UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA CATARINA
CENTRD
DE
CIÊNCIAS
AGRÁRIAS
Avilivinicúllura
na
Serra
Gaúcha
-algumas
observações
r _
Cesar Rosso
Piva
'
Orientador;
Paulo
Gondim
Supervisor:
Luiz
Antenor Rizzon
___._.- __..-_ ____- _____- \\\\
\
__.í--1-'*" ___.-_ __.__--\
__í.--\
__.__.- ,___¿ __.__- ___...- \\\\ 282 753-8O
UFSC BUCENTRQ
DE
CIÊNCIAS
AGRÁRIAS
vitivinicultura
na
Serra
Gaúcha
-al
g
umas
0
b
servaçoes
'Cesar Rosso
Piva
'I'raba]ho apresentado
como
um
dos requisitos paraobtenção do título de Engenheiro Agrônomo, pela ~
Universidade Federal de Santa Catarina `
Orientador: Paulo
Gondim
Supervisor:
Luiz Antenor Rizzon
/í3Í5`¿ã$š
.,v`
...Tende piedade Senhor, daqueles
que
têm
medo
de
empunhar
a pena,o
pincel,o
instrumento, a ferramenta,por acharem
que alguém
já fez
melhor que
eles,e
não
sesentem
dignos de entrarna
mansão
potentosada
arte.
Mas
tendemais
piedade daquelesque
empunharam
a pena,o
pincel,o
instrumento, a ferramenta e transformaram toda a sua inspiração
numa
forma
mesquínha de
se sentiremmelhores
que
os outros...Ã
Agradeço ao amigo
e orientador deste trabalho PauloRené
Gondin,
pelo apoio prestado.4
Ao
amigo
e supervisor Luiz Rizzon, pelos conhecimentos transmitidos.A
todos funcionários e professoresdo
Centrode
Ciências Agráriase
Dedico
aosmeus
paisDejaime
Piva e HildaRosso
Piva te aosmeus
familiarespelo apoio e incentivo
que
permitiu-meseguir
o
caminho
escolhido.Dedico
àMaria
CristinaGomes,
amiga
eenamorada, pelo
companheirismo
e atençãoque
me
tem
dispensado.Também
a todos osamigos
que, poralgum
motivo,
ficaram
pelocaminho,
ao longo desses 16 anosde
estudante...APRESENTAÇÃO
A
escolhada
área de fruticultura para desenvolvermeu
estágio livrede
conclusão
de
curso foi influenciado por dois fatores: a motivaçãogaada
duranteo
decorrer da disciplina de Fruticultura, e pelo
meu
interesse pessoalem
relação a áreade
Fisiologia Vegetal voltada ã produçãode
frutas.4
O
Mercado
Comum
que
se pretende estabelecer entre os paisesque
compõem
o
extremo
sul daAmérica
exigirãouma
proflmdareflexão
sobremétodos
e processosque otimizem
aspectos qualitativos dos produtos agropecuários produzidos.Como
amatéria
prima
é a base de todo e qualquer processo industrial, açõesdevem
serdesenvolvidas
no
sentidode
otimizar características desejáveis, visando a elaboração de produtosde
boa
qualidade,com
um
mínimo
de agentes estranhos, taiscomo,
conservantes, emulsificantes, edulcorantes, etc. ~
A
uva
como
matériaprima
para aprodução
do
vinho mobilizoumeu
interresse, pois açõesdevem
ser desenvolvidasno
setor, tendoem
vista a forteconcorrência
que
se esperacom
o
advento deste mercado.Acrescenta-se
o
fatoque
um
contigente considerável'da
populaçãonos
municípioscomo
Urussanga, Videira, para se falarem
Santa Catarina, e toda aregião
compreendida
pela encosta superior nordestedo Rio Grande
do
Sulterem
na
videira suas raízes histórico-culturais,
além de
sua principal fonte de renda.Para efeito de
minha
vivência pré-profissional, objetivo presente desteestágio, selecionei os aspectos
de
maturação da videira'como
o
assuntoespecificamente
examinado
esob
o
qual colocoalgumas
considerações pessoais.O
trabalho foi desenvolvido no sentidode
daruma
visão da fisiologiaemorfologia
da
videira eo
detalhamentodo
processo de maturação, enfocando ascaracterísticas varietais e as relações
com
o
clima, procurando-se estimar algunsparâmetros indicativos
do
rendimentouva
&
álcoolno
vinho. 'Como
conclusão, estabeleço algumas sugestões para procedimentos,ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS
DURANTE
O
ESTÁGIO:
- Pesquisa bibliográfica sobre alguns tópicos
de
viticultura e enologia; *-
Acompanhamento
de diferentes tiposde
poda
e enxertia;- Visita
ao Vale
dosVinhedos
eao
Vale
Aurora, locaisde
alta concentraçãode
parreirais
em
Bento
Gonçalves;- Visita a algtms estabelecimentos enológicos
como
a
Mason
Forestier e aCooperativa Vinícola Aurora,
e
a entidadesde
classecomo
aUVIBRA
eo
Sindicatodos Trabalhadores Rurais; .
- Visita ã area experimental
da Coop.
Vinícola Aurora;-
Acompanhamento
de algumas
análisesde
vinhos realizadasno
laboratóriode
Enoquímica da
EMBRAPA;
-
Levantamento
de dados de climatologiada
estação meteorológica eda
coleçãode
cultivares, objetivando fazer
algumas
considerações a respeitodo
comportamento
do
1.
INTRODUÇÃO
1.1 Histórico da cultura
da
videira ... ..1.2
Origem
... ..1.3 Classificação botânica ... ..
1.4 Distribuição
geográfica
no
mundo
... ..1.5 Cenários; ... .. 1.6 Videira
no
Brasil ... .. 1.7Produção
... .. 2.MORFOLOGIA
2.1 Sistema radicular ... .. 2.2 Folhas ... .. 2.3Tronco
... .. 2.4 Brotações ... .. 2.5 Inflorescência ... .. 2.6 Frutos ... ..2.7 Características
de
algumas
cultivares utilizadaspara vinificação ... .. 2.7.1 Cabernet Franc ... .. 2.7.2 Cabernet
Sauvignon
... .. 2.7.3 Merlot ... .. 2.7.4 Riesling Itálico ... .. 2.7.5Chardonnay
... .. 2.7.6Moscato Branco
... .. 2.7.7~ Isabel ... .. ooooooooooooooooooooooooooooo z. ...» ... .. ... .. ... .ó oooooooooooooooooooooooo ao ooooooooooooooooooooooooooooo oo ooooooooooooooooooooooooooooo ou Pás- 01 882888 838338 10 10 10 11 11 11 12 12 2.7.8Bordô
... .. 12 2.7.9 Niágara Branca ... .. 2.7.10 Gewurztraminer ... .. 2.7.11Seyve
Villard ... .. 2.7.12Couderc
13 ... ..2.8 Arquitetura fibrovascular ... .. ooooooooooooooooooooooooo ao
13 13 13 14 14
‹
2.9
Aspectos
anatômicos da enxertia ... ..3 -
FISIOLOGIA
3.1 Sistema radicular ... ..
3.1.1 Fatores
que
influem
no
seu desenvolvimento ... ..3.1.2 Distribuição quantitativa
no
solo ... ..3.1.3 Relação temperatura
x
desenvolvimento ... ..3.2 Crescimento das partes aéreas. ... ..
3.2.1 Ciclo vegetativo ... ..
3.2.2 Fatoresique
influem
no
seu desenvolvimento ... ..3.2.3 Bioclimatologia relacionada ao desenvolvimento
das partes aéreas ... ..
3.2.4
Poda
... ..3.2.4.1 Aspectos fisilógicos ... ..
3.2.4.2
Condução
fisiológicada
poda
... ..3.3 Inflorescência e frutos ... ... ... ..
3.3.1
Formação
da inflorescência ... ..3.3.2 Fatores
que
influem
no
florescimento
... ... ..3.3.3 Fatores fisiológicos
que
interferemna
inflorescência. ... ..3.3.4
Desenvolvimento
dos frutos ... ..3.3.5 Biossíntese, translocação e
acúmulo de
sólidostotais
nos
frutos ... ... ... ..3.3.6 Bioclimatologia relacionada
ao
desenvolvimento ematuração
dos frutos ... .L ... ..3.3.7 Efeito dos fatores
químicos
e físicosdo
solo naqualidade dos frutos ... .; ... ..
3.3.8 Aspectos fisiológicos
da
enxertia ... ..4.
AsPEc'ros TÉ<:N1cos
iu-zLAc1oNAnos
À MATURAÇÃO
4.1
Determinação
do
ponto de maturação
da
uva
.15 16 16 16 17 17 11 18 19
N
Z) 21 mais 26 26 27 28 30 31 e a época davindima
... ... .. 334.1.1 Técnica
de
amostragem
e determinação ... ..4.1.2
Rendimento
alcoólico da fermentação ... ... .. 39DA
GAÚCHA
5.1 Caracterização da região ... ..
5.1.1
Clima
... .. SOIO ... ..5.1.3
Área de
plantio, cultivares eprodução
... .._ ... ...5.1.4
Condições
climáticas da regiãox
maturaçãoda uva
... ..5.2
Pagamento
da uva
pelas cantinas ... ..5.2.1 Discussão ... ..
5.3 Considerações finais ... ..
õ.sUGEsTõEs
Aos
mvnnsos
sEGM1›:.N'rosQUE
CQMPÕEM o
1>RocEsso
DE
PRQDUÇÃQ
UVA x
v1NHo.
7.
BIBLIOGRAFIA
... ..1 -
INTRODUÇÃO
1.1 Histórico
da
culturada
videiraA
videira éuma
planta cultivada desde idades remotas, sendo considerada,junto
com
o
trigo,um
dos cultivosmais
antigos.Teve
seu início àaproximadamente
4000
anos
a.C.,na
parte orientaldo mar
Negro,na
Transcaucásia,em
áreasque
correspondem
hoje aos países da Geórgia,Armênia
e Azerbaijão (Reynier, 1989).No
Egito aprodução de
vinho existia desde a 4' dinastia dos faraós, a 2.500 anos a.C. (Reynier, 1989), encontrando-se escritos detalhesque
relatam sobreo
cultivo
da
videira (Winkler , 1962).-
Supõe-se
que
os Feníciosforam
osque
levaram, anteriora
600
a.C., variedadesde uva
para vinho originárias da ÁsiaMenor
a Grécia e dali paraRoma
e
sul
da
França
(Winkler, 1962).Reynier
(1989) citaque
osRomanos
e osGregos
eram
ávidos consumidoresde
vinho,o que
veio a contribuir para a propagaçãodo
cultivo
da
videira.No
entanto,o
mesmo
menciona
que
vinhedos importantes sóvieram
a surgir-anão mais
que
125 anos a.C.,em
Narbona.Desde
então a viticulturacomeçou
a se tornarum
ramo
em
franca expansão.Na
Gália, grandes áreasforam
plantadas até
que
um
decretode
.Domiciano,em
92
d.C.,ordenou
o
arranquiode
metade
dos
vinhedosda
Gália, pois aprodução de
vinhos estava competindocom
a
produção
Romana
(Reynier, 1989). .Na
IdadeMédia
ocorreuum
declíniona
viticultura, sobrevivendo nos paísescristãos
em
mosteiros e abadias, enquantoque
nos
países mediterrâneos, sobredomínio
Árabe,houve
o
abandono da produção de
vinho.O
renascimentoda
viticultura deu-se nas regiões extra-'meridionais
a
partirdo
século XII, devidoao
desenvolvimento
econômico
dos paísesdo
norte.O
mesmo
não
aconteceucom
aviticultura
no
mediterrâneo,que
só voltoua
ter importânciano
séculoXIX
(Reynier,l989). V
Com
as exigênciasde mercado,
no
séculoXVII
começaza
nascer os grandesvinhos
de
qualidade (Enjalbert,apud
Reynier,l989).A
área plantadana
Françachegou
a atingir 2.300.000 ha, sofrendoum
posterior declíniodo
comérciono
séculoXVIII, voltando a se recuperar
somente
após a revolução (Reyne`r,l989).A
partirdo
séculoXIX
a viticultura meridional e os vinhedosdo
norte sofreramdeclínio,
permanecendo somente
as zonasque produziam
bom
vinho. Este período é(1850), míldio (1886, 1910, etc) e filoxera (1869) e pela
modernização
detécnims
vitícolas e
o
surgimento da enologia (Reynier,l989).A
viticulturacom
baseem
Vítis vímferachegou
aAmérica
trazida pelosconquistadores.
Seu
cultivo cresceu de maneira muito rápida,chegando
ao ponto de,em
1595,o
rei daEspanha
proibirnovos
plantiosou
reposições de vinhedosno
México.
No
séculoXVII
eXVIII o
plantio continuouporque
a igreja era forteo
suficiente para resistir aos decretos civis, estando assim
o
desenvolvimentoda
viticultura associada à igreja,
como
já havia ocorrido naEuropa
(W
inkler,1962).Com
o
período das missõeso
cultivoda
videirachegou
a Califórnia (1697)e
dali para outras missões. Porém,com
a leide
secularizaçãoda
igreja(1834
até 1846)houve
declíniodo
cultivo,com
a destruição dos vinhedos pelos próprios padres(W
inkler,1962).1.2
Origem
A
existênciada
videira émuito
antiga. Descobriu-se fósseisde
sementes,folhas(Bassermann
&
Kirchheimerapud
Winkler, 1962) e pólen (Reynier,1989)
tanto
na Europa
quanto naAmérica
do
Norte
(Winkler,1962; Reynier, 1989)e
na
Ásia
Menor
(Reynier, 1989)em
depósitosque datam
do
período Terciárioda
em
geológica (Winkler, 1962; Reynier, 1989). _
No
decorrerdo
quarternárioalgumas
espécies sobreviveram a intempéries dasglaciações
em
refúgios protegidosdo
frio, encontrando-se entre estas a Vítissilvestris, reagrupando
em
formas selvagens, e Vítis viniƒera, vegetando naturalmentena Transcaucásia, Itália, Grécia, França,
Alemanha
e Espanha. Assim,o
cultivoda
videira teve seu início a partir
do
refúgioda
Transcaucásia,se
disseminandocom
a
sedentarização
do
homem
(Reynier, 1989). _Winkler
(1962)menciona que
70%
das espécies)de
videira encontradasno
mundo
tem
como
seu habitat nativo aAmérica do
Norte.Nos
Estados Unidos,o
grandeVale
do
Mississipi e seus afluentes são especialmente ricosem
variedadese
abundância
de
-videiras nativas.3
1.3 Classificação botânica
A
videira pertence a família das vitáceas, possuindoem
tomo
de
1000 sp.,distribuídas
em
14 gênerosque
incluem as vinhas silvestres, origináriasda
Ásia eAmérica
do Norte, pertencentes ao gênero Parthenocíssus; e 0 gênero Vitis, oriundode
zonas temperadasdo
hemisfério norte, tanto da Ásia,Europa
como
da América
(Chauvet
&
Reynier, 1974; Reynier, 1989).As
vinhas cultivadasdescendem
do
gênero Vitis,que
se subdivideem
sub-gênero Euvitis e Muscadinia.
Aquele
possui gavinhas bifurcadas, presença dediafragma, córtex
não
aderente (Reynier, -1989; Winkler, 1962) e fibroso,com
estrias longitudinais
que
caem
ao madurar
(Winkler, 1962);2n=38
cromossomos
(Reynier, 1989) e
com
cachos de flores alargados e cujasbagas
prendem-se aopedicelo ao arnadurecerem, apresentando sementes piriformes (Winkler, 1962);
enquanto que
este possui gavinhas simples, ausência de diafragma, córtexadaente
ecom
lenticelas (Reynier, 1989; Winkler, 1962),2n=40
cromossomos
(Reynier,1989),apresentando cachos curtos,
pequenos
ecom
bagasque
sedesprendem
aoamadurecer, tendo sementes oblongas (Winkler, 1962). *
A
No
que
diz respeitoao
interessede
cultivo, destacam-se as espéciesdo
sub-gênero Euvitis,
que
se encontra distribuídona
América
do
Norte,Europa
e Ásia.Na
América
do
Norte, dentre as inúmeras espécies, V. Iabrusca é a únicaque
apresentaaptidão uvífera.
Porém,
estas espéciestem
grande importânciacomo
fontede
porta-enxertos e híbridos produtores diretos devido a resistência à filoxera, destacando-se
V.riparia, V. rupestris, V. berlandieri, V.cordifolía,
V
Iabrusca, V. candícanse
V.cinerea. J á na
Europa
ena
Ásia Ocidentaluma
única espécie, V. vinrfera , apresentaaptidão para a
produção de
vinho,uva
passa e uvade
mesa. Caracteriza-se pelabaixa resistência a
doenças
criptogâmicas e à filoxera. “'Quanto
às espécies oriundasda
Ásia
Oriental, estasnão
apresentam interesse para cultivo (Reynier,1989).1.4 Distribuição geográfica
no
mundo
A
culturada
videira encontra-seamplamente
distribuída pelomundo,
estandopresente nos cinco continentes.
H
Na
América
é cultivadana
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Peru, Uruguai,México,
Canadá
eEUA
(Winkler, 1962), sendoque
este último possui atualmenteainda
que
na Oceania
é representada pela Austrália eNova
Zelândia", cujasproduções
não
são tão significativasemdecorrência
das condições desfavoráveisao
cultivo;a
Ásia, por sua vez,apresenta países
com
alguma
produçãocomo
a China, Chipre, Japão, Jordânia,Israel,
sendo
estes três últimos propícios à produçãode uvas de mesa
e passas.A
Índia,
o
Irã e a Turquia são considerados os ,locaisde
origem
da exploração comercialde
uvas.Na
Áfricao
cultivo concentra-sena
Argélia,Marrocos
eTúnez
ena
União
Sul Africana, Egito e Líbia, e relevanteem
função
da área plantadafinalmente
está a Europa,com
ampla
distribuição.A
área totalde
cultivono
mundo
pennaneceu
estávelnos
últimos 15 anos,estando
em
tomo
de
10.000.000de
hectares,sendo
que
os
países tradicionalmentevitícolas
permanecem
estáveisou
em
ligeira regressão,enquanto
que paísesda
América
do
Sul, países anglo-saxõese
aURSS
tem aumentado
bastante suas áreasplantadas (Rayaiaz,19s9).
Os
maiores vinhedos pertencem a Espanha, Itália, França,URSS,
com
mais
de l'
milhão de
ha
cada, seguidosda
Turquia,com
aproximadamente 800.000
ha
(Reyner, *1989).
1.5
Cenários
A
produção
média
de uva
éde
60,5 milhões toneladas, sendoo
continenteEuropeu
responsávelpor
2/3do
total produzido.Quanto
ao
destinoda
produção,observa-se
que
os paísesda Europa
Continentalpossuem
uma
produção vitícoladirecionada para a elaboração de vinhos, enquanto
que
os países Asiáticose
Africanos
tem
uma
produção
diversificada parauva de
mesa,
passa, sucos,vinho
e
concentrados.
Na
produção de
vinho destacam-secomo
principais produtores Aa
França e a Itália ,
com
70
milhões de hl, Espanha,com
33 milhões
hl,URSS,
com
29
milhõesde
Argentina,com
25
milhões de hl (Reynier, 1989). çA
CCE-12
(Comunidade
Comum
Européia) possui58%
da superfície dasvinhas cultivadas
no mundo,
detendo60%
da produção
mundial
de vinhos,36%
de
uva de
mesa
e20%
da produção de uva
passa (anexo l).A
Espanha
éo
paíscom
a
maior
quantidadede
área plantada, contandocom
1.630.000 ha,'aproximadamente(Reynier, 1989).
Sua
produtividade caracteriza-se por serbaixa
e variávelde
ano
para ano,
em
decorrência das variações climáticas.Os
plantios estão sobre solos5
produtividade, por outro leva ã produção de uvas
com
altos teores de açúcares ecom
baixa acidez, condição primordial para a fabricação de vinho de alto grau alcoólico e
extrato seco,
em
comparação
com
os vinhosproduzidos
no
restodo mundo, que
são cultivadasem
solos férteis ecom
maiores ótspmúbiudzaes
de água (chzuvet&
Rzyzúer, 1974).1.6
Videira
no
BrasilA
videira foi introduzidano
paísem
1532
por MartinAfonso de Sousa
na
Capitania
de
São
Vicente. Durante aépoca
colonialnão
teve muita expressão, atéque
em
1830
a1840 foram
introduzidasem
São
Paulo as primeiras videirasamericanas,
que
apresentarammelhor
adaptaçãoque
asde
origem européia.Iniciando
com
a variedade Isabel, a viticultura prosperouem
São
Paulo eno
Rio
Grande do
Sul, e, posteriormente,em
Santa Catarina, Paraná eMinas
Gerais (Souza.1969
).`
1.7
Produção
A
áreaocupada
com
videirano
Brasilem
l98_5 eem
1990 pode
ser vistana
tabela
do
anexo
2.'
Em
1989
os estadosdo Rio
Grande do
Sul,São
Paulo e Santa Catarinarepresentavam
90%
do
total dauva
produzidano
país, sendoque
o
Rio
grandedo
Sul participou
com
65.81%, São
Paulocom
14.79%
e Santa Catarinacom
9.60%
(Miele et al.,l99-).
'
.
'
O
estadodo Rio Grande do
Sul êo maior
produtor de uvasdo
país. Detinhaem
1990
69,74%
da
área de plantio, alcançandoo
patamarde
68,52%
daprodução
nacional.
No
estado são exploradasmais de
70
cultivares, sendoque
cercade
77%
são
de
híbridas e americanas,com
destaque para Isabel, Bordô,Herbemont,
Niágarae
Concord Das
viníferas destacam-seMoscato,
Trebbiano, Riesling Itálico e Cabernet Franc.Quanto
a produçãode
mosto
e de vinho,o
Rio Grande
do
Sul éresponsável por
93%
da produção nacional, equivalente a263
milhões de litros\
2.
MORFOLOGIA
2.1
Sistema
radicularO
sistema radicular édo
tipo ramificado,que
se distribuiamplamente
e
penetra a considerável profundidade,
quando
o
solo possui condições favoráveis(Reynier, 1989). _ _
As
estacas, usualmente utilizadascomo
meio
de
propagação vegetativa,produzem
numerosas
raízesque
constituem as raízes principaisda
videira (Winkler.1962; Reynier, 1989),
sendo
que
algumas
se desenvolverãomais
que
outras,e
muitas até se desintegrarão
no
processo de maturidadeda
vinha.Durante
o
crescimento as raízes
aumentam
de
diâmetro e comprimento,e
dividem-separa
formar
novas
raízes,que
é a estrutura principaldo
sistema radicular,permanecendo
ano após
ano.Há
também
o
desenvolvimentode
radicelas,que
são raízesresponsáveis pela nutrição
da
planta, sendode
vida curta, ocorrendo constantesubstituição (Winkler, 1962).'
V
Reynier (1989),
por
sua vez, dizque
as plantas oriundasde
sementespossuem
raiz principal pivotante e radicelas,
enquanto
que por
estaquia0
desenvolvimentose
faz
mais
lateralmentedo
que
em
profundidade e que,quando
em
estágiode
plantaadulta, a maioria das raízes desenvolvem-se lateralmente
e
uma
minoriano
sentidovertical.
Contudo,
a direçãodo
desenvolvimento variaem
virtudede
diversos fatorescomo
espécieou
variedade, influênciade
soloe
subsolo,bem
como
de
técnicasculturais.
Quanto
ao tipode
raiz,afirma
que
a raiz é primordialquando
oriundade
semente
e adventíciaquando
de
estaquia,ou
no
casode
variedadesque desenvolvem
raízes aéreas,
como
Ugni
Blanc
ou
sp.de
Vmotundrffolia.Quanto
_a anatomia, a estruturada
raiz evoluicom
a idade.A
partejovem.
formada
por pêlos absorventes, permite distinguirum
córtex eum
cilindro central,enquanto
que
a partemais
velha constatauma
estruturamais complexa
decorrentedo
aparecimentode
duascamadas
geratrizes,o câmbio
eo
felógeno.As
raízesramificam-se dando origem a
outras raízes a partirde
célulasda
capa cambial,sendo
7
2.2 Folhas
São formadas de
pecfolo glabroou
piloso, limbo tendo 5 lóbulos eapresentando 5 nervuras principais, sendo
que
a diferenciação entre espéciesou
variedades realiza-se
com
base principalmente nas diferenças morfológicas dasfolhas.
A
disposição das folhas é alterna e oposta (alterno-distica) (Reynier, 1989).Pelo formato
da
folha distingue-se facilmente as variedades americanas daseuropéias,
sendo
característica desta apresentarem lóbulosbem
definidos,enquanto
que
aquelas apresentam limbocom
lóbulospouco
destacados ecom
bordasligeiramente serrilhadas.
Anatomicamente
afolhaé
formada pela epiderme superior, apresentandocutícula e
uma
camada
de
células empaliçadasque contém
os pigmentos clorofílicos;tecido lacrmar,
formado
por 5ou
6
camadas de
célulasque possuem
também
pigmentos clorofilicos e apresentando espaços intercelulares
que
seligam
aosestômatos e vasos libero-lenhosos; e a epiderme inferior, recoberta pela cmícula
e
apresentando
inúmeros
estômatos (Reynier, 1989). -2.3
Tronco
A
videira éuma
liana, precisando de suporte para se elevaracima
do
níveldo
solo,
ou
então fazerpoda
intensa paraque
possa apresentar aspecto ligeiramentearbustivo.
Seu
tronco eramificações
sãoformados por nós
e entrenós(Reynier,l989). _
Examinando
um
pé de
videira duranteo
outonoou
inverno, antesda
poda,distingue-se: ' '
- tronco e braços
formados
por madeira velha; ~- madeira de
2
anos,que
corresponde a madeirapodada
no
inverno anterior; - madeira de ano,que
se desenvolveu durante a primavera e verão precedente.Se examinada na
primavera/verão, após a poda, verifica-seo
desenvolvimentode
ramos
herbáceoschamados
pâmpanos,
a
partirde
gemas
latentes situadas sobreos
ramos
deano
deixadosno
momento
dapoda
(Reynier, 1989). Estasgemas
latentes já se
encontram
diferenciadas para floraçãono
inícioda
dormência.Pode
ocorrer
também
o
desenvolvimento degemas
situadas sobreo ramo
de 2
anos, sendosituadas sobre sarmentos, sendo
chamados
netos,ou ramos
antecipados (Chauvet&
Reynier 1976; Reynier,l989).
O
sarmento éformado
poruma
sucessãode
nós e entrenós, sendoque
seencontram
inseridas nosnós
as folhas, as inflorescências, asgemas
prontas, asgemas
latentes e as gavinhas (Reynier, 1989).O
comprimento do
sarmentopode
alcançar
de
8
a 10 metros e estáem
funçãoda
variedadeou
espécie,do
vigore
da
condição fitossanitária (Chauvet
&
Reynier 1976; Reynier,l989).No
sarmento distinguem-seduas
partes:uma
parte pré-formada,que
já existiana
gema
dormente
, correspondendo aos primeiros4
a 10 nós;e
a parteque
seforma
a partir
da
gema
terminaldo ramo
herbáceoem
crescimento (Chauvet&
Reynier, 1976; Reynier, 1989).Morfologicamente
os bacelos são constituídos,de
córtex, líber, lenhoe
medula,
sendo
que nos nós
há
também
a presençade
diafragma (Chauvet&
Reynier r91õ;R¢ynizf,19s9).9
r
Igualmente são os
pâmpanos,
tendo estes aindagema
terminal,inflorescências, folhas e
gemas
prontasque
estãotambém
em
crescimento epossuem
pigmentaçãoiverde.
Assim,
a estrutura anatômicado
pâmpano
edo
sarmento sãosimilares. Todavia,
o
sarmento possuiuma
estruturamais complexa
por causado
crescimento secundário, devido a atividade da capa cambial
que
continuaformando
para
o
seu interioro
xilema e parao
exterioro floema,
bem
como
do
aparecimentode
uma
outra capa geratriz,o
felógeno,que
aparece progressivamenteda
base para aextremidade
pâmpano
(Reynier, 1989).2.4
Brotações
'_ .
As
gemas
sobreo
pâmpano
em
crescimentopodem
ser: terminal,a
qualpromove
o
crescimento longitudinal, -caindono
fim
do
outono;gemas
prontas,capazes de se desenvolver rapidamente após a
formação
do
pâmpano;
e asgemas
latentes,que
se desenvolverão apenasno
ano
seguinte.A
gema
latente é, na verdade,um
complexo
degemas, possuindo
uma
gema
principale
secundárias menores,sendo
que
a principal já levao
esboço
do
que
serão as estruturas existentes dosprimeiros
nós do
pâmpano
que
se formaráno
ano
seguinte.Há
ainda asgemas
existentes na inserção
do
sarmento
com
a madeira velha,sendo
estas simples e9
2.5 Inflorescência
A
inflorescência éum
rácimocomposto
(Reynier, 1989),também
denominado
tirso (Souza, 196-), tendo suas ramificações e dimensões variáveisem
função
da
espécie, vigor e posiçãodo
pâmpano
(Reynier, 1989).A
formaçãodo
rácimo dá-se a partirde
uma
gema
composta
que se encontraem
sarmentos de ano, contendoum
certonúmero
de gemas, sendoque
apenas aprincipal geralmente se desenvolve.
A
iniciação floralcomeça na
metade
do
verãopara as flores
que
abrem
na
primavera seguinte.Uma
vez
aberta a gema. apareceprimeiro
um
broto e as folhas, sendoque
doisou
três rácimospor
brotoaparecem
opostos às folhas
(Westwood,
1982).A
inflorescência é formadade
um
eixo principaldo
qualpartem
ramificaçõessecundáriasque,
por
sua vez,podem
ramificar-se, terminandonum
ramalhetede
duas
a
cinco flores.As
dimensões das inflorescências são muito variáveis, aténum
mesmo
pâmpano
deuma
cepa (Reynier , 1989).As
flores estãofixadas
por pedicelos cuja extremidade se espandeforrmndo
o
receptáculo
que une
as partes da flor.A
fórmula floral 6 (SS)+
(SP)+
(SE)+
(2C),sendo
que
as flores são geralmente hermafroditas (Reynier , 1989 ).2.6
Frutos
O
frutoou
baga
possui característicasmuito
variáveisem
funçãoda
variedade.
O
comprimento
médio
pode
ir de 12mm
a24
mm.
Quanto a
forma,pode
ser esférica, ovóide, elípsoidal, cilíndrica, fusiforme e outras.
A
coloraçãoé
verdeantes
da
maturação fisiológica, sendoque
após estapode tomar
as coloraçõesde
verde-amarelo, rosa , roxo- giisáceo, roxo-escuro-violáceo, azul-escuro , roxo-
escuro.
A
polpa 6 geralmente incolor,sendo
que
a cordo
vinho é devido acompostos
fenólicos contidosna
casca,como
as antocianinas e flavonóides.Contudo,
asvañedades denominadas
tintóreastem
polpa colorida.A
consistência éfirme quando
imaturas, tornando-se macias e aqiiosasou camosasquando
maduras.para variedades
de
vinificação e de mesa, respectivamente (Reynier, 1989).O
fruto éformado por
película, polpa e sementes.A
película 6 constituídade
seis a
dez
capas de células,compreendendoa
cutícula, a epiderme e ascamadas
sub-variedades de vinificação apresentam polpa cujas células
possuem
protoplastoreduzido e aplastado contra a parede pelo suco vacuolar,
que ocupa
todoo
espaço intra-celular. Já as bagas carnosas das variedadesde
mesa possuem
célulascom
parede e protoplastos intactos (Reynier,l989).
As
sementes apresentam-seem
número
de
uma
a quatro (Reynier, 1989; Souza, 196-),dependendo
da eficiênciade
polinização e fecundação.
Há, porém,
variedades desenvolvidas para produçãode
bagas
sem
sementes (Reynier, 1989).2.7 Características
de
algumas
cultivares utilizadaspara
vínificaçãn2.7.1
Cabernet Franc
*
Cultivar
de
Vítis vimƒera, originária da França _(Olmos, 1983), sendo entre asvariedades tintas
a mais
utilizada atualmente para a elaboraçãode
vinhos tintosfinos
(Rizzon
et. al., 1994).Apresenta folhas medianas, rácirnos pequenos,
compactos ou
'semi-compactos, bagas
de
cor negro-azulada e-pequenas (Olmos,
1983), maturaçãointermediária, apresentando sensibilidade
ao
míldioe à
antracnose. Possuibom
potencial
de
acúmulo
de
açúcares e origina vinhosde ótimo
aspecto, coloraçãovermelha
com
tom
violáceo,aroma
característico,de maior
ou
menor
expressãodependendo
da safra (Rizzon et. al.,1993
). .2.7.2
Cabernet Sauvignon
Cultivar
de
Vitis vimjfera origináriada
França, apresentando característicassimilares
ao
Cabernet Franc(Ohnos,
1983). 9Seu
potencial paraacúmulo
de
açúcar é elevado edá
origem a vinhode
coloração
vermelho
violáceo acentuadoe
com
aroma
herbáceo característico.Os
vinhos desta cultivarmelhoram
_o seu saborquando
envelhecidos, devidoa
suall
2.7.3
Merlot
Cultivar de V. vimfera
de
origem francesa, possui folhasde
cor verdeintensa,
cacho
detamanho
médio, cônico e solto, grãopequeno
negro-azulado(Olmos,
1983).Sua
maturação é mais precoceque
do
Cabernet Franc, apresentandosensibilidade a nível de cacho
quando no
estágiode
floração; alto potencialde
acúmulo
de
açúcares,dando origem
a vinhos tintosde
coloração vermelho-vivoe
com
boa
intensidade, sendomenos
encorpadoe
menos
intensoem
aroma quando
comparado
com
os Cabernet. Apresentaporém
excelente aspecto, graude
fineza
e
maciez
(Rizzon, et. al. 1984).É
comercializadocomo
vinho varietalou
utilizadopara cortes
com
Cabernets (Camargo, 1984) para corrigir a aspereza(0lmos,
1983).2.7.4 Riesling Itálico
Variedade
de
Vitiv vimďrade
cor branca, originária supostamente da regiãode
(laampagne,na
França(Camargo,
1994).É
medianamente
vigorosa,cacho
de
tamanho médio
a pequeno,muito
compacto,com
produção
relativamente baixa devido aopequeno volume de
seus cachos (Souza, 1969).Sua
maturação
é
intermediária, possuindo
bom
potencial paraacúmulo de
açúcares e é sensívelao
míldio e a podridão
do
cacho
(Rizzon et al, 1994),não
apresentandomuitos
problemas
com
a antracnose.Sua
colheita é realizada antesda maturação completa
pois seus cachos,,por
serem muito
compactos,ficam
sujeitos ao ataquede
podridões(Mattos, 1981). Origina vinhos de
aroma
varietalpouco
pronunciado (Rizzon et al.,1994). T `
z
'
2.7.5
Chardonnay
_
ülltivar de V. viníƒera proveniente de
Borgonha, na
França(Camargo,
1994).É
uma
variedade branca de maturação precoce, apresentando cachocom
tamanho
pequeno,
bom
potencialde acúmulo de
açúcares e origina vinho branco equilibrado,de elevada complexidade,
porém
com
aroma
varietal.É
uma
variedade susceptível2.7.6
Moscato
Branco
Variedade de
V. víniƒera,de origem
desconhecida, apresentandocacho de
bagas grandes
(Camargo,
1994),meio
compacto,sendo
assim susceptível a podridões (Souza, 1969).Sua
maturação é tardia e seu potencialde produção de
açúcares ê
baixo sob
as condições atuaisde
cultivo (Rizzon et. al., 1994).É
avinífera branca'
mais
cultivadano
Rio
Grande do
Sul, sendo destinada paravinificação e para mesa.
Produz
vinhode
intensoaroma
moscatel, sendo utilizadacomo
fontede aromas
atravésde
cortescom
vinhos brancosou
também
utilizadapara a elaboração
de
vinhos espumantes, principalmentedo
tipo Asti(Camargo,
1994).
Segundo
Rizzon
et. al. (1994), seu vinho é relativamente ácido ede
elevadatípícídade. A
2.7.7 Isabel
Variedade
de
Vitis Iabrusca ,sendo
porém
considerada por muitos autorescomo
originadade
híbridação natural entre V. Iabruscax
V. víniffera(Camargo.
1994). Apresenta
grande
vigor, rusticidade e fertilidade;de
bagas grandes e médias,ovais, pretas
com
revestimentode
pruína azulada ecom
maturação de mediana
paratardia (Souza, 1969). é utilizada para
produção de vinho
branco, tintoou
rosado,bem
como
para suco, vinagre econsumo
"in natura" (Camargo).Segundo Rizzon
et. al. (1994), origina vinho típico,com
boa
core de
aroma
intenso, característico
da
espécie labrusca.Atualmente
representa45
%
da uva
industrializada
no
Rio
Grande
do
Sul, já tendochegado
,porém, a80
%
(Camargo,
1994).
2.7.8
Bordô
-Cultivar
de
Vitis' Iabrusca origináriade
Ohio,EUA.
Atualmente
é asegunda
casta
em
importânciano Rio
Grande
do
Sul, superada apenas pela Isabel.É
de
maturação
precoce,usada
paraconsumo
"in natura"ou
para cortescom
Isabel eConcord,
por apresentar películacom
elevado teorde
material corante(Camargo,
13
a peronóspora e a outras doenças fúngicas.
Seu
vinho éde
qualidade inferior,com
baixa acidez e açúcares redutores, necessitando correção acentuada (Matos, 1981),sendo
valorizada por ser ricaem
matéria corante,recomendada
para cortecom
Isabelpara
aumentar
avintensidade de cor (Rizzon et. al., 1994).2.7.9
Niágara
Branca
Cultivar americana
de
Vitis Iabrusca oriundado cruzamento de
Concord
x
Cassady
(Matos, 1981;Camargo,
1994).Apresenta cacho
pequeno
a médio,medianamente
compacto,baga redonda
com
película delicada (Ban, 1979).Sua
maturação 6 precoce e possuibaixo
teorde
açúcares (Rizzon et. al., 1994).
É
consideradatambém
excelenteuva
dekmesa, apesarde ser susceptível a podridões e
com
baixa resistênciaao
transporte (Ban, 1979).A
característica
do
seu vinho éo
sabor foxado (Matos, 1981), apresentando intensoaroma (Camargo,
1994).2.7.10
Gewurztraminer
Variedade Vitis Vimjfera
de origem
desconhecida,sendo
supostamenteoriginária
de
variação somáticade
cor rosadada Traminer Blanc da
Itália.Na
regiãode Alsãcia,
na
França, é utilizada 'para a elaboraçãode
vinho varietal famoso,devido a sua característica
de fineza
e intensidadede
seuaroma
e sabor(Camargo,
1994).
É
uma
variedade rosada, aromática,de
cacho compacto,pequeno
ecom
baga
também
pequena, sendo suamaturação
precoce (Rizzon et. al., 1994).De
1992
para1994
houve
um
decréscimona
área plantadano Rio Grande do
Sul, devido _a sua alta susceptibilidade a podridões
do
cacho (Camargo,
1994), baixaprodutividade e morte precoce das plantas (Rizzon et. al., 1994).
2.7.11
Seyve
Villard2576
.Cultivar criada a partir
do
cruzamento
de Seibel5656
x
Seibel 4986,na
França, sendo sua constituição genética: 54.5
%
,de V. víniƒera ;31.5%, de
V.No
Rio
Grande do
Sulocupa
a segunda posição entre as uvas brancascomuns,
superada apenas pelas Niágaras. Origina vinhobranco
equilibrado, neutroem
aroma,sendo
considerado importante para a melhoriado
vinho brancocomum
do
suldo
país(Camargo,
1994). Apresentabom
vigor, grande resistência amoléstias, cachos grandes, compactos, bagas médias, de cor branca (Souza, 1969),
maturação
precoce,boa
capacidade de produção de açúcares eboa
adaptação àscondições
de
cultivodoRio Grande
do
Sul (Rizzon et. al., 1994).2.7.12
Couderc 13
Criada
na França
pelo melhorista Georges Couderc,sendo
1/2 V. Iíncecumii,3/8
de
V. viníferae
1/8de
V. rupestris.Em
Santa Catarinaé
eventualmente usadapara
consumo
"in natura" devido a sua maturação tardia(Camargo,
1994).Apresenta
cachos de
tamanho
médio
a
grande,sendo
a maioria semi-soltos.As
bagas
são branco-esverdeadas e esféricas.É
moderadamente
resistente a oídioe
moderadamente
suceptível a peronóspora e a antracnose (Matos, 1981).Sua
maturação
é
tardia (Rizzon et. al., 1994). Produz vinhobranco de
ótima qualidadepara
uma
uva
híbrida.Sua
acidezé
baixa, sendo utilizada para cortescom
vinhosoriundos
de
cultivarescom
acidez excessiva (Matos, 1981).2.8
Arquitetura
fibrovascular'O
conhecimento da
arquitetura fibrovascular é fundamental importânciaquando
se deseja utilizaro
processode
enxertia para aprodução de
mudas.A
videira,sendo
uma
planta dicotiledônea, possuiuma
organização de seusvasos
de
uma
maneira
circularem
tomo
do
centrodo
ramo.De
acordocom
Cutter(1986),
o
sistema vascular éformado
pelo xilema e pelofloema,
sendo constituídosde
elementos condutores, fibras e parênquima; células crivadas, célulascompanheiras
e esclerócitos.Assim,
partindodo câmbio
tem-se vasos lenhosos parao
interiore
vasos _liberianos parao
exterior, responsáveis pela condução da seivabruta
e
elaborada, respectivamente.Segundo
Fournioux&
-Bessisapud
Reynier,1989
os vasos libero-lenhosospossuem
um
trajeto retilineo,e
os ortósticos estão15
-
As
gemas
axilares (prontaou
latente)de
um
mesmo
ortóstico estão relacionadasentre elas
bem
como
os rácimosou
gavinhas, porém,não
com
as folhas.As
gemas
de
dois ortósticos sãoanatomicamente
independentes,o
que explicao
comportamento
dedominância
relativa das gemas,como
também
a participaçãona
alimentação carbonada dos rácimos pelos
ramos
netos;-
As
folhas, os rácimos e as gavinhas deum
mesmo
ortósticocomunicam-se
entre si.De
um
ortóstico a outro só as folhaspossuem
ligação direta, estando as gavinhas eos rácimos ligados
de
mancha
indireta pelaconexão da
rede vascular das folhas.Há
aindaa
presença, tantonos
tecidos de xilemaquanto
de
fhema, de
fibrasque
tem
a função de darmaior
resistência à estrutura (ürtter, 1986)._
2.9
Aspectos anatômicos
da
enxertiaO
processode propagação
vegetativa atravésde
enxertiaé
práticacomum
em
videira, pois através desta consegue~se inúmeras vantagens
como:
-
maior
resistência ao ataquede
pragas e doenças; '-
maior
uniformidadeda
plantação emaior
certezada
qualidade das uvasque
serãoproduzidas;
- precocidade;
- unir variedade
copa
boa
com
variedade de sistema radicularque
sejamais
propícioao
tipo de solo.Para
que
ocorrauma
perfeita uniãodo
enxertocom
o
porta-enxertoé
necessário
que
hajauma
coincidência dos tecidos anãlogosque
sepõm
em
contato(Y
aque
, 1992) e os cortesdevem
ser preferencialrnente oblíquos paraque
haja urnamaior
áreade
contato (Reynier, 1989). Assim,o
câmbio
'do enxertodeve ficar
em
íntimo contato
com
o
câmbio
do
porta-enxerto paraque
ocorrade
maneira rápidaa
fomração do
calo de cicatrização e a ligação de vasos condutores.Vários são os
métodos
que
podem
ser utilizados para enxerlia,sendo mais
comum
a enxertiaem
fenda paracampo
eômega
para enxertiade
mesa.A
enxertiaem
fenda,com
suas variáveis.que
são:em
fenda cheia, fenda simples eo
de
duplafenda, opções estas
que variam
em
funçãoda
relaçãode
diâmetro entreo
enxerto eo
porta-enxerto
que
se quer unir.3.
FISIOLOGIA
3.1
Sistema
radicular3.1.1
Fatores
que
influem
no
seu desenvolvimentoOdesenvolvimento
radicular da videira é resultadoda ação combinada de
fatores
intemos
e externos à planta.Segundo
Reynier (1989),o
sistema radicularsofre influência genética,
de
solo e subsolo,bem
como
de
técnicas culturais.Quanto
a influência genética,o
mesmo
autor dizque
a localização e a direçãodo
sistema radiculardependem
da
variedade e da espécie. Citacomo
exemplo de
diferença
de
localização acomparação
entre rupestrisdu
lot eUgni
Blanc,onde
aquela apresenta
emissão
de
raízes a partir dosnós
da estaca, preferencialmente osda
base,enquanto
que
esta apresenta raízes ao longode
todoo
entrenó.Como
exemplo de
direção,Bravo
&
Oliveira (1974) falamda
diferençado
ângulogeotrópico (ângulo
formado
entre a linha vertical e as raízes secundárias),que pode
variar
de
20
a 80°,dependendo da
espécie, eda
sua importância na. definiçãodo
porta-enxerto a ser utilizado
em
funçãodo
tipo de solo.Com
relação' a influênciado
solo edo
subsolo, as raízes apresentammelhor
desenvolvimento
em
profundidadeem
solos mais oxigenados emenos
compactos.bem
como
nos
que
apresentammelhor
fertilidade.As
práticas wlturaiscomo
densidade
de
plantio e controle de invasorastambém exercem
influência (Reynicr.1989;
Chauvet
&
Reynier, 1976).3.1.2 Distribuição quantitativa
no
soloA
maior
%
de
raizes encontram-se entre os60
a150
cm
de
profundidade,sendo
que
jáforam
encontradasmízes
a 12mde
profundidade (Winkler, 1962).Reynier
(1989),por
sua vez,afirma
que
a colonizaçãodo
solo pelas raízesda
videira ocorre preferencialmente
nos
20
a50
cm,onde encontram
condiçõesmais
favoráveis para a sua atividade biológica, sendo
que
a ramificação se dáde
forma17
3.1.3
Relação temperatura
x
desenvolvimento
Segundo
Reynier
(1989), a temperatura ótima parao
transporte ativode
nutrientes pelas raízes é de 30°C. Conclui-se
assim
que
também
o
desenvolvimentodo
sistema radicular se dá de maneiramais
intensaem
tal temperatura.3.2
Crescimento das
partes aéreas3.2.1 Ciclo vegetativo '
Com
a elevaçãoda
temperaturado
soloo
sistema radicular entraem
atividade.
Ocorre
então ativação da respiração celular, recuperaçãoda
absorçãoágua
e
a mobilizaçãode
reservas acumuladas.Nmn
segundo
momento
ocorreo
inchamento
dasgemas,
abertura dasescamas
protetoras e entãoaparecem
os brotos(Reynier, 1989).
H
Baggiolini
apud
Reynier (1989) propôs a divisãodo
ciclo vegetativoda
videira
em
10 estádios fenológicos (anexo 3), partindodo
momento
em
que
agema
está
em
repouso echegando
ao pontoem
que o
ováriocomeça
a se desmvolver.Observa-se
em
videirao
fenômeno de
acrotonia (Bessisapud
Reynier, 1989; Gil et al., 1982), caracterizado pelo desenvolvimentomais
acentuado dasgemas da
extremidade
do
ramo,
levando auma
dominância
apicalque impede
o
desenvolvimento das
gemas
mais
basais pertencentesao
mesmo
ortóstico (Bessisapud
Reyníer, 1989). Assim, constata-seque
nem
todas asgemas
deixadasno
momento
da
poda
brotam, sendoque
a%
de brotação éum
critério importante a serobservado, pois influi diretamente sobre
o
potencialde
colheita (Reynier, 1989).Dentre os fatores
que
influem no
desenvolvimentoou não
da gema,além da
acrotonia, estão a posição
no
ramo,o
graude desenvolvimento
morfológico,o
estado nutritivo
da
gema
(Gil et al., 1982), a carga excessivaem
relaçãoao
vigorda
cepa
e
danos nasgemas
(Reynier, 1989).Cabe
lembrarque
a brotaçãoque
sedesenvolve
na
primavera sobreo
bacelo origina-sede
uma
gema
complexa formada
no
ciclo vegetativo anterior eque
se encontravaem
dormência._
O
crescimentodo pâmpano
a partir da brotaçãoda
gema
caracteriza-sepor
períodos
que apresentam
diferentes grausde
intensidade,ondeo
princípio eo
fim
do
terminal
do
pâmpano
(Reynier, 1989; Gil et al., 1982).O
crescimento das estruturasdo
pâmpano
realizam-se simultaneamentecom
os entrenós subjacentes (Reynier,1989),
onde
osramos
antecipados (netos) , oriundos degema
pronta localizada sobreo
pâmpano,
sofrem influência parcialda
gema
terminal enquantoque
sobre asgemas
dormentes
a influência é total(Nigond apud
Reynier, 1989).O
desenvolvimento dospâmpanos
sobreum
bacelo dá-sede
maneiradiferenciada,
de
modo
que
os da extremidade apresentam maior desenvolvimentodevido ai sua organização inicial
mais complexa
(Bessis&
Fourniouxapud
Reynier1989). Ocorre
também
a migraçãode
substâncias inibidoras de crescimento oriundasdas
gemas
da
extremidadeque
sedesenvolvem
primeiro, reprimindoo
desenvolvimento dasgemas
mais
basais (Gil et al., 1982; Bessis&
Fourniouxapud
Reynier, 1989)
do
mesmo
ortóstico (Bessis&
Fournioux
apud
Reynier, 1989).Na
maturação
dos rácimos ospâmpanos
apresentammudança
de coloração,evoluindo
de
verde para cormarrom;
tomam-se
mais
lenhosos, impregnando-sede
lignina;
perdem
as folhas após teremacumulado
reservas, principalmentena forma
de amido. Este processo
começa
durante amaturação
dos fiutos e prossegue até aqueda
das falhas (Reynier, 1939).A
.
A
evoluçãode
maturaçãodo
ramo
ocorreda
base para a extremidadedo
pâmpano
e êuma
preparação para adormência hibemal
(Reynier, 1989;Branas
&
Galet
apud
Mandelli, 1984).A
gema
terminal,como
não
participade
tal processode
preparação para resistir ao frio, desceca e cai;
Como
ocorre nesta faseum
acúmulo
de açúcares, esta exerce influência
muito
grande sobreo
vigor dospâmpanos que
sedesenvolverão
no
ciclo vegetativo seguinte. Assim,o
ideal é que hajauma
boa
áreafotossintética
no
finaldo
ciclo vegetativo garantindoo
acúmulo
suficientede
reservas para
uma
boa
brotação e desenvolvimento das gemas.Após
este processode
acúmulo
de reservas e lignificação as folhascomeçam
a translocar parab pâmpano
seus nutrientes e
mudam
de
coloração,passando
de
verde para amarelano
caso dasuvas brancas, e para amarela, amarela
com
manchas
roxasou
marrons,ou
ainda paracompletamente
roxas,no
caso das uvas tintas (Reynier, 1989).3.2.2 Fatores
que
influenciam o crescimento das
partes aéreasO
crescimento das partes aéreas é influenciadapor
fatores climáticos, bióticose culturais. Dentre os climáticos
o
de maior
relevância é a temperatura.Como
19
para a base
do
bacelo; o vigor,onde
as cepasmais
vigorosasbrotam
mais
tardiamente
que
as débeis; a variedade,que define
uma
maior
ou menor
necessidadede
acúmulo
de
horas de frio para a quebra de dormência ; a idadeda
planta ereservas
acumuladas (Champagnol
apud' Reynier, 1989).Em
relação aos fatoresculturais citam-se
o
efeito dapoda
tardia atrasando a brotação dasgemas da
base; aprática
de
arqueamento,adubação
e desponte deramos
(Reynier, 1-989).3.2.3 Bioclimatologia relacionada
ao
desenvolvimentoda
parte aéreaA
videira necessita anualmente passar porum
períodode
repouso fisiológicoque podera
ser induzido por baixas temperaturas(Gomes,
1989; Souza, 196-),característica das regiões clássicas
em
viticultura,ou
pela seca(Gomes,
1989),como
ocorre
na
Califórnia,no
Vale do São
Francisco eem
Mendoza, na
Argentina. -A
temperatura determina a datade
brotação (Reynier, 1989),onde
asoma
dashoras de frio ocorridas durante
o
períodode
invemo
e inícioda
primavera controlamo
início da brotação (Pougetapud
Reynier, 1989). 'O
clima meditenânico, situado entre30
e 39°de
latitudenone
e30
a44° de
latitude sul (Galet
apud
Mandelli, 1984), caracterizadopor
verões quentes esequíssimos e invernos suaves e chuvosos é considerado
o
clima clássico para avideira européia
(Gomes.
1989; Galetapud
Mandelli,.1984).'
Samish apud Albuquerque
(1976) afirmaque
as variedades viníferastem
uma
exigência
em
horasde
frio relativamente baixa eque
aConcord
(V. Iabrusca)necessita
em
tomo
de
350
horascom
temperatura igualou
abaixo de7.2°C
paraquebra
de
dormência.Nigond
apud Albuquerque
(1976), por sua vez, dizque
temperaturas entre 1 e
8°C
são duas vezes mais eficazesna
quebrade dormência que
à temperatura de 0°C. Para
o zoneamento
da videirano
Rio Grande
do
Sul (RioGrande
do
Sul, 1975) considerou-secomo
sendo regiões aptas aquelasque
apresentavam somatório de horas de frio abaixo
de
7°C
maior que
100 e 500, paravariedades americanas e européias, respectivamente.
O
zerode
vegetação, entretanto , éum
valor variávelsegundo os anos
e avariedade cultivada (Hidalgo, 1980; Westphalen, 1976). -Porém,
como
média
de
muitos anos e variedades, estabeleceu-se
como
sendode 10°C
para a determinaçãodo
período ativode
crescimento (Hidalgo, 1980).Miele (Comunicação
verbal)denota