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SALVAR OS FENÔMENOS: Ensaio sobre a noção de teoria física de Platão a Galileo

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(1)

I

SA ]. VA R O S

]iliN

Õ Il'Í ß: N O S

littvtio

vbre

a noçfui de

tariø

Jisica tle Platão a Galileo 33

j.

rl

t:sutlastit'a

oislã

da

hlalc

tl'ldlict

(Juc

tloutrinu

astrollôrnica cr'rltvónr arlcltar'? l)e'vc-sc'ttsar

o

sistcma

dc

Ptolontcu?

l)cvc-sc

crcr

tìa tcoria

dc

Al-lìitnrgi? As

construçõcs gcorttótricas propostas pelo

Alttttßcsto

síio

adnriravclllcntc

adc<¡uadas para salvar os fcltônrcltos; conì a ajuda

dcs-lits

constntç(-ics,

os

calculatlorcs

¡lrderanr conì[Ðr

tabelas

t¡uc

anutrciatn os nlenores tlot¿rllrcs

tlos

nlovilnentos cclcstcs, c os dr-sacordos crrtrc us irrdir:ações dessas tabelas

c-9s darlos

dc

obscrvação são inlpcrcel)tíveis; rrras as

hi¡rtcsr's

sobrc as t¡uais rcpottsattt cssits construçõcs nâ-o lì¡ranr cstabclcci<.las pcla [ìísica pc'r'iPatr!tica,

t,

o (lttc

i

pior, csLa

Físicr

Jrroduz argunìetìtos apro¡rriados para dcrrubií-las.

A

dttutritta

dc

Al-Bitrogi, pclo contrário, rccorreu a urna Físicir, <¡uc acrcclitava aristtltólica. Para obter scus

l-utt-tlalnclrtos; ¡ìas

sr¡as dcrluçõcs

fbralll

i¡rtcrrolnpidas

rnt¡ito

rlltcs

dc

haver Produzido

rcsultados suscetívcis

dc

scre¡tr corn¡raratlos às obscrvaçõcs; ulas ltíftr I'ora¡n lcvadas até

a

oorrstrução

de

tabclas

c

clcrnóridcs,

c

assirn

nfo

sc ¡rotlctia

tlizcr

sc e.sta dtttrtri¡la é srr l'i ci c r t t

c ltltrt

su lva r o s J Þ t tr) r t rc t t tt s .

A

cscolástica

cristã

tlo

sóculo

Xllloscilou

erìtrc L.sses dois sistertlas astroltônrictrs, crrrpururda crrr dircção

ilo

dc,Ptolonre-u ¡rcla viva cLrriosidatlc t¡ttc lhc lazia

tlcscjrr

ulrra

cicrrcia

lrttural

r¡uc cstivcssc

tlc

acrlrdo conì os e-nsirtanrcnltts da

cx¡rcriincia,

e

arras-tatla

para o

dc Al-llitrcgi

por scu ros¡rcito à Mctafísica

do

tìilósol'o.

þlntrc os tncstres tlcss¿¡ oscolistica, e:xistcnr lt¡trclcs piìra os t¡uais a soluçdo dcstc dilcrna ó dcternrillada ¡rclu lcspostu

ù

scguirrtc t¡Lrcstño: r¡rrc

vrtor

cortvótn

atribtrir

às hipóteses

da

Astrono-rrr ia'l

lrrci

Bcnlard

clc

Vcltlull,

ctìì scÌr

'Ilactott¿s sttpcr

totam Astntbgiamt,

cx¡rõe dc

lìr¡na

uttrito

conrplcta

tt

tlcbate crìtrc os

dois sistcn¡as astro¡lólllic:os, a¡xis

o

quc

ga¡[o

clc causa ao sistcrlra clc Ptololllcr¡. Para c-lc, as hi¡ótcscs t¡ttc sustctttarll cstc

sis-tclna

sño ver{adcil'as;

c

sua verdadc é tlcrnorrstrada

pcltl

acordo

quc

hi

tattto

tcttt¡xt rnantéltr-sc

cntrc

suas conscqüirrcias c os rn<lvirnerltos obscrvados. Dcvcnt scr cotlsidc-radas conro verdadcs

de

fito

cuja

ccrtcza, ilncdiatarncntc lornccirJa ¡rcla expcriirlcia

setrsível, cscapa

a toda

tlcnlolrstração,

pcrquc

tal

certcza

ó

atttcrior

tlcnxltrstrlçixr

c a dirige:

..O prinrciro procedinrento la tcoria clc

Al-llitrogiJ

diz

elc2

é irnpossívcl;rrâo

d sufìcientc

para salvar

os

fcnólnclros clrunrcrados antes, f-cnôttrcttos que

todtl

lromern razoável é obrigado a

ad¡lritir.

Rosta

concluir, pttrtattltl,

t¡ue

o

scguttdtl

proceditnetìto, aquele tlue consiste enì sulÐr urn cxcôtttrico, trrn cpiciclo c orbes

nrÍrltiplos,

é

necessírio.

Por

estc procedirncrtto, todos os irtcovcrtielttes de

quc acabantos <le falar são cvitaclos, todas as aparôncias cnt¡nrcradas no capítulo

alttcrior

saio salvas; tottlando-o por prirrcípìo. podc-se

detcrmillar

e prevcr tudo r.r

que

pode scr conhecido

mbre

os rnovinrentos, as distdncias e as grartdcz.as clos

I

l;rci lJcr¡rartlo rlc Vcrlun, 'l'ru(lotus oplin¡u,r,ç¿¿/rcr l()lûrt, Asltob,ql¿rlr ctlilus a lirittrc [ìt t lt¿ltltr

tlc

Virtluno ¡rtol'cssorc rlc ortlinc

lilttrnr

lnirrorttrrr (lìiltliotcca Nacioltill

tlc

Paris. ltl:tlltlscritor latirros rp 7333 c rì9 ?334).

2Vcrtl utr. A st rokryia m.tlisl inct io t I I, ea¡rit trltr trr 4.

(2)

L-corpos celestes;

e,

até hoje, todas essas previsões mostram-se exatas,

o

que não

ocorreria se esse ponto de partida fosse falso; pois, em

todo

assunto' um pequeno

por

mais numerosas

e

precisas

que

s€jam as confirmações recebidas da experiên'

cia

por

uma teoria, jamais as hipóteses que sustentam essa teoria adquirem

a

certeza das ìerdades

do

senso comum; seria

um

grave

erro

Pensar assim, e

FIei

Bernard de

ciscano do século

XIII!

havia inserido uma exPosição s

hoje

perdida,

do

OPus minus.

to

para ser colocadas neste artig

composta

por

Bacon com diversas ia naturalia.

e fragmento3 é consagrado à com' de

Al-Bitrogi.

Esse

capítulo,

onde

34

Hqre

Duhem

3Roger Bacon, Incipit liber primus comnunium natwaliunl F¡atris Rogeri Bacon. . . Incipit secundus liber communium naturalium, qui est de celestibus, aut de coelo et mundo.

..

Incipit quinta pars secundi

libri

naturalium.

Capitulum

XVII

(Bibliotcca Maza¡ine, manuscrito n9 3576. f. I 30).

(3)

35

se

encontr¿rm

inseridas textualmente

passagens

bem

características

do

Tlactatus

stpø

totam

Astnlogiam

de Bernard de Verdun,

tem

às vezes a aparência de uma po-lêmica dirigida contra essa obraa

"Aqueles

-

diz

Bacon

-

que

têm

a intenção de destruir os epiciclos e os

excên-tricos, dizem que é melhor salvar a ordem da Natureza e contradizer os sentidos,

que muitas vezes falham, sobretudo nos casos em que os fenômenos se acham a

uma

gande

distância;

mais vale,

em

sua

opinião, deixar

sem solução algum sofisma

difícil

de resolver do que supor aquilo que é

contnírio

à Natureza."

Proseguindo

sua exposição, Bacon

retorna a

esse mesmo pensamento,

e

parece, agora, fazê-lo seu:

"Os físicoymatenuíticog

aqueles

que

seguem

os

caminhos

da

Natureza, esfor-çam-se sem dúvida,

asim

como osmatemáticos puros, que ignoram a Física, para salvar as aparências; mas eles se esforçam, ao mesmo tempo, para salvar a ordem

e os

princípios

da

Ffsica;

os

matemáticos

puros,

ao

contrário, os

destroem. Parece,

portanto,

que mais vale, em nosas suposições, imitar os físicos, mesmo se isso nos

impedir

de resolver alguns sofismas ti¡ados menos

da

razão do que dos

sentidos."

Quem escreveu ess¿rs linhas é aquele que geralmente é repreæntado como o temível

adver$rio da

Cosmologia dedutiva peripatética,

como

o

precursor

do

método

expe-rimental!

Apesar

de

zua predileção pela Astronomia fundamentada em

princípios

da Física,

ou

seja, pela

Astronomia de

Al-Bitrogi

-

predileção que recusa curvar-se mesmo ao

desmentido dos fatos

-

Bacon é obrigado a reconhecer "que não se encontram

instru-mentos, nem cânones, nem tabelas construídas com o objetivo de submeter ao contro-le dos fatos as hipóteses dos

físicos";

ele é obrigado a

admitir

que o objetivo de toda téoria astronômica é fornecer ciílculos conformes com as obsewações.

"Há uma coisa que é preciso saber e que merece atenção: embora os matemáticos

puros,

por

um lado,

e

aqueles

que

conhecem

a

Física,

por outro,

proponham procedimentos diversos para salvar aquilo que aparece nos corpos celestes, todos

eles,

no

entanto,

se

dirigem

a

um

só e mesmo

objetivo,

embora

por

caminhos

distintos;

esse

objetivo

é

conhecer as posþões dos astros

fìxos

ou errantes em

relação ao zodíaco; portanto, embora não concordem com

o

caminho a seguir,

todos admitem que

o

caminho seguido deve terminar no mesmo

limite

e mesmo

fìm."

aApds

"

redação deste trabalho, novas pesquisas nos convence¡î¡m de que foram os escritos

de Roger Bacon que precederam e inspiraram o tratado de Be¡na¡d de Vcrdun: aquilo que

disc-mos aqui sobre a oposição entre as opiniiies desses dois franciscanos ndo se mantóm,

SALVAROS

FENÔMENOS

Envb

þbre

a noçiío de teorùø

físiu

de pløtãa a Galiteo

n-za

le

io

ri

e, tS¡ n- o-ra as le )s Ío

u

ls n-le it it 9 I I

(4)

F

Seria

certa

que havia adotado

mo-mentaneamen

persistido em colocar a

Cosrnologia

d

e

fato,

ele não demorou

De

Alkimis.

Como este

título

permite

pfever, este fragmento daOpus

tertium

discute

longamente

rPtolomeu

eo

proposto por

Al-Bitrogi.

inserida

por

Bacon enr seus

ttttntunia

da discussão tftada da Opus

minus,

sen't

que

se

introduziam

em sua

enumerado e¡1 seu Tractatus super

totam Asttologiom,

e indicado como

o

conjunto

a salvar.

vacilações de Roger verdadeira natureza

ter

chegado até eles. Seu confrade, o bem-aventurado

Irmão

Bonaventura, parece

ter

percebido um

tipo

de

reflexo

dessa sabedoria; ele a utiliza, todavia, contra aqueles que, fortalecidos pelas

confirmações da experiência, pretendem transformar o sistema de Ptolomeu em verda'

de demonst¡ada:

.,Quando julgada pelos sentidos,

diz

o

Doutor

seráficoE, parece que a suposição

dos matenuitlcos é a mais exata, pois as deduções e julgamentos nela fundamen'

tados

nâ'o

os

conduzem

a

nenhuma conseqüência errônea

com

relação aos

movimentos dos corpos celestes. No entanto, do ponto de vista da realidade, não C necessírio que essa posição seja a mais verdadeira (secundum rem tatnßn non

36

Pierre DuJrcm

sBiblìot..u Nacional de Paris, nranuscrito latino n9 10264,

Ì'

186, frente, a

f'

220' frcntc' 6Bo.or,, communium

ilatttalíum,libe¡

secundus, partis quintac, cap.

II

and

vl

(Bibliotcca Maza¡inc, ms. 3576,

f.

120 a 130).

?Bu-rl,

communitnn noturalium (Biblioteca Mazari¡e, ms. 3576,

f.

129; Bibliotcca Nacional dc Paris, manuscrito latino n9 10264,f

.20O.

8F¡ei Boave¡tura (Celebratissimi Patris Domini Bonaventurac Doctoris Scraphici)1n secundunt

tibntm Sententiantm disputata; disp.

XIV,

pars

Il,

quaest.

II:

Utrum luminaria moveantur in orbibus suis rnotibus ProPriis.

(5)

I

no-tra

:ou de lue ,US via rto

SALVAR

OS FENÕfuÍENOS

Ensaio

vbre

ø noção de teoria físíca de Platão o Galileo 37

oportet

esse verius), pois

o

falso é freqüentemente

um

meio para se descobrir a

verdade; parece que

o filósofo

da natureza

utiliza um

método e uma suposição mais razoáveis".

Entre

o

sistema

de

Ptolomeu,

que

salva as aparóncias rejeitando os princípios da

Física peripatética,

e

o

sistema das esferas homocêntricas,

que

se apóia sobre esses

princípios

mas

não

concorda com os fatos, São Bonaventi¡rr não sabe como escolher,

lcmbra'se'então'do'ïilåi:in::;ïTî"'åï:,ï'åiï:"iiåïf

;å"ï"",ä;lïîi3:

re as quais repousa a teoria; talvez, de

fato,

as aparências pudes-de outras hipóteses; assim, ele nlantérn a esperança na iuvençdo

e os

princípios

do

físico e

as observações

do

astrônomo se-j am igualmente salvaguardado s.

Esse sentimento, que apenas se pode

intuir

na ob¡a clo

Doutor

serátìco, se afìrma nos escritos do

Doutor

Angélico.

Em

suæ lições sobre o De

caeb

et Mundo de Aristóteles, Tomás de

Aquino

esboça os fundamentos fìlosofìcos d'e uma teoria astronômica que apenas admite rotações

uni-formes em

torno

ao centro do Universo.

Essa teoria das revoluções celestes salva todos os princípios da Metafísica

peripatéti

ca; concordará ela igualmente com as

observaçõ

Aquino

sa-be

que

nãoe.

Eudoxos, Callippos e

Aristóte

para

repre-sentar os diversos acidentes

do

movimento

dos

mantente o sistema das esferas homocêntricas,

e

muitas das complicações que eles

introduzi¡am

não encontram justificação na fìlosofia do Estagirita. Com maior razão pode-se dizer o mesmo dos excêntricos e dos epiciclos imaginados por Hipparchos e ptolomeu.

Que grau de confìarça deve ser

atribuído

a essas hipóteses sobre as quais se funda-mentam os diversos sistemas astronômicos? Averroes já havia insistido em que as consi-derações pelas quais

os

geômetras as

justificam

nada

posuem

de uma demonstração

lógica.

A

crítica

de Averroes parece haver inspirado a São Tomás a seguinte

reflexÍo:

"As

suposições

que

os astrônomos imaginaram

nio

sâ'o necessariamente

verda-deiras; embora

essas

os

fenômern

não se deve

afirmar

,

pois poder-s

movimentos

aparent

outro

proced

ainda não concebera

são Tomás

havia, aliás, formulado antes essa reflexãor 0, embora dc. umr

maleira

um pouco

mais

concisa,

ao expor

este

axioma fundamental

de

Aristóteles:

todo movimento circular simples é

feito

em

tomo

do centro do

Murdo.

eSão

Tonrás de Aquino, Exæsitio super libro de Cacb et Mundo,lib. II, lectio XVII

roTom¿Ís cle

Aquino,

Expsitio,lib.

I, lect.

III.

aef tza es. po las la-ca tal nt in

¡.-.

(6)

38

Piqre

Dultem

"Com

efeito, uma roda que se move em

tomo

de seu

próprio

centro

nÍo

se move

com

um

movimento

puramente

circular;

seu movimento é complicado

por

um subir e um descer.

"Mas

parece, segundo essa observação, que os corpos celestes não se movem

todos

com movimento

circular.

Com

efeito,

segundo Ptolomeu, os movimentos

dos planetas se realizam seguindo epiciclos e excêntricos, e esses movimentos nâ'o se fazem em

tomo

do

centro

do

Mundo, que é

o

centro da Terra; eles se fazem em

torno

de

certosoutros

centros.

"Deve-se obsewar,

a

pro$sito

disso,

que Aristóteles não admitia

que assim fosse; ele supunha,

com

os astrônomos de sua época, que todos os movimentos

celestes fossem descritos em

torno

do

centro da Terra. Mais tarde, Hipparchos e Ptolomeu imaginaram os movimentos dos excêntricos e dos epiciclos para salvar

aquilo que se manifestava aos sentidos, nos corpos celestes. Isso nâ-o é, portanto, algo demonstrado;

é

apenas

uma certa

suposição (Unde

hoc

non

est

denons-tmtum,

sed

suppositb

quadam).

Se,

no

entanto,

essa suposição

fose

verda-deira, os corpos celestes continuariam a se mover em

torno

do centro do Mundo,

pelo

movimento

diário,

que é

o

movimento da esfera suprema: esta anasta todo o Céu em suarevolução".

As hipóteses que sustentam

um

sistema astronômico nâ'o se transformam em verda-des demonstradas apenas porque suæ conseqüências concordam

com

as observações;

Tomás de

Aquino

o

declara, seguindo Averroes, embora de uma

forma

menos rude;

e

ese princípio da

Lógica

lhe

parece sem dúvida essencial, pois

o

formula

ainda em

outro localt

I

:

"Pode'se

dar

conta

de uma

coisa de

duas maneiras diferentes;

uma

primeira

manei¡a consiste em estabelecer

por

uma demonstraçã'o suficiente a exatidão de

um princípio do qual esa

coisa decorre; assim, na Física, dá-se uma razão que é suficiente para provar a uniformidade do movimento do céu.

um

segundo modo

de dar a razão de uma coisa consiste n suficiente, mas em fazer ve¡ que efeito

inicialmente;

assim,

em

Astrologia,

jus

fato

de que, por meio desas hipóteses,

tivas

aos movimentos celestes; mas isso não

é um

motivo

sufìciente de prova, pois os movimentos aparentes poderiam, talvez, ser salvos por meio de uma

outra

hipótese."

Nessas diversas passagens,

são

Tonuis

de Aquino

adota

as

idéias

expresas por Simplicios e quase

toma

empÍestados os termos dos quais o

outro

se serviu.

Reconhe-visíveis

de uma influência

exercida

pelo

comentador grego

oliístico.

Além

disso, essa

influência não

pode ser negada:

De

C-aeb

et Mundo de Aristóteles,

São Tomás de Aquino

1 r

(7)

I

S,4LVAR OS FENÔMENOS

Ettvb

sobre a rnçdo de teoria física de PI¿tfu a Galileo 39

1a-3S;

te; )m

cita,

várias vezesr2,

os

comentários

que

Sirnplicios havia composto sobre

a

mesma obra.

Os

princípios

supostos

por

São Tornás de Aquino, seguindo Simplicios, permitiram

aos astrôIìomos

utilizar

sem escrúpulo as hipóteses de Ptolomeu para estudar os

movi

mentos

aparentes

dos

astros, embora suas opiniões metafísicas devessem obrigá-los

a

rejeitar

essas hipóteses.

Assim,

Jean

de

Jandun,

apesar

de

grande admirador de

Aristóteles

e de

Averroes,

adota,

com

todos os

astrônomos

de

sua época, a única

teoria

astronômica

que

fornece

aos observadores

e

aos calculadores

os

cânones e

efemérides.

Ele

afirrnat',

"conì

Ptolomeu

e

todos os astrônomos nrodemos", <1ue ó

necess¡írio supor a existência de excêntricos e de epiciclos.

"De

lato,é

preciso

admiti¡

quanto

aos corpos celestes as hipóteses

que

permitern salva¡ os fenôlnenos (salvare

appøentias)

observados

há muito

tempo

e

constatados sem

que

se tema qualquer

erro,

quando

é

imposível,

sem

recorrer

a

essas hipóteses, salvar esscs fe¡ômenos

e dar-lhes uma razão."

Mas

se

"essas

órbitas determinam

exatamente

os

lugares

e

os

movirnentos dos planetas, se elas convêm perfeitamente ao cálculo e à construção das tabelas dc

rnovi-mentos

celestes", resultará

daí

que

elas tenham

uma

existOncia essencial

e

real, in esse et secundumrem? Pouco importa ao astrônomo.

"Pa¡a ele é sufìciente saber o seguinte: se os epiciclos e os excêntricos existissem,

os

movimentos celestes

e

os

outros

fenômenos seriam produzidos exatamente

como se produzem; e isso pelo simples fato de suporem-se tais excêntricos e tais

epiciclos, existam essas órbitas realmente entre os corpos celestes ou

nio;tal

é suficiente ao astrônomo,

pois,

enquanto astrônomo, nâ'o

tem llue

se preocupar

com o

porquê

(unde);

desde que

tenha

o

meio

de deterrninar exatamente os lugares e os movimentos dos planetas, ele não pergunta se isso provém ou não da

cxist6ncia

real

de

tais órbitas

no

Céu; esta pesquisa cabe

ao

físico;

pois

uma conseqùência pode ser exata mesmo quando seu antecedente tj

imposível."

Iso

era escrito perto do a¡ro de 1330 na Unive¡sidade de Paris.

O

final

da Idade Média escoou-se sem que o ensino dessa Unive¡sidade nos trouxesse qualcluer novo documento relativo ao valor das hipóteses astronômicas; no século

XlV.

em Paris, a ciência dos movimentos celestes atravessou um desses períodos de domínio

pacífìco,

no

qual

ninguém discute

os princípios

sobre os quais repousam as teorias,

e todos os

esforços tendem

a

aperfeiçoar as aplicações.

o

sistema de

ptolomeu

era, então, admitido sem contestaçâ'o.

As

escolas

italiânæ da

mesma época também não

nos

forneceln test¿munhos

in-teresantes;

o

estudo

da

ciência astronôrnica

é aí

menos avançado

do

que em paris, nessa época; favorece-se

sobretudo

a

Astrologia

e

discute-se

pouco a

natureza

e

o

valor das hipôteses empregadas.

l2Tomis de Aquino, Expositio,lib.

I,lcct. VI c lib. II, lcct. IV. l3Jcan de Jandun (Joannis de Jantluno)

,

Acutissímae quaestiottes in cluod.ecint libros Metø-physicæ and Aristotelís

et

ùúgni Conrilentatol¡s intentionetn ab coden cxactissirne disputatæ, lìb. XII, quacst. XX.

or

le-go la: no

(8)

L-40

Piøre

ÐuJrcnt

r

Liznrente,

o

copista

-

chalnado Petrus Collensis

-

era tão mal escriba quanto ignorante clo Latim.

Pietro de

Abano era

um

compilador; não

se deve

exigir dele princípios

lógicos

pcrl-eitamente

fi¡nes

e

claros,

no

entanto,

quando cliscutel

s

as hipóteses Soble os

ãxcô¡tricos

e

os

epiciclos,

é

visivelmente

dirigido

pelos ensinamentos

de certa

filo-sofìa; tal

filosofia

é, claramente. a de Ptolomeu.

Ele lembra quel 6

apenas dezoito movimeltto s".

Após

haver exposto longamente os diversos sistemas propostos pelos astrônomos, ele adicíonal 7 :

,.Mostramos, portanto, brevemente, que nenhuma das opiniões precedentes pode salvar de tnaneira perfeita aquilo clue o astrólogo observa, embora certos sistemas

impliquem

consecluêucias rnais absurdas

do

que

as

que

decorrem

de

outros

sisternas.

"

"Contudo,

convém dar preferência aos sistemas de Ptolomeu e de seus

discípu-los, clue supõem excêntricos e epiciclos, pois dão conta das aparências de forma suficiente, e isso pelo tnenot ttúmero de movitnentos".

topi.tro

tl'Abano (Pctrus Patlul¡ancnsis). Lucidator Astrctn¡niæ (llibliotcca Nacional dc I'aris, nranuscrito latino rlg 2598, [. 99 tìentc a l'. 125 verso).

lspi.t.o

cl'Abano, Lucidotor;

ditf. IV.

a: An sit poncrc cccctltricos ct cpicyclos? (n1s.2598,

r

u2-116).

t 6Pi.tro d'Abano, Lltcidator,f.

ll2,

col. c.

1 TPi"tro

(9)

us le-rte os OS Io-to. tm eu lo, rfa

l4

)St

lc

r8,

SALVAR

OS

FEN0IvTENùS

4I

Etlvio

Ðbrc

ø

no@

de tæria ftsicø de pløtAo a Galileo

Pietro de

Abano

invoc4

então,

a

autoridade

de

simplicios,

e

depois continua

nestes termosr E.

"o

que me confìrma

esa

suposição é que ela emprega,

para

reproduzir o

movi-mento

celeste,

o

menor número de órgãos; considero, de

fato,

que nâ-o se deve

compor

o

movimento

em questão

com um

grande número de elementos se se

Esas diversas passagens escritas

por

Pietro de Abano resumem a fìlosofia científica dos astr'ônomos cristãos da Idade Média;

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condensa-se em dois princípios:

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