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Zero, 2012, ano 30, n.8, jul.

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(1)

BREVE

NA

U

�C

P7

CURSO

DE

JORNALISMO

DA

UFSC

-FLORIANÓPOLIS,

JULHO DE 2012

-

ANO

XXX,

NÚMERO

8

aa

ACUMULAM

BOW!

N.

FUNDAçóa,

EA

une

RECONHECE

"""UDADE DE

MLÁtlIot

ACIMA DO TETO DE

R�

26,7

MIL

PÁGINAS

8/9

OXIGÊNIO

NEM

VIAQRA

9ALVA

CORPUS

TARJA PRETA A UM CUQUE

Venda

pela

internet de remédios

controlados

aumenta

risco

de

dependência

e

inflaciona preços

ZERO

ENTREVISTA

DERLEI DE LUCA

Pirataria

e acesso

online

a

filmes

pornô

provocam

queda

na

comercialização

e

fazem

o

mercado

entrar

em

crise

Para

a

professora

torturada

na

ditadura,

reabrir

casos

não

é

revanchismo,

mas uma

forma de

se

fazer

justiça

P.13

P.15

(2)

EDITORIAL

DIRETO

DA

REDAÇÃO

Uma

espécie

atípica

numa

fauna

não-convencional

O

jornal

laboratório éum

animal midiático es­

tranho. Não é feito por

profissionais,

mas se

espera dele um desem­

penho

quenão

decepcione

porsuas

raízes escolares.Tem

periodicidade

e

formatodistintosdos

convencionais,

masse

espelha

nosmodelos domer­

cado.

É

aomesmotempolaboratório

- onde se busca

experimentar

- e

sala de aula- ondese

aprende

por

repetição

e

imitação.

Tentaserirre­

verentee

livre,

ao mesmotempoem

que procura não se descaracterizar

como

"jornal".

Essas

contradições

sãoumpouco

danaturezado

jornallaboratório,

e

elastrazemodesconforto da instabi­

lidade.Não éfácil paraos

repórteres

convencerem suas fontes a darem

informações

a um veículo que se

pretende

"sério" e, ainda assim, é

exercício de

aprendizado.

Insistir

para que os alunos desafiem seus

limites éumatarefa dequem super­

visionaa

produção

do

jornal.

Misto

deeditores-chefese

professores,

atu­

am também como motivadores de

um grupo

plural

nas

ambições,

no

preparotécnico e na

disposição.

Por

vezessãotambém

produtores

das

re-portagens, intermediando ocontato

com as

fontes, sugerindo

caminhos.

Adicione aindaaesta

equação

o

fator tempo,que,se

permite

apura­

ções

sobressalentes na reportagem,

tambématornamais

perecível.

Manter umpatamarde

qualida­

de da

primeira

àúltima

página,

não

descuidar da

periodicidade

e fazer

desta uma

experiência

efetiva de

ensinoe

aprendizagem

são desafios

permanentes. Tentamos ainda nos

divertir fazendoisso ao

longo

deste

semestre.

É

maisuma

expectativa

em

tornodeste resultado inusitadoqueo

leitortemnasmãos. Boaleitura!

-O

IN AO

ONDE

O LEITOR TEM VOZ

Parabéns.Amatéria dos convênios

ficou

boa.Deu

vontade de sabermais. Porquenão

divulgaram

o nomedocaraquemandouoe-mail tentando

intimidaros

repórteres?

Amatériadeveriacomeçar

com essecara,

explicar

quemé

ele,

porque isso, porque

aquilo,

ondemora,oque

faz,

comquemsai,

praonde

viaja.

(

.

.)

Aabertura támuito

burocrática,

não

aprofundá

ospersonagens. Gente, pareceaFolha

deS.Paulo...

Marques

Casara- SãoPaulo

Namatéria dos modelose oladoBdo

agenciamento

senti

falta

de

informação

sobre onde está localizadaa encrenca.

Porque

algumas

agências

ebookers dizem

noboxcomoagemealertamparao

pengo

dese

escolheruma

agência

errada. Como,ondeeporque

Gabrielaentrounessa

fria?

Foi

aqui

em

Floripa?

Tem

alguma fiscalização

desse

serviço?

ChristianeSantoro

Balbys

-Florianópolis

Tenho lidoosZerodessa

safra

e esseúltimo

foi

o

maisinteressante,até trouxepracasa.

(.

.

.)

Umadas

coisasquemaistenho

gostado

éa

participação

do

ombudsman.Por não

"poupar"

nasanálisesporse

tratardeum

jornal-laboratório,

Kucinski dizcoisas

queservemparatodosos

jornais

e

profissionais.

Upiara

Boschi

-Florianópolis

Achoqueaideia doZeroé

justamente

procurarcontar

históriasque nãodemandem

faaualidade

etragam

reflexão.

Umapessoacomoo

Mafalda,

com ahistória

queeletemcom o

jornalismo,

ésempreumbom

entrevistado. Achoquevocêsacertaramnaescolhae

na

edição,

que

ficou

caprichada.

Cauê

Marques

-Florianópolis

ZERO HOMENAGEIA

Ao

MESTRE,

COM CARINHO

Depois

de28 anos, o

professor

Hélio

Schuch se aposentouda

UFSC,

mas

continuará presenteno traço de Clóvis

Geyer,

estampado

na

parede-galeria

do

Departamento

de

Jornalismo

Naúltima

edição,

na

página

14,nomeamos o

ex-reitordaUFSCcomoFrancisco PintodaLuz.O

corretoé

Rodolfo

Joaquim

PintodaLuz.

21ão

OMBUDSMAN

BERNARDO KUCINSKI

Sobre

o

jornalismo

a

dois

oube queoZero

passado

furoua

grande

imprensa

aorevelaro

inícioiminentedas obras de

ampliação

doaeroporto.Parabéns

à

equipe

doZero. Parabéns também

pela

reportagemdenún­

ciasobre afalta de

fiscalização

financeira das

fundações

que

operam dentroda universidade..Issoé

jornalismo.

Maisdoque

um

problema

de

descontrole,

areportagemrevelaa

arrogância

deseus

dirigentes

e o

segredo

comoinstrumentosde

poder.

Também

gostei,

pela

escritae

originalidade,

da matériasobrea

androginia,

oestado das pesso­

asdesexoindefinidoou

duplo

ou

ambíguo (espero

nãoestarsendo

politi­

camente

incorreto).

E

registro

aclarezaeeficácia do

infográfico

principal

da matéria sobre

adoção.

Feitosos

elogios,

vamosàcritica,queessaéa

função

do ombudsman.

Persistiuna

edição passada

o

problema,

que

apontei

da escritaanódi­

na, textosque parecem

relatórios,

títulos caretas, aberturas burocráticas.

Oque fazer?

Creioqueum

primeiro

passoseriaacabarcom o

jornalismo

aquatro

mãos. Na

edição passada,

apenastrêstextostinhamautoria

unipessoal.

Nadamenosquesetematériaseramassinadas por dois

jornalistas.

Nas

edições

anterioresa

proporção

erasemelhante.O quedeveriaser

exceção,

noZeroéa norma.

Ocorreto,

quando

um

jornalista

colaboranamatéria deoutro,oque

éraro e selimitaa

ajuda

técnicana

apuração,

é atribuirumcrédito

(co­

laborou fulano de

tal),

mantendo-se aautoria

pessoal

do texto emsi.

Essaéaregra.

Exceções?

Claro quehá: asreportagensdo

Watergate

no

Washington

Postforam sempre assinadas

pela dupla

Bob Woodwarde

CarlBernstein. Maseramestritamentefactuais

-quase

telegráficas.

Tambémexiste a"salsicharia" do

jornalismo:

em revistassemanais,

como

JiEJA,

as

apurações

dos

repórteres,

especialmente

emmatériasgran­ desedecapa, sãoentreguesa um

"writer",

quemistura

aquilo

tudo,

tira

umafrase deum,uma

citação

deoutro,emontaumtextoartificialmen­

te

bonito,

semnenhuma

pessoalidade,

em

geral ideológico

e

babaca,

no

qual

nenhum dos

repórteres

contribuintes reconhecesua

participação.

A

função

doZeroéformar

jornalistas.

E

Jornalismo

é autoria. Estilos são

pessoais.

Nãosó

estilo,

posturas,

convicções,

visões demundo: tudo

issoé estritamente

pessoal

e somaparaconstruir a

imagem

pública

do

jornalista;

e,comisso,aformacomoele

próprio

sevêe se

manifesta,

seu

estiloe suaidentidade

pública

como

jornalista.

Porisso,aautoria

pessoal

(e

não

há,

a

rigor,

autoria

multi-pessoal)

éessencial.

Imagino

queoespaço épouco paratantos

alunos,

masdeveserpos­

sível separar

tarefas,

umescreve otexto

principal

outroescreve oboxou

segundo

texto, de modoa

privilegiar

autoriae

construção

deidentidade

napautae sua

execução.

Outras pequenas

observações:

devem-se

publicar

ascartasde leitores

críticas,

nãoasde

elogios; página

três éamaisnobredo

jornal,

nãode­

veriaserusadaparamatérias frias de caráter

histórico;

matériasdevem

ser

afirmativas,

sem

abrigar

desculpas

esfarrapadas,

como adafuncio­

nária

MeryAnn

Furtadonamatériade

adoção

e ado

[oceli

Souzanados

impasses

da

política

cultural. Seo"outro lado"

tergiversa,

pauno"outro

lado".

É preciso

deixara

questão

claraaoleitorenão

-comofaz aFolha

-acentuar

divergências

para criar tensão.

Físicoejornalista,é doutorepós-doutoremComunicação.LecionounaUniversidade I

de SãoPaulo,ondeseaposentouhácincoanos.Éprofessorvisitante da UFSC.

JORNAL

LABORATÓRIO

ZEROAno XXX- N° 8 - Julho de2012

REPORTAGEMAmanda Melo,Ana Carolina Paci,AriannaFonseca,CarolinaFranco,DanielGiovanaz, EdianeMattos, José

Fontenele, Juliana Ferreira, Lucas Pasqual, Maíla Diamante, Manuela Lenzi, Mariana Pitasse, MarianeVentura, Marina Empinotti, Matheus Lobo Pismel, Milton Schubert, MireneSá,

NathaleEthelFragnani,NathanMattesSchafer,RafaelaBlacutt,RafaellaCoury, RodrigoChagas, SendyLuz, Thomé GranemanneVictorHugoBittencourt

EDiÇÃO

AlécioClemente.Bárbara

uno,Camila Garcia,Carolina Dantas,RodolfoConceição,Rosielle Machado, Tullo KruseeWesley Klimpel

DIAGRAMAÇÃO

LucasPasqual, Patricia Pamplona, Rafaella CouryeVinicius

SchmidtFOTOGRAFIAMarinaEmpinotti,PatriciaPamplona, SendyLuz, ThoméGranemann,VictorHugoBittencourteWesleyKlimpelCAPA PatriciaPamplonaINFOGRAFIALucasPasqual

ILUSTRAÇÃO

LuteeMorganaHoefelPROFESSORES

RESPONSÁVEIS

RogérioChristofolettiMTbjSP25041eSamuel LimaMTbjSC00383MONITORIAPatriciaPamplonaeVinicius Schmidt

IMPRESSÃO

Diário CatarinenseTIRAGEM5 milexemplares

DISTRIBUiÇÃO

NacionalFECHAMENTO2 dejulho

i-

Melhor JamalLaboratório- I Prêmio Foca

SindicatodosJornalistasdeSC 2000

3° melhorJornal-LaboratóriodoBrasil EXPOCOM 1994

••••i-.

Melhor

Peça

GráficaSet

UniversitáriojPÜC-R$

198a,:1.989•.1990,1991, 1992e

$9�8

(3)

PÁGINAZERO

PRIMEIRAS

LINHAS

Zero:

30

histórias

em

trinta

anos

Relembre

edições

cheias

de ousadia

e as

coberturas mais

marcantes

do

jornal

nSetcm vrodt Ji)K.:

Contracapa

commatéria sobreofechamen­

toda PonteHercílioLuzecríticassobreafaltadeumaterceira

ligação

ilha-continente.

Depois

de 30anos,acidade seguecom os mesmos

problemas.

,) i'j,nembrode ,985 .\gostode

<){;i. Duasmatériascentraissobreapropostafeita

pela

multinacional IBMao cursode

Eng.

Mecânica,ferindo aentãoLeide Informática

(que

permaneceuem

vigor

até92e

protegia

osdesenvolvimentos

tecnológicos

dentro do

país).

3)

Novembro

de198-

primeira

matériadoZerosobre

AIDS,

doença

ainda desconhecidana

época.

':l)

Dezembrode198'7

ZeroDocumento:10

jornal

especial

depois

de 5anos

de

produção.

Perfis de

locais,

personagens emomentosque marcarama históriada Ilha.

5)

Junho

de 1')881a matéria sobre os

problemas

do

Transporte

Coletivo em

Florianópolis.

' \gu� Jdi I

)88/

1\0 -vembro

1988/

i\bril

1989/

Setembro 1989 Outuiro198',

/

Dezembro 1989Zero

premiou

seus

leitorescomdiscosdas bandaseartistas

que faziamsucessonofinal dosanos80.

7)

Abril de1989Matériasobre show

pioneiro

de RodStewartem

Florianópolis. 8)

Outubro de

1990/

Novembro

1990/

Setembro199"

/

Outu­

bro 1995ZeroSemanal.

Destaque

paramatéria sobre

a

criação

doLeMondee

inauguração

daBR470emse.

9)

l\-1arçode

1992/

Fevereiro1995Zero

Zine,

duas

edições

especiais

sobre

HQs

e

mangás.

10)

Setembro de 1992

Oligarquias

dominamrádioeTVemse. Teefoi

publicado

na

íntegra. 11)

Novem­

brode1992Matériacentral sobreos

megaprojetos

em

Florianópolis.

12)

Junho

de t994 Encarte

especial

para mãesuniversitárias. 13)

Junho

·

de 1996 Catarinenses "anônimos"

rumoàs

Olimpíadas.

.

)�ovembro

· de IQ96Formato

standard,

logotipo

diferente.

15)

Dezembro de

1996

·

Edição

dedicada à 23" Bienal deArte

·

de São Paulo.

16)

Dezembro de

1997Zero

Lagoa,

dedicadoà

região

da

Lagoa

da

Conceição. 17)

Setem-· bro de 1998A

capatrazumadenún­

ciacontraa

Delegacia

daReceita

Fe-deral de

Florianópolis,

acusada

pelo

Zerode pagar

aluguel

muito acima

do preço de mercado por obra que

serviria de sede.

Engenheiro

Wilson

Borlinentracom

pedido

de indeniza­

ção

contraaUFsepor danosmorais.

18)

Dezembro de 1998O

jornal

ex­

perimenta

a

impressão

em

papel off­

set.19)

Dezembro de2002

Segunda

edição

em

papel

offset.

Juiz

concede

ganho

decausaàUFSCe ao

professor

supervisor

do

jornal,

Henrique

Finco,

referente à reportagem que denun­

ciou super

aluguel

daReceitaFederal.

20)

\briJde2003

Edição

especial

so­

breaGuerrado

Iraque.

21)

Julho

de

200'! Texto

proibido

na revista

Veja

sobreamortedo

jornalista

Vladimir

Herzog.

Foio único

jornal

impresso

brasileiro queo

divulgou.

22)

Abril

de

2005

Capa

inspirada

nasobras do

artista PietMondrian.

23) Junho

de 2005

Edição especial

sobre aRevol­

tadasCatracas.

24)

Julho

de2006

Edição

feitaemparceriacom a

Fenaj.

TributoàDanielHerz.

25)

Outubro

de 2006 ZeroExtra: só entrevistas

e uma anti-entrevista de Ricardo

Kotschonacontracapa.Nesta

edição,

Zero vira

disciplina obrigatória. 26)

Novembro de 2006

Edição

com 32

páginas

e entrevista com Caco Bar­

cellos.

27)

Dezembrode 2007

Espe­

cialsobreLiberdade

Digital.

Primeiro

jornallaboratório

feitointeiramente

em

software

livre.

28)

Dezembro

de 2009 Zero

Narrativas,

edição

diferenciada

produzida

na

disciplina

Narrativasde

Jornalismo. 29)

Junho

de 2010

Especial

sobrea

Copa.

30)

Julho

de 2011

Edição especial

com

reportagens

produzidas

na

disciplina

Jornalismo

Investigativo.

Nathale EthelFragnani

nath4le@gmail.com

ThoméGranemann

granemannrosa@gmail.com

Julho

de 2012

ZERO

(4)

ZERO

ENTREVISTA

DERLEI DE LUCA

''Julgamento

não

é

revanche.

Queremos

resgatar

a

memória

por

questão

de

justiça"

Presa

e

torturada por

militares,

professora

de

História luta para que

a

repressão

não

se

repita

Durante

a

ditadura,

Derlei CatarinadeLucafoipresa etortu­

rada quase atéamorte.

Hoje

coordenaoComitêCatarinense

Pró-Memória dosMortose

Desaparecidos

Políticose

participa

do grupoTortura Nunca Mais.Nascidaem

Içara,

a

professora

de história de66anosentrouno cursode

Pedagogia

daUFSC

em

1966,

fezparte domovimento estudantileda revolucionária

geração

de

1968,

noaugeda

repressão

pelo

regime

militar. Foipresana

Operação

Bandeiranteseafirma queavidafoi

garantida após

o

registro

das

impres­

sões

digitais

no

Departamento

de Ordem PolíticaeSocial

(DOPS):

"Depois

quetiravama

impressão

digital

elesnãomatavammais".Exiladaem

Cuba,

conheceu FidelCastroelácriouseufilho.

Essas memórias

inspiraram

o livroNo

Corpo

e na

Alma,

que será

adaptado

paraastelascom otítulo Vou Voltar.

"Daqui

20ou30anos,os

responsáveis pelas

prisões

e torturasestarão mortos e,se não forescrita,

nãohaverá históriaacontar.Eahistória ésempreomelhor

julgamento."

Em2001, recebeu da Assembleia

Legislativa

amedalhaAntonietadeBar­ ros,

condecoração

máxima concedida

pelo

governo.

Partipou

doprocessode

formação

daComissãodeAnistia,instaladanesteano,eressaltao

papel

da

condenação

do Brasil

pela

Organização

dos EstadosAmericanos

(OEA)

no casodo

Araguaia.

"Não fosseesse

episódio,

teríamosdeixadopassaressasin­

justiças."

Em entrevistaaoZero,Derlei relembraessas

experiências,

conta

sobresualuta

pela

preservação

da história dasvítimasda ditaduraealerta:

se obrasileiro não tiverconsciênciado que passou, é

possível

quetudose

repita

emtemposde austeridade ambientai.

Como aconteceu a

repressão

du­

ranteaditadura militarem Santa Catarina?

Aqui

noestado a

repressão

secentra­

lizou na

região

dasminas de carvão.

O sindicato dos mineiros era muito

atuante.

Englobava Criciúma,

Urus­ sanga,

Içara,

NovaVeneza,

Forquilhi­

nha,

todaa

região

carbonífera.Outra

área que sofreu muita

repressão

foi

a do porto de

Itajaí.

Os

portuários

também tinham um sindicato muito

forte e umamilitânciaatuante. Eem

uma escala menor, mais suave,

aqui

em

Florianópolis.

Havia basicamente

artistas, escritores, poetase

alguns

es­

tudantes,

mas a

repressão

nãofoitão

fortecomo emCriciúmae

Itajaí.

Aqui,

qualquer

acontecimento ficava mais

visível,

entãoelesameaçavamosescri­

tores.LáemCriciúma elestorturaram­

osmineiros,e em

Itajaí

torturaramos

portuários.

Aqui, queimaram

livrosem

praça

pública.

Qual

foiseuenvolvimentonaluta

contra o

regime

e sua história comopresa

política?

Eu não

participei

dos acontecimentos

de

1964.

Aminha

atuação

começaem

1967.

Comecei no movimento estu­

dantil da UFSC e

emIbiúnacomváriosoutrosestudan­

tesdaUFSCemais900estudantes do

Brasii.

Asenhorasofreu torturanas

pri­

sõesemSantaCatarina?

Não. Eu sofri

participei

de todos os acontecimen­ tosde

1968

como as

manifestações

após

o assassina­ todo Edson Luiz,

Congresso

de Ibi­ únae as

grandes

manifestações

por causa do Restau­ rante

Universitá-"Aí,

eu

fui para

a

cadeira

elétrica. O

capitão

Homero

tinha

me

colocado

tortura em São

Paulo,

na

prisão

de novembro de

1969.

Euerami­ litante de

Ação

Popular.

Nofinal de abril

1969,

eram necessá­

rias pessoas que

trabalhassem na

no

pau-de-arara"

ligação

entre os

militantese os

dirigentes,

queagente

chamavana

época

desecretariadeor­

ganização.

Eufui

designada

paraesse

trabalhoefuipara SãoPaulo.

Quando

eucaíem novembro de

1969,

foi por

acaso. Não estavam me

procurando

rio. Nas

manifestações

sobre o assas­

sinato do EdsonLuiz, o secretário de

segurança

pública

era oGeneralVieira

daRosae eu era aúnicamenina,en­

tãoelemelevou àsua casa e eudormi

(5)

em São Paulo. A Polícia Militar me

prendeu

como se eufosseMaria

Apa­

recida Costa, uma moça que era da

militânciaeestavaemcartazescomo

procurada.

Eu estava com a minha

documentação

verdadeira e eles não

acreditaram.Tive muitasorte nami­

nha

prisão,

porque apesardetersido

muito

torturada,

eles nunca me per­

guntaramsobreoque eusabia. Tudo

o que eles me perguntavam eu não

sabia. Elesnãosabiam de

qual

orga­

nização

eu era.

elesnãoinsistiamnatorturaaté

conseguir

oque

queriam?

Insistiram porque eu caícom muito

documento.Atorturacomeçava quan­

doagente

chegava

na

Operação

Ban­

deirantes. Eles trabalhavamemturnos

de24 horase eufui presana

equipe

do

capitão

Homero.

Depois

vinhaa

equi­

pe doBernoneAlbernaz.Aífuipara a

cadeira elétrica.O Homero

tinhame

colocado no

pau-de-arara. Quando

chegou

na

equipe

do

capitão

Dalmo eu

estavamuito

mal',

entrandoem

estado decoma.Esse

capitão

disseque

não ia assumir a minha morte. Eu

nãolembro de terescutadoisso, mas

osoutros presosescutaram.E ele me

mandou para o

hospital

militar do

Cambuci. Como eles diziam lá: cada

um assume as suasmortes.O

capitão

Dalmonãotinhame

torturado,

e euia

morrer noturnodele.

Quando

euvol­

teido

hospital,

caínamãodo

capitão

Homero.Torturadenovo.

Depois

vem o

Albernaz,

tortura de novo.

Quando

chega

a vez do

capitão Dalmo,

eu

estou toda

quebrada

denovo! Então,

coincidentemente,

ele mesmo nunca metorturou.

Comoasenhora avaliaaComissão

da

Verdade,

instaladanesteano? A Comissãoda Verdade éoresultado de

umalutade 40anos.Os

jornais

brasi­

leiros nunca

divulgaram

que oBrasil

foicondenadonaOEA,emvários itens:

entregar os corpos, criar aComissão

da Verdade para apuraros

fatos,

abrir

todosos

arquivos,

reparareconomica­

menteosgastosquenós tivemosnesses

30anosde processo, criarummemo­

rial exclusivo da ditadura para que

todasasfuturas

gerações

conheçam

o

caso,a

publicação

noDiárioOficial da

Uniãoe o

julgamento

dos torturadores

eassassinos. Nãofalaem

punição,

julgamento.

Três itens

foramcum­

pridos:

publicação

no Diário

Oficial,

criação

da Comissão da Verdade e a

abertura dos

arquivos.

Sobreo

julga­

mento dos torturadores o

Supremo

Tribunal Federal

meteuos

pés

pelas

mãos,dizendoque

passou. O Minis­

tério Público dizque não. Nocaso do

assassinato,

talvez, pois

prescreve de­

pois

de20anos.Mas

desaparecimento

é crime continuado enquanto nãose

encontrao corpo. Como elesnão en:

tregaramessescorpos,éumcrime que

pode

ser

julgado.

Caso não houvesse a

condenação

do Brasil na

OEA,

asenhoraacre­

dita quesevoltariaatocarno as­

sunto dos

desaparecidos políticos

da ditadura militar?

Ninguém

falaria no assunto, nem

sairiaestaentrevista. Dizem paranos

Comitê

resgata

amemória de torturadosem Santa Catarina

Julho de

2012

preocuparmoscomosvivos.Brasileiro

é muito "deixa disso". Além

disso,

os

militarestêm muito

poder

de

influê�

cia para seguraresseprocesso.

Em março foi

divulgado

que os

comitês estaduais auxiliarãoa Co­

missão daVerdade.OComitêCata­

rinensetem

participado?

Sim,

participamos

de todasasreuniões nacionaiscom

alguns

representantes.

Em cada estadoexistemdois

tipos

de

grupos. Em Santa Catarina temos o

grupo

Pró-Memória,

que é composto

por ex-presosefamiliareseexistedes­

de

1980,

e ocoletivo

Memória,

Verdade

ejustiça,

que

organizamos

no anopas­

sadoetemcercade40pessoas.

Hoje,

as

atividades dos dois

grupos

são

conjun­

tas.Todos os' grupos

estaduais

têm

umlevantamento denomes.EmSanta

Catarina,sãodezcasosdemortosede­

saparecidos comprovados.

Como eles

não

podem

investigar tudo,

levanta­

mosquatronomes quequeremos que

sejam

investigados:

Paulo Stuart Wri­

ght

(deputado

estadual de

Joaçaba

de­

saparecido

em

1973),

Frederico

Mayr

(arquiteto,

de

Timbó),

Alceri Gomes

. da Silva

(militante

presa ainda com

vida)

e

João

Batista Rita

(universitário

de Criciúma

desaparecido

no Rio de

Janeiro).

Asenhoraescreveu olivroNoCor­

po e na

Alma,

que vai ser

adap­

tado parao cinema. A manifesta­

ção

cultural

pode

ser uma forma

de

popularizar

o assuntoe fixá-lo commais

força

nahistória do

país?

Nossa

grande

lúta é a

formação

da

memória das lutas brasileiras. Todos

essesacontecimentosda

época

militar

fazem parte da história do

Brasil,

assimcomo a

Balaiada,

a

Cabanagem,

aInconfidênciaMineira,a

Revolução

Farroupilha...

Estudamos

rápido

na

escola,

masquem

quiser

se

aprofundar

vai ter

oportunidade

porque estamos

deixando bastantecoisa escrita.

Oassuntodos

desaparecidos

dadi­

tadura temvindo àtonanos últi­

mosmesespor causadaComissão

da Verdade. Você acha que ainda

temmuitagenteque nãoconhece

ahistória do

regime

militar?

Não tenho esperança nas

gerações

anteriores, mas na

geração

devocês. No grupo há muitos

jovens

que

nasceram na

época

da democracia.

Todos me auxiliam entusiasmados

nasatividadesdo Comitê.

Quando

os

jovens

aceitame sesensibilizamcom umacausa,eles assumem evão fun­

do,

com o auxílio da

tecnologia,

que

agiliza

muita coisa. Muita gente des­

conhece ou acha

bobagem

falar do

que

passou. Eu

faço,

comomilitante e

professora

de

história,

porquequero

ajudar

na

formação

da

memória,

mas

principalmente

para quenãoaconteça

denovo.Se nãosabemosoqueaconte­

ceu,atendênciaéacontecer outravez.

Se pensarmosem umatarefa dagera­

ção

de

vocês,

é cuidar do meio

ambien-ZERO

recursos

naturais

val ser a causa

te.

Daqui

apouco,

quando

começarem

a faltar recursos naturais,

principal­

mente

água,

quemé que vaificarcom o pouco que sobrar? Os grupos que

governam.Seessesgrupos

precisarem

reprimir

a

população

e

impor

umadi­

tadurapara

garantir

os recursospara um pequeno grupo de

privilegiados,

eles farão. Cuidar do meio

ambíen­

te nãose trata apenas depensarnas

espécies

amea­

çadas,

para citar

um

exemplo,

mas

para

garantir

nossa liberdade.

Afaltaderecursos

naturais vai ser a causadas futuras

ditaduras.

"A falta de

das

futuras

Você também

ditaduras"

participa

do

movimento Tortura Nunca Mais.

Acha que é

possível

traçarumpa­

ralelo entre a tortura do

regime

militar e aviolência

policial

atu­

almente?

Os manuais das

polícias

civilemilitar

de

hoje

sãoos mesmosda ditadura.O treinamento dos

jovens

que vão para

o exército continua sendo o mesmo

dos

jovens

que

ingressavam

durante

a ditadura.

É

a mesma

escola,

com

a

garantia

da

impunidade

da

época.

Pensam que "se não

julgaram

antes,

porquevão

julgar

agora?",

mastemos

avantagem da liberdadede

imprensa

e de

expressão.

Temos que continuar

denunciandoparaa

justiça,

semdesa­

nimarnomeio doprocesso. Mas não

podemos

achar quevamosresolverto­

dosos

problemas

deuma vezsó. A Co­ missão daVerdadetema

obrigação

de

investigar

basicamente os

desapareci­

mentosdo

Araguaia.

Foi para issoque

ela foi

criada,

e essafoi a

condenação

do Brasil na OEA. Tem quem

queira

quese

investiguem

atéosassassinatos

nademocracia.Se

perdermos

o

foco,

nãofaremosnada.

A Comissão da Verdade não terá

poderes

para

penalizar

os milita­

res.Asenhora acha que deve

haver

punição

aostorturadores?

AComissãoda Verdadenão

julga.

Ela

investiga

e

produz

umrelatório.A pare

til'desse relatóriooMinistérioPúblico

pode

fazer adenúncia e encaminhar

aos tribunais de

Justiça,

que aceitam

ounão.Háumprocessodemocrático.

Seeuachoqueeles devemser

julgados

econdenados? Achoqueomelhor

jul­

gamentoéoda história.O

ex-delegado

do DOPS Cláudio Guerra, autor de

Memórias de umaGuerra

Suja,

deu

um

depoimento

no Observatório da

Imprensa,

arrependido.

Isso vai para

a

história,

saber o nome dos respon­

sáveis

pelos

sofrimentos da ditadura.

Alguns companheiros

do Comitê que­

remvê-losnacadeia.Mas isso nãofoi

colocadoem

votação

noColetivoCata­

rinense, hámuitadivisãode

opiniões.

Particularmente,

entendoolado fami­

liar dos militares

hoje.

Comosesente

umnetodeumtorturadorao ver um

parente humilhado? Ainda acho que

quemdeve

julgar

éahistória.

Oque vocêpensasobreos casosde

pedidos

exagerados

de

reparação

econômicaparamilitantes?

Vocêperguntaissoporcausado Ziraldo edo

Jaguar.

Eles

alegaram

a

perda

de seu

jornal

naditadura.'O

advogado

fez ascontasdequan­ to teriam

perdi­

do em 30 anos do

jornal

[cerca

de

R$

1

milhão,

pela

Comissão de

Anistia].

Isso não

pra mensurar,

e não concordo

com casos que

extrapolam

as­

sim. Maseles não

receberam esse

dinheiro,

nunca vão

receber,

e o Ministério Público está

quesííonando

adecisão.MasaComis­ sãodeAnistia

hoje

nãoconcedeanistia

de mais de

R$

100mil. E

quando

se

pede

reparação continuada,

édecerca

de

R$

1,5a

R$

2milreais.

A

organização

de

jovens

militantes

Levante

Popular

da

Juventude

tem

promovido,

em várias partes do

país,

atos

públicos

ridicularizando

militares e

policiais

acusados de

envolvimento em torturas duran­

teaditadura

pós

1964.

Oque você

acha das iniciativas de escracho

dos torturadores?

Nossa

recomendação

é paraque quem

foi torturadonão

participe

decasosde

humilhação

aos militares.Mas senti­

mento de

vingança

é natural do ser

humano.Há 15anosfoi feitoo

julga­

mento

do marechal Floriano Peixoto

pelos

fuzilamentos de Anhatomirim.

FoinoCentrodeEventosdaUFSC,e es­

tavalotado.

Quanto

tempopassousem

sefalarnoassunto? Eraumanecessi­

dadeque existiana

população.

Você considera quea

instalação

da

Comissão da Verdade e a

atuação

dos comitês

Pró-Memória,Justiça

e

Verdade

podem

acenderumrevan­

chismo

político

noBrasil?

Quem

fala em revanchismo são os

torturadores,

basicamente. Revan­

chismo faz parte até de um

jogo

de

futebol.Maslevá-losa

julgamento

não

é revanche. Seria se a gente seques­

trasse, torturasse, matasse, colocasse

elesno

pau-de-arara,

issoé revanche.

Julgamento

é democrático. Estamos

fazendo olevantamento de cerca600

torturadosemSanta Catarina.

Quere­

mosresgatarsuasmemóriasporuma

questão

de

justiça.

MaílaDiamante

maila.filo@gmail.com

Manuela Lenzi

lenzimanu@gmail.com

Matheus Lobo Pismel

matheusloboplsmelêcrnaíl.corn

VictorHugoBittencourt

(6)

CONEXÕES

LINKS

PARA A VIDA SOCIAL

partir

daantenade

transmissão,

a

captação

de

I

apoio

culturalfora do raio de

abrangência

e a @

venda deespaços

publicitários.

$

Sobre as

denúncias,

a Anatei alerta que

qualquer

pessoa

pode

fazê-Ias diretamente nos

canaisoferecidos

pela agência.

Parao assessor

de

imprensa

da

Anatei, Augusto

DrumondMo­

raes, aAcaert não está

passando

por cima da

organização

ao

dirigir-se

diretamente ao

ju­

diciário. "Nãohá nenhum

impedimento legal

quantoaisso",

explica. "Teoricamente,

aAnatei

teria que fiscalizar

[as

rádios

comunitárias],

mas a

própria

Anateinãofiscalizanem as co­

merciais",

justifica

o assessor de

imprensa

da

Acaert,MarcoAurélioGomes.Ele aindaafirma

que "aAcaert nãoé contraas rádios comuni­

tárias;

écontraa

ilegalidade.

Muitas emissoras

públicas

estavamsetornandocomerciais". A

manutenção

das rádioscomunitárias de­

pende

do

apoio cultural, previsto

em

lei,

edoas­

sociativismo,

pois

não

participam

da divisãodos

recursosdestinados àsemissoras que

divulgam

atos

públicos

e fazema

publicidade

institucio­

nal.

Segundo

o

presidente

da

Abraço-SC,

João

CarlosSantin,aentidadetemparecerda Procu­

radoriaGeraldaUniãoquegarante

habilitação

às RadComparaa

divulgação

dosatosoficiais

e, por

consequência, participação

nas verbas

públicas

para este fim. "Nastrêsinstânciasde

poder

o volumede recursos distribuídos para

fazer

divulgação

dosatos

públicos

e a

publicida­

deinstitucional

gira

emtornode

R$

10 bilhões. Esse dinheiro está sendo distribuído somente paraasrádiosetevêscomerciais",reclama.

O

presidente

da Assembleia

Legislativa

de Santa Catarina, Gelson Merisio

(PSD),

em

reunião com a

Abraço-SC,

se comprometeu a

incluir as emissoras comunitárias na divisão

dos recursos estaduais. "Estamos estudando

juridicamente

como essa

participação

é

possí­

vel, pois

háum

impedimento legal

naorigem

das RadCom. A

princípio

elas não

poderiam

Enquanto

o marco

regulatório

não

vem

...

Em

meio

a

inúmeras

dificuldades,

rádios comunitárias lutam por fortalecimento do

setor

No sulda IlhadeSanta Catarinaum

projeto

da

comunidade,

legalizado

participar

da

divisão",

explicou

a diretora de

comunicação

daALESC,

Thamy

Soligo.

No Rio

Grande do

Sul,

porém,

asrádioscomunitárias

integram

oorçamentoanual recebendover­

bas

publicitárias.

No âmbito

federal,

após

diversosencontros

entre representantes das rádios comunitárias

e oMinistério das

Comunicações,

foi acordado

umdecreto

-hoje

naCasa

Civil,

àespera da assinaturada

presidenta

DilmaRoussef

-que

flexibilizaas regrasdo

apoio

cultural.A

legis­

lação proíbe

a

divulgação

de

produtos,

bens e

serviços,

preçosou

qualquer

dado que promo­

va aempresa

patrocinadora.

"O quedesvirtua

totalmente o

princípio

fundamental da rádio

comunitária queé contribuirparaodesenvol­

vimento local das comunidades

envolvidas",

argumentaSantin.

No

Congresso

Nacional tramita o

projeto

deumaLei Geraldas

Comunicações,

que deve

substituir o

Código

Brasileiro de Telecomuni­

cações,

criadohámeioséculo.Umarazão para

o atraso na

aprovação

é o interesse direto de

parlamentares,

pois,

como olevantamento do

Departamento

Intersindical deAssessoriaParla­

mentar

(Diap)

apontou,há60

deputados

acio­ nistasou

proprietários

de empresas de Rádio

eTelevisão. Secontabilizadas asempresas que

estãoem nomede

familiares,

onúmeropassade 100. Ou

seja,

cercade20%docongresso. anoitede 17 de

junho,

a

Agência

Nacional de

Telecomunicações

(AnateI),

com o

apoio

das

polícias

FederaleMilitardoRiode

Janeiro,

fechou aRádio

Cúpula,

que ope­

rava no aterro do

Flamengo,

local onde ocor­ reu a

Cúpula

dosPovosdaRio+20.Emboraa

transmissão via internet tenha

recomeçado

na

manhã

seguinte

devidoà

repercussão

docaso,a

emissorapermaneceu

proibida

detransmitirem

ondas de rádio.A

alegação

daAnatei:osinal da

Rádio

Cúpula,

queéde 25 watts,

poderia

inter­

ferirnocontrolede

tráfego

aéreo do

Aeroporto

Santos Dumont. Ofato

ganhou

alcancenacio­

nal,

mas,ao contráriodo quepossa parecer,o

fechamento daemissora não éumcasoisolado.

EmSanta Catarina,existem 183 rádiosco­

munitárias

(RadCom) licenciadas,

e o

órgão

responsável pela fiscalização

continua sendo

aAnateI.

Apesar

disso,

a

briga pelo

direito de

transmitirtem

colocado,

deum

lado,

umadas

maiores entidades

representativas

do setorde

RadCom,

a

Associação

Brasileira de Rádiodi­

fusão Comunitária

(Abraço),

edo outro, aAs­

sociação

Catarinense de Emissorasde Rádio e

Televisão

(Acaert),

que representaveículos co­

merciais.

Atualmente,

há21

ações

judiciais

em

aberto contra rádios comunitárias no

estado,

todas movidas

pela

Acaert. Entre as

acusações

estão acoberturamaior queum

quilômetro

a

A

flexibilização

das

regras de

apoio

cultural

depende

de

uma

assinatura

da

presidente

Dilma

No

Campeche,

iniciativa

popular

oMinistério das

Comunicações

define rádio

comunitáriacomo"um

tipo especial

de

emissora FM,de alcance limitadoa, no má­

ximo 1 kma

partir

desua antenatransmis­

sora,criada para proporcionar

informação,

cultura,entretenimentoeJazera pequenas

comunidades. Sem fins lucrativosevínculos

institucionais:

religiosos,

partidários".

O

serviço

derádioscomunitárias foi criado

pela

Lei n° 9.612 de1998,que

exige

que

seja

instituídoumconselho

comunitário,

formado porno mínimocincoentidades

representativas

do bairroou comunidade.

Aesseconselhocaberia

acompanhar

a pro­

gramação,

quedeveterum mínimo de oito

horas,visandoa

pluralidade

e ointeresse

exclusivoda comunidade.Oscritériosdeou­

torga e

renovação

foramcriados trêsanos

depois;

estabelecendotambém asregrasde

funcionamento

dasemissoras.

NosuldaIlha deSantaCatarina,

funciona a

Associação

Rádio Comu­

nitária

Campeche (ARCCA),

fundada

em 1998, e - desde 2005 - única

emissora do

tipo

comconcessão defi­

nitivaem

Florianópolis.

A

associação

é

abertaamoradores que,

pagando

uma

anuidadede

R$

40,00,

têmodireito de

elaborar e

produzir

programas, além

de votarnas assembleiasanuais pro­

movidas

pela

ARCCA.

Na

grade

de

programação

da98.3 FM, há programasdeentrevistascom

foco em

literatura,

boletins sobre a

previsão

do tempo,

ecologia,

notícias

e diversosprogramas musicais. A

jor­

nalista ElaineTavares, que apresenta

osprogramasChão deTerrae

Campo

de Peixe,defende a iniciativa para a

integração

dacomunidade. "Acomu­

nidade reconhece a rádio como um

espaçoseu.Nossarádio foi criadapor

movimentosque

existiamna

comu-A leitambém estabelece que só

podem

candidatar-seao

serviço fundações

ou

associações

semfinslucrativos,

registradas

legalmente

e com

dirigentes

queresidam no

bairro.

De acordocom a Lei de Radiodifusão Comu­

nitária,a

potência

é limitadaem25wattse a antena não deve

ultrapassar

30metros. A

Abraço

defende queessa

potência

deveria

serde 250watts,a mesmadeuma rádio

de pequena

potência,

pois, dependendo

do

relevo,olimitede altura

pode prejudicar

atransmissão. "A Acaertdemonstraclara­

mente quesuasemissoras associadas são

incompetentes, poracharemqueestãoten­

do

prejuízo

com uma rádiocom25wattsde

potência.

É

uma

vergonha pública",

critica

o

presidente

da

Abraço

emSantaCatarina,

João Carlos Santin.

nidade,

por isso não estádescoladados

problemas

do bairro".

Ubiratan

Saldanha,

umdos funda­

doresdaARCCAe seu

responsávellegal

até

hoje,

defineoprocessode

implan­

taçãoda rádiocomo"uma verdadeira

luta". "Foram três anos fazendo as

vontadesdo Ministério dasComunica­

ções", conta,paraem

seguida

destacar

aburocraciacomo maior

empecilho.

"Chegavam

amandar ofícios falando

sobre a necessidade de mudar

vírgu­

lasnoestatuto.Comosefosse

simples

mudarumestatuto,sóreescrever odo­

cumentoepronto.Pra mim,isso não deveria existir.

Quem quisesse

montar

uma rádio comunitária deveria ter

maisfacilidades.Issoédireito àinfor­

mação".

EdianeMattos

edimattos@gmail.com

NathanMattes Schafer

(7)

Professores

entram

em

greve

dois

meses

depois

Sindicatos discordam das datas

e

representação

na

UFSC

Desde

o dia 17 de maio, há oficialmente no

Brasil 55

instituições

federais deensino supe­

rior emgreve,

segundo

o Sindicato Nacional dos Docentesdas

Instituições

de Ensino Su­

perior (Andes-SN).

Duasentidades lideramo

movimento

nacional,

oAndese a

Federação

de Sindicatos

deProfessores de

Instituições

FederaisdeEnsino

Superior.

Ambasreivindicam melhores

condições

deensino,salárioe

carreira paraos

professores.

Enquantoocenário nacional

vaise

delineando,

aexistênciade doissindicatos locaiscria uma

situação

inusitadanaUFSC:

há, supostamente,

duas

greves nauniversidade. Uma

aprova-da

pelo

Sindicato dos Professores das

Andes-SN

e

Universidades Federais de Santa

Ca-tarina

(Apufsc-Sindical)

eoutra

pelo

Apufsc-Sindical

Andes-SN.

greves sófuncionemnasférias."Doladodo

Andes,

quetem

5% de

representação

entre os

professores

da

universidade,

agreve começouem 22de

junho

noNúcleo de Desenvol­

vimento Infantil

(NDI).

Depois,

houve adesãodos outros

professores

sindicalizados.

Os

principais

pontosde

negociação

dos doissindicatos

são osalárioe o

plano

de carreiraparaos

professores.

A

Apufsc

nãotemnenhumaproposta

salarial, pois,

segundo

notado

sindicato,

"o valor

depende

deuma

condição

que

foge

aocontrole da

Apufsc:

oorçamento

disponível

para a

Educação

e a

distribuição

feita

pelo

Ministérioda

Educa-ção

entre as InstituiçõesFederais de

A decisão tomada

pelos

membros

do

Apufsc

-Sindical,

quetem

filiação

de 95%dos

professores,

foi de come­

çaragrevenodia11de

julho.

A data levouemcontaofinaldosemestrele­

tivo."Seremos

respeitosos

no

primeiro

semestre, mas vamos serefetivos no

segundo",

afirmouo

presidente

da

Apufsc

CarlosMussi. Na

mesmaassembleiaforamescolhidosos

professores

que vão

integrar

aComissãode

Mobilização

daGreve,quetambém

serácompostapordois membrosda Diretoriado

Sindicato

edoisdo Conselho de

Representantes (CR).

O

vice-presidente

do

Andes-SN,

ValmirMartins,surpre­ endeu-se

quando

ficou sabendo da data. "Grevenas

férias,

issoénovidadepara mim.

Imagino

que eles achamqueas

Ensino".

A greve nacional dos

professores

foi

deflagrada

tendo em vista o im­

passenas

negociações

com ogoverno

federal. O cronograma da

categoria

estabelece o dia 31 de agosto como

prazofinalpara discussão. Esse prazo existe devido a outra

previsão

orça-mentária da

qual

oministro daEdu­

cação

Aloizio Mercadante não

pode

deixar passar.Atéofinalde

junho,

o

ministrodeveapresentarum

prognóstico

monetário paraa

áreade

Educação. Depois,

atéfinalde

julho,

eledeveráex­

porosdadosdetalhadamente.Atéfinaldeagosto,esses va­

loresdevemestaremposse do Ministériodo

Planejamento

paraformalizarumorçamentonacionalparaa

Educação,

previsto

paraserencaminhadoaoCongressoaténovembro

para

vigorar

em2013.

falam de dois

movimentos

distintos

Assembleia avalia o cenário nacionale discute a

paralisação,

na

universidade,

a

partir

de

11/07

Julho

de 2012

ZEBO

CON£XÕES

LINKS

PARA A VIDA SOCIAL

Docentes

participam

da

votação

em urnado indicative

Quem

responde pelos

docentes?

Osdoissindicatos

divergentes,

a

Apufsc

Sindicale o

Andes-SN,

advêm

da

Apufsc

Sessão Sindical

(Apufsc­

-SSind)

criada em 1990 e

ligada

aoAndesnacional. A

desvinculação

ocorreu em 2009,

quando

houve

uma divisão entre os

professores.

Alguns

saíram para constituir a

Apufsc-Sindical,

enquanto outros

permaneceram e filiaram-se ao

Andes-SN,

ainda com

articulação

nacional.De lápra

cá,

cadasindica­

toafirmasua

representatividade

de

formadiferente.

A

Apufsc

justifica

sua existência

apoiada

na Carta Sindical

redigi­

daem agostode2011. Odiretorde

Divulgação

e

Imprensa

da

Apufsc­

-Sindical,

Paulo Cesar

Philippi,

ex­

plica

queacartafoi concedida

pelo

Ministério do Trabalho e

Emprego

emobediênciaa

princípios

constitu­

cionais que vedama

criação

demais

de uma entidade de

representação

sindicalna mesmabase territorial.

Do outro

lado,

a Andes-SN cri­

ticaafalta de

articulação

nacional

da

Apufsc. "[Quando

a

Apufsc]

vai

representaros

professores

em greve

nacional,

o governo nãoquercon­ versar. Entidade estadual não deve

sentarem mesade

negociação.

Foi

umacoisa esdrúxulasedesvincular

do nível

nacional,

eles tinham que

se filiar ao

Proifes",

ataca Valmir

Martins,

vice-presidente

da

Andes--SNemSantaCatarina.

Atualmente,

essadiscussão cau­

sadesconforto à

Apufsc.

Osindica­

to foi

impedido

pelo

Ministério do

Planejamento

de

negociar

em nome

dos

professores

de Santa Catarina diretamenteemBrasília.O

advoga­

do da

Apufsc

Prudente Meloafirma

queessaatitudeéuma

violação

do

direito de liberdade de

organização

dos trabalhadores. Melo acrescenta

que mesmocom a

questão

judicial

ainda por se

resolver,

a entidade

sindicalfaz

questão

de

negociar

di­

retamente com o governo. "Vamos

continuar presentes nas mesas de

negociações

em

Brasília,

nãosónes­ sagrevemasemtodasasoutras".

Atualmente há um mandato

de segurança em discussão

judi­

cialpara

legitimar

a

representação

sindical da

Apufsc

nas

negociações

em Brasília. Melo defendeque não

existem motivos para

briga

porre­

presentatividade

entreossindicatos:

"SeaAndesestá

querendo

lutarcom

a

Apufsc,

eles estão

passando

por cimado

princípio

básico de demo­

cracia dentro do movimento. Não

queremos negar que aAndesou a

Proifesrepresentemaatividade

[dos

professores],

masnãoemSanta Ca­ tarina".

José Fontenele

Referências

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