Departamento
de
Serviço
Social
AEstudo
Exploratório
Referente
às
Famílias
dos
A
*Portiadores
de
Deficiência
Mental
da
APAE
de
t 'A _
Florianópolis
t - .I
Trabalho
`de
Conclusão
de Curso
A Catarina Maria
Sçhmicklef _
~ ' ' '
_s.z›.càzf.
é°C§šFz°. dz szzv.
amar
apresentado
ao Departamento de
~ UFSC
'
À'
Serviço
Social
da
Universidade
"
Federal
de Santa
Catarina
para
á
.
obtenção
do
Título
~_de
Assistente
bprovado Polo
DSS;
u _SOCl3l _ Em../lfl./_»/¡_Â/Íl2.` c ' ' ` _ ¢Ana
Paula D'Aquino Lobato
DEDICATÓRIA
A
Deus, pelodom
da vida e da capacidade para chegaronde
cheguei.A
meus
pais,Gerson
e Marisa, quesempre
me
deram
apoioe incentivo e muitas vezes renunciaram a seus sonhos para
realizar os meus.
A
João Alberto,meu
namorado
e amigo,que sempre
me
incentivou a vencer esta etapa dispensando muita
compreensão, carinho e, principalmente, amor.
A
todos vocês dedico este trabalho que foi realizadocom
AGRADECIMENTOS
ESPECIAIS
A
orientadoraRegina
Célia, pela orientação e grande ajudana
montagem
deste.A
supervisora de estágio, FátimaMaria
dos Santos,que
~muito
orientou neste período de formaçao.As
famílias doseducandos
da Apae, sendoque
sem
elesnão
seria possível a construção deste.A
todos os funcionários e educandos daAPAE
deFlorianópolis.
A
Rosilda, pela convivência estudantil que gerouuma
sincera amizade.
A
Nívia,companheira
de estágio e de turma,que
muito ~colaborou
na
execucao deste.A
todos vocês que, diretaou
indiretamente, colaborarampara
que
estesonho
pudesse se concretizar,meu
muitoSUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
... ... .. 4CAPÍTULO
1 -FAMÍLIA
E DEFICIÊNCIA
MENTAL
... ._ 7 1.1 -A
Família ... _.. ... .. 71.2 -
A
Deficiência Mental
... .. 171.2.1 -
Definição,
Classificação e Critérios de Classificação ... .. 171.2.2 - Aspectos Históricos da Assistência ao Portador de
Deficiência
Mental
... ..22
1.2.3 -
Causas
da DeficiênciaMental
... ..28
1.3 - Famílias
com
Filhos Portadores de DeficiênciaMental
... ..30
CAPÍTULO
2 -ESTUDO EXPLORATÓRIO
QEALITATIVO DAS
FAMÍLIAS
DE PORTADORES
DE
DEFICIENCIA
MENTAL
... ..39
2.1 - Considerações Metodológicas ... ._
39
2.2 - Considerações Sobre as Entrevistas ... .. 422.2.1 -
Deficiência Mental
e Aspectos Intra-Familiares ... ..42
2.2.2 -
Deficiência Mental
e Aspectos Extra-Familiares ... ..49
2.2.3 -
Deficiência
Mental,Medos
e Expectativas ... .. 522.3 - Análise das Entrevistas ... .. 53
2.4 - Implicações para o Serviço Social ... ..
57
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... ..60
BIBLIOGRAFIA
... ..62
APRESENTAÇÃO
Este trabalho atende a
uma
exigência curricular, do curso de Serviço Social,para a obtenção
do
título de assistente social. Neste caso, ele é resultadodo
estágiorealizado
na
Apae
de Florianópolis, durante o período dejunho
anovembro
de 1994.Durante
a prática de estágio nesta instituição,deparávamo-nos
muitas vezescom
problemáticas relacionadas às familias e aos próprios educandos, visto que ocontato
do
serviço socialcom
estes, se dava desde a entrada na instituição,com
aprimeira
anamnese,
e seguiacom
a formulaçãodo
diagnóstico social, que abordavaquestões profundas
do
próprio relacionamento familiar,conforme
pode
ser observadono
formulárioem
anexo.Ainda
durante a prática de estágio,éramos
procuradasno
gabinete de serviçosocial,
com
certa freqüência, por familiares e pelos próprios educandos, queabordavam
vários pontos destas questões.Sendo
quetambém
os demais profissionaisprocuravam
o gabinete para tratar de tais questões, queiam
desde a própria higienedo
aluno, até questoes decomportamento
e relações familiares.Daí
resultou o interesseem
estudar maisprofundamente
a problemáticadestas famílias ein relação aos
membros
portadores de deficiência mental. Para tanto,optou-se por realizar
um
estudo exploratóriocom
as famílias, afim
de conhecer, deuma
forma
global, a realidade enfrentada por estas.Deste estudo, originou-se este Trabalho de
Conclusão
de Curso,que
estácomposto
por dois capitulos, quebuscam
abordar da maneira mais clara possível esta realidade.No
primeiro capítulo,procuramos
inicialmente abordar a questão da famíliacomo
um
gmpo
social deformação do
serhumano,
tratando da importância da famíliapara cada indivíduo e para a
formação
de sua identidade,buscando
ainda salientarsobre suas
fimções,
expectativas e seus estágiosque vão
desde a sua formação,perpassando a
chegada
dos filhos e indo até omomento
em
que
os paisnovamente
seencontram
sozinhos, tratando ainda das crises existentesno
núcleo familiar._
Achamos
devido salientar tais pontos,como
forma
de mostrar todos osprocessos e dificuldades passados dentro de
um
grupo familiar,mesmo
aquelescom
membros
normais.Seguindo,
no
primeiro capítulo, tratamos da deficiência mental,primeiramente definindo,
agmpando
em
níveis e classificando.Ainda
neste, tratamos de alguns aspectos históricos da assistência aosportadores de deficiência mental, resgatando
como
sedeu
esse processo através dostempos, até a atualidade,
com
a criação de escolas especializadas para estes indivíduos,tratando
também
da
educação especial. E, finalizando os aspectos referentes àdeficiência mental,
procuramos
abordar os fatores causadores desta.Concluindo
então este primeiro capítulo, tratamos das famíliascom
membros
portadores de deficiência mental,
abordando
então toda a problemáticaque
perpassaestas famílias, desde a descoberta
da
deficiência, até achegada
aum
período maisameno
de aceitação,abordando
ainda, osmedos
e expectativasque
possam
advir desta~ situaçao.
O
segundo
capítulo está voltado para o estudo exploratório realizadocom
asfamílias,
sendo que
iniciamos, tratando das considerações metodológicas,ou
seja, aforma
como
o estudo exploratório foi realizado.a
-Seguindo, partimos para
algumas
considerações sobre as entrevistas ~realizadas;
momento
esteem
que,procuramos
abordar as questoes demaior
relevânciaencontradas nos relatos, questões estas que
abordam
as dificuldades enfrentadas porestas famílias, e
abrangem
desde o nascimentodo
membro
deficiente, até sua chegadana
idade adulta.Seguindo, ainda
no segundo
capítulo, partimos para a análise das entrevistas.Esta análise foi baseada
no
referencial teórico utilizadono
capítulo anterior. E,finalizando este
segundo
capítulo,procuramos
então localizar a práticado
serviçosocial
com
relação às questões neste abordadas,mostrando
assim,como
o assistentesocial
pode
contribuir frente a esta realidade, deforma
a combater este tabu queacompanha
a deficiência mental.Com
este Trabalho de Conclusão de Curso, esperamos contribuir para adiscussão da família e deficiência mental,
um
tema, por nós considerado, desuma
importância para os profissionais que
atuam
nesta área,em
especial, para os assistentessociais.
CAPÍTULO
1 -FAMÍLIA
E DEFICIÊNCIA
MENTAL
O
presente capítulotem
como
objetivo discutir a questão da deficiênciamental dentro
do
contexto familiar. Parauma
maior
compreensão do
tema, esteprimeiro capítulo constará de
uma
breve revisão e discussão da literaturano que
serefere à família, enquanto grupo social indispensável à sobrevivência
do
serhumano,
da
problemática específica da deficiência mental e a relação existente entre família edeficiência mental.
1.1 -
A
FAMÍLIA
~ ~
A
família éuma
das mais antigas, senao a mais antiga instituiçao social.De
uma
forma
ou
de outra, todas as culturasconvivem
com
algum
tipo de família.Enquanto
grupo social, a famílianão
éuma
estrutura fechada e estática.Ao
contrário, ela se transforma
com
o correrdo
tempo,em
consonânciacom
asmudanças
que
vão
acontecendona
estrutura socialcomo
um
todo."Dentro da família acontece grande parte
do
processode humanização, que
compreende
basicamente asocialização e a integração
no
mundo
cultural."(Mioto, 1989)
Os
estudos sobre o processo dehumanização
que ocorrena
família é objetivode inúmeras disciplinas e
têm
merecido cada vez mais atenção,dada
a sua importância~
"Nao
sepode
negar a importância da família, tanto anível das relações sociais, nas quais ela se inscreve,
quanto ao nível da vida emocional de seus
membros.
E
na
família,mediadora
entre o indivíduo e asociedade
que aprendemos
a percebero
mundo
e anos situarmos nele." (Reis, l984:99)
Neste
trabalho, a família está sendo entendidacomo:
"um
núcleo de pessoasque
convivem
em
determinadolugar, durante
um
lapso detempo
mais
ou
menos
longo e que se
acham
unidas (ou não) por laçosconsangüíneos. Este núcleo, por seu turno, se acha
relacionado
com
a sociedade,que
lheimpõe
uma
cultura e ideologia particulares
bem
como
recebe deleinfluências específicas." (Soifer, l993:22)
A
sua função,segundo
Ackerman
(1971 :39):H
pode
ser
comparada
auma
membrana
semipermeável,
com
uma
envoltura porosaque
permite
um
intercâmbio seletivo entre osmembros
cobertos por ela e o
mundo
extemo."Esta envoltura tende a proteger o grupo contra as situações
ameaçadoras
eseleciona as
que
possam
se favoráveis. Influencia tanto nas relações externasque
sãopassadas para dentro
do
núcleo, quanto nas que são passadas de dentro para fora.Para o autor, a tarefa central da família é a socialização da criança e a
formação da
identidade,que pode
ser entendidacomo
um
sentimento subjetivo deuniformidade e continuidade
que
perpassa o indivíduo durante a vida. Esta tarefa écumprida
através de dois processos básicos.Um
leva a criança de posição dedependência
ecomodidade
infantil à auto direçãodo
adultoem
vista de suas necessidades.E
o outro a leva deuma
posição central parauma
posição periféricana
família eambos
definem
o processo dependência/ independência.Segundo
a teoria sistêmica (Skinner, 1978):"o grupo familiar
não pode
ser visto apenascomo
asoma
das suas partes,mas
como
um
todo, poisqualquer
mudança
que ocorracom
uma
das partes,interfere nas demais e exige
que
hajauma
reestruturaçãodo
todo".Isto
porque
as relações que se estabelecem entre osque fazem
parte deuma
família, se
dão
num
processo circular de "feed back"onde
cadaum
dosmembros
pode
ser visto
como
início e fimdo
processo.A
interação que se dá entre osmembros
dafamília se organiza de acordo
com
as regrasque condicionam
padrões derelacionamento específicos a cada família.
De
acordocom
Minuchin
(1982),"estes padrões são mantidos por dois sistemas de
repressão.
Um
está relacionada às regras universaisque regulam
as organizações familiares e o outro é próprio de cada família e diz respeito às expectativasmútuas
de seusmembros.
Tais expectativas searticulam às negociações implícitas
ou
explícitasrealizadas entre seus
membros
acerca de eventoscotidianos
no
decorrer de sua história eque
sefazem
A
família,como
um
sistema aberto, possuium
ciclo vital. Ela estáem
constante
modificação
paraque
possa se adaptar às exigênciasque
lhe são impostas.São
exigidasuma
série de reestruturações paraque
possaacompanhar
os constantesmovimentos
que acontecem
em
seu interior, sendo estes, especialmente, ligados aosacontecimentos
como
separações e ao processo de desenvolvimento de seusmembros,
que
marcam
seu próprio ciclo vital, dentre outros.Este ciclo, está
dado
pelo reconhecimento de que existena
famíliauma
estrutura para cada acontecimento
que
vier a ocorrer:0 casamento;
0 nascimento
do
primeiro filho e demais;0 adolescência dos filhos e maturidade dos pais; 0 saída dos filhos de casa;
0 e finalmente, a velhice.
Também
as influênciasdo meio extemo
estão presentesna
vida familiar epodem
estar relacionadas tanto ao grupo familiarcomo
um
todo,como
aum
de seusmembros
especificamente.Ramos
( l990:l1) afirma que:"a
formação
da famíliacom
a uniãodo
casalvem
aatravessar diversos estágios, que
não
têm
um
tempo
certo para acontecer, sendo que cada família os vive
de
forma
distinta. Estes estágios,que
irão acabar pormodificar
e estabelecer aconfiguração
familiar, sãoem
número
de cinco: iníciodo
casamento;chegada do
primeiro filho; crescimento dos filhos;
O
estágio inicial,ou
seja, oque
se refere ao iníciodo
casamento, émarcado
por muita expectativa por
ambas
as partes, pelo fato denão
mais precisar temer asolidão
que
possa viracompanhada
deuma
certa discriminação por parte da sociedade,pelo fato
também
depoder
contarcom
ocompanheiro
escolhido, dentre outros fatores.Esta vontade de formar
um
casal, muitas vezes, fazcom
que não
se pense nasdificuldades
que
certamente irão surgircom
o passardo
tempo. Estas dificuldades sãoderivadas de educações e costumes diferentes, exatamente pelo fato de cada parte ter
vindo
deum
grupo familiar diferente.No
momento
em
que há
ochoque
das distintasformas de
educação do
casal, istopode
ocasionar conflitos,acabando
por dificultar orelacionamento.
O
estágioque
caracteriza a chegadado
filho, é omomento
em
que se passada
convivência de duas pessoas, para achegada
deuma
terceira. Este éum
períodotambém
de muita expectativa palechegada
do bebê.Em
alguns casais, estemomento
évivido
plenamente
até a horado
nascimento da criança; jáem
outros, asmudanças
ocorridas
com
o corpo da mulher,com
a suaforma
de agir,podem
fazercom
que
este~ ~
momento
nao
seja taobem
desfrutado.Ao
nascer, obebê
é totalmente dependente dos pais, períodoem
que
se iniciao primeiro contato
com
o grupo familiar.Normalmente,
estes primeirosmomentos
davida são passados dentro
do
núcleo, e assim será duranteum
certotempo
atéque
atinjaa idade
em
que
passa a dividir otempo
entre a família e o ambiente externo a ela,como
a escola, por exemplo.Assim
sendo,quando
se atinge este período de contatosextra familiares, já se
tem
inseridoum
"nós"aquem
se referir, pois neste período já setem
a primeira identidade formada.O
modo
como
os paisdesempenham
o papel de pais, é muito importante para~ ~
a
formaçao do
papel de filho,que
servirácomo
base para aformaçao
de outros papéissociais.
s
Tendo
os paiscomo
objetivo primordial a defesa da vida,tendem
eles aperseguí-la através
do
processo de educação,dando
assim prioridade ao ensino dasações
que
buscam
preservar a vidaem
ampla
gama
que abrange desde as noções maissimples,
como
o cuidado fisico, o desenvolvimento da capacidade de relacionamentofamiliar e social, até as mais complexas,
como
a aptidão para a atividade produtiva e~
para a inserção profissional, e a transmissao e a criaçào de
normas
culturais destinadasà convivência
em
geral.Enquanto
os filhos ainda são bebês, o processo de ensino cabe totalmente aospais, sendo
que
as criançastêm
como
função aprender.No
momento
da
entradana
escola, estes
começam
a trazer o que láaprendem
para casa, transmitindo assim aospais. Esta condição tende cada vez mais a se ampliar, na
medida
em
que
se ampliatambém
o eixo de relações dos filhos,com
a escola secundária, relaçõescom
amigos
eassim sucessivamente.
Para Soifer (1983: 26):
"A
função principal dos pais é ministrar as diversasnoções destinadas à defesa da vida,
ou
seja, ensinar ashabilidades psicofísicas
que
sevão
fonnando na
criança ao longo de seu desenvolvimento evolutivoaté atingir a maturidade adulta."
~ ~
Sendo
assim, as funçoes sao:0 ensinar as relações familiares
como
o desenvolvimentodo
amor, respeito,solidariedade e características psicológicas de cada sexo;
0 ensinar a atividade recreativa e produtiva
como
jogar, brincar, estudos, tarefasescolares dentre outros;
0 ensinar as relações sociais tanto
com
outros familiarescomo
com
amigos
e outraspessoas
em
geral;0 ensinar a inserção profissional;
0 ensinar as relaçoes sentimentais, a escolha de
um
parceiro;0 e
finalmente
ensinarcomo
formar e consolidaruma
nova
família.Com
o crescimento dos filhos, estes, que jápassaram
pela faseda
criação daprimeira identidade, já estão procurando se
afirmar
dentro deum
contexto ecomeçando
a se preparar para a vida.Neste
período, os filhos ainda são dependentes deseus
pais,principalmeiente a nível sócio econômico, pois
têm
muitas necessidades aserem
supridas.
Desde
o nascimento, os filhos são educados dentro deum
determinadomodelo
escolhido pelos pais.Assim
também
se deucom
os pais,com
os pais dos pais,~
enfim,
com
todas as geraçoes, cada qual adotandouma
forma."Os
pais geralmente sedebatem na
tentativa deencontrar
um
meio
termo entre aeducaçao
recebida ea
que pretendem
dar a seus filhos.Algumas
vezes, omodelo
recebido por parte dos pais é totalmenterejeitado por
não
haver permitido a elaboraçàonem
aintegração dos vínculos
com
suas famílias de origem.(Ramos,
l990:21)Este período exige
um
certo esforço por partedo
casal,que além
de aplicaruma
forma
deeducação que pode não
ser facilmente aceita pelos filhos, tende ainda a superar seus esforços para garantiruma
maior
estabilidadeeconômica
para podersuprir suas necessidades e de seus filhos.
Neste
momento,
normalmente
as mulheres que deixaram de trabalhar paracuidar dos filhos
que eram
pequenos, reintegram-se ao trabalho para poder colaborarna
garantia desta estabilidade.Aliado ao crescimento dos filhos,
vem
omomento
de desprendimento eseparação. Esse período
começa
a se manifestar durante a adolescência dos filhos,quando
estestendem
a confrontar-secom
os pais,buscando
cadavez mais
suaindependência e auto-afirmação. Neste período, os filhos
passam
a questionar muito afamília de
forma
a se distanciar dela, e é nestemomento
em
que a estruturação dafamília
tem
seu ponto forte.Com
o passardo
tempo,vem
a separação entre pais e filhos, sendo queenquanto os filhos
passam
a formaruma
nova
familia, os pais voltam a sernovamente
um
casal.Porém,
nem
todas as famíliaschegam
a esta etapa, muitas vezes, ao sedeparar
com
as dificuldades encontradasem
etapas anteriores, acaba se dissolvendo.Sendo
assim, cada grupo social possui suas regras e a famílianão
poderia serdiferente, visto
que
estas objetivam criar condições para que o indivíduo possa sedesenvolver fisico, mental e culturalmente dentro de
uma
sociedadeque
tem
suasexigências e seus valores, e
onde
cada indivíduo deverá estar preparado para superar asdificuldades a qual se deparar. Desta forma, cada casal adota
uma
maneira de preparar os filhos, sendo esta lieralou
conservadora, o que se pretende realmente éuma
forma
confortavelmente
uma
nova
família, que será, por sua vez,uma
continuidade dafamília
que
o gerou.Desta maneira, a fiinção educativa dos pais, neste contexto, inclui a
discussão
da
questão da autoridade destes. Esta autoridade constitui o eixodo
poderparental,
ou
seja, os paisensinam
por ser sua obrigação, e, neste processo detransmissao dos conhecimentos, eles
exercem
a sua autoridadeque
ajuda destaforma
no
processo deeducação
dos filhos.Aliado a esta função de ensinar e dentro
do
conceito de autoridade, seencontra a filnção de
impor
limites, poispossuem
oconhecimento
derivado da suaprópria experiência vital.
Assim
sendo, é inegávelque
o vínculo familiar acaba por gerar certascobranças, obrigações e proibições, e está intimamente ligado a sentimentos
como
amor, afeição, respeito e
medo,
sentimentos estes queacabam
por geraralgumas
polêmicas e fazendo
com
que, para alguns, a família seja vistacomo
base, o equilíbrio,devendo
destaforma
ser mantida; já para outroscomo
um
local nocivo,onde
se éimpedido
de manifestar as vontades, proibidos de agir daforma
desejada e, muitasvezes, até
mesmo
impedidos de expressar a opinião se estanão
estiver de acordocom
amaneira
de pensar dos pais,podendo
até, causar distúrbios psicológicos futuros.Nos
casosem
que
os pais tentam fazercom
que
os filhos semantenham
"dentro de casa",
impedindo que
conquistem sua independência, o verdadeiro objetivoda
família,ou
seja, dos pais paracom
os filhos, que seria prepará-los para enfrentaremo
mundo,
e para conquistarem seu lugarcomo
'cidadãos dentro da sociedade,não
estarásendo
cumprido."As
vivênciasdo
ciclo vital pelas famíliassempre
éfeita de acordo
com
a sua história.A
transição deuma
fase para outra se faz através das "crises familiares".
Estas crises
significam
um
reordenamento das relações dentro dos nossos padrões." (Mioto, 1994)Porém, além
destas crises normais de desenvolvimento, a família aindapode
viver circunstancias criticas,que
trazem dor e sofrimento para seusmembros,
eimplicam
também
numa
reestruturaçãodo
núcleo familiar.Exemplo
disto sao O~
"as situaçoes de luto
como
o falecimentodo
paiou
damãe, ou
ainda deambos
os progenitores, falecimentode
um
irmãoou
dealgum
outro familiar; as situaçõesde
mudança
como
migração para o exterior,ou no
próprio país, fracasso econômico, despedida
do
emprego
ou
ainda prisãodo
paiou da mãe;
e assituações de enfermidade
como
operação cirúrgica,enfermidade prolongada e/ou provocadora de
invalidez, acidentes e, finalmente, o ponto
onde
sequeria chegar, a enfermidade incurável de
um
filhocomo
uma
lesão cerebral, causandouma
deficiênciamental,
ou
ainda o nascimento deuma
criança portadora de deficiência mental." (Soifer, 1983)Finalizando, é possível dizer que todas as famílias
passam
por crises edificuldades
Porém,
a uelas ueossuem
membros
"diferentes"como
os oitadoresP
de deficiência mental por exemplo,
têm
vivências muito particulares, e sobre elas1.2 -
A
DEFICIÊNCIA
MENTAL.
1.2.1 -
DEFINIÇÃO,
CLASSIFICAÇÃO
E CRITÉRIOS
DE
CLASSIFICAÇÃO
De
acordocom
(Krinsky 1986:09 In: Rodrigues, 1988), deficientes sãoaquelas pessoas que:
"por
algum impedimento
psicológico, fisico,anatômico,
passam
a teralguma
incapacidade,que
seconstitui
em
desvantagem
para asmesmas, quando
selimita
ou impede
odesempenho
deuma
função, eresultante dessa incapacidade gera-se
uma
deficiência".
Para esclarecer
melhor
O conceito dar-se-á o significado das seguintescolocações:
o
Impedimento:
quando
se refere ao corpoem
geral (ex: paralisia, diabetes, partedo
corpo ausente
ou
defeituoso...,etc).O
impedimento
tantopode permanecer
paratoda a vida, irreversível, quanto por apenas
algum
tempo, temporário.o
Incapacidade:
é quando, poralgum
motivo
que impeça, a pessoafica
incapaz deagir de determinada forma, de
desempenhar
determinadas funçõesque
sãopraticadas por pessoas
sem
nenhum
problema,tomando-se
assim limitada para0 Deficiência: ela é resultado de
algum
impedimento,ou
seja,quando
o indivíduo seencontra
impedido
de exercer suas funções. Ex:um
deficiente físicoque
tem
suaspernas afetadas é
impedido
de selocomover normalmente
como
osdemais
indivíduos.
A
deficiência mental refere-se:"ao funcionamento intelectual geral abaixo
da
média,originado durante o período de desenvolvimento e se
caracteriza pela inadequação
no comportamento
adaptativo
(apendizagem
e socialização)."(Organização e funcionamento de serviços de
educação especial In: coleção educação especial, 1993
p.18).
A
designação de deficiência mental implica a presença concomitante das trêscondições referidas
na
definição:"
1) funcionamento intelectual geral
significativamente abaixo da média; 2) originado
durante o período de desenvolvimento; 3)
inadequação
no comportamento
adaptativo, vistoque
pressupõe critérios indispensáveis
que não
podem
ser~
dissociados
ou
considerados isoladamente." (Coleçao
Educação
Especial, 1993218)A
deficiência tantopode
ser permanente, quanto transitória.Sendo
assim,quando
ela fazcom
que
o indivíduonão
tenhaum
desenvolvimentonem uma
vidanormais,
ou
seja, necessita de outras pessoas para cuidar dela, toma-se entãouma
Sendo
assim, os portadores de deficiência mental, apesar de possuíremuma
incapacidade
que
ostoma
então deficientes,têm
condições de aprender e de se adaptarà sociedade,
conforme
osmesmos
princípios e padrões geraisque
pela sociedade sãodeterminados.
Assim
sendo, todostêm
capacidades, precisam apenas ser estimuladospara
que
estas capacidades sejam desenvolvidas.Em
1986, a deficiência mental foi agrupadaem
quatro níveis de acordocom
o
QI
(Quociente de Inteligência)."A
classificação adotada atualmente, refere-se a níveisleve,
moderado,
severo e profundo de deficiência.No
âmbito educacional são utilizados os termos educável
(grau leve), treínável (graus
moderado
e severo) edependente (grau profundo) de deficiência." (Coleção
Educação
Especial, 1993 p.l9)I. Profunda:
QI
abaixo de20
II. Severa:
QI
entre20
a 35III.Moderada:
QI
entre36
a 52.IV.Leve:
QI
entre 53 a 70.Deficiência
Mental Leve
-Educável:
a maioria dos casos de deficiênciamental se encontra neste nível.
O
indivíduo apresentaum
leve atrasoque
só passa a serpercebido
no
momento
em
que
ingressana
escola, sendoque
apresentam dificuldadespara aprender a ler, escrever, dentre outras.
Com
uma
educação especial,podem
atingiraté a quarta série
do
primeiro grau.Os
indivíduos incluídos neste nível são capazes deter
uma
atividade profissional, tendo assim sua indepêndencia econômica.Deficiência
Mental
em
NívelModerado
- Treinável: este grupo apresentaisto são identificados
bem
cedo.Com
uma
educação especial, são capazes de executartarefas simples
como
cuidados pessoais.A
nível escolarpodem
apresentarum
certoprogresso
que chega
a permitiruma
adaptação ao ambiente. Estes indivíduospodem
ainda executar tarefas simples de trabalho, dando-lhe a possibilidade de contribuir de
forma
parcial para a suamanutenção
econômica.Deficiência
Mental
em
NívelSevero
- Treinável: este grupo apresentaum
atraso bastante significativo
em
todo seu desenvolvimento. Paraque
possam
adquirircondições de executar atividades
como
cuidados pessoais,comunicação
e ainda teruma
independência individual, necessitam deum
treinamento especial.Com
supervisão contínua e
em
ambiente protegido,podem
até realizar tarefas simples,mas
~
nao
chegam
a se tornar independentesnem
social,nem
economicamente.
Deficiência
Mental
em
Grau
Profundo
-Dependente:
estes indivíduosapresentam
muito pouca
capacidade para aprender a executar tarefas simples, poisapresentam
um
grande atrasoem
todas as_ áreas. Nestes casos, os indivíduosnecessitam de cuidados durante todo o tempo, pois apesar de
aprenderem
algunshábitos,
não
conseguem
executá-los.De
acordocom
TELFORD
E
SAWREY
(1979):"existem quatro critérios
na
definição de deficiênciamental, sendo eles: psicométrico,
do
desenvolvimento,
da
aptidao deaprendizagem
eajustamento social."
Segundo
o critérioPSICOMÉTRICO,
o nível de funcionamento intelectualdo
indivíduo é ditado pelos resultados obtidos nos testesque
indicam o quociente deinteligência (QI)
ou
limites de idade mental. Eles consideram os dados importantesSegundo
o critériodo
DESEN
VOL
VIMENT
0, estefomece
dadosimportantes para elaboração
do
diagnóstico da deficiência mental.Nesse
sentido,adotando-se
como
base o desenvolvimento da criança normal, toma-se possível aidentificação de atrasos significativos que,
no
geral, são verificadosna
criançacom
deficiência mental, tais
como:
atrasoou
lentidão acentuadana aprendizagem
de sentar,ficar
de pé, andar, falar,comer
pela própriamão,
desenvolver hábitos de higiene,aprender a brincar e a relacionar-se
com
os outros.Segundo
o critérioda
APTIDÃO
E
APRENDIZAGEM,
são consideradas ashabilidades para a
aprendizagem
escolar, vistoque
atrasos significativosno
desempenho
escolar,quando não houver
outros tipos de deficiência,ou
ausência deescola,
podem
estar correlacionadoscom
rebaixamento intelectual.No
entanto,há
outras habilidades
que
são essenciais para a adaptação da criança edo
adolescente,que
abrangem
outros aspectos,além
daaprendizagem
acadêmica.A
investigação quanto àaprendizagem não deve
estar baseada apenas nas habilidades acadêmicas básicas (ler,escrever e contar), mas,
também, na
capacidadedo
indivíduo para enfrentar asexigências
do
ambiente, incluindo conceitos detempo
e espaço,conhecimento
sobrefatos
do
cotidiano, capacidade de julgamento práticona
vida diária e derelacionamento interpessoal.
Segundo
o critério deAJUSTAMENTO
SOCIAL,
os dados sobre aadequação
social
do
indivíduo são básicos para o diagnóstico de deficiência mental.Nessa
área,são abordadas as capacidades e as dificuldades
do
indivíduo para assumirresponsabilidades pessoais e sociais esperadas para sua idade, incluindo: hábitos de
cuidados pessoais, responsabilidade por tarefas
no
lar ena
escola, independênciana
locomoção,
habilidades de comunicação, respeito às pessoas, animais e plantas,relacionamento
com
os outros e,na
idade adulta, capacidade de manter-se1.2.2 -
ASPECTOS
HISTÓRICOS
DA
ASSISTÊNCIA
Ao
1>oRTA1)oR
DE
DEFICIÊNCIA
MENTAL
~
Através
do
estudo da trajetória da deficiência,pode
se notar orientaçoescontraditórias
na
abordagem
desses indivíduos dela portadores."Houve
épocaem
que o deficiente aparececomo
algomau,
fonte de repulsa, demedo,
objeto de maldição,ora,
como
beneficiários deuma
proteção particular,detentores de poderes fora
do
comum."
(Misés,1977213 In: Rodrigues 1988)
Os
valores de cada época é quedeterminavam
como
deveria ser oprocedimento
doscomponentes
da sociedade paracom
os portadoresde
deficiência.Em
Esparta, por exemplo, eles pertenciam ao estado, assim sendo, osmais
velhos éque
tomavam
a decisãodo
que deveria acontecercom
eles; jáno
Egito,eram
considerados
como
algo divino e nas cidades gregas as autoridades os tiravam dasfamílias e os
escondiam
em
um
localnão
divulgado.No
período da idade média, o certo era colocá-los longeda
vidaem
comunidade,
eem
alguns casos mais extremos,chegavam
a exterminá-los."Neste periodo, misturava-se os portadores de
deficiência aos loucos, junto aos criminosos e aos
que
diziam ser possuídos pelo demônio. Santo Agostinho
falava que as crianças idiotas faziam senão expiar_as
faltas dos que a
procederam
(encarnadascomo
pecado)." ( Rodrigues, 1988 )Neste
período, tiveram tanto sentimentos de rejeiçãocomo
de piedade e atéatitudes de proteção. Esta mistura de sentimentos juntamente
com
o sentimento deculpa,
acabou
por dar início a alguns projetos de reparação,como
organizaçõesque
davam
abrigo aos desprotegidos e doentes,mas
nestesnão
se incluía os portadores dedeficiência,
sendo
assim tratadoscomo
marginais perante a sociedade.Somente
seis séculos depois,São
Tomás
deAquino
modifica
estepensamento
cristão falando que a imbecilidade erauma
espécie dedemência
natural.O
que
se nota então éque
os portadores de deficiência, os que divergiam dos padrõescomuns
decomportamento, foram muito
perseguidos e maltratados,foram
desdeobjeto de
pena
até objeto de repulsa.Com
o renascimento,no
século XIII, vieramalgumas modificações mais
positivas
com
relação aos portadores de deficiência mental. Neste período, acaba porse buscar soluções científicas para seus problemas, visto
que
esta éuma
época que deu
ênfase ao científico. Neste período, observa-se
que
a deficiência mental passa a teruma
nova
concepção.A
medicinacomeçou
a questionar aforma
como
eleseram
tratados, e estes
passaram
então a ser vistoscomo
doentes.Neste
mesmo
período, Montaigue, filósofo renascentista,expõe que
oretardado mental, tinha direito à cidadania assim
como
qualquer outro indivíduo,fazendo então
um
movimento
humanitárioque
precede eacompanha
a revolução nasformas de
compreensão da
questão.Buscava
assim,em
seu discurso, o direito àcidadania das pessoas
com
algum
tipo de' distúrbio mental, neles incluindo osdeficientes mentais.
"Entretanto, na
mesma
épocado
renascimento,ressurge o que foi
chamado
de a maldição de Luterouma
massa
decame,
uma
massa
camis,sem
alma.O
diabo
ocupa
nesses seres o lugar da alma". (Misés,1977:17In: Rodrigues 1988)
Continuam
assim, a acontecer os sentimentos que secontrapõem
eque
jáforam
vistosem
épocas anteriores,com
relação ao tratamento dos deficientes mentais. E,somente
a partirdo
finaldo
século XIII, é que se iniciouuma
atitudeque
visava obem-estar dos portadores de deficiência mental. Isto se
deu
quando houve
uma
~
modificaçao
nas estruturas dos hospitais psiquiátricos porPINEL.
E
não
fica por aí,com
o desenvolvimento da ciência,houve
uma
maior
compreensão
das necessidadesdo
serhumano,
e,em
conseqüência disto, dosprogramas que melhor
atendessem às necessidades bio-psico-sociais dos indivíduosque
possuem
deficiência mental.Apesar, de todo este progresso,
mesmo
que lento, desde aépoca
espartana,ainda se encontra dificuldades neste período
contemporâneo
em
aceitar o excepcionaldentro
da
sociedade juntamentecom
osque não
possuem
nenhum
tipo de deficiência."Exemplo
disto éque
a primeira revista pública sobredeficiência mental data de 1850, editada por
Rosh
esomente
em
1866,Iangdon
Down
descreve pela primeira vez, perante a realacademia
deLondres
a"Idiota
Mon
Golóid".E
oMental Heat
- Aut, sóem
1905,
define na
grã Bretanha os primeiros direitos dosdeficientes."(
Rodrgues
1988)No
período após a II guerra mundial,começaram
a surgir algunsprogramas
Associação
Nacional Para as Crianças Retardadas(NARC).
Erauma
associação depais e
amigos
dos excepcionaisque
estimulou osgovemos
locais, estaduais e nacionala criar
novos programas
e aperfeiçoar os já existentes.Em
1961, é criado oConselho
de DeficiênciaMental
pelo presidente dosE.U.A
John
F.Kennedy,
sendoque
este visa buscar contribuições para o planonacional para o
combate da
deficiência mental,que
viria assimem
o beneficio aos portadores de deficiência.Em
1962, é criado, a Liga Internacional deAmparo
aos Deficientes Mentais,integrado por
mais
de40
associações nacionais de pais eamigos
dos excepcionais. E,em
1964,sucedeu
a esta organização a Associação Intemacional Parao
EstudoCientífico
da Deficiência
Mental.No
que
se refere ao Brasil, a história da atençãodada
ao deficientenão
émuito
longa.A
partirdo
séculoXX
éque
se percebe os acontecimentos demaior
significância.
Em
1900, a primeira monografia nacional sobre o tratamento dos idiotas éapresentada por Carlos Eiras
no
Quarto Congresso deMedicina
e Cirurgiano Rio
deJaneiro.
Em
1921,Franco
Rocha
estabeleceuno
Hospitaldo
Juqueri,em
São
Paulo, oprimeiro serviço para menores, sendo que,
em
1929, junta-se a este a EscolaPacheco
e~
Silva,
que
possui o primeiro centro de pedagogia especializadaem
Sao
Paulo.Helena
Antipoff, cria as primeiras sociedades Pestalozzino
Brasil,no
Estadode
Minas
Gerais. Estas Sociedadesbuscavam chamar
a atenção dos pais para oJá
em
l954,um
casal de americanosque
lutavamna
National Association forRetarded Children dos E.U.A, ao
virem
para o Brasilforam
alvo de muita atenção deum
grandegrupo
de paisque
juntaram-se a eles, efundaram
uma
instituição visando oatendimento de deficientes mentais. Esta instituição foi a primeira
APAE
no
Brasil efoi criada
no
Rio
de Janeiro.Em
Santa Catarina, a primeiraAPAE
foi criadaem
14 de setembro de 1955na
cidade de Brusque, e,em
abril de 1968, é criada aAPAE
de Florianópolis, tendoesta
como
objetivos, a orientação, habilitação, reabilitação e prevenção da deficiênciamental,
além
de daruma
educação especialque
é de grande importância para odesenvolvimento destes indivíduos, sendo que estes, para
que
tenham
condições de sedesenvolver melhor, precisam,
como
qualquer outro indivíduo, deuma
preparação,que
~
nestes casos é a
educaçao
especial.Sendo
assim:"Educação
especial é adenominação
utilizada para sereferir à educação das pessoas
com
excepcionalidades,
com
deficiênciasou
com
necessidades especiais,que requerem
atençãoparticular nos processos de desenvolvimento e de
aprendizagem. Destina-se aos
educandos que
apresentam deficiência mental, auditiva, visual, física,
motora, múltiplas deficiências, distúrbios emocionais,
distúrbios de
aprendizagem
e superdotação." (ColeçãoEducação
Especial, 1993: 10)A
educação especial faz partedo
sistema educacional geral ebusca que
asdesenvolvimento de suas potencialidades, visando sua auto-realização, aprendizagem,
integração e independência.
Os
objetivosda educação
especial são osmesmos
do
sistema educacionalgeral, apenas se diferenciam a utilização dos recursos para
serem
atendidas asnecessidades individuais dos portadores de deficiência.
"Este tipo de atendimento
deve
se basearna
aceitaçãoda pessoa portadora de deficiência, isto é, respeitando
as suas diferenças individuais, suas integridades,
necessidades e limitações pessoais e facilitando-lhe
experiências compatíveis
com
o período de vidaem
que
se encontra (infância, adolescência, idade adulta evelhice)." (Coleção
Educação
Especial, 1993:1 1).~
Devem
ser proporcionadas condições de vida iguais as
que
sãoproporcionadas às pessoas
que
não
possuem
tal deficiência,ou
seja, as ditas normais,no
que
se refere a possibilidade de participação ativano
ambiente familiar, educacionale de trabalho, assim
como
nos acontecimentos recreativos, religiosos e culturais.A
educação
especial se dá através deprogramas
orientadoresdo
ensino eda
aprendizagem,
com
critérios organizados deforma
a suprir as diversas necessidadesdos educandos, levando
em
consideração as especificidadesque
se referem a área egrau de deficiência, idade e as características biopsicossocial destes. Desta forma,
existem elaboradas propostas educacionais específicas para
programas
deeducação
precoce, educação pré-escolar e escolar, iniciação para o trabalho, qualificação
profissional e trabalho protegido,
que visam
proporcionar ao portador de deficiência,independentemente de suas limitações
ou
dificuldades, condições paraaprendizagem
e1.2.3 -
CAUSAS
DA
DEFICIÊNCIA
MENTAL
"São várias as causas da deficiência mental,
podendo
ser classificadas
em
causas pré-natais, peri-natais epós-natais." (Coleção
Educação
Especial, 1993 :20)Diversas são as causas pré-natais, entre elas
podemos
citar:ø defeitos genéticos.
o alterações cromossômicas;
0 e infecções intra-uterinas tais
como:
rubéola, toxoplasmose, sífilis dentre outros fatores.As
causas peri-nataispodem
ser:0 prematuridade;
ø complicações
no
trabalho de parto e/ou durante omesmo,
como
asfixia e lesãotraumática
no
cérebro;ø anormalidades neonatais
como
icterícia grave, infecções e hemorragiaintracraniana.
E
as causas pós-nataispodem
ser dentre outras:~ ~
ø desnutriçao e a falta de estimulaçao ambiental; o infecções
como
sarampo, meningite, encefalite;Existem
alguns sinaisque
podem
ser indicadores de deficiência mental, dentre eles pode-se citar:ø atraso significativo
no
desenvolvimento motor;o atraso significativo
no
desenvolvimento da linguagem;o dificuldades para receber, captar e reagir
adequadamente
aos estímulos auditivos,visuais e táteis;
ø lentidão
no
desenvolvimentodo
processo de brincarcom
objetos ecom
pessoas;ø dificuldades para aprender a imitar
comportamentos
e lentidãona aprendizagem
dehabilidades necessárias aos cuidados pessoais
como
:comercom
a própriamão,
desenvolver hábitos de higiene.
Como'
já foi visto anteriormente:"as principais causas de deficiências são decorrentes
~ ~
de fatores relacionados à nutriçao inadequada de
maes
e crianças, ocorrências anormais nos períodos pré e
peri-natais, doenças infecciosas, acidentes,
V,
traumatismos e problemas de
ordem
genética."1.3 -
Famílias
com
Filhos
Portadores
de
Deficiência
Mental
A
família éuma
unidadeque
estáem
constantesmovimentos,
e busca dessamaneira
atender às necessidades que lhe são impostas, tanto pelo desenvolvimento deseus
membros
e acontecimentos intemos quanto pelas exigências que lhe são impostaspelo
mundo.
Isto significa, por exemplo, o nascimento deum
filho portador dedeficiência mental
em
uma
família. Esta éuma
experiência peculiarque
irá implicarem em
transformaçõesno
interior dessa família eem
vivências muito distintasque
irãoredimensionar a vida familiar.
Sobre estas vivências, muitos autores
têm
trabalhadono
sentido deque
atravésda
compreensão do que
se passa nestas famílias, se possa ajudá-las a lidarmelhor
com
~
tal situaçao.
.
Segundo
Buscáglia (1982 In:Mães
e filhos especiais l993:l2):H
"é absurdo esperar
que
os pais se resignemimediatamente ao nascimento de
um
filho
deficiente eque
sedisponham
a participardo
processo deeducação da criança. Antes de tudo, é preciso fazê-los
1
compreender que
seus sentimentos são normais,que
énatural que se sintam desapontados e deprimidos, que
'
padeçam
dor, incerteza emedo, que
desejariam quetudo se desvanecesse,
como
um
pesadelo."~
Assim
sendo, estes sao sentimentoscomuns
ao se descobrirum
membro
portador de deficiência mental
no
grupo familiar.E
não
é sóno
nascimentoque
os paispodem
entrarem
contatocom
a deficiência de seu filho, as formas são variadas,carências nutricionais e até afetivas,
ou
ainda acidentes gravescom
traumatismocraniano
ou
outros fatoresque
possam
causar a deficiência."A
situação provavelmente mais traumatizanteque
ospais enfrentam, é
quando recebem
o primeiro aviso deque
seu filho émentalmente
deficiente, muitas vezes,mas
nem
sempre, logo após o nascimento.Às
vezes,o
choque
da culpa e da raiva, talvez atémesmo
a reaçãode rejeição; o colapso de planos para o futuro reserva
para si e para sua família as dúvidas quanto a ser
capaz de enfrentar as dificuldades reais
ou
imaginadas." (Bruce l986:357)
Todo
este sentimento de incerteza echoque
está intimamente ligado aomedo
.de
não
saber agir e denão
ser capaz detomar
aquele indivíduo completo, feliz,sabendo
também
que
teráque
preparar este individuo para enfrentar a sociedadecom
suas
normas
e padrões,onde
os quenão
seencaixam
são discriminados.Faz
então parte da vida dos pais ter expectativasem
relação aos filhos.É
normal
esperar-seque
os filhos sejam capazes de realizar oque não
conseguimos,ou
seja, deposita-seem
cada filho determinados sonhos e desejos, e,quando
estesnão
podem
se concretizar, o quepredomina
é a frustração e todo este sentimento deangústia já citado acima. Estes sentimentos
perpassam
todas as etapasdo
processo deelaboração
da
existência deum
portador de deficiência mentalno
grupo familiar:o a etapa de suspeição,
onde
apenashá
a suspeita de teremum
filho deficiente;o a etapa de confirmação,
onde
sãoconfirmados
os pressentimentos;o e a etapa de consolidação,
onde
os pais e demais familiares sedão
conta da situaçãoE
ainda, durante estas etapas, a família experimentauma
série de sentimentos~ ~
com
relaçao à situaçao vivida.Num
primeiro estágio, os pais enfrentamuma
etapa bastante complexa,que
éo sentimento de negação. Trata-se de
uma
etapacomplexa
pelo fato de os pais teremque
negar de todos osmodos
tanto para sicomo
para osque
o rodeiam, a existênciado
filho
excepcional. Este éum
sentimento natural de fuga.Os
paisusam
o escapismopara se justificarem e
acabam
entrandoem
uma
peregrinação a consultóriosmédicos
buscando comparar
os pareceres e aceitar osque
maisamenos
lhe parecerem. Nesteperíodo:
"mesclam-se sentimentos de profundo
medo
destafantasmagórica realidade da excepcionalidade.
É
uma
etapa muito alucinatória
do
processodo conhecimento
do
filho excepcional." (Oliveira 1988: 2)A
mudança
desta etapacostuma
ser muito benéfica para a criança e ocorreno
momento
em
que
os paispassam
a adotaruma
firine conduta de buscar a realidade dosfatos e encará-los.
Outra etapa enfrentada por pais de filhos deficientes é o sentimento de luto,
que
passa a existir a partirdo
momento
em
que os paisfinalmente
constatamque
tem
um
filho
deficiente mental. Nestemomento,
elesexperimentam
a perdado
filhoimaginado,
do
filhoque
foi idealizado. Existe ainda o sentimento de luto, pelo fato demuitas vezes
não
possuíremum
conhecimento adequado
sobre a deficiência eacharem
que
estefilho
teráuma
vidamais
curta que osdemais
indivíduos. Este sentimentopassa a fazer
com
que
os paisencarem
o filhocomo
realmente ele é.Existe ainda o sentimento de culpa, que se manifesta logo
que
os pais sedão
desta situação. Geralmente, a culpa está
no
outro par,no
médico,na
maternidade, etc.E, ainda neste período, a raiva e o ódio são muito extravasados.
'
Ainda
sepode
citar o sentimento de impotência, que perpassa a todas as outrasetapas:
"Este tipo de sentimento é muito freqüente
em
relacão à excepcionalidade por se tratar deproblema
crônico cuja soluçãodemanda
menos
procedimentos médicos-cirúrgicos e mais tratamento educacional /
reabilitatório." (Oliveira 1988:4)
Este sentimento é muito fortalecido pelo fato de se desconhecer as reais
dimensões do
excepcional, sendo ainda maisaguçado quando
um
médico
afirmaque
nada pode ou deve
ser feito.E, finalmente, o sentimento de
amor
da família paracom
o deficiente. Estesentimento é de grande importância para que atinja seu
máximo
desenvolvimento.O
deficiente necessita
no
seu processo de educação de respeito e parceria.Sendo
assim:"os deficientes
poderiam
ser agrupados da seguinteforma: os
bem
educados e osmal
educados.Geralmente
osbem
educados são ostambém
bem
amados, isto é,
nem
rejeitadosnem
superprotegidos,também
osmal
educados geralmente são osmal
amados, isto é, rejeitados
ou
superprotegidos."(Oliveira l988:l5).
Depende,
então,do
casal,mutuamente
se ajudando, dar omelhor
de si paragarantir o
melhor
para a educação do filho,mesmo
que
isto, muitas vezes,não
sejaComo
já foi observado anteriormente, o simples fato da entrada deum
filhona
vida de
um
casal acaba alterandona
dinâmica de seu relacionamento.Alguns
aspectosrelacionados à gestação e a própria
chegada do
filhopodem
se constituirem
fatores demudança
paramelhor ou
para piorna
vida familiar.Quando
se tratado
nascimento deuma
criançacom
alguma
anomalia, istopode
causar vários tipos de alteraçãono
relacionamentodo
casal, desde amelhora
deuma
relação instável, até orompimento
definitivo deuma
situação já anteriormente prejudicada.No
casal, cada parteVem
deuma
realidade diferente, cadaum
tem
suaeducação
e seus valores diferenciados, assim sendo, cada qualtem
suamaneira
deenfrentar a situação
do
nascimento deum
filho excepcional, e issonem
sempre
prejudica
ou
dificulta o relacionamento entre o casal,em
muitos casospode
atéaproxima-los mais. `
Porém, segundo
S. Rizzo (In:Mães
e filhos especiais 1993 :46),"não
há
estatísticas confiáveisna
literaturaprofissional que
apóiem
a tese deque
as famíliasque
têm
um
filho deficiente, consistentemente, apresentammaior
índice de divórcios,menos
satisfação conjugale mais instabilidade ao
serem comparadas
a outrasfamílias."
Após
o nascimento e todo este período de aceitação da idéia de terum
filhodeficiente, os pais
começam
aacompanhar
o crescimento deste filho ecomeçam
também
as situaçõesonde
passam
a saircom
ele para fora de casa, tentando superar oSeguindo, o
próximo
período seriaquando
o filho atinge a idade escolar epassa,
como
todas asdemais
crianças e os próprios irmãos, a freqüentaruma
escola.Quando
atinge este período, já existeuma
ampla
aceitação paraque
o deficientemental tenha\direito à educação.
E, finalmente,
chega
então o períodoem
que já étempo
de o deficiente deixara escola.
"esta é
também
a épocaem
que ocorre omaior
perigode a família e, particularmente, os pais,
adotarem
uma
posição de superproteção, inibindo as pessoas
mentalmente
deficientes,no
seu desenvolvimento ena
sua luta pela referida independência,não
importandoo quanto seja limitada, para os quais
sejam
capazes."(Bmw
19sóz3õ1)Ao
levantar todas estas questões referentes à deficiência é importante lembrarque não
sãosomente
os paisque
acompanham
todos estes períodos da vidado
excepcional,também
ofazem
os irmãos e demais familiares."Assim
como
os pais,também
os irmãospassam
porvárias fases
no
seu processo decompreensão
eaceitação
do
irmãocom
deficiência."(Mães
e filhosespeciais l993:55)
É comum
que
os irmãos sintam ciúmesdo
innão deficiente, pois amãe
acabapor dispender
muito mais
tempo
com
estedo que
com
os demais,que
acabam
sesentindo abandonados.