MARIA
DO
ROSARIO
FELISBERTO
BEXIGA MONTEIRO
"
A
IMPoRTÁNcu
Do
cuRso
DE
PREPAnncÃo
PAFTA
o PARTo
No
DECORRER
DO
TF?ABALHO DE
PARTO"
ORIENTADORA
PROFU
DqUTORA CONSTANçA
GOMES
MACHADO
tlrssERrnçÃo
DE
MESTRADo
EM
EcoLoGrA
HUMANA
MARIA
DO
ROSÁRTO FELISBERTO
BEXIGA
MONTEIRO
"A
IMPoRIÁttcte
Do
cuRso
DE
PREPARAÇÃO
PARA
O
PARTO
NO
DECORRER DO
TF?ABALT]O
DE
PARTO"
)bl
Yot
ORIENTADORA
pRoF"
DOUTORA CONSTANçA
GOMES
MACHADO
DTSSERTAçÃo
oe
MESTRADo
EM
EcoLoclA
HUMANA
UNIvERSIDADE
oe
ÉvoRA,
2oo7
\
u
AGRADECIMENTOS
Todo o
fabalho
temo
seu percurso, algumas vezesdificil,
solitiârio, outras vezesmais
fiácil, mas paÍa
que
estefiabalho
chegasseao
fim o
esforço
da
autora seriaprovavelmente,
mais
iárduo, se não contassecom
o
esforço de outras pessoasna
suareaTízaçáo, a todas elas, que me acompanharam ao longo deste percurso, incentivando,
acreditando, oferecendo o seu
contributo....,
os meus sinceros agradecimentos.Ao
meu marido,Mário
Monteiro, pela compreensão, Írmor e companheirismo;Aos meus filhos, Ana e Miário, por entenderem as minhas ausências, por
diüdirem
comigo alegrias
e
dificuldades,por
teremme
ajudado de diferentes maneiras, semprecom muito carinho;
Ao
Conselho de Administração do HospitalDr.
José Maria Grande, de Portalegre pela permissão deste estudo;As
mulheres
que
participaram
neste
estudo
por
terem partilhado
as
suasexperiências;
E, especialmente, à Sr.u Prof. Dr.u Constança Machado, pela orientação dad4 pelo
seu
interessee
disponibilidade
e
principalmente
pelo priülégio de
ter tido
a
sua'§e
souberrnos
que
um
obstáculo
é
intransponível,
deixa de ser
um
obstáculo para
se
tornar
num
ponto
de
partida".
RESt'MO
Este
tabalho
de pesquis4 teve comoobjectivo
avaliar"A
importância
do Cursode Preparação
para
oParto
no decorrer do Trahalho deParto"
Trata-se
de
um
estudo exploratório,
descritivo-comparativo,
de
nabtrezaquantitativa.
A
amostra populacional, seleccionada aleatoriamente, é constituídapor
80(oitenta) puérperas que se
encontavam
internadasno
HospitalDr.
JoséMaria
Grandede Portalegre, das quais 40 (quarenta) frequentaram
o
Curso de Preparaçáo parao Parto e as restantes 40 (quarenta) não tiveram qualquer preparação.Propusemo-nos atingir os seguintes obj ectivos :
o
Analisar a importância atribuída pelas parturientes às aulas de Preparaçáo parao Parto;
o
Compararo
comportamento das parrurientes quetiveram
PreparaçãopaÍa
oParto com as que não tiveram.
Após
o
enquadramento teórico, onde abordamos a nossa temáúica e subsequenteproblemáticq
úordamos
os objectivos e metodologia do estudo.A
análise
dos
dados recolhidos
atravésde
um
questioniário, permitiram-nosconcluir que:
o A
amostra
em
estudo
é
caracterizadapor
80
mulheres
com
idades compreendidas enfre os 31 e 35 anos (35%), o estadocivil
da maioria é casada/união defacto (66Yo).
A
habilitaçáo literán:ra predominanteé o
Ensino Superior (33,75%).Foi
possível encontrar mulheres a trabalhar em vários
ftlmos
de actividade emque
l2,5yosão Professoras. Salienta-se ainda
o
facto de 8,8% estarem desempregadas.Ainda
emrelação
à
amostrano total,
65Yo das parturientestiveram
um parto
Eutócico
(partonormal)
e
a
companhiade
familiar/amigo durante
o
parto (82%).
A
maioria
dasgraüdezes
foi
planeada e desejada (65%o), 67,5yo das mulheresfoi
mãe pela lu vez e asque
já
tinham sido mães, são mães deI
filho
(22,5%).o
A
dor
sentida duranteo
trabalho de
parto
foi
suportávelpara 5l,2Yo
dasinquiridas e a necessidade de tomar medicação para
aliüar
as doresfoi
de 50% no total.apesar disso ainda houve parturientes que
afirmam ter
tido
falta de controlo
(36,3%)motivada pelas contracções do útero (27,5%).
o
O
medofoi
um
sentimentoadmitido por
66,3%o, apesar que afirmarem que oparto
ter corrido de forma mais
flícil
do
que
estavamà
espera(60%).
No
geral
a recordação do parto fica memória destas recém mamãs como Boa (53,8%)o
Na
amostradas
40
mulheres
que tiveram
preparaçãopara
o
parto,
estainiciativa surgiu
por
conhecimento
de
amigos
(31,3o/o),sendo
o
objectivo
desta preparação a aquisição de conhecimentos (30%), desmistificar o medo do parto (3,8%) eproteger a criarrça (3,8%).
o
Ainda
dentro
da
amostra
das
mulheres
que
participaram
no
curso
48oloafirmam que
as
aulas corresponderamàs
expectativas, avaliandoa
formação como"Muito
Importante"
(36,3yo).Denfo
de
todas as vantagensque
estetipo de
cursospoderá fraze1
os mais
anunciadosforam:
as
técnicasde
respiraçãoe
relaxamento,proporcionar autoconfi ança e desmistifi car medos e preconceitos.
o
Na
amosEa das 40 mulheres que não tiveram preparação parao
parto 22,5Yonão o fizerarn por falta de informaçáo e 8,8o/o por falta de tempo.
o
As
mulheres que frequentaram as aulas de preparaçáo parao
parto
tiverammenos necessidade de tomar medicagão paÍa a
dor
durante o partodo
que as que nãoftzerarr.
o
As
mulheres quefizeram
o
curso de preparação parao
parto
sentiram maismedo do que as que não fizeram.
o
As
mulheresque fizeram
o
curso
de
preparaçáopwa
parto tiveram
maisconfrole durante o frabalho de parto do que as que náo frzeranr.
o
As
mulheresque fizeram
o
curso
de
preparaçáopwa parto tiveram
umaABSTRACT
This
work
of research had as objective to evaluate "The importance of the Courseof
Preparationfor
theChildbirth
in
elapsing ofthe
Workof
Childbinh".
One
is
about an exploration study, description-comparative degree,of
quantitativenature. The population sample, selected aleatory,
is
constitutedby
80 (eighty) puerperas that they met internedin
theDr.
Hospital Jose Maria Grande de Portalegre, ofwhich
40(fortD
frequented the Courseof
Preparationfor
theChildbirth
and remainsa0 (forty)
had not had any preparation. We propose in them to reach the
following
objectives:o
Analyse
the importance attributedfor
the womenin
labourto
the lessonsof
Preparation for theChildbirth;
o
Compare thebehaüour
of
the womenin
labour who had had Preparationfor
the
Childbirth with
that they had not had.After
the theoretical framing, wherewe
approachour
thematic and subsequenceproblematic, we approach the objectives and methodology of the study.
The
analysisof
the
data collectedthrough a
questionnaire,allow-in
concludingthem that:
o
The
samplein
study
is
characterizedby
80
women
with
ages understoodbetween the
3l
and35
yearc (35Yo), theciül
stateof
themajority
is ma:ried/factunion
(66%). Predominant
the literary qualification
is
Superior Instruction (33,75%o).It
waspossible to
find
women towork in
some branchesof activity
where l2,5yo are Teachers.Salient
still
the
8,8%o factto be
dismissed.Still in
relation to the
samplein
the total,65%
of
the womenin
labour had had a Eutócicochildbirth
(normalchildbirth)
and thefamiliar
companyoflfriend
during thechildbirth
(82%). The majorityof
the pregnancies wasgliding
and desired(65%),
67.5%of
the women were motherfor
lu time
and the ones that already had been mothers, are mothersof
I
son (22,5%).o
The pain
felt
during
the childbirth work was
bearablefor
51,20Áof
theinquired ones and the necessity to take medication to alleüate pains was
of
50o/oin
thewomen, although
this still
had womenin
labour
thatthey
afErmto
have hadlack
of
control (36.3%) motivated by the contractions of the uterus (27.5%).
o
The fear
was a
feeling admiued
for
66,30Á, despitethat
afErming
that
thechildbirttr to
haverun
of
more easyform
of
what they wereto
thewait (60%).In
the generality the memoryof
thechildbirth
is memoryof
these just moms as Good (53.8%).o
In the sample of the 40 women who had had preparation for thechildbirth,
úis
initiative
appearedfor
knowledge
of
friends
(31.3%),
being the objective
of
this preparation the acquisitionof
knowledge (30%),to
demystifu the fearof
thechildbirth
(3.8%) and to protect the child (3.8%).
o
Still
inside
of
the sampleof
the womenwho
had participatedin
course 48%afifirms
that the
lessonshad
correspondedto the
expectations, evaluating"the
Very
Important"
formation as (36,3Yo). tnsideof
all
the advantages thatthis
typeof
courseswill
be
able
to
bring,
the
most
announcedhad
been:the
techniquesof
breath
andrelaxation, to provide auto trust and to
demystiff
fears and preconceptions.o
In
the
sampleof
the
40
womenwho
hadnot
had preparationfor
childbirth
22.5% not had made
it
due to information and 8,8% due to time.o
The womenwho
frequented the lessonsof
preparationfor
the childbirth
hadhad
little
necessityto
take medicationfor
pain
duringthe childbirth
of
what the
onesthat had not made.
o
The women who had made the courseof
preparationfor
úe
childbirth
hadfelt
more fear of what the ones that hadn't made.
o
The
womenwho
had madethe
courseof
preparationfor
childbirth
had hadmore control during the
work
ofchildbirth
of what the ones that had not made.o
The women who had made the courseof
preparationfor
childbirth
had had aÍrvorcr
INTRODUÇAO
I
-
ECOLOGIA
2.2.1 -
Parto
eCultura ....
2.2.2 -
Trabalho
deParto
eParto
....
2.2.3 -A Dor
noTrabalho
deParto
2.2.4
-
O Papel daEnfermeira
Perante aMulher
comDor
2.3-
PREPARAÇÃO
PARA
O
PARTO
2,3.1 -
O Parto
SemDor
-
PsicoproÍilaxia
2.3.2 -
Outros
Métodos de Preparaçãopara
oParto
3-
OPÇÕES
METODOLÓGrCAS
....
3.1 -
PROBLEMATICA
E
OBJECTryOS DO ESTUDO
3.2
-
METODOLOGIA
3.3 -
TIPO DE ESTUDO
3.4 - DEFTNTÇÃO
DA
POPULAÇÃO/
AMOSTRA
....
3.5
.INSTRUMENTO
DE
COLHEITA
DE
DADOS
Folha
l5
1.1.
A
ECOLOGIA
GERAL....
t9
23
1.2-
A
ECOLOGIA
HUMANA
1.3.
MEIO
AMBIENTE
E
DESENVOLVIMENTO
HUMANO
....
...,..26
2
-
AMTJLHER
E
A GRAVIDEZ
..t9
44
.28
2.1-
DIMENSÕES
TÍSTCAS
E
PSICOLOGICAS
DA
GRAVIDEZ
...32
2.2-
O
PARTO
..48 ..58 .61 .65 ..68 72...76
80 80 82 .85 ,88 90 ,3.6
.
PRE
TESTE
3.7
.
PROCEDIMENTO
DA
RECOLHA
DE
DADOS
..3.8 .
PROCEDMENTOS
FORMAIS
EETICOS
..3.9.
PROCEDIMENTO DE
TRATAMENTO
DOS
DADOS
4
-ArRESENTAÇÃo
n
aNÁr,rsr
Dos
DADos...
4.I.ANALISE
DESCRITTVA
DAS
VARIAVEIS
QUE
CARACTERIZAM A AMOSTRA
92
.94
...94
4.2-ANALTSE DAS
rnpeuÊNCTAS
DESCRTTTvAS
DAS
varuÁvEIS
coMUNS
Aos
DoIS GRUpos
DE
MULHERES
...ss
4.3-ANALTSE DE
FREeUÊNcns
DESCRTTTvAS
DAS
vanrÁvErs
REFERENTES
Ao cRupo
DE MULHERES
euE
FREeUENTARAM
o
cuRso
DE
pREpanaÇÃo
PARA
O
PARTO
...115
4.4-ANALTSE
DA FREeUÊNcm
DESCRTTTvA
DA
uNICA
VARIAVEL
REFERENTE
AO
GRUPO DE
MULHERES
euE NÃo
FREeUENTARAM
o
cuRso
DE
pREpanaÇÃo
PARA
O
PARTO
.....t21
4.5 -
coMpanaÇÃo
DAS
aNÁusES
DESCRTTTvAS
ENTRE
os
DOIS
GRUPOS
DE
MULHERES
....
t23
5
-
coNcr-,usÃo
. 1426 -
REFEnÊNcras
BrBlrocnÁrrcAs
... 148ANEXOS
ANEXO
I
...156...1s7
...165
ANEXO
II
ÍNorcn
DE
TABELAS
Tabela
I
-
Idade (Frequências e%o) Tabela 2-
EstadoCivil
(Frequências e %)Tabela 3
-
Habilitações (Frequências e%)
...
Tabela 4
-
Profissões (Frequências e %) Tabela 5-
Tipo
de parto (Frequências eYo)Tabela 8
-
Número de filhosjá
existentes (Frequências e Yo)Tabela 9
-
Planeamento dagraidez
Tabelal0
-
Preparação para o parto (%)Folha
...95
97 98 ....99 Tabela 6
-
Companhia defamiliar
ou amigo durante o partoTabela 7
-
Graüdez anterior (Frequências e %o) 101t02
104
Tabela
l1
-
Classificagão da dor ..Tabela 12
-
Necessidade de medicaçãoTabela 13
-
Comportamento durante o parto .. ..Tabela 14
-Falta
de controlo durante o partoTabela 15
-
Motivo
dafalta de controloTúela
16-
Medo durante o parto (Frequências eYo)Tabela 17
-
Medo sentido durante o parto (Frequências eYo)Tabela 18
-
Como correu o parto (Frequências e%o)Tabela 19
-
Nascimento decorreu como tinha imaginado (Frequ&rcias e %)r06 107 108 109
...109
110...112
...t12
...1t4
Túela
20-
Recordação do parto (Frequências e %)u5
Tabela 21-
Conhecimento do curso de preparaçáo para o parto (Frequências e %)...1 16 Tabela 22-Motivos
que levou a frequentar o curso de preparação para oparto (Frequências
e%)
...
Túela
23-
Curso correspondeu às expectativas (Frequências e %) Tabela 24-
Avaliação da formação dada no curso .Tabela 25
-
O mais importante no curso (Frequências eYo)Tabela 33
-
Controlo durante o parto (Frequências eYo) Tabela 34-
Controlo durante o parto (Frequências eYo)Túela
26-
Motivo
de não ter frequentado o curso (FrequênciaseYo)
...123
Túela
27-
Sentiu necessidade de medicação para as dores .124Tabela 28
-
Sentiu necessidade de medic açáo para as dores (Frequênci as e Yo) . . ... . .125 Tabela 29-
Teste do Qui-Quadrado entre as variáveis'T.{ecessidade de medicação paÍa ador"
e "Frequentou o curso de preparação para o parto"...t26
Túela
30-
Sentiu medo durante o parto (%) ...127 Tabela3l
-
Sentiu medo durante o parto (Frequências e%o)t27
Tabela 32
-
Teste do Qui-Quadrado entre as variáveis ooMedo durante oparto" e "Frequentou o curso de preparação para o parto" ....129
ll8
118 120tzt
130 ... ..13I
Tabela 35-
Motivos
da falta de controlo durante o parto (Frequências eo/o)
....132
Tabela 36
-
Teste do Qui-Quadrado entre as variáveis o'Teve falta de controlodurante o parto"e "Frequentou o curso de preparação para o
parto"
...
..133 Tabela 37-
Experiência do partoTabela 38
-
Como correu o parto (Frequências e%o) Tabela 39-
Nascimento dofilho
(Frequências e %) Tabela 40-
Recordação do parto (Frequências e%)
.Tabela
4l
- Teste do Qui-Quadrado entre as variáveis o'Como correu o trabalho de parto"e "Frequentou o curso de preparação paraoparto"
....
Tabela
42
-Teste do Qui-Quadrado entre as variáveis'T{ascimento doseu
filho
decorreu comotiúa
imaginado" e'oFrequentou o curso de preparação para oparto"
....
.136...138
135
137
139 Tabela 43 - Teste do Qui-Quadrado entre as variáveis "Recordação que
Íxorcr
orc
cnÁFrcos
Folha
Gráfico1-Idade(%)
94Gráfico 2
-
EstadoCiül
(%)Gráfico 3
-
Habilitações Literrárias (%) 96Gráfico4-Profissáo(%)
.97Gráfico 5
-
Tipo
depaÍo
(%)
..
....100Gráfico 6
-
Companhia defamiliar
ou amigo durante o parto (%)..
...100
Gráfico 7
-
Gravidez anterior (o/o) 102Gráfico 8
*
Número de filhosjá
existentes (%) 103Gráfico 9
-
Planeamento da gravidez(%)
..Gráfico 10
-
Preparaçáo parao parto(%)
.. Gráficol1
-
Classificação da dor (%)Gráfico
12-
Necessidade de medicaçáo(%)
Gráfico 13
-
Comportamento durante o parto (%)Gráfico 14
-Falta
de conffolo durante o parto (%)...103
...104
....105 106 107 108Gráfico 15
-
Motivo
da falta deconfolo
(%)
..Gráfico 16
-
Medo durante o parto (%)lll
Gráfico 17
-
Medo sentido durante o parto (%)lll
Gráfico 18
-
Como correu o parto(%)
..
. .. . .. . .1 13Gráfico 19
-Nascimento
decorreu como tinha imaginado(%)
...113
Gráfico 20
-
Recordação do parto (%).tt4
Gráfico 21
-
Conhecimento do curso de preparaçãopara o parto (%)tr6
Gráfico 23
-
Curso correspondeu àsexpectatlx
(%)Gráfico 24
-
Avaliação da formação dada no curso (%)Gráfico 25
-
O mais importante no curso (%)Gráfico 26
-
Motivo
de não ter frequentado o curso(%)
..Gráfico 27
-
Sentiu necessidade de medicaçáopara as dores (%)Gráfico 28
-
Medo durante o trabalho de parto (%)Gráfico 29
-Faltade
controlo durante ofrúalho
departo (%)Gráfico 30
-
Como correu o trabalho de parto(%)
...
Gráfico 31
-
Nascimento dofilho
foi
como tinha imaginado (%) . ..Gráfico 32
-
Recordação do parto (%)119
tt9
120 122 125 128 r31 135 .136 137Mestrado em Ecobgia Humana - A importância do Curso de Preparação para o Parto no decorrer do Trabalho de Parto
INTRODUÇÃO
Graüdez
e parto são,por
definigão, duas etapas, na espéciehumanq
consagradas exclusivamente ao feminino. Esta decisão natural e selectiva converteu estas disposições em momentos do quotidiano, com um carácter cultural variado erico,
do ponto deüsta
de cada pessoa, tanto pelas definições subjacentes às mesmas, como pelas atitudes e ritos
consagrados, consoante a cultura inerente.
O
estadograüdico,
airma de tudo, pode ser consideradoum
estadoritual, isto
é,um
estado de continuo cumprimento de hadições e costumes passados de geração em geração, como refereKITZINGER
(1995).Descreve ainda,
a
citada autoraque
"
a
mulhergrávida
está ernperigo
ritual
(...)
por
se encontrar num estado interrnedtário-
ainda nãoé
mãe ejá
não é virgem(....)
deixou um estatuto, mas
ainda
nãofoi
aceite noutro. Assim está em estadomarginal".
Seguindo
este
pensamentoaudaz,
mas
de
uma
veracidade
constanteem
muitassociedades,
podemos pensar então
da
necessidadede
compreenderÍnosde
formacientífica e inteligente a gravtdez e consequente parto.
A
matemidadeé tão
antiga como
a
humanidade. Sermãe
e
em
especial pelaprimeira vez,
é um
dos
acontecimentosmais
importantesna vida de uma
mulher.Representa
tanto
um
desafio
à
sua
maturidade,
como uma
oportunidade
para
odesenvolümento de novas responsabilidades familiares e sociais.
Pode comprovar-se através
da
afie rupesfre,que
o
homem sempre enalteceu amatsrnidade,
já
que
sepodem admirar
algumaspinturas
queretatam
o
nascimentohumano.
A
maternidadeé
um
acontecimentoe
uma função extemamente
valorizada nanossa sociedade, atribuindo-se-lhe
um
grande significado-
a capacidade de fecundar e conceber.A
gravidezé um
acontecimento importante navida
damulher e da
sua família.Considerada por muitos autores como um período de crise, que envolve mudanças
muito
profundas
a
nivel
somático, endócrino
e
psicológico, envolve
por
isso
mesmo reajustamentos e reesffuturações a vários níveis. Apesar de ser um momento de crise, aMestrado em Ecolosia Humana- A importância do Curso dePreparação para o Parto no decorrer do Trabalho de Parto
graidez
é
um
acontecimentonoÍmal
do
desenvolümento
e
podemosdizer que
éessencial
e
deve preceder
e
preparar
a
integração
maturacional.Assim,
podemosconsiderar
a
graidez
como
uma crise de
desenvolvime,nto,que
exige
um
períodoprolongado de
adaptaçãoe
reorgaaizaçdo,bem
como
do
dese'nvolvimentode
novos conhecimentos, habilidades e modificaçãa de relações interpessoais.Nada nos parece mais premente ser analisado
àhtz
da ciência e da própria génesehuman4 do
que a necessidade de estudaÍ agraüdez
e todas as ideias inerentesa
esse estado,tais
comoo
parto e
sua preparação,visto
os
mesmos serema
baseda
üda
humana. Então, porquê deixar de cimentar conhecimentos e saberes sobre estes assuntos
tão
importantespara
a
nossaprâticdl
As
razõesda
escolha deste temapara
estudoprendem-se
com
o
facto
de
possuirmosa
Especialidadeem
Enfermagemde
SaúdeMatema
e
Obstetrícia,
de
convivermos
diariamente
com
grávidas
no
servigo, colaborand o na realização do parto.O
enfermeiro exerce hojeum
conjunto de competências técnicas e relacionais quegarantem a sua responsabilidade, amparando-se numa metodologia científica ao prestar
cuidados específicos
ao
cliente/pessoa,à
família e
à
sociedade. Ejá
que osníveis
deintervenção são diferentes,
os
elementos das equipas tendema
completar-see
não
asobrepor-se, até porque a intervenção do médico, por exemplo, está centrada na doença, enquanto que
a do
enfermeiro está centradana
"pessoa cuidada",na
sua globalidadecomo ser
biológico,
psicológico, social,cultural e
espiritual, promovendoa
saúde e obem-estar global.
Na
nossa sociedadea mulher
pre,para-se emocionalmentepara
a
maternidade,porém,
não
se
preparapaÍa
o
parto, que
é
o
acto
inaugural
da
concretizaçáo da maternidade.Muitos
casaisüvem
a
gravrdez,o
parto
o
pós-parto,a
amame'ntação como momentosmuito
dificeis, por absoluta falta de informação. Por isso, é cada vez maior onúmero de casais que procura
um
curso pré-parto, no qual podemtocar
ideias sobre asdificuldades da gravidez, pÍsp)araÍ-se para um parto consciente e sem temor, e para um
inicio da
patemidade/maternidademais
tanqúlo,
üvendo
assim estes momentos seMestrado em Ecologia Humana- Á importância do Curso dePreparação para o Parto no decorrer do Trabalho de Parta
A
Preparaçdo parao
Parto tem comoprincipal
objectivo, proporcionar, ahavés da informação, uma experiência gestacional e de parto bempositivq
com grande sucesso naamÍImentaçáo, arrrelorizando
as
ansiedades,e
fomecendo
respostasàs
questões queassombram a vida do casal
gráüdo.
Com
a preparagãopaÍa
o
pâÍto, cada elemento consegue perceber melhorqual
oseu papel e esclarecer melhor as suas dúüdas.
Para
a
Enfermagem,a
pÍepaÍação parao
parto é um
dos
seusobjectivos,
porfacilitar
uma
maior
colaboraçãocom
a
grávrdae
a
sua
família, como com outos
profissionais de uma equipa
multidisciplinar.
A
preparação fisica e psicológica dagráüda
constitui uma das grandes conquistasda mulher nos últimos 50 anos, uma vez que deixa de se submeter passivamente ao parto
para passar a preparar-se activa e eficazrnente para ele com a ajuda
do
companheiro ou pessoa significativa.Se pensarmos agora sobre a investigação e Enfermagem,
BASTO
(1998) diz-nos que se "faz investtgaçãopara
melhor compreender a realidade ou seja,para
aumentar oconhecimento
sobre
deteruninadofenómeno".
Destaform4
e
no
seguimentode
umpensamento abrangente, elegonos como percurso de investigaçáo
a "
Preparaçãopara
oParto"
enquantodomínio de
acçãode
enfermageme
de
outras disciplinasda
saúde,porque pretendemos com
o
nosso estudo,súer
se as aulas depreparaçáoparao
parto serviram de algum modo parafacilitar
o decorrer do trabalho de parto. Assim, aspiramosconfirmar
a
veracidade das teorias existentesem
torno da
importância das aulas de Preparação para o Parto. Sendo que pretendemos, fundamentalmente, conhecer uma dada realidade do ponto deüsta
das pessoas que aüvem.
De acordo com o que
foi
supracitado, surgiu-nos a nossa problemática:63
A
imFortância
do
Curso
de
Preparação
para o
Parto
no
decorrer
doTrabalho
deParto".
Trata-se de
um
estudodescritivo
comparativo,utilizando
o
método quantitativo,uma vez que tem como objectivos:
-
Analisar a importância atribuída pelas parturientes ás aulas de Preparação para oParto,
-
Comparar as experi&rcias das parturientes que tiveram Preparação para o Parto com as que não tiveram.Mestrado em Ecologia Humana - A inryortância do Curso de Preparação para o Parn no decorrer do Trabalho de Parto
Este estudo
foi
realizadono
serviçode
Obstetícia
do
Hospital
Dr.
José MariaGrande de Portalegre, num período de tempo compreendido e,nte Novembro de 2006 e Fevereiro de 2007, sendo a população sobre a qual recai o estudo, puérperas que tenham
feito
o Curso de Preparação pwa o Parto e puérperas que não tenham feito o Curso.Iniciamos
o
desenvolvimento desta dissertação, com uma fundamentação teóricaque
pretende
ser
a
base conceptual
do
Eabalho exposto
e
cujo
conteúdo
aborda sucessivamente vários aspectos relacionados com a Ecologia Geral, Ecologia Humana ea
forma
comoo meio
ambienteinfluencia o
desenvolvimento humano.Numa
segundaparte
apresentamosuma
sínteseteórica relativa
aos aspectosteóricos
subjacentes aoprocesso
de
graudez
e
parto,
parto e
preparação parao
paxto,com
basena
reüsãobibliográfica,
necessáriaà
análise
da
informação
emergentedo
questionário. Numaterceira pârte,
descrevemosas
opções metodológicas, seguida
da
parte
em
que apresentamos a análise dos resultados. Com a última parte do üabalho pretendemos fazer uma reflexão/conclusão de todo o trabalho efectuado.Mestrado em Ecologia Humana- A importância do Curso de Preparação para o Parto no decorrer do Trabalho de Parto
1
-
ECOLOGIA
I.1-AECOLOGIAGERAL
A
pala'rra ecologia
foi
utilizada
pela
primeira vez pelo biologista
alemão
E. Haeckel em 1866, na sua obra Generelle Morphologie der Organismen.A
palavra ecologia deriva da palavra gregaOilas,
quesignifica
oocasa"ou
'olugar onde seüve".
Em sentido literal, a ecologia é o esfudo dos organismos o'em sua casa".Numerosas
definições
de
ecologia
têm sido
propostas.Direi,
acompanhando agrande
maioria
dos
ecologistas actuaisque
"a
ecolo§a
é
a
ciência
que
estuda ascondições
de
existêncíados
seres
vivos
e
as
interacções,de
qualquer
nahtreza,existentes entre esses seres vivos e o selt rneio".
(LAMY,
1996\Confudo, umayez que a ecologia se ocupa especialmente da
biologia
de grupos deorganismos
e
de processosíuncionais na
terra,no
mar e
na
âgaa doce, estámais
deharmonia
com
a moderna acepção,definir
a ecologia comoo
estudo da estruturae
dofuncionamento da naturez4 considerando que a humanidade é uma parte dela.
A
ecologia como ciência autónoma só se impôs no decursodo
séc.XX,
depois daSegunda Guerra
Mundial,
sendo atéaqui
totalmente ignoradapelo
grandepúblico.
A
partir de 1960 desenvolveu-se rapidamente, com um grande volume de publicações tanto
de divulgação como científicas.
Como refere
ODUM
(1997),ooa ciência ecológica teve, ao longo dahistória,
umdesenvolvimento
gradual,
embora espasmódico.As
obras de Hipócrates,Aristóteles
e outrosfilósofos da cultura grega
contêmmaterial
de natureza claramente ecológica".Embora os gregos não tivessem uma palawa própria paÍa a designar.
De
uma forma mais ou
menos c1ar4 váriasforam
as pesquisase
osfabalhos
elaborados, sobre temas ecológicos ao longo dos anos. Estática Social (1850), Hipóteses sobre o Desenvolvimento de Spencer (1852),
A
Origem das espécies deDarwin
(i,859), enfre outros.No
séc.XVm
einício
do séc.XIX
multiplicaram-se as expedições desenvolvidas pelas grandes potências,com
o
objectivo
de inventariar os recursose
as riquezas dosMestrado em Ecologia Humanta - A irnportância do Curso de Preparação para o Parto no deconer do Trabalho de Parto
países explorados.
À
medida que as expedições iam decorrendo e seiam
conheceÍldo as estreitas relações entre os seres vivos e o clima, a ecologia vai-se tomando explicativa.Segundo
ACOT,
citadopor
LAMY,
apósa
Segunda GuerraMundtal
a
ecologiatornou-se
uÍn
império
(....)
são
publicados trabalhos
sobre
a,
ecologia
dosmicroorganismos e,
no
Vietname, os Estados Unidos da América inaugurama
era dasaplicações militares da ecologia.
Desde então, a ecologia não mais tem parado de se desenvolver
e afirmar
como ciência.Segundo SCHROTER e SCHWERTFEGER podem-se distinguir em ecologia três
grandes
grupos:
a
auto-ecologq
a
dinâmica
das populaçõese a
sinecologia. Estasdistinções são um pouco aÍbifrárias mas têm a vantagem de ser cómodas tendo em
üsta
a sua exposição.-
A
Auto-ecologia(SCHROTER,
1896) estuda as relações de umaúnica
espéciecom
o
seumeio. Define
essencialmenteos
limites
de tolerânciae
as preferências dasespécies em face dos diversos factores ecológicos, examinando a acção do meio sobre a
morfologi4
afisiologia
eo
comportamento. Desprezam-se as interacções dessa espécie com as oufras, mas frequentemente ganha-se na precisão das informações.- A Dinâmica das populações (SCHWERTFEGER, 1963), descreve as variações da
abundância das diversas espécies e procura as causas dessas variações.
-A
Sinecologia (SCHROTER,
l9l8),
analisa
as
relaçõesente
os
indiúduos
pertencentes às diversas espécies de um grupo e do seu meio.
O estudo sinecológico pode adoptar dois pontos de
üsta:
.
Oponto
de vista estáttco (sinecologia descritiva), que consiste em descrever osgrupos de seres vivos existentes num determinado meio.
o
O
ponto de vista
dinâmico
(sinecologiafuncional), onde se
destacam dois aspectos, por um lado pode-se descrever a evolução dos grupos e examinar as influ&rciasque os fazem suceder-se num certo lugar, e, por
oufo
lado podem-se também estudar osEansportes de matéria e de energia entre os diversos constituintes de um ecossistema.
As
subdiüsões sãoúteis em
ecologi4
tal
como em
qualqueroutra
ciênciapor
facilitarem a análise e a compreensão e ainda
por
sugerirem, dentro de cada campo deMestrado em Ecologia Humana- A ímportôncia do Curso de Preparação para o Parto no decorrer do Trabalho de Parn
O
nascimento
da
ecologia
moderna
situa-se
à
volta
da
década
de
1930. Actualme,nte estaciência adquiriu
grande desenvolvimento efir muitos países. Deve-seobservar
que
este desenvolvimento fez-se,contudo, com
um
afrasode
50
anos emrelação às disciplinas de laboratório, que se desenvolveram a passos de gigante, devido a
terem
gozadodas
preferênciasdos
biologistas.
As
causas desse desapego foram múltiplas.A
primeira
foi
a
necessidadede
generalização,a
ambição
de
descobrir
leisaplicáveis
a todo
o
mundo
liwe.
Esta arnbiçãofoi
expressapor
Claude Bernard, quedisse:
"Afisiologia geral
tgnora as
distinçõesentre
os génerose
asfarnílias".
Estapossibilidade
de
generalização das descobertasfeitas
sobreuma
espécie,ou
algumasespécies, explica sem dúvida
o
sucesso dagenétic4
daembriologi4
dacitologia
ou dabiologia
molecular.A
ecologiq
ao contriário, acha-se ainda em muitos casosno
estágio analítico.A
segunda razáo que explica o ataso da ecologia é que o grau de desenvolvimentodo
conhecimentoimpôs
aos siábioso
estudodos
fenómenos naturaiscomo
se
estesfossem destacados uns dos outros, isolados e independentes. Até recentemente este modo
de
pensarajudou
a
ciência
a
fazer
o
inventiáriodo
mundo,
a
sistematizaras
suasaquisições, sendo condição muito importante dos enormes progressos realizados.
A
terceira razáo que explicao
atraso da ecologia éa
falta de perspectivas de quesofreu
até
cercade
1930.
Estaciência não parecia
ter
aplicações,ao
passoque
asdisciplinas de laboratório apresentavam pelo menos o mérito de contribuir,
por
exemplo,para os progressos da medicina.
No
séc.XD(
e no começo do séc.)O(
e até mesmo nos nossos dias, a tansposiçãobrutal
paÍa
a
naixeza
dos
dadosde
laboratório teve
frequentemente consequênciasimpreüstas e
às vezescatastóficas,
sendoaí que a
ecologia conseguiu passoa
passoimpor-se.
Actualmente as
aplicaçõesda
ecologia tornam-se cadavez
mais
numerosas: o desenvolvimento da luta biológica contra espécies nocivas àagricultur4
ao homem e aogado; a regulação racional do corte das matas do
território,
coma
criaçío de Reservas e Parques Naturais são alguns exemplos,ente outos,
dessas aplicações.A
ecologia
aplicada tornou-se
uma ciência
indispensávelao
agrónomo,
aogeógrafo, ao médico e até mesmo ao legislador. Numa epoca em que a espécie humana,
Mest:rado em Ecologin Humana - A imponôncia do Curso de Preparação para o Parto no decorrer do Trabalho de Parn
mais
os meios naturais,o
seufuturo
só pode estaÍ assegurado, recorrendoa
todos os dados da ecologia mode,maNas suas pesquisas, o Ecologrsta não sepaÍa o ser
üvo
do seu contexto, estuda-o nasua totalidade. Isto significa,
por
exemplo, que a espécie não será estudada noindiúduo
isolado ou num pequeno
gupo
de indivíduos, mas numa população,isto
é, no conjuntodos indivíduos espalhados numa determinadaárea e renovando-se no tempo.
Efectivamente, desde Copérnico,
o
homemdeixou de
sero
centrodo
universo.Ficou reduzido à mera condição de habitante de um planeta
aai,
satelite de uma estrelalocalizada
numa certa
galáxia.
Mas, ainda
assim, persistiu
na óptica
do
supremopredador (superiormente dotado).
Por
outras palawas,o
mundonatural
é
esse corpo(conforme às
leis
imperiosas, constantes e mecânicas) que deve obediência ao espírito.Mais
precisamente ao homem, que estáno topo
da cadeia"natvÍal",
cabeo
dever de submeteranattxezapor
acção directa da conqústa ou indirectadadomesticação.Nada
pior
que o desastosoutilitarismo
da ooconquista danaixezd'
é a sedução docogito confinado ao delírio das boas intenções e da moral limpa.
Muito
possivelmente,a
ecologia
é
a
consciênciados
nossos tempose os
seusfantasmas e medos andam em
torno da
grandee ineütável
metafisica interrogação: -Para quandoo fim
dos tempos? O mesmo será dizer:-
Para quandoo
fim
da História?Para quando a Morte? O que nos leva à vertente tanatológica da ecologia.
Quer Darwin,
quer
Alfred
Russel
Wallace,
se
bem que
por
processosmetodológicos diferentes, usaram
o
conceito de evolução, isto é, a eliminação dos maisdébeis
e
meÍros
adaptados.Toda
a
arquitectura
intelectual
destes
dois
notáveis investigadores incide no entendimento da na[treza como uma realidade determinada peloprocesso selectivo.
Contudo, como sabemos, o processo evolutivo é, significativamente lento. Ora aqui deparamos com o inevitâvel ponto de retorno da relação política e ontológica do Homem
comomundo:
OTempo.Formar cidadãos é
dificil,
dispendioso e requer paciênci4 isto é, tempo. O dilema éóbvio, as sociedades, só se estruturam com eüdências da
clrlizaçào,
quando promovemas condições de abordagem e de fabricação consciente de "coisas".
Termina
esta abordagem, sobforma
inte,rrogativa:A
ecologiaé
o
discarso das sociedades ricas?Mestrado em Ecologia Humana - A importância do Curso dePreparacão para o Parto no decorrer do Trabalho de Parn
O meio
ambiente de muitos paísesdo
sul deteoriza-se sob a pressão de sistemaspolíticos e económicos inadaptados (normalmente repressivos) efraduz essa deterioÍaçáo
no esgotamento de recursos naturais.
Em termos internacionais, são conhecidas as flufuações económicas mundiais e o
peso da
díüda
destes países paracom os
do
norte.
Sendo assim,como
podem estespaíses desenvolver comportamentos e valores ecológicos?
1.2-AECOLOGIAHUMANA
A
primeira ideia que nos ocorre, neste âmbito, é que, de facto, o Homem, desde osprimeiros tempos da sua história se tem interessado pela ecologia.
E banal
verificar
que muitas vezes se pratica a ecologia sem se saber. O pescadorsabe que as Trutas se devem capturar nos rios de curso nípido e em águas bem arejadas,
ao conüário das Carpas que se encontram nos
rios
lentos. Este conhecimento empíricodas exigências ecológicas dos seres
üvos,
já
existia no Homem pré-histórico, que o tinhaadquirido durante a procura
da
caça e das plantas comestíveis, assim como de abrigosonde existisse um microclima favorável.
Durante
a
década passadaa
Ecologia
emergiu
das
suas raízes
nas
ciênciasbiológicas para se
tomar
uma novadisciplina
integrada queliga
as ciências naturais esociais. Em acrescento ao estudo de como os organismos interagem entre si e com
o
seuambiente,
os
ecologistas alargarama
sua escalade
estudoe
o
seu interessecom
ainclusão de
níveis
mais altosde
organização-
o
sistema ecológicoou
ecossistem4 apaisagem, a região e a biosfera.
A
ecologia ocupa-se do esfudo científico das relações enfre os organismos e os seusambientes e dos factores
fisicos
ebiológicos
que influenciam estas relações e que sãoinfluenciados
por
eles.As
relações entre os organismose
os seus ambientes, não sãomais que
o
resultado da selecção natural, donde se depreende que todos os fenómenosecológicos têm uma explicação evolutiva.
Todos
os
seresüvos
têm uma forrna de
viver
que dependeda
sua estrutura efisiologia e tambem do
tipo
de ambiente em que vivem, de modo que, os factores fisicosMestrado em Ecologia Humana- Á importânciado Curso de Preparação para o Parta no decorrer do Trabalho de Parto
diferentes partes da biosfera. Assim, a
vida
deum
servivo
estrá intimamente ligada àscondi$es
fisicas do seu ambiente.Na concqlção
inicial
da ecologia humana, aoÍgariz*rção do sistema social humanofoi
um
conhecimento necessário.Os
clássicosda
sociologiatinham
a
perc€pgão dosfenómenos que diziam respeito ao arnbiente e aos recursos naturais na sua ligação com a
organizaçáo social.
A
Ecologia Humana nasceu com Park e Burgessen
1920, dedicando-se ao espaçodas sociedades. Park considerava a comunidade como conceito central.
A
ecologia humana preocupa-secom
o modo
como
as populações humanas seorgarizarr, com o objectivo de se manterem no seu meio ambiente.
(HAWLEY
1996)São
vários os
autoresque
abordaÍfl
a
ecologia
humanade
diferentes formas,embora todas elas interessantes.
Ba:rows
qn
1992"(cit. [n
Nazareth 1),
identifica
aecologia humana como uma componente da geografia. Este ponto de
vista
abordava adiversidade dos comportamentos humanos no espaço e a diversidade de respostas sociais e culturais ao meio.
Entre outros autores, é a
paít
de 1950 que a ecologia humana ganha força com aajuda das obras de
QUINN
eHAWLEY.
SegundoQUINN
a ecologiafaz
rurrra análisesociológica estudando
os
aspectosbióticos na
relação enfreo
homem
e
o
ambiente,affavés dos quais surge e se altera a estrutura social. Para
HAWLEY
a ecologia humana dá grande ênfase à luta pela existência e consequente necessidade de adaptação ao meio,colocando com conceito chave da sua teoria a importância da comunidade, não fazendo
sentido
a luta indiüdual,
focandoa forma
como
determinadonúmero de
pessoas seorgariza de maneira a conseguir sobreviver em deterrninado
húitat.
Também, segundo
ODUM,
próximo
deHAWLEY,
surgeDUCAN
apresentandocomo referência no seu ponto de
vistq
o conceito de ecossistem4 sendo este constituídopela
população,meio
ambiente,tecnologia
e
orgaaização, assimcomo as
suas interrelações, tratando-se de um fenómeno dinâmico, contínuo e em equilíbrio.
Na
mesmalinha
de pensamento surge entãoODUM
que defende que a ecologiahumana apenas
se
ocupa
dos
quafro
níveis mais altos da
organrzação: Populaçáo,Comunidade, Ecossistema e Biosfera, em que o importante é a estabilidade e capacidade
de sobreüvência do ecossistema.
A
ecologia humana
ocupa-sedas
relagõesda
população,tanto
com
factoresMestrado em Ecologia Humana- Á importôncia do Curso de Preparação para o Parío no decorrer do Trabalho de Parto
organizações
humanas, sendo
uma
tentativa
de
lidar
holisticamente,
com
as organizações.As
populaçõesdos
sereshuranos fornam
parte de comunidadese
ecossistemasbióticos. Actualmente,
e
apesar dos enormes progressos tecnológicos, não só a relaçãoentre
o
ritno
de renovação dos recursos naturaise o
crescimento populacional, como também a acção deletéria deste crescimento sobre o ambiente, solicitaÍn uma progressiva intervenção da investigação ecológica.A
ecologia
humanatem
como objectivo
de
estudoo
sistema constituído pelo conjunto dos seres vivos e das diferentes componentes do deu ambiente fisico.A
meta da ecologia humana é desenvolver nos seres humanos uma capacidade quefrazelri. latente desde a concepção: poder
viver
em plenaautonomi4
como
máximo doseu potencial
e
auto-estima,
em função de uma ética
essenciale
de
uma
inata necessidade de auto-protecção, auto-abastecimento, atto-realização eharmonia.Do ponto de
üsta
deNAZARETH
(1993) poder-se-á dizer que a ecologia human4actualmente dois pontos de
üsta:
como uma disciplina e/ou como uma reflexão sobre a sociedade, inserida num determinado contexto arnbiental. De uma maneira ou de outra, aecologia humana centra
os
seus estudos nos diversos camposde
actuaçãodo
homemnuma perspectiva holística.
"A
ecologia hutnana deixa, assim, de ser um capítulo de uma ciência ou a síntesede todas as ciências, mas
o
estudointerdisciplinar
das ínteracções entreo
homem e oambiente, estudo esse
que
é
realizado através
de
uma
rnetodologia
sistémica"(NAZARETH,
1993).Hoje
a
ecologia humana "eshtda cada vez
mais
numaperspectiva
global
osdiferentes <tcltmas»»
que
actuamno
homem-
fisico,
químico,biológico,
sociológtco,económico, técnico,
cultural,
esptritual...."
(NAZARETH,
1993).A
ecologia humana orienta os seus estudos, não só numa dimensãoindiüdual
masem
termos
de
fenomenologia
das
populações humanas.Tendo
em
conta que
as populações humanas constituem uma parte de comunidades bióticas e de ecossistemas, aecologia humana pode ser considerada a ecologia da população de uma espécie muito
Mestrado em Ecologia Humana - A importância do Curso de Preparação para o Parto no decower do Trabalho de Parn
1.3
-
MEIO
AMBIENTE
E
DESENVOLVIMENTO
HUMANO
O
ser humano distingue-se dos restantes animais pela sua capacidade de adquirircoúecimentos,
está sujeito a tudo, aprender, areflectir
o arnbiente social queüve
efoi
educado.
A
üda
aparececomo
o
resultadode
complexas interacçõesque
se estabelecern enfre os organismos e o ambiente, sendo o produto daacçáo de ambos os componentes.O ser
üvo
esta e,mtansição
permanente com o ambiente,extai
dele as substânciase energia que lhe são indispensáveis.
Citando
SACARRÃO
0979),
"a
vida
apresentasse-noscorno
o
resultado
deacções complexas que
se
estabelecemno
conjunto:
organisrno/ambiente,ou
seja,
osfenómenos
que
exprimimos
pelo
termo
vida
são
definidos
coÍno
umafunção
dadualidade organtsmo/ambiente como uma resposta das suas potencialidades intrínsecas
aosfactores do ambiente externo".
De
acordo
com as ideias de DEOUX (1996),
nenhum organismo
vive
sema:nbiente. Os sistemas
vivos
não
são sistemas isolados. Pelocontrário só
sobrevivemgraças a frocas constantes.
O homem também é
o "produto"
do seu ambiente, mas conffariamente aosoutos
seres
üvos,
ele podetúhâ-lo,
organrzâ-lo ou estragá-lo. O homem é o único animal quepode gerar a sua destruição
ou
deo
salvar.Como tal,
faz sentido proteger a Naturezauma vez que a sua saúde depende do meio exterior em que
üve.
Logo
que nasce,o
ser humanoÍica
sujeito
aum
anrbiente extemo diferente, ele muda demeio.Do meio aquático, termicamente constante, bem protegido, onde recebia oxigénio e
alimentos
atavés da
placenta,ele
passapaÍa um meio
inconstanteonde
vai
ter
desuportar novas condições
e
adaptar-sea
elas.Fica
sujeito a influ&rcias
recebidas doambiente
fisico
e
sociológico,
que
podem
estimular positivamente
o
seudesenvolümento,
ou
pelo
contário,
ameaçar
em
muitos
casos
a
sua
própria sobreüvência.O
nascimento assinalao
termo
de umaüda
em
segurança, paradar lugar
a umviver
rodeado de perigos diversificados. Seo
meio infra uterino é
segrrro,o
ambiente extsrno é diversificado, complexo,impreüsível
e ameaçador.Mestrado em Ecologia Humana- A importânciado Cuno de Preparação para o Parto no deconer do Trabalho de Parn
O
ambienteextemo
é
de primordial
importância
no
desenvolvimentodo
serhumano.
O
primeiro
ano deüda
é decisivo para o desenvolvimento normal de uma-i*çu,
que
vai
desenvolver percepções e compreensões resultantes da diferenciação anível
do cérebro e dos órgãos dos sentidos estimulados pelo contacto com o mundo.O
ambienteexterno reveste uma
notória
importânciano
desenvolvimentodo
ser humano que tudotem a aprender.
A
flexibilidade
do
ser humano
é
geneticamente determinada,enquanto
as configuragões e direcções que toma são ern grande parte resultante do arnbiente. Quantomaior
for o
número de oportunidades queo
meio
oferecer,maior
diversidade humanaMestrado em Ecologia Humana - A importâncía do Curso de Preparação para o Parta no deconer do Trabalho de Parto
2
- AMI]LIIER
E
A GRAVIDEZ
A
concepção de mãe tern sofrido alterações radicais através dos ternpos, consoanteos valores, as culturas
e
as sociedades.Da
farnília patriarcalou
alargada, ondea
mãedesempenhaya
a
funçãode
dadorade
afecto, passou-seà familiar
nucleare
desta àmonoparental
e
consequentementea uma
mãe prestadora de cuidadose
destaà
mãeculpabilizada com tudo
o
que acontece ao seufilho,
respectivamente. Segundo,LEAL
(1992)
"passott-seda
mãe vagamente desleixadaà
mãe super-mulher pa.ra no mínimo corresponder aos estereótipos dominantes do que deve <«ser tnão» ".No
seuliwo
Amor
Incerto,Elisabeú
Badinter, introduz a problemática do instinto maternal, questionando não só o amor de mãe como algo de inato, mas realça tarnbém aimportância da cultura
no
comportamento das pessoas, de como as crenças, os valores,os
costumesde
determinada sociedade condicionamo
comportamentodos
sujeitos."Efectívamente os valores de urna sociedade são às vezes tão imperiosos que exercetn
uma influência incalculável sobre os nossos desejos
". (BADINTER,
1991)A
üsão
transcultural ajuda-nos a conhecer os costumes, os mitos, superstições, que se revelam fundamentais para a compreensão daprópria
gravtdez e da maternidade.Os
comportamentos desenraizadosdo
seu contexto, não só podem perdero
seusignificado como podem adquirir
um
significado
novo
e
até, oposto.
Assim
éimprescindível que
teúamos
coúecimento
do significadoatribúdo
a diferentes práticasculturais antes que as
julguemos e
rotulemosde
coerentes ounão, de
negligentes ouvoluntariamente nefastas.
A
graidez, pela
suaimportância paÍa
a
sobreüvência
daespécie, e portanto indispensável à
üda
humana,foi
alvo
temático dos artefactos maisantigos, encontrando-se
em
achados arqueológicos estátuas demulheres "grávidas
degrandes
seios,
de grandes barrigas,
em
locais
espalhadospor
todo
o
Ínundo"
(COLMAN
eCOLMAN,1994)
Efectivamente, e
tal
como refereCOLLIERE, (1989)
"À medida que se constitui avída de urn grupo, nasce todo um
ritual,
toda urnacultura
queprograma
e determina oque se considera bom
ou
rna.u parq. mantera
vtda",
pelo que os cuidados habituais doquotidiano têm as suas raízes nos diferentes hábitos de
vida
nos costumes e nas crengasMestrado em Ecologia Humana - Á imporaôncía do Curso de Preparação para o Parto no deconer do Trabalho de Parto
variável de cultura para cultura,
mudandoao
longo
do
tempono interior
da
mesmacultura, em
deterÍninados contextos culturais as mulheres sãotidas
como poderosas eférteis,
e
nouüos,pelo conhário
as mulheres são vistas comofrágeis,
vulneráveis ournesÍno doentes
(COLMAN
eCOLMAN,1994).
Desde
muito
cedoe
ainda
durantea
gestaçãoos
hiábitosde
üda
das mulheresgráüdas
vão,
de
certa fonna" moldar, impregnar
e
consfuir
o
fundamento
da personalidade de cada novo ser, ou seja, a suafoÍma
de reagir ao mundo exterior, e istoporque, desde os tempos mais remotos da humanidade, os hábitos de
üda
representamtodo um conjunto de maneiras de actuar que
cria
maneiras de ser(COLLIERE,
1989).Assim
sendo, e como é evidente, não encontramosum
comportamento universal eobrigatório,
por
parte da
mãe, masuma
extsma
variabilidadedos
seus sentimentos, segundoo
seu grau decultur4
as suas ambições ou as suas frustrações.As
convicções,os
hábitose
os
costumesde
cadaum
são modeladospela
culturaà
qual
pertencem,revelando-se fundamental compreender
o
significado das diferentes crenças e hábitos devid4
e os comportamentos que originam.Assim,
e de acordo comCOLLIÊRE
(1989),"a
maiorparte
das vezes tanto os hábitos devida,
corno as crenças são construídas apartir
de uma maneira de apreendero
mundo,pelo
queé
tmportante compreender aspessoas no seu contexto de vída e tentar compreendê-los quanto aos costumes, hábttos
de
vida,
crençase
valores".
Nesta perspectiva, cadamulher
éúnica na sua
grairdez,devendo-se prestigiar a diversidade cultural, valorizando-se as diferenças, e afastando a
atitudes etnocêntricas, tão nafurais
e
espontâneas, bem comoo
excesso de informaçãocom que
a
grâvtda normalmente
é
bombardeada,deixando-a
ainda mais
ansiosa(COLMAN
eCOLMAN,
1994).Segundo o mesmo autor,
a
graudez não é uma experiência curta, nem estática, masé
um
tempo de crescimento e de mudança, é simultaneamenteum
enriquecimento e umdesafio.
A
importânciaafribúda
à fertilidade em algumas sociedades indígenas eratal
que,quando uma mulher não podia ter
filhos,
eraffaztda ouüa para os ter em seu nome.A
limitação da natalidade é um problema actual devido essencialmente à explosãodemográfica e à descoberta de novos métodos de regulação da natalidade.
Todas as sociedades regulam
o
direito à
maternidade e tentam"seleccionat''
asmulheres que devem ser mães.