UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRARIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA
PREVENÇÃO DA BARRIGA PRETA EM LAGOSTA A BORDO DE BARCO GELEIRO E VERIFICAÇÃO DO
USO ATUAL DO BISSULFITO DE SÓDIO FRANCISCO EVANDRO BARBOSA DE ALMEIDA
DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA DE PESCA DO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRARIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA, COMO PARTE DAS
EXIGÊNCIAS PARA A OBTENÇÃO DO TfTULO DE ENGENHEIRO DE PESCA
FORTALEZA - CEARA JULHO - 1984
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A446p Almeida, Francisco Evandro Barbosa de.
Prevenção da barriga preta em lagosta a bordo de barco geleiro e verificação do uso atual do bissulfito de sódio / Francisco Evandro Barbosa de Almeida. – 1990.
24 f. : il.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 1990.
Orientação: Prof. Masayoshi Ogawa. 1. Lagosta (Crustáceo) - Criação. I. Título.
CDD 639.2
1984
Prof. Adj. Miisayoshi
OgawaBANCA EXAMINADORA
Prof. Ass. Hglio Teixeira de Almeida
Presidente
Joao Batista Fernandes de Sousa
Engenheiro de Pesca
VISTO:
Prof. Adj. Raimundo Saraiva da Costa
Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca
Prof. Ass. Carlos Geminiano N. Coelho
Coordenador do Curso de Engenharia de Pesca
A meu caro mestre e amigo professor Masayoshi Ogawa pela valiosa oportunidade de ser seu orientando.
Ao Laborat6rio de Ciências do Mar, na pessoa de seu diretor)Dr. Jader Onofre de Morais, pelo uso de suas insta-gOes e equipamentos.
A Empresa de pesca Amazônica S.A., na pessoa de seu diretor presidente) limo. Sr. Afonso Henrique Fontes, pe lo uso de sua embarcação na pesquisa.
A toda tripulação do barco "Popeye" na pessoa de seu mestre l Ilmo. Sr. José Dival de Oliveira, pela colabora-ção no trabalho a bordo.
Aos tecnicos do LABOMAR, Esmerino de Oliveira Maga lhães Neto e Norma Barreto Perdigão, pela amizade, incenti-vo e inestimgvel colaboração na confecção deste trabalho.
As colegas Pauliene Maria Parente, Norma Cilia de Almeida e Socorro Santos Gomes, pela prestimosa ajuda nas analises de laborat6rio.
Aos amigos Antonio Martins da Rocha Junior e Eulg-lio Santiago Costa pela confecção dos grgficos e figuras.
1
PREVENÇÃO DA BARRIGA PRETA EM LAGOSTA A BORDO DE BARCO GE-LEIRO E VERIFICAÇÃO DO USO ATUAL DO BISSULFITO DE S6DIO
Francisco Evandro Barbosa de Almeida INTRODUÇÃO
Desde o ano de
g
ao
lagosteira ao longo Estado do Cear g ocupa a diz respeitoa
produção va, 1972).1955, quando se iniciou a explora- da costa nordestina do Brasil, o principal posição nacional, no que e exportação de lagostas (Pinto Pai
Segundo dados fornecidos pela SuperintendEncia do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), do Ministerio da Agricul tura, no ano de 1982 o Brasil exportou 2.430 toneladas de caudas de lagostas congeladas, no valor de U$43.073.823,01, ca bendo ao Estado do Cearg 2.152 toneladas, no montante de U$ 38.424.199,83.
De acordo com o mesmo Orgao, para o período 1976/ 82, a participação dos barcos geleiros correspondeu a 60% da frota atuante na captura de lagostas destinadas
a
expor-taggo.As capturas de barcos geleiros apresentam indices de barriga preta bastante significativos em comparação com os dos barcos equipados com câmaras frigorificas (Viana, 1983).
A barriga preta da lagosta se caracteriza pelo es-curecimento sobretudo da parte ventral da cauda. A primeira evidEncia para a natureza enzimgtica deste fenOmeno em crus tgceos foi reportada por Fieger(1951).
Ogawa et ai. (1983) reportam que este escurecimento em caudas de lagostas conservadas em gelo induzida por condigOes fisiol6gicas "in vivo", bem como por traumatismos sofridos pelos especivz5durante e apOs a captura.
No Brasil, a partir de 1972 o Serviço de Inspegão Federal (S.I.F.), do Minist6rio da Agricultura, vem donde-nando todas as caudas acometidas de barriga preta.
Atualmente de uso corrente, pelos pescadores, o bissulfito de sOdio (NaHSO3' ) como inibidor do fen3meno, no obstante o emprego deste produto ser objeto de restri-gO-es por parte dos paises importadores, existindo um nivel de teor residual de di6x1do de enxofre (SO2) maxim° permiti do no milsculo da cauda das lagostas.
No que concerne
a
utilização do bissulfito de s6-dio na produção dos barcos geleiros regionais, no se conta com qualquer orientação t6cnica (Meneses et c. ,1972)Levado a efeito a bordo de um barco geleiro, com as espécies PanailLuz anguz (Latreille) e Panai&uz
taeui-cauda (Latreille), o presente trabalho tern por objetivos
testar a tecnica alternativa da eutanãsia, desenvolvida por Ogawa et at. (1983)3 a fim de combater a incidência de bar-riga preta; bem como observar o estagio atual da utilizagao do bissulfito de s6dio no combate ao referido fenemeno.
3
MATERIAL E METODOS
Experimentos a bordo
Empreendemos duas viagens no barco "Popeye"
per-tencente
a
empresa de pesca Amazônica S.A., nos periodos de10/10/83 a 26/10/83 e 07/04/84 a 21/04/84. Este barco apre-senta as seguintes caracteristicas: casco de madeira, com-primento - 13,0m, boca - 4,46m e calado - 1,0m. 0 seu
sis-tema propulsor consiste de um motor Mercedes Benz diesel,
modelo OM-352, de 150 HP, permitindo uma velocidade maxima
de 7 nOs e uma velocidade econômica de 4 nOs. Equipado com uma bilssola Keike, um radio transmissor-receptor SSB-100 e um aparelho de ecossonda Speary, o aludido barco conta com uma tripulação de 7 homens: o mestre, o motorista, o cozi-nheiro e 4 pescadores. A capacidade das urnas do seu porão e de cerca de 5.000 kg de gelo britado e 3.000 kg de iscas,
levando ainda tanques com 2.000 t d'agua para consumo da
tripulação e 3.000 t de Oleo combustível.
Na primeira viagem observamos todos os aspectos
técnicos ligados a pescaria, aplicamos o metodo de eutang-sia nas lagostas capturadas e tragamos curvas de resfria-mento para as duas espécies consideradas.
A eutanasia consistiu na imersão dos espécimes em agua do mar com gelo a uma temperatura em torno de -2°C. Pa ra tanto nos servimos de uma caixa isotermica (Figura 1),na
qual se introduziu, antes de iniciada a pescaria, ggua at
2/3 do seu volume. Em seguida adicionaram-se 20 kg de gelo britado, sendo a temperatura do meio controlada com o auxi-lio de um termômetro Takara do tipo SPD-10.
A curva de resfriamento foi tragada para 3 exem-plares de cada espécie, separados por ocasião da despesca.
ggua do mar, at o final da pescaria, apOs o que, com o
au-xilio do termOmetro jg mencionado, procedia-se
a
tomada detemperatura do milsculo interno da cauda. Em seguida o esp6-,cime era posto no interior da caixa isotermica, registrando
se as temperaturas de 30 em 30 segundos, ate que se atin-
gisse a temperatura do meio.
Quanto
a
segunda viagem, esta se realizou comvis-tas
7ireadaptagao
da aplicação do metodo de eutangsia,pre-vengão de lagosta "azeda" e observação do uso atual do bis sulfito de sadio.
No tocante .radaptação da eulyzeia, procuraríamos aplicg-la ao termino do dia de pescaria. At ao cabo desta, as lagostas seriam mantidas em ggua do mar na caixa isoter-mica.
Com o fito de combatermos o problema da lagosta
"azeda",- providenciamos a assepsia das urnas com ggua
clo-rada. Ap6s o acondicionamento das caudas em gelo, efetuamos dois tratamentos com antibiftico (tetraciclina: 500mg/um li tro de ggua), o qual foi aplicado no 59 e 109 dia de pesca-ria sobre as camadas de gelo.
No que respeita an uso do bissulfito de sOdio, con
duzido pelo pescador "geleiro", as caudas foram imersas em solugaes preparadas com ggua do mar. Segundo constatamos, a concentração da referida solução variou de 0,095 a 0,19%, e o tempo de imersão entre 5 e 10 minutes, de conformidade com a maior ou menor quantidade de caudas tratadas, levando-se tambem em conta a mudança de tonalidade da solução.
5 - Experimentos de Laborat6rio
Ao termo de cada uma das viagens por n6s realiza-das, procedemos, na indllstria, a uma amostragem da
produ-ção, a fim de avaliarmos os Indices de barriga preta
(tabe-la 1). Por ocasião da segunda viagem, parale(tabe-lamente reti-ramos dessas amostras caudas acometidas do fenômeno, com o fito de estimarmos os seus teores residuais de di6xido de
enxofre (SO2). Para efeito comparativo, analisamos esses tea
res em caudas isentas de mancha preta, coletadas na mesma aleatoriamente. As regi3es da cauda analisadas
constaram da porção de carne não aderida ã carapaça ap6s
o descabegamento (milsculo externo), bem assim da porção mus cular restante (milsculo interno).
Para estas an5:lises utilizamos o método descrito
por Tsukuda & Amano (1972), que trata da liberação de SO2
por microdifusao em placas de Conway, e sua posterior deter
minagão espectrofotométrica. Operamos com o espectrofotôme-
tro Varian Techtron modelo 635 e comprimento de onda de
560nm. Segundo a metodologia de Tsukuda (1974), construímos a curva de calibragão (figra 2).
Na caracterização dos indices de escurecimento da
parte ventral da cauda, atribuimos os seguintes escores:
1--0 a 5%; 2-5 a 15%; 3--15 a 30%; 4-30 a 50%; 5-50 a
70% e 6--70 a 100%.
A fim de verificarmos a relação existente entre tais
indices e os teores residuais de SO2 no milsculo interno, os
dados foram objeto do teste de correlação linear.
As caudas foram classificadas nos seguintes grupos
de pesos: I - 30
-4
90g; II - 90 -1 140g e III - 140 —I 200gRESULTADOS E DISCUSSA0
- Experimentos a Bordo
No tocante
a
primeira viagem, a despeito da aplica gao da eutangsia, as caudas amostradas apresentaram um indi ce de "barriga preta" da ordem de 4,06%. Isto demonstrou que o referido método não foi tão eficiente quando da sua aplicação a bordo, porquanto, segundo Viana (1983), em con-dições de laboratOrio a eutangsia mostrou-se eficaz inibi dor do fenômeno. Entendemos que uma das causas limitantespa ra a aplicação do aludido metodo a bordo consiste nos trau- matismos acidentais sofridos pelas lagostas, inerentesa
propria natureza da captura. Esta se procede em ritmo acele rado, ocasionando choques dos manzugs com a borda do barco, fazendo com que as lagostas se choquem entre si e/ou com as armações da armadilha, mormente quando da vinda de um nume-ro considergvel de exemplares nesta. Além disto, o pescador contribui com uma parcela dos traumatismos ocorridos, pois premido pela necessidade que o ritmo da pesca lhe impõe, re tira os espécimes bruscamente dos manzugs. A segunda causa diz respeito ao controle de temperatura da ggua, pois devi-do as dimensões da caixa isotermica, ditadas pela disponibi lidade de espaço do convés, e a par da grande quantidade de lagostas acondicionadas na mesma, não se obteve por muito tempo uma temperatura ideal para o processo em causa. Em vista disso, fazia-se necesseria a reposição de gelo para o abaixamento da temperatura. Todavia, isto não era possível por vezes, dado que a tampa do porão, por algumas ocasiões, tornava-se obstruida pelas pilhas de manzugs sobre ela depo sitados, bem como para não se interromper o ritmo normal da pescaria.Relativamente
a
elaboração das curvas de resfria-mento do processo de eutangsia (Figuras 3 a 8), as mesmas se completaram num tempo entre 12 a 30 minutos. Pode-se afir-mar que o resfriamento se operou mais rapidamente em exem-plares de menor talhe, o que confirma os resultados obti-dos por Aguiar-Jaior(1982) e Viana(1983).
No que concerne ã readaptação da aplicação da euta
nasia, objeto da 2a. viagem, essa tentativa não surtiu o
efeito esperado, uma vez que muitas das lagostas mantidasre
caixa isotermica não sobreviveram at o final da pescaria.
Tentando contornar este inconveniente, passamos a manter as lagostas na caixa isotérmica por vezes banhando-as com água do mar. Este procedimento acusou um maior indice de sobre-vivência, embora outro problema o tenha tornado inviável,da do a grande quantidade de lagostas capturadas, que superava em muito a capacidade da caixa. Concebemos ainda a aplica-gão da eutanásia parceladamente, mas a pequena capacidade da caixa nos demoveu dessa ideia, pois isto concorreria pa-ra uma demanda de tempo considerável. Esta concorreria papa-ra
um maior gasto de combustivel, posto que o motor do barco
teria que permanecer em funcionamento para prover a água
destinada
a
posterior lavagem das caudas.As medidas tomadas na prevenção do aparecimento de lagostas "azedas" mostraram-se eficazes, pois nas amostra gens conduzidas na ind5stria não se observou nenhuma cauda portadora dessa manifestação microbiana.
RESULTADOS E DISCUSSAO
- Experimentos de LaboratOrio
De posse dos dados obtidos para o teor residual de SO2 no milsculo interno das caudas, procuramos
correlaciong-los com os escores atribuidos ao escurecimento da regiao van
trai das mesmas (Figura 9).
As percentagens de escores obtidos constam da figu ra 10 e os niameros de lagostas amostradas, constatadas para cada escore, apresentam-se na figura 11.
Levando-se em conta as especies estudadas, Pana-
tikaz aftgu4 apresentou coeficiente de correlação linear r =
-0,28, com n = 65, ao passo que P. taevicauda, r = -0,27,
com n = 49.
Considerando-se o parametro sexo, os esp6cimes
ma-chos de P. taevicauda apresentaram r = -0,31, com n = 37,
as fêmeas o mesmo valor de r com n = 12. Relativamente espécie P aitgu4, os exemplares machos apresentaram um r
-0,13, com n = 34, enquanto nas fameas o r foi -0,41, com
n = 28.
Em que pese aos estggios do ciclo de muda, para P. e
axgcbs encontramos um r = -0,13, com n = 40, e r = -0,10,com
D. Em P. taevi o estagio C, n = 15, respectivamente para cauia constatamos r = -0,22, e r = -0,67, com n = 8, para os estggios C e com n = 40, para o estio D.
Conforme indicam os resultados acima, não houve cor
relação entre os teores de SO2 residual no milsculo interno
e escores relativos ao grau de escurecimento da parte ven-tral da cauda. A despeito disto não podemos ser conclusivos.
Segundo Vasconcelos (1975) a concentração de SO2 diminui ao
longo dos dias de estocagem devido
a
vdWIlizagão desta substancia, bem assim com a lavagem das caudas pela ggua de
9 pescarias de varios dias, no fim dos quais retiramos para
analises as caudas portadoras de barriga preta, não podemos
precisar o dia de captura de cada uma delas e conseqüente-mente o tempo em que foram conservadas em gelo.
Quanto aos valores residuais de SO2 na parte inter na das caudas, variaram entre 0 e 29 ppm, para P.eaevicauda e entre 0 e 26 ppm para P. coLgu4. Por outro lado, analises procedidas no müsculo externo revelaram valores superiores a estes, variando de 15 a 975ppm e entre 68 a 224 ppm, res-
pectivamente para P. aftguz e P. taevicauda. Entretanto,
os valores relativos ao milsculo externo variaram sobremanei ra, sem que apresentassem proporção definida com relação ao museulo interno. Sem embargo desta grande variação podemos
confirmar o trabalho de Ogawa et at (1982), porquanto esses
autores reportam maiores residuais de SO2 na parte externa
das caudas, em comparação com os teores internos.
Com relação ao peso das caudas (tabela 2), as
la-gostas de menor talhe apresentaram, em mgdia, maiores
Indi-ces de SO2 residual na parte interna, verificando-se o
con-trario quanto aos especimes de maior porte, exceto para o
grupo III de lagostas P. clAgta, o que se atribui a pequena
amostragem efetuada. Estes resultados estão de acordo com
Ogawa et at (1982).
No tocante as analises de SO2 em caudas de
lagos-tas não acometidas de barriga preta (tabela 3), para P. tae
vicauda macho, no mUsculo interno, encontramos valores en-tre 0 e 25ppm, ao passo que nas femeas enen-tre 0 e 57 ppm. Pa ra essa mesma espécie, na parte externa, os machos apresen-taram entre 11 e 81 ppm, enquanto que nas fêmeas
constata-mos entre 16 e 57 ppm. Por seu turno, os machos de P. axg(140
apresentaram, para parte interna, 0 e 8 ppm, e as fêmeas en
tre 1 e 20 ppm. Ainda com relação
a
mesma especie, oscleo-res de SO2 situaram-se entre 0 e 143ppm e 17 e 97ppm, cleo- res-pectivamente para machos e femeas.
Os resultados acima parecem não diferir em muito dos obtidos para lagostas portadoras de barriga preta, en- tretanto não foi possível sermos conclusivos, pelo mesmo motivo de falta de. informagOes acerca de cada cauda e a par da pequena quantidade de lagostas amostradas.
No que diz respeito
a
analise dos teores de SO2 re sidual do mdsculo externo, estes se apresentaram acima dos obtidos para o milsculo interno (Figuras 12 e 2.3), o que vem novamente confirmar o trabalho de Ogawa et 01(1982).Visto que as caudas analisadas apresentaram pouca variação no peso e o mesmo estcigio de muda, não levamos em conta estes parâmetros.
11
CON CLUSOES
1 - A aplicação do método da eutangsia apresentou alguns re
sultados sat:;_sfat6rio5no combate 6. barriga preta, no
entanto aquem daqueles verificados em condigaes de labo ratCrio, o que atribuimos a problemas tecno16g1c0s quan do da sua aplicação a bordo, principalmente no que diz respeito ao controle de temperatura e traumatismos aci-
dentais sofridos pelas lagostas, inerentes a prOpria
natureza da captura.
2 - Visando
a
diminuição dos traumatismos, que constituemfatores determinantes no aparecimento de barriga preta,
deve-se conscientizar a tripulagãorosentido de que a
melhoria no manuseio das lagostas, da captura at .3
processamento industrial, faz-se importante para a dimi
nuigHo dos Indices de aparecimento do referido fenOmeno.
3 - Recomendamos o envio em etapas da produção capturada,vi
sando
a
diminuição dos dias de conservação em gelo, ecom isso baixar o índice de aparecimento de barriga pre
ta, bem como contribuir para o melhoramento do padrão de qualidade sanitgria do produto.
4 - Não encontramos correlação entre os teores residuais de SO2 no musculo interno das caudas e escores de escureci-mento da parte ventral das mesmas.
5 - Observamos teores de SO2 residuais elevados em algumas caudas, mormente no milsculo externo, o que poderg vir a comprometer a boa aceitação do produto por parte dos mer cados importadores.
6 - Tendo em vista combater a contaminação ponsgvel pelo aparecimento de lagostas rar evitar o contato das caudas, ou do tas vac ser acondicionadas, com outros
bacteriana
res-"azedas" 9 procu
gelo em que
es-produtos,tais co
mo alimentos, peixes capturados e principalmente iscas; bem como promover a assepsia das urnas com cloro, a ca-da viagem.
SUMARIO
0 presente trabalho tem por objetivo testar a bor-do de um barco geleiro o métobor-do da eutangsia, com vistas a
reduzir a incidência da barriga preta em lagostas das
espe-dies PanutiAca cutpta (Latreille) e Panuti1Lu6 taevicauda (La
treille), bem como observar o emprego atual do bis sulfito
de s6d10 (NaHSO3 5 ) que vem sendo conduzido com o mesmo fim.
A despeito de alguns resultados satisfat6rios, aplicação da eutangsia apresentou algumas limitagEes,
virtude de certos entraves tecnol6gicos com que nos depara-mos, a exemplo do controle da temperatura de a'gua destinada
a
imersão das lagostas‘ e os traumatismos acidentais a queestão sujeitas durante a captura.
Os teores residuais de diOxido de enxofre (SO2) na parte interna das caudas, não apresentraram correlação com o escurecimento da grea ventral destas.
Os valores mgximos de SO2 encontrados foram de 57
e 975 ppm, respectivamente para os milsculos interno e ex-
terno.
a em
13
BIBLIOGRAFIA
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Engenharia de Pesca.9. VIANA, E.M.Q. - 1983 - Influkicia
da estocagem de caudasde lagostas congeladas sobre a formação de melanina (barriga preta). Dissertação apresentada ao Departa
mento de Engenharia de Pesca do Centro de Ciancias A-grrias da Universidade Federal do Ceara', como parte das exigencias para a obtenção do titulo de Engenhei-ro de Pesca.
TABELA 1 - Freqii6ncia de caudas de lagosta acometidas de barriga preta observadas no barco "Popeyen.
Viagens Especies
Niimero de caudas
MACHO FnMEA
corn barriga
Normal preta Total Normal Cam pveta barriga Total
la. P. argus 1.137 41(3,5%) 1.178 1.028 19(1,8%) 1.047
P. laevicauda 927 117(11,2%) 1,044 1.742 28(1,6%) 1.770
2a. P. argus 513 33(7,1%) 552 462 35(7,0%) 497
Parte da cauda analisada Valores médios de SO 2 (ppm) P. t.cLev.icaucl.a. atpuz. T1 11.1 II TIT Miisculo interno Milsculo externo 4,27 81,114 3,61 132 183 3,78 71,64 2,52 75,64 1,6 51
TABELA 3 - Dados sobre as lagostas isentas LAGOSTAS - SEM
de barriga preta analisadas. BARRICA PRETA
•
Lagosta Espgcie Sexo Estagio Comp. (cm) Peso(g) Masculo interno SO2 -- • <ppm)• • •
•
Musculo externo SO2 (ppm) 1 p.1 M C 11 79,14 0 17 2 p.1 M C 9 52,30 14 81 3 p.1
r
c
10 68,33 3 31 4 p.1 M. C 9,5 53 3 90 8 51 5 p.1 N C 9,0 46 5 50 0 41 6 p.1 M C 10 49,00 25 48 7 p.1r
c
10 47,40 0 11 1 p.1 F C 10,5 67,27 0 95 2 p.1 F C 10,0 52,50 6 63 3 p.1 F C 10,5 49,30 57 500 4 p.1 F C 10,0 49,35 0 120 5 p.1 F C 9,5 44,90 0 16 6 p.1 F C 9,5 38,20 11 39 1 p.ar
c
11 73,60 0 73 2 p.ar
C 11,5 56,89 0 0 3 p.a M C 12,3 68,17 0 0 4 p.a M C 12,5 67,27 8 1143 5 p.a M C 12,5 67,08 0 23 6 p.a M C 11,0 54,55 0 0 1 p.a F C 11,5 80,90 3 97 2 p.a F C 12,0 65,90 20 39 3 p.a F C 12,5 65,35 1 17 4 p.a F C 12,0 66,48 3 68 5 p.a F C 12,5 65,82 1 41 6 p.a F C 12,0 73,89 4 69C 0 IAPÉKeSADO NAVAL 15 sum
1$OPOQ COXCPENS 2:1)e NAVAL $
DETALHE
FIBRA DE VIDRO
CORTE RANSVERSAL
CAIXA 1SOTRMiCA
FIGURA 1 - Caixa isot&rmi6a usada a bordo para aplicaq,io da eutan5sia.
."'•\ N . "i,,•‘ , 1M 0 7.4.4 44, 4-/ A szs t.... 7,;: i of c.5 asS ... La e:: v.: ,i• 10. ,,i ..C.t er i',;1,' 4'1'.•' . e, •*' C.) t....Y s.) Z.:. r• /. r.1 tat ,,' F•4 (1) r;4:4 In ,o •••••,, 1.!1 c:'• Er rn o 0 t,•:) (..) U. ri) 0 itl Lti Ns,
FIGURA 12 - Valores co*arativos entre os teores de
SOnos
miisculos interno e externo de caudas de
lagos-tas isenlagos-tas de barriga pretp-
tt7 0 - o . ARGUS To_ V I II DiVIDUO: o , c,. O. !: o R ARGUS To 0 o 4 $.11 Ut -- Vf iNDIVtGLIO'rt LEtilEt4 1;k:TERN' o IXTERNO:
FIGURA 13 - Valores comparativos entre os teores de SO2 nos músculos
intern°
e externo de caudas de lagos- tas isentas de baxriga pxeta.P LAEVICAUDA OA 0- o o o o o t 4 ----0---4—" - 4,---4 O 5 1 H 155 RI V V 1 V 5 1 N- iviouos P. L4.EV1CAU DA, 500 o 404- Z1 0 IC CT, - . - !1.f RI V yjiXritV 06)0'5 Lr., Ell 0 * MT ER640 • gT titHO