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Zero, 2008, ano 25, n.9, jun.

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CURSO

DE

JORNALISMO

DA

UFSC

ANO

XXV, NÚMERO

9

-FLORIANÓPOLIS,

JUNHO

DE 2008

ThiagoPradoNeris

��

t

Escolas

em

regiões

de

risco

fazem

mais do que ensinar

No

Centro

Educacional

Municipal

Renascer,

localizadono

Morro

do

Pedregal,

em

São

José,

professores

e

direção

buscam alertarosalunos contraa

agressividade

eincentivarosestudos

através

de

projetas. Apesar

das

iniciativas,

a

escola ainda

precisa

lidarcom

problemas

comoa

violência

doméstica

e as

condições precárias

da comunidade. páginas8e9

Tribunais itinerantes

atuam

nos

estádios

de

Santa Catarina

Iphan

inclui talian

no

Inventário Nacional de

Diversidade

Ungüistica

Praticado no

círculo

familiar,

o : O programa

Justiça

Presente,

úni-dialeto vêneto

é

falado por cer- co no

Brasil,

procura

agilizar

o

jul-ca de 500 mil pessoas em Santa

gamento

de pequenos delitos em

Catarina e no Rio Grande

do

Sul. eventos de

grande porte,

como

jo-Com a

participação

no

Livro

de gas de

futebol.

A

movimentação

de

Línguas,

o talian

pode

ser

incluído

patrulhas

e

policiais

diminui

com a no

Registro

de Bens

Culturais

de

realização

do trabalho da

equipe

do Natureza Imaterial.

juizado

no

próprio

local.

página

13

páginas6e7

MEC

estimula

mudanças

naSaúde

Para colocaro conhecimento

acadêmico

dos alunos em

prática

ein­

seri-Ias na realidade

sanitária

brasileira,

89 cursos da

área

de

saúde

do

país

se

adequaram

às

diretrizes do

Programa

Saúde

na Família

(PSF).

O

projeto

prevê

a

redução

das

filas

de esperanoSistema

Úni­

co de

Saúde

(SUS)

e o incentivo

à

formação

de

profissionais

genera­ listas. Na

UFSC,

o curso de

medicina,

assim como o de

odontologia

e

enfermagem,

passou por

mudanças

no currículo a fim de sevoltar ao

atendimento

comunitário,

recebendo

apoio

financeiro

através

de programas do

Ministério

daSaúde. A

relação

entre afilosofia inerente à

proposta

eas verbas

envolvidas,

no

entanto,

é

um

ponto

de discus­

são,

que muitos cursos

poderiam

sevincular aoprograma somente em

função

dos incentivos financeiros.

"Ser 4X4":

competição

e

estratégia

página14 Juízes,

advogados,

promotorese

delegados

zelam

pela

segurançanos

jogos

Empresas

do

setor

automobilístico

unem

publicidade

e

esporte

Para

alavancaras

vendas,

fabricantes de

automóveis

dosetor4X4 investem

na

relação

direta com o cliente atra­ vés de

competições

off-road As mais famosas

optaram

pela

estratégia

de transformaro

produto

de alto valorem

estilo

de vida paraseusconsumidores. página11

Projeto

da

prefeitura

de

Florianópolis

depende

de

conscientização

Com

a

iniciativa,

a

administração

muni­

cipal

pretende

dobrara

área construída

em

ciclovias

na

cidade,

que

hoje

é

de pouco mais de 18 km. As

obras,

po­

rém,

causam

bloqueios

temporários

nas estradas e

congestionamentos,

o

que

está

provocando

reclamações

de

moradores

emotoristas.

(2)

2

IOpinião

Florianópolis, junho

de2008

ZERO

FLORIANÓPOLIS,JUNHO DE 2008•CURSO DE JORNAUSMO ANDXXV, NUMERO8

JORNAL

LABORATÓRIO

ZERO AnoXXV- N° 9- Junho 2008

UniversidadeFederal de

SantaCatarina- UFSC

Fechamento: 30 de

junho

CursodeJornalismo -CCE -UFSC Trindade

-Fpolis

- CEP88040-900 Tel.:

(48)

3721-6599/3721-9490

Blog:

vvww,zero,ufsc,br E-mail: zero@cce.ufsc.br

REDAÇÃO

CauêOliveira,CarolinaPompeu Granda,Daniele

Carvalho,DanielleReis,EduardoWolff,Fernanda

Friedrich, Filipe Speck,GrazielleSchneider,João GustavoMunhoz,JulianaGomes,LiviaAndrade,

ManuelaFranceschini,MarianaHilgert,Mayara Rinaldi,NanniRios,Társia Paula Farias

EDiÇÃO

Capaeopinião:GrazielleSchneider,MarianaHilgert

Entrevista: Juliana Dal Piva Política:Fernanda

Friedrich,Carolina Granda Economia: Camila BrandaliseEspecial:JulianaDalPiva Ciência&

Tecnologia:JuliePhilippeCultura:Nanni Rios

Esporte:Livia AndradeContracapa:Eduardo Wolff

FOTOGRAFIA

EduardoWolff, ThiagoPradoNeris,CamilaBrandalise, FilipeSpeck,LilAaAndrade,LauraDaudén,Sofia Franco

EDITORAÇÃO

AnnelizeConti,Camila Brandalise, CarolinaGranda,

CauêOliveira,EduardoWolff,FláviaSchiochet,Fernanda

Friedrich,GrazielieSchneider,JulianaDalPiva,Juliana

Gomes,JuliePhilippe,LarissaLinder,MarianaHilgert,

PedroDeliagnelo,ThiagoPradoNeris,Vera Flesch

PROFESSOR-COORDENADOR

Tattiana Teixeira DRT-BA 1766

COORDENAÇÃO

GRÁFICA

Prof. LucioBaggio

DRT-SC 01 084JP

MONITORIA

Isadora Peron

AGRADECIMENTOS

Pró-reitoriadeassuntosestudantis(PRAE)

...

Melhor

Peça

Gráfica

I,

II, III,

IVeXI

Set Universitário / PUC-RS

1988, 89, 90, 91,

92 e98

Melhor Jornal-laboratório I Prêmio Foca

Sind,dosJornalistasde

SC,

2000

..

30 melhor Jornal-laboratóriodoBrasil EXPOCOM 1994 Impressão:Grafinorte Circulação:Nacional Distribuição:Gratuita Tiragem:5,000exemplares

EDITORIAL

Educação

e

violência

Sinduscon de

Florianópolis,

entidade que representa a classe

patronal

da

indústria da

construção civil,

estima

queumterço dos moradoresda

capital

viva

em

situação

derisco, nas

63

favelas dacida­

de. Dados

apurados pela

reportagemdoZERO

mostram ainda que, das 37 escolas muni­

cipais,

cinco estão nessas

áreas,

o que afeta

2.097dos 16 mil alunos de

Florianópolis.

Em

São

José,

naGrande

Florianópolis,

a

situação

nãoé diferente, Um levantamento feito

pelo

Conselho

Operativo

do

Programa

Fome Zero

(COPO),

em

2003,

aponta para um total de

2.700 famílias vivendoem noveáreas ouco­

munidadesdo

município

em

situação

deex­

clusão socioeconôrnica. Um

quinto

da popu­

lação

deSão

José

vive na

pobreza,

conforme uma

pesquisa

do Instituto

CEPA,

tambémde

2003.Asituação

escolar, apurada pela

nossa

equipe,

abrange

4,200 alunos estudandoem

seisescolas localizadasem

regiões

derisco.

Talvez

sejam

essas asrazões paraacidade

estarna 25"

posição

do

ranking

nacionalno que diz

respeito

à

vitimização

juvenil,

apre­

sentadonoMapada Violência dos

Municípios

Brasileiros,

divulgado

em

janeiro

deste ano

pela

Rede de

Informação Tecnológica

Latino­

Americana

(Ritla),

com dados de 2006. Em

média,

quase 50%do número total dehomi­

cídiosemSão

José

afetama

população

jovem.

Em

Florianópolis,

são

32,8

homicídios para cada 100 mil habitantes. No

ranking

das ca­

pitais

estaduais mais

violentas,

acatarinense

aparecena18"

posição

dentreas25.Secom­

parada

aoutros

municípios

do

Brasil,

amédia

de homicídios não é ruim. Os resultados da

pesquisa poderiam

atésercomemorados. Po­

rém,

abasede

comparação

deveser asituação

da

própria

cidadenos tempos em que tinha

índices semelhantes aosdas

regiões

mais de­

senvolvidasdomundo.Ataxadehomicídios

erade

4,9

paracada 100 mil

habitantes,

em

1980,ede

9,6,

em1990.De2002,

quando

era

de

17,2,

até

hoje,

ela quase

duplicou,

Portanto,

seforem analisadososresultados de Florianó­

polis

com os da

Florianópolis-dos-sonhos

de

antigamente,

a

situação

épreocupante, A

partir

domomentoemquea

população

passaaconvivercom essas

mudanças

sociais sem

questioná-las,

em umasituaçãode apa­

rente

normalidade,

pode-se perceber

a atua­

ção

omissaou insuficientedos

órgãos

públi­

cos. A realidade

apresentada

na reportagem do ZERO- umacomunidade convivendocom

naturalidadecomtiroteios,alunosamassando

giz

para brincarde vendercocaínae funcio­

nários

obrigados

a se

adaptar

aos"horários

daviolência" até para pegarônibus - não

é,

com certeza,um ambiente ideal para a for­

mação

escolar.Paratentarreduziraviolência e, por

conseqüência,

as mortes, a

prefeitura

tentou,

inclusive,

instalarumposto

policial

dentro deumadas escolasde São

José,

locali­ zadanoMorrodo

pedregal.

Tentar resolver somente a ponta mais

visível da

questão

não vai resultaremmui­

tas

soluções.

Situações

como esta deviam

ser

acompanhadas

deperto

pela

adminis­

tração

municipal,

estadual e até federaL

Falta

apoio

psicológico

aos alunos e às

famílias,

faltasegurança paraumambien­

te saudável de

aprendizado

e, em

alguns

casos,faltamatérecursos emateriaisbási­

cos.Mas,

principalmente,

faltao

empenho

para identificare sanarestes

problemas

a

partir

de suasraízes.

1!lF/A(JÃO

!IA

tf;l

UM

P�ATO

DE

T�IGO

PA�A

QUAT�O

TIG�E�

T�I�TE�

Sobre

o

chargista

Murilo RibeiroPalla,autor desta charge,tem 23anose cursa a 11a

fase docursodeEngenhariade Controle e

Automaçãoda Universidade Federal de SantaCatarina

(UFSC),Entre provasetrabalhos,oquase formado

engenheirodesenhapor diversãoeaproveitouoespaço

doZEROpara mostraro seutrabalho, Querentrarem

contatocomele? Escreva para: murilo80@hotmail.com

Para

os

chargistas

Se você édaqueles quequandolêuma notícialogoaimaginanumacharge,

desenheparaoZEROeenvie parao e-mail: zero@cce.ufsc.br. Suacharge

tambémpode serpublicadanesseespaço efazerpartedas próximasediçõesdo

nossojornal.

Barbuda

h:r;

pornografianaIlha

��':!r'

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F;\'¥�

Agiotagemvoltaàtonacomtudo

Ano XIV

·.Wi?

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N°2 (omilões(ompulsivosAnônimos

MPiih>.

'\�

11/97

C...N."tI'M.,"""da R....;.rl�

Osencontrosde Neuróticos

Anônimos(N/A)

sãoumdostemasdeCultura desteZERO. Para

conhecerogrupo

-que começouem

1976,

foi

desativadoevoltouafuncionarem2002-,nossa

repórter

foiatéolocal dasreuniõese

participou

deuma.Em

1997,

um

repórter

doZERO saiu

da sala de aulacom amesmapautaemmãos.

Mas,como

naquele

ano o

N/A

aindanãohavia

retornadoao

trabalho,

eleteveque buscaruma

idéianova.

Depois

detanta

busca,

encontrou,

enfim,

o

grande

temadasuamatéria: osCo­

milõesAnônimos. Ashistórias dos

integrantes

da Irmandade renderam umareportagemde

duas

páginas naquela edição

especial

do

jor­

nal-laboratório.No

final,

o

repórter

apresentou umalistadosdiversos grupos do

gênero

e,com

humor,

relatouasaventurasdeleeda

fotógrafa

pelo

mundo,

até

então,

não muitodesbravado dos grupos de

auto-ajuda.

CARTAS

Reconhecimento

Acusoorecebimentoe

agradeço

a

gentileza

da remessade

exemplar

da

edição

a

seguir

enun­

ciada doinformativodoZEROefelicitoessains­

tituição

pela qualidade

da

publicação:

Anoxxv,

Maiode2008,Número8,

MaurícioAzêdo,Riode

Janeiro

Presidente daAssociaçãoBrasileira de

Imprensa

Zero'emRevista

Sou estudante de

jornalismo

da UFPR Estiveno

IntercomSul2008etiveacesso a um

exemplar

do ZERO(deoutubrode2007),Gostariade dizerquees­

tou

simplesmente

fascinadocom o

profissionalismo

etalento quea

equipe

demonstraemcadamatéria.

Henrique

Kluger,

Curitiba

Sugestão

Primeiro

gostaria

de darmeus

parabéns pelo Jornal

Zero,

confessoque não esperavaencontrarummate­

rial detãoalta

qualidade.

PorqueoZERO nãoutiliza

as novasferramentas da web?Pensei

principalmente

empodcasts

comdiscussões sobretemas

divergentes,

reportagens,

matérias,

resumode notícias do mês. Kaléu

Caminha,

Florianópolis

A

equipe

ehZERO

agradecepelos

comentários.

Estudaremosas

possibilidades

parao

próximo

semestre. Atéo momento, nossa

experiência

nawebenvolveo

blog:

www.zero.ufsc.br.

PARABÉNS!

Os

integrantes

denossa

equipe

Thiago

Prado

Nerise Larissa Linder foram

premiados

na

categoria

fotos

individuaisda14a

Maratona

Fotográfica

de

Florianópolis,

(3)

Florianópolis, junho

de2008

Ryana

Gabecb

Entrevista

I

3

Ryana

Gabechnasceu em

Campinas,

noestadodeSãoPaulo,masmudou­

separa

Itajaí,

emSantaCatarina,

quando

aindaera

criança, Hoje,

mora em

Florianópolis,

onde

escreveu

três livros: Mareavelãs

(2001),

A datainvisíveldopoema

(2006),

Trêmulo

(2008),

Do

poema

à

música,

uma

artista

Aos 15

anos,

ela

vendia

seu

primeiro

livro de

poesias

em

bares. Em

abril,

aos

23

anos,

Ryana

Gabech

ganhou

o

Festival

da

Música

e

da

Integração

Catarinense 2008

(Fernie)

como

compositora

de Travesseiro de

Estrelas,

um

dos

seus

poemas

musicado por

Alegre

Corrêa.

Sem

perder tempo,

em

julho,

lança

o

livro

e o

CD

Trêmulo.

São 17 faixas que misturam

poemas

interpretados

e

músicas de vários

estilos,

transitando desde

o

clássico até

o

rap. A

poetisa

estudaArtes Plásticas

na

Universidade do Estado de Santa

Catarina,

mas,

como

ela

mesma

garante,

é artista há muito

tempo.

ZERO

-Qual

atemáticadosseusli­ vros?

Ryana

Gabech

-Tem sempre aonda do momento,né? No

primeiro

livro,

eubuscavaumacoisa mais sim­

ples,

acho queatéparamefirmarcomopoeta,

algo

inconsciente. Eutinhaumcuidadoexcessivocom o poemaeretornavanelemuitasvezespara

limpar

e

tal.Mascomestenão. Senumpoemaeufalo deum

pó,

este

vaiestaremtodososoutrospoemas do

livro.Essenovolivrotemmuitoa ver com ocorpo, ospoemassãotrêsvezesmais

gigantes.

OTrêmulo é

umlivro que fala sobreasduasesferasmais

utópicas

deprazerede

dor,

por issoonome, porqueagente

tremedeprazerede dor.Elevemmuito mais

dentro,

põe questionamentos

em

tudo,

tem

dor,

a

palavra

meio quetreme.

Que resultados você esperaem

relação

ao CD?

Acho que a marcadeleéaversatilidade.Antes, issoatémeincomodava.

Afinal,

iaser umCDde

quê?

Masagente

conseguiu

definir queseria umCDde

poesia,

emtodasas suas

facetas,

com a

música,

com o

hiphop,

ousozinha.

Quando

apessoaestáouvindo um som e nomeio apareceumavoz e umpoemade umminuto,elasemquerer

estádecorandoe se

identificando.

Logo

depois

entraumamúsicae as­ sim vai. Esseformatoqueele

ganhou

ficouinteres­

santepraouvir,porquesefosseumlivro só devozes

ninguém

agiienta.

Sefosse só de

hiphop

não iater

aminhacara,sefossesócom asmúsicasdo

Alegre

[Alegre

Corrêa,

músico

instrumentista]

iaficarmui­

totriste,

melancólico,

muitodentro.Entãotemum

pouco de cadacoisa. Omelhor foireunirtodasessas

pessoasmuitoboasem

prol

da

poesia.

Aidéia de vocês é

explorar

oselementosou oresultadofinal?

Osdois.

É

nãoficarocorpo

parado

ecriaruma

certaatmosfera íntima.O

palco

tiraaidéia doacon­

tecimento,

depegarpessoas de surpresa, dapessoase

incomodarcom

você,

de ela ficar brabacomvocê.

Eu sou debochada na minha

performance faço

uma

introdução

ecomeço achamaraspessoas: 'ô menina

bonita,

ô

gostosa'.

No meiodo

público,

isso

desconcertaumpouco,no

palco

não é assim. Outra

diferença

éque

quando

apessoa está doseulado fa­

landoa

poesia

para

você,

vocênãotemaposturade

ouvinte,

ou

espectador,

massimdeestar

junto.

Aper­

formanceacontecesempre,masnuncaé

igual.

Ela está sempre dentro deum

ambiente,

e

dialoga

com

este

ambiente,

elanuncaestápronta.

É

umdesafio

constante, porissoqueeuescolhi.Sefizessesóteatro, ou

apresentação

euiaenchero saco.

Então você espera semprecausar uma re­

ação

não

indesejada,

massempre

inesperada.

aconteceu

alguma

coisa que the chamou a

atenção,

quemarcou?

O que acontece na

performance

é

geralmente

uma mistura de espanto com estranhamento. O meu trabalhomaisdifícilnãoévender

livro,

nem

fazeruma

poesia,

massimfazeruma

performance,

efazercomque ela

seja

bemaceita.

É

muitaverdade

na caradas pessoas.

Às

vezes,a

frigideira

viraoralo.

Eu

jogo

elanochãoepergunto

'aquilo

é o

ralo?,

oraloque

ninguém

seatrevea

pisar?

Masseolhar

bemnofundo todo mundoéde lá!

É

o

ralo,

éoralo! Eu

ralo,

vocênãorala? Abreatampado bueiroou

espie

a

Tv,

ou se

é

alienado,

olhe dentro devocê.

É

o

ralo,

éoralo'.Ou

seja,

euestoudentro do ralo.

É

pesado.

Tantoéqueeunãotenhomuitos convites paraapresentarminhas

performances.

Omeudesa­ fioagoraépegaressasbases doCDefazermais

leve,

porqueela émuitodensa. Achoque é por issoque

nãoestoudandocertocomisso

(risos).

oque é "O Ralo"?

É

o

primeiro

rap que eu escrevi, fala sobre a

favela brasileira.Na

verdade,

afavelaéo

ralo,

éo

lugar

que

ninguém olha, ninguém

abre atampa, mastodo

mundo,

de

alguma

ma-neira, precisa

dela. Elaexiste,ela é quase que

patrocinada.

Sevocê

precisa

de

drogas,

você temdeir

lá,

sevocê

precisa

de

alguma

coi­ sado

camelô,

o cara mora

lá,

sua

faxineiramora

lá, (canta)

'quase

ninguém

seatrevea

pisar,

masSe

olhar bemnofundo todo mundo é

de

lá,

éo

ralo,

éoralo'.Essamúsi­

caestánolivro.

Aidéia de levaroTravesseirode Estrelas pro Ferniefoi

posterior

à

produção

do material?

Sim.

Quando

o

Alegre

musicou meu

primeiro

poema,eu

fiquei

comreceiode fazer

qualquer

coisa com

aquela

música. Era

sagrado.

Pramim, oAle­ gre é'Ocara',admiromuitootrabalho dele.

Depois

desse,

agentecontinuoutrocando emailseele feza

segunda música,

fezaterceira...Entãoeucomecei

a verquetinhaumcaminho

ali,

porqueeleestava

levando asério. Como eu

passei

no edital da pre­

feituraenão

consegui

captar,deixeio

projeto

com uma

amiga.

Ela que feza

inscrição

no

femic,

porque

euestava

viajando.

Nasemana

seguinte

tinhaque

tocar.Daífaleicom o

Alegre

eele achou

legal

aidéia dofemicedisse que iasersuperbonitose aGabi

[Gabriela Corrêa]

gravasse 'Travesseirode

Estrelas',

queéa

preferida

dele.

Oque você achou dos crité­ riosdoFernie?

Não seicomofoi daoutravez,

masnesta

edição

notei quetodos

os

jurados

tinhamuma

bagagem

musical,

uma

experiência.

A mi­

nhamúsicafoi eleita porum

júri

que estavaatrásdecoisas novas,

quemaisrebuscadas.Aspessoas

dizem queéumamúsica

bonita,

que

arrepia,

queemociona,como

oqueacontececom a

poesia.

Mas

a minha música não é

popular,

porque não

atinge

tãodiretamen­

te. O

júri

desta

edição

era deste

patamar.

Algo

mais

simplório

não

bastavapara

eles,

tinhaquetrans­

parecer conhecimento musical. Achoque70% dos músicosque

participaram

doFemic nãosabemes­ crever uma

partitura.

O Femic éumresgate,nãoé

prarevelar

ninguém.

É

para valorizaroque

exis­

teepraresgataracultura do festival. Achoruim a

competição,

émuita gente

diferente,

estilos tão

distintos.

Se

você não

se assume

como

artista,

-as

pessoas

nao

vão

te enxergar

como

tal. O

que

me

fez

vender

muito

livro,

é

que

eu me assumi

desde cedo"

Como é a sua

relação

com oteatro?

EufizumcursobásicoemIta­

jaí,

mas eunãogostava.Eu

queria

só escrever, não

queria

representar.

Quando

euvimpra

[para

Flo­

rianópolis]

estudarnoCeart,queé

integrado,

eu meinteresseiemapresentara

poesia

deoutramaneira. Fui

dialogando

ecomecei a ver

anecessidade de saberteatropara

poder

usá-lo.Em

alguns

momentos, a minha

performance

é total­

mente teatro.Entãoeusentifalta deste conhecimen­ to, porquenãoé sóficar falandoa

poesia,

temque terumapostura.

Tem

alguém

fazendo

alguma apresentação

parecida

com asua?

Eu viada Teima Scherer

[poeta gaúcha]

.

É

bem

parecido

com aminha. Chama-seRumordaCasa.

Elaentracom uma

caixinha, joga

um

papel

branco

efalaopoema. Podeser em

qualquer lugar.

Essa éa

diferença

entrea

declamação

e a

performance:

você se

adapta

ao

lugar.

Umavez

apresentei

umaper­

formancenum

lounge

commúsicaeletrônica. Eu entreicom a

frigideira

e

conquistei

a

atenção

dopes­

soal.Entãoa

performance

é pra

qualquer lugar,

ela

temquese

adaptar

ATeimaentra

pedindo

pras pes­

soasfalarem

baixinho,

fazendo

"sh, sh,

sh"nomeio

dahistória. Está todo mundo fazendooutracoisa,

todos sabem quevairolaruma

performance,

mas nãosabemahoraemque elavaientrar.Nãotem

palco,

nãotemmicrofone.

É

umacontecimento,en­

tendeu?Na

apresentação tradicional,

temquetero som

adequado,

temqueteruma

partitura

...agente

nãofazassim. Agenteemendaumpoemanooutro.

Omeuéumtrapoamarradonooutro,oda Teima é umacaixinhaemque elavaitirandocoisas.

Atualmentecomovocê pagaascontas?

(risos)

Bom,soumonitoradeartena

Fundação

Cultural

Badesc,

mas querovenderolivro eviver

disso.Meu

grande problema

eraterodinheiropara

fazerolivro.Como

ganhei

o

patrocínio

da Eletro­

sul,

odinheiroda vendavempramim. Seeu ven­

dera mesmacoisaquesempre

vendi,

eusobrevivo. Eu

pretendo

fazeras

apresentações,

divulgar ele,

e continuar

escrevendo,

criando. Olance do artista écriar,eleépresonessa

dimensão,

e umtrabalho maisformaltira muitoisso,essetesãodeestarpro­

duzindo. Acho queé

possível

viverde tudo que éver­

dadeiro nagente.Detudo que possaserencarado comoverdadeeidentidade.Sevocênãose assume comoartista,aspessoastambémnão vãoteenxer­ garcomotal.O quemefez vendermuitolivro é que eu me assumidesde cedo comoartista. Oque fez o

Alegre

usar meuspoemas, nãofoi porquemeus

poemassão

bonitos,

ele

falouisso. Foi

pelo

fato de

euestarnumbar vendendo minha

poesia.

ZERO

(4)

4

IPolítica

Florianópolis,

junho

de 2008

ThiagoPradoNeris

Na

capital

de Santa

Catarina,

aausência de cicloviasem ruasde

grande

movimento

obriga

motoristaseciclistasa

disputarem

espaçonotrânsito,

Apenas

a

construção

defaixas exclusivas para bicicletasnão resolveo

problema

Florianópolis

ganha

novas

ciclovias

Embora promova maior

segurança

para ciclistas

e

motoristas,

transtorno

provocado

pelas

obras

gera discussões

projeto

Florianópolis

- cidade

amiga

da

bicicleta, lançado

em 2007

pela prefeitura

mu­

nicipal,

está

provocando divergências.

Opacotede obras

prevê

a

construção

de oito cicloviasem pontos distintos

da

cidade,

totalizando

18.360

metros

de extensão, quase o dobro da área existente

hoje.

Todasasobras

estão em

execução

e o transtornocausado

é inevitável:

bloqueio

temporário

das vias e

congestionamento.

Alguns

moradores e motoristas quecirculam

pelas

áreasbeneficiadas

com as ciclovias não aprovam os

problemas

decorrentes. "Me

diga,

para queesse transtornotodo?Eu não vouabdicar domeudireito desairdecar­ roparaira

qualquer lugar!

Suarnuma

bicicletapara iraotrabalho...Nemmor­

to!",

disseummotoristadeumRenault

Cliopratasobreafaixa exclusivapara ci­

clistasem

construção

na ruaDelminda

Silveira,

nobairro

Agronômica.

A

opinião

do condutor ilustra bem

um dos obstáculos enfrentados

pelo

projeto:

aresistência quemuitas pessoas têmem

relação

aousoda bicicletacomo meiodetransporteurbanoediário.Para

tentaramenizaressa

situação,

a

prefei­

tura

irúcioua

distribuição

de

panfle­

tos,nas

regiões

próximas

às

obras,

para orientarealertarmotoristas,ciclistase

pedestres

sobre osbenefícios dousoda

bicicleta parao

trânsito,

meio-ambiente e a

própria

saúde dos condutores.

Mas não sãoapenas aspessoas que nãoutilizamasciclovias quetêm

queixas

sobreasobras.Váriosciclistas reclamam

que os carros passem muito

próximos

da

guia,

por isso é

grande

orisco pra quem quer

pedalar

por

lá",

conta

Silveira.

A

arquiteta

doIns­ tituto

de-Planejamento

Urbano de

Florianópo­

lis

(IPUF),

VeraLúcia

Gonçalves, explica

queem

algumas

ruas,como a

Gramal,

é

impossível

construir faixas exclusivas devido aoespaço. Oscritérios avaliados

paradecidirque viasreceberãoasciclo­ viasconsideram basicamenteofluxo de pessoas e de veículos motorizados que

circulam

pelo

trecho

diariamente,

avelo­

cidade média

registrada

e oespaço

dispo­

nível paraa

adaptação,

que muitasvezes éinsuficienteparaa

execução

da obra.

Apesar

denão

agradar

a

todos,

Milton

DellaGiustina,

presidente

da

Associação

dos Ciclousuários da Grande

Florianópo­

lis

(Via Ciclo)

eex-ciclista

profissional,

acreditaqueascicloviasem

construção

sãoo

primeiro

passo paraa

massificação

dousoda bicicletae ocomeçodeuma

conscientização

da

população

sobre o

queéotrânsito. "Osmotoristastêmque entenderquequantomais espaçodeixa­

remparaos

ciclistas,

maisespaço sobra­

rá para

eles,

eissotambém diminuiráo queelasestãosendo construídasemlo­

cais

errados,

comoAntônioCarlos Silvei­

ra,moradorda

região

do

Campeche,

que teráacessoporumaciclovia construída

emtodoopercurso da avenida

Pequeno

Príncipe.

"Para

chegar

emcasa,eutenho que pegaraGramal

(rua

quecruza aPe­ queno

Príncipe).

Láos carrosandamem

alta

velocidade,

mesmo com as

lombadas,

além dea rua serestreita,fazendocom

o

pacote

do

IPUF

prevê

18.360 metros

de vias para

bicicletas

trânsito",

dizGiustina,quetambém des­

tacaabicicletacomomeiodetransporte

ecologicamente

corretoemaissaudável.

Movimentos sociais

A

construção

das faixas exclusivas é apenaspartedeum

projeto

que

objetiva

criarumamalha cicloviáriaconsistente,

eficienteesegura. Para

atingir

essameta

sãonecessáriasmedidasque vão muito além das obras da

prefeitura.

Conven­ ceraspessoas de que andar de bicicleta éviávelrequerumasériede

alterações

no ambiente urbano: infra-estrutura

adequada,

maior segurançanotrânsito e

conscientização

dos condutores de veí­

culosautomotores

-que devem entender queosciclistastêmo mesmodireito de

utilização

dasviasesãobeneficiadospe­ las leis de trânsito.

Paratentarresolveresses

problemas,

surgiram

movimentos sociais para pres­ sionarasociedadee a

administração pú­

blicaafavor deumtransportequefacilite amobilidadee o acesso aosmaisdiversos locais

respeitando

as necessidades dos

moradores e a

conservação

ambiental. Em

Florianópolis,

gruposde moradores

participam

das discussões sobreoPlano Diretor quedefiniráasdiretrizesparao '

crescimentourbano da

capital.

Um dos mais ativos é formado

pelos

representantes dos bairros que

compõem

aBaciado Itacorubi: Itaco­

rubi, Trindade,

Santa

Mônica,

Córre­

goGrandeePantanal.Emdocumento encaminhadoà

administração

muni­

cipal pelas lideranças

das comunida­ des- em

média,

30 pessoas-,fica clara

a

preferência

àsbicicletascomomeio

detransportemaisacessívelecômodo

paraa

região.

UmPlanoDiretor que

priorize

abi­

cicletae o transporte

público

também

pode

reduzirosgastoscomobras de du­

plicação

deviase

construção

de

elevados,

muito maisaltos doqueos recursosque seriamdestinadosà

adaptação

deuma

região

às

ciclofaixas,

cujo

custoficaem

médiaem

R$

100milpor

quilômetro

em vias

existentes,e emtomode

R$

150 milemterrenonu.

É

possível

construir

dez

quilômetros

de cicloviascom ovalor

gastoem umdecapeamentoasfáltico.

Outrapropostado grupo é o mo­ vimento Estaciona e

Pega ônibus

(Bpõ).

Aidéia é que os terminais de ônibus

sejam

interligados

combolsões deestacionamentoem

lugares

estraté­

gicos,

como odesativado Terminal de

Integração

doSacodosLimões

(TISAC)

e omal

aproveitado

estacionamentodo

Centrode

Integração

e Cultura

(CIC).

Osbolsões

próximos

aosterminaisse­ riamumincentivo aoscondutores de carros emotocicletas paraqueparem seusveículosepeguemumônibus para

percorrerasdistânciasmais

longas,

Os bolsões de estacionamento

existemem

países

como aHolandaea

Inglaterra,

queadotarammedidas para

priorizar

o usoda bicicletaedotrans­

porte

público,

No

Brasil,

Curitibatam­

bémexecutouo

projeto

e éa

campeã

brasileira de

quilometragem

exclusiva

paraosciclistas:122

quilômetros.

Além

disso,

a

prefeitura

de Curitiba

planeja

implantar

um sistema de

aluguel

de

bicicletas,

como oque

éutilizadoem

Paris,por

exemplo.

Cauê Azevedo

o

andamento

das

obras

CANASVIEIRAS "" "" .. "" .""""'""""" " " ..700m(executada) INGLESES....".."..".. .

"""." " ".. ".." "".." "" ,,4.000m(executada)

ELEVADO ITACORUBI """" "" " "".., " ".." "..300m(executada)

PC-1 - BEIRA

MAR CONTINENTAL..".. . 2.300m(emexecução) BEIRAMAR

LIGAÇÃO

FLORIANÓPOLIS/SÃOJOSÉ...".""..", ",,360m(em execução)

HERCíLlOLUZ. "...."."..."...".."...". "" ".1.200m(em execução)

AGRONÔMICA,"".."" .."

..."""""""'"''. " ",,"...".. " ".1.600m(em execução)

(Hospitallnfantil/BeiramarShopping) ROD.LUIZBOITEUX PIAZZA.,,"

...'''''''''''''''' .. ,..." ..". "".2.800m(emexecução)

(CachoeiradoBom JesusaPontadasCanas)

CAMPECHE(Av. Pequeno Príncipe).."". .... ".."".2.800m(emexecução) RIOTAVARES(SC-405).." "

""" """",,"..,..". ".." """ 1.100m(emexecução) ROD.BALDICERO FILOMENO " " " "..,,4.700m(emexecução)

PÂNTANODO SUL /AÇORES""""""""" "..." .."".."..".".,."...1.500m(licitado)

TOTAL""."".".".." "..."...."."..."."

...."...""...."...""..."."..."...23.360m

(5)

-t

Florianópolis, junho

de2008

VilsondeSouza/Arquivo pessoal

",,_

If

Ciência &

Tecnologial

5

Web

facilita

estudo

de outras

línguas

o

e-

Tandem

ajuda

falantes nativos

a

ensinar

seus

idiomas

e

aprender

outros via sites

como

o

Facebook

Email: Seunomeaqui Password:

Suasenhaaqui

Rememberme

,

'E

vocêuteensinomeensinaaminhaasua",

língua,

esse éo

princípio

deummétodo

de

aprendizagem

de idiomas que estáse

popularizando

com a internet. Aidéia équefalantesnativostroquemseus co­

nhecimentosnumaaula onde ambos são

professor

ealuno.O

planejamento

e aescolhadosconteúdossãoresponsa­

bilidade deles.A web éumaferramenta

quefacilitaocontato entrequemquer

aprender

uma

segunda língua

através

dessa

metodologia

e,

atualmente,

existem sites desenvolvidos

especifica­

mentepara promoveresseencontro.

Criado em 2007,

pelo engenheiro

eletrônico FernandoPerini,o

Language

Exchange

(LX)

éum

aplicativo

dosite

de relacionamentos Facebook

(www.

facebook.com)

para

aprendizagem

de

línguas

estrangeiras.

Os usuários que

participam

do LX oferecem o ensino desua

língua

maternapara,emtroca,

aprenderem

outro idioma. Dentre os cinco

aplicativos

desenvolvidos para

esse

fim,

oLX éomais

popular,

tendo a

participação

de

aproximadamente

50 milpessoasemmaisde30

países.

De acordocom Perini,a

principal

finalidadedo

aplicativo

éfazero cruza­

mentodedados para colocaremconta­ topessoascominteressesnas mesmas

línguas.

A

partir daí,

elas

podem

man­

ter contato

pelo

Facebook,

masdevem

buscaroutrasformasde

comunicação

comoprogramas deconversão

instan-..

EveryoneCan Join

Você foi convidado!

Receber dealgum

conhecidoumconvite

poremail,éumadas formas decadastrar-se

nofacebook.

tânea paraexecutaras

aulas,

pois

oLX não

possui

salas debatepapoou recur­ sosde áudio.

Atualmente,

a

língua

mais procu­ rada éo

espanhol,

com

2635

usuários interessados. Esseidiomaétambém a

língua

commaior

equilíbrio

entreofer­

taeprocura, há2462 falantes

dispos­

tosalecionaroidioma. O

português

é

procurado

por721 pessoas,masapenas

375seoferecemparaensiná-lo.

O

aplicativo

que foi desenvolvido

como um

bobby pelo engenheiro, hoje

rende

alguns

dividendos. Perini

ganha

comvenda de

publicidade,

masgaran­

tequetodoodinheiroéutilizadopara melhoriasnoLX. Obrasileiro

recebeu

propostasdeduas empresas chinesase umacanadenseparavendero

Langua­

ge

Exchange.

"Não me desfiz porque ainda tenho o LX como uma forma

de lazeregostodetrabalhar

nele",

diz Perini.

Hádois meses, oestudantede Ge­

ografia

da Universidade do Estadode Santa Catarina

(Udesc)

BrunoBortolli

tenta encontrarnoLX

alguém

interes­ sadoem

aprender português

e

disposto

a ensinar árabe. Bortolli conheceu o

Facebookduranteum intercâmbiono

Egito

eutilizaosite paramantercon­

tatocom os

amigos

quefezdurantea

viagem.

"Ainda não encontrei

ninguém

com os mesmos interesses que eu, a maioriadaspessoas que ensina árabe

quer

aprender inglês",

afirma.

Quan-�

t.anquaqeExchange

do nãohá coincidênciaentrea

língua

ofertadae a

procurada,

Perini sugere a

formação

de trios, nesse caso, por

exemplo,

aidéia seriabuscar

alguém

quefale

inglês

eque

esteja

inte-ressado

em

aprender português.

Segundo

Lecila

Oliveira,

professora

do

Departamento

de

Psicologia

daUni­

versidade Federal de Santa Catarina

(UFSC)

e

pesquisadora

da áreade

psi­

cologia

doensinoeda

aprendizagem,

é por meiodas

relações

interpessoais

que o serhumanotem

condições

de apren­

der. "Noprocessode

aprendizado

asin­

teraçõessociaissão muitovalorizadas

e as novas

tecnologias

aumentam as

possibilidades

destas

interações,

facili­

tando,

emmuitos casos, a

aprendiza­

gem",

diz. Novaforma

A

metodologia

de

aprendizagem

deuma

língua

estrangeira

a

partir

de aulascomfalantesnativosé chamada

Tandemenão

surgiu

com ainternet. O Tandem ocorre

quando

dois estu­

dantes de

líriguas

se comunicam en­

tresi, dividindoo comum

objetivo

de

aprender

a

língua

maternado outro.

Uma das

primeiras

formas de orga­

nização

desse método apareceu na

Europa,

em

1968,

numprograma de intercâmbioentre

França

eAlemanha. No

início,

a

metodologia

era

aplicada

emaulas

presenciais,jace

to

face

Tan­

dem.Com odesenvolvimentoda

tee-Comesse olicanvo éfádlachar deacorcocoma

ccmpatíbilldade

com osseus.rveressespessoaise

disponibilidade,o parcenocerto paraatrocade

linguagem.

Para aulas

presenciais

hásalas ondea

metodologia

é chamadade face to face Tandem

nologia,

ométodo

ganhou

umanova

forma,

oe-Tandem.

Para o

professor

do

departamento

de

Língua

eLíteratura

Estrangeiras

da

UFSC, Markus

Weininger,

o Tandem

possui

umasériedevantagensem re­

lação

aoscursosconvencionaisdelín­ guas,

porém

ele não substituiassalas

de aulae osestudantes

precisam

de al­ guns

pré-requisitos

para queametodo­

logia

funcione. "A

primeira

vantagem

éocustozerodas

aulas,

além

disso,

o

.

métodoé maisautênticoqueostradi­ cionaisehá

atualização

permanentede

conteúdos,

diferentedo queocorre com osmateriais

didáticos",

explica.

Com

relação

às

desvantagens

do

Tandem, Weininger

lembraque é

neces-Infográfico:Fernanda Friedrich

\

É

possível

criaruma

contanositesem ser

convidado. Acesse:

www.facebook.com

cliqueem

Sign

Upe

preenchaa

seguinte

ficha de

inscrição

sárioumnível básicode conhecimento na

língua

que se quer

aprender

para quesepossa estabelecera

comunicação

com ooutro.O graudeinteressedeam­

bos

pode

sermaisuma

dificuldade,

"há

pessoasmaisdedicadasqueoutras,as­ simseu

colega pode

não prepararuma aulacom a mesma

dedicação

que

você,

por

exemplo".

VilsonGustavo de Souza éex-estu­

dante de

Letras/Alemão

da UFSC e

praticou

o

face

to

face

Tandem.

Viajou

àAlemanhaparafazerumintercâmbio naUniversidadede

Leipzig

eláconhe­ ceu um

departamento

de Tandem que

funcionadeforma semelhante aoLX: osalunos

preenchem

fichase o

depar­

tamentoseencarregadeencontrarseu

TandemPartner

(parceiro

Tandem).

Souza foi além da

prática,

inte­ ressou-setanto

pela metodologia

que

viajou

para a Universidade de Bo­

chum,

emoutraciadade

alemã,

para

aprender

a

aplicá-la.

"Fuiaconvitede uma

professora

parafazerum

estágio

num curso intensivo de

Tandem",

conta.

Quando

voltou ao

Brasil,

em

2005,tinha

planos

de criarna UFSC um

projeto

semelhante. A idéia foi colocadaem

prática

em

2006,

inicial­

mentevinculadaao

PETjLetras,

mas

Souza não

pôde

dar

seqüência

aos

planos

devidoàfalta detempo.

A Universidade Estadual Paulista

(Unesp)

possui

um

projeto

chamado

Teletandem Brasil

(www.teletandem­

brasil.org).

O

objetivo

é colocar em

contato alunosuniversitários brasilei­

rosque querem

aprender

uma

língua

estrangeira

ealunos universitários de

outros

países

que estão

aprendendo

português.

O

projeto possui

também

umgrupo de

pesquisa

que

obteve,

em março de 2007,o

apoio

da

Fundação

de

Amparo

à

Pesquisa

do Estado deSão

Paulo

(Fapesp)

namodalidade

Projeto

Temático,

umaforma de financiamen­

tode

grandes

pesquisas,

em

geral

com

duração

dequatroanos,e com o

obje­

tivosde

alcançar

resultados científicos

ou

tecnológicos

esocioeconômicos de maior

impacto.

Ineressaooem

aprender

Hngua� ecuvuras?

Entrenanossarede

global

detrocade

linguagem

Note: This is forpersonal profiles.Youma

,

ZEBO

MayaraRinaldi Abouttl\ls UseFacebooktoconnectwith yourfriends,

belowtoget started(allfteldsarerequired

Full Name:

Iam:

Date of

Birth-I

Após

abrirsuaconta, vocêpode

encontraroLXatravésdaferramentade busca dofacebook.No canto

superior

esquerdo

da

página,

digite Language

Exchange

emSearch.

Surgirá

umalista de

páginas,

emqueoLXestánotopo.

Se

preferir,

háoutros

aplicativos

com

função

semelhante

(6)

6

I

Ciência

&

Tecnologia

+-Florianópolis, junho

de2008

MEe

quer

profissionais

generalistas

Alunos

nas

fases iniciais de medicina atendem

nos

postos

de

saúde

em

projeto

do

governo

para

desafogar

o

SUS

a

primeira

vezque Divo Guisoni,

67anos, vaiaoPostodeSaúde do

'bairro

Trindade,

em

Florianópolis.

Uma

corriqueira

sinusiteé

diagnosticada

pelos

estudantes Rafael BarretoeAlexan­ dre Gomes. Os dois estãona6a fasedo cursode medicinanaUniversidadeFede­ ral de Santa Catarina

(UFSC)

eháquase

um anoatendemnasala de número 3.

Emtrocadeuma novafilosofia de

ensino eincentivosde

R$

40

milhões,

89 cursos da área da saúde

lançam

seusalunosaosistema

público

deaten­

dimento através do

Programa

Saúde

naFanu1ia (PSF).O

objetivo

doPSFé

desafogar

o Sistema

Único

de Saúde

(SUS),

utilizandooatendimento desses

estudantes durantea

graduação

eesti­ mulandoa

formação

demédicos. Eles talvez abram mão da

especialização

ou

queiram,

um

dia,

atuaremmedicinada

familia

-enãoemoutras

áreas,

como

ginecologia, pediatria

ou

oftalmologia.

Enquanto

BarretoeGomes nãosefor­

mam,prestam

serviços

àcomunidadedo bairro Trindade. Durante seisanos,elese

mais600 estudantes estarãonas emer­

gências

das unidades de atendimento determinadas

pela

universidade

logo

na

primeirafasedocurso.Dadosda Secre­ tariade Saúde de

Florianópolis

apontam

um aumento relevante no número de

estudantes presentes nos 28 pontos de

atendimentoda

capital.

De100,em1997, passou para500,em2007.

Ofato deseratendidoporestudantes não incomodou Guisoni. "Acho funda­

mental que eles

aprendam

na

prática

E eles não estão

sozinhos,

têmo acom­

panhamento

da

Dra.", diz,

referindo-se

aJane

Cardoso,

orientadora doPostode Saúde daTrindadee

professora

daUFSC. Ela é chamada àsalaonde acontecea consulta para daroparecer finale

recei-lauraDaudén

Pesquisas

sobreaeficáciadoprogramaainda nãoouviramoscidadãosatendidos

pelos

alunos

ZERO

tarantibióticose

paracetamol

aGuisoni. A presençadesses alunosnoslocais deatendimento contribuiparaocálculo do número deatendimentos realizados.

"Apesar

defazerem apenasumaparte da consulta

sozinhos,

nós contamos

100%com eles.

Quando

eles não

vêm,

ficamuito

complicado",

diz aorienta­

dora,

que é

responsável

por 16dos32 alunospresentesnoPosto.

Cardoso foiafavordareformacurri­ cular queaconteceuno cursode medici­ nadaUFSC,em2002. Na

época,

ocorpo docentedecidiu modificaraestruturade

disciplinas

da

graduação

evoltarsuafor­

mação

paraoatendimentocomunitário,

comaulas

práticas

em

hospitais

epostos de saúde desdea

primeira

fase.Os egres­ sosdeste

tipo

decursosãooschamados médicoscom

formação generalista.

A

premissa

de que o

aprendizado

prático

é eficiente é

questionada pelo

Conselho

Regional

de Medicinade Santa Catarina

(Cremesc).

"Se osalunos tive­ remboaassistênciatécnica,vão

aprender.

Agora,

técnica

pessoal

é

perigosíssima,

e àsvezesquem ensina éummédicoenão um

professor",

alerta AnastácioKotzias,

Presidentedo CREMESC.

No

PSF,

o orientador do posto de saúde não

precisa

ser, necessariamen­

te,

professor

da

instituição.

"O médico

do PSF nãotem queseroneradopara

ensinar,ele está ali paraatender.Quem

ensinatemque saberoqueestáfazen­

do,

senãoosalunosvão

aprender

com o erro,eesseerrofoi feitoem

alguém.

Não se

pode aprender

com erro eacertoem

medicina",

enfatizaKotzias.

Nemtodosos

pacientes

ficamcon­

fortáveis com a

situação.

Gomes, o

estudante de medicina que atendeu

Guisoni, conta que

alguns

se sentem

inseguros

ereclamam. "Massão

pou-cos",

pondera.

É

Gomestambém quem

diz não pensar em trabalhar emum

postodesaúde. "Nuncapenseiemser

médico de PSF, acho a rotina deum

médico de família muito monótona

porque não

podemos

fazer nada além de

diagnosticar,

fazer

alguns

examese

encaminharpraum

hospital.

Acho vá­

lido

aprender

aqui,

masnãofaria isso

comomédico

formado", diz,

referindo­ se aofatodomédicodepostode saúde não

acompanhar

otratamentodospa­

cientes queatende.

Barreto reitera:"Osrecursossãoli­

mitados,

falta material. Esses

dias,

che­ gouuma

paciente

comfebreedoresno

abdômen.Levou15dias praficarpron­

toumexame.Faltaestruturaerecurso.

conseguimos

atenderos casosmais

básicos".

Manuela Franceschini

Novas

diretrizes ainda

enfrentam

resistência

entre

alunos

e

professores

Quando

Rafael Barreto eAlexandre Gomes

ingressaram

na

universidade,

a novaproposta

pedagógica já

havia sido

definida. Suaturmaestánoiniciodo5°

ano;ouseja,não

há, ainda,

alunos for­ mados

pelo

currículonovo naUFSC,que foimodificado substancialmente.As ativi­

dadesnaredede

atendimento,

queantes

começavamnalOafasedo curso, são ini­

ciadas

naIa.Atéa4a

fase,

osalunossão

divididosemgruposefazemvisitasdomi­

ciliares,

vãoacrecheseescolasda área

pela qual

ficaram

responsáveis.

Oaluno

deveestarfamiliarizadocom olocale ser uma

figura

conhecida da comunidade

-porisso,

passará

todaa

graduação

em um mesmoPostode Saúde.

Ocoordenador docursode medicina da instituição, Mauricio Pereima, conta

queantesdeoptarem

pelo

novométodode ensinohouvediscussõesemesas-redondas comalunosedocentes.A

decisão,

entretan­

to,nãofoiconsenso.Aresistênciatantodos

professores

comodosalunos é

apontada

por

Pereimacomo umdos fatoresa serem su­

perados.

"Os

professores

tiveramdificuldade

parase

adaptar,

assimcomo os

alunos,

que têmum

perfil

sócio-econômico de classe médiae

entramnauniversidade pensan­ dona

especialização",

critica

Depois

de

aprovado

o processo de

reformacurricular

pelo

Ministério da

Educação (MEC),

o cursode medicina enviouum

projeto

ao

Programa

deIn­

centivoàs

Mudanças

Curricularespara

asEscolas Médicas(PROM

ED) ,de

quem recebeu

R$I,5

milhãoparase

adaptar

ao novométodo

capacitando

professo-res ereformando laboratórios.

Em

2006,

o

Programa

Nacionalde

Reorientação

da

Formação

Profissio­ nal em Saúde

(Pró-Saúde)

aprovou

outro

projeto

do curso de medicina

daUFSC,dando continuidadeaopro­ cessode

transição.

Um total de

R$

1,6

milhão será investido até 2010, com

previsão

de

R$

600 mil só para esse ano.

Segundo

Maurício Pereima,20%

dovalor total serãodestinadosparaa

finalização

da

mudança

curriculare 80% à

viabilização

das atividades de

interação

comunitária nas unidades

básicasde saúde. Esssasatividades fa­

zempartedo

Programa

DocenteAssis­

tencial,

umconvênio estabelecidoentre

aPrefeitura

Municipal

de

Florianópolis

e aUFSC,em 1989.(MoFo)

Transição

viabilizou

investimentos

e

é

aprovada pela

maioria

dos

estudantes

A aluna Danielle Talfer entrou na

Universidadeem 2001,

quando

o cur­ so nãoeravoltadoparaoatendimento

comunitário.

Hoje,

na12a

fase,

avaliaa

mudança:

"Na

prática,

pouco mudou.

Mudouo

currículo,

mas os

professores

e asaulas nãomudaram.Nãoéfácilpara

um

professor

que dáa mesmaaulahá 20 anosmudar de

repente".

Alunosque deveriam

seguir

ameto­

dologia

antiga

e osque

seguemaatual acabam

participando

dasmesmasaulas. ''Tivemosaula de

cirurgia

vascularcom a7a

fase,

por

exemplo.

Meucurrículo éo

antigo,

odeleséo novo etivemosa mes­ ma

aula",

contaTalfer.Pereimareconhe­

ce adificuldadeem estabelecero novo método. "Ainda estamos em

transição,

não atendemos

integralmente

o queo

currículo

manda",

avalia.

Alena

Lopes,

da3a fase da

graduação,

acreditaqueamedicina estásevoltando

paraumladomaishumanista. "Gosto de atenderno

Hospital

Universitário,

sempre

supervisionada pelos professores,

éclaro. Acho

importante

entendermosotrabalho do clínico

geral",

salienta.

Uma

pesquisa

foi feita

pela

coordena­

ção

docursopara sabercomo osalunos

vêema

mudança.

No

primeiro

semestre

de 2007, 329 estudantes foram ouvidos

- de

umtotal de

aproximadamente

600

alunos matriculados. Desses,88",-bcon­

sideraramquea

interação

comunitária

contribuiparaa sua

formação

acadêmi­

ca.Opercentual chega

a93%

quando

somados

aqueles

que consideram

parcial

a

contribuição.

Em todasas

fases,

maisde 75%dos

graduandos

relataram que ter vivenciado a in­

teração

comunitária foi relevante para constituir sua visão sobre o que ésermédico.

Entre os investimentos

feitos

no curso de Medicina estão

aqui­

sição

de recursos

didático-pedagó­

gicos

de

multimídia,

adequação

de salas de

aula;

comprade22

equipa­

mentos para laboratórios, monta­

gem e

equipamento

de habilidades

médicas e de

informática,

adequa­

ção

de espaço do Laboratório Mor­

fofuncionale

atualização

deacervo

Referências

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