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A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse: um estudo de eye tracking com exposição a imagens da Lusophone Technostress Image Database LTID

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JULIANA PATRICIA LOPES CAETANO

A DISTÂNCIA OLHO-ECRÃ ENQUANTO RESPOSTA

COMPORTAMENTAL ASSOCIADA AO

TECNOSTRESSE: UM ESTUDO DE EYE TRACKING

COM EXPOSIÇÃO A IMAGENS DA LUSOPHONE

TECHNOSTRESS IMAGE DATABASE (LTID)

Orientador: Prof. Doutor Pedro J. Rosa

Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias Escola de Psicologia e Ciências da Vida

2º Ciclo em Psicologia Clínica e da Saúde

Lisboa

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A DISTÂNCIA OLHO-ECRÃ ENQUANTO

RESPOSTA COMPORTAMENTAL ASSOCIADA

AO TECNOSTRESSE: UM ESTUDO DE EYE

TRACKING COM EXPOSIÇÃO A IMAGENS DA

LUSOPHONE TECHNOSTRESS IMAGE

DATABASE (LTID)

Dissertação defendida em provas públicas para obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, no dia 17 de Fevereiro de 2020, segundo o Despacho de Nomeação de Júri Nº 264/2019, mediante a seguinte composição do júri:

Presidente: Professora Doutora Patrícia Pascoal

Arguente: Proessora. Doutora Isabel Santos Orientador: Professor Doutor Pedro Joel Rosa

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

2º Ciclo em Psicologia Clínica e da Saúde

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 3 Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, por ter-me concedido, a infinita bênção e oportunidade de concluir este percurso académico, face à grande perda que tive durante este percurso.

Os meus especiais e sinceros agradecimentos ao meu orientador, Professor Doutor Pedro Joel Rosa, destacando o seu apoio e compreensão na realização desta dissertação que face as minhas dificuldades, contribuiu na aquisição dos meus conhecimentos. O meu muito obrigado.

Agradeço carinhosamente, a todos os professores que fizeram parte desta minha formação como Mestre pelo apoio e compreensão prestados.

Agradeço também com uma paixão no coração, aos meus colegas pela motivação e paciência, ao longo deste curso.

À minha família, ao meu querido filho, pela compreensão, por terem estado presentes em toda fase deste meu percurso, e aos meus amigos em geral (Angola/ Portugal) pela força e por acreditarem em mim.

Agradeço com um carinho especial as minhas irmãs e ao meu querido cunhado, pelo apoio e suporte durante a minha formação.

Em último lugar e não menos importante, um agradecimento especial á minha querida mãe, ao apoio e incentivo incondicional, numa dimensão tão confortante que serviu de pilar em todo este percurso fora do meu país, “a espiritualidade” agradeço a DEUS todo poderoso.

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Resumo

A necessidade de adaptação contínua às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC), pode originar tecnostresse, que é considerado um estado psicológico negativo relacionado com o uso ou ameaça de uso das NTIC (Salanova, 2007). De acordo com o modelo de motivação humana, existem dois sistemas motivacionais responsáveis pelo comportamento: aproximação ou evitamento. Se o estímulo for percecionado como negativo/aversivo (e.g. tecnostressor) despoleta evitamento, caso seja percecionado como positivo despoleta aproximação (Cacioppo & Berntson,1994; Elliot, 2006). Para avaliar o tecnostresse foi utilizada a Distância Olho-Ecrã (DOE), como indicador comportamental. A investigação constituída por 42 participantes procurou examinar o efeito de imagens tecnostressoras da Lusophone Technostress Image Database (LTID) na DOE em comparação com outras categorias de imagens (positivas, negativas, neutras), assim como, a resposta afetiva, via Self

Assessment Manikin (SAM – Valência e Ativação), e a especificidade da resposta

comportamental, em função dos dois grupos de tecnostresse (baixo vs elevado). Os resultados indicaram um efeito moderador do nível de tecnostresse entre a categorias de imagem e a DOE, e que a resposta comportamental é proporcional a perceção de ativação. A presente investigação demostrou que este indicador comportamental pode ser utilizados em estudos futuros e revelou que a LTID tem validade de construto.

Palavras-chave: tecnostresse, eye tracking, distância olho-ecrã, Lusophone Technostress Image Database, sistemas motivacionais

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 5 Abstract

The need for continuous adaptation to the New Information and Communication Technologies (NTIC), can lead to technostress, which is considered a negative psychological state related to the use or threat of use of NTIC (Salanova, 2007). According to the human motivation model, there are two motivational systems responsible for behaviour: approach or avoidance. If the stimulus is perceived as negative / aversive (e.g. technostressor) triggers avoidance, if it is perceived as positive triggers approximation (Cacioppo & Berntson, 1994; Elliot, 2006). In order to evaluate technostress, Eye-Screen Distance (DSE) was used as a behavioural indicator. The 42-member research sought to examine the effect of Lusophone Technostress Image Database (LTID) technostressor images on DSE compared to other image categories (positive, negative, neutral), as well as the affective response, via Self Assessment Manikin (SAM – Valência and Activation), and the specificity of the behavioral response, depending on the two groups of technostress (low vs high). The results indicated a moderating effect of the level of technostress between the image categories and the DSE, and that the behavioral response is proportional to the perception of activation. The present investigation demonstrated that this behavioral indicator can be used in future studies and revealed that LTID has construct validity

Keywords: tecnostresse, eye tracking, distance eye-screen, Lusophone Technostress Image Database, motivational systems

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Siglas e Abreviaturas

DOE- Distância Olho-Ecrã.

DP – Desvio Padrão.

E – Estímulo.

e.g. – Exemplo.

EFP- Échelle de Fatigue de Pichot.

ET- Eye-Tracking.

HPA- Hipotálamo-pituitária-adrenal.

IAPS- International Affective Picture Sistem.

LTID- Lusophone Technostress Image Database.

M -Média.

mm – Milímetros.

N= Números total de participantes

NTIC- Novas Tecnologias de Informação e Comunicação.

OMS - Organização Mundial de Saúde.

R – Resposta.

RED/TIC- Questionário de Tecnostresse (Tecno-ansiedade e tecno-fadiga).

s – Segundos.

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 7 SNA- Sistema Nervoso Autónomo.

SNE- Sistema Nervoso Endócrino.

SNS- Sistema Nervoso Simpático.

STAI- Inventário de Estado-Traço de Ansiedade.

TIC- Tecnologia de Comunicação e Informação.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ... 12

Stresse ... 13

1.1. Modelos teóricos do stresse. ... 14

Modelo de homeostase de Cannon-Bard (1929). ... 14

Modelo biológico de Hans Selye (1936). ... 15

O modelo ambiental de stresse de Holmes e Rahe (1967). ... 17

Modelo cognitivo de Lazarus e Folkman (1984). ... 18

1.2. Respostas associadas ao Stresse ... 20

Nível cognitivo. ... 20

Nível fisiológico. ... 20

Nível comportamental. ... 21

1.3. Modelo Bio-informacional das emoções ... 22

1.4. Tecnostresse ... 23

MÉTODO ... 26

2.1 Participantes ... 26

2.2 Instrumentos/Medidas ... 26

Indicador comportamental de aproximação-evitamento. ... 29

Estímulos. ... 29

2.3. Equipamento ... 30

2.4. Procedimento ... 31

3. Preparação de dados e análise estatistica ... 32

RESULTADOS ... 33

4.1 Controlo de variáveis contundentes ... 33

4.2 Associação entre Valência Hedónica, Ativação e Distância Olho-Ecrã (DOE) ... 34

4.3 DOE para as várias categorias de imagens em função do tipo de tecnostresse .... 35

DISCUSSÃO ... 36

LIMITAÇOES E ESTUDOS FUTUROS ... 38

IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA CLÍNICA ... 39

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 9

Anexo I - Consentimento Informado ... 47

Anexo II – Protocolo de Investigação ... 48

Anexo III - Exemplos das imagens utilizadas como estímulo na experiência ... 53

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Curva de Stress e Fases do Síndrome Geral de Adaptação (Selye, 1946). .... 16 Figura 2 - Modelo de processamento de stresse e coping (Lazarus & Folkman, 1984) . 19 Figura 3 - Eixo HPA do stresse ... 21 Figura 4 – Distância Olho-Ecrã ... 29 Figura 5- Ilustração gráfica dos dois grupos de tecnostresse (baixo vs elevado). ... 36

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 11 ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Média, amplitude e comparação de distribuição das variáveis avaliadas através da ANOVA Não-paramétrica, para os parâmetros avaliados. ... 34 Tabela 2 - Correlação entre DOE e Valência e Ativação (Arousal). ... 34 Tabela 3 - Efeitos principais de interação da categoria de imagem do tipo de

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INTRODUÇÃO

O stresse tem sido um tema bastante abordado no domínio da investigação científica, devido aos seus efeitos nefastos à saúde do indivíduo, especialmente na sociedade atual – centrada na tecnologia e na informação. A adaptação constante às novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), pode igualmente produzir stresse, designado “tecnostresse”. Assim sendo, o tecnostresse refere-se ao impacto negativo da utilização das NTIC (e.g. computadores, smartphones e Internet), referindo-se ao impacto negativo, direito ou indireto, que a utilização das ferramentas tecnológicas terá nos pensamentos, atitudes e comportamentos dos indivíduos (Carloto & Camara, 2010).

Como referido anteriormente, o tecnostresse é uma forma de stresse associada às novas tecnologias, que emerge quando as competências do indivíduo são percecionadas, por ele, como sendo ineficazes para a sua adaptação às NTIC. E, tal como as restantes formas de stresse, poderá levar a respostas comportamentais e fisiológicas potencialmente nefastas à saúde do sujeito – e é precisamente aí, que o seu estudo se torna pertinente no âmbito da psicologia clínica e da saúde, visto que esta é uma área que pretende intervir junto aos indivíduos de forma a promover e auxiliar o desenvolvimento de competências que os auxiliem a gerir melhor essa ineficácia de modo a promover uma melhor qualidade de vida.

Embora existam instrumentos para avaliar o tecnostresse (e.g., Escalas e Questionários de tecnostresse RED-TIC de Salanova, Llorens, Cifre & Nogareda, 2004), até o momento, não foram desenvolvidas bases de estímulos visuais para indução de tecnostresse.

O presente estudo pretendeu examinar distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental de aproximação ou evitamento, associada ao tecnostresse e, validar as imagens da LTID para indução de tecnostresse. Tal como, avaliar a resposta afetiva dos indivíduos, que foi registada através da escala Self-Assessment Manikin, agradabilidade/ativação - SAM, por via do sistema fixo de eye tracker TOBII T60, á luz do modelo Bio Informacional das Emoções (Lang,1978).

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 13 Stresse

Todo o ser humano já esteve numa situação indutora de stresse, sendo que do ponto de vista evolutivo, já os hominídeos se deparavam com situações stressantes, e.g. a necessidade de procurar um abrigo, para proteção de animais selvagens, chuvas ou até mesmo na procura de alimentos para sobreviver. Durante o processo evolutivo, os seres vivos passaram por situações desafiantes, nas quais eram necessárias ativações de respostas de enfrentamento, ou seja, a seleção de respostas adaptativas. Deste modo, a existência de respostas adaptativas pode ajudar os indivíduos a ajustarem-se melhor ao meio ambiente, contribuindo para o aumento da probabilidade da sua sobrevivência (Sousa, Silva, & Coelho, 2015).

Atualmente, apesar dos problemas serem diferentes, o homem continua a experienciar situações ameaçadoras que de certa forma, representam fontes de stresse, e.g., a falta de tempo, preocupações económicas, competição no mercado do trabalho (Santos & Santos, 2005). Santos e Santos (2005) salientam que, todo organismo que está exposto a qualquer estímulo que ative a irritabilidade, o amedronta ou faça feliz pode ser exposto ao stresse, que pode ser considerado como um conjunto de reações orgânicas e psíquicas de adaptação (Santos & Santos, 2005). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o stresse é visto como uma doença do século XX, que corresponde à maior epidemia mundial, sendo assim, uma das maiores problemáticas da saúde e da produtividade (Santos & Santos, 2005).

Feita uma análise etimológica, o stresse evidência uma natureza latina, do verbo ‘stringere’, tendo como significado cansaço ou fadiga. O conceito de stresse surgiu, a partir do século XIX, para designar situações de desafio e adversidade. No entanto, este conceito apresenta diversas definições, dependendo da área científica, contribuindo assim para a sua complexidade. Na ótica da engenharia, o stresse é visto como uma ação ocasionada por uma força que age sobre uma determinada superfície, sendo que a deformação (strain) dependerá da sua flexibilidade (Faro & Pereira, 2013). Já numa abordagem mais psicológica e cognitiva, o stresse não é unicamente um estímulo ou resposta, mas antes um processo no qual o indivíduo é considerado um agente ativo que pode influenciar o impacto de um acontecimento “stressor”, através de estratégias comportamentais, cognitivas, ou emocionais, numa condição que decorre quando as trocas (transações) entre os indivíduos com meio ambiente levam-no a

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perceber, sentir uma discrepância, considerada real ou não, entre as exigências de uma determinada situação e aos recursos do indivíduo. Os stressores produzem, portanto, tensão nas pessoas ao nível biológico, psicológico e social, denominando-se reações biopsicossociais ao stresse (Santos & Castro, 1998).

Já numa perspetiva psicológica centrada na resposta de stresse, o organismo possui um padrão básico diante de situações que alteram o seu estado de homeostase, o qual ele restabelece por meio de reações gerais que incide sobre o funcionamento neurofisiológico (Faro & Pereira, 2013).

1.1. Modelos teóricos do stresse.

No que concerne ao stresse, é essencial destacar as linhas teóricas, referentes aos quatro grandes modelos que serão explicados em seguida.

Modelo de homeostase de Cannon-Bard (1929).

Walter Cannon (1929), foi uns dos primeiros autores a investigar sobre stresse, no qual desenvolveu o conceito de homeostase, alargando este conceito à resposta emocional, focando-se na reação de ataque ou fuga (fight or flight), como uma resposta comportamental adaptativa ao stresse (Santos & Castro, 1998). Segundo este autor, nas respostas de ataque ou fuga a perceção de ameaça (potencial ou real) ativa o Sistema Nervoso Simpático (SNS) e o sistema endócrino, mais especificamente as glândulas suprarrenais – que segregam a adrenalina –, levando à ativação geral do organismo, potenciado as suas capacidades (Santos & Castro, 1998). Nesta linha, Cannon refere que esta estimulação (reverberação orgânica), pode ter efeitos positivos e negativos, a representação da reação (luta ou fuga), vai ser medida pelo SNS, sendo esta resposta reforçada, reciprocamente, tanto ao nível central como periférico (Macedo, 2010). Portanto, o Sistema Nervoso Autónomo (SNA) responde ao stressor com descargas dos neurónios simpáticos e secreção hormonal de catecolaminas no sangue, conduzindo a respostas fisiológicas, e.g., aumento da frequência cardíaca, respiratória e da pressão sanguínea, dilatação pupilar e palidez, que acompanham a reação de luta ou fuga (Macedo, 2010). A fase mais tardia é caraterizada pela libertação de outras hormonas,

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 15 como o cortisol, que nesta fase funciona como um mecanismo supressivo, reduzindo as respostas orgânicas e restabelecendo a homeostase (Macedo, 2010).

Desta forma, Walter Cannon, ao investigar os efeitos específicos de respostas face as mudanças do organismo do indivíduo no ambiente externo e na manutenção da estabilidade, introduz o conceito de homeostase, no qual, as mudanças nos Sistemas Nervoso Endócrino (SNE), atuam como resposta as mudanças ambientais (Baptista, 2009). Assim sendo, segundo este autor, o conceito da homeostase refere-se ao equilíbrio interno das funções do organismo, controlando-o como um sistema – que reage a cada mudança do meio ambiente, de modo a adaptar-se, a manter a estabilidade, a sobrevivência e o seu bem-estar geral (Sousa, Silva, & Coelho, 2015). Portanto, quando o estado da homeostase não se verifica, o organismo pode entrar num estado de exaustão, causando doença ou mesmo levar à morte ao indivíduo (Neto, 2010).

Modelo biológico de Hans Selye (1936).

Neste modelo, Hans Selye (1936) amplia o trabalho de Cannon ao descrever o stresse como sendo uma reação adaptativa (resposta) – que ocorre quando um determinado organismo está submetido a agentes “estressores”, agentes esses que poderão ser de natureza física, mental ou emocional, que são classificados como externos ou internos. Segundo Lipp (1996), os stressores externos são provenientes de eventos externos ao sujeito (e.g., apresentação oral num congresso, divórcio, morte de um familiar, ou problemas afetivos) e, os stressores internos são provenientes das cognições, emoções, crenças, por exemplo (Chamon, Santos, & Chamon, 2008) – a este conjuntos de stressores, denominou como síndrome Geral de Adaptação (SGA) que é caracterizado por três fases distintas: a reação de alarme, resistência e exaustão.

A fase de reação de alarme – decorre da ativação do sistema nervoso simpático, onde o corpo prepara-se para enfrentar o agente stressor. A fase de resistência – as respostas fisiológicas e comportamentais são mantidas, com o intuito de restaurar a homeostase. Nesta fase – fase de resistência – o indivíduo apresenta maior eficácia nas suas respostas, como um melhor desempenho físico e cognitivo com o objetivo de encontrar uma forma de eliminar o agente “stressor”. Por último, a fase de exaustão – caso o indivíduo não conseguia manter-se ativo por um período longo, o organismo continua a responder de forma crónica às alterações fisiológicas e comportamentais, entrando na fase de exaustão, tornando-se vulnerável na sua forma de pensar e de agir,

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assim como também na capacidade de respostas do sistema imunológico (Araldi-Favassa, Armiliato & Kalinine, 2004). Desta forma, a designação de stresse é caracterizada por um conjunto de alterações fisiológicas e comportamentais, que dão destaque tanto na psicologia como na medicina (Oliveira, 2006). Selye (1936) enfatiza que o homem vive num ambiente em constante alteração, sendo que muitas vezes essas alterações não são esperadas pelo indivíduo e, conclui que existe uma linha de continuidade entre a homeostase e o stresse (Oliveira, 2006).

Hans Selye (1946) foi o primeiro a aplicar o termo stresse na biologia, enfatizando-o cenfatizando-omenfatizando-o uma respenfatizando-osta nãenfatizando-o específica denfatizando-o cenfatizando-orpenfatizando-o frente a uma situaçãenfatizando-o causada penfatizando-or/enfatizando-ou resultante de condições agradáveis ou desagradáveis (Sousa, Silva, & Coelho, 2015). Autores como Selye (1984), estabeleceram uma distinção entre “distresse” (negativo) e “eustresse” (positivo), com interpretações diferentes, porém, experienciados de modo similar, em termos fisiológicos. No “distresse” (do Latim dis = mau), o autor refere-se a respostas de stresse desagradáveis, conceptualizado como sendo uma tensão interna provocada por um stressor externo. Já o “Eustresse” (do Grego eu = bom), segundo o mesmo autor, diz respeito a um stresse positivo. Em ambos os processos, o organismo está submetido às mesmas respostas não específicas diante dos estímulos, positivos ou negativos. Este autor considera que estes dois processos, envolvem hormonas adrenocorticais, principalmente as catabólicas, que reduzem a capacidade imunológica e as anabólicas, que atuam como protetoras, que de certa forma, aumentam a capacidade imunológica do organismo (Loureiro, 2006). Já Lipp (2002), considera que o stresse é caraterizado por uma experiência emocional negativa, relacionada a um conjunto de reações psicológicas ou fisiológicas desafiadoras ao indivíduo, havendo nela um estado de ativação em que o organismo responde de forma ativa – no qual produz mudanças de instabilidade – o que, de certa forma, pode formar uma ameaça á sua autoestima e ao seu bem-estar, tendo em conta alguns estágios gradativos, indicando um sinal de alerta à exaustão e pode ser considerado patológico (Silveira, Enumo, Pozzatto, & Paula, 2014), tal como está representado na figura 1.

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Juliana Caetano, A distância olho

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Figura 1 - Curva de Stress e Fases do Síndrome Geral de Adaptação (Selye, 1946).

Neste sentido, as respostas relacionadas às duas componentes psicológicas – são diferenciadas da seguinte forma: a componente engloba o comportamento

indivíduo se sente “nervoso” comportamento de causa orgânica,

sensação do estômago apertado, sudação excessiva e secura da boca. Entretanto, a respostas psicofisiológicas indutoras ao stress denominam

(Santos et al., 1998).

O modelo ambiental de stresse de Holmes e Rahe (1967)

No modelo de Holmes e Rahe (1967)

em situações ambientais que podem ser provocadoras de stresse, acontecimentos vitais

(life-Nesta perspetiva, os eventos stressores são diferenciados em dois grupos: independentes. No qual, os eventos

indivíduo se dispõe nas relações interpessoais e como se relaciona com o meio envolvente, onde o seu comportament

os acontecimentos, consequentes ao estilo de vida de cada indivíduo ligados

de ambientes situacionais e problemas relacionados ao trabalho, mudança de cargo, ou mudança de líderes/ chefia,

Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Curva de Stress e Fases do Síndrome Geral de Adaptação (Selye, 1946).

Neste sentido, as respostas relacionadas às duas componentes

ão diferenciadas da seguinte forma: a componente psicológica comportamento, emoções e pensamentos, que são percetíveis

“nervoso” e, a componente fisiológica – que

comportamento de causa orgânica, que é manifestando num aumento do ritmo cardíaco, mago apertado, sudação excessiva e secura da boca. Entretanto, a respostas psicofisiológicas indutoras ao stress denominam-se de respostas de tensão

modelo ambiental de stresse de Holmes e Rahe (1967).

Holmes e Rahe (1967), os autores enfatizaram os acontecimentos em situações ambientais que podem ser provocadoras de stresse, nomeadamente os

-events), que serão considerados stressores de vida negativos.

ntos stressores são diferenciados em dois grupos:

os eventos estressores dependentes, dependem de como o indivíduo se dispõe nas relações interpessoais e como se relaciona com o meio

onde o seu comportamento despoleta situações prejudiciais a si próprio os acontecimentos, consequentes ao estilo de vida de cada indivíduo ligados

de ambientes situacionais e problemas relacionados ao trabalho, mudança de cargo, ou deres/ chefia, etc.). No que se refere aos independentes, estes

ecrã enquanto resposta comportamental associada ao

Escola de Psicologia e Ciências da Vida 17 Curva de Stress e Fases do Síndrome Geral de Adaptação (Selye, 1946).

– fisiológicas e psicológica, que que são percetíveis quando o

que envolve um um aumento do ritmo cardíaco, mago apertado, sudação excessiva e secura da boca. Entretanto, a se de respostas de tensão

os acontecimentos nomeadamente os de vida negativos. ntos stressores são diferenciados em dois grupos: dependentes e stressores dependentes, dependem de como o indivíduo se dispõe nas relações interpessoais e como se relaciona com o meio o despoleta situações prejudiciais a si próprio (e.g. os acontecimentos, consequentes ao estilo de vida de cada indivíduo ligados à mudança de ambientes situacionais e problemas relacionados ao trabalho, mudança de cargo, ou , estes são eventos

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que estão fora do controlo do indivíduo (e.g., a morte do cônjuge ou desaparecimento de um filho), podendo estes se tratarem de eventos traumáticos, que podem levar ao comprometimento da integridade física do indivíduo, dando origem a efeitos psicológicos, apresentando sintomas de desadaptação (Margis, Picon, Cosner & 2003).

Assim sendo, o mesmo autor propôs avaliações para os denominados Eventos Vitais stressores (EVS), que se tratam de situações críticas que poderão ocorrer na vida de cada indivíduo e, que requeriam dele um esforço adaptativo para lidar com cada um dos eventos (Faro, Pereira, 2013). Desta forma, os autores descrevem que quanto maior for a magnitude da mudança de vida dos indivíduos, maior a probabilidade de ocorrência de doenças, estando assim perante a fatores de risco (Ramos, 2004).

Modelo cognitivo de Lazarus e Folkman (1984).

O modelo teórico de Lazarus e Folkman (1984) é designado por modelo transacional, dando realce á interação entre ambiente interno e externo do indivíduo. Neste modelo, o stresse é visto como uma interação entre o indivíduo e o meio ambiente, o que envolve a perceção e interpretação das situações vivenciadas por ele (Chamon & Santos, 2008).

Nesta linha de pensamento, Lazarus e Folkman (1984), definem o stresse como a “relação particular entre o indivíduo e o ambiente, que de certa forma é avaliada pela pessoa como algo ameaçador, e que excede seus recursos pessoais” envolvendo, assim um processo psicológico. Neste sentido, a abordagem de Lazarus e Folkman ao stresse e á adaptação humana, é representada pela abordagem cognitiva, motivacional e relacional. Os autores salientam que estes processos cognitivos entre o indivíduo e o meio envolvente, estão organizados em três etapas: avaliação primária, avaliação secundária, reavaliação (reappraisal) (Cruz, Gomes, & Melo, 2000).

A avaliação primária ocorre quando o indivíduo dá sentido as exigências avaliando-as como stressoras. A avaliação secundária consiste na “Avaliação de Enfrentamento”, referindo-se aos recursos cognitivos e comportamentais utlizados por ele, para gerir as situações stressoras (Cruz, Gomes, & Melo, 2000). Na Reavaliação, a terceira etapa, é realizada a avaliação dos recursos cognitivos e comportamentais que foram utilizados na segunda etapa, portanto, o indivíduo reavalia as estratégias usadas em direção ao controle do stresse, se foram negativos ou positivos. Assim sendo, o modelo de Lazarus

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Juliana Caetano, A distância olho

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

indivíduo e o meio), motivacion

situações). Desta forma, o modelo elucida uma nova perspetiva sobre a respostas de stresse, em que o indivíduo

mas interage ativamente com eles (Loureiro, 2006).

Figura 2 - Modelo

Resumindo, as respostas associadas ao stresse resultam de certa forma, o indivíduo interage entre a discrepância do meio ambiente interno ou externo Picom, Cosner & Silveira, 2003), ou seja,

expostos a situações indutoras de stresse, forma involuntária num processo de ativação. respostas associadas ao stresse

comportamental, as quais

indivíduo, ao stresse que em seguida serão explicadas com maior profundidade.

Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida

e o meio), motivacionais (avaliação dos objetivos) e cognitivo

o modelo elucida uma nova perspetiva sobre a respostas de indivíduo já não responde de forma passiva aos estímulos

ativamente com eles (Loureiro, 2006).

Modelo transacional de Lazarus & Folkman (1984

, as respostas associadas ao stresse resultam de certa forma, interage entre a discrepância do meio ambiente interno ou externo

Picom, Cosner & Silveira, 2003), ou seja, os indivíduos encontram-se cada vez mais ções indutoras de stresse, que deste modo, envolvem

forma involuntária num processo de ativação. É de salientar que, existem três tipos de respostas associadas ao stresse: respostas a nível cognitivo, nível fisiológico e nível

serão mais acentuadas conforme o nível de ao stresse que em seguida serão explicadas com maior profundidade.

ecrã enquanto resposta comportamental associada ao

Escola de Psicologia e Ciências da Vida 19 e cognitivos (avaliação das o modelo elucida uma nova perspetiva sobre a respostas de aos estímulos externos,

(1984)

, as respostas associadas ao stresse resultam de certa forma, de como interage entre a discrepância do meio ambiente interno ou externo (Margis, se cada vez mais o organismo de existem três tipos de respostas a nível cognitivo, nível fisiológico e nível o nível de exposição, do ao stresse que em seguida serão explicadas com maior profundidade.

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1.2. Respostas associadas ao Stresse

Nível cognitivo.

As respostas de stresse na dimensão cognitiva estão relacionadas à forma como o indivíduo processa a informação dos estímulos, considerandos como relevantes, agradáveis ou desagradáveis; entretanto estas interpretações determinam a maneira como indivíduo responde diante de situações stressoras e como será afetado pelo stresse. Nesta fase, distinguem-se algumas componentes, como avaliação inicial ao estímulo, conhecida como reação afetiva, no qual, o indivíduo avalia inicialmente se o estímulo é ou não uma ameaça para si e, diante desta avaliação global afetiva, o sujeito irá determinar um padrão de respostas como defesa ou orientação (Margis, Picom, Cosner & Silveira, 2003).

Nível fisiológico.

A nível fisiológico, a resposta associada ao stresse é induzida quando o organismo enfrenta uma ameaça à sua integridade física e à sua sobrevivência. Neste sentido, quando o indivíduo se encontra numa situação desafiadora, o hipotálamo – região basal do diencéfalo, constituído por diferentes núcleos de controlo visceral e hormonal – ativa dois dos principais sistemas de regulação alostática: a divisão simpática do SNA e o eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA), que são responsáveis por desenvolver um conjunto de alterações fisiológicas. Os eventos stressantes, independentemente da sua natureza, estimulam a produção de fator libertador de corticotrofina (CRH) que estimula a pituitária a produzir a hormona adrenocorticotrópica (ACTH) que, por sua vez, estimula as glândulas suprarrenais a produzir o cortisol (Sousa, Silva, & Coelho, 2015). No qual, os glucocorticoides, que são hormonas libertadas pelas glândulas suprarrenais, assim sendo a presença destas glândulas é detetada pelos recetores das células do hipocampo (Loureiro, 2006). No que concerne as respostas fisiológicas, o cortisol é considerado um fator importante na resposta da produção hormonal, assim como na regulação hipotalâmica de neurotransmissores, tornando-se numa hormona fundamental á sobrevivência em situações de stresse (Loureiro, 2006). Contudo, a nível fisiológico, as situações do

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 21 fisiologicamente, dando respostas ao stresse ao nível do Sistema Nervoso Periférico – estas respostas apresentam efeitos no organismo como: aumento do ritmo cardíaco, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas e com dificuldade na respiração (Margis, Picom Cosner & Silveira, 2003).

Figura 3 - Eixo HPA do stresse

Nível comportamental.

No que diz respeito a esta componente, as respostas comportamentais diante de um stressor podem ser caracterizadas pelo binómio luta ou fuga, no qual as capacidades do indivíduo, para dar respostas apropriadas a cada stressor, dependem de uma aprendizagem prévia, podendo ser preditivas de perturbações ansiosas ou doenças cardiovasculares (Margis, Picom, Cosner, & Silveira 2003). De acordo com Lang (1979). Na teoria bio- informacional das emoções, no que concerne o comportamento (que são observados), conduzem respostas ansiosas que consistem nas respostas de fuga ou evitamento (Sousa, 2007).

O stresse altera o comportamento dos indivíduos, tornando-os menos sociáveis, tal como, que adotem uma atitude mais hostil e estejam mais sensíveis, mantendo, desse modo comportamentos negativos (Santos & Castro, 1998). Neste sentido, o sistema comportamental origina ações comportamentais funcionais, no qual, as reações

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emocionais apresentam caraterísticas como: tendência aproximação ou evitamento, sendo que esta dimensão organiza o mundo afetivo; valência agradável ou desagradável (Leão, 2012). Assim sendo, no que diz respeito a estas duas tendências opostas, aproximação – surge quando o indivíduo se sente atraído por situações agradáveis, onde tende a aproximar-se ao estímulo; evitamento – que surge quando o indivíduo opta por se afastar, quando situações lhe são desagradáveis. Assim sendo, a tendência de aproximação /evitamento – surgem quando o indivíduo encontra vantagens ou desvantagens num determinado comportamento em relação ao seu objetivo (Santos & Castro, 1998).

1.3. Modelo Bio-informacional das emoções

O modelo bio-informacional das emoções, desenvolvido por Peter Lang (1995), apresenta uma perspetiva em relação às emoções de medo numa estrutura cognitiva cujo objetivo é escapar ao perigo (Leão,2012). Contudo, o autor salienta neste modelo que, o processamento da informação emocional envolve três sistemas de respostas: sistema fisiológico, sistema comportamental e sistema cognitivo (Monteiro, 2011). Ainda assim, esta teoria refere que, as reações tanto fisiológicas como comportamentais encontram-se interligadas (Leão, 2012). A complexidade de resposta perante situações existenciais que são percecionadas como ameaça, pelo indivíduo, demonstram essa interligação referida por Lang. Perante o referido anteriormente, a resposta comportamental do indivíduo face a esse estímulo, que considera aversivo, é de ataque ou fuga. Já a resposta fisiológica, esta vai consistir nas alterações dos sistemas imunitários (e.g., aumento do batimento cardíaco, aumento da pupila, alteração do SNC e as respostas somáticas) (Baptista, Carvalho & Lory, 2005).

Além disso, Lang (1979), nos aspetos salientados na sua teoria, faz uma distinção no que diz respeito á imagem, cria uma estrutura cerebral capaz de controlar os padrões somato-visceral específicos, no qual envolve um programa motor que funciona como um circuito de retroalimentação (Batos, 1991). Neste sentido, o fenómeno emocional resulta de um processo em que o indivíduo reage por mediação cognitiva aos estímulos ambientais (Bastos, 1991). Relativamente ao sistema da reação emocional, segundo este modelo, os seus componentes interagem através dos canais de

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 23 comunicação interoceptivos (neuronal e hormonal) e exterocetivos (e.g. auditivo, visual, etc.) (Bastos, 1991).

Um vasto corpo de literatura tem defendido a existência de dois sistemas motivacionais: aproximação (sistema apetitivo) ou fuga (sistema defensivo). Nestes dois tipos de estímulos, as emoções relacionadas ao sistema apetitivo, encontram-se associadas aos comportamentos do subsistência e perpetuação da espécie (e.g., alimentação, sexo) enquanto que ao sistema defensivo encontram-se comportamentos de defesa face a ameaças reais ou potenciais (e.g., Baptista, et al., 2005; Cacioppo, Berntson,1994; Elliot, 2006 & Bradley, Lang, 2006). Nesta perspetiva, os modelos das emoções organizam o mundo afetivo, relativamente ao caráter hedónico de um estímulo, através da valência – que possui uma ligação direta com os sistemas motivacionais primários de agradável ou desagradável (Leão, 2012; (Monteiro, 2011). Assim sendo, a perspetiva de Lang parte do princípio que as emoções resultam da evolução e como tal, são como estados preparativos que podem ser sincronizadas motivacionalmente. E que a sobrevivência do sujeito vai resultar do equilíbrio dinâmico entre os sistemas valência e ativação, tanto do ponto de vista fisiológico como sistema comportamental (Monteiro, 2011). Portanto, se um estímulo for percecionado como ameaçador, o comportamento motivado despoletado pela ativação do sistema motivacional aversivo/defensivo, traduzir-se-á, numa resposta de evitamento (Moraes, 2012). Já a ativação do sistema- apetitivo poderá induzir uma emoção positiva e o indivíduo terá tendência de aproximação ao estímulo, (Monteiro, 2011).

1.4. Tecnostresse

O desenvolvimento das NTIC, tem tido um impacto negativo na vida dos indivíduos, produzindo alterações tanto físicas como psicológicas por falta de habilidades ou competências na utilização destas ferramentas, originando stresse ao ser humano (Pocinho & Garcia, 2008). Entretanto, existem fatores inerentes ao stresse, que devido á ineficácia percecionada pelo indivíduo em relação às tecnologias, poderão levar ao aumento de tensão, exemplo disso, o uso continuo das NTIC. Contudo, o nível elevado de stresse nos indivíduos, pode influenciar o desenvolvimento de perturbações psicológicas, como ansiedade e depressão (Young, 1998). Desta forma, o stressor – “uso de tecnologias” – acaba por influenciar a vida pessoal e profissional do indivíduo.

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Craig Brod, psiquiatra norte-americano introduz pela primeira vez o conceito de tecnostresse no seu livro em 1984 “Techonostress: The Human Cost of the Computer

Revolution”, definindo como uma “doença, causada por falta de adaptação para lidar

com as NTIC de forma saudável” (Salanova, Llorens, Cifre & Nogareda). Segundo este autor, esta resposta disfuncional associada ao uso de tecnologia, refere-se ao impacto negativo do uso das tecnologias e, se manifesta através das atitudes, pensamentos e alterações fisiológicas, sendo o tecnostresse um conceito relativamente recente, provocado pela inadaptação em lidar com as NTIC (Loyola, 2016; Ayyagari & Purvis, 2011).

No entanto, existem outras definições e termos que são propostos por outros autores. Face ás mudanças tecnológicas, que trazem benefícios económicos relacionados aos aspetos organizacionais (e.g., cargos de trabalhadores), mas que por outro lado, acabam por conduzir à existência de problemas humanos e sociais, com prejuízos á saúde mental do indivíduo. Portanto, a introdução das NTIC pode conduzir efeitos tanto positivos como negativos na esfera pessoal do indivíduo, conduzindo a uma maior exigência cognitiva ao mesmo, o que pode influenciar a sua qualidade de vida (Carloto, 2010).

Nesta linha de pensamento, uma definição mais recente, que é mencionada por Salanova, (2007), que caracteriza o tecnostresse como um estado psicológico negativo, que se relaciona com o uso de tecnologia e ameaças com o seu uso futuro (Carloto & Câmara 2010). Esta avaliação negativa, indutora de tecnostresse (e.g., utilização de um novo equipamento eletrónico, um tablet), induz uma ativação psicofisiológica mais pronunciada associada a um estado afetivo negativo (desagradável), desenvolvendo comportamentos negativos diante as NTIC (Pocinho & Garcia, 2008). Entretanto, esta perspetiva teórica assenta em três dimensões distintas: sintomas afetivos – emoção e fisiologia; comportamento – atitudes negativas face ao impacto às NTIC e cognição – pensamentos negativos face a ineficácia e competência na utilização das NTIC. Salanova e Llorens (2007) aludem à importância desta temática, por este ser constituído por várias dimensões, tal como, a tecnofobia; ansiedade; fadiga e tecno-adição; adição às tecnologias (tecno-vício). Um indivíduo com tecnofobia, centra-se na dimensão afetiva entre ansiedade e o medo face às NTIC, a tecno-ansiedade apresenta níveis de ativação fisiológica elevados, com sintomas de tensão e mal-estar quando se apercebe da utilização das tecnologias. Já a tecno-fadiga, carateriza-se por exaustão

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 25 (tecno-vício), é caracterizada pela compulsividade face à utilização das novas tecnológicas, com uma identificação excessiva às NTIC. Como referido anteriormente, estes utilizadores acabam por ficar imersos nas tecnologias, capazes de induzir stresse e originar interferência elevada na esfera pessoal (e.g., isolamento social) (Pocinho et al, 2008). No que se refere às consequências do tecnostresse, quando esta ineficácia permanece a longo-prazo, o tecnostresse poderá ser crónico e levar ao desenvolvimento de alguns fatores de risco para problemas físicos e mentais como: perturbações do sono, cefaleias, perturbações gastrointestinais e dores musculares (Carlotto, 2010).

Embora existam instrumentos já desenvolvidos (e.g. Escalas e Questionários de tecnostresse RED-TIC de Salanova, Llorens, Cifre & Nogareda, 2004) até ao momento, não foram criadas bases de estímulos visuais para indução de tecnostresse. Além de que, os estudos empíricos nesta temática (tecnostresse), em Portugal, são raros. Com base na literatura e investigação, anteriormente referidas, o presente estudo tem por base dois objetivos:1) examinar distância olho-ecrã (DOE), enquanto resposta comportamental de aproximação ou evitamento associada ao tecnostresse e 2) validar as imagens da LTID para indução de tecnostresse.

Tendo em conta os objetivos do estudo, elaboraram-se as seguintes hipóteses: 1) O comportamento de evitamento está associado negativamente à

valência hedónica;

2) O comportamento de aproximação-evitamento está associado positivamente à perceção de ativação;

3) O comportamento de evitamento varia significativamente em função da categoria de imagem;

4) O nível do tecnostresse modera a relação entre a perceção da categoria de imagem e o comportamento de evitamento

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MÉTODO

2.1 Participantes

Para o presente estudo, foi recolhida uma amostra não probabilística de conveniência, com 42 participantes voluntários de ambos os sexos. Os critérios de inclusão foram: a) idade igual ou superior a 18 anos; b) ter visão normal ou corrigida à normal. O critério de exclusão foi um histórico de doença psiquiátrica ou consumo de substâncias.

A amostra analisada é composta pelos 42 participantes, dos quais, 50% eram do sexo masculino (n = 21) e 50% eram do sexo feminino (n = 21), com idades entre os 19 anos e os 56 anos de idade (M = 28.4, DP = 10.75). Relativamente á nacionalidade e etnia, a maioria era Portuguesa 64.3% (n= 27), Angolana 33.3% (n = 14), Guineense 2.4% (n = 1), respetivamente a etnias caucasiana 62.0% (n = 26), e Africana 38.0% (n = 16).

2.2 Instrumentos/Medidas

Questionário sociodemográfico.

Foi aplicado um breve questionário sociodemográfico, contemplando as seguintes variáveis: género, idade, nacionalidade, etnia, (ver anexo II).

Inventário de Estado -Traço de Ansiedade de Spielberg (STAI).

O STAI é um questionário de autorrelato que pretende avaliar a ansiedade “estado” e “traço”. De acordo com Spielberg (1970), a ansiedade-traço como é vista como sendo uma estrutura estável e permanente no indivíduo, enquanto que a ansiedade-estado surge numa situação provisória que envolva sentimentos desagradáveis. Desta forma, a ansiedade-traço está associada com a tendência de o indivíduo responder com ansiedade aos estímulos que o rodeiam e a ansiedade-estado como um estado transitório, identificado por ativação do sistema nervoso autónomo (Telles-Correia & Barbosa, 2009).

É um instrumento constituído por duas escalas com 20 itens, uma para a ansiedade-traço e outra para a ansiedade-estado, com um total de 40 itens, A escala é de

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 27 Muito) (Rodrigues, 2010), variando o score entre os 20 e 80 pontos. O STAI está validado para a população portuguesa, com boas qualidades psicométricas, apresentando valores de Alfa de Cronbach de 0.89 para os homens e .88 para as mulheres na escala de ansiedade estado. Já para a escala de ansiedade traço o Alfa de Cronbach foi de 0.88 para os homens e 0.77 para as mulheres (Santos & Silva, 1997). No presente estudo a escala estado (α = 0.85) e traço (α = 0.82) apresentaram uma boa consistência interna.

Escala de Fadiga de Pichot.

A Escala de Fadiga de Pichot é um instrumento unidimensional, quantificando a influência da fadiga na capacidade de o indivíduo superar certas atividades em comparação com a sua normal condição física (Barata, 2015). É constituída por oito questões relativamente à fadiga sentida nos últimos meses que é avaliada segundo uma escala de 0 a 4 (0 – nada; 1 – um pouco; 2 – moderadamente; 3 – muito; 4 – extremamente). O score da escala varia de 0 a 32, sem que exista um valor de corte definido para a presença de fadiga (Mello, 2011). Utilizou-se a forma traduzida deste instrumento por traduzido por Rosa e Paiva (2012), com uma adequada consistência interna no presente estudo (α = 0.78).

Escala de Tecnostresse – RED / TIC.

A escala de Tecnostresse foi desenvolvida por uma equipa de investigadores da WONT - Prevención Psicosocial de la Universitat Jaume I de Castellón, (Salanova, Llorens, Cifre e Nogareda (2004). Esta escala tem como base o modelo teórico da Psicologia Social do Trabalho, no campo da intervenção psicossocial e saúde do trabalhado, baseando-se no modelo RED (Recursos, Emoções/Experiência, Demandas), que entende o stresse como um processo internacional entre as demandas do ambiente de trabalho e os recursos ambientais e pessoais de que dispõe o sujeito para seu enfrentamento (Salanova, Llorens, Cifre & Martínez, 2006). Esta escala avalia quatro dimensões do tecnostresse: descrença (interesse e envolvimento do indivíduo após a introdução das TIC), fadiga (o grau de cansaço e a dificuldade de relaxar), ansiedade (nível de tensão e irritabilidade) e ineficácia (sentimento de insegurança na utilização das TIC) (Carlotto & Câmara, 2010). . Esta escala da RED/TIC é uma escala de likert de 7 pontos (0-6), encontrando-se dividida em 4 (quatro) dimensões: descrença, que é composta pelos itens 1, 2, 3 e 4 e que avalia o envolvimento do indivíduo para com as

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TIC (e.g., “Duvido do sentido do trabalho com estas tecnologias”); fadiga, composta pelos itens 5, 6, 7 e 8, e avalia o grau de cansaço do indivíduo e a dificuldade em relaxar após o trabalho direto com TIC (e.g., “É difícil de me concentrar depois de trabalhar com as TIC”); ansiedade, composta pelos itens 9, 10, 11 e 12, e avalia o nível de impaciência e/ou irritabilidade em cometer erros, perder ou destruir informação devido ao uso inadequado das TIC (e.g., “Trabalhar com as TIC faz-me sentir incomodado, irritável e impaciente"); ineficácia, itens 13, 14, 15 e 16, e avalia o quão se sente inseguro com a utilização das TIC (e.g., “Na minha opinião, sou ineficaz a utilizar as tecnologias"). O score de cada subescala é computado através média das respostas aos itens de cada subescala, sendo que as médias mais elevadas são indicativas de elevado tecnostresse (Carlotto, 2010). Esta escala está em processo de validação para a população portuguesa (Rosa, Rodrigues, Carvalho & Maia, em preparação). No entanto, um estudo conduzido por Carlotto e Câmara (2010), com uma versão portuguesa do Brasil, revelou consistência adequada para todas as subescalas da REDTIC (Descrença = .74; Fadiga = .89; Ansiedade = .77; Ineficácia = .80). No presente estudo as subescalas da RED/TIC no que diz respeito ás subescalas Descrença (α = .75) e Ansiedade (α = .79) apresentaram consistência interna adequada, enquanto as subescalas Fadiga (α = .83) e Ineficácia (α = .85) a consistência interna é boa.

Self-Assessment Manikin (SAM).

Com o objetivo de quantificar em que medida os estímulos apresentados impactavam nos estados afetivos subjetivos, foi utilizada a Self-Assessment Manikin (SAM; Bradley & Lang, 1994), permitindo avaliar afetivamente as imagens em duas dimensões: Valência, e Ativação (Arousal) A SAM é uma medida pictográfica, permitindo evitar influências culturais (Bradley & Lang, 1994). Cada dimensão apresenta cinco figuras, sendo que a dimensão Valência está caraterizada, num pólo, por uma figura feliz e sorridente, e no outro por uma figura infeliz e com a cara franzida. De igual modo, a dimensão da ativação mostra, num polo, uma figura calma, com os olhos fechados e relaxada, e no outro polo uma figura ativada, de olhos muito abertos ambas as medidas são avaliadas numa escala de 9 pontos (ver anexo IV).

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 29

Indicador comportamental de aproximação-evitamento.

A DOE é uma medida que corresponde à distância (em milímetros) do eye tracker aos olhos (média dos dois), com base num eixo reto, a partir do plano do eye tracker. (ver figura 4).

Figura 4 – Distância Olho-Ecrã

O eye tracker permite medir a DOE com a qual se pode inferir sobre o aproximação/afastamento a um determinado estímulo.

Figura 5. Comportamento de aproximação (menor DOE) e evitamento (maior DOE)

Estímulos.

Na presente investigação foram apresentadas 48 imagens coloridas com conteúdo inteligível, em quatro categorias diferentes (tecnostressoras, negativas, neutras, positivas), cada categoria era composta por 12 imagens, no qual a categoria de

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imagens (tecnostressoras), são provenientes da LTID (Lusophone Tecnosstress Image Database), que consiste uma base de dados de imagem colorida, para indução de tecnostess, sendo a mesma composta por 12 imagens representativas de equipamentos tecnológicos, de software/hardware, utilizadas na vida diária de interação homem-máquina. As restantes imagens 36 (3 x 12) de três categorias (categorias positivas, negativas, neutras), foram retiradas da base de dados de imagem validadas para indução de diversas emoções (e.g. International Affective Picture System - IAPS), Todas as imagens foram apresentadas de forma aleatória com duração de 6 segundos, e a resposta comportamental foi registada através da DOE.

Figura 6- Categorias das imagens apresentadas aleatórias durante a experiência

2.3. Equipamento

A DOE foi registada, de modo contínuo, através dosistema fixo de Eye Tracking TOBII T60 (Tobii Tecnhology AB, Suécia). Os estímulos foram apresentados no software Tobii Studio 2.1.6, integrado num TFT Monitor de 17 polegadas, conectado a um computador Desktop Intel Core2Duo 6550.

(31)

Juliana Caetano, A distância olho

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Figura 7 - Sistema de Eye Tracking TOBII T60

2.4. Procedimento

Foi solicitado à Comissão de Ética e Deontologia para a Investigação Científica (CEDIC), da Escola de Psicologia e Ciências da Vida,

Humanidades e Tecnologias de Lisboa (ULHT) a qual deu um parecer positivo

laboratório de psicologia experimental da Universidade Lus estudo. A experiência decorreu

baixa luminosidade. Após o procedeu ao preenchimento

traço - estado, escala de fadiga de participantes estado sentados

após a sua conclusão. A experiência

sistema, com base na observação de 9 pontos. experimental propriamente dita.

durante três segundos, no diapositivo de apresentadas as categorias de

ativação. Após apresentação avaliado através da escala Self experimental, agradeceu-se

Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Sistema de Eye Tracking TOBII T60

Foi solicitado à Comissão de Ética e Deontologia para a Investigação Científica , da Escola de Psicologia e Ciências da Vida, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa (ULHT), a autorização para realização do estudo um parecer positivo. Os participantes foram recebidos individualmente no laboratório de psicologia experimental da Universidade Lusófona, para a realização do decorreu numa única sessão, numa sala isolada, insonorizada e de baixa luminosidade. Após o preenchimento do consentimento informado,

preenchimento do protocolo (questionário sociodemográfico, fadiga de Pichot, escala de tecnostresse RED/TIC sentados confortavelmente, a uma distância cerca de

experiência, numa primeira fase, iniciou-se com com base na observação de 9 pontos. Após a calibração deu-se experimental propriamente dita. Na sequência, foram apresentadas as seguintes

o diapositivo de preparação. Após seis segundos

categorias de imagens, avaliadas em duas dimensões- valência afetiva e apresentação de cada imagem, o impacto afetivo no participante foi

da escala Self Assessment Manikin (SAM). No

se aos participantes pela sua participação e foram dispensados ecrã enquanto resposta comportamental associada ao

Escola de Psicologia e Ciências da Vida 31 Foi solicitado à Comissão de Ética e Deontologia para a Investigação Científica Universidade Lusófona de a autorização para realização do estudo recebidos individualmente no para a realização do numa única sessão, numa sala isolada, insonorizada e de informado, o participante odemográfico, escala

STAI-RED/TIC), tendo os cerca de 60 cm do ecrã, com a calibração do se início à tarefa , foram apresentadas as seguintes imagens segundos foram valência afetiva e no participante foi final da tarefa foram dispensados.

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Figura 8 – Diagrama do procedimento utilizado no presente estudo

3. Preparação de dados e análise estatistica

A DOE foi calculada com base na distância(mm) estimada de ambos os olhos

(distance left e distance right) em relação ecrã, para os 6s de apresentação de cada

imagem corrigida para a linha de base (DOE média 6s/DOE média -1s). A DOE média corrigida foi calculada para cada categoria de imagem.

De modo a proceder a caracterização da amostra, realizamos a análise de medidas de tendência central e de dispersão. Com a finalidade de comparar DOE entre o nível de tecnostresse, foram criados dois grupos de tecnostresse antagónicos (baixo vs elevado tecnostresse), com base nas dimensões das subescalas, ineficácia e ansiedade da RED-TIC, considerando como ponto de coorte os valores superiores a 2 pontos (uma vez por mês).

A classificação às dimensões valência hedónica e ativação foram previamente invertidas antes da análise estatística. Para testar a associação entre a perceção de ativação e a DOE, foram considerados os valores absolutos da DOE (|DOE média 6s/DOE média -1s|). Com objetivo examinar se a DOE variava em função dos grupos de tecnostresse, foram realizadas ANCOVAS mistas, com a correção de Huynh-Feldt, e o eta-quadrado (ηp2) para avaliar o tamanho do efeito, segundo os critérios de Cohen (1988). Os procedimentos estatísticos foram analisados com IBM SPSS V.23 (SPSS Inc., Chicago, IL, EUA) para um nível de significância de 5%.

Parecer da Comissão de Ética Preenchimento do Consentimento Informado Preenchiment o do Protocolo

Breve Explicação sobre a experiência

Fase de Treino Experiência

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 33

RESULTADOS

4.1 Controlo de variáveis contundentes

Dos 42 voluntários, 6 participantes foram identificados com elevado tecnostresse, ao que corresponde a 14,3% da amostra. De forma analisar potenciais relações entre as variáveis quantitativas (STAI_estado, STAI_traço, Fadiga e Idade) e o tipo de tecnostresse (baixo vs elevado), foi aplicado um teste não paramétrico

Mann-Whitney U. No que diz respeito à variável STAI_estado e à variável idade não foram

encontradas diferenças significativas para os diferentes tipos de tecnostresse, p > .05. No entanto os resultados revelaram diferenças significativas para a variável STAI_traço (Z = 2.03, p = 0.4), e a variável fadiga (Z = 2.38, p = .01), nos tipos de tecnostresse. O que significa que os participantes com elevado tecnostresse apresentaram mais ansiedade traço (M = 30.92), comparativamente com o tipo com baixo tecnostresse (M = 19.93), assim como os participantes que apresentaram mais fadiga no tipo com elevado tecnostresse (M = 32.50), em relação ao tipo com baixo tecnostresse (M = 19.67). A respeito da associação do género (variável qualitativa), com o tipo de tecnostresse, verificou-se através do teste do qui-quadrado de associação, que não existem diferenças significativas de proporção dos géneros entre os grupos de tecnostresse X2 (1) = 3.11, p = .08. (Ver tabela 1)

(34)

Tabela 1- Média, amplitude e comparação de distribuição das variáveis avaliadas através da ANOVA Não-paramétrica, para os parâmetros avaliados.

*p<.05

4.2 Associação entre Valência Hedónica, Ativação e Distância Olho-Ecrã (DOE) Com a finalidade de testar as hipóteses 1 e 2, correlacionaram-se a valência hedónica e perceção de ativação (arousal) com a DOE. Os resultados revelaram uma associação linear significativa, negativa e moderada entre a DOE e a valência (agradabilidade) (r = -.31, p<.05), isto significa que quanto maior for perceção dos estímulos (categorias de imagens), avaliadas como desagradável, maior à DOE (Ver tabela 2).

Tabela 2 - Correlação entre DOE e Valência e Ativação (Arousal). DOE

Valência -.31*

Ativação .18*

*p<.05

Baixo tecnostresse Elevado tecnostresse

Z Média das ordens AIQ Média das ordens AIQ STAI estado 20.26 14.25 28.92 5.75 1.602 STAI traço 19.93 12.50 30.92 10.75 2.034* Fadiga 19.67 6.00 32.50 5.25 2.384* Idade 21.71 10 20.25 9 -.271 Género n % n % χ2 Masculino 20 55.6 1 16.7 .078 Feminino 16 44.4 5 83.3

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Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 35 No que concerne a perceção de ativação, verificou-se uma associação linear significativa, positiva e fraca, com a DOE (r = .18, p <.05) ou seja, quanto maior a perceção de ativação, maior será o comportamento motivado independentemente da direção (Aproximação ou Evitamento), corroborando-se as hipóteses.

4.3 DOE para as várias categorias de imagens em função do tipo de tecnostresse Com o objetivo de analisar o efeito do tipo de imagem na DOE e o efeito moderador no nível de tecnostresse (baixo vs elevado), entre as categorias de imagens e a DOE, foram realizadas uma ANCOVA Mista com 2 fatores [tipo de apresentação de categorias de imagens (tecnostressoras, positivas, neutras e negativas) – intrasujeitos] e [nível de tecnostresse (baixo vs elevado) – intersujeitos] - A tabela 3 apresenta os efeitos principais e de interação das categorias de imagens e o nível de tecnostresse na amplitude na DOE.

Tabela 3 - Efeitos principais de interação da categoria de imagem do tipo de tecnostresse na DOE

*p <.05

Os resultados revelaram que existe um efeito de interação da categoria de imagem com o tipo de tecnostresse (baixo vs elevado), na DOE F (2.02, 76.80) = 3.210,

p=.045, ηp2=.078. A decomposição do efeito de interação e a análise dos efeitos simples mostrou que, para imagens tecnostressoras, houve uma DOE significativamente superior no grupo com elevado tecnostresse, em comparação com o grupo de baixo tecnostresse. Para as outras imagens não se verificaram diferenças significativas na DOE entre os grupos de tecnostresse, para como apresentado na figura 5.

Fatores F df p ηp2

Categoria 2.129 2.021 0.125 0.053 Cate*STAI-traço 0.642 2.021 0.531 0.017 Cate*fadiga 2.159 2.021 0.122 0.054 Cate*Tipo 3.210 2.021 0.045* 0.078

(36)

Figura 5. DOE para as quatro categorias de imagens para os dois grupos de tecnostresse (baixo vs elevado).

Foi encontrado igualmente um efeito principal do grupo de tecnostresse na DOE F (1, 38) = 14.74, p <.001, np2 = .28. Contudo, não foi verificado um efeito principal da

categoria de imagem na DOE F (2.02, 76.80) = 2.13, p = .125, np2 = .05, tendo sido

apenas corroborada a hipótese 4.

DISCUSSÃO

A presente investigação foi desenvolvida com o objetivo de avaliar o efeito de imagens tecnostressoras coloridas da Lusofone Technostress Image Database (LTID) na DOE, em comparação com outras categorias de imagens (positivas, neutras e negativas), usando a DOE à luz da teoria Bio-Informacional de Lang (1978). Embora alguns estudos demonstrem uma relação entre o tecnostress e o género, onde o sexo feminino apresenta níveis mais elevados de tecnostresse, quando comparado ao sexo masculino (Carlotto,2010), no nosso caso tal não se verificou. Encontrámos uma associação entre a variável STAI-traço e o tecnostress, com os indivíduos com mais ansiedade-traço a registaram níveis superiores de tecnostresse, o que vai ao encontro ao que Margis et al. (2003) já haviam afirmado, ou seja, existe uma relação entre a ansiedade e o stresse. Estando, os indivíduos com níveis mais elevados de

ansiedade-0,97 1,10 0,99 1,01 0,98 1,01 1,06 1,11 0,85 0,9 0,95 1 1,05 1,1 1,15

Baixo tecnostresse Elevado tecnostresse

D is tâ nc ia ol ho-ec rã Categoria de imagens

(37)

Juliana Caetano, A distância olho-ecrã enquanto resposta comportamental associada ao tecnostresse

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Escola de Psicologia e Ciências da Vida 37 surpreendente, já que a ansiedade-traço é considerada, uma estrutura permanente dos indivíduos que associada a uma tendência de o indivíduo responder com ansiedade aos estímulos que os rodeiam (Telles-Correia & Barbosa, 2009). Relativamente à variável fadiga, encontrou-se também uma relação entre esta e o tecnostress, com os indivíduos com níveis mais altos de fadiga também a apresentar maiores níveis de tecnostresse. O que vai de encontro ao modelo do tecnostresse das três dimensões de Salanova (2007), sendo de se referir que no referido modelo, existe um tipo de tecnostresse designado por “Tecno-fadiga”, que envolve o nível de exaustão cognitiva ou cansaço, devido à dificuldade em lidar com tecnologias, o que aumenta o nível de tecnostresse. Assim sendo, provavelmente os participantes encontrarem- se ansiosos e com fadiga antes da experiência propriamente dita. O que pode ser um dos fatores encontrados na falta de homogeneidade dos níveis de tecnostresse.

Os resultados permitiram confirmar as hipóteses 1 e 2, o que reforça o modelo motivacional, desenvolvido por Lang (1978), onde afirma que o sistema aversivo, induz uma emoção negativa, originando uma resposta comportamental de evitamento, onde os estímulos são percecionados como desagradáveis. Relativamente ao comportamento de aproximação, devido ao sistema apetitivo, é induzido por uma emoção positiva, face ao qual o indivíduo terá tendência de aproximação aos estímulos considerado agradáveis (Monteiro, 2011).

Relativamente á hipótese 2, esta foi igualmente confirmada, visto que os resultados evidenciaram que as respostas comportamentais de aproximação-evitamento se correlacionavam positivamente com a perceção de ativação, o que significa que, quanto mais intenso for o estímulo, maior será o comportamento de aproximação/evitamento, independentemente da agradabilidade atribuída. No entanto, os estímulos neutros, por serem emocionalmente incompetentes, estão associados a uma maior inação. Os resultados suportam o modelo cognitivo que advoga que, todas as reações emocionais dependem de como o indivíduo perceciona os estímulos, originando comportamentos de aproximação-evitamento, (Monteiro, 2011).

No que concerne à hipótese 3, não foi encontrado um efeito significativo da categoria de imagem na DOE. Seria expectável que as imagens negativas apresentassem maior DOE, no entanto, apenas foi encontrada uma tendência para significância. A análise das médias mostra um decrescendo na DOE negativas > tecnostressoras > positivas > neutras. Contudo, era esperado que a DOE fosse menor para as positivas em comparação com as neutras. O que é provável que esteja relacionada com as imagens

Referências

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