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Eficiência Elétrica e Qualidade da Energia no

Sistema de Iluminação Residencial

MARLLON WELTER SCHLISCHTING; GABRIELA PESSOA CAMPOS; CÁTIA SANCHEZ ROBOREDO; ARNULFO BARROSO DE VASCONCELLOS; FABRÍCIO PARRA SANTILHO;

Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT. Av. Fernando Corrêa da Costa, nº 2367 - Bairro Boa Esperança. Cuiabá - MT.

TERESA IRENE RIBEIRO DE CARVALHO MALHEIRO;

Instituto Federal de Mato Grosso - IFMT. Avenida Sen. Filinto Müller , 953. Cuiabá - MT.

MARJORIE TERUEL DE ASSUNÇÃO;

Energisa Mato Grosso – Distribuidora de Energia S.A.Rua Manoel dos Santos Coimbra, 184. Cuiabá - MT.

Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar a eficiência elétrica e a qualidade de energia na troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas em Unidades Consumidoras de baixa renda. A eficiência elétrica utiliza simulação computacional, através de um software em Excel, para análise da implantação do projeto de eficiência energética na baixa renda. O programa utiliza medições realizadas em uma amostragem do total de consumidores beneficiados. Estes dados alimentam o Programa que com os valores de energia economizada em um ano e a redução de demanda média na ponta, proporciona, juntamente com as informações do sistema tarifário e os dados técnicos da concessionária e a Relação Custo Benefício do projeto, onde verificará sua viabilidade técnica e econômica.

Palavras-chaves PROPEE, Eficiência Elétrica, Lâmpadas, Relação Custo Benefício, Qualidade da Energia.

I.INTRODUÇÃO

A eficiência energética está relacionada diretamente com o uso racional da energia elétrica e tem como premissa sua melhor utilização. Esse conceito é previsto na Lei nº 10.295 de 17 de outubro de 2001, na qual o poder executivo estabelece níveis máximos de consumo específico de energia elétrica ou mínimos de eficiência elétrica de máquinas e aparelhos consumidores de energia elétrica fabricados ou comercializados no país [1].

No Mato Grosso, o consumo de energia elétrica nas edificações residenciais corresponde a cerca de 35,9% do consumo faturado no Estado, sendo que uma grande parcela dessa energia é utilizada na operação e manutenção das edificações e nos sistemas artificiais que proporcionam conforto ambiental para seus usuários, como iluminação, climatização e aquecimento de água [2].

O projeto “Luz em Conta”, desenvolvido pela ENERGISA/CEMAT desde 2004, destina-se a famílias carentes, realizando a troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas (LFCs) de 20W. A troca de lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas em Unidades Consumidoras de baixa renda provoca, além do aumento da eficiência energética, impacto na vida do consumidor. Este impacto verifica-se na área social, econômica, comportamental, educacional e ambiental.

Verificou-se, in loco, que estes consumidores, em sua grande maioria, são oriundos da grande migração populacional que ocorre no Brasil. As pessoas deixam suas comunidades rurais de origem e passam a residir na periferia das cidades, onde não pagam aluguel, invadindo áreas públicas e privadas. Crescem de forma exponencial, tornando-se aglomerados humanos com problemas sócio-econômicos. Assim, este Projeto de Eficiência Energética produz efeito positivo na qualidade de vida destas pessoas, promovendo a cidadania e a sua inclusão social. A substituição por lâmpadas fluorescentes compactas mais eficientes irá refletir no valor da fatura de energia elétrica de cada Unidade Consumidora. No tocante à educação, com a troca de lâmpadas incandescentes por aquelas mais eficientes energeticamente, estes consumidores terão oportunidade de aprender a combater o desperdício de energia elétrica. Aprendem os benefícios que o uso racional de energia elétrica aufere aos consumidores estimulando o consumo energético de forma sustentável [3].

Com o objetivo de regulamentar os projetos de Eficiência Elétrica nas classes de baixa renda e a finalidade de obter uma padronização dos projetos de cálculo de redução de consumo de energia elétrica e redução de demanda de potência ativa na ponta, na substituição de equipamentos de iluminação, refrigeração e condicionamento ambiental, a ANEEL forneceu às concessionárias três arquivos, construídos utilizando a ferramenta Microsoft Excel®, que disponibilizam, através de um relatório, a viabilidade técnica e econômica do projeto quando alimentados com informações das medições realizadas em campo destes equipamentos, antes e após a troca, em uma amostragem de unidades consumidoras.

Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo analisar a exequibilidade do novo programa para Projeto de Eficiência Elétrica, fornecido pela ANEEL, em parceria com a ENERGISA/CEMAT, realizando assim o cálculo da viabilidade econômica do programa “Luz em Conta”, a partir de medições instantâneas de uma amostragem para a troca de 13.840 Lâmpadas incandescentes no estado de Mato Grosso.

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O programa de Eficiência Energética da ANEEL [4], que foi elaborado utilizando a ferramenta Microsoft Excel®, possui um arquivo com 16 planilhas, sendo cada uma construída para determinada coleta de dados e cálculos. Nelas são preenchidos os dados de apoio aos cálculos, os valores da tarifa de energia da região de atuação da Concessionária, os dados do projeto, os dados das unidades consumidoras amostradas, os custos do projeto, a avaliações ex-ante e os dados coletados nas medições em campo. Nelas também são encontrados o cálculo da Relação Custo Beneficio - RCB, o resumo do projeto, o cálculo da incerteza e o relatório final. A seguir, descreve-se um resumo de cada planilha de entrada.

 Início – Fluxograma mostrando as várias etapas para preenchimento correto do software.

 Apoio – Planilha contendo os valores de apoio para os cálculos, sendo eles a tabela de amostragem, o horário de ponta da região e o calendário dos dias de medição.

 Preço e 3º Ciclo – De acordo com [5], são preenchidas as tarifas de energia, os encargos setoriais e a demanda da concessionária da região, resultando nos preços do custo unitário evitado de energia (CEE) e custo unitário evitado de demanda (CED).

 Projeto – Nesta planilha é necessário preencher as informações e a identificação do projeto.

 Consum – Planilha onde são colocadas as informações das Unidades Consumidoras (UC’s) da amostra e seu histórico de consumo anual para fins de comparação.

 Sistemas - Contém a divisão do projeto em sistemas que serão usados para fins de custo, amostragem, medição e contabilização dos resultados. Na avaliação da eficiência de lâmpadas fluorescentes utiliza-se como sistemas os cômodos normais de uma casa, devido a variação de utilização da lâmpada, dentro e fora do horário de ponta, em cada área da casa.

 Exante - Esta planilha efetua os cálculos da estimativa ex-ante, conforme [6], que são os cálculos de resultados esperados baseado em experiências anteriores.

 Custos - Esta planilha reúne os dados do investimento para análise de sua rentabilidade.

 RCB – Nesta planilha é calculada a Relação Custo-Benefício com base nos dados informados nas demais planilhas.

 AmLB – Esta planilha calcula o tamanho inicial da amostra de medições de lâmpadas incandescentes para que haja uma precisão menor ou igual a 10% com 95% de confiabilidade.

 LinhaBase – Nesta planilha devem ser inseridos os valores da potência ativa, o tempo médio de uso e o fator de coincidência na ponta (FCP) obtidos em campo das lâmpadas incandescentes, juntamente com os dados do medidor utilizado.

 AmDeterm – Análoga a planilha AmLB, porém agora para a amostra de medições das lâmpadas fluorescentes compactas.

 Determ – Análoga a planilha LinhaBase, porém em campo necessita somente da potência ativa das lâmpadas fluorescentes e os dados dos medidores, visto que o tempo de utilização e o FCP são os mesmos que os utilizados para as lâmpadas incandescentes.

 Relatório - Nesta planilha são encontrados os resultados finais do projeto, ou seja, os resultados de todas as medições e todo o cálculo das economias, mostrando a economia de energia e a economia monetária sob a ótica do sistema e do consumidor, o RCB e os valores de Investimento total, conforme [7].

 Incerteza – Esta planilha estima as incertezas quantificáveis e sua implicação na economia final.

 Resumo – Gera o resumo final dos resultados obtidos pelo programa.

O primeiro passo na realização do projeto é definir a amostra a ser medida em relação a quantidade total de UC’s beneficiadas no programa de eficiência energética. De acordo com as recomendações da NBR 5426 [8], a amostragem deve alcançar uma precisão de 10% nos cálculos do projeto. No caso deste trabalho, para a troca de 13.840 lâmpadas é necessária uma amostragem de 125 lâmpadas, conforme mostrado na Fig. 1.

Fig. 1. NBR 5426 com regime de inspeção severa nível I

Também é utilizado um cálculo de precisão de amostragem com a utilização de um coeficiente de variação, visto que a norma não é muito precisa na obtenção da amostra. Esses dados são calculados na planilha “AmLB” para lâmpadas incandescentes e “AmDeterm” para as lâmpadas fluorescentes.

Para qualquer cálculo de eficiência energética no programa, é essencial a inserção dos valores da tarifa de energia da região, o que é feito pelas planilhas “Preço” ou “3º Ciclo”. Porém a planilha “Preço” utiliza os dados de tarifa para períodos secos e úmidos, método de tarifação que será substituído em 2015 pelo sistema de bandeiras tarifárias. Por

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isso, o ideal é utilizar a guia “3º Ciclo”, que emprega esse novo método, através da inserção dos valores da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) e do Custo Unitário de Energia tanto para a ponta quanto para fora de ponta. Também é necessário informar os impostos cobrados na região e o fator de carga do alimentador.

Após a determinação da amostra necessária para a realização do projeto, são iniciadas as medições em campo das lâmpadas incandescentes, medindo-se a potência instantânea de cada lâmpada selecionada na amostra. Para determinação do tempo médio de uso, é utilizado um totalizador de horas e para a demanda na ponta estima-se o fator de coincidência na ponta (FCP), obtido com base na visita do técnico nas residências da amostragem no horário de ponta. Os dados recolhidos das medições em campo são inseridos na planilha “LinhaBase”, sendo separado o tempo de funcionamento e FCP por ambiente onde estão instaladas, como cozinha, sala e quarto. A planilha “LinhaBase” alimentada com os dados da amostra das lâmpadas incandescentes também fornecerá valores da média de consumo mensal (KWh/mês) e a média de demanda de potência ativa na ponta (W) das lâmpadas. A planilha “LinhaBase” também realiza os cálculos de expansão de consumo de energia elétrica ativa e demanda de potência ativa das lâmpadas incandescentes para todas as UC’s beneficiadas pelo projeto.

Nesta mesma fase do projeto preenche-se também a planilha “Consum” que, além do histórico de consumo mensal durante um ano de cada Unidade Consumidora onde esta sendo realizada a amostra, fornece também, o número de pessoas residentes no domicílio, número de cômodos e renda familiar. Na planilha “Custos” coloca-se os valores de investimento do projeto, sendo esses os custos dos equipamentos, mão de obra, transporte e demais informações necessárias para a execução do mesmo.

Para que o programa realize os cálculos da RCB, é necessário o preenchimento da planilha “Exante”. Nesta planilha devem ser preenchidos valores médios de consumo mensal de lâmpadas incandescentes e florescentes compactas obtidos de medições e projetos anteriores. Assim, o programa terá um resultado médio esperado para comparações do cálculo da RCB.

Para finalizar a entrada de dados no programa, devem ser realizadas as medições em campo das lâmpadas fluorescentes compactas trocadas na amostragem das UC’s beneficiadas, usando a mesma metodologia adotada nas medições das lâmpadas incandescentes. Os dados recolhidos serão então inseridos na planilha “Determ”, que fará o mesmo cálculo feito para as lâmpadas incandescentes: resultados de consumo de energia elétrica anual e demanda de potência ativa na ponta, cálculos de energia elétrica ativa e demanda de potência ativa evitadas com a devida expansão para a totalidade de lâmpadas fluorescentes compactas substituídas.

No cálculo da Relação Custo-Benefício, o programa realiza a relação do custo total do projeto anualizado e do benefício anual, calculado a partir dos dados de energia elétrica ativa e demanda de potência ativa evitadas com base nos preços informados, para atingir o valor de RCB. Esse

valor deve ser menor ou igual a 0,8 para que o projeto seja visto como economicamente viável.

Assim, após a realização desses passos do algoritmo o programa completará as planilhas “Relatório”, “Resumo” e “Incerteza”, sendo elas os produtos finais do programa, mostrando detalhadamente os resultados previstos na realização do Projeto de Eficiência Elétrica [9].

III. APLICAÇÃODO SOFTWAREAUMPROJETODE EFICIÊNCIAELÉTRICA

A metodologia proposta para eficiência energética em iluminação foi aplicada a um conjunto de 7.324 Unidades Consumidoras de baixa renda da Distribuidora de Energia ENERGISA/CEMAT que atua no Estado de Mato Grosso, substituindo em torno de 13.840 lâmpadas incandescentes de 60 W, 100W e 150W por lâmpadas fluorescentes compactas de 20 W.

Durante o período de medição em campo das lâmpadas, é apresentado em cada UC um formulário para preenchimento, onde são coletados dados de cada residência como o número de moradores, número de cômodos, tempo de utilização médio das lâmpadas, dentro e fora do horário de ponta, em cada cômodo da casa e a renda familiar para fins de análise do projeto. Os dados da residência e dos moradores são importados para a planilha “Consum” juntamente com o histórico de consumo de cada UC dos últimos 12 meses, disponibilizados pela distribuidora de energia, que serão utilizados para análise dos resultados, e os valores de tempo médio e FCP das lâmpadas, que são utilizados no cálculo de consumo nas planilhas “LinhaBase” e “Determ”.

Analisando o histórico de consumo de cada beneficiário nota-se um consumo médio maior do que o usual para a baixa renda. Isso acontece porque a região de Cuiabá apresenta temperaturas elevadas e um clima abafado durante o ano todo, tornando os condicionadores de ar e ventiladores itens essenciais nos lares da região, o que aumenta a média de consumo inclusive na classe de baixa renda.

Como a metodologia do programa utiliza a planilha “Exante”, que são os cálculos de resultados esperados para eficiência elétrica em iluminação baseado em experiências anteriores, foram utilizados dados de medição em lâmpadas incandescentes e lâmpadas fluorescentes compactas de um projeto similar [10]. Foi utilizada uma média de 100 W para lâmpadas incandescentes, visto que a lâmpada de 100W é mais usada, e 22W para as lâmpadas fluorescentes compactas.

O equipamento utilizado para realizar as medições em campo nas amostragens de lâmpadas nas Unidades Consumidoras foram os analisadores de energia RMS e Fluke 434 [11]. Este projeto de eficiência envolveu um total de 13.840 lâmpadas, divididas em 3 sistemas com tempo de utilização e FCP diferentes, representando 3 cômodos diferentes (cozinha, sala e quartos), sendo compostos por 6.248, 3.949 e 3.643 lâmpadas em cada sistema, respectivamente. Logo, de acordo com a Fig. 1, a amostragem necessária de lâmpadas para esses valores segundo a NBR 5426 é de 80 medições.

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As medições de lâmpadas incandescentes e fluorescentes compactas foram realizadas nos meses de Outubro e Novembro de 2014 com os analisadores, que registraram a Potência Demandada Ativa e Reativa de cada amostra. Esses dados foram então, importados para o arquivo principal, onde a planilha “LinhaBase” recebe os valores de potência ativa das lâmpadas incandescentes e a planilha “Determ” os mesmos referentes a lâmpadas fluorescentes. Nestas planilhas são calculados o Consumo Mensal Médio e a Demanda Média antes e após a implantação do projeto de eficiência energética para todas as UC’s abrangidas no processo. Para esse cálculo utiliza-se os dados de tempo de uso e FCP para cada sistema, mostrando também as economias divididas pelos cômodos da casa [12].

A amostra de medições em campo das lâmpadas incandescentes, após os cálculos de expansão para as 13.840 lâmpadas realizados pelo programa, gerou uma média de consumo de 1.904 MWh/ano e uma média de demanda de potência ativa 707 kW, contra uma demanda de 159 kW e um consumo de 428 MWh/ano das lâmpadas fluorescentes. Nota-se que ouve uma redução de aproximadamente 80% em relação ao consumo de energia elétrica ativa e a demanda de potência ativa.

Após a obtenção da estimativa de redução de consumo de energia elétrica e demanda de potência ativa na ponta para a totalidade de lâmpadas substituídas no processo de eficiência elétrica, juntamente com os dados relativos aos custos de implantação do projeto, preços da tarifa de energia elétrica, etc., o software de iluminação, através da interação de cálculo entre as suas 16 planilhas, fornece a viabilidade econômica do projeto através da relação custo benefício.

O programa também fornece, após a entrada de todos os dados de medições em campo, as planilhas “Relatório e Resumo” que apresentam os resultados finais dos cálculos do projeto. Na planilha “Relatório” são listados os valores das médias de consumo de energia elétrica ativa e demanda de potência ativa na ponta do sistema, os valores do Custo Evitado de Demanda (CED) e Custo Evitado de Energia (CEE), os ganhos anuais da economia e os custos totais do projeto. A partir dessas informações é gerado um relatório mostrando os resultados do projeto. Já a planilha “Resumo” é apenas uma planilha compactada com as informações do relatório.

Como resultado total da implantação do Projeto verificou-se, através da aplicação do software, uma economia de energia elétrica ativa de 1.476 MWh/ano e uma redução de demanda na ponta de 549 kW proporcionando uma relação custo benefício de 0,15. Estes dados demonstram a viabilidade técnica e econômica deste projeto, ou seja, a troca das lâmpadas incandescentes por fluorescentes, do ponto de vista da Eficiência Elétrica, é extremamente viável e alivia uma potência considerável da rede [13].

IV. ANÁLISEDAQUALIDADEDAENERGIA ELÉTRICA

Para analisar o impacto da substituição das lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes na qualidade da energia

elétrica foram realizados ensaios e comparações em laboratório com os dois tipos de tecnologia. Inicialmente foram monitoradas em laboratório as correntes elétricas solicitadas do barramento monofásico pelas lâmpadas fluorescentes compactas com a finalidade de se verificar a qualidade da energia elétrica. As lâmpadas utilizadas no ensaio foram as mesmas utilizadas no processo de substituição no presente projeto de eficiência energética. Na Fig. 2 está retratado o esquema de medição experimental utilizado para verificação das características da corrente elétrica solicitada do barramento por esta nova tecnologia.

Fig. 2. Esquema de medição da lâmpada Fluorescente.

Após as medições das lâmpadas fluorescentes, iniciou-se uma segunda fase, de monitoramento da lâmpada incandescente. O esquema de medição está representado na Fig.3. As lâmpadas incandescentes utilizadas nos ensaios, as mesmas substituídas no presente projeto de eficiência energética, tinham potência nominal de 100W.

Fig.3. Esquema de Medição da Lâmpada Incandescente.

Assim, para uma análise simplificada, foram comparados os resultados obtidos da lâmpada fluorescente com os da lâmpada incandescente, cujas formas de onda são mostradas nas Figs. 4 e 5.

Fig. 4. Forma de onda da corrente solicitada por uma lâmpada fluorescente compacta de 20W.

Analisador de energia LFC

Lâmpada incandescente

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Fig. 5. Forma de onda da corrente solicitada por uma lâmpada incandescente de 100W.

Por inspeção das Figs. 4 e 5, fica evidente que o sinal de corrente solicitada do barramento pela lâmpada fluorescente apresenta uma elevada distorção harmônica em relação ao sinal da corrente da lâmpada incandescente, o que pode ser melhor observado nos espectros harmônicos ilustrados na Fig. 6.

Fig. 6. Espectro harmônico da corrente solicitada pela lâmpada fluorescente.

Pelo gráfico apresentado na Fig. 6, verifica-se que a diferença entre a característica das lâmpadas fluorescentes utilizadas no ensaio em relação às incandescentes, em se tratando de qualidade da energia elétrica, é consideravelmente elevada, pois a lâmpada fluorescente injetou grande quantidade de distorções harmônicas no sistema [14], fazendo com que a forma de onda da corrente perdesse sua característica senoidal apresentando um valor de DHT de corrente em torno de 110,43%, conforme mostrado na Tabela I.

TABELA I. DISTORÇÕES HARMÔNICAS INDIVIDUAIS E TOTAIS DE CORRENTE Ordem Harmônica Distorção Harmônica DHIi (%) DHTi (%) 3ª 76,01 110,43 5 ª 47,54 7 ª 37,93 9 ª 36,56 11 ª 26,83 13 ª 16,56 15 ª 8,57 17 ª 10,92 19 ª 15,16 21 ª 13,15 23 ª 4,50 25 ª 5,59

Foi constatado também que na lâmpada fluorescente compacta a corrente está adiantada em relação à tensão, conforme pode ser observado na Fig. 7, que apresenta a ilustração do diagrama fasorial da tensão e corrente que alimenta a LFC, obtido no analisador de energia Fluke.

Fig. 7. Diagrama fasorial da tensão e corrente que alimenta a LFC de 20W.

Na Fig. 8 é mostrado que o fluxo das potências ativas e reativas no barramento que alimentava a LFC caracteriza uma absorção de 20W de potência ativa e uma injeção de 30VAr de potência reativa capacitiva. Na Fig. 8 é ilustrada também a diferença entre o fator de deslocamento que representa o cosseno do ângulo da tensão e corrente em 60 Hz (DPF) cujo valor é 0,85 e o fator de potência (PF) que leva em conta todas as frequências presentes na forma de onda da corrente de valor bem menor 0,54.

Fig. 8. Tela capturada do analisador de energia elétrica Fluke indicando a característica de potência reativa capacitiva injetada no sistema pela LFC de

20W.

Analisando os resultados obtidos em relação à qualidade da energia, observou-se que a lâmpada fluorescente compacta apresentou uma distorção harmônica total de corrente em torno de 110,43%, completamente diferente da lâmpada incandescente, que foi praticamente linear. Isto pode acarretar um aumento significativo no valor eficaz verdadeiro da corrente, devido à forte presença das harmônicas de sequência positiva, negativa e zero na LFC. Um aumento também significativo nas harmônicas de sequência zero pode acarretar um acréscimo na corrente do neutro dos sistemas onde estes equipamentos forem conectados. A presença de

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uma corrente que não contribui para geração de trabalho é altamente indesejável em um sistema elétrico, porque exige dos cabos condutores uma seção de cobre maior que a necessária para a transmissão da potência útil [15].

Quanto à injeção de potência reativa capacitiva no barramento pela carga eletrônica constituída pelas lâmpadas fluorescentes compactas, estas podem melhorar o sistema de distribuição da concessionária nas dezoito horas do horário indutivo diário. Entretanto, nas seis horas complementares do dia, referentes ao horário capacitivo, podem causar elevação do reativo capacitivo na rede, podendo provocar problemas técnicos na rede, como por exemplo, elevação de tensão.

V.CONCLUSÃO

Os custos com energia elétrica representam hoje, para todos os consumidores, um fator marcante nas suas despesas mensais para desempenho de suas atividades. Assim, uma redução no valor desta energia elétrica ativa na fatura representará um ganho financeiro para estes consumidores, melhorando a sua qualidade de vida no tocante à cidadania e inclusão social. Com relação à concessionária, há possibilidade de atendimento a novas cargas sem que haja investimentos para a ampliação de seu sistema de distribuição, o que, sem dúvida, representa o principal benefício adquirido pela concessionária neste tipo de projeto. Diante do exposto, pode-se dizer que ações conjuntas entre concessionária e consumidores constituem atualmente o principal alicerce para o desenvolvimento de metodologias que permitem uma redução das perdas financeiras, técnicas, comerciais e sociais, impostas às distribuidoras e aos usuários, causadas pela utilização irracional dos recursos elétricos disponíveis e aparelhos não detentores do Selo PROCEL.

O software da ANEEL, mostrou-se bastante eficiente para a determinação da relação custo-benefício em projetos de eficiência elétrica em sistemas de iluminação. A distribuição das lâmpadas por cômodos retrata uma melhor representação do consumo de energia elétrica do sistema de iluminação das edificações.

Antes e após a implantação do projeto de eficiência energética, isto é, a substituição das lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes compactas nas Unidades Consumidoras abrangidas nesse estudo, medições em campo foram realizadas em uma amostragem de lâmpadas, baseado em um plano de amostragem definido pela norma NBR 5426 com regime de inspeção severa, nível I. Os resultados alcançados através das campanhas de medições em campo mostram que, em relação ao consumo de energia elétrica ativa e a demanda de potência ativa, os ganhos obtidos foram bastante significativos com a implantação do Projeto de Eficiência Energética.

Quanto à qualidade da energia elétrica, os resultados obtidos através dos ensaios experimentais realizados em laboratório em várias lâmpadas de LFCs, mostram um alto espectro harmônico para as correntes solicitadas por esta nova tecnologia. Os efeitos das distorções de corrente, além

de provocar alteração nos valores das grandezas elétricas com a consequente sobrecarga nos condutores e equipamentos, podem afetar também a adequada operação dos dispositivos de proteção, que podem atuar devido aos incrementos dos valores eficazes ou de pico destas grandezas.

Pelo exposto, compreende-se, que devem ser adotadas técnicas de mitigação deste tipo de perturbação. Um dos métodos mais comuns de resolver o problema consiste na utilização de filtros harmônicos, que podem ser instalados ao lado das “fontes” poluentes (ou internamente a elas) [16]. O conhecimento dessas perturbações presentes nos sistemas elétricos merece um cuidado especial, devendo ser adotadas medidas preventivas, garantindo dessa maneira projetos seguros, evitando-se situações de risco para usuários e equipamentos.Por fim, verifica-se a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o impacto da injeção de reativo pelas cargas eletrônicas nas redes distribuição das Concessionárias.

III.REFERÊNCIAS

[1] BRASIL, “Lei nº 10.295, de 17 de Outubro de 2001”, Dispõe sobre a política nacional de conservaçãoe uso racional de energia e dá outras providencias. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasíliza, DF, 18 out. 2001. Seção I, p.1.

[2] Relatório de Responsabilidade Sócio-Ambiental 2013. Cuiabá: CEMAT, 2007-2013, Anual.

[3] ELETROBRÁS/PROCEL EDUCAÇÃO (2006), “Eficiência Energética de Equipamentos e Instalações”, Itajubá Janeiro: LTC/Eletrobrás/ EFEI. [4] ANEEL, “Resolução Normativa nº556”, 18 de junho de 2013. [5] ANEEL, “Procedimentos do Programa de Eficiência Energética

(PROPEE)”, módulo 7.

[6] ANEEL, “Procedimentos do Programa de Eficiência Energética (PROPEE)”, módulo 4.

[7] ANEEL, “Procedimentos do Programa de Eficiência Energética (PROPEE)”, módulo 8.

[8] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, “Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos – NBR 5426”. Rio de Janeiro, Jan. / 1985. Versão Corrigida 1989.

[9] ANEEL – AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELETRICA, “Treinamento para o Guia de M&V – 2.1”, Brasília – DF: ANEEL, 2014.

[10] VASCONCELLOS, Arnulfo Barroso ; GOMES, Teresa Irene Ribeiro de Carvalho Malheiros ; SILVA, L. O. ; GUERINI, A. L. ; BARROS, R. S. ; OCHIUTO, M. S, “Eficiência Elétrica na substituição de lâmpadas e refrigeradores em Unidades Consumidoras de baixa renda (Luz em Conta)”, XIX Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica, 2010, São Paulo/SP. XIX SENDI, 2010.

[11] LUCIANO, B. A, “Medição de energia elétrica (Normas para instalações de cabines de medição)”, Campina Grande: Depto. De Engenharia Elétrica/CCT/UFPB, 1986.

[12] ANEEL – AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELETRICA, “Guia de M&V – 2.1.”, Brasília – DF: ANEEL, 2014

[13] SILVA, WILTON P. E SILVA, CLEIDE M. D. P. S, “Tratamento de dados experimentais”, João Pessoa - Editora Universitária da UFPB.Atlas de energia elétrica do Brasil. Agência Nacional de Energia Elétrica. Ed. Brasília: Aneel, 2008.

[14] IEEE Task Force, “The Effects of Power System Harmonics on Power System Equipment and Loads”, IEEE Trans. Power App. and Systems, vol. 104, no. 9, Set. 1985, pp. 2555-2563.

[15] R. D. Henderson e P. J. Rose, “Harmonics: The Effects on Power Quality and Transformers,” IEEE Trans. Industry Applications, vol. 30, 1994, pp. 528-532.

[16] S. M. Filho, “Fundamentos de Medidas Elétricas”, 2ª ed. Editora Guanabara Dois. Rio de Janeiro, 1981.

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