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GESTÃO DE MATRÍCULAS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

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GESTÃO DE MATRÍCULAS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Irineu Manoel De Souza Universidade Federal de Santa Catarina irineu.manoel@ufsc.br Maykon Bergmann Martins Universidade Federal de Santa Catarina maykon.bm@gmail.com RESUMO

O presente artigo teve como objetivo analisar o processo de gestão de matrículas dos cursos de graduação na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. O estudo foi de natureza aplicada, teve o método de raciocínio dedutivo e abordagem qualitativa, foi classificado como descritivo, pesquisa documental e observação participante. O universo da pesquisa foram as coordenadorias dos cursos de graduação na UFSC. Os dados foram coletados por meio da observação e de relatórios e outros documentos. Os resultados da pesquisa indicam que o processo de matrículas dos cursos de graduação da UFSC não atende por completo as necessidades institucionais e dos estudantes, fazendo-se necessários alguns aprimoramentos na gestão do processo de matrículas. O estudo contribuiu para o levantamento de novas ideias e ações para a gestão do processo de matrículas na UFSC.

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1. INTRODUÇÃO

Este artigo trata do estudo do processo de gestão de matrículas dos cursos de graduação na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC em paralelo com temas relevantes às universidades, à gestão universitária e à sociedade: universidade pública, compromisso, mercantilização da educação, políticas públicas e capitalismo. Um processo de gestão de matrículas envolve tanto questões socialmente políticas quanto socialmente capitalistas, visto que qualquer processo de gestão universitária em uma instituição de ensino superior envolverá a comunidade universitária, envolverá um recorte da própria sociedade, que refletida está dentro deste processo universitário

Para o estudo do tema em questão, e considerando que Kerlinger (1980, p. 35) definiu problema como “uma questão que pergunta como as variáveis estão relacionadas”, surgiu o seguinte problema de pesquisa: Como ocorre a gestão de matrículas dos cursos de graduação na UFSC?

Para responder esta problemática, apresenta-se como objetivo geral: Analisar o processo de gestão de matrículas dos cursos de graduação na UFSC. Dando continuidade ao estudo, chega-se aos seguintes objetivos específicos: a) caracterizar a estrutura e o funcionamento do processo de matrículas dos cursos de graduação na UFSC; b) investigar se o processo de matrículas dos cursos de graduação atende as necessidades institucionais e dos estudantes da UFSC; c) propor ações para o aprimoramento da gestão de matrículas dos cursos de graduação na UFSC.

A referida pesquisa foi realizada como parte da investigação referente à dissertação de mestrado profissional do Programa de Pós-Graduação em Administração Universitária – PPGAU do Centro Socioeconômico – CSE da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.

O trabalho justifica-se pela importância teórica do trabalho finalizado, que servirá como objeto de novos estudos para toda a comunidade acadêmica da UFSC e de outras Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras. Possui também importância prática pela contribuição para o processo de gestão de matrículas dos cursos de graduação na UFSC e para demais processos de gestão de matrículas, da UFSC e de outras IES brasileiras, uma vez que serão estudados estrutura e funcionamento, sugerindo-se, entre outros, ações para o aprimoramento dos procedimentos. A pesquisa é oportuna pelo motivo de que o pesquisador, ao atuar em uma coordenadoria de curso de graduação da UFSC, relaciona-se diretamente com a gestão de matrículas de discentes de graduação, por ser uma das atribuições de seu setor; soma-se a isso o fato de que o pesquisador trabalhou em uma comissão de procedimentos administrativos e acadêmicos para apoio aos cursos de graduação do Centro Tecnológico da UFSC, tendo, entre outros pontos estudados, o processo de matrículas de veteranos de graduação e o Sistema de Controle Acadêmico da Graduação - CAGR (UFSC, 2019b). Quanto à viabilidade, justifica-se pelo baixo custo e devido à localização e ao exercício e profissional do pesquisador, que é servidor técnico-administrativo na UFSC, atuando, como já dito, em uma coordenadoria de curso de graduação, possuindo livre acesso aos dados do processo de matrículas, sobretudo aos dados do CAGR (UFSC, 2019b), que inclui, entre outros, o sistema de matrícula dos cursos de graduação da UFSC.

Este artigo está estruturado a partir desta introdução, que apresenta os objetivos e a justificativa da pesquisa, entre outras informações introdutórias. O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica, envolvendo os temas gestão universitária, gestão de matrículas, universidade, compromisso, educação mercantilizada, políticas e capitalismo. O terceiro capítulo apresenta a metodologia da pesquisa, especificando as formas de realização do estudo. O quarto capítulo apresenta os resultados esperados com a aplicação do estudo. O quinto capítulo apresenta a conclusão da pesquisa proposta.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 GESTÃO UNIVERSITÁRIA

Ribeiro (1977) sustenta que administração universitária é uma denominação dada à administração educacional de nível superior e que administração acadêmica universitária é o campo da administração educacional de nível superior aplicada unicamente nas funções acadêmicas desempenhadas pela universidade.

Segundo Antunes (2017), os cursos de graduação possuem um importante papel na administração acadêmica, pois irão materializar as demandas, gerar respostas e apontar necessidades originando uma troca de informações. Finger (1988), nos traz que a administração acadêmica se preocupa essencialmente com as atividades fim, que compreendem, dentre outras funções, as matrículas. Este autor considera que por meio das matrículas o estudante irá arranjar seu esforço acadêmico e que as matrículas não são um mero ato burocrático.

De acordo com Ribeiro (1977), no ensino superior, a matrícula não deve ser entendida como um conteúdo estático, mas como um processo contínuo que segue o estudante universitário.

Há dois tipos de matrícula, a institucional, que estabelece o vínculo com a universidade, e a matrícula por disciplina, que vincula o acadêmico às disciplinas ministradas. Dentro desta última, há um período para ajustamentos, onde, devido a possíveis equívocos, é permitido ao estudante manifestar desejo em continuar ou não cursando a disciplina matriculada, realizar trancamento, cancelar disciplinas e substituí-las por outras (RIBEIRO, 1977).

Dentro desta temática, na UFSC, há a renovação de matrícula, realizada em cada período letivo de graduação pelos discentes, por meio do Sistema de Controle Acadêmico da Graduação - CAGR (UFSC, 2019b) na internet e por meio das Coordenadorias, onde os servidores técnico-administrativos em educação e os coordenadores de curso possuem acesso interno ao referido sistema.

2.2 GESTÃO DE MATRÍCULAS EM UNIVERSIDADES

Uma instituição social mais bem direcionada à sociedade de fato, quando se pensa em gestão de matrículas para todos, seja para quem está ingressando na instituição, seja para quem já está nela inserida, é um importante aspecto social.

Chauí (2003) fala que a universidade pública é uma expressão da sociedade, uma instituição social, com práticas e ações sociais. Que após a Revolução Francesa, tornou-se republicana: pública e laica; com as revoluções sociais do século XX, tornou-se também democrática.

Segundo a autora, a universidade, por sua característica diferenciada como instituição social e tendo autonomia intelectual, consegue interagir com o todo da sociedade e com o Estado.

A reforma do Estado colocou a educação em um setor de serviços não exclusivos do Estado, significando que a educação passou a ser um serviço e não mais um direito, passando a ser um serviço que pode ser privado ou privatizado. A reforma do Estado estabeleceu a definição de universidade como uma organização social (CHAUÍ, 2003).

A colocação da universidade como organização nos limita o pensamento, os questionamentos, não se poderia mais pensar como um ser humano que busca respostas sobre seu lugar, sua existência, suas funções no mundo. Perderíamos a visão crítica.

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Para Chauí (2003), na visão organizacional, a docência é tida como uma rápida transmissão de conhecimento. Docentes são contratados sem levar-se em conta se dominam ou não a área de conhecimento de determinada disciplina. Pontua também que a pesquisa, para uma organização, não é conhecimento de algo, mas uma obtenção de instrumentos para controlar algo.

O aprendizado não pode ser uma mercadoria, um simples abrir a cabeça para se depositar conhecimento específico, depois fechar a cabeça e ir para casa, para o mercado de trabalho. Como colocou Freire (2011), o homem tem sido visto como uma lata vazia, onde colocam seus depósitos técnicos. Defendo que devemos sim estar abertos ao conhecimento como um todo, ao aprendizado específico, mas também aos novos questionamentos, novos pensamentos, novas pesquisas geradoras de conhecimento, nos permitindo refletir e ter uma visão crítica.

Segundo Chauí (2003), se pretendemos assumir a universidade pública por uma nova perspectiva, de formação e de democratização, devemos levar em conta os seguintes pontos: recusar a privatização do conhecimento, tomando a educação superior como um direito; ter a autonomia universitária com poder de definir suas próprias linhas de pesquisa e prioridades; separar democratização da educação superior e massificação; revalorizar a docência qualitativa; revalorizar a pesquisa com autonomia; ser transparente à sociedade em relação às atividades das pesquisas; adotar perspectiva crítica clara relativa à novas ideias e diretrizes para a modernização universitária.

A universidade pública deve lutar pelos seus ideais, podendo assumir novas perspectivas, porém, sem perder sua essência da formação, sua reflexão, sua crítica. É fato que o Estado, junto com outros fatores externos, tem dificultado a autonomia universitária como sendo pública, mas penso que a luta deve ser constante, sempre em defesa de uma universidade pública como instituição social.

Uma gestão de matrículas eficiente, pensando em minimizar os possíveis gargalos do sistema em relação ao procedimento realizado pelo e para o estudante, exige o verdadeiro compromisso dos gestores, dos responsáveis pelo processo de matrículas.

Freire (2011), ao falar do compromisso do profissional com a sociedade, coloca o profissional como complemento do próprio compromisso, sendo que este seria uma palavra oca se não houvesse quem o assumisse. Ao nos aproximarmos do ser que é capaz de assumir o compromisso, estaremos nos aproximando da essência do ato comprometido. Para que alguém possa assumir um ato comprometido, precisa ter a capacidade de agir e refletir.

Para Freire (2011), um ser será capaz de comprometer-se, somente se sair de seu contexto, distanciando-se deste para admirá-lo. Somente este ser será já em si um compromisso.

Não pode existir reflexão e ação do lado de fora da relação entre o homem e a realidade, pois não há homem sem mundo, nem mundo sem homem. Assim, é por meio da experiência nestas relações que o ser desenvolve sua ação-reflexão (FREIRE, 2011).

O compromisso poderá acontecer somente por aquele que deixar envolver-se por inteiro, posso pensar que somente o ser que mergulhar de cabeça, que ficar imerso no objetivo, no objeto de estudo ou de trabalho, poderá, de fato, estar comprometido com o todo. De acordo com Freire (2011), a neutralidade nada mais é que o medo de manifestar o compromisso. Essa neutralidade mostra um compromisso interno, consigo mesmo, com seu interesse próprio, um compromisso que não é verdadeiro. O compromisso verdadeiro é sempre solidário.

O comprometimento com a desumanização significa assumi-la e, também, desumanizar-se. O compromisso é válido apenas quando está carregado de humanismo, que por sua vez, é consequente apenas quando está cientificamente fundado (FREIRE, 2011).

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Segundo Freire (2011), a realidade é criação dos homens, não se transforma por si só. Assim, não pode haver um verdadeiro compromisso com a realidade e com os homens que nela estão inseridos se houver uma consciência ingênua de ambos.

Freire (2011) sustenta que a alienação é uma ameaça à autenticidade do compromisso, causa inibição da criatividade, estimula o formalismo, com este sendo uma forma de segurança. O ser alienado não se aprofunda, fica na superficialidade.

Podemos e devemos ter um compromisso solidário, praticando ações não somente em benefício próprio, mas pensando no todo, pensando na humanização. Devemos buscar a devida fundamentação científica para a prática e desenvolvimento de determinada atividade, fugindo da alienação.

Quando se fala em gestão de matrículas, o comprometimento deve existir por parte da universidade e por parte do estudante também, devendo aquela sempre pensar no estudante como um indivíduo em busca de conhecimento e não como um simples cliente em busca de uma mercadoria.

Bianchetti e Sguissardi (2017) falam da mercantilização da educação superior, da universidade como refém do mercado, decorrente do aumento de universidades com fins lucrativos e da entrada de práticas mercadológicas em universidades públicas. Mostram um histórico das universidades até os dias atuais. Consideram, quando se fala em definição de instituições universitárias, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade do Distrito Federal (UDF) e a Universidade de Brasília (UnB) as que possuem maior destaque.

Bianchetti e Sguissardi (2017) criaram o termo commoditycidade em referência à transformação que a educação vem sofrendo, tornando-se uma mercadoria (uma commodity), devido, principalmente, ao crescimento das IES privadas.

As universidades perderam sua essência, na medida em que estão sendo geridas cada vez mais como organizações e não como instituições educativas (BIANCHETTI; SGUISSARDI, 2017). Temos percebido uma enorme expansão de matrículas em instituições privadas nos últimos anos, consequentemente, um forte crescimento de alunos como clientes, que, por sua vez, sustentam a educação como mercadoria.

Com a situação política que estamos atravessando atualmente, muitos estudantes estão buscando, ou sendo induzidos a buscar, somente a necessária especialidade para o ingresso no mercado de trabalho, em um crescente “mercado da educação”, infelizmente. O aprendizado contínuo, a busca pelo conhecimento gerador de novos conhecimentos, tem ficado esquecido, essa filosofia de vida parece não mais ser interessante, pelo menos não para o governo atual.

Em Santa Catarina, Bianchetti e Sguissardi (2017), destacaram o sistema ACAFE, um conjunto de instituições criadas por meio de lei municipal, definidas como públicas de direito privado. Este sistema perdeu espaço para as organizações privadas-mercantis, as instituições-empresas que se expandiram a partir de subsídios do governo.

De acordo com Bianchetti e Sguissardi (2017), o governo atua em favor do capital, em detrimento de sua função pública, preocupando-se em garantir o retorno financeiro de investidores. A formação dos alunos-clientes, de baixa qualidade, pode ser manipulada de forma a atender os interesses de investidores, perpetuando, assim, esse sistema.

Esse crescimento do aluno como cliente, da educação como mercadoria, limita e muito os benefícios da educação como um todo. A aprendizagem mercantilizada não permite um pensamento crítico, não permite a criação de novos conhecimentos e pesquisas, não permite uma reflexão maior daquilo que está sendo transmitido, pior, não permite a reflexão, isto é, a mercantilização da educação não permite a perpetuação do conhecimento.

Relacionado ao tema de pesquisa sobre gestão de matrículas, podemos entender uma aproximação com a política e com a sociedade, no sentido de ser adequado, de ser justo quanto aos critérios de escolha do sistema de matrículas on-line do CAGR (UFSC, 2019b),

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que tem como base a Resolução normativa nº 017/Cun/97 (UFSC, 1997), em seu Artigo 42, que trata das prioridades, e em seu Artigo 43, que trata do índice de matrícula.

Falando em política, podemos nos remeter a autores que abordam o assunto, como Heidemann (2014), que vem falar sobre a política pública, o progresso, o desenvolvimento, contextualizando o surgimento e a evolução da política.

Heidemann (2014) apresenta historicamente o surgimento do progresso, que mais tarde se transforma em desenvolvimento, que posteriormente se torna política pública. Nesta contextualização, o progresso assumiu um caráter de necessidade, era uma responsabilidade da economia de mercado e precisou ser regulamentado pelo Estado.

Segundo Heidemann (2014), com a crise entre guerras, Estado e Mercado passaram a promover em conjunto o desenvolvimento. Os países passaram a ser classificados por índices de desenvolvimento. Desenvolvimento passou a ser algo desejável, tendo uma conotação de Estado positivo.

Na continuidade desse desenvolvimento, Heidemann (2014) fala sobre política, sustentando que entre os estudiosos, há algumas definições de políticas: política engloba aquilo que trata da vida coletiva dos indivíduos; política trabalha o conjunto de processos e métodos usados para o alcance do poder; política é a arte de governar; política como ações fundamentadas em leis; política como estudo associado à regulação, regulamentação e controle.

Para Heidemann (2014), tivemos dois conjuntos de definições de políticas públicas: as que percebiam o campo de estudos parcialmente e com reduzido alcance e as que tinham um objetivo mais abrangente, definitivo.

Heidemann (2014) fala também sobre governança, dizendo ser um desdobramento da noção de governo, fazendo parte da administração pública, estando relacionada também ao patrimonialismo, nas políticas públicas brasileiras. Surge uma coprodução de serviços públicos entre governo e entidades não-governamentais, o que podemos também entender como governança pública.

Quanto ao processo de policy-making, Heidemann (2014), considera cinco estágios, a saber: (1) montagem da agenda política, processo que leva os problemas ao governo; (2) formulação da política pública, maneira pela qual as propostas de solução são montadas; (3) tomada de decisão política, modo como o governo decide a ação ou, até mesmo, a inação; (4) implementação da política, isto é, a forma efetiva de ação política após a decisão da mesma; e (5) avaliação da política, o acompanhamento dos resultados das políticas públicas.

Os participantes no processo de policy-making, de acordo com a visão descrita, são: na montagem da agenda, todos os atores políticos, o universo da política pública; na formulação, um subsistema do universo da política pública; na tomada de decisão, membros do subsistema do universo da política pública; na implementação, novamente o subsistema do universo da política pública; e na avaliação, novamente todo o universo da política pública.

O desenvolvimento deu novo aspecto à expressão de progresso, o conceito de desenvolvimento se concretiza agora por meio das políticas públicas, que são decididas por todos os atores sociais, coordenados pelo Estado, responsável maior (HEIDEMANN, 2014).

Outro questionamento relacionado ao tema de pesquisa, processo de gestão de matrículas dos cursos de graduação na UFSC, é quanto às reprovações por frequência insuficiente (FI), se deveriam ou não sofrer punição, e, se sim, qual tipo de punição? A perda do direito à matrícula no semestre seguinte na(s) disciplina(s) envolvida(s)? A cobrança de uma taxa, uma multa em valor monetário por disciplina com reprovação por FI? A sociedade ficaria satisfeita com alguma dessas soluções, ou com outra, ou com nenhuma?

Se pensarmos no mundo capitalista parasitário que Baumann (2010) nos traz, com uma sociedade voltada ao consumismo, ao lucro, ao dinheiro em si, certamente a punição pela

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cobrança de uma taxa ou multa seria a mais adequada, pois esta sociedade retratada pelo autor dá enorme atenção a tudo aquilo que envolve o capital.

Bauman (2010) discorre sobre o capitalismo parasitário, abordando propriedades da sociedade capitalista e temas como modernidade líquida, economia líquida, cultura líquida, sociedade líquida.

De acordo com Bauman (2010), por meio da exploração dos consumidores, criou-se a indústria do crédito como fonte de lucro, fazendo aqueles indivíduos ficarem endividados, como devedores de longo prazo. A facilidade ao crédito contribuía para que a dívida assumida se transformasse em uma fonte permanente de lucro.

O capitalismo é um sistema parasitário, e como parasita, prospera durante um período, desde que encontre uma estrutura nova, ainda não explorada, que lhe forneça sustento. Porém, não é possível que isso aconteça sem causar prejuízo ao hospedeiro, que, mais cedo ou mais tarde, acabará destruído e não mais oferecerá condições para a permanência do parasita (BAUMAN, 2010).

Segundo Bauman (2010), a cultura se torna um armazém com mercadorias destinadas ao consumo, as quais lutam entre si pela conquista da atenção dos consumidores. A cultura não possui indivíduos a cultivar, mas sim clientes a seduzir.

Bauman (2010) sustenta que o consumismo não acumula objetos, prefere o gozo descartável. O mesmo acontece com o conhecimento, onde a atração está em um aprendizado descartável, em que o conhecimento está pronto para ser utilizado e depois jogado fora.

Bauman (2010) ainda fala sobre a sociedade do medo, colocando aspectos como a humilhação, onde o indivíduo sente-se negado, não reconhecido pela sociedade; sobre o corpo em contradição, citando a busca pelo prazer em conflito com o próprio corpo; e finalmente, sobre ser “um homem com esperanças”.

No próximo capítulo, conheceremos a metodologia adotada no desenvolvimento deste artigo, de que forma os dados foram coletados e analisados para o estudo.

3. METODOLOGIA

Por meio da realização desta pesquisa, objetivou-se adquirir conhecimento científico e encontrar possíveis melhorias dentro do processo de gestão de matrículas dos cursos de graduação da UFSC, otimizando soluções para o aprimoramento, buscando o melhor benefício para o processo e para a instituição em questão. Na intenção de encontrar respostas para o problema de pesquisa, fez-se necessário especificar de que maneiras esta pesquisa foi realizada:

Este estudo foi de natureza aplicada. Os pesquisadores em administração aplicada tomam como base o histórico da organização e ajudam-na no desenvolvimento de determinadas expectativas em uma circunstância (HAIR JR et al., 2005). A aplicabilidade deste estudo se deu por meio da contribuição, na prática, de novos conhecimentos adquiridos na pesquisa, colaborando para a diminuição de gargalos, aplicando-se às ferramentas e aos procedimentos práticos referentes ao processo de matrículas e ao trabalho de realização de matrículas junto aos cursos de graduação da UFSC e de outras IES brasileiras.

A pesquisa teve o método de raciocínio dedutivo, que, conforme Cervo e Bervian (1996), constrói estruturas lógicas, pelo envolvimento entre antecedente e consequente, hipótese e tese, premissas e conclusão.

Possuiu abordagem qualitativa, que analisa e interpreta aspectos mais profundos, descrevendo o comportamento humano com maior riqueza de detalhes quanto à investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento, entre outros (MARCONI; LAKATOS, 2009).

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Foi classificada quanto aos fins como descritiva, que, de acordo com Hair Jr et al. (2005), mede características descritas na questão de pesquisa, utilizando as hipóteses para guiar o processo e listar o que necessita ser mensurado.

Quanto aos meios, o estudo foi classificado como pesquisa documental e participante, que permite identificar-se na prática com a comunidade, contribuindo por meio da construção da contra ideologia, colocando ciência a serviço da emancipação social (DEMO, 1995).

Considerando, segundo Hair Jr et al. (2005), que uma população ou universo é a soma dos elementos que compartilham um grupo de características em comum que os une, tivemos como universo da pesquisa as coordenadorias dos cursos de graduação na UFSC, como amostra os discentes, servidores técnico-administrativos e docentes, e como sujeitos da pesquisa, representantes discentes, coordenadores e secretários de coordenadorias de cursos de graduação da UFSC.

Os dados primários foram coletados por meio da observação, que Angrosino (2009, p. 74) definiu como “o ato de perceber um fenômeno, muitas vezes com instrumentos, e registrá-lo com propósitos científicos”. Os dados secundários foram coletados por meio de relatórios e outros documentos gerados por meio do CAGR (UFSC, 2019b), sendo este o sistema de gerenciamento dos cursos de graduação da UFSC.

Para a análise dos dados foram utilizadas a análise interpretativa e a análise de conteúdo, recomendada por Triviños (1987) para a descoberta das ideologias que pode haver nos dispositivos legais, princípios, diretrizes e outros, que, em um primeiro momento, não se mostram com clareza suficiente. Para Bardin (1994), a análise de conteúdo é uma reunião de técnicas de análise das comunicações, não um instrumento, mas um leque de utensílios, ou, com rigidez maior, será um instrumento único frisado por uma discrepância considerável de formas e flexível ao campo das comunicações.

4. RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi fundada em 18 de dezembro de 1960, com o objetivo de promover ensino, pesquisa e extensão de maneira pública e gratuita. Sua comunidade é constituída por servidores docentes, servidores técnico-administrativos em educação e estudantes de graduação, pós-graduação, ensino médio, fundamental e básico. Possui sede em Florianópolis/SC, além de outros campi em mais quatro municípios de Santa Catarina: Araranguá, Curitibanos, Joinville e Blumenau (UFSC, 2019a).

Com altos níveis de qualificação, a UFSC possui estudantes matriculados em 108 cursos de graduação presenciais e 14 cursos de educação a distância. Disponibiliza mais de 7 mil vagas para cursos de pós-graduação, sendo 63 cursos de mestrado acadêmico, 15 cursos de mestrado profissional e 55 cursos de doutorado. Nos 12 cursos de especialização possui aproximadamente de 3 mil alunos. O campus de Florianópolis possui ainda o Colégio de Aplicação (CA), que oferece ensinos fundamental e médio, e o Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), que oferece ensino básico (UFSC, 2019a).

4.2 A ESTRUTURA E O FUNCIONAMENTO DO PROCESSO DE MATRÍCULAS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA UFSC

Como foi discutido na fundamentação teórica e na análise documental e observação, há duas categorias para o processo de matrículas dos cursos de graduação da UFSC: os alunos ingressantes (calouros) e os que já estão cursando (veteranos).

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Para os alunos ingressantes (calouros) o processo de matrícula é realizado após aprovação no Concurso Vestibular ou Sistema de Seleção Unificada - SISU e posterior chamada para a ocupação da vaga. O processo de matrícula é realizado em duas etapas, line e presencial, em períodos específicos: primeiro o aluno deve confirmar sua matrícula on-line para depois, presencialmente, confirmar sua matrícula no curso aprovado da UFSC.

Para os alunos em curso (veteranos), é necessário renovar a matrícula semestralmente, o processo de matrícula ocorre em três etapas, em períodos específicos: a primeira etapa on-line, a segunda etapa, para ajustes, também on-on-line, e uma terceira etapa, para justes excepcionais de matrícula, é realizada diretamente nas coordenadorias dos cursos de graduação da UFSC.

Todos os procedimentos relacionados aos processos de matrícula são realizados por meio do Sistema de Controle Acadêmico da Graduação - CAGR (UFSC, 2019b) e possuem como regimento a Resolução normativa nº 017/Cun/97 (UFSC, 1997).

4.3 O PROCESSO DE MATRÍCULAS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO: NECESSIDADES INSTITUCIONAIS E NECESSIDADES DOS ESTUDANTES DA UFSC

O estudo proposto investigou as necessidades dos discentes, dos cursos de graduação, dos departamentos de ensino, das turmas e disciplinas, dos servidores técnico-administrativos e docentes da UFSC, em relação ao processo de matrículas, detectou satisfações, insatisfações, sucessos, falhas, entre outros gargalos relativos à gestão do processo de matrículas dos cursos de graduação da UFSC.

A gestão do processo de matrículas dos cursos de graduação atende às necessidades da instituição e dos estudantes, porém, não satisfaz completamente as demandas atuais de um mundo conectado, globalizado.

4.4 AÇÕES PARA O APRIMORAMENTO DA GESTÃO DE MATRÍCULAS DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO NA UFSC

Por meio do estudo sugeriu-se ações para o aprimoramento da gestão de matrículas dos cursos de graduação na UFSC, buscou-se um melhor aproveitamento do processo, maximizando a utilização de ideias inovadoras.

Como ações, foi proposto estudar-se uma atualização da Resolução normativa nº 017/Cun/97 (UFSC, 1997), que regulamenta os cursos de graduação da UFSC, bem como atualizações sistemáticas no CAGR (UFSC, 2019b), sistema de gerenciamento dos cursos de graduação da UFSC.

5. CONCLUSÃO

Processos de matrículas universitárias são especialmente complexos, a gestão destes processos precisa ser algo tratado com seriedade e dedicação, afim de contribuir para a eficiência e a eficácia da realização dos procedimentos relativos ao funcionamento das matrículas.

Conforme visto no capítulo anterior, há duas categorias para o processo de matrículas dos cursos de graduação da UFSC: os alunos ingressantes (calouros) e os alunos em curso (veteranos). O estudo investigou as necessidades da comunidade universitária verificando satisfações, insatisfações, sucessos e falhas, constatando que o processo de matrículas não atende por completo as necessidades institucionais e dos estudantes, fazendo-se necessários

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alguns aprimoramentos. Para tal foi proposto estudar-se uma atualização na Resolução nº 017/Cun/97 (UFSC, 1997) e no CAGR (UFSC, 2019b).

Este estudo poderá ser aplicado utilizando-se os resultados no processo de gestão de matrículas dos cursos de graduação da UFSC e também em outros processos de gestão de matrículas da UFSC e, ainda, em processos de gestão de matrículas de outras IES brasileiras, aproveitando os benefícios da pesquisa realizada, que poderá contribuir por meio de ações recomendadas para o aprimoramento do processo na prática. A pesquisa também poderá ser utilizada como objeto de novos estudos relativos ao tema, pela comunidade acadêmica da UFSC e de outras IES brasileiras.

Espera-se, com este trabalho, contribuir no processo de gestão de matrículas dos cursos de graduação da UFSC, por meio da aplicação de novas práticas, visando o contínuo aprimoramento das ferramentas e procedimentos utilizados no trabalho de realização de matrículas junto aos discentes, coordenadores e servidores técnico-administrativos.

Para trabalhos futuros, sugere-se um aprofundamento no estudo da gestão de matrículas universitárias, não só referentes aos cursos de graduação, mas também em cursos de pós-graduação, investigando a gestão de todos os tipos de processos de matrículas em detalhes.

REFERÊNCIAS

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Referências

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