CURSO
DE JORNALISMO DA
UFSC
-FLORIANÓPOLIS,
OUTUBRO
DE 2013
-ANO
XXXII,
N° 6
tIiIfIIM.
Cursos
nas
�
áreas
de
ciências
exatas
possuem
as
maiores
taxas
de
desistência
PÀGINA
6
VIDA
DE
FEIRANTE
A
rotina de quem acorda
às
2h
.da
manhã
para encher
a mesa
dos
clien!_s
ES'_CIAL
8 ••
,--\;:-;Santa
Catarina
lidera
ranking
nacional
de
exploração
do
'I
:::.:��
�����I
nRO
SPORTIYO
Esporte
vem
conquistando
cada
vez
mais
adeptos
no
país
'AdINAi8
o Zero não
é
o
produto
de
apenas
uma
disciplina,
e
sim
de
seis
fases
Um ciclo que termina em ques
tionamento tem sempre a
possibili
dade de evoluirparauma
espiral,
se crescente ou decrescente somente oaprendizado pode
apontar na direção
correta.Acompanhar
os alunosdurante a
disciplina
doJornal
Laboratório é
participar
deumponto devista
privilegiado
nestesentido. Todosemestre é marcado por uma fase de turbulência inicial que ao
longo
dos meses só tende a
piorar,
mas àmedida queo tempo passaé visível como o
produto
desse embateganha
complexidade
de uma forma qua,. seespontânea.
Poder darvazão aos semestres dedisciplinas
deredação,
foto, planejamento gráfico, edição
... écontemplar
oesforço
de todos os mestresanteriores.Oresultado éuma
edição
ricaem nuances como essa.Emumexercíciode
edição
as matérias foram distri buídas em sete editoriasdiferentes,
umbom número para dezesseis
pá
ginas.
Apercepção
dojornal
apartir
de uma proposta editorial voltada
para um
público
determinado éumdesses avanços quecomentei epon tua o amadurecimento ao
longo
do processo.Nas
próximas páginas
nossosávidos leitores
poderão
encontrardesdetemas de debate
nacional,
como oprograma Mais
Médicos,
que começou atrazerpara a
região
profissio
naisde
países
"hermanos",
até questões que
embaraçam
oestadocomo odestaque
negativo
emrelação
aonúmero decasosde trabalho infan
til. Temas quenos preocupam dire tamentecomo
qualidade
econdições
no ensinosuperior
também estãocontempladas
nas matérias sobre aevasãonos cursosdelicenciaturae o
altocustode
algumas disciplinas
em cursos comoArquitetura,
Odontologia
eArtes Cênicas. Discussõesquetrazem a tona as etapas que ainda
precisam
serpercorridas
apartir
daspolíticas
deações
afirmativas.Outro
"compromisso
histórico",
comodiriaumdosmestresquecon
tribuíramcom sua
parcela
deexperi
ência,
éoolhar socialatentoeapuradoquedestacamosem nossamatéria
especial.
Nossasrepórteres
acompanharam um dia na rotina de uma
família de
feirantes,
e nostrazem orelato deum
esforço
dereportagemqueaslevouaentraremcontatodi
retamentecom nossamatéria
prima,
o serhumano.Agora
nosquestionamos
sobre apróxima edição.
Não deixem deconferir!Boaleitura...
Arepórter PatríciaSiqueira entrevista Nisa Hars,durantesuajornadaque começou as2h da manhã
ERRATA
PARTICIPE!Mandecríticas, sugestõesecomentáriosE-mail-zeroufsc@gmail.com Telefone -(48)3721-4833 TwItter- @zeroufsc Cartas -Departamentode Jornalismo
CentrodeComunicaçãoe Expressão
UFSC- Trindade
Florianópolis (SC)
CEP: 88040-900 Na
edição
de setembro doZero,
informamos que amatéria "Histórias deumavidainteira"
(páginas
8e9)
foi
produzida pelo repórter
DanielLemes.Aprodução
dapautafoi realizadanaverdade
pela
acadêmicaPatriciaPamplona.
OMBUDSMAN
GÉSSICA VALENTINI
o
desafio
de superar
expectativas
C
om uma
pilha
dejornais
nosbraços,
caminhandopelo
campusda
UFSC,
maisdeuma vezouvientonações
animadas: "OZero!". Nocursode
jornalismo,
entrecalouros,
veteranos,professorese
servidores,
areação
eradesimpatia
pela chegada
da novaedição.
Damesmaforma,
no cursodeengenharia,
nabiblioteca e nareitoria...Mesmofora da
UFSC,
muitosex-alunos vibraramao ver ojornal,
doqual
umdia fizeramparte.Aopararnoscorredoreseesperarareação,
alguns
relatosforam surpresos: cadêareportageminvestigativa?
Aturma, ainda estreante,
propôs
ofeijão
earroz.Otempo,adificuldade de
conseguir
boasfontese os mesmosdesafiosqueenfrentamprofissionais
dosmeiosdecomunicação
tradicionais,
diáriosou semanais,
foramempecilhos
aosalunos doZero.Como
consolo,
serve ofato dequeascríticasnãoforamaostextos,preparados
comesmero,massobreaspautase,principalmente,
sobre ostítulos.Entrealunos docurso eprofissionais
daárea,
aunanimidade noscomentáriosfoiafalta de chamadasqueatraíssemmaisoleitor.Desdeachamada de capaatéachamada dacontracapa,faltaram
verbos,
sinônimos,
faltarampalavras.
Faltou aexperiência
doeditor,
somada à astúciadodiagramador,
que dáumespaço suficiente paraqueumaboa ideia
seja
transcritade formacompleta.
Damesmaforma queaostítulos faltaram
palavras,
aalgumas
reportagensfaltaram
imagens.
Podeserqueelasnãofalemmaisque milpalavras,
masfalammuito e atraemoolharatento do leitorquefo lheiaaspáginas
deumjornal, esperando
serconvidadoparaaleitura.Apesar
derepórteres
nãoseremnecessariamentefotógrafos,
editoresou
diagramadores,
oresultado destaedição
desafiaosfuturosprofissio
naisa
lançar
umolhar críticosobreopróprio
trabalhoesobrefunção
deum
jornalista.
Comcerteza, o leitor
pode
esperarumresultado ainda melhorjá
nestaedição,
commaisempenho, experiência,
melhorespautas, textos,imagens
ediagramação. Afinal,
apesar doZero ser um[ornal
Iabo-ratório,
queserve comoaprendizado,
éesperando a
recepção
animadade uma nova
edição
queosalunosoprepa ram: "O Zero!". Sim,
chegou!
É
preciso
contornar afalta detempocom ahabilidade que a pro
fissão
exige
ejuntar
técnica e criatividade
para superar
expectati
vas.Boaspautas,títulos
etextossomadosà ética
e à
responsabilidade.
Tudoisso
virá,
diaapós
dia ejá
naspróximas
edições
doZeroGéssicaValentini,professorada Universidade Federal deSanta Catarinaeresponsáveledito rialpelojornallaboratórioZero.
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F
zl80
T
JORNAL
lABORATÓRIO
ZERO Ano XXXII - N° 6 - Outubro de 2013REPORTÂGEM
Ana LuísaFunchal, Andressa Prates, Artur Felípe Figueira, Bárbara Cardozo, Beatriz Carrer,
BrunaAndrade, Daniel Lemes, Emanuelle Nunes, Fernanda Costa, Aávio Crispim,luri Barcellos, Jéssica Sant'Ana, João Paulo Fernandes,Karine Lucinda, Luiza Lobo, Maria Luiza Buriham,MarianneTernes,Marília Quezado, NatáliaPilati, NatáliaPorto,Patrícia Cim,Patricia Pamplona, Patricia Siqueira, RicardoPessetti, Rosângela Menezes,Sophia
Rischbieter,TaynaraMacedo,ThaísJordão,Vanessa Farias
EDiÇÃO
AnaCarolinaCerqueira,AnaLuísaFunchal,FlavioCrispim,João PauloFernandes,JuliaLindner,LilianKoyama,MarianaPetry, Natália Pilati,:Nícolas Quadro,Patricia Siqueira,Stefanie Damázio,Thayse Stein
PROFESSORES-RESPONSÁVEIS
Ângelo
Augusto Ribeiro,GéssicaValentini, LucioBaggio MONITORIA Ana PaulaMendes,JuliaAyres
IMPRESSÃO
Gráfica GrafinortenRAGEM 5milexemplares
DISTRIBUiÇÃO
Nacional FECHAMENTO28deoutubro.•
Melhor Jornal Laboratório- I PrêmioFoca
Sindicato dosJornalistasdeSC2000
•
3°melhor Jornal-Laboratório do Brasil
EXPOCOM 1994
••••••
MelhorPeça GráficaSet Universitário/ PUC' RS 1988,1989, 1990, 1991, 1992 e 1998
ZERO,
outubro de 2013Design:Ana Paula Mendes
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
I _
Mais
Médicos
chega
a
Santa
Catarina
Palhoça
e
outras 25
cidades
serão beneficiadas
pelo
polêmico
projeto
do
governo
federal
Silvio
Gabriel Benitez,37 anos,
�
formou-se em medicina
pela
�
Universidade de Buenos Aires
ê
eé
pós-graduado
naUniversi- � dade deBarcelona,
especializado
ematendimento
emergencial. Já
morou noChile, Cuba,
Panamá eMéxico,
onde conheceu a
gaúcha
com quemse casou há 10 anos.Atravésdo pro
grama MaisMédicos do governo fede
ral,
oargentino
viuaoportunidade
demudar-se paraoBrasilefazer de
San-taCatarina não maisseudestino de fé
rias,
mas seular.Benitezéumdos trêsestrangeiros
quereforçarão
oquadro
de médicos de
Palhoça,
trazidospelo
MaisMédicos.
O programa dos Ministérios da
Saúde e
Educação
tem oobjetivo
de trazermédicosparaatenderascidadesbrasileirasemquehá carência destes
profissionais,
emespecial
nointerior.Palhoça
éapenasumdosmaisde 25municípios
catarinenses que receberaminscritosdoMaisMédicos.Na
pri
meiraetapado programa,maisde20profissionais
vieram para Santa Ca tarinae nasegunda
outros20foram destinados paraoestado.O Postode Pachecos seráo novo
local de trabalho de
Benitez,
onde atenderá como clínicogeral.
A unidade de saúde atende a uma comu
nidade carente de cerca de 12 mil habitantes.
Quando
arepórter
doZero entrevistou oargentino,
ele esperava oConselhoRegional
de Medicina doEstado deSanta Catarina
(CREMESC)
conceder sua
autorização
provisória
paraatuar, processo que está atrasa
do, pois
oConselho aindanãorecebeu todososdocumentos dos médicos doMinistério daSaúde. Aindasem
poder
começar a
trabalhar,
Benitezpassoualguns
diasnaunidade,
adaptando-se
aolocalevendocomo éofuncionamento.
"É
umlugar
quenãoprecisa
deum
cardiologista,
porexemplo,
massimummédico
popular,
que acolhaapopulação
efaça
umtrabalhosocial,
ensinandocomo devemsealimentar e a
importância
do exercíciofísico",
conta. Elejá
planeja organizar
ações
comocaminhadasetardesem
algum
ponto da comunidade para medir a
pressão
arterial dosmoradores, pois
acredita quesãoformas deaproximar
sedacomunidadeelevar
informações
àspessoas que não costumam ir ao
postoconsultar-se.
Assim como
Palhoça,
qualquer
cidade brasileira
pode participar
doMaisMédicos.A
prioridade
parareceberos
participantes
do programa seráparaas
regiões
comcarênciaedificul dade de retermédicosintegrantes
daequipe
de saúde da família.Estasregi-Posto do bairro Pachecos,que atendea umacomunidade carente de 12 milhabitantes, éo novolocal de trabalho domédicoargentino
Silvio Gabrielplanejaaçõescomocaminhadasecontrole da pressão
satisfação
profissional
de atender pessoas que realmenteprecisam.
Omédicoviutambémachance derea
lizarum
antigo
projeto:
fazero examede
Revalidação
doDiploma
Médico(Revalida).
Oargentino
já
havia seinformado para fazera
avaliação
quevalida os
diplomas
de universidadesestrangeiras
paraatuação
noBrasil,
começoua
juntar
osdocumentos,
mastrabalhando80horasporsemana na
Argentina
nãotinhatempoparaestudar.
Agora
irá recebero mesmosalárioque
ganhava
comdoisempregos
emhospitais municipais
e umconsultórioprivado
nopaís
deorigem,
trabalhando40 horas
aqui,
evaipoder
dedicar-se aosestudos parapassarno exame.
Os
profissionais
formados eminstituições
deeducação
superior
brasileira ou comdiploma
revali dado no Brasil têmprioridade
naseleção
eocupação
de vagas. Mastambém
podem participar
brasileiros�
formados eminstituições estrangei
�
ras comhabilitação
paraoexercício�
da medicina nopaís
em que atua e� médicos
estrangeiros.
Os inscritos
pas-saramportrêssemanasdecurso em umabase militar noRio de
Janeiro,
comaulas de idiomaeque abordavam temascomo Sistema
Único
de Saúde(SUS)
esaúde da família.Depois
tiverammaisuma semanadetreinamen
tonasunidades emque iriamatuar.
A
princípio
oprogramateráumaduração
de trêsanos,período
emqueserãoválidosos
registros
dos médicosparticipantes.
Osprofissionais
recebemumabolsa
formação
novalor deR$
10mil,
ajuda
decustoparadespe
sasdeinstalação
-quenão
poderá
excederovalor de três bolsas
formação
- epagamento das
despesas
de passagensaérea do médicoe suafamília.
Além doPostodeSaúde do Pache
cos,
Palhoça
receberáparticipantes
do Mais Médicosno Posto Central. Aunidade atende cidadãos de toda a
cidadecom uma
equipe
de20médicos, namaior parte
especialistas.
Ospostosdos bairros quenãoconseguem
atenderaspessoas encaminhampara o centro. O
aposentado
Luiz CarlosVaz, 60anos,sabe bem dos
problemas
da saúdeno
município.
Elecontaque mora no bairro Belavistae aesposa temproblemas
cardíacos. Demorauma semanapara
conseguirem
umaconsulta para elanobairroe láen
caminham paraoPosto
Central,
quetem
cardiologista,
masdemoracercadeumanopara
conseguir
uma novaconsulta. "Acredito que o programa
Mais Médicos foi uma boa
ação
dogovernoe
pode
viraajudar
amudarisso. A demoravai diminuir se tiver maismédicosparaatender".
Bruna Andrade
brunandrade92@gmail.com
Florianópolis
não
recebe
profissionais
temporariamente
Associação
CatarinensedeMedicina,
Conselho
Regional
de Medicina do Estado de Santa Catarina(Cremesc)
e Sindicato dos Médicos fizeram uma
manifestação,
emjulho,
contra aatuação
de médicos comdiploma
estrangeiro
no estado. Para atender areinvindicação
foilançado,
em agosto, o decretomunicipal
que determinavaque não
pudessem
atuarmédicoscomdiploma
estrangeiro
nacapital
sem o examedo Revalida.Aprefeitura
voltou atrásesuspendeu
odecreto,
evitandoaexclusão definitiva do programa.
O
presidente
do Cremesc, TanaroBez,
esclarece que ainstituição
não seposicionou
contraavinda dos médicosdo
exterior,
mas acha necessário queeles
sejam
submetidos ao Revalida. "Ogoverno, com uma
urgência
que eunãoentendoo
porquê,
achou queestesmédicos não
precisariam
passar poressa
habilitação
para comprovar ascapacidades
médicas",
dizopresidente,
que acredita que o Revalida atestaria
queosmédicosestãoem
condições
deatendera
população.
Com a
intenção
desuprir
osprofissionais
que nãovieram,
aSecretaria da Saúde de
Florianópolis
contratou oito médicos. Bez acredita que não sóem
Florianópolis,
mas emtodo o estado há médicos suficientes. "Os
municípios
que nãodispõem
de assistência médica não é porque não existem médicos quequeiram
ir paralá,
mas porque estes médicos não se sentem seguroscom ascondições
que aregião
ou omunicípio
oferecemparadesenvolvera
medicina,
semtecnologia
ouestruturafísíca decente."Produção:DaniellemesIEdição:Julia LindnerIDesign:luiza Lobo
Posto
Central
recebe pessoas
de toda
a
cidade
com
apenas
20
funcionários
ões,no
geral,
têmpopulação
sempla
nosdesaúde,
residentesemárearural,
com
população
deextremapobreza
ecidadãos beneficiários do
Programa
Bolsa Farru1ia.Adistribuição
dosmédicos
pelas
cidades também considerao
percentual
de horas trabalhadaspelos
profissionais
naárea da atenção
básicapara cada mil habitanteseo
percentual
de leitos para cada milhabitantes.
Benitez inscreveu-senoprograma
por ser uma
oportunidade
de trazer aesposade volta parao Brasilepela
ZERO.
outubro de 2013
��---"Papo
de
H.omem"
é
sucesso
na
rede
Comovocê descobriu que que riadesenvolver conteúdo para internet e como seidentificou com essaárea?
Guilherme Valadares - Foi um processo. O
próprio
Papo
de Homem teve comoembrião
algo
quesurgiu
antesdele.Então,tinhaumgrupo de e-mail no
qual
meiadúziadecarasquenãoseconheciam
resolveu se conectar paraconver sar umpouco sobrecomoteruma
vida
melhor,
umavida que fizessemais sentido para homens. Isso cresceu, se transformou em um
fórum que foi mantido por doa
ções
durante uns dois anos. Esseprocesso foium
grande caldeirão,
um laboratório para' entender o que estava acontecendo com ouniverso masculino. Existia uma
insatisfação minha,
e acho quecompartilhada
com outraspesso aslá,
que tudo quesefalava sobreohomemouparaohomem pare
cia sermuito
estereotipado,
muito
encaixotado,
muito limitado.Então a gente não se reconhecia nosveículos masculinose agente
nãoachava que
aquilo
aliparecia
dialogar
com oqueoshomenses tavam vivendo naprática.
Resolvi convidar
algumas
pessoas queestavam lá com o
seguinte
mote: e se existisse um veículo que sepropusesse a falar dos homens
de maneira mais
autêntica,
maisreal,
sobre umaamplitude
maiordetemas?
Independente
seisso vaidar
audiência,
se vai fazer sucesso, chamar anunciantes, ou não. Foiumpouco essavisãode gerar
um espaço com mais
liberdade,
que tivesse boaconsistência,
queacho queatraiu aspessoasno co
meço a
seguirem
com essarede,
num formato que inicialmente era umblog.
Um
pedaço
dopúblico-leitor
do site sãomulheres. Você acha queesse interessedopú
blico feminino é por elas que
reremsabercomo oshomens
Guilherme
Valadares,
criador do
blog,
fala do
desafio
de
trabalhar
com nova
comunicação
pensamoupor que elasse
identificamcom oconteúdo?
GV - Pelos dois.
Tanto que, seis
meses
depois,
tinham várias mulheres que perguntavam por que
não tinha um
Papo
de Mulher. Eoque elas
queriam
dizer: por quenão existeumveículo que
dialoga
com asmulheres demaneira maisautêntica,
maislivre depreconcei
tos,
estereótipos.
Você vêhoje
asrevistas femininas que ensinama
mulhera sermagra,
rica,
podero
sa e devoradora dehomens, sabe,
umarainhana cama.Euachoisso muito
aprisionador, imaginar
queessa é a
trajetória
que uma mulher tem que percorrer para ser
feliz. Como se elas trabalhassem comcaixotes,que acho que éuma
coisa também um pouco vítima
do modelo editorial
usual,
que é lento eque está cadavezmaisentrando emcrise.
Então,
o interesse das mulheres foi manifestando
rápido. Hoje
eu acho que maisde 30% dos leitoressãomulheres.o:
colaborativo
Papo
de Homemsurgiu
em dezembrode 2006com o
objetivo
detornar-seumarevistavirtualpara
opúblico
marculiTW. Oprojeto
deu certoe.trouse
prêmios
comooBestBlogs Brasil,
em2007,
eotítulode''Blog
que vocênãopodeperder"
darevistaÉpoca,
em2008.Hoje
evoluiuparacategoria
deportal
econtabilizaummilhãoemeiode visitasúnicaspor mês.
Umdos
principais
nomespor
trásdosucessoéGuilhermeValadacres. Pormadoem
Comunicação
Socialpela
Universidade FederaldeMinasGr!rais, ele
ajutkJu
afundar
oPapo
deHomem. Noinício deoutubroveioaFlorian6polis
ministrarocurso "Como cultivar comunidadesdigitais
ativas eengajadas"
e conversou comaequipe
doZerosobrecomoé trabalharnainternet.Nestaentrevista,
Guilherme Valadares destacaaimportância depro
duzir conteúdo que
faça sentitkJpara
aspessoaseadiantaque, no
futuro, deseja
tornarasassinaturasdosinternautasaúnica
fonte
derenda doPapo
de Homem.Em
sete
anos,
portalcontab�a
cerca
de
um
milhão
emeio
de
•acessos mensais
Comotornar estaredeintera tivarentável para que quem
trabalhecomissopossase sus
tentarapenas comeste meio?
GV
-Foi um processo na medi
da em que o
Papo
de Homem foievoluindo,
começar a trabalhar com as marcas, fazendo isso comcuidado. Em 2007 a gente criou
a
"Campanha pela Transparência
Online",
umacoisa que não existia, e
propôs
um seloespecífico,
uma maneira de identificar con
teúdos e preservar avoz editorial
em
relação
àvozcomercial.Entãoa gente começou a fazer
projetos
especiais
de conteúdo e de mídiacom as marcas, que conseguem
pagara
equipe
principal
doPapo
de Homem. Oartigo
éproduzido
inteiro sem a
menção
de marca,porque senão contamina a voz,
gera conflito de interesse, e ao
final,
tem essasessão quea gentechama demecenas, quetemavoz
da marca, a
imagem
dela,
dizendo que
apóia aquele
conteúdo.É
umamaneiraqueagenteacredita que oferece escala parao trabalho
sem comprometer o vínculo de
confiança
que agente temcom aspessoas.
Você
produz
conteúdo parainternet.Você acredita que isso vaisubstituirasoutras
formas de
veiculação
da informação
comojornal
e revista? Você acha que essevaiser omeio quevai funcionarcomo
principal
forma das pessoasseinformarem?
GV
-Hoje
já
é uma forma muito maiordo queosjornais
sedãocon-ZERO,
outubro de 2013+
ta. Outrodiaeu estavaconversando
com uma
agência
que atende aAssociação
Brasileira deJornalismo
eeles nãotêm a menorideia do que
irãofazer.
É
como se aimprensa
tradicional estivesse
perdida
em uma casapegando fogo
e nãosoubesseoque fazer. Mas eu não penso que a
internet vaimatar os outrosmeios,
massimqueanaturezadoconsumo
de
informações
como umtodovaise. transformar. A gente vai consumirinformações
emdispositivos
estacionários,
como os nossoslaptops,
nossostablets,
celulares. É como se os suportesfísicos parainformação
tivessem que
adquirir
umleque
depossibilidades
muito maior e cadaumcom umacaracterística
específi
ca.Por
exemplo,
eulerumconteúdo natelaédiferente deeulerum conteúdo no
papel;
natelaé mais cansativo,masàsvezestende'a sermais
prático.
O que euimagino
é que asempresas de
comunicação
irão terque saber lidarcom esse
leque
maioreentender
quando
usar oimpresso,
quando
usar odigital.
E dentro domeio
digital, quando
usar umtablet,
quando
usar ocelular, quando
usar olaptop.
É
como seamplitude
do leque tivesseficado bemmaior.
Vocêmesmocomentou que ler em
dispositivos
móveis é mais cansativo.Quando
estápen sando conteúdo paraoPortalPapo
deHomem,
você levaemcontaa
questão
defazer conteúdomultimídia,
maisreduzido?
GV - A
gente ainda não tem um
site
específico
paratablet,
por fa lhanossa.Oconsumode conteúdo emdispositivos
móveis está crescendo em umavelocidade brutal.
Tem
alguns
veículos quej
á estãonascendo sendo
pensados
para otablet. Em
relação
aprofundidade
do
conteúdo,
oqueagenteentende éque fizemos um
esforço
paracriarno
Papo
deHomemumlocal em quetextos curtos eprofundos
possam coexistir.
É
uma tristezaas pessoas acharemque conteúdo
profundo
nãopossaterespaço naweb.
É
como se a gente fosse reduzira nossa
capacidade
mentalasó um
pedaçinho
porque é o conteúdo que vaiser mais
comparti
lhado. Será que a gente só quer teracesso aoconteúdoqueémais
compartilhado?
Será que não faz sentido que menos pessoas leiam os conteúdos maisprofundos
quando
issofor necessário?Comovocê avaliao cresci
mentodas mídiassociaise
dos
blogs
noBrasil?Equal
omaiordesafio parase
produzir
conteúdo paraaweb?
GV - A
gentevive em uma era em
que a
produção
de conteúdo estásubindo
exponencialmente,
temcadavez maistextos, fotose víde os. O desafio paraos
profissionais
vai ser, cada vez mais,
produzir
comunicação
quefaça
sentidoe criar modelos de
negócios
que rentabilizem isso. E que não é sóuma
comunicação
quevaiprodu
zir notícias de celebridade e quevise somente buscar
clique.
Porque o conteúdo de melhor custo
benefício talvez
seja
o conteúdo sensacionalista. Têm estudos que,inclusive,
mostram como conteú dos que nos geram raiva ou ou trasemoções
primárias
viralizamem
grande
velocidade. Entãovocêpode
pensar que: vou criar umportal
que vai ter muitos acessos a custobaixo,
vou entãoprodu-Valadares: uÉcomo se aimprensa tradicional estivesseperdida em uma casapegando fogoe não soubesseoque fazer"
AINDA SOBREAS BIOGRAFIAS NÃG
AUTORIZ4;DAS.•
Home- Seções feSZYJtQ Contato AIll;1\lCie_
POHSHOTS
Nofuturo, Valadares quer abandonarosanúnciosemanterosite apenascom asassinaturas dos leitores
zir conteúdos sensacionalistas.
Mas que
tipo
de veículo eu estoucultivando com isso?
Que tipo
decomunicação,
quetipo
dejorna
lismo? Então, se todo mundo sepropuser a cultivar somente con
teúdos
sensacionalistas,
quem vaiproduzir
conteúdo queimporta?
Quem
vai fazer asinvestigações
sérias,
com finssociais? Easpessoasestãodispostas
aprocurar porumconteúdo
mais
qualificando,
deixando de ladoo conteúdo sensacio nalista?GV -
É
um desafio. NoPapo
deHomem
já
são seis anostentandoproduzir
um conteúdo com maisqualidade,
maisprofundidade
emais
significado.
Na minha visão, é uma
pedra
cantada que aspessoasvão procurar isso,porque elasvãose saturar. Elasvão atin
gir
em breveum estado de estáfiamental
tamanho,
comtantaboba gemcomtantoconteúdo de baixaqualidade,
queelasvão começarasimplesmente
procurar os locaisque entregam
alguma
coisa quefaça
mais sentido. Oproblema
dehoje
é que a gente trata a nossaatenção
como sefossealgo gratui
to,quenão tivessepreço ouvalor.
Então, agentecede a nossa aten
ção
otempointeiro. Aoceder parao
Facebook,
porexemplo,
a genteestáassinandoum contratosilen
cioso quedizque agente acha ok
participar
deumaplataforma
quevai se cultivar em torno de um
grande monopólio
deatenção,
quevai
precisar
se rentabilizarcom apresença de um volume monstro
de anunciantes.
Porque
se temmuita coisa
gratuita
queprecisa
de anúncio para se manter, es ses conteúdos vão
berrar,
gritar,
brigar pela
nossaatenção.
E se a gente tem muito conteúdobri-gando pela
nossaatenção,
temosmuito
barulho,
ruído e cada vez menoscomunicação
dequalidade.
Nos
próximos
anos,aspessoasvãoterque passar porumprocesso de
reapropriação
daprópria
atenção,
de entenderoquetemmuito maisvalor do que parece aondeagente
colocao nosso
olhar,
onde gasta mos o nossotempo."Hoje
existe
muito
conteúdo
brigando
pela
nossa
atenção
e
pouca
qualidade"
Você pensaemcobrar parater acesso aoconteúdo do
portal
Papo
Homem?GV- Anossavisãoésetornarum veículo que
seja
mantidopriori
tariamente
pelas
pessoas.Hoje
agente é
dependente
das marcas,masqueremos
chegar
no momen ta emquea nossaprincipal
fontede renda
sejam
aspessoas.Porque
isso muda por
completo
a premissado
jogo. Imagina
aeditoraAbril sendo mantidainteiramente
pelas
pessoas. Será que ela ia sepreocuparemfazer semprea mes ma pauta para as suas revistas?
Ela ia ouvir as pessoas, porque a margem de lucro ia se orbitar em torno das pessoas. Ela não ia mais pensar em como criar
algo
queseduzaaspessoasosuficienteparamanterolucro. Elaiasepre
ocupar em
produzir
realsentido,
real
significado
para as pessoas.Seria lindo odiaem que o
próxi
mogrande
grupo de mídiavivessedas pessoas enãodemarcas.
E aonde que você buscaconte
údo de
qualidade
nainternet?GV
-Nas pessoas. A gente tem os editores do
Papo
de Homem, estamos conectados a uma sériede pessoas, a quem buscamos.
Olhamos bans
sites,
como oBig
Think
(bigthink.com/)
e o BrainPickings
(www.brainpickings.
org/).
Então tem sites que estão sepropondo
afazerinvestigações
interessantes. O Ted
(www.ted.
com/)
é um excelente referênciade pessoas e olhares que a gente
quer
explorar.
É
como se a gentefosse atrás desites queestãobus cando o que realmente
importa,
buscandocoisasque valemo nos sotempo.
Qual
a sua dica para quemquer
produzir
conteúdoquali
ficado para ainternet?GV
-Primeiro, não use o Face
book. Em
segundo lugar,
bastantepaciência.
E,
porúltimo,
procure construirumgrupo de pessoas queveja
sentidonaquilo,
ainda queumgrupo pequeno,porqueno co
meçotalvez vocênãotenha gran
des números
absolutos,
mas fazmuito
diferença
você ter um grupodepessoaspara
qual aquilo
que vocêproduz faça sentido,
porque dali vaisurgir
umaefervescência,
um motor que vaiajudar
a coisaa
seguir
emfrente,
pegarembalo,
ainda quetome tempo até aspes soasreconheceremo seutrabalho.
Semrede
própria
emvolta,
emque aspessoas não estãocomentando,
você
perder
oprazerde fazeraqui
la.Terumaredeemvolta fazuma
grande
diferença
nosurgimento
deum
projeto.
E,porfavor, façam.
Háumacarênciaimensadeconte
údo que
faça
sentido.,"
Bárbara Cardozo
bacardozo18@yahoo.com.br
Bruna Andrade
brunandrade92@gmail.com
Jésslca Sant'Ana
jessicasantana06@hotmail.com
ZERO.
outubro de 2013Produçào:Bárbara CardozoIEdição:Julia UndnerIDiagramação:Ricardo Pessetti
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Menos
formandos
nas
licenciaturas
Carreira pouco atrativa
torna
Física, Química,
Matemática
e
Biologia
campeões
de
desistência
Enquanto
as matrículas nos cursos
tecnológicos
e de bachareladocresceram, respec
tivamente, 8,5%
e4,6%,
aslicenciaturas tiveram um aumento
de0,8%entre2011e2012. Deacordo
com osdados
divulgados pelo
Ministério da
Educação
(MEC)
noCensodaEducação
Superior
2012, quatroáreas consideradas fundamentais para a
formação
deprofessores
-física,
matemática,
química
eciênciasbiológicas
-alcançaram, juntas,
292,8
milestudantesno ano
passado,
oquerepresentapoucomaisde4% do total de matriculados no
país.
Ocursodeadministração,
líder doranking,
teve833 mil universitáriosem2012. O reflexo do baixo número de
graduandos
nas áreas de ciênciasexatas e
biológicas
é um déficit de170 mil
profissionais
narede deensinonoBrasil.ParaoDiretordoDe
partamento de
Administração
Escolar daUFSC,LuizCarlos
Podestá,
osbaixossaláriose otratamentoinade
quado
quesetemdadoaosprofesso
resdoensinofundamental emédiosão motivos quelevamosestudantes
aevitaracarreiradocente.Para
ele,
umadas
consequências
disso é que os alunoschegam
à universidade sem nunca ter tido aula com umprofessor
licenciado."Principalmen
te na rede
particular
deensino,
osestudantes têm aulas dematemáti ca,por
exemplo,
comengenheiros.
E passamavida estudantilinteirasem teraulacom umprofissional
formado
pedagogicamente.
E issosótendeaacentuar",lamenta.
O contato com a sala de aula
Desistênciasnos cursosde licenciaturageramum défictde170 milprofissionais nomercado de trabalho
foi
justamente
o motivo que fezFabrício de Souza trancar o curso
de licenciatura em
matemática,
naUFSC. Na
época
emque eragradu
ando,
umprojeto
chamado "Maiseducação"
levavaosuniversitáriosadar aulas de assistênciae
reforço
narede
pública
deensino. Aexperiên
ciade lecionarem umaescolaestadual de
Florianópolis
foi oestopim
para Fabrício
perder
o gostopela
profissão
deprofessor.
"Durante operíodo
emqueparticipei
doproje
to,fui
ameaçado
de morte, tiveumpequenosurtodeirae aescolame
deu calote no fim do
mês",
conta,hoje,
emtomde brincadeira.Onúmero deformadosnasáreas
de
química,
matemática e ciênciasbiológicas
também diminuiu. Ocursode física foioúnico quecon
seguiu
aumentar em 1,75% o número de concluintes.
Química
tevequeda
de1,4%,
ciênciasbiológicas
de 3,5% e matemáticabateu recorde, alcançando
umabaixa de14,5%
formados em
relação
a 2011. Asquatro áreas
colocaram,
juntas, 49
milnovos
profissionais
nomercado,
mas sem agarantia
dequetodos setransformarãoem
professores.
É
o caso deRosângela
Menezes,queseformouemlicenciaturaemfí
sica
pela
UFAM(Universidade
Federal doAmazonas),
maspreferiu
voltar àvida universitáriaetentaroutragra
duação.
"Cheguei
a lecionar físicaporseis anos, mas,além denão
gos-Permanência
e
orientação
vocacional
t
Em
média,
48% dos alunos que iniciamalgum
curso de licenciaturanão
chegam
a seformar.Osdados,
le vantadospelo
InstitutoLobocombase no Censo daEducação Superior
de2011, revelaram também que a taxa
média anual deevasãonessamodali
dadeemensino
chega
a19,6%.
Olíder da listaéo curso defísica,
com umíndice de
26,4%.
Para amestre em
administração
Vanessa
Livramento,
as universidades devem desenvolverestratégias
para oesclarecimento das dúvidas dos alu
nos do ensino
médio,
minimizandoa
probabilidade
de erro naopção
de cursoque fazemaoprestarvestibular. Ela ainda ressalta aimportância de,
após
oingresso,
auniversidade oferecerapoio
naforma dereforço
nasdiscipli
nasmaisproblemáticas
edegarantir,
financeiramente,
apermanência
dos Marucia PattaBargadl,psicólogae estudantesem
situação
devulnerabili�
:§ dade econômica.
]
Adoutoraempsicologia
Marucia� Patta
Bardagi
explica
que agoraasuni-versidadescomeçaram aolhar parao
estudanteeentender que eleentrana
universidadecom o
objetivo
deexplo
rar asmúltiplas opções
que oensinosuperior
oferece. "As universidades partem dopressupostoqueos estudantes
já
fizeramaescolhacertaecomeçam aprepará-los profissionalmente,
semmuitas vezes passar por
disciplinas
introdutórias". Ela ainda afirmaque, apesar degerar
impacto
econômiconoscofres
públicos,
adecisão por desistir de um cursopode
ser amelhoropção
para oaluno. "Muitosestudantesjá
entramdesmotivados,
insatisfeitos.Seadecisãode abandonar o cursofor
planejada,
trarábenefícios paraodesenvolvimen
to
pessoal
eprofissional
do indivíduo".tardarotinaestressante
professor
doensino
médio,
nãoconsegui
acompanharas aulasno mestrado.Nasmi
nhas contas, eramaisfácil começar
outra
graduação,
quenãoprecisasse
necessariamente fazer mestrado edoutorado,
do que passar mais seisanos insistindo num curso em que
nãomesentiarealizada
profissional
mente".
Ela,
que agoraé estudante deJornalismo
naUFSC, dizem tomde alívio: "finalmente encontrei aprofissãoquetemmaisa ver
comigo".
A falta de
integração
entre asdisciplinas
que formam o tronco -comumdas licenciaturase as matérias
específicas
de cadacurso contribui paraodesinteresse dos alunos em setomarem
professores,
afirmao diretor de ensino do
Colégio
deAplicação
da UFSC, Manoel Teixeira dos Santos. "Precisa haveruma
maior
articulação
entreosprofesso
res,
pois
os alunos acabamprivile
giando
asdisciplinas específicas
emdetrimento das de licenciatura.Isso
prejudica
aetapade reflexão sobreoprocesso de
ensino-aprendizagem
enãoforma
professores".
Podestá defende que as universi
dades
precisam
acolherosprofissio
naisque formam. "Elesse
desligam
enão são mais
ouvidos,
ficamjogados
aosleões.
É preciso
que existaatrocade
experiência
entre omercado e aacademia,
para queasuniversidades preparem melhor os estudantes quevãoexercer alicenciatura".
A mestre em
administração
Vanessa
Livramento,
quepesquisou
sobreaevasãonos cursos
presenciais
daUFSC,lembra que muitos alunos
optam por cursar
alguma
licencia turajá
que é baixa a concorrênciano
vestibular,
deixando de ladosuasverdadeiras
preferências.
É
o que aconteceucomCatarinajunges,
quedeixou detentarMúsica paracursar
HistórianaUFSC. A
gaúcha
contaquedecidiu fazero cursoparasairdecasa equenãotinha
expectativas.
"Atémesurpreendi
com a licenciatura. Osprofessores
eramótimose oambiente eraagradável,
excetopela
infraestrutura". Mas, como a sua vontade sempre foi fazer
Música,
ela decidiu abandonar Históriaetentar ovestibularnaUDESCnofinal doano. JéssicaSant'Ana
jessicasantana06@hotmail.com
Calouros
em
relação
aos
formados
no
ensino
superior
De acordocomosdados
divulgados
pelo
MECnoCenso daEducação
Superior
2012,onúmero de estudantes que entraram nos cursosésuperior
aosqueseformaram.41600'" 33200'" 20000'" 18200": 11800'" 6400 2600'" Ciências Biológicas Física
_Calouros
Formados Matemática QuímicaFonte: Censo daEducaçãoSupenor/INEP
ZERO,
outubro de 2013Produçào:Vanessa Farias da SilvaIEdição:João Paulo FernandesIDesign:Emanuelle Nunes
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
+
Políticas de
auxílio para compra
j
de
instrumentos
são
insuficientes
Acadêmicos deArquiteturaeUrbanismoprecisamelaborarmaquetesparaosprojetosdasdisciplinas
Altos
gastos
com
materiais
preocupam
estudantes da
UFSC
Na
Odontologia,
custos
passam de
R$
10
mil
por aluno
Auniversidade
pode
até ser
pública,
mas, isso não ésinônimo de que todo cur so saia barato ao aluno. Além dos custos com
moradia,
alimentação,
transporte, xerox, livrose
cadernos,
dependendo
docurso escolhido háanecessidade da compra
de
equipamentos
quechegam
a sertão
indispensáveis
quantocaros. Nocursode
Arquitetura
eUrbanismo daUniversidade Federal de SantaCata rina
(UFSC)
asdisciplinas
deProjeto
são
aquelas
em queos alunos maisprecisam
investir. Por envolver aconfecção
demaquetesedesenhosos estudantesprecisam
comprar váriosmateriais. Um
estojo
delápis
de 12cores
pode
custaratéR$
99,ou umaárvore paramaquete
chega
acustarR$
17 aunidade.Aestudante da6afase do curso, Nicole
Pinheiro,
explica
que todoosemestre os alunostêmuma
disciplina
deprojetos,
porissosurge anecessidade de comprar novos materiais. "Para fazer uma
maquetesão necessáriasváriasexpe
riências,
e osmateriaisdequalidade
são sempreosmais caros". Deacordo com a
estudante,
osalunos quenãotêm
condição
de comprar os materiaisfazemum
esforço
para nãoficarem sem.
"Ninguém
deixa de fazer ostrabalhos.Temgentequepede
emprestado,
que pegasobras dosoutrosprojetos.
Tudo mundo dáumjeito
deconseguir".
O
professor
dadisciplina
dePro-jeto
Arquitetônico
V,AméricoIshida,
comentaquefoi realizadaumapes
quisa
pela
Universidade que comprovou que o curso de
Arquitetura
e Urbanismopossui
os alunos commelhor renda.
Porém,
osprofes
sores sabem que isso nãosignifica
quetodososalunos terãocondições
de arcar com os materiais. "Com o aumentodo número de vagas
pelas
ações
afirmativas,
discussões sobre alternativas paraesses alunos foramrealizadas,
mas, até agora, não to mamos umaatitude efetiva".Paraoprofessor,
osalunoscompoucascondições
raramentedeixamissoeviden te, dificultandonahora deajudá-los.
"O que ouvi dos
nrofesseres
foi
.
procurem
um
lugar
mais
em
conta',
só isso"
MatheusCarbonari, estudante
Ocursode
Odontologia
éfamosopelos
altos custos. Materiais comojaleco
branco, pinça
dente-de-rato,
tesoura de ponta
fina,
máscara eluvas
descartáveis,
espátula
para gesso e escovapara
limpeza
debrocas,
compõe
oconjunto
básico utilizadojá
nosprimeiros
períodos
do curso.Matheus
Carbonari,
estudante da 3a fase do cursodeOdontologia,
relataque mesmo estando no começo da
graduação já
gastouumtotal deR$
2.300. E sabequeesse valorvai au mentar ainda mais."Gastei
R$
400em materiais mais
R$
1.900 com ochamado kit acadêmico. Sei que na
5a fasesegastaemtornode
R$
4 mil.Duranteafaculdadeinteiravão mais
de
R$lO
mil".Segundo
oaluno,
nãohá,
por parte dosprofessores,
umaindicação
de local ondesepodem
adquirir
osmateriais. "O que ouvi dosprofessores
foi'procurem
umlugar
mais em
conta',
só isso". Um dospontosabordadosno
Projeto
PolíticoPedagógico
do Curso deGraduação
em
Odontologia
da UFSC,lançado
em
2006,
é aquestão
dos materiaise instrumentais. No documento é ressaltadaanecessidade de que cada
disciplina
solicite somente o necessário,
bemcomoverifique
apossibi
lidade de unificaro seu
padrão
com as demaisdisciplinas,
favorecendo,
assim,
adiminuição
do custo para aaquisição
dos instrumentos. Paraa
disciplina
deMateriaisDentáriosI sãorequisitados
mais de 60produ
tos.Outrocursocomcusto elevado é
ode Medicina. Seus livros estão en treosmais caros,
podendo
chegar
amaisde milreais. Umlivro básico de
Anatomiacustaemtornode
R$
600.Além do
jaleco branco,
conjunto
paradissecação, estetoscópio,
entre outros.Andressa Prates
andressa.pratesfreitas@gmail.com
Mesmocommuito
esforço, alguns
alunosnãotêm
condições
deadqui
rir materiais tãocarospara o curso
de
Odontologia.
Quem
enfrenta difi culdadespode adquirir
umconjunto
através deuma
solicitação
de auxílíojunto
à Pró-Reitoria deAssuntos Estudantis
(PRAE).
Acoordenadora docurso, Ana
Heeke,
comentaque,porsemestre, uma média de 10 alunos oriundos das
ações
afirmativas procuram-na para receber o benefício.
"Nãoéumprograma,éapenasuma
tentativa de
suprir
as necessidadesdos alunoscombaixa rendaparase manternocurso". Parareceber
aju
da daPRAE épreciso
concorrer em umaseleção
realizadanosprimeiros
dias de aula. Oaluno deve também
preencher
o cadastro sócioeconômi co ecomprovar renda.Após
o cadastroaprovado,
osmateriais são
disponibilizados
aosalunos em
regime
decomodato,
ouseja,
apenas atéo final do curso.É
necessário devolveressesinstrumen taispara que
sejam
repassados
a um novo aluno.Segundo
AnaHeeke,
agrande
questão
desse sistema é afalta de funcionários
especializados
parafazero
gerenciamento
dosempréstimos.
Issoocorretantodaparte da PRAE como daprópria
coordenadoria do curso de
Odontologia.
"Osmaterias são
comprados
ou porlicitação,
ou por compra direta daUniversidade".Parao cursode
Arqui
tetura eUrbanismo,
resta ao alunopagardo
próprio bolso,
pois
nãohápoliticas
deauxílionestecurso."Antigamente
a PRAEdava umaajuda
de custo para realizar as
plotagens
do trabalho de conclusão do aluno.
Masnem issoacontecemais", relata
o
professor
Américo Ishida. A PRAEfoi
procurada
para dar mais informações
sobre essaquestão,
mas comunicouque
qualquer
contatodeveserfeitocom ascoordenadorias dos cursos em
questão.
Aulasdocursode Odontologla exigemouso deutensílios técnicos
Professor
do
curso
de
Arte
Cênicas
consegue desconto
em
produtos
pelos
alunos através deumdesconto de 5%.Alguns produtos
oprofessor
tememestoque,porém
não sãosuficientes para
suprir
a demanda da turma. "Naprimeira
vezqueminis treiadisciplina
oúnicoproduto
que os estudantesprecisavam
adquirir
eram ospincéis.
Hoje
com25 alunosem sala cada um
precisa
comprar suabase, pincel
e outrosprodutos,
porissoessedescontoé
importante".
Oprofessor
LuizFernandoexplica
que éuma
parceria
firmada apenas entreele e aloja,
sem ointermédiodaUFSC."Euescreviumacartapara aCatherine Hillquemeaconselhou aprocuraraCotiro.Como
conheço
oproduto
émelhor queeu mesmofaça
esse contato. Acoordenação
não seenvolvenessa
questão".
ZERO,
outubro de 2013Ministrada
pelo professor
LuizFernando
Perreira,
adisciplina
deMaquiagem
Teatral,
oferecidapelo
Departamento
de ArtesCênicas,
possibilita
aos estudantes a compra de materiais com um pequeno
desconto em uma
loja especializa
da. Hádoisanos o
professor
firmouparceria
com a CotiroCosméticos,
local que revende os
produtos
da marcaCatherineHill,
umasdasúnicasempresas brasileiras a
produzir
maquiagem
artísticaespecífica
parateatro.Porserummaterial únicoos
preços sãodiferenciados. Um
estojo
comdezcorespara
maquiagem tipo
Clown,
oupalhaço,
custaR$ 185,15
nositedamarca.A iniciativa
surgiu
como formade facilitara
aquisição
dosmateriaisProdução:Luiza LoboIEdição:FlavioCrispimIDesign:EmanueUe NuneseFlavioCrispim