acidade seguecom os mesmosproblemas.
,) i'j,nembrode ,985 .\gostode<){;i. Duasmatériascentraissobreapropostafeita
pela
multinacional IBMao cursode
Eng.
Mecânica,ferindo aentãoLeide Informática(que
permaneceuemvigor
até92eprotegia
osdesenvolvimentostecnológicos
dentro dopaís).
3)
Novembrode198-
primeira
matériadoZerosobreAIDS,
doença
ainda desconhecidanaépoca.
':l)
Dezembrode198'7ZeroDocumento:10
jornal
especial
depois
de 5anosde
produção.
Perfis delocais,
personagens emomentosque marcarama históriada Ilha.5)
Junho
de 1')881a matéria sobre osproblemas
doTransporte
Coletivo emFlorianópolis.
' \gu� Jdi I)88/
1\0 -vembro1988/
i\bril1989/
Setembro 1989 Outuiro198',
/
Dezembro 1989Zeropremiou
seusleitorescomdiscosdas bandaseartistas
que faziamsucessonofinal dosanos80.
7)
Abril de1989Matériasobre showpioneiro
de RodStewartem
Florianópolis. 8)
Outubro de1990/
Novembro1990/
Setembro199"/
Outubro 1995ZeroSemanal.
Destaque
paramatéria sobrea
criação
doLeMondeeinauguração
daBR470emse.9)
l\-1arçode1992/
Fevereiro1995ZeroZine,
duasedições
especiais
sobreHQs
emangás.
10)
Setembro de 1992Oligarquias
dominamrádioeTVemse. Teefoi
publicado
naíntegra. 11)
Novembrode1992Matériacentral sobreos
megaprojetos
emFlorianópolis.
12)
Junho
de t994 Encarteespecial
para mãesuniversitárias. 13)Junho
·
de 1996 Catarinenses "anônimos"
rumoàs
Olimpíadas.
.)�ovembro
· de IQ96Formato
standard,
logotipo
diferente.
15)
Dezembro de1996
·
Edição
dedicada à 23" Bienal deArte·
de São Paulo.
16)
Dezembro de1997Zero
Lagoa,
dedicadoàregião
• da
Lagoa
daConceição. 17)
Setem-· bro de 1998A
capatrazumadenún
ciacontraa
Delegacia
daReceitaFe-deral de
Florianópolis,
acusadapelo
Zerode pagar
aluguel
muito acimado preço de mercado por obra que
serviria de sede.
Engenheiro
WilsonBorlinentracom
pedido
de indenização
contraaUFsepor danosmorais.18)
Dezembro de 1998Ojornal
experimenta
aimpressão
empapel off
set.19)
Dezembro de2002Segunda
edição
empapel
offset.
Juiz
concedeganho
decausaàUFSCe aoprofessor
supervisor
dojornal,
Henrique
Finco,referente à reportagem que denun
ciou super
aluguel
daReceitaFederal.20)
\briJde2003Edição
especial
sobreaGuerrado
Iraque.
21)
Julho
de200'! Texto
proibido
na revistaVeja
sobreamortedo
jornalista
VladimirHerzog.
Foio únicojornal
impresso
brasileiro queo
divulgou.
22)
Abrilde
2005
Capa
inspirada
nasobras doartista PietMondrian.
23) Junho
de 2005Edição especial
sobre aRevoltadasCatracas.
24)
Julho
de2006Edição
feitaemparceriacom aFenaj.
TributoàDanielHerz.
25)
Outubrode 2006 ZeroExtra: só entrevistas
e uma anti-entrevista de Ricardo
Kotschonacontracapa.Nesta
edição,
Zero vira
disciplina obrigatória. 26)
Novembro de 2006
Edição
com 32páginas
e entrevista com Caco Barcellos.
27)
Dezembrode 2007Espe
cialsobreLiberdade
Digital.
Primeirojornallaboratório
feitointeiramenteem
software
livre.28)
Dezembrode 2009 Zero
Narrativas,
edição
diferenciada
produzida
nadisciplina
Narrativasde
Jornalismo. 29)
Junho
de 2010Especial
sobreaCopa.
30)
Julho
de 2011Edição especial
comreportagens
produzidas
nadisciplina
Jornalismo
Investigativo.
Nathale EthelFragnani
nath4le@gmail.com
ThoméGranemann
granemannrosa@gmail.com
Julho
de 2012
ZERO
ZERO
ENTREVISTA
DERLEI DE LUCA
•
''Julgamento
não
é
revanche.
Queremos
resgatar
a
memória
por
questão
de
justiça"
Presa
e
torturada por
militares,
professora
de
História luta para que
a
repressão
não
se
repita
Durante
a
ditadura,
Derlei CatarinadeLucafoipresa etorturada quase atéamorte.
Hoje
coordenaoComitêCatarinensePró-Memória dosMortose
Desaparecidos
Políticoseparticipa
do grupoTortura Nunca Mais.Nascidaem
Içara,
aprofessora
de história de66anosentrouno cursode
Pedagogia
daUFSCem
1966,
fezparte domovimento estudantileda revolucionáriageração
de1968,
noaugedarepressão
pelo
regime
militar. FoipresanaOperação
Bandeiranteseafirma queavidafoi
garantida após
oregistro
dasimpres
sões
digitais
noDepartamento
de Ordem PolíticaeSocial(DOPS):
"Depois
quetiravamaimpressão
digital
elesnãomatavammais".ExiladaemCuba,
conheceu FidelCastroelácriouseufilho.
Essas memórias
inspiraram
o livroNoCorpo
e naAlma,
que seráadaptado
paraastelascom otítulo Vou Voltar."Daqui
20ou30anos,osresponsáveis pelas
prisões
e torturasestarão mortos e,se não forescrita,nãohaverá históriaacontar.Eahistória ésempreomelhor
julgamento."
Em2001, recebeu da Assembleia
Legislativa
amedalhaAntonietadeBar ros,condecoração
máxima concedidapelo
governo.Partipou
doprocessodeformação
daComissãodeAnistia,instaladanesteano,eressaltaopapel
dacondenação
do Brasilpela
Organização
dos EstadosAmericanos(OEA)
no casodoAraguaia.
"Não fosseesseepisódio,
teríamosdeixadopassaressasinjustiças."
Em entrevistaaoZero,Derlei relembraessasexperiências,
contasobresualuta
pela
preservação
da história dasvítimasda ditaduraealerta:se obrasileiro não tiverconsciênciado que passou, é
possível
quetudoserepita
emtemposde austeridade ambientai.Como aconteceu a
repressão
duranteaditadura militarem Santa Catarina?
Aqui
noestado arepressão
secentralizou na
região
dasminas de carvão.O sindicato dos mineiros era muito
atuante.
Englobava Criciúma,
Urus sanga,Içara,
NovaVeneza,Forquilhi
nha,
todaaregião
carbonífera.Outraárea que sofreu muita
repressão
foia do porto de
Itajaí.
Osportuários
também tinham um sindicato muito
forte e umamilitânciaatuante. Eem
uma escala menor, mais suave,
aqui
em
Florianópolis.
Havia basicamenteartistas, escritores, poetase
alguns
estudantes,
mas arepressão
nãofoitãofortecomo emCriciúmae
Itajaí.
Aqui,
qualquer
acontecimento ficava maisvisível,
entãoelesameaçavamosescritores.LáemCriciúma elestorturaram
osmineiros,e em
Itajaí
torturaramosportuários.
Aqui, queimaram
livrosempraça
pública.
Qual
foiseuenvolvimentonalutacontra o
regime
e sua história comopresapolítica?
Eu não
participei
dos acontecimentosde
1964.
Aminhaatuação
começaem1967.
Comecei no movimento estudantil da UFSC e
emIbiúnacomváriosoutrosestudan
tesdaUFSCemais900estudantes do
Brasii.
Asenhorasofreu torturanas
pri
sõesemSantaCatarina?
Não. Eu sofri
participei
de todos os acontecimen tosde1968
como asmanifestações
após
o assassina todo Edson Luiz,Congresso
de Ibi únae asgrandes
manifestações
por causa do Restau ranteUniversitá-"Aí,
eu
fui para
a
cadeira
elétrica. O
capitão
Homero
já
tinha
me
colocado
tortura em SãoPaulo,
naprisão
de novembro de1969.
Euerami litante deAção
Popular.
Nofinal de abril1969,
eram necessárias pessoas que
trabalhassem na
no
pau-de-arara"
ligação
entre osmilitantese os
dirigentes,
queagentechamavana
época
desecretariadeorganização.
Eufuidesignada
paraessetrabalhoefuipara SãoPaulo.
Quando
eucaíem novembro de
1969,
foi poracaso. Não estavam me
procurando
rio. Nas
manifestações
sobre o assassinato do EdsonLuiz, o secretário de
segurança
pública
era oGeneralVieiradaRosae eu era aúnicamenina,en
tãoelemelevou àsua casa e eudormi
em São Paulo. A Polícia Militar me
prendeu
como se eufosseMariaApa
recida Costa, uma moça que era da
militânciaeestavaemcartazescomo
procurada.
Eu estava com a minhadocumentação
verdadeira e eles nãoacreditaram.Tive muitasorte nami
nha
prisão,
porque apesardetersidomuito
torturada,
eles nunca me perguntaramsobreoque eusabia. Tudo
o que eles me perguntavam eu não
sabia. Elesnãosabiam de
qual
organização
eu era.�
elesnãoinsistiamnatorturaatéconseguir
oquequeriam?
Insistiram porque eu caícom muito
documento.Atorturacomeçava quan
doagente
chegava
naOperação
Bandeirantes. Eles trabalhavamemturnos
de24 horase eufui presana
equipe
docapitão
Homero.Depois
vinhaaequi
pe doBernoneAlbernaz.Aífuipara a
cadeira elétrica.O Homero
já
tinhamecolocado no
pau-de-arara. Quando
chegou
naequipe
docapitão
Dalmo eujá
estavamuitomal',
entrandoemestado decoma.Esse
capitão
dissequenão ia assumir a minha morte. Eu
nãolembro de terescutadoisso, mas
osoutros presosescutaram.E ele me
mandou para o
hospital
militar doCambuci. Como eles diziam lá: cada
um assume as suasmortes.O
capitão
Dalmonãotinhame
torturado,
e euiamorrer noturnodele.
Quando
euvolteido
hospital,
caínamãodocapitão
Homero.Torturadenovo.
Depois
vem oAlbernaz,
tortura de novo.Quando
chega
a vez docapitão Dalmo,
eujá
estou toda
quebrada
denovo! Então,coincidentemente,
ele mesmo nunca metorturou.Comoasenhora avaliaaComissão
da
Verdade,
instaladanesteano? A Comissãoda Verdade éoresultado deumalutade 40anos.Os
jornais
brasileiros nunca
divulgaram
que oBrasilfoicondenadonaOEA,emvários itens:
entregar os corpos, criar aComissão
da Verdade para apuraros
fatos,
abrirtodosos
arquivos,
reparareconomicamenteosgastosquenós tivemosnesses
30anosde processo, criarummemo
rial exclusivo da ditadura para que
todasasfuturas
gerações
conheçam
ocaso,a
publicação
noDiárioOficial daUniãoe o
julgamento
dos torturadoreseassassinos. Nãofalaem
punição,
sójulgamento.
Três itensjá
foramcumpridos:
publicação
no DiárioOficial,
criação
da Comissão da Verdade e aabertura dos
arquivos.
Sobreojulga
mento dos torturadores o
Supremo
Tribunal Federal
já
meteuospés
pelas
mãos,dizendoque
já
passou. O Ministério Público dizque não. Nocaso do
assassinato,
talvez, pois
prescreve depois
de20anos.Masdesaparecimento
é crime continuado enquanto nãose
encontrao corpo. Como elesnão en:
tregaramessescorpos,éumcrime que
pode
serjulgado.
Caso não houvesse a
condenação
do Brasil na
OEA,
asenhoraacredita quesevoltariaatocarno as
sunto dos
desaparecidos políticos
da ditadura militar?Ninguém
falaria no assunto, nemsairiaestaentrevista. Dizem paranos
Comitê
resgata
amemória de torturadosem Santa CatarinaJulho de
2012
preocuparmoscomosvivos.Brasileiro
é muito "deixa disso". Além
disso,
osmilitarestêm muito
poder
deinfluê�
cia para seguraresseprocesso.
Em março foi
divulgado
que oscomitês estaduais auxiliarãoa Co
missão daVerdade.OComitêCata
rinensetem
participado?
Sim,
participamos
de todasasreuniões nacionaiscomalguns
representantes.Em cada estadoexistemdois
tipos
degrupos. Em Santa Catarina temos o
grupo
Pró-Memória,
que é compostopor ex-presosefamiliareseexistedes
de
1980,
e ocoletivoMemória,
Verdadeejustiça,
queorganizamos
no anopassadoetemcercade40pessoas.
Hoje,
asatividades dos dois
grupos
sãoconjun
tas.Todos os' grupos
estaduais
já
têmumlevantamento denomes.EmSanta
Catarina,sãodezcasosdemortosede
saparecidos comprovados.
Como elesnão
podem
investigar tudo,
levantamosquatronomes quequeremos que
sejam
investigados:
Paulo Stuart Wright
(deputado
estadual deJoaçaba
desaparecido
em1973),
FredericoMayr
(arquiteto,
deTimbó),
Alceri Gomes. da Silva
(militante
presa ainda comvida)
eJoão
Batista Rita(universitário
de Criciúma
desaparecido
no Rio deJaneiro).
Asenhoraescreveu olivroNoCor
po e na
Alma,
que vai seradap
tado parao cinema. A manifesta
ção
culturalpode
ser uma formade
popularizar
o assuntoe fixá-lo commaisforça
nahistória dopaís?
Nossa
grande
lúta é aformação
damemória das lutas brasileiras. Todos
essesacontecimentosda
época
militarjá
fazem parte da história doBrasil,
assimcomo a
Balaiada,
aCabanagem,
aInconfidênciaMineira,a
Revolução
Farroupilha...
Estudamosrápido
naescola,
masquemquiser
seaprofundar
vai ter
oportunidade
porque estamosdeixando bastantecoisa escrita.
Oassuntodos
desaparecidos
daditadura temvindo àtonanos últi
mosmesespor causadaComissão
da Verdade. Você acha que ainda
temmuitagenteque nãoconhece
ahistória do
regime
militar?Não tenho esperança nas
gerações
anteriores, mas na
geração
devocês. No grupo há muitosjovens
quejá
nasceram na
época
da democracia.Todos me auxiliam entusiasmados
nasatividadesdo Comitê.
Quando
osjovens
aceitame sesensibilizamcom umacausa,eles assumem evão fundo,
com o auxílio datecnologia,
queagiliza
muita coisa. Muita gente desconhece ou acha
bobagem
falar doque
já
passou. Eufaço,
comomilitante eprofessora
dehistória,
porquequeroajudar
naformação
damemória,
masprincipalmente
para quenãoaconteçadenovo.Se nãosabemosoqueaconte
ceu,atendênciaéacontecer outravez.
Se pensarmosem umatarefa dagera
ção
devocês,
é cuidar do meioambien-ZERO
recursos
naturais
val ser a causa
te.
Daqui
apouco,quando
começarema faltar recursos naturais,
principal
mente
água,
quemé que vaificarcom o pouco que sobrar? Os grupos quegovernam.Seessesgrupos
precisarem
reprimir
apopulação
eimpor
umaditadurapara
garantir
os recursospara um pequeno grupo deprivilegiados,
eles farão. Cuidar do meio
ambíen
te nãose trata apenas depensarnas
espécies
ameaçadas,
para citarum
exemplo,
maspara
garantir
nossa liberdade.
Afaltaderecursos
naturais vai ser a causadas futuras
ditaduras.
"A falta de
das
futuras
Você também
ditaduras"
participa
domovimento Tortura Nunca Mais.
Acha que é
possível
traçarumparalelo entre a tortura do
regime
militar e aviolência
policial
atualmente?
Os manuais das
polícias
civilemilitarde
hoje
sãoos mesmosda ditadura.O treinamento dosjovens
que vão parao exército continua sendo o mesmo
dos
jovens
queingressavam
durantea ditadura.
É
a mesmaescola,
coma
garantia
daimpunidade
daépoca.
Pensam que "se não
julgaram
antes,porquevão
julgar
agora?",
mastemosavantagem da liberdadede
imprensa
e deexpressão.
Temos que continuardenunciandoparaa
justiça,
semdesanimarnomeio doprocesso. Mas não
podemos
achar quevamosresolvertodosos
problemas
deuma vezsó. A Co missão daVerdadetemaobrigação
deinvestigar
basicamente osdesapareci
mentosdo
Araguaia.
Foi para issoqueela foi
criada,
e essafoi acondenação
do Brasil na OEA. Tem quem
queira
quese
investiguem
atéosassassinatosjá
nademocracia.Seperdermos
ofoco,
nãofaremosnada.
A Comissão da Verdade não terá
poderes
parapenalizar
os militares.Asenhora acha que deve
haver
punição
aostorturadores?AComissãoda Verdadenão
julga.
Elainvestiga
eproduz
umrelatório.A paretil'desse relatóriooMinistérioPúblico
pode
fazer adenúncia e encaminharaos tribunais de
Justiça,
que aceitamounão.Háumprocessodemocrático.
Seeuachoqueeles devemser
julgados
econdenados? Achoqueomelhor
jul
gamentoéoda história.O
ex-delegado
do DOPS Cláudio Guerra, autor deMemórias de umaGuerra
Suja,
deuum
depoimento
no Observatório daImprensa,
arrependido.
Isso vai paraa
história,
saber o nome dos responsáveis
pelos
sofrimentos da ditadura.Alguns companheiros
do Comitê queremvê-losnacadeia.Mas isso nãofoi
colocadoem
votação
noColetivoCatarinense, hámuitadivisãode
opiniões.
Particularmente,
entendoolado familiar dos militares
hoje.
Comosesenteumnetodeumtorturadorao ver um
parente humilhado? Ainda acho que
quemdeve
julgar
éahistória.Oque vocêpensasobreos casosde
pedidos
exagerados
dereparação
econômicaparamilitantes?
Vocêperguntaissoporcausado Ziraldo edo
Jaguar.
Elesalegaram
aperda
de seujornal
naditadura.'Oadvogado
fez ascontasdequan to teriamperdi
do em 30 anos dojornal
[cerca
deR$
1milhão,
pela
Comissão deAnistia].
Isso nãodá pra mensurar,
e não concordo
•
com casos que
extrapolam
assim. Maseles não
receberam esse
dinheiro,
nunca vãoreceber,
e o Ministério Público estáquesííonando
adecisão.MasaComis sãodeAnistiahoje
nãoconcedeanistiade mais de
R$
100mil. Equando
sepede
reparação continuada,
édecercade
R$
1,5aR$
2milreais.A
organização
dejovens
militantesLevante
Popular
daJuventude
tempromovido,
em várias partes dopaís,
atospúblicos
ridicularizandomilitares e
policiais
acusados deenvolvimento em torturas duran
teaditadura
pós
1964.
Oque vocêacha das iniciativas de escracho
dos torturadores?
Nossa
recomendação
é paraque quemfoi torturadonão
participe
decasosdehumilhação
aos militares.Mas sentimento de
vingança
é natural do serhumano.Há 15anosfoi feitoo
julga
mento
do marechal Floriano Peixotopelos
fuzilamentos de Anhatomirim.FoinoCentrodeEventosdaUFSC,e es
tavalotado.
Quanto
tempopassousemsefalarnoassunto? Eraumanecessi
dadeque existiana
população.
Você considera quea
instalação
daComissão da Verdade e a
atuação
dos comitês
Pró-Memória,Justiça
eVerdade
podem
acenderumrevanchismo
político
noBrasil?Quem
fala em revanchismo são ostorturadores,
basicamente. Revanchismo faz parte até de um
jogo
defutebol.Maslevá-losa
julgamento
nãoé revanche. Seria se a gente seques
trasse, torturasse, matasse, colocasse
elesno
pau-de-arara,
issoé revanche.Julgamento
é democrático. Estamosfazendo olevantamento de cerca600
torturadosemSanta Catarina.
Quere
mosresgatarsuasmemóriasporuma
questão
dejustiça.
MaílaDiamante
maila.filo@gmail.com
Manuela Lenzi
lenzimanu@gmail.com
Matheus Lobo Pismel
matheusloboplsmelêcrnaíl.corn
VictorHugoBittencourt
•
CONEXÕES
LINKS
PARA A VIDA SOCIALpartir
daantenadetransmissão,
acaptação
deI
apoio
culturalfora do raio deabrangência
e a @venda deespaços
publicitários.
$
Sobre as
denúncias,
a Anatei alerta quequalquer
pessoapode
fazê-Ias diretamente noscanaisoferecidos
pela agência.
Parao assessorde
imprensa
daAnatei, Augusto
DrumondMoraes, aAcaert não está
passando
por cima daorganização
aodirigir-se
diretamente aoju
diciário. "Nãohá nenhum
impedimento legal
quantoaisso",
explica. "Teoricamente,
aAnateiteria que fiscalizar
[as
rádioscomunitárias],
mas a
própria
Anateinãofiscalizanem as comerciais",
justifica
o assessor deimprensa
daAcaert,MarcoAurélioGomes.Ele aindaafirma
que "aAcaert nãoé contraas rádios comuni
tárias;
écontraailegalidade.
Muitas emissoraspúblicas
estavamsetornandocomerciais". Amanutenção
das rádioscomunitárias depende
doapoio cultural, previsto
emlei,
edoassociativismo,
pois
nãoparticipam
da divisãodosrecursosdestinados àsemissoras que
divulgam
atos
públicos
e fazemapublicidade
institucional.
Segundo
opresidente
daAbraço-SC,
JoãoCarlosSantin,aentidadetemparecerda Procu
radoriaGeraldaUniãoquegarante
habilitação
às RadComparaa
divulgação
dosatosoficiaise, por
consequência, participação
nas verbaspúblicas
para este fim. "Nastrêsinstânciasdepoder
o volumede recursos distribuídos parafazer
divulgação
dosatospúblicos
e apublicida
deinstitucional
gira
emtornodeR$
10 bilhões. Esse dinheiro está sendo distribuído somente paraasrádiosetevêscomerciais",reclama.O
presidente
da AssembleiaLegislativa
de Santa Catarina, Gelson Merisio(PSD),
emreunião com a
Abraço-SC,
se comprometeu aincluir as emissoras comunitárias na divisão
dos recursos estaduais. "Estamos estudando
juridicamente
como essaparticipação
épossí
vel, pois
háumimpedimento legal
naorigemdas RadCom. A
princípio
elas nãopoderiam
Enquanto
o marco
regulatório
não
vem
...Em
meio
a
inúmeras
dificuldades,
rádios comunitárias lutam por fortalecimento do
setor
No sulda IlhadeSanta Catarinaum
projeto
dacomunidade,
já
legalizado
participar
dadivisão",
explicou
a diretora decomunicação
daALESC,Thamy
Soligo.
No RioGrande do
Sul,
porém,
asrádioscomunitáriasjá
integram
oorçamentoanual recebendoverbas
publicitárias.
No âmbito
federal,
após
diversosencontrosentre representantes das rádios comunitárias
e oMinistério das
Comunicações,
foi acordadoumdecreto
-hoje
naCasaCivil,
àespera da assinaturadapresidenta
DilmaRoussef-que
flexibilizaas regrasdo
apoio
cultural.Alegis
lação proíbe
adivulgação
deprodutos,
bens eserviços,
preçosouqualquer
dado que promova aempresa
patrocinadora.
"O quedesvirtuatotalmente o
princípio
fundamental da rádiocomunitária queé contribuirparaodesenvol
vimento local das comunidades
envolvidas",
argumentaSantin.
No
Congresso
Nacional tramita oprojeto
deumaLei Geraldas
Comunicações,
que devesubstituir o
Código
Brasileiro de Telecomunicações,
criadohámeioséculo.Umarazão parao atraso na
aprovação
é o interesse direto deparlamentares,
pois,
como olevantamento doDepartamento
Intersindical deAssessoriaParlamentar
(Diap)
apontou,há60deputados
acio nistasouproprietários
de empresas de RádioeTelevisão. Secontabilizadas asempresas que
estãoem nomede
familiares,
onúmeropassade 100. Ouseja,
cercade20%docongresso. anoitede 17 dejunho,
aAgência
Nacional de
Telecomunicações
(AnateI),
com oapoio
daspolícias
FederaleMilitardoRiode
Janeiro,
fechou aRádio
Cúpula,
que operava no aterro do
Flamengo,
local onde ocor reu aCúpula
dosPovosdaRio+20.Emboraatransmissão via internet tenha
recomeçado
namanhã
seguinte
devidoàrepercussão
docaso,aemissorapermaneceu
proibida
detransmitiremondas de rádio.A
alegação
daAnatei:osinal daRádio
Cúpula,
queéde 25 watts,poderia
interferirnocontrolede
tráfego
aéreo doAeroporto
Santos Dumont. Ofato
ganhou
alcancenacional,
mas,ao contráriodo quepossa parecer,ofechamento daemissora não éumcasoisolado.
EmSanta Catarina,existem 183 rádiosco
munitárias
(RadCom) licenciadas,
e oórgão
responsável pela fiscalização
continua sendoaAnateI.
Apesar
disso,
abriga pelo
direito detransmitirtem
colocado,
deumlado,
umadasmaiores entidades
representativas
do setordeRadCom,
aAssociação
Brasileira de Rádiodifusão Comunitária
(Abraço),
edo outro, aAssociação
Catarinense de Emissorasde Rádio eTelevisão
(Acaert),
que representaveículos comerciais.
Atualmente,
há21ações
judiciais
emaberto contra rádios comunitárias no
estado,
todas movidas
pela
Acaert. Entre asacusações
estão acoberturamaior queum
quilômetro
aA
flexibilização
das
regras de
apoio
cultural
depende
de
uma
assinatura
da
presidente
Dilma
No
Campeche,
iniciativa
popular
oMinistério das
Comunicações
define rádiocomunitáriacomo"um
tipo especial
deemissora FM,de alcance limitadoa, no má
ximo 1 kma
partir
desua antenatransmissora,criada para proporcionar
informação,
cultura,entretenimentoeJazera pequenas
comunidades. Sem fins lucrativosevínculos
institucionais:
religiosos,
partidários".
O
serviço
derádioscomunitárias foi criadopela
Lei n° 9.612 de1998,queexige
queseja
instituídoumconselhocomunitário,
formado porno mínimocincoentidades
representativas
do bairroou comunidade.Aesseconselhocaberia
acompanhar
a programação,
quedeveterum mínimo de oitohoras,visandoa
pluralidade
e ointeresseexclusivoda comunidade.Oscritériosdeou
torga e
renovação
foramcriados trêsanosdepois;
estabelecendotambém asregrasdefuncionamento
dasemissoras.NosuldaIlha deSantaCatarina,
funciona a
Associação
Rádio Comunitária
Campeche (ARCCA),
fundadaem 1998, e - desde 2005 - única
emissora do
tipo
comconcessão definitivaem
Florianópolis.
Aassociação
éabertaamoradores que,
pagando
umaanuidadede
R$
40,00,
têmodireito deelaborar e
produzir
programas, alémde votarnas assembleiasanuais pro
movidas
pela
ARCCA.Na
grade
deprogramação
da98.3 FM, há programasdeentrevistascomfoco em
literatura,
boletins sobre aprevisão
do tempo,ecologia,
notíciase diversosprogramas musicais. A
jor
nalista ElaineTavares, que apresenta
osprogramasChão deTerrae
Campo
de Peixe,defende a iniciativa para a
integração
dacomunidade. "Acomunidade reconhece a rádio como um
espaçoseu.Nossarádio foi criadapor
movimentosque
já
existiamnacomu-A leitambém estabelece que só
podem
candidatar-seaoserviço fundações
ouassociações
semfinslucrativos,registradas
legalmente
e comdirigentes
queresidam nobairro.
De acordocom a Lei de Radiodifusão Comu
nitária,a
potência
é limitadaem25wattse a antena não deveultrapassar
30metros. AAbraço
defende queessapotência
deveriaserde 250watts,a mesmadeuma rádio
de pequena
potência,
pois, dependendo
dorelevo,olimitede altura
pode prejudicar
atransmissão. "A Acaertdemonstraclara
mente quesuasemissoras associadas são
incompetentes, poracharemqueestãoten
do
prejuízo
com uma rádiocom25wattsdepotência.
É
umavergonha pública",
criticao
presidente
daAbraço
emSantaCatarina,João Carlos Santin.
nidade,
por isso não estádescoladadosproblemas
do bairro".Ubiratan
Saldanha,
umdos fundadoresdaARCCAe seu
responsávellegal
até
hoje,
defineoprocessodeimplan
taçãoda rádiocomo"uma verdadeira
luta". "Foram três anos fazendo as
vontadesdo Ministério dasComunica
ções", conta,paraem
seguida
destacaraburocraciacomo maior
empecilho.
"Chegavam
amandar ofícios falandosobre a necessidade de mudar
vírgu
lasnoestatuto.Comosefosse
simples
mudarumestatuto,sóreescrever odo
cumentoepronto.Pra mim,isso não deveria existir.
Quem quisesse
montaruma rádio comunitária deveria ter
maisfacilidades.Issoédireito àinfor
mação".
EdianeMattos
edimattos@gmail.com
NathanMattes Schafer
Professores
entram
em
greve
dois
meses
depois
Sindicatos discordam das datas
erepresentação
naUFSC
Desde
o dia 17 de maio, há oficialmente no
Brasil 55
instituições
federais deensino superior emgreve,
segundo
o Sindicato Nacional dos DocentesdasInstituições
de Ensino Superior (Andes-SN).
Duasentidades lideramomovimento
nacional,
oAndese aFederação
de SindicatosdeProfessores de
Instituições
FederaisdeEnsinoSuperior.
Ambasreivindicam melhores
condições
deensino,salárioecarreira paraos
professores.
Enquantoocenário nacionalvaise
delineando,
aexistênciade doissindicatos locaiscria umasituação
inusitadanaUFSC:há, supostamente,
duasgreves nauniversidade. Uma
aprova-da
pelo
Sindicato dos Professores dasAndes-SN
e
Universidades Federais de Santa
Ca-tarina
(Apufsc-Sindical)
eoutrapelo
Apufsc-Sindical
Andes-SN.
greves sófuncionemnasférias."Doladodo
Andes,
quetem5% de
representação
entre osprofessores
dauniversidade,
agreve começouem 22de
junho
noNúcleo de Desenvolvimento Infantil
(NDI).
Depois,
houve adesãodos outrosprofessores
sindicalizados.Os
principais
pontosdenegociação
dos doissindicatossão osalárioe o
plano
de carreiraparaosprofessores.
AApufsc
nãotemnenhumapropostasalarial, pois,
segundo
notado
sindicato,
"o valordepende
deumacondição
quefoge
aocontrole daApufsc:
oorçamentodisponível
para aEducação
e adistribuição
feitapelo
MinistériodaEduca-ção
entre as InstituiçõesFederais deA decisão tomada
pelos
membrosdo
Apufsc
-Sindical,
quetemfiliação
de 95%dos
professores,
foi de começaragrevenodia11de
julho.
A data levouemcontaofinaldosemestreletivo."Seremos
respeitosos
noprimeiro
semestre, mas vamos serefetivos no
segundo",
afirmouopresidente
daApufsc
CarlosMussi. Namesmaassembleiaforamescolhidosos
professores
que vãointegrar
aComissãodeMobilização
daGreve,quetambémserácompostapordois membrosda Diretoriado
Sindicato
edoisdo Conselho de
Representantes (CR).
O
vice-presidente
doAndes-SN,
ValmirMartins,surpre endeu-sequando
ficou sabendo da data. "Grevenasférias,
issoénovidadepara mim.
Imagino
que eles achamqueasEnsino".
A greve nacional dos
professores
foideflagrada
tendo em vista o impassenas
negociações
com ogovernofederal. O cronograma da
categoria
estabelece o dia 31 de agosto como
prazofinalpara discussão. Esse prazo existe devido a outra
previsão
orça-mentária da
qual
oministro daEducação
Aloizio Mercadante nãopode
deixar passar.Atéofinalde
junho,
oministrodeveapresentarum
prognóstico
monetário paraaáreade
Educação. Depois,
atéfinaldejulho,
eledeveráexporosdadosdetalhadamente.Atéfinaldeagosto,esses va
loresdevemestaremposse do Ministériodo
Planejamento
paraformalizarumorçamentonacionalparaa
Educação,
previsto
paraserencaminhadoaoCongressoaténovembropara
vigorar
em2013.falam de dois
movimentos
distintos
Assembleia avalia o cenário nacionale discute a
paralisação,
nauniversidade,
apartir
de11/07
Julho
de 2012
ZEBO
CON£XÕES
LINKS
PARA A VIDA SOCIALDocentes
participam
davotação
em urnado indicativeQuem
responde pelos
docentes?
Osdoissindicatos
divergentes,
aApufsc
Sindicale oAndes-SN,
advêmda
Apufsc
Sessão Sindical(Apufsc
-SSind)
criada em 1990 eligada
aoAndesnacional. A
desvinculação
ocorreu em 2009,
quando
houveuma divisão entre os
professores.
Alguns
saíram para constituir aApufsc-Sindical,
enquanto outrospermaneceram e filiaram-se ao
Andes-SN,
ainda comarticulação
nacional.De lápra
cá,
cadasindicatoafirmasua
representatividade
deformadiferente.
A
Apufsc
justifica
sua existênciaapoiada
na Carta Sindicalredigi
daem agostode2011. OdiretordeDivulgação
eImprensa
daApufsc
-Sindical,
Paulo CesarPhilippi,
explica
queacartafoi concedidapelo
Ministério do Trabalho e
Emprego
emobediênciaa
princípios
constitucionais que vedama
criação
demaisde uma entidade de
representação
sindicalna mesmabase territorial.
Do outro
lado,
a Andes-SN criticaafalta de
articulação
nacionalda
Apufsc. "[Quando
aApufsc]
vairepresentaros
professores
em grevenacional,
o governo nãoquercon versar. Entidade estadual não devesentarem mesade
negociação.
Foiumacoisa esdrúxulasedesvincular
do nível
nacional,
eles tinham quese filiar ao
Proifes",
ataca ValmirMartins,
vice-presidente
daAndes--SNemSantaCatarina.
Atualmente,
essadiscussão causadesconforto à
Apufsc.
Osindicato foi
impedido
pelo
Ministério doPlanejamento
denegociar
em nomedos
professores
de Santa Catarina diretamenteemBrasília.Oadvoga
do da
Apufsc
Prudente Meloafirmaqueessaatitudeéuma
violação
dodireito de liberdade de
organização
dos trabalhadores. Melo acrescenta
que mesmocom a
questão
judicial
ainda por se
resolver,
a entidadesindicalfaz
questão
denegociar
diretamente com o governo. "Vamos
continuar presentes nas mesas de
negociações
emBrasília,
nãosónes sagrevemasemtodasasoutras".Atualmente há um mandato
de segurança em discussão
judi
cialparalegitimar
arepresentação
sindical da
Apufsc
nasnegociações
em Brasília. Melo defendeque não
existem motivos para
briga
porrepresentatividade
entreossindicatos:"SeaAndesestá
querendo
lutarcoma
Apufsc,
eles estãopassando
por cimadoprincípio
básico de democracia dentro do movimento. Não
queremos negar que aAndesou a
Proifesrepresentemaatividade
[dos
professores],
masnãoemSanta Ca tarina".José Fontenele