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Distribuição geográfica e análise cariotípica de citótipos de Psidium cattleianum Sabine (Myrtaceae) = Geographic distribution and karyotype analysis in cytotypes of Psidium cattleianum Sabine (Myrtaceae)

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE BIOLOGIA

RAQUEL MOURA MACHADO

GEOGRAPHIC DISTRIBUTION AND KARYOTYPE ANALYSIS IN CYTOTYPES OF Psidium cattleianum SABINE (MYRTACEAE)

CAMPINAS 2016

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ANÁLISE CARIOTÍPICA DE CITÓTIPOS DE Psidium cattleianum SABINE (MYRTACEAE)

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ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA RAQUEL MOURA MACHADO E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. ELIANA REGINA FORNI MARTINS.

RAQUEL MOURA MACHADO

Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Biologia

Vegetal

Orientadora: Profa. Dra. Eliana Regina Forni Martins

CAMPINAS 2016

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E ANÁLISE CARIOTÍPICA DE CITÓTIPOS DE Psidium cattleianum SABINE (MYRTACEAE)

GEOGRAPHIC DISTRIBUTION AND KARYOTYPE ANALYSIS IN CYTOTYPES OF Psidium cattleianum SABINE (MYRTACEAE)

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Campinas, 27 de julho de 2016

COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. Dra. Eliana Regina Forni Martins (orientadora) Profa. Dra. Ingrid Koch

Prof. Dr. Itayguara Ribeiro da Costa Prof. Dr. André Olmos Simões (suplente) Prof. Dr. Ricardo Augusto Lombello (suplente)

Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa, que se encontra no processo de vida acadêmica do aluno.

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AGRADECIMENTOS

Tenho consciência que um trabalho de mestrado não é algo feito apenas pelo mestrando. Quando olho para a caminhada que eu realizei para chegar até esse momento, percebo a quantidade de contribuições que foram feitas por outras pessoas ao meu trabalho, em diferentes áreas, em maior e menor escala. Enfim chegou a hora de agradecer.

Gostaria de agradecer a Unicamp e ao Programa de Pós Graduação em Biologia vegetal pela oportunidade de cursar uma pós graduação em uma das melhores universidades do Brasil. Ao CNPq e a Capes pela bolsa concedida, assim eu consegui me dedicar inteiramente ao desenvolvimento da minha pesquisa e também ao FAEPEX pelo auxílio que me ajudou a percorrer vários estados do país e achar as plantinhas. Um obrigada geral aos parques que eu visitei e as pessoas que eu conheci durante os trabalhos de campo.

Agradeço a minha orientadora Profa. Dra. Eliana, pela paciência e confiança sempre presente em nossas conversas, agradeço por ter cedido o espaço do laboratório, onde eu coloquei em prática meu projeto de pesquisa que resultou nessa dissertação.

Um grande obrigada para minha banca de qualificação e pré-banca, Ana Paula, Anete, Ingrid, Itayguara e Samantha, por me dar ideias de como seguir com meu trabalho, agora e futuramente. Obrigada também aos professores e colegas de departamento, onde as conversas informais me levaram a amadurecer ideias, esclarecer dúvidas e pensar multidisciplinarmente. Aos amigos que fiz na pós-graduação, vocês foram maravilhosos tanto nos momentos bons e também nos momentos ruins, onde quer que eu vá eu lembrarei de cada um com carinho e admiração. Um agradecimento especial para os amigos do laboratório, sem vocês eu não conseguiria ter realizado minha pesquisa, obrigada por participar da minha vida dentro e fora do laboratório.

Ao meu companheiro André Vito, obrigada por entrar comigo na “caçada” aos araçás e rodar muitos quilômetros de estrada sem nunca perder o entusiasmo e a determinação, obrigada também por topar construir um universo só nosso.

Agradeço aos amigos que fiz na RepRegina, obrigada por me mostrar que um conjunto aleatório de pessoas pode se tornar uma família de verdade. Aos “friends” Amanda, João e Nat por serem amigos verdadeiros e para todas as horas.

Por último e não menos importante, agradeço a minha família por torcer sempre pelo meu sucesso, em especial ao meu padrasto Junior, por sempre me apoiar em todas as minhas decisões, e minha mãe por lutar comigo para que meus sonhos se tornem realidade e por ser uma mãe maravilhosa para mim e o Levi.

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RESUMO

Psidium cattleianum é uma planta frutífera nativa do Brasil e Uruguai, com ampla distribuição, desde o Rio Grande do Sul até a Bahia na Floresta Atlântica. Possui dois morfotipos, um produtor de frutos amarelos e outro de frutos vermelhos. Na espécie já foram relatados números cromossômicos variando de 2n= 44, 55, 66, 77 a 88. Esse estudo foi dividido em dois capítulos com os objetivos de: determinar os números cromossômicos de P. cattleianum ao longo do gradiente latitudinal e altitudinal na Floresta Atlântica e sugerir os fatores relacionados à distribuição dos citótipos da espécie (Capítulo 1) e examinar a possível variação cariotípica entre os citótipos mediante técnicas que permitem a diferenciação linear dos cromossomos (Capítulo 2). Para as análises citogeográficas, os números cromossômicos foram plotados em um mapa no programa DIVA-GIS. Uma análise de componentes principais (PCA) foi realizada para auxiliar no reconhecimento dos padrões de distribuição geográfica e ambiental das populações estudadas e a relação com os números cromossômicos, seguido do teste de correlação de Pearson (r) para algumas variáveis. Nas análises cromossômicas, foram aplicadas técnicas de bandamento CMA/DAPI (em oito citótipos) e de hibridização de DNA in situ (FISH, em cinco citótipos), utilizando os genes de DNAr como marcadores. Em 17 populações analisadas, foram encontrados citótipos com nove níveis de ploidia: 2n=3x=33, 2n=4x=44, 2n=5x=55, 2n=6x=66, 2n=7x=77, 2n=8x=88, 2n=9x=99, 2n=10x =110 e 2n=12x=132. Quatro novos citótipos foram relatados (2n= 33, 99, 110 e 132). O citótipo mais frequente foi 2n=66. Doze populações foram constituídas por um único citótipo, porém outras cinco apresentaram de dois a cinco citótipos. Os morfotipos amarelo e vermelho não puderam ser distinguidos pelo nível de ploidia. O morfotipo vermelho tende a se distribuir em regiões de maior altitude. Também foi observada tendência dos níveis de ploidia mais altos se distribuírem em regiões onde as condições ambientais eram mais adversas (maior incidência de radiação solar, temperaturas mais altas e menor precipitação). Psidium cattleianum mostrou distribuição geográfica e tolerância ambiental amplas, que podem ter sido favorecidas pela variabilidade genética e “robustez” relacionada aos vários citótipos poliploides existentes. A aplicação do bandamento CMA/DAPI e da FISH evidenciou padrões entre os citótipos: 1) as bandas CMA+/DAPI- e todos os sítios de DNAr são proximais, 2) o número de bandas CMA+/DAPI- e de sítios de DNAr aumenta linearmente de acordo com o aumento do nível de ploidia (x), 3) os sítios de DNAr 18S e 5S localizam-se em cromossomos distintos, 4) as bandas CMA+/DAPI -colocalizam-se com os sítios de DNAr 18S. O citótipo 2n=12x=132 diferiu em relação ao sítio de DNAr 5S: apenas 10 pares, além de um par cromossômico portando os dois sítios de DNAr,

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sugerindo a ocorrência de alterações cromossômicas estruturais. O padrão de sítios DNAr 18S e 5S sugeriu uma repetição de um genoma de x=11 e uma possível origem autopoliploide da espécie. A origem da poliploidia em P. cattleianum, além de outras espécies de Psidium, pode ser melhor esclarecida ampliando o número de marcadores cromossômicos, na técnica de FISH, além do DNAr.

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ABSTRACT

Psidium cattleianum is a fruit plant native to Brazil and Uruguay with a broad distribution, from Bahia to Rio Grande do Sul in the Atlantic Forest. It has two distinct morphotypes, one producing yellow fruits and other red fruits. Chromosome numbers of 2n= 44, 55, 66, 77 and 88 have been previously reported. This study was divided into two chapters with the objectives of: determine the chromosome numbers of P. cattleianum along the latitudinal and altitudinal gradient in the Atlantic Forest and suggest factors related to the distribution of cytotypes of species (Chapter 1) and examine the possible karyotype variation between cytotypes with techniques that allow linear differentiation of chromosomes (Chapter 2). For cytogeographic analysis, chromosome numbers were plotted on a map in DIVA-GIS program. A principal component analysis (PCA) was performed to aid in the recognition of geographical and environmental distribution patterns of the populations studied and the relationship with chromosome numbers, followed by Pearson correlation test (r) for some variables. In chromosome analysis, were applied CMA / DAPI banding (eight cytotypes) and DNA in situ hybridization (FISH, five cytotypes) using rDNA genes as markers. In 17 populations analyzed, cytotypes were found with nine levels of ploidy: 2n=3x=33, 2n=4x=44, 2n=5x=55, 2n=6x=66, 2n=7x=77, 2n=8x=88, 2n=9x=99, 2n=10x =110 and 2n=12x=132. Four new cytotypes been reported (2n = 33, 99, 110 and 132). The most common cytotype was 2n = 66. Twelve populations were constituted by a single cytotype, but other five had two to five cytotypes. The yellow and red morphotypes could not be distinguished by the level of ploidy. Red morphotype tends to distribute in higher altitudes. It was also observed trend of higher ploidy levels are distributed in areas where adverse environmental conditions were more (higher incidence of sunlight, higher temperatures and less precipitation). Psidium cattleianum showed a large geographical distribution and a broad environmental tolerance, which may have been favored by the genetic variability and "robustness" related to various existing cytotypes polyploid. The application of CMA / DAPI banding and FISH showed patterns among cytotypes: 1) the CMA+/DAPI- bands and all rDNA sites are proximal, 2) the number of CMA+/DAPI- bands and rDNA sites increases linearly according to the increase in the ploidy level (x), 3) 18S and 5S rDNA sites are located on different chromosomes, 4) the bands CMA+/DAPI- co-located up with the 18S rDNA sites. The cytotype 2n=12x =132 differed in relation to the 5S rDNA site: only 10 pairs, one chromosome pair carrying the two sites of rDNA, suggesting the occurrence of structural chromosomal alterations. The patterns of 18S and 5S rDNA sites suggested a repeat of a genome of x = 11 and a possible origin of species by autopolyploidy. The origin of

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polyploidy in P. cattleianum and other species of Psidium can be clarified expanding the number of chromosomal markers in the FISH technique, in addition to the rDNA.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ... 12

A família Myrtaceae Juss. e o gênero Psidium L. ... 12

A espécie Psidium cattleianum Sabine ... 15

Estudos cromossômicos como ferramenta biossitemática ... 19

Estudos cromossômicos em Myrtaceae e no gênero Psidium. ... 20

Citogeografia ... 22

REFERÊNCIAS ... 27

CITOGEOGRAFIA DE Psidium cattleianum SABINE (MYRTACEAE) ... 34

Introdução ... 36

Materiais e métodos ... 38

Coleta de material: ... 38

Preparação das lâminas: ... 41

Observação das lâminas e registro dos resultados: ... 41

Mapa de distribuição dos níveis de ploidia: ... 41

Coleta das variáveis ambientais: ... 41

Análise dos dados: ... 42

Resultados ... 43

Números cromossômicos: ... 46

Mapa de distribuição dos níveis de ploidia: ... 46

Fatores Ambientais e análises estatísticas: ... 49

Discussão ... 51

Números cromossômicos- ... 51

Análise de distribuição espacial de citótipos- ... 52

Fatores ambientais x distribuição de P. cattleianum- ... 54

Referências ... 58

CARACTERIZAÇÃO DE HETEROCROMATINA E MAPEAMENTO FÍSICO DE GENES RIBOSSOMAIS EM CITÓTIPOS DE Psidium cattleianum SABINE (MYRTACEAE) ... 64

Introdução ... 65

Materiais e Métodos ... 67

Material botânico estudado: ... 67

Preparação das lâminas: ... 69

Bandamento com fluorocromos CMA3/ DAPI: ... 70

Observação das lâminas e registro dos resultados: ... 70

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Resultados ... 72

Bandamento CMA/DAPI- ... 72

Hibridização in situ fluorescente (FISH) para o DNAr 18S e 5S- ... 72

Discussão ... 81

Padrões de bandamento CMA/DAPI e FISH (DNAr 18S e 5S)- ... 81

Referências ... 84

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 87

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INTRODUÇÃO GERAL

A família Myrtaceae Juss. e o gênero Psidium L.

Inserida na ordem Myrtales (sensu APG IV, 2016), a família Myrtaceae possui mais de 5800 espécies (Lucas & Bünger 2015, Govaerts et al. 2016), distribuídas em 130 gêneros (Govaerts et al. 2016), sendo considerada uma das famílias mais importantes em riqueza de espécies nos neotrópicos. Um relato muito detalhado da classificação infrafamiliar histórica em Myrtaceae pode ser encontrada em Schmid (1980). Recentemente, os estudos filogenéticos se voltaram às relações infrafamiliares (Lucas et al. 2005; Wilson et al. 2001, 2005) e essas tradicionais divisões de Myrtaceae vêm sofrendo alterações. Em 2005, uma nova classificação foi proposta por Wilson et al., com base em marcadores moleculares, que reconheceu duas subfamílias: Myrtoideae e Psiloxyloideae, e 17 tribos.

Todas as Myrtaceae neotropicais (menos o gênero monotípico Tepualia Griseb.) pertencem à subfamília Myrtoideae e tribo Myrteae (Lucas & Bünger 2015). Myrteae abrange 52 gêneros e cerca de 2500 espécies (Lucas & Bünger 2015). De acordo com Lucas et al. (2007), os gêneros de Myrteae podem ser divididos em sete grupos informais: Grupo Plinia, Myrcia, Myrceugenia, Myrteola, Pimenta, Eugenia e Australasian (Figura 1).

Várias espécies da família apresentam um grande valor econômico, como o eucalipto (Eucalyptus ssp.), utilizado na produção de madeira para móveis, papel e carvão, e a goiaba (Psidium guajava), uma fruta bastante apreciada, que é consumida em natura ou industrializada (Frazon et al. 2009). Outras espécies também são usadas como plantas medicinais (Melaleuca ssp.), na alimentação em natura (Plinia cauliflora, Psidium ssp.), na produção de condimentos (Syzygium aromaticum) e na horticultura devido ao potencial ornamental (Callistemon ssp.) (Landrum & Kawasaki 1997).

A taxonomia da família, entretanto, é bastante complexa e suas espécies são de difícil classificação e delimitação, o que torna frequente a citação de elevado número de taxa indeterminados nos levantamentos florísticos e fitossociológicos (Mc Vaugh 1968; Kawasaki 1989). Conforme destacado por Barroso (1994), existe uma dificuldade taxonômica inerente à família, principalmente devido à ampla distribuição geográfica das espécies que a compõem.

Lucas & Bünger (2015) relatam que há cerca de 10 anos a desordem taxonômica em Myrteae era muito grande, tanto em nível genérico quanto em nível específico, porém diversos trabalhos de filogenia, baseada em marcadores moleculares (Mazine 2006; Mazine et al. 2014;

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Lucas et al. 2011) e extensos checklists (Sobral et al. 2016; Govaerts et al. 2016) vêm mudando esse panorama.

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No Brasil, a família possui cerca de 1000 espécies distribuídas em 23 gêneros, sendo os mais diversificados Eugenia L., Myrcia DC., Psidium L. e Campomanesia Ruiz & Pav. (Sobral et al. 2016). É uma das famílias mais ricas na Floresta Atlântica (Lucas & Bünger 2015), sendo indicada como a mais importante, em riqueza de espécies, entre as plantas lenhosas (Oliveira-Filho & Fontes 2000).

Os representantes brasileiros da família são lenhosos, de hábito arbustivo a arbóreo, cujo caule pode ou não se esfoliar, apresentando numerosos canais oleíferos nas folhas, flores, frutos e sementes; as folhas são simples e, frequentemente, opostas, com nervura marginal. Suas flores, em geral, são brancas ou, às vezes, vermelhas, efêmeras, hermafroditas, de simetria radial, em geral pentâmeras, muitas vezes com o receptáculo bem desenvolvido, polistêmones, com anteras de deiscência rimosa, raro poricida e ovário sempre ínfero, com variado número de lóculos e óvulos. Os frutos são do tipo baga (Barroso 1991).

O gênero Psidium apresenta aproximadamente 100 espécies (Govaerts et al. 2016) e sua distribuição nativa é Neotropical, ocorrendo do sul do México até a Argentina, incluindo as Ilhas do Caribe e dois arquipélagos no Pacífico (Frazon et al. 2009). Algumas espécies do gênero ocorrem em outros lugares do mundo, resultado de sucesso adaptativo (Soares-Silva & Proença 2008), tornando-se até sérias invasoras, como a espécie Psidium cattleianum Sabine (Wilker 1999).

Filogeneticamente, o gênero Psidium encontra-se dentro do grupo Pimenta, que abrange gêneros como Acca, Amomyrtus, Campomanesia, Legrandia e Pimenta (Lucas et al. 2007, Figura 1). Diferencia-se dos outros gêneros em Myrtaceae principalmente por sementes de tegumento ósseo e embrião com pequenos cotilédones e um alongado hipocótilo (Landrum & Kavasaki 1997).

Em território brasileiro, ocorrem cerca de 60 espécies de Psidium (Sobral et al. 2016), é um dos gêneros mais diversificados e com maior amplitude ecológica e geográfica em Myrtaceae, com espécies distribuídas desde o Amazonas até Rio Grande do Sul (Landrum 2003). As espécies ocorrem em diferentes tipos de vegetação (Castro et al. 1999; Landrum 1986, 2003, 2005; Oliveira-Filho & Fontes 2000, Costa 2009), encontrando-se sujeitas às mais variadas pressões ambientais, o que ocasiona uma grande plasticidade fenotípica (Costa 2009), parte dos problemas de identificação e delimitação específica são reflexo da sua ampla distribuição geográfica.

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A espécie Psidium cattleianum Sabine

Dentre as espécies do gênero, Psidium cattleianum Sabine (Figura 2 A) é conhecido popularmente como araçazeiro. O nome da espécie foi dado por Sabine (1821) e é uma homenagem ao horticultor inglês William Cattley, que foi a primeira pessoa a obter sucesso no cultivo da espécie. Existe uma grande polêmica em relação ao nome da espécie, pois na mesma época Raddi (Figura 2 B) publicou a mesma espécie com o nome de Psidium littorale, indicando a cor amarela para o fruto e a área de ocorrência no litoral do Brasil. Vários autores deram prioridade para esse nome, porém Schroeder (1946) contestou essa afirmação, alegando que a publicação de Raddi só saiu em 1823, o que significa que o nome dado por Sabine é o mais antigo e prioritário para a espécie.

Figura 2- Em (A)- Tipo associado ao nome Psidium cattleianum Sabine e em (B)- tipo associado ao nome Psidium littorale Raddi.

São encontradas duas formas de grafia na literatura, Psidium cattleianum e P. cattleyanum, sendo esta uma tentativa de preservar a grafia original do nome Cattley. Sobral & Sousa (2007) argumentam que quando mudanças na grafia são latinizações intencionais, adotadas por autores que usam nomes pessoais, geográficos ou vernáculos, esses nomes devem ser preservados (segundo o artigo 60.7 do Código Internacional de Nomenclatura Botânica).

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Assim é possível que Sabine tenha decidido pela latinização implícita do nome “Cattley” para “Cattleius”, e, dessa forma, P. cattleianum é a grafia que deve ser considerada correta para a espécie.

A espécie é caracterizada pelo porte arbustivo a arbóreo, de 1 a 10 m (Sanchotene 1985), com córtex liso, amarelado ou castanho avermelhado, com manchas claras (Figura 3).

Figura 3- Variação no porte de Psidium cattleianum Sabine. Fotos: A.V. Scatigna.

As folhas são glabras, brilhantes, pecioladas, com lâminas obovadas ou elíptico obovadas, discolores sendo a face abaxial mais clara; apresentam 8 a 15 pares de nervuras secundárias fracamente impressas na face ventral da lâmina (Sanchotene 1985), e borda das folhas às vezes revoluta (Sobral & Sousa 2007). As flores são solitárias, axilares ou às vezes abaixo das folhas; os botões florais são piriformes ou obovados; cálice com 4 a 5 lobos,

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soldados quase até o ápice nos botões, abrindo-se irregularmente; as pétalas são brancas (Pio Correa 1984). Os frutos são elíptico-globosos ou obovados (“piriformes”) (Figura 4), com cálice persistente, amarelos ou vermelhos quando maduros (Sobral & Sousa 2007, Figura 5), caracterizando dois morfotipos, denominados araçá-amarelo e araçá-vermelho (Lorenzi 2000).

Figura 04- Forma dos frutos de Psidium cattleianum Sabine em (A) elíptico-globoso e em (B) “piriforme”. Fotos: A.V. Scatigna.

Figura 05- Em (A) flor de Psidium cattleianum Sabine. Em (B) dois morfotipos e em (C) morfotipo amarelo e vermelho e (D) morfotipo vermelho e as variações de coloração até chegar ao fruto maduro, respectivamente. Fotos: R.M. Machado e A.V. Scatigna.

A

B

A

B

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A espécie é distribuída na porção leste do Brasil, desde a Bahia até o Rio Grande do Sul (Wikler 1999) e no Uruguai (Medina 2014). Reitz et al. (1983) afirmam que P. cattleianum é um arbusto característico da "Zona da mata pluvial da encosta atlântica". Também é frequente nos campos brejosos do litoral, sobretudo ao longo do litoral meridional do Estado de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Wikler 1999). É uma planta perenifólia ou semidecídua, heliófita, comum na borda de florestas ou em associações arbustivas, bem como em vegetação semidevastada (Legrand & Klein 1977) e seletiva higrófita (Lorenzi 2000), ocorrendo comumente em solos úmidos ou encharcados (semi-hidromórficos e hidromórficos).

Pelo menos 20 sinônimos são encontrados para a P. cattleianum (Govaerts et al. 2016). A ocorrência de vários sinônimos para a espécie, com categorizações ao nível específico e infraespecífico, pode ser explicada pela sua grande variação morfológica (Sobral & Sousa 2007).

Devido aos seus potenciais ornamental e frutífero foi levado para outras regiões do mundo tropical (Pedrosa-Macedo & Smith 2007). A espécie foi levada, em tempos remotos, para o sul da China (Popenoe 1920) e, por muito tempo, foi considerada nativa do país, sendo conhecida por goiaba chinesa. A partir da China foi levado para a Europa. Também foi plantado na Índia, na região mediterrânea, no México e nos Estados Unidos (Popenoe 1920). Henderson (2007) menciona também P. littorale (=P. cattleianum) como planta invasora das savanas subtropicais e florestas marginais da África do Sul.

Foi introduzida no arquipélago do Havaí, por volta de 1825, em pequenos cultivos e rapidamente se disseminou por todo o território, sendo considerada uma planta daninha invasora em todas as ilhas (Wikler 1999). Smith (1985) considerou que o araçazeiro era a espécie não-nativa de presença mais significativa no Havaí. Essa planta está largamente distribuída nas reservas florestais havaianas e continua invadindo novas áreas (Pedrosa-Macedo & Smith 2007, Barbosa et al. 2016). Também é citada como planta daninha invasora em outras ilhas, de outras regiões, como: Maurício (Wilker 2007), Reunião (Normand 2002) e Madagascar (Wikler 1999).

Apesar do seu “status” de planta invasora em vários países, no Brasil a espécie possui potencial econômico, principalmente na alimentação, pois seus frutos possuem um sabor exótico, alto teor de vitamina C e boa aceitação pelos consumidores (Franzon et al. 2009). Na natureza, os frutos são muito apreciados, quando maduros, pela avifauna (Silva et al. 2011). As plantas de P. cattleianum também são indicadas para recuperação de áreas degradadas, pois produzem frutos rapidamente.

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Estudos cromossômicos como ferramenta biossitemática

Desde o início do século XX, a citogenética vem sendo amplamente utilizada em trabalhos que envolvem caracterização taxonômica, estudos evolutivos e filogenéticos (Stuessy 1990). A utilização de parâmetros e caracteres citogenéticos, que abrangem desde a simples contagem de números cromossômicos até a identificação-localização de sequências específicas, dada pela citogenética molecular, visa auxiliar no entendimento das alterações genéticas envolvidas na evolução de grupos de plantas e na delimitação taxonômica das espécies (Silveira et al. 2006). Acosta et al. (2016) enfatizaram que a análise cariotípica tem sido uma importante ferramenta para ajudar nos estudos de sistemática vegetal e revelar padrões de evolução cromossômica.

Stebbins (1966) já enfatizava as diferenças cariológicas existentes entre plantas de clima tropical e temperado. Isso mostra a necessidade de se conhecer mais sobre a citogenética da flora brasileira, para auxiliar na compreensão dos mecanismos adaptativos a que essas plantas foram submetidas. Acosta et al. (2016) ressaltam que mudanças cariotípicas são consideradas contribuições significativas para a especiação e macroevolução.

Diferentemente dos caracteres morfológicos e bioquímicos, que dependem da expressão de genes, caracteres cromossômicos possuem uma grande vantagem, pois o cariótipo é nada menos que o próprio genoma e o fenótipo mostrado nas metáfases não depende da expressão gênica, condições ambientais, idade, ou fase do desenvolvimento (Guerra 2012). Isso faz com que análises do cariótipo se tornem excelente e insubstituível fonte de informações para taxonomia e estudos evolutivos.

Sem dúvidas, o número cromossômico continua sendo o parâmetro mais utilizado na citotaxonomia vegetal (Guerra 2012). Poggio et al. (2014) citam as outras características que portam informação sobre evolução cromossômica: posição do centrômero, número, tipo e posição de zonas organizadoras do nucléolo, tamanho absoluto e relativo dos cromossomos, quantidade e distribuição da heterocromatina, composição do DNA (por técnicas moleculares) e conteúdo total do DNA (por citometria de fluxo e de imagem).

Para o estudo da hetecromatina, destaca-se o bandamento CMA/DAPI. Os fluorocromos Cromomicina A3 (CMA) e 4’,6- diamidino- 2-fenilindol (DAPI) mostram coloração preferencial por sequências ricas em pares de base CG e AT respectivamente, permitindo a identificação da heterocromatina constitutiva (Guerra 2000). O fato de se detectar a ocorrência e a posição física de diferentes famílias de DNA altamente repetitivo (heterocromatina) permite maior compreensão de como os genomas estão organizados e as relações entre espécies, gêneros

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e famílias. Também permite entender os mecanismos de ajustes que ocorrem nos cariótipos de diferentes organismos durante o processo evolutivo (Soares-Scott et al. 2005).

Já a técnica de hibridização in situ fluorescente permite localizar determinadas sequências de DNA repetitivo, como os sítios de DNAr 45S, 5S e DNA satélite (Guerra 2000, 2008, Roa & Guerra, 2012, Heslop-Harrison & Schwarzacher 2011). Assim, podem ser identificados determinados cromossomos do conjunto, podendo indicar a presença de rearranjos recentes auxiliando no estudo evolutivo, além de comparar espécies ao nível de organização do genoma (Heslop-Harrison 1994).

Estudos cromossômicos em Myrtaceae e no gênero Psidium.

Atchison relatou, em 1947, que a família Myrtaceae recebia pouca atenção citológica, parte por dificuldades técnicas, parte por causa da maioria das espécies estarem distantes dos centros de intenso estudo. Grande parte dos estudos cromossômicos em Myrtaceae está restrita à antiga subfamília Leptospermoideae. Atchison (1947) determinou o número cromossômico de 47 espécies introduzidas e cultivadas na Califórnia (sendo a grande maioria de espécies de Eucalyptus ssp.), enquanto Rye (1979) estendeu os estudos para 150 espécies ocorrentes na região oeste da Austrália. Matsumoto et al. (2000) realizaram estudos em sete espécies de Eucalyptus, introduzidas no Brasil. Os primeiros estudos em Myrtaceae neotropicais foram realizados por Forni-Martins et al. (1995), Andrade & Forni-Martins (1998), Pedrosa et al. (1999) e Forni-Martins & Martins (2000).

Atualmente, diversos estudos cromossômicos têm auxiliado no entendimento dos aspectos evolutivos em Myrtaceae, onde eventos de poliploidia e hibridização são frequentes (Costa & Forni-Martins 2006 b), principalmente nos táxons de frutos carnosos. Destacam-se os trabalhos de Costa (2004), Costa & Forni-Martins (2006 a, b, 2007 a, b) e Costa (2009), que determinaram o número cromossômico para cerca de 50 espécies de Myrtaceae em nove gêneros. Entretanto, alguns gêneros ainda carecem de estudos básicos do ponto de vista cromossômico, principalmente na tribo Myrteae (sensu Wilson et al. 2005), a mais diversificada em números de gêneros. São conhecidos os números cromossômicos de 104 espécies de 25 gêneros que, embora representem apenas 4,1% das espécies, totalizam a metade dos gêneros da tribo (Costa 2009).

Segundo Costa (2009) a ocorrência do número cromossômico 2n = 22 é quase constante na tribo Myrteae, concordando com o número básico para a família, x = 11, proposto por Atchison (1947). Em outro estudo, Costa & Forni-Martins (2006 a, b) ressaltaram a importância

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da poliploidia no processo evolutivo das espécies de Myrtaceae, registrando origem por poliploidia (2n = 33 e 44) em 21% das espécies de Eugenia e 75% das espécies de Psidium por eles analisadas. Das 100 espécies de Psidium, cerca de 10% possuíam o número cromossômico conhecido (Costa 2009). Após a realização de novas contagens para o gênero, essa porcentagem subiu para 19% (Machado 2013).

Costa et al. (2008), estudando a variação do tamanho do genoma em mirtáceas de frutos carnosos, concluíram que, para Psidium, os valores de conteúdo de 2C estavam diretamente relacionados ao número básico de x=11 e aumentavam de acordo com o nível de ploidia. Para os citótipos de P. cattleianum do Uruguai, Medina (2014) também relata que o valor de 2C estaria em relação direta com o nível de ploidia determinado para os citótipos 2n=77 e 2n=88. Isso confirma, portanto, que a quantificação de DNA por citometria de fluxo pode ser usada como ferramenta para detectar indiretamente a poliploidia.

Para a espécie P. cattleianum já foram relatados números cromossômicos variados, como 2n= 44, 55, 66, 77 e 88 (Atchison 1947; Costa & Forni-Martins 2006 b; Costa 2009; Hirano & Nakazone 1969; Medina 2014; Raseira & Raseira 1996; Singhal et al. 1980; Souza et al. 2014). Souza et al. (2014) relataram também citótipos que não são múltiplos do número básico para a família (x=11), como 2n= 46, 48, 58, 82. As contagens de Souza et al. (2014) foram complementadas pela quantificação de DNA.

Hirano & Nakasone (1969), estudando o padrão de aloenzimas de plantas de P. cattleianum do Havaí, estimaram o nível de ploidia para os morfotipos amarelo e vermelho, de 2n=66 e 77. Entretanto, eles não associaram cada nível de ploidia a um dos morfotipos, amarelo ou vermelho.

Raseira & Raseira (1996) determinaram o número cromossômico para quatro populações de P. cattleianum coletadas em diferentes regiões (sudoeste, planalto e litoral) no Rio Grande do Sul e no sul do Paraná, com frutos amarelos ou vermelhos (denominados “roxos”). A população “roxo sudoeste” apresentou 2n=66 na maior parte dos registros, enquanto a “roxo planalto” apresentou 2n=88. Na população “amarelo litoral” a maior quantidade de registros foi 2n=66 e para a “amarelo planalto” todos os registros foram 2n=66. Os autores levantaram a hipótese que apenas a população “roxo planalto” é octaploide e as demais populações seriam hexaploides. Os autores relataram que o alto número cromossômico, a técnica de determinação do número cromossômico, e o tamanho dos cromossomos dificultaram as contagens. Também no Brasil, Costa (2008, 2009) determinou 2n=66 para um indivíduo do morfotipo vermelho no Rio de Janeiro e 2n=44 para um indivíduo cultivado em Campinas (SP) do morfotipo amarelo.

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Medina (2014) relatou dois citótipos de P. cattleianum que ocorrem no Uruguai. As populações selvagens do morfotipo amarelo possuem 2n=77, enquanto os indivíduos cultivados possuem 2n= 88. No mesmo estudo foi relatado 2n= 77 para o morfotipo vermelho, que ocorre no Uruguai, apenas cultivado. Mediante os resultados do bandamento CMA/DAPI, a autora sugeriu que P. cattleianum amarelo, com 2n=88, possui origem autopoliploide, pois o padrão de bandas indica a repetição oito vezes de um genoma x=11.

Entretanto, Costa (2009), a partir de estudos de hibridização in situ (FISH), levantou a hipótese que P. cattleianum tetraploide poderia ter sido originado por hibridização de duas espécies com 2n = 22 e genomas diferenciados. Costa & Forni-Martins (2007 b) discutiram, a partir de comunicação pessoal com L. Landrum, que diversas espécies neotropicais de Psidium podem ter se originado a partir do cruzamento entre P. guajava e P. guineense, ambos com número cromossômico 2n=22.

Estudos prévios de biologia reprodutiva, realizados pela Embrapa de Clima Temperado (Raseira & Raseira 1996) demostraram que a espécie é capaz de formar fruto mesmo quando as flores são emasculadas. Também relataram erros na meiose durante a formação dos grãos de pólen, diminuindo a viabilidade polínica, que sugere a formação de frutos por processo assexuado, o que pode explicar os citótipos ímpares já relatados para a espécie.

Citogeografia

Dentro de um contexto biossistemático, a Citogenética tem subsidiado diversos estudos evolutivos em inúmeros grupos e em diferentes níveis hierárquicos (Raven 1975; Stace 1991), inclusive em Myrtaceae. A alta porcentagem de espécies poliploides encontrada nos estudos cromossômicos em espécies de diversos gêneros da tribo Myrteae indica a importância da poliploidia na evolução desse grupo (Costa 2004; Costa & Forni-Martins 2006 a, b, 2007 a, b; Costa 2009; Machado 2013; Silveira et al. 2016).

A Citogeografia é o ramo da Citogenética que estuda a distribuição de números cromossômicos, mais especificamente de citótipos (raças cromossômicas de uma espécie), comparando o padrão de distribuição com os diversos fatores do local onde eles ocorrem, fornecendo subsídios ao entendimento da história evolutiva de uma determinada espécie ou grupo de espécies (Majure et al. 2012, Mráz et al. 2008). As explicações elaboradas pelos estudos citogeográficos permitem compreender a evolução e o padrão de distribuição das espécies pelas alterações estruturais e numéricas, como a poliploidia.

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Os fatores ambientais podem ser bióticos ou abióticos, eles atuam em pelo menos uma fase do desenvolvimento de um indivíduo, podendo estar associada a ocorrência de uma população em uma determinada região (Begon et al. 2007). Os fatores abióticos podem ser climáticos, e4dáficos, hidrológicos, enquanto que os fatores bióticos dizem respeitos às interferências que as relações entre os organismos causam nos ecossistemas, como a predação, o parasitismo, a competição (Silveira et al. 2016).

Ramsey & Schemske (1998) afirmam que a produção de gametas não-reduzidos (2n) é estimulada por diversos fatores como temperatura, herbivoria, ferimentos, estresse hídrico e de nutrientes e, principalmente, grandes variações de temperatura. A união de gametas 2n pode gerar poliploides, aumentando a variedade de citótipos no ambiente. Diversos estudos mostram que os citótipos apresentam diferentes padrões de distribuição espacial e de adaptações a diferentes condições ambientais (Souza et al. 2012, Mráz et al. 2008).

Olsavská et al. (2013), estudando espécies de Asteraceae do gênero Cyanus, constataram que a distribuição das populações era fortemente influenciada por gradientes altitudinais e por gradientes de temperatura e umidade. Neste trabalho, o táxon com o maior número cromossômico (2n= 42) apresentou distribuição na região dos Alpes (acima de 600-700 m). McIntyre (2012), estudando o "Complexo Claytonia perfoliata" (Portulacaceae) na costa oeste da América do Norte, concluiu que a distribuição dos citótipos de C. parviflora é influenciada pela temperatura atingida no inverno, estando as plantas tetraploides distribuídas em regiões onde o inverno atinge temperaturas negativas.

Kharrat-Souissi et al. (2013) observaram o padrão de distribuição geográfica de

Cenchrus ciliaris (Poaceae) na Tunísia, registrando três citótipos, 2n= 36 (tetraploide), 45

(pentaploide) e 54 (hexaploide). Observaram que os indivíduos tetraploides se distribuíam na parte semiárida ao norte, os pentaploides ao lado da região árida e os hexaploides na parte árida ao sul. O estudo concluiu que os hexaploides estariam mais adaptados às condições áridas ao sul da Tunísia e que a existência de um citótipo pentaploide sugere hibridização entre os tetraploides e hexaploides.

Kobrlová et al. (2016) estudaram o complexo de espécies de Symphytum tuberosum (Boraginaceae), tentando relacionar as variações cariotípicas e citogeográficas com características morfológicas e preferência de habitat. Usando citometria de fluxo, eles estimaram a ploidia de 271 populações na Europa central, encontrando dois citótipos dominantes, tetraploide (2n= 4x= 32) e dodecaploide (2n= 12x= 96). Os autores concluiriam que existe uma consistente diferenciação espacial e de habitat entre os citótipos. Os tetraploides ocorriam em áreas mais quentes e raramente em áreas altas, enquanto o dodecaploide

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frequentemente crescia em áreas mais frias e em altitudes mais elevadas. Adicionalmente eles verificaram, através de análise morfométrica, diferenças morfológicas entre os dois citótipos. Os indivíduos com o 2n= 32 eram menores, com folhas mais estreitas e corolas menores, enquanto os com 2n= 96 eram maiores e com uma variação morfológica bem maior em relação aos tetraploides.

A maioria dos trabalhos de Citogeografia disponíveis na literatura são realizados com plantas herbáceas, provavelmente devido à possibilidade de encontrar muitos indivíduos/população em uma pequena área.

Em 2016, Silveira e colaboradores realizaram um estudo pioneiro em Myrtaceae, analisando populações de espécies arbustivas de Eugenia distribuídas ao longo do território brasileiro. Neste trabalho, os autores constataram que as espécies que apresentaram indivíduos poliploides, além da ampla distribuição, foram coletados em locais nos quais as condições ambientais são consideradas mais adversas:

A- A espécie E. punicifolia, que apresentou o maior número de citótipos poliploides, foi encontrada em sete tipos vegetacionais diferentes, em três tipos de solos diferentes, e em altitude desde 4m até mais de 1300 m. Ocorreram em variações de temperatura de mais de 12°C em média e em regiões tanto mais secas (77 mm³) quanto mais úmidas (177mm³).

B- Os diploides foram encontrados em tipos de vegetação característicos de clima mais ameno, onde os níveis pluviométricos são altos, a variação na temperatura é baixa, os tipos de solo profundos, com condições estruturais e químico-físicas adequadas para árvores de grande porte.

C- Os poliploides foram encontrados em vegetação do tipo savânicas, na qual o porte das plantas é mais baixo e as árvores estão mais espalhadas. O clima foi mais adverso, a variação de temperatura entre as estações e ao longo do ano foi grande, chegando a 15°C em alguns meses. A disponibilidade de água foi menor, dada a menor quantidade de precipitação, a inclinação do terreno típico de regiões montanhosas e ao tipo de solo, principalmente os neossolos, por não apresentarem estrutura mecânica para armazenar a água de maneira tão eficaz quanto cambiossolos e argissolos.

As conclusões corroboraram as hipóteses que a poliploidia, por ser um mecanismo que provoca variação genética dentre os indivíduos da mesma espécie e até entre populações

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(Schifino-Wittmann 2004), pode ser responsável também por colaborar com diferenças na tolerância ambiental entre populações da mesma espécie (Otto &Whitton 2000).

A diferenciação de citótipos pode ser entendida como uma etapa intermediária e importante da evolução de grupos, favorecendo o processo de especiação (Briggs &Walters 1997), pois leva ao isolamento genético pelo surgimento de barreiras ao fluxo gênico (Stace 1991). Costa (2004) e Costa & Forni-Martins (2006 a, b) atribuíram a dificuldade em identificar as Myrtaceae neotropicais a possíveis eventos de hibridação, seguidos de poliploidia.

Poliploidia tem sido reconhecida, não só como um mero ramo lateral da evolução, mas como um dos principais mecanismos evolutivos e da diversificação em plantas (Soltis et al. 2009, 2010, 2014). Espécies poliploides surgem pela multiplicação de um único genoma (autopoliploidia) ou pela combinação de dois ou mais genomas diferentes (alopoliploidia), seguida da multiplicação desse genoma híbrido (DeWet 1980; Chen & Ni 2006). Em um modelo simplificado de formação de um poliploide, a duplicação do genoma instantaneamente cria uma nova espécie. As populações diferenciadas pelo número cromossômico, caso consigam se estabelecer no ambiente, já são reprodutivamente isoladas dos seus progenitores diploides (Soltis et al. 2010), sendo considerada um mecanismo de especiação imediata. A utilização de ferramentas moleculares revolucionou o estudo da poliploidia, revelando que uma determinada espécie pode formar poliploides frequentemente (Soltis et al. 2014).

Em contrapartida Mayrose et al. (2011, 2014) defendem, através da análise de dados estatísticos, a ideia que a poliploidia leva a um beco sem saída evolutivo (“dead ends”), pois os poliploides, quando comparados aos parentais diploides, tendem a especiar mais lentamente e vão à extinção mais rapidamente (Mayrose 2014). Soltis et al. (2014) discordaram da abordagem para a realização das análises, argumentando que os métodos empregados não eram capazes de detectar diferenças significativas, que erros levaram à produção de árvores com mais representantes diploides, que os números cromossômicos poderiam estar incorretos ou incompletos e que a amostragem de Mayrose et al. (2011) não representa as angiospermas como um todo, pois a maioria dos gêneros que são taxonomicamente e citologicamente complexos não foram inclusos nas análises.

Sabe-se que a maioria dos neopoliploides se extinguem cedo, antes mesmo de serem detectados a nível populacional, porém a taxa de produção de autopoliploides é alta, comparado a taxas de mutação gênica (Ramsey & Schemske 1998), apesar da maioria não sobreviver. Se os neopoliploies se estabelecem, eles podem ser mais bem-sucedidos, pois poliploidia pode favorecer as distribuições ecológica e geográfica mais amplas em comparação aos parentais diploides (Briggs & Walters 1997). Essa característica é decorrente da quantidade maior de

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cópias gênicas, conferindo aos poliploides um maior efeito tamponante frente às condições ambientais mais extremas, comparado aos seus congêneres diploides (Schifino-Wittman 2004).

O estudo das distribuições geográficas de citótipos aliado aos dados ecológicos é importante ferramenta para o entendimento das variações no tamanho do genoma, do número cromossômico e dos padrões atuais de distribuição geográfica da espécie (Mráz et al. 2008).

Diante dos citótipos já conhecidos (2n= 44, 46, 48, 55, 58, 66, 77, 82 e 88) em P. cattleianum e da existência de dois morfotipos (amarelo e vermelho), podem ser feitas as perguntas: 1) Cada morfotipo pode ser relacionado a determinado(s) citótipo(s)? 2) A distribuição dos citótipos da espécie segue algum padrão geográfico ou ecológico? 3) Existem outras diferenças cariotípicas entre citótipos, além do nível de ploidia?

Assim, o presente estudo tem como objetivo: 1) Investigar os números cromossômicos de P. cattleianum ao longo do gradiente latitudinal e altitudinal na Floresta Atlântica e sugerir os fatores relacionados à distribuição dos citótipos da espécie (Capítulo 1) Examinar a possível variação cariotípica entre os citótipos mediante técnicas que permitem a diferenciação linear dos cromossomos, como o bandamento CMA/DAPI e de hibridização de DNA in situ, utilizando os genes de DNAr como marcadores (Capítulo 2).

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RAQUEL MOURA MACHADO

CITOGEOGRAFIA DE Psidium cattleianum SABINE (MYRTACEAE)

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Resumo

A poliploidia é um alteração numérica do cariótipo relatada como um dos mecanismos mais importantes na especiação e diversificação de plantas. Diferenças entre níveis de ploidia já foram observados tanto em espécies do mesmo gênero como dentro de populações da mesma espécie (citótipos). A diferenciação em citótipos poliploides pode favorecer o processo de dispersão e especiação. Psidium cattleianum é uma espécie que possui nove citótipos já registrados na literatura. Apresenta ampla distribuição geográfica e dois morfotipos, árvores que produzem frutos amarelos e árvores que produzem frutos vermelhos. A Citogeografia é um ramo da citogenética que estuda a distribuição geográfica dos citótipos. Este estudo teve como objetivo investigar os números cromossômicos de P. cattleianum ao longo do gradiente latitudinal e altitudinal na Floresta Atlântica e avaliar os fatores relacionados à distribuição dos citótipos da espécie. Foram amostrados indivíduos do morfotipo amarelo e do vermelho em 17 populações. Os números cromossômicos foram determinados com técnicas de citogenética usuais, com coloração de DAPI. O programa DIVA-GIS v.7.5 foi utilizado para mapear a distribuição geográfica das populações e dos citótipos. Foi feita a análise de Componentes Principais (PCA) para o reconhecimento dos padrões de distribuição das populações estudadas e a relação com o nível de ploidia. A determinação da correlação entre os fatores ambientais e a poliploidia foi realizada através do teste de correlação de Pearson (r). Foram obtidos os citótipos 2n=3x=33, 2n=4x=44, 2n=5x=55, 2n=6x=66, 2n=7x=77, 2n=8x=88, 2n=9x=99, 2n=10x =110 e 2n=12x=132. Quatro novos citótipos foram relatados para a espécie (2n= 33, 99, 110 e 132). O citótipo mais frequente foi 2n=66 (em cinco populações). Em 12 populações foram encontrados indivíduos com um único nível de ploidia, porém outras cinco apresentaram de dois a cinco citótipos. Os morfotipos amarelo e vermelho não podem ser distinguidos pelo nível de ploidia. Há uma tendência de o morfotipo vermelho se distribuir em regiões de maior altitude. Foi observada, uma tendência dos níveis de ploidia mais altos se distribuírem em regiões onde as condições ambientais eram mais adversas (maior incidência de radiação solar, temperaturas mais altas e menor precipitação). A espécie P. cattleianum, como um todo, mostrou tolerância ambiental ampla, consequentemente, distribuição geográfica também ampla. Essa amplitude geográfica e ambiental pode ter sido favorecida pela quantidade de citótipos existentes na espécie.

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Introdução

Visando ao entendimento da história evolutiva de uma determinada espécie ou grupo de espécies, a Citogeografia é o ramo da Citogenética que estuda a distribuição de números cromossômicos, mais especificamente de citótipos (raças cromossômicas de uma espécie) ou de espécies relacionadas, comparando os padrões de distribuição com fatores bióticos e abióticos (Mráz et al. 2008).

Diferenças entre ploidia têm sido observadas entre espécies congêneres e até mesmo dentro de populações da mesma espécie (Ramsey & Schemske 1998). A poliploidia é uma das alterações numéricas que tem sido considerada um importante mecanismo na evolução de plantas (Stebins 1971, Soltis et al. 2016).

A poliploidia refere-se à presença de mais de dois conjuntos cromossômicos completos por núcleo celular (Ramsey & Schemske 1998, Soltis 2009) e é um fenômeno frequente em plantas, especialmente nas angiospermas (Wood et al. 2009, Dodsworth et al. 2016). A incidência de poliploides muitas vezes tem sido associada com especificidades de localização geográfica, de condições ambientais, de morfologia e de características funcionais (Otto & Whitton 2000). Nossa compreensão sobre a interação entre poliploides, ecologia e evolução continua a ser consideravelmente limitada (Soltis et. al. 2010).

A diferenciação de citótipos poliploides pode ser entendida como uma etapa intermediária e importante da evolução de grupos, favorecendo o processo de especiação (Briggs &Walters 1997). Em um modelo simplificado de formação de um poliploide, a duplicação do genoma instantaneamente cria uma nova espécie. As populações diferenciadas pelo número cromossômico, caso consigam se estabelecer no ambiente, já são reprodutivamente isoladas dos seus progenitores diploides (Ramsey & Schemske 1998, Soltis et al. 2010), sendo considerada um mecanismo de especiação imediato e simpátrico.

Fatores que afetam a capacidade das plantas colonizarem eficientemente novos habitas e se estabelecerem incluem ampla tolerância ambiental, altos níveis de plasticidade fenotípica, a habilidade de se auto reproduzirem, uma dispersão eficaz, alta taxa de crescimento relativo e alta capacidade competitiva (te Beest et al. 2011). A poliploidização pode alterar a morfologia, fenologia, fisiologia e ecologia da planta, dentro de apenas uma ou poucas gerações (Levin 2002), gerando indivíduos que podem lidar com flutuações ambientais, explorar novos nichos e superar as espécies progenitoras (Leitch & Leitch 2008).

Citogeneticamente, Psidium L. é um gênero da família Myrtaceae Juss. com uma alta taxa de registros poliploides dentre as espécies com número cromossômico conhecido. Há

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