CURSO
DE
JORNALISMO
DA
UFSC
ANO
XXV, NÚMERO
9
-FLORIANÓPOLIS,
JUNHO
DE 2008
ThiagoPradoNeris��
t
Escolas
em
regiões
de
risco
fazem
mais do que ensinar
No
Centro
EducacionalMunicipal
Renascer,
localizadonoMorro
doPedregal,
emSão
José,
professores
edireção
buscam alertarosalunos contraa
agressividade
eincentivarosestudosatravés
deprojetas. Apesar
dasiniciativas,
aescola ainda
precisa
lidarcomproblemas
comoaviolência
doméstica
e ascondições precárias
da comunidade. páginas8e9Tribunais itinerantes
atuam
nos
estádios
de
Santa Catarina
Iphan
inclui talian
no
Inventário Nacional de
Diversidade
Ungüistica
Praticado no
círculo
familiar,
o : O programaJustiça
Presente,
úni-dialeto vêneto
é
falado por cer- co noBrasil,
procuraagilizar
ojul-ca de 500 mil pessoas em Santa
gamento
de pequenos delitos emCatarina e no Rio Grande
do
Sul. eventos degrande porte,
comojo-Com a
participação
noLivro
de gas defutebol.
Amovimentação
deLínguas,
o talianpode
serincluído
patrulhas
epoliciais
diminui
com a noRegistro
de BensCulturais
derealização
do trabalho daequipe
do Natureza Imaterial.juizado
nopróprio
local.página
13páginas6e7
MEC
estimula
mudanças
naSaúde
Para colocaro conhecimento
acadêmico
dos alunos emprática
einseri-Ias na realidade
sanitária
brasileira,
89 cursos daárea
desaúde
do
país
já
seadequaram
às
diretrizes doPrograma
Saúde
na Família(PSF).
Oprojeto
prevê
aredução
dasfilas
de esperanoSistemaÚni
co de
Saúde
(SUS)
e o incentivoà
formação
deprofissionais
genera listas. NaUFSC,
o curso demedicina,
assim como o deodontologia
e
enfermagem,
passou pormudanças
no currículo a fim de sevoltar aoatendimento
comunitário,
recebendoapoio
financeiroatravés
de programas doMinistério
daSaúde. Arelação
entre afilosofia inerente àproposta
eas verbasenvolvidas,
noentanto,
é
umponto
de discussão,
já
que muitos cursospoderiam
sevincular aoprograma somente emfunção
dos incentivos financeiros."Ser 4X4":
competição
eestratégia
página14 Juízes,
advogados,
promotoresedelegados
zelampela
segurançanosjogos
Empresas
do
setor
automobilístico
unem
publicidade
e
esporte
Para
alavancarasvendas,
fabricantes deautomóveis
dosetor4X4 investemna
relação
direta com o cliente atra vés decompetições
off-road As mais famosasoptaram
pela
estratégia
de transformaroproduto
de alto valoremestilo
de vida paraseusconsumidores. página11Projeto
da
prefeitura
de
Florianópolis
depende
de
conscientização
Com
ainiciativa,
aadministração
municipal
pretende
dobraraárea construída
emciclovias
nacidade,
quehoje
é
de pouco mais de 18 km. Asobras,
porém,
causambloqueios
temporários
nas estradas e
congestionamentos,
oque
está
provocando
reclamações
demoradores
emotoristas.2
IOpinião
Florianópolis, junho
de2008ZERO
FLORIANÓPOLIS,JUNHO DE 2008•CURSO DE JORNAUSMO ANDXXV, NUMERO8JORNAL
LABORATÓRIO
ZERO AnoXXV- N° 9- Junho 2008UniversidadeFederal de
SantaCatarina- UFSC
Fechamento: 30 de
junho
CursodeJornalismo -CCE -UFSC Trindade-Fpolis
- CEP88040-900 Tel.:(48)
3721-6599/3721-9490Blog:
vvww,zero,ufsc,br E-mail: zero@cce.ufsc.brREDAÇÃO
CauêOliveira,CarolinaPompeu Granda,Daniele
Carvalho,DanielleReis,EduardoWolff,Fernanda
Friedrich, Filipe Speck,GrazielleSchneider,João GustavoMunhoz,JulianaGomes,LiviaAndrade,
ManuelaFranceschini,MarianaHilgert,Mayara Rinaldi,NanniRios,Társia Paula Farias
EDiÇÃO
Capaeopinião:GrazielleSchneider,MarianaHilgert
Entrevista: Juliana Dal Piva Política:Fernanda
Friedrich,Carolina Granda Economia: Camila BrandaliseEspecial:JulianaDalPiva Ciência&
Tecnologia:JuliePhilippeCultura:Nanni Rios
Esporte:Livia AndradeContracapa:Eduardo Wolff
FOTOGRAFIA
EduardoWolff, ThiagoPradoNeris,CamilaBrandalise, FilipeSpeck,LilAaAndrade,LauraDaudén,Sofia Franco
EDITORAÇÃO
AnnelizeConti,Camila Brandalise, CarolinaGranda,
CauêOliveira,EduardoWolff,FláviaSchiochet,Fernanda
Friedrich,GrazielieSchneider,JulianaDalPiva,Juliana
Gomes,JuliePhilippe,LarissaLinder,MarianaHilgert,
PedroDeliagnelo,ThiagoPradoNeris,Vera Flesch
PROFESSOR-COORDENADOR
Tattiana Teixeira DRT-BA 1766
COORDENAÇÃO
GRÁFICA
Prof. LucioBaggio
DRT-SC 01 084JP
MONITORIA
Isadora Peron
AGRADECIMENTOS
Pró-reitoriadeassuntosestudantis(PRAE)
...
Melhor
Peça
GráficaI,
II, III,
IVeXISet Universitário / PUC-RS
1988, 89, 90, 91,
92 e98•
Melhor Jornal-laboratório I Prêmio Foca
Sind,dosJornalistasde
SC,
2000..
30 melhor Jornal-laboratóriodoBrasil EXPOCOM 1994 Impressão:Grafinorte Circulação:Nacional Distribuição:Gratuita Tiragem:5,000exemplaresEDITORIAL
Educação
e
violência
Sinduscon de
Florianópolis,
entidade que representa a classepatronal
daindústria da
construção civil,
estimaqueumterço dos moradoresda
capital
vivaem
situação
derisco, nas63
favelas dacidade. Dados
apurados pela
reportagemdoZEROmostram ainda que, das 37 escolas muni
cipais,
cinco estão nessasáreas,
o que afeta2.097dos 16 mil alunos de
Florianópolis.
EmSão
José,
naGrandeFlorianópolis,
asituação
nãoé diferente, Um levantamento feitopelo
ConselhoOperativo
doPrograma
Fome Zero(COPO),
em2003,
aponta para um total de2.700 famílias vivendoem noveáreas ouco
munidadesdo
município
emsituação
deexclusão socioeconôrnica. Um
quinto
da população
deSãoJosé
vive napobreza,
conforme umapesquisa
do InstitutoCEPA,
tambémde2003.Asituação
escolar, apurada pela
nossaequipe,
abrange
4,200 alunos estudandoemseisescolas localizadasem
regiões
derisco.Talvez
sejam
essas asrazões paraacidadeestarna 25"
posição
doranking
nacionalno que dizrespeito
àvitimização
juvenil,
apresentadonoMapada Violência dos
Municípios
Brasileiros,
divulgado
emjaneiro
deste anopela
Rede deInformação Tecnológica
LatinoAmericana
(Ritla),
com dados de 2006. Emmédia,
quase 50%do número total dehomicídiosemSão
José
afetamapopulação
jovem.
EmFlorianópolis,
são32,8
homicídios para cada 100 mil habitantes. Noranking
das capitais
estaduais maisviolentas,
acatarinenseaparecena18"
posição
dentreas25.Secomparada
aoutrosmunicípios
doBrasil,
amédiade homicídios não é ruim. Os resultados da
pesquisa poderiam
atésercomemorados. Porém,
abasedecomparação
deveser asituaçãoda
própria
cidadenos tempos em que tinhaíndices semelhantes aosdas
regiões
mais desenvolvidasdomundo.Ataxadehomicídios
erade
4,9
paracada 100 milhabitantes,
em1980,ede
9,6,
em1990.De2002,quando
erade
17,2,
atéhoje,
ela quaseduplicou,
Portanto,seforem analisadososresultados de Florianó
polis
com os daFlorianópolis-dos-sonhos
deantigamente,
asituação
épreocupante, Apartir
domomentoemqueapopulação
passaaconvivercom essasmudanças
sociais semquestioná-las,
em umasituaçãode aparente
normalidade,
pode-se perceber
a atuação
omissaou insuficientedosórgãos
públi
cos. A realidadeapresentada
na reportagem do ZERO- umacomunidade convivendocomnaturalidadecomtiroteios,alunosamassando
giz
para brincarde vendercocaínae funcionários
obrigados
a seadaptar
aos"horáriosdaviolência" até para pegarônibus - não
é,
com certeza,um ambiente ideal para a for
mação
escolar.Paratentarreduziraviolência e, porconseqüência,
as mortes, aprefeitura
já
tentou,inclusive,
instalarumpostopolicial
dentro deumadas escolasde São
José,
locali zadanoMorrodopedregal.
Tentar resolver somente a ponta mais
visível da
questão
não vai resultaremmuitas
soluções.
Situações
como esta deviamser
acompanhadas
depertopela
administração
municipal,
estadual e até federaLFalta
apoio
psicológico
aos alunos e àsfamílias,
faltasegurança paraumambiente saudável de
aprendizado
e, emalguns
casos,faltamatérecursos emateriaisbásicos.Mas,
principalmente,
faltaoempenho
para identificare sanarestesproblemas
apartir
de suasraízes.1!lF/A(JÃO
!IA
tf;l
UM
P�ATO
DE
T�IGO
PA�A
QUAT�O
TIG�E�
T�I�TE�
Sobre
ochargista
Murilo RibeiroPalla,autor desta charge,tem 23anose cursa a 11a
fase docursodeEngenhariade Controle e
Automaçãoda Universidade Federal de SantaCatarina
(UFSC),Entre provasetrabalhos,oquase formado
engenheirodesenhapor diversãoeaproveitouoespaço
doZEROpara mostraro seutrabalho, Querentrarem
contatocomele? Escreva para: murilo80@hotmail.com
Para
oschargistas
Se você édaqueles quequandolêuma notícialogoaimaginanumacharge,
desenheparaoZEROeenvie parao e-mail: zero@cce.ufsc.br. Suacharge
tambémpode serpublicadanesseespaço efazerpartedas próximasediçõesdo
nossojornal.
Barbuda
h:r;
pornografianaIlha��':!r'
...'9\mF;\'¥�
Agiotagemvoltaàtonacomtudo
Ano XIV
·.Wi?
.w_
N°2 (omilões(ompulsivosAnônimos
MPiih>.
'\�11/97
C...N."tI'M.,"""da R....;.rl�Osencontrosde Neuróticos
Anônimos(N/A)
sãoumdostemasdeCultura desteZERO. Para
conhecerogrupo
-que começouem
1976,
foidesativadoevoltouafuncionarem2002-,nossa
repórter
foiatéolocal dasreuniõeseparticipou
deuma.Em
1997,
umrepórter
doZERO saiuda sala de aulacom amesmapautaemmãos.
Mas,como
naquele
ano oN/A
aindanãohaviaretornadoao
trabalho,
eleteveque buscarumaidéianova.
Depois
detantabusca,
encontrou,enfim,
ogrande
temadasuamatéria: osComilõesAnônimos. Ashistórias dos
integrantes
da Irmandade renderam umareportagemdeduas
páginas naquela edição
especial
dojor
nal-laboratório.Nofinal,
orepórter
apresentou umalistadosdiversos grupos dogênero
e,comhumor,
relatouasaventurasdeleedafotógrafa
pelo
mundo,
atéentão,
não muitodesbravado dos grupos deauto-ajuda.
CARTAS
Reconhecimento
Acusoorecebimentoe
agradeço
agentileza
da remessadeexemplar
daedição
aseguir
enunciada doinformativodoZEROefelicitoessains
tituição
pela qualidade
dapublicação:
Anoxxv,Maiode2008,Número8,
MaurícioAzêdo,Riode
Janeiro
Presidente daAssociaçãoBrasileira de
Imprensa
Zero'emRevista
Sou estudante de
jornalismo
da UFPR EstivenoIntercomSul2008etiveacesso a um
exemplar
do ZERO(deoutubrode2007),Gostariade dizerqueestou
simplesmente
fascinadocom oprofissionalismo
etalento queaequipe
demonstraemcadamatéria.Henrique
Kluger,
CuritibaSugestão
Primeiro
gostaria
de darmeusparabéns pelo Jornal
Zero,
confessoque não esperavaencontrarummaterial detãoalta
qualidade.
PorqueoZERO nãoutilizaas novasferramentas da web?Pensei
principalmente
empodcasts
comdiscussões sobretemasdivergentes,
reportagens,
matérias,
resumode notícias do mês. KaléuCaminha,
Florianópolis
A
equipe
ehZEROagradecepelos
comentários.Estudaremosas
possibilidades
paraopróximo
semestre. Atéo momento, nossa
experiência
nawebenvolveo
blog:
www.zero.ufsc.br.
PARABÉNS!
Os
integrantes
denossaequipe
Thiago
PradoNerise Larissa Linder foram
premiados
nacategoria
fotos
individuaisda14aMaratona
Fotográfica
deFlorianópolis,
Florianópolis, junho
de2008Ryana
GabecbEntrevista
I
3
Ryana
Gabechnasceu emCampinas,
noestadodeSãoPaulo,masmudousepara
Itajaí,
emSantaCatarina,quando
aindaeracriança, Hoje,
mora emFlorianópolis,
ondejá
escreveutrês livros: Mareavelãs
(2001),
A datainvisíveldopoema
(2006),
Trêmulo
(2008),
Do
poema
à
música,
uma
artista
Aos 15
anos,
ela
vendia
seuprimeiro
livro de
poesias
embares. Em
abril,
aos23
anos,
Ryana
Gabech
ganhou
oFestival
da
Música
eda
Integração
Catarinense 2008
(Fernie)
comocompositora
de Travesseiro de
Estrelas,
umdos
seuspoemas
musicado por
Alegre
Corrêa.
Sem
perder tempo,
emjulho,
lança
olivro
e oCD
Trêmulo.
São 17 faixas que misturam
poemas
interpretados
emúsicas de vários
estilos,
transitando desde
oclássico até
orap. A
poetisa
estudaArtes Plásticas
naUniversidade do Estado de Santa
Catarina,
mas,
comoela
mesmagarante,
já
é artista há muito
tempo.
ZERO
-Qual
atemáticadosseusli vros?Ryana
Gabech-Tem sempre aonda do momento,né? No
primeiro
livro,
eubuscavaumacoisa mais simples,
acho queatéparamefirmarcomopoeta,algo
inconsciente. Eutinhaumcuidadoexcessivocom o poemaeretornavanelemuitasvezesparalimpar
etal.Mascomestenão. Senumpoemaeufalo deum
pó,
estepó
vaiestaremtodososoutrospoemas dolivro.Essenovolivrotemmuitoa ver com ocorpo, ospoemassãotrêsvezesmais
gigantes.
OTrêmulo éumlivro que fala sobreasduasesferasmais
utópicas
deprazerede
dor,
por issoonome, porqueagentetremedeprazerede dor.Elevemmuito mais
dentro,
põe questionamentos
emtudo,
temdor,
apalavra
meio quetreme.Que resultados você esperaem
relação
ao CD?Acho que a marcadeleéaversatilidade.Antes, issoatémeincomodava.
Afinal,
iaser umCDdequê?
Masagente
conseguiu
definir queseria umCDdepoesia,
emtodasas suasfacetas,
com amúsica,
com ohiphop,
ousozinha.Quando
apessoaestáouvindo um som e nomeio apareceumavoz e umpoemade umminuto,elasemquererjá
estádecorandoe seidentificando.
Logo
depois
entraumamúsicae as sim vai. Esseformatoqueeleganhou
ficouinteressantepraouvir,porquesefosseumlivro só devozes
ninguém
agiienta.
Sefosse só dehiphop
não iateraminhacara,sefossesócom asmúsicasdo
Alegre
[Alegre
Corrêa,
músicoinstrumentista]
iaficarmuitotriste,
melancólico,
muitodentro.Entãotemumpouco de cadacoisa. Omelhor foireunirtodasessas
pessoasmuitoboasem
prol
dapoesia.
Aidéia de vocês é
explorar
oselementosou oresultadofinal?Osdois.
É
nãoficarocorpoparado
ecriarumacertaatmosfera íntima.O
palco
tiraaidéia doacontecimento,
depegarpessoas de surpresa, dapessoaseincomodarcom
você,
de ela ficar brabacomvocê.Eu sou debochada na minha
performance faço
umaintrodução
ecomeço achamaraspessoas: 'ô meninabonita,
ôgostosa'.
No meiodopúblico,
issodesconcertaumpouco,no
palco
não é assim. Outradiferença
équequando
apessoa está doseulado falandoa
poesia
paravocê,
vocênãotemaposturadeouvinte,
ouespectador,
massimdeestarjunto.
Aperformanceacontecesempre,masnuncaé
igual.
Ela está sempre dentro deumambiente,
edialoga
comeste
ambiente,
elanuncaestápronta.É
umdesafioconstante, porissoqueeuescolhi.Sefizessesóteatro, ou
apresentação
euiaenchero saco.Então você espera semprecausar uma re
ação
nãoindesejada,
massempreinesperada.
Já
aconteceualguma
coisa que the chamou aatenção,
quemarcou?O que acontece na
performance
égeralmente
uma mistura de espanto com estranhamento. O meu trabalhomaisdifícilnãoévender
livro,
nemfazeruma
poesia,
massimfazerumaperformance,
efazercomque elaseja
bemaceita.É
muitaverdadena caradas pessoas.
Às
vezes,afrigideira
viraoralo.Eu
jogo
elanochãoepergunto'aquilo
é oralo?,
oraloqueninguém
seatreveapisar?
Masseolharbemnofundo todo mundoéde lá!
É
oralo,
éoralo! Euralo,
vocênãorala? Abreatampado bueiroouespie
aTv,
ou sejá
éalienado,
olhe dentro devocê.É
oralo,
éoralo'.Ouseja,
euestoudentro do ralo.É
pesado.
Tantoéqueeunãotenhomuitos convites paraapresentarminhasperformances.
Omeudesa fioagoraépegaressasbases doCDefazermaisleve,
porqueela émuitodensa. Achoque é por issoquenãoestoudandocertocomisso
(risos).
oque é "O Ralo"?É
oprimeiro
rap que eu escrevi, fala sobre afavela brasileira.Na
verdade,
afavelaéoralo,
éolugar
queninguém olha, ninguém
abre atampa, mastodomundo,
dealguma
ma-neira, precisa
dela. Elaexiste,ela é quase quepatrocinada.
Sevocêprecisa
dedrogas,
você temdeirlá,
sevocêprecisa
dealguma
coi sadocamelô,
o cara moralá,
suafaxineiramora
lá, (canta)
'quase
ninguém
seatreveapisar,
masSeolhar bemnofundo todo mundo é
de
lá,
éoralo,
éoralo'.Essamúsicaestánolivro.
Aidéia de levaroTravesseirode Estrelas pro Ferniefoi
posterior
àprodução
do material?Sim.
Quando
oAlegre
musicou meuprimeiro
poema,eufiquei
comreceiode fazerqualquer
coisa comaquela
música. Erasagrado.
Pramim, oAle gre é'Ocara',admiromuitootrabalho dele.Depois
desse,
agentecontinuoutrocando emailseele fezasegunda música,
fezaterceira...Entãoeucomeceia verquetinhaumcaminho
ali,
porqueeleestavalevando asério. Como eu
passei
no edital da prefeituraenão
consegui
captar,deixeioprojeto
com umaamiga.
Ela que fezainscrição
nofemic,
porqueeuestava
viajando.
Nasemanaseguinte
tinhaquetocar.Daífaleicom o
Alegre
eele achoulegal
aidéia dofemicedisse que iasersuperbonitose aGabi[Gabriela Corrêa]
gravasse 'TravesseirodeEstrelas',
queéapreferida
dele.Oque você achou dos crité riosdoFernie?
Não seicomofoi daoutravez,
masnesta
edição
notei quetodosos
jurados
tinhamumabagagem
musical,
umaexperiência.
A minhamúsicafoi eleita porum
júri
que estavaatrásdecoisas novas,
sóquemaisrebuscadas.Aspessoas
dizem queéumamúsica
bonita,
quearrepia,
queemociona,comooqueacontececom a
poesia.
Masa minha música não é
popular,
porque nãoatinge
tãodiretamente. O
júri
destaedição
era destepatamar.
Algo
maissimplório
nãobastavapara
eles,
tinhaquetransparecer conhecimento musical. Achoque70% dos músicosque
participaram
doFemic nãosabemes crever umapartitura.
O Femic éumresgate,nãoéprarevelar
ninguém.
É
para valorizaroquejá
existeepraresgataracultura do festival. Achoruim a
competição,
émuita gentediferente,
estilos tãodistintos.
Se
você não
se assume
como
artista,
-as
pessoas
nao
vão
te enxergar
como
tal. O
que
me
fez
vender
muito
livro,
é
que
eu me assumi
desde cedo"
Como é a sua
relação
com oteatro?EufizumcursobásicoemIta
jaí,
mas eunãogostava.Euqueria
só escrever, nãoqueria
representar.Quando
euvimpracá[para
Florianópolis]
estudarnoCeart,queéintegrado,
eu meinteresseiemapresentarapoesia
deoutramaneira. Fui
dialogando
ecomecei a veranecessidade de saberteatropara
poder
usá-lo.Emalguns
momentos, a minhaperformance
é totalmente teatro.Entãoeusentifalta deste conhecimen to, porquenãoé sóficar falandoa
poesia,
temque terumapostura.Tem
alguém
fazendoalguma apresentação
parecida
com asua?Eu viada Teima Scherer
[poeta gaúcha]
.É
bemparecido
com aminha. Chama-seRumordaCasa.Elaentracom uma
caixinha, joga
umpapel
brancoefalaopoema. Podeser em
qualquer lugar.
Essa éadiferença
entreadeclamação
e aperformance:
você seadapta
aolugar.
Umavezapresentei
umaperformancenum
lounge
commúsicaeletrônica. Eu entreicom afrigideira
econquistei
aatenção
dopessoal.Entãoa
performance
é praqualquer lugar,
elatemquese
adaptar
ATeimaentrapedindo
pras pessoasfalarem
baixinho,
fazendo"sh, sh,
sh"nomeiodahistória. Está todo mundo fazendooutracoisa,
todos sabem quevairolaruma
performance,
mas nãosabemahoraemque elavaientrar.Nãotempalco,
nãotemmicrofone.É
umacontecimento,entendeu?Na
apresentação tradicional,
temquetero somadequado,
temqueterumapartitura
...agentenãofazassim. Agenteemendaumpoemanooutro.
Omeuéumtrapoamarradonooutro,oda Teima é umacaixinhaemque elavaitirandocoisas.
Atualmentecomovocê pagaascontas?
(risos)
Bom,soumonitoradeartenaFundação
Cultural
Badesc,
mas querovenderolivro eviverdisso.Meu
grande problema
eraterodinheiroparafazerolivro.Como
ganhei
opatrocínio
da Eletrosul,
odinheiroda vendavempramim. Seeu vendera mesmacoisaquesempre
vendi,
eusobrevivo. Eupretendo
fazerasapresentações,
divulgar ele,
e continuarescrevendo,
criando. Olance do artista écriar,eleépresonessadimensão,
e umtrabalho maisformaltira muitoisso,essetesãodeestarproduzindo. Acho queé
possível
viverde tudo que éverdadeiro nagente.Detudo que possaserencarado comoverdadeeidentidade.Sevocênãose assume comoartista,aspessoastambémnão vãoteenxer garcomotal.O quemefez vendermuitolivro é que eu me assumidesde cedo comoartista. Oque fez o
Alegre
usar meuspoemas, nãofoi porquemeuspoemassão
bonitos,
elejá
falouisso. Foipelo
fato deeuestarnumbar vendendo minha
poesia.
ZERO
4
IPolítica
Florianópolis,
junho
de 2008ThiagoPradoNeris
Na
capital
de SantaCatarina,
aausência de cicloviasem ruasdegrande
movimentoobriga
motoristaseciclistasadisputarem
espaçonotrânsito,Apenas
aconstrução
defaixas exclusivas para bicicletasnão resolveoproblema
Florianópolis
ganha
novas
ciclovias
Embora promova maior
segurança
para ciclistas
e
motoristas,
transtorno
provocado
pelas
obras
gera discussões
projeto
Florianópolis
- cidadeamiga
dabicicleta, lançado
em 2007
pela prefeitura
municipal,
estáprovocando divergências.
Opacotede obrasprevê
aconstrução
de oito cicloviasem pontos distintos
da
cidade,
totalizando18.360
metrosde extensão, quase o dobro da área existente
hoje.
Todasasobrasjá
estão emexecução
e o transtornocausadoé inevitável:
bloqueio
temporário
das vias econgestionamento.
Alguns
moradores e motoristas quecirculampelas
áreasbeneficiadascom as ciclovias não aprovam os
problemas
decorrentes. "Me
diga,
para queesse transtornotodo?Eu não vouabdicar domeudireito desairdecar roparaira
qualquer lugar!
Suarnumabicicletapara iraotrabalho...Nemmor
to!",
disseummotoristadeumRenaultCliopratasobreafaixa exclusivapara ci
clistasem
construção
na ruaDelmindaSilveira,
nobairroAgronômica.
A
opinião
do condutor ilustra bemum dos obstáculos enfrentados
pelo
projeto:
aresistência quemuitas pessoas têmemrelação
aousoda bicicletacomo meiodetransporteurbanoediário.Paratentaramenizaressa
situação,
aprefei
tura
já
irúciouadistribuição
depanfle
tos,nas
regiões
próximas
àsobras,
para orientarealertarmotoristas,ciclistasepedestres
sobre osbenefícios dousodabicicleta parao
trânsito,
meio-ambiente e aprópria
saúde dos condutores.Mas não sãoapenas aspessoas que nãoutilizamasciclovias quetêm
queixas
sobreasobras.Váriosciclistas reclamam
que os carros passem muito
próximos
daguia,
por isso égrande
orisco pra quem querpedalar
porlá",
contaSilveira.
A
arquiteta
doIns titutode-Planejamento
Urbano de
Florianópo
lis(IPUF),
VeraLúciaGonçalves, explica
queemalgumas
ruas,como aGramal,
é
impossível
construir faixas exclusivas devido aoespaço. Oscritérios avaliadosparadecidirque viasreceberãoasciclo viasconsideram basicamenteofluxo de pessoas e de veículos motorizados que
circulam
pelo
trechodiariamente,
avelocidade média
registrada
e oespaçodispo
nível paraaadaptação,
que muitasvezes éinsuficienteparaaexecução
da obra.Apesar
denãoagradar
atodos,
MiltonDellaGiustina,
presidente
daAssociação
dos Ciclousuários da GrandeFlorianópo
lis(Via Ciclo)
eex-ciclistaprofissional,
acreditaqueascicloviasem
construção
sãooprimeiro
passo paraamassificação
dousoda bicicletae ocomeçodeuma
conscientização
dapopulação
sobre oqueéotrânsito. "Osmotoristastêmque entenderquequantomais espaçodeixa
remparaos
ciclistas,
maisespaço sobrará para
eles,
eissotambém diminuiráo queelasestãosendo construídasemlocais
errados,
comoAntônioCarlos Silveira,moradorda
região
doCampeche,
que teráacessoporumaciclovia construídaemtodoopercurso da avenida
Pequeno
Príncipe.
"Parachegar
emcasa,eutenho que pegaraGramal(rua
quecruza aPe quenoPríncipe).
Láos carrosandamemalta
velocidade,
mesmo com aslombadas,
além dea rua serestreita,fazendocom
o
pacote
do
IPUF
prevê
18.360 metros
de vias para
bicicletas
trânsito",
dizGiustina,quetambém destacaabicicletacomomeiodetransporte
ecologicamente
corretoemaissaudável.Movimentos sociais
A
construção
das faixas exclusivas é apenaspartedeumprojeto
queobjetiva
criarumamalha cicloviáriaconsistente,eficienteesegura. Para
atingir
essametasãonecessáriasmedidasque vão muito além das obras da
prefeitura.
Conven ceraspessoas de que andar de bicicleta éviávelrequerumasériedealterações
no ambiente urbano: infra-estruturaadequada,
maior segurançanotrânsito econscientização
dos condutores de veículosautomotores
-que devem entender queosciclistastêmo mesmodireito de
utilização
dasviasesãobeneficiadospe las leis de trânsito.Paratentarresolveresses
problemas,
surgiram
movimentos sociais para pres sionarasociedadee aadministração pú
blicaafavor deumtransportequefacilite amobilidadee o acesso aosmaisdiversos locais
respeitando
as necessidades dosmoradores e a
conservação
ambiental. EmFlorianópolis,
gruposde moradoresparticipam
das discussões sobreoPlano Diretor quedefiniráasdiretrizesparao 'crescimentourbano da
capital.
Um dos mais ativos é formado
pelos
representantes dos bairros quecompõem
aBaciado Itacorubi: Itacorubi, Trindade,
SantaMônica,
CórregoGrandeePantanal.Emdocumento encaminhadoà
administração
municipal pelas lideranças
das comunida des- emmédia,
30 pessoas-,fica claraa
preferência
àsbicicletascomomeiodetransportemaisacessívelecômodo
paraa
região.
UmPlanoDiretor que
priorize
abicicletae o transporte
público
tambémpode
reduzirosgastoscomobras de duplicação
deviaseconstrução
deelevados,
muito maisaltos doqueos recursosque seriamdestinadosà
adaptação
deumaregião
àsciclofaixas,
cujo
custoficaemmédiaem
R$
100milporquilômetro
em viasjá
existentes,e emtomodeR$
150 milemterrenonu.É
possível
construirdez
quilômetros
de cicloviascom ovalorgastoem umdecapeamentoasfáltico.
Outrapropostado grupo é o mo vimento Estaciona e
Pega ônibus
(Bpõ).
Aidéia é que os terminais de ônibussejam
interligados
combolsões deestacionamentoemlugares
estratégicos,
como odesativado Terminal deIntegração
doSacodosLimões(TISAC)
e omalaproveitado
estacionamentodoCentrode
Integração
e Cultura(CIC).
Osbolsões
próximos
aosterminaisse riamumincentivo aoscondutores de carros emotocicletas paraqueparem seusveículosepeguemumônibus parapercorrerasdistânciasmais
longas,
Os bolsões de estacionamentojá
existemempaíses
como aHolandaeaInglaterra,
queadotarammedidas parapriorizar
o usoda bicicletaedotransporte
público,
NoBrasil,
Curitibatambémexecutouo
projeto
e éacampeã
brasileira de
quilometragem
exclusivaparaosciclistas:122
quilômetros.
Alémdisso,
aprefeitura
de Curitibaplaneja
implantar
um sistema dealuguel
debicicletas,
como oquejá
éutilizadoemParis,por
exemplo.
Cauê Azevedo
o
andamento
das
obras
CANASVIEIRAS "" "" .. "" .""""'""""" " " ..700m(executada) INGLESES....".."..".. .
"""." " ".. ".." "".." "" ,,4.000m(executada)
ELEVADO ITACORUBI """" "" " "".., " ".." "..300m(executada)
PC-1 - BEIRA
MAR CONTINENTAL..".. . 2.300m(emexecução) BEIRAMAR
LIGAÇÃO
FLORIANÓPOLIS/SÃOJOSÉ...".""..", ",,360m(em execução)HERCíLlOLUZ. "...."."..."...".."...". "" ".1.200m(em execução)
AGRONÔMICA,"".."" .."
..."""""""'"''. " ",,"...".. " ".1.600m(em execução)
(Hospitallnfantil/BeiramarShopping) ROD.LUIZBOITEUX PIAZZA.,,"
...'''''''''''''''' .. ,..." ..". "".2.800m(emexecução)
(CachoeiradoBom JesusaPontadasCanas)
CAMPECHE(Av. Pequeno Príncipe).."". .... ".."".2.800m(emexecução) RIOTAVARES(SC-405).." "
""" """",,"..,..". ".." """ 1.100m(emexecução) ROD.BALDICERO FILOMENO " " " "..,,4.700m(emexecução)
PÂNTANODO SUL /AÇORES""""""""" "..." .."".."..".".,."...1.500m(licitado)
TOTAL""."".".".." "..."...."."..."."
...."...""...."...""..."."..."...23.360m
-t
Florianópolis, junho
de2008VilsondeSouza/Arquivo pessoal
",,_
If
Ciência &
Tecnologial
5
Web
facilita
estudo
de outras
línguas
o
e-
Tandem
ajuda
falantes nativos
a
ensinar
seus
idiomas
e
aprender
outros via sites
como
o
Email: Seunomeaqui Password:
Suasenhaaqui
Rememberme
,
'E
vocêuteensinomeensinaaminhaasua",língua,
esse éoprincípio
deummétodode
aprendizagem
de idiomas que estásepopularizando
com a internet. Aidéia équefalantesnativostroquemseus conhecimentosnumaaula onde ambos são
professor
ealuno.Oplanejamento
e aescolhadosconteúdossãoresponsabilidade deles.A web éumaferramenta
quefacilitaocontato entrequemquer
aprender
umasegunda língua
atravésdessa
metodologia
e,atualmente,
já
existem sites desenvolvidosespecifica
mentepara promoveresseencontro.
Criado em 2007,
pelo engenheiro
eletrônico FernandoPerini,o
Language
Exchange
(LX)
éumaplicativo
dositede relacionamentos Facebook
(www.
facebook.com)
paraaprendizagem
delínguas
estrangeiras.
Os usuários queparticipam
do LX oferecem o ensino desualíngua
maternapara,emtroca,aprenderem
outro idioma. Dentre os cincoaplicativos
desenvolvidos paraesse
fim,
oLX éomaispopular,
tendo aparticipação
deaproximadamente
50 milpessoasemmaisde30países.
De acordocom Perini,a
principal
finalidadedo
aplicativo
éfazero cruzamentodedados para colocaremconta topessoascominteressesnas mesmas
línguas.
Apartir daí,
elaspodem
manter contato
pelo
Facebook,
masdevembuscaroutrasformasde
comunicação
comoprogramas deconversãoinstan-..
EveryoneCan Join
Você foi convidado!
Receber dealgum
conhecidoumconvite
poremail,éumadas formas decadastrar-se
nofacebook.
tânea paraexecutaras
aulas,
pois
oLX nãopossui
salas debatepapoou recur sosde áudio.Atualmente,
alíngua
mais procu rada éoespanhol,
com2635
usuários interessados. Esseidiomaétambém alíngua
commaiorequilíbrio
entreofertaeprocura, há2462 falantes
dispos
tosalecionaroidioma. O
português
éprocurado
por721 pessoas,masapenas375seoferecemparaensiná-lo.
O
aplicativo
que foi desenvolvidocomo um
bobby pelo engenheiro, hoje
rende
alguns
dividendos. Periniganha
comvenda depublicidade,
masgarantequetodoodinheiroéutilizadopara melhoriasnoLX. Obrasileiro
já
recebeupropostasdeduas empresas chinesase umacanadenseparavendero
Langua
ge
Exchange.
"Não me desfiz porque ainda tenho o LX como uma formade lazeregostodetrabalhar
nele",
diz Perini.Hádois meses, oestudantede Ge
ografia
da Universidade do Estadode Santa Catarina(Udesc)
BrunoBortollitenta encontrarnoLX
alguém
interes sadoemaprender português
edisposto
a ensinar árabe. Bortolli conheceu oFacebookduranteum intercâmbiono
Egito
eutilizaosite paramantercontatocom os
amigos
quefezduranteaviagem.
"Ainda não encontreininguém
com os mesmos interesses que eu, a maioriadaspessoas que ensina árabequer
aprender inglês",
afirma.Quan-�
t.anquaqeExchangedo nãohá coincidênciaentrea
língua
ofertadae a
procurada,
Perini sugere aformação
de trios, nesse caso, porexemplo,
aidéia seriabuscaralguém
quefaleinglês
equeesteja
inte-ressadoem
aprender português.
Segundo
LecilaOliveira,
professora
do
Departamento
dePsicologia
daUniversidade Federal de Santa Catarina
(UFSC)
epesquisadora
da áreadepsi
cologia
doensinoedaaprendizagem,
é por meiodasrelações
interpessoais
que o serhumanotemcondições
de aprender. "Noprocessode
aprendizado
asinteraçõessociaissão muitovalorizadas
e as novas
tecnologias
aumentam aspossibilidades
destasinterações,
facilitando,
emmuitos casos, aaprendiza
gem",
diz. NovaformaA
metodologia
deaprendizagem
deumalíngua
estrangeira
apartir
de aulascomfalantesnativosé chamadaTandemenão
surgiu
com ainternet. O Tandem ocorrequando
dois estudantes de
líriguas
se comunicam entresi, dividindoo comum
objetivo
deaprender
alíngua
maternado outro.Uma das
primeiras
formas de organização
desse método apareceu naEuropa,
em1968,
numprograma de intercâmbioentreFrança
eAlemanha. Noinício,
ametodologia
eraaplicada
emaulaspresenciais,jace
toface
Tandem.Com odesenvolvimentoda
tee-Comesse olicanvo éfádlachar deacorcocoma
ccmpatíbilldade
com osseus.rveressespessoaisedisponibilidade,o parcenocerto paraatrocade
linguagem.
Para aulas
presenciais
hásalas ondeametodologia
é chamadade face to face Tandemnologia,
ométodoganhou
umanovaforma,
oe-Tandem.Para o
professor
dodepartamento
deLíngua
eLíteraturaEstrangeiras
daUFSC, Markus
Weininger,
o Tandempossui
umasériedevantagensem relação
aoscursosconvencionaisdelín guas,porém
ele não substituiassalasde aulae osestudantes
precisam
de al gunspré-requisitos
para queametodologia
funcione. "Aprimeira
vantageméocustozerodas
aulas,
alémdisso,
o.
métodoé maisautênticoqueostradi cionaisehá
atualização
permanentedeconteúdos,
diferentedo queocorre com osmateriaisdidáticos",
explica.
Com
relação
àsdesvantagens
doTandem, Weininger
lembraque éneces-Infográfico:Fernanda Friedrich
\
É
possível
criarumacontanositesem ser
convidado. Acesse:
www.facebook.com
cliqueem
Sign
Upepreenchaa
seguinte
ficha deinscrição
sárioumnível básicode conhecimento na
língua
que se queraprender
para quesepossa estabeleceracomunicação
com ooutro.O graudeinteressedeambos
pode
sermaisumadificuldade,
"hápessoasmaisdedicadasqueoutras,as simseu
colega pode
não prepararuma aulacom a mesmadedicação
quevocê,
porexemplo".
VilsonGustavo de Souza éex-estu
dante de
Letras/Alemão
da UFSC ejá
praticou
oface
toface
Tandem.Viajou
àAlemanhaparafazerumintercâmbio naUniversidadede
Leipzig
eláconhe ceu umdepartamento
de Tandem quefuncionadeforma semelhante aoLX: osalunos
preenchem
fichase odepar
tamentoseencarregadeencontrarseu
TandemPartner
(parceiro
Tandem).
Souza foi além da
prática,
inte ressou-setantopela metodologia
queviajou
para a Universidade de Bochum,
emoutraciadadealemã,
paraaprender
aaplicá-la.
"Fuiaconvitede umaprofessora
parafazerumestágio
num curso intensivo deTandem",
conta.
Quando
voltou aoBrasil,
em2005,tinha
planos
de criarna UFSC umprojeto
semelhante. A idéia foi colocadaemprática
em2006,
inicialmentevinculadaao
PETjLetras,
masSouza não
pôde
darseqüência
aosplanos
devidoàfalta detempo.A Universidade Estadual Paulista
(Unesp)
possui
umprojeto
chamadoTeletandem Brasil
(www.teletandem
brasil.org).
Oobjetivo
é colocar emcontato alunosuniversitários brasilei
rosque querem
aprender
umalíngua
estrangeira
ealunos universitários deoutros
países
que estãoaprendendo
português.
Oprojeto possui
tambémumgrupo de
pesquisa
queobteve,
em março de 2007,oapoio
daFundação
deAmparo
àPesquisa
do Estado deSãoPaulo
(Fapesp)
namodalidadeProjeto
Temático,
umaforma de financiamentode
grandes
pesquisas,
emgeral
comduração
dequatroanos,e com oobje
tivosdealcançar
resultados científicosou
tecnológicos
esocioeconômicos de maiorimpacto.
Ineressaooem
aprender
Hngua� ecuvuras?Entrenanossarede
global
detrocadelinguagem
Note: This is forpersonal profiles.Youma
,
ZEBO
MayaraRinaldi Abouttl\ls UseFacebooktoconnectwith yourfriends,
belowtoget started(allfteldsarerequired
Full Name:
Iam:
Date of
Birth-I
Após
abrirsuaconta, vocêpodeencontraroLXatravésdaferramentade busca dofacebook.No canto
superior
esquerdo
dapágina,
digite Language
Exchange
emSearch.Surgirá
umalista depáginas,
emqueoLXestánotopo.Se
preferir,
háoutrosaplicativos
comfunção
semelhante6
I
Ciência
&
Tecnologia
+-Florianópolis, junho
de2008MEe
quer
profissionais
generalistas
Alunos
nas
fases iniciais de medicina atendem
nos
postos
de
saúde
em
projeto
do
governo
para
desafogar
o
SUS
a
primeira
vezque Divo Guisoni,67anos, vaiaoPostodeSaúde do
'bairro
Trindade,
emFlorianópolis.
Umacorriqueira
sinusiteédiagnosticada
pelos
estudantes Rafael BarretoeAlexan dre Gomes. Os dois estãona6a fasedo cursode medicinanaUniversidadeFede ral de Santa Catarina(UFSC)
eháquaseum anoatendemnasala de número 3.
Emtrocadeuma novafilosofia de
ensino eincentivosde
R$
40milhões,
89 cursos da área da saúde
lançam
seusalunosaosistema
público
deatendimento através do
Programa
SaúdenaFanu1ia (PSF).O
objetivo
doPSFédesafogar
o SistemaÚnico
de Saúde(SUS),
utilizandooatendimento dessesestudantes durantea
graduação
eesti mulandoaformação
demédicos. Eles talvez abram mão daespecialização
ouqueiram,
umdia,
atuaremmedicinadafamilia
-enãoemoutras
áreas,
comoginecologia, pediatria
ouoftalmologia.
Enquanto
BarretoeGomes nãoseformam,prestam
serviços
àcomunidadedo bairro Trindade. Durante seisanos,elesemais600 estudantes estarãonas emer
gências
das unidades de atendimento determinadaspela
universidadelogo
naprimeirafasedocurso.Dadosda Secre tariade Saúde de
Florianópolis
apontamum aumento relevante no número de
estudantes presentes nos 28 pontos de
atendimentoda
capital.
De100,em1997, passou para500,em2007.Ofato deseratendidoporestudantes não incomodou Guisoni. "Acho funda
mental que eles
aprendam
naprática
E eles não estãosozinhos,
têmo acompanhamento
daDra.", diz,
referindo-seaJane
Cardoso,
orientadora doPostode Saúde daTrindadeeprofessora
daUFSC. Ela é chamada àsalaonde acontecea consulta para daroparecer finalerecei-lauraDaudén
Pesquisas
sobreaeficáciadoprogramaainda nãoouviramoscidadãosatendidospelos
alunosZERO
tarantibióticose
paracetamol
aGuisoni. A presençadesses alunosnoslocais deatendimento contribuiparaocálculo do número deatendimentos realizados."Apesar
defazerem apenasumaparte da consultasozinhos,
nós contamos100%com eles.
Quando
eles nãovêm,
ficamuito
complicado",
diz aorientadora,
que éresponsável
por 16dos32 alunospresentesnoPosto.Cardoso foiafavordareformacurri cular queaconteceuno cursode medici nadaUFSC,em2002. Na
época,
ocorpo docentedecidiu modificaraestruturadedisciplinas
dagraduação
evoltarsuaformação
paraoatendimentocomunitário,comaulas
práticas
emhospitais
epostos de saúde desdeaprimeira
fase.Os egres sosdestetipo
decursosãooschamados médicoscomformação generalista.
A
premissa
de que oaprendizado
prático
é eficiente équestionada pelo
Conselho
Regional
de Medicinade Santa Catarina(Cremesc).
"Se osalunos tive remboaassistênciatécnica,vãoaprender.
Agora,
técnicapessoal
éperigosíssima,
e àsvezesquem ensina éummédicoenão umprofessor",
alerta AnastácioKotzias,Presidentedo CREMESC.
No
PSF,
o orientador do posto de saúde nãoprecisa
ser, necessariamente,
professor
dainstituição.
"O médicodo PSF nãotem queseroneradopara
ensinar,ele está ali paraatender.Quem
ensinatemque saberoqueestáfazen
do,
senãoosalunosvãoaprender
com o erro,eesseerrofoi feitoemalguém.
Não sepode aprender
com erro eacertoemmedicina",
enfatizaKotzias.Nemtodosos
pacientes
ficamconfortáveis com a
situação.
Gomes, oestudante de medicina que atendeu
Guisoni, conta que
alguns
se senteminseguros
ereclamam. "Massãopou-cos",
pondera.
É
Gomestambém quemdiz não pensar em trabalhar emum
postodesaúde. "Nuncapenseiemser
médico de PSF, acho a rotina deum
médico de família muito monótona
porque não
podemos
fazer nada além dediagnosticar,
fazeralguns
exameseencaminharpraum
hospital.
Acho válido
aprender
aqui,
masnãofaria issocomomédico
formado", diz,
referindo se aofatodomédicodepostode saúde nãoacompanhar
otratamentodospacientes queatende.
Barreto reitera:"Osrecursossãoli
mitados,
falta material. Essesdias,
che gouumapaciente
comfebreedoresnoabdômen.Levou15dias praficarpron
toumexame.Faltaestruturaerecurso.
Só
conseguimos
atenderos casosmaisbásicos".
Manuela Franceschini
Novas
diretrizes ainda
enfrentam
resistência
entre
alunos
e
professores
Quando
Rafael Barreto eAlexandre Gomesingressaram
nauniversidade,
a novapropostapedagógica já
havia sidodefinida. Suaturmaestánoiniciodo5°
ano;ouseja,não
há, ainda,
alunos for madospelo
currículonovo naUFSC,que foimodificado substancialmente.As atividadesnaredede
atendimento,
queantescomeçavamnalOafasedo curso, são ini
ciadas
já
naIa.Atéa4afase,
osalunossãodivididosemgruposefazemvisitasdomi
ciliares,
vãoacrecheseescolasda áreapela qual
ficaramresponsáveis.
Oalunodeveestarfamiliarizadocom olocale ser uma
figura
conhecida da comunidade
-porisso,
passará
todaagraduação
em um mesmoPostode Saúde.Ocoordenador docursode medicina da instituição, Mauricio Pereima, conta
queantesdeoptarem
pelo
novométodode ensinohouvediscussõesemesas-redondas comalunosedocentes.Adecisão,
entretanto,nãofoiconsenso.Aresistênciatantodos
professores
comodosalunos éapontada
porPereimacomo umdos fatoresa serem su
perados.
"Osprofessores
tiveramdificuldadeparase
adaptar,
assimcomo osalunos,
que têmumperfil
sócio-econômico de classe médiaejá
entramnauniversidade pensan donaespecialização",
criticaDepois
deaprovado
o processo dereformacurricular
pelo
Ministério daEducação (MEC),
o cursode medicina enviouumprojeto
aoPrograma
deIncentivoàs
Mudanças
CurricularesparaasEscolas Médicas(PROM
ED) ,de
quem recebeuR$I,5
milhãoparaseadaptar
ao novométodocapacitando
professo-res ereformando laboratórios.
Em
2006,
oPrograma
NacionaldeReorientação
daFormação
Profissio nal em Saúde(Pró-Saúde)
aprovououtro
projeto
do curso de medicinadaUFSC,dando continuidadeaopro cessode
transição.
Um total deR$
1,6
milhão será investido até 2010, com
previsão
deR$
600 mil só para esse ano.Segundo
Maurício Pereima,20%dovalor total serãodestinadosparaa
finalização
damudança
curriculare 80% àviabilização
das atividades deinteração
comunitária nas unidadesbásicasde saúde. Esssasatividades fa
zempartedo
Programa
DocenteAssistencial,
umconvênio estabelecidoentreaPrefeitura
Municipal
deFlorianópolis
e aUFSC,em 1989.(MoFo)
Transição
viabilizou
investimentos
e
é
aprovada pela
maioria
dos
estudantes
A aluna Danielle Talfer entrou na
Universidadeem 2001,
quando
o cur so nãoeravoltadoparaoatendimentocomunitário.
Hoje,
na12afase,
avaliaamudança:
"Naprática,
pouco mudou.Mudouo
currículo,
mas osprofessores
e asaulas nãomudaram.Nãoéfácilparaum
professor
que dáa mesmaaulahá 20 anosmudar derepente".
Alunosque deveriam
seguir
ametodologia
antiga
e osquejá
seguemaatual acabamparticipando
dasmesmasaulas. ''Tivemosaula decirurgia
vascularcom a7afase,
porexemplo.
Meucurrículo éoantigo,
odeleséo novo etivemosa mes maaula",
contaTalfer.Pereimareconhece adificuldadeem estabelecero novo método. "Ainda estamos em
transição,
não atendemos
integralmente
o queocurrículo
manda",
avalia.Alena
Lopes,
da3a fase dagraduação,
acreditaqueamedicina estásevoltandoparaumladomaishumanista. "Gosto de atenderno
Hospital
Universitário,
sempresupervisionada pelos professores,
éclaro. Achoimportante
entendermosotrabalho do clínicogeral",
salienta.Uma
pesquisa
foi feitapela
coordenação
docursopara sabercomo osalunosvêema
mudança.
Noprimeiro
semestrede 2007, 329 estudantes foram ouvidos
- de
umtotal de
aproximadamente
600alunos matriculados. Desses,88",-bcon
sideraramquea
interação
comunitáriacontribuiparaa sua
formação
acadêmica.Opercentual chega
a93%quando
somados
aqueles
que consideramparcial
acontribuição.
Em todasasfases,
maisde 75%dosgraduandos
relataram que ter vivenciado a in
teração
comunitária foi relevante para constituir sua visão sobre o que ésermédico.Entre os investimentos
já
feitosno curso de Medicina estão
aqui
sição
de recursosdidático-pedagó
gicos
demultimídia,
adequação
de salas deaula;
comprade22equipa
mentos para laboratórios, monta
gem e
equipamento
de habilidadesmédicas e de
informática,
adequa
ção
de espaço do Laboratório Morfofuncionale