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Planeamento e Ordenamento do Território no município do Barreiro

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Academic year: 2021

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I

Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão do Território, especialização em Planeamento e Ordenamento do Território realizado sob a orientação científica de Prof. Dra. Dulce Pimentel.

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II

Agradecimentos

Desejo agradecer a um conjunto de pessoas que acompanharam o estágio que realizei na Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território da Câmara Municipal do Barreiro e que contribuíram para o meu enriquecimento profissional e pessoal.

À Professora Dra. Dulce Pimentel pela orientação científica, apoio e atenção prestados ao longo da elaboração deste relatório, que me fizeram evoluir e melhorar.

À arquitecta Patrícia Pio pelo apoio e orientação dispensados ao longo do estágio.

Ao arquitecto e chefe de divisão João Paulo Lopes que possibilitou a concretização do estágio em causa, bem como pelo apoio, pelas correcções e acompanhamento dos trabalhos que me permitiram progredir.

À urbanista Ausenda Nunes pelo modo como me auxiliou e transmitiu conhecimento durante os trabalhos que elaborámos em conjunto.

Ao Chefe da Divisão de Informação Geográfica, o engenheiro Manuel Landum pela aprendizagem em AutoCAD MAP e apoio ao longo do trabalho.

À engenheira topógrafa Ana Pereira pelo apoio ao longo do trabalho em AutoCAD MAP.

Ao desenhador Marco Cardoso pela aprendizagem dos comandos básicos em AutoCAD.

Para além das pessoas anteriormente mencionadas, é minha vontade demonstrar gratidão a outras que também me auxiliaram e facilitaram a minha integração na equipa e no local de trabalho, nomeadamente o arquitecto Paulo Galindro, o arquitecto João Marques, a arquitecta paisagista Inês Belchior, o engenheiro do território Milton Gomes, a desenhadora Olga Jorge, o Chefe da Equipa Multidisciplinar das AUGI arquitecto António Pardal, a administrativa Cristina Mendes e o gestor de obras David Pires.

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III

Resumo

Este relatório resulta do estágio desenvolvido no âmbito do Mestrado em Gestão do Território, na especialização em Planeamento e Ordenamento do Território. O estágio desenrolou-se na Câmara Municipal do Barreiro (CMB), um município da Área Metropolitana de Lisboa (AML), mais precisamente da Península de Setúbal, entre Outubro de 2011 e Maio de 2012.

Os objectivos do estágio consistiam no desenvolvimento de competências e na adquisição de conhecimentos na área do planeamento e do ordenamento do território. Aprender a trabalhar numa equipa que desenvolve a sua actividade numa autarquia local era também uma prioridade. Tive oportunidade de trabalhar em várias áreas da especialização em causa, o que valorizou bastante esta experiência.

Durante décadas, o desenvolvimento industrial conferiu ao Barreiro a imagem de um município com fortes níveis de poluição e um rápido crescimento urbano que originaram problemas ambientais e urbanísticos.

No início do estágio foi minha preocupação conhecer melhor o território, identificando um conjunto de pontos fortes e de oportunidades para o futuro. Esta análise SWOT foi realizada a fim de apresentar o território em estudo e enquadrar os projectos seguidamente descritos.

No decorrer do estágio, participei na elaboração de diversos trabalhos no âmbito do Relatório de avaliação da execução do Plano Director Municipal (PDM), da revisão do PDM e das Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI). No Relatório de avaliação da execução do PDM, o trabalho que desenvolvi centrou-se na estrutura do plano, na metodologia de trabalho, assim como nas orientações do Plano Regional de Ordenamento do Território da AML e do Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Península de Setúbal e na construção de uma base de dados sobre os equipamentos de educação. Na revisão do PDM, colaborei na elaboração da planta de estudos urbanísticos, com tarefas ao nível da inserção e identificação dos elementos topográficos, e também na proposta de Estratégia para o Regulamento. No contexto

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IV

dos processos de reconversão, redigi as análises biofísicas para as AUGI Fonte do Feto Sul e Cabeço Verde, ambas localizadas na freguesia de Santo António da Charneca.

Para além destas tarefas, apresentei uma sessão teórica sobre Sistemas de Informação Geográfica e a sua utilização para os técnicos superiores da Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território da CMB.

Palavras-Chave: Barreiro, planeamento e ordenamento do território, Relatório de Avaliação de Execução do Plano Director Municipal, Plano Director Municipal, Áreas Urbanas de Génese Ilegal, Sistemas de Informação Geográfica

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V

Abstract

This academic report results from the work experience, which is requested on the spatial management master degree, specialization in planning and spatial management. It was held at the Barreiro Municipality Council, a Metropolitan area of Lisbon municipality, more precisely in the Setúbal Peninsula, between October 2011 and May 2012.

The goals consisted in developing skills and achieving some knowledge about spatial planning and management and learning how to work in a local municipality team. I had the opportunity to work in different themes of the specialization mentioned, which gave value to my experience.

During decades, the industrial development gave to Barreiro the image of a territory that has high levels of bad air quality and a fast urban growth that resulted in ambient and urban problems.

At the beginning of the work experience, it was my concern to acquire knowledge on the territory. Therefore, I identified strengths and opportunities. This SWOT analysis was written to introduce the territory in study and to contextualize the projects described forward.

Through the work experience, I executed several tasks within projects like the Report on Evaluation of the Municipal Master Plan Implementation, the Municipal Master Plan revision and the Urban Areas of Illegal Genesis. In Report on Evaluation of the Municipal Master Plan Implementation my participation was focused on the plan structure, its methodology, as well as on the guidelines from the Regional Spatial management Plan of Metropolitan area of Lisbon and the Strategic Plan for the Setúbal Peninsula Development and on the construction of a database for the education facilities. In the Municipal Master Plan revision, I collaborated on the urban studies map, inserting and identifying topographic elements, and also on the Strategy proposal to the Regulation. Within the reconversion processes, I drafted the biophysical analyses for the Urban Areas of Illegal Genesis of Fonte do Feto Sul and Cabeço Verde, both located in Santo António da Charneca.

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In addition, I presented a theoretical session about the Geographic Information System and its use for the technicians that work at the Planning and Spatial Management Division from the Barreiro Municipality Council.

Keywords: Barreiro, planning and spatial management, Report on Evaluation of the Municipal Master Plan Implementation, Municipal Master Plan, Urban Areas of Illegal Genesis, Geographic Information System

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VII

Índice

Agradecimentos………..……II Resumo/Abtract……….III 1.Introdução ... 1 2. Objectivos do estágio ... 3

3. Apresentação da instituição de acolhimento – Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território/Câmara Municipal do Barreiro ... 4

4. Enquadramento e contextualização da área de estudo ... 6

4.1. Localização do município do Barreiro... 6

4.2. O Barreiro no presente e no futuro: análise SWOT…..………..………7

5. Actividades desenvolvidas durante o estágio ... 26

5.1. Relatório de avaliação da execução do Plano Director Municipal ... 27

5.2. Revisão do Plano Director Municipal... 34

5.3. Áreas Urbanas de Génese Ilegal ... 36

5.4. Sistemas de Informação Geográfica – sessão teórica ... 46

6. Considerações finais……….47

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VIII

Índice de figuras

Figura 1 – Enquadramento geográfico do município do Barreiro……….6

Figura 2 – Freguesias do município do Barreiro………..……….6

Figura 3 – Localização geográfica do Parque Empresarial da Quimiparque e da Zona Industrial de Coina……….………7

Figura 4 – Fotografia aérea do Parque Empresarial da Quimiparque……….9

Figura 5 – Enquadramento geográfico da Mata Nacional da Machada……….9

Figura 6 – Sapal do Rio Coina, elemento natural rico em diversidade de fauna e flora………10

Figura 7 – Fotografia aérea do Estuário do Tejo………..………….10

Figura 8 – Rede Ecológica Metropolitana da AML………..………….11

Figura 9 – Pórtico da antiga Igreja de Palhais………..………12

Figura 10 – Duração média das deslocações pendulares na AML (1991 e 2001)…...……13

Figura 11 – Índice de envelhecimento do Barreiro, da PS e da AML (1991, 2001 e 2011)…...……….……14

Figura 12 - Evolução da população do município do Barreiro………..15

Figura 13 – Pirâmide etária da AML e do município do Barreiro (1991)………..………17

Figura 14 – Pirâmide etária da AML e do município do Barreiro (2001)…………..………..17

Figura 15 – Grupos etários da AML e do município do Barreiro (2011)……….18

Figura 16 – Taxa de crescimento migratório do Barreiro, PS e AML (1992, 2001, 2010)……….19

Figura 17 – Percentagem de população, por nível de instrução (2001)……….…..…20

Figura 18 – Percentagem de população, por nível de instrução (2011)………..….20

Figura 19 – Época de construção predominante dos edifícios, por freguesia………22

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IX

Figura 21 – Diagrama da rede dos Transportes Colectivos do Barreiro (TCB)……….25

Figura 22 – Sistema de Gestão Territorial………..…………26

Figura 23 – Processo de planeamento………..29

Figura 24 – “ID” e “Descrição” do Processo DP 7 – Alburrica………35

Figura 25 – AUGI por tipo de processo de reconversão……….………..39

Figura 26 – Existência de infra-estruturas nas AUGI………40

Figura 27 – Enquadramento das AUGI Fonte do Feto Sul e Cabeço Verde………..………..41

Figura 28 – AUGI Fonte do Feto Sul……….42

Figura 29 – AUGI Cabeço Verde……….43

Índice de tabelas

Tabela 1 – Análise SWOT do município do Barreiro……….………….8

Tabela 2 – População residente total e variação da população………..…………16

Tabela 3 – Densidade populacional (1991 e 2011)……….……….16

Tabela 4 – Época de construção dos edifícios do Barreiro……….………21

Tabela 5 – Número e taxa de variação dos alojamentos vagos (1991, 2001 e 2011)……….……..…….23

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1. Introdução

O presente relatório vem cumprir os requisitos do regulamento da componente não lectiva dos cursos de mestrado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (UNL).

A escolha do estágio curricular prende-se não só com o contexto económico actual e a dificuldade em encontrar oportunidades de emprego, mas também pela valorização da experiência e da aquisição das competências na área de formação académica.

O estágio decorreu na Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território, do Departamento de Planeamento e Gestão Urbana da Câmara Municipal do Barreiro, entre Outubro de 2011 e Maio de 2012, tendo tido a duração de 800 horas.

Ao longo destes meses, fui inserida na equipa de técnicos da Divisão, tendo ocupado funções nas diferentes áreas da gestão, planeamento e ordenamento do território, concretamente no âmbito do Plano Director Municipal (revisão e avaliação), da reconversão, dos sistemas de informação geográfica e de outros projectos com relevância à escala municipal, como é o caso da rede de equipamentos de educação.

O corpo de texto do relatório é constituído por duas partes principais. A primeira incide sobre a descrição da área de estudo, ou seja, o município do Barreiro, integrando a localização geográfica, assim como a caracterização do mesmo. A segunda parte contém a enumeração e a explicação das actividades desenvolvidas durante o estágio.

Com o intuito de conhecer a realidade do município comecei por realizar uma análise SWOT onde se identificam os pontos fortes e fracos e ainda potencialidades e ameaças futuras ao seu desenvolvimento.

A indústria, a ausência de planeamento do território e os erros urbanísticos ocorridos no passado originaram problemas ambientais e urbanísticos. Neste sentido, tem sido necessário melhorar a qualidade do ar e do rio e concretizar os planos de reconversão de algumas áreas urbanas. São, contudo, de destacar elementos naturais e paisagísticos de importância regional, como a frente ribeirinha, o sapal e várzea de Coina e a Mata Nacional da Machada. A localização estratégica do Parque Empresarial

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da Quimiparque e da Zona Industrial de Coina, os principais pólos de emprego industrial, constituem, também, um ponto forte para o município. A existência de infra-estruturas e a construção de novas, como é o caso da Terceira Travessia do Tejo, que assegurará a ligação entre Barreiro e Chelas (Lisboa), e o Novo Aeroporto de Lisboa, são elementos essenciais ao desenvolvimento territorial.

Durante o estágio, tive a oportunidade de participar na elaboração do Relatório de avaliação da execução do PDM, através da realização da estrutura do plano, da metodologia de trabalho, do enquadramento das orientações do Plano Regional de Ordenamento do Território da AML e do Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Península de Setúbal para o Barreiro e ainda na construção de uma base de dados sobre os equipamentos de educação. Esta base de dados serviria também para o relatório comparativo entre as propostas de equipamentos de educação do PDM e da Carta Educativa. No processo de revisão do PDM, colaborei na elaboração da planta de estudos urbanísticos, tendo inserido e identificado os elementos topográficos, bem como na proposta de Estratégia para o Regulamento. Nos estudos urbanísticos de reconversão das AUGI, redigi as análises biofísicas para duas AUGI - Fonte do Feto Sul e Cabeço Verde - que se localizam no Sul do município, na freguesia de Santo António da Charneca.

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2. Objectivos do estágio

Como principais objectivos do estágio, podem ser mencionados os seguintes pontos:

- Pôr em prática os conhecimentos adquiridos na licenciatura, bem como na parte curricular (1º ano) do mestrado;

- Desenvolver competências como técnica superior de planeamento e ordenamento do território integrada numa equipa multidisciplinar;

- Adquirir conhecimentos e métodos de trabalho que facilitem a integração técnica e profissional na área do planeamento e ordenamento do território;

- Aprender a lidar com os problemas que possam surgir durante a elaboração de planos ou projectos de âmbito municipal;

- Desenvolver tarefas em diferentes áreas do planeamento:

- Sistemas de Informação Geográfica,

- Caracterização da(s) componente(s) biofísica,

- Estratégia para o regulamento da revisão do PDM,

- Relatório de Avaliação do Estado do Ordenamento do Território;

- Conhecer a dinâmica de funcionamento de uma divisão de planeamento e ordenamento do território de uma Câmara Municipal da Área Metropolitana de Lisboa;

- Evoluir enquanto profissional da área de planeamento e ordenamento do território;

- Demonstrar a versatilidade da formação de um geógrafo. A geografia, ciência que estuda a relação entre o Homem e o meio, permite aos indivíduos ganharem uma visão diferente sobre o território e o que nele ocorre. A sua área de estudo incide não só nas questões e fenómenos naturais e humanos, como na área do planeamento e ordenamento do território e ainda dos sistemas de informação geográfica e detecção remota. Deste modo, o seu papel é importante em equipas multidisciplinares, como as de planeamento do território.

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3. Apresentação da instituição de acolhimento – Divisão de

Planeamento e Ordenamento do Território/Câmara Municipal

do Barreiro

A Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território (DPOT) pertence ao Departamento de Planeamento e Gestão Urbana da Câmara Municipal do Barreiro. No âmbito do estágio, fui inserida na equipa técnica da Divisão, ficando incumbida de funções em alguns dos projectos em curso, que serão mencionados adiante com mais pormenor. As funções desempenhadas enquadram-se na área de especialização de planeamento e ordenamento do território.

A estrutura orgânica da Câmara Municipal adoptou um modelo misto e hierarquizado, existindo Serviços e Gabinetes de Assessoria e Apoio à Gestão, ou seja, departamentos e as respectivas divisões, e ainda subunidades orgânicas, gerais e secretarias departamentais. Enquanto os Departamentos se caracterizam por ser “unidades orgânicas de carácter permanente” e são chefiados por um Director, “integrando funções de âmbito operativo e institucional e constituindo, fundamentalmente, unidades de planeamento, direcção e gestão de recursos”, “as Divisões são unidades orgânicas de carácter temporário, chefiadas por um Chefe de Divisão, integrando competências de âmbito operativo e instrumental” (Despacho nº 19391/2010).

As funções do Departamento de Planeamento e Gestão Urbana são especificadas no Artigo 7.º, ANEXO I, do mesmo Despacho, sendo que, no essencial, o departamento deverá desenvolver acções e projectos no âmbito da gestão urbanística e do planeamento e ordenamento do território, tendo em conta o Plano Director Municipal em vigor.

No que diz respeito à Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território, é possível verificar no Artigo 31.º, CAPÍTULO IX, ANEXO II, do mesmo Despacho, que as suas funções consistem em:

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- Elaborar estudos, projectos e planos de planeamento e ordenamento do território;

- Promover acções de planeamento e ordenamento, tendo em vista o desenvolvimento do município.

As actividades desenvolvidas na Divisão centram-se, essencialmente, na revisão do Plano Director Municipal, trabalhando, nomeadamente, na cartografia de riscos, de servidões e de ordenamento e no regulamento. Para além disto, os técnicos da DPOT foram ainda chamados a elaborar projectos relacionados com a mobilidade e as hortas urbanas.

O Departamento é constituído por técnicos de várias formações académicas e técnicas, sendo que a sua maioria é composta por arquitectos. Na Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território, existem quatro arquitectos, incluindo o chefe de Divisão arquitecto João Paulo Lopes, uma arquitecta paisagista, uma

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Figura 1 – Enquadramento geográfico do município do Barreiro

Fonte: CAOP. Elaboração própria

4. Enquadramento e contextualização da área de estudo

4.1. Localização do município do Barreiro

O município do Barreiro localiza-se geograficamente na Área Metropolitana de Lisboa (Figura 1), pertencendo à NUT II Região de Lisboa e à NUT III sub-região Península de Setúbal, integrando, também, o distrito de Setúbal. O município em causa faz fronteira a Este com o município da Moita, a Sudeste com o de Palmela e a Sul com o de Setúbal, assim como com os municípios de Sesimbra a Sudoeste, e do Seixal, separado fisicamente pelo Rio Coina, a Oeste e a Norte com o Estuário do Rio Tejo.

O município do Barreiro tem uma área de, aproximadamente, 31,6 km² e divide-se em 8 freguesias - Alto do Seixalinho, Barreiro, Coina, Lavradio, Palhais, Santo André, Santo António da Charneca e Verderena (Figura 2).

Figura 2 – Freguesias do município do Barreiro Fonte: CAOP. Elaboração própria

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4.2. O Barreiro no presente e no futuro: análise SWOT

No âmbito da elaboração deste relatório, torna-se necessário apresentar a realidade do território em estudo. Deste modo, optei pela elaboração de uma análise SWOT com o intuito de apresentar as características principais do município do Barreiro, importantes para compreender os trabalhos desenvolvidos e que serão adiante objecto de explicação mais detalhada. Esta análise foi elaborada com base no conhecimento adquirido ao longo do estágio e na leitura de análises SWOT preliminares, realizadas no processo de revisão do PDM.

A análise SWOT consiste numa síntese da caracterização do território, apontando os seus pontos fortes (Strenghts) e pontos fracos (Weakenesses), à escala interna, assim como as oportunidades (Opportunities) e ameças (Treats) externas, com que o município se depara ou pode vir a enfrentar, e que influenciam ou podem vir a influenciar o território municipal (Tabela 1).

O Barreiro, município ribeirinho do Tejo, localiza-se no centro da AML. Esta posição favoreceu o seu desenvolvimento industrial nos anos 40 e seguintes do século XX. Actualmente, e apesar das profundas alterações no tecido industrial ocorridas nas últimas décadas, o Parque Empresarial da Quimiparque e a Zona Industrial de Coina, localizada no centro da Península de Setúbal, constituem os principais pólos industriais, criando emprego e atraindo indivíduos e empresas (Figuras 3 e 4).

Figura 3 – Localização geográfica do Parque Empresarial da Quimiparque e da Zona Industrial de Coina

Fonte: CM Barreio 0 1 km

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Pontos fortes Pontos fracos

Localização geográfica estratégica Poluição do ar e do estuário do Tejo Frente ribeirinha Subaproveitamento da zona ribeirinha Mata Nacional da Machada Elevado número de fogos vagos no Barreiro

“Velho”

Sapal e Várzea de Coina Áreas Urbanas de Génese Ilegal Áreas de montado de sobro Decréscimo da população Criação da Estrutura Ecológica Municipal Envelhecimento da população Património histórico “Dormitório” de Lisboa Elevado número de colectividades e

associações

Rede de transportes (TCB)

Oportunidades Ameaças

Quimiparque e Coina como pólos de desenvolvimento de indústria

Imagem industrial Coina e Quimiparque como centros de

emprego

Deficiente mobilidade aos municípios vizinhos, principalmente ao Seixal Localização estratégica de Coina à escala da

Península de Setúbal

A não concretização de projectos (ex.: TTT, NAL)

Estuário do Tejo

Ligação fluvial a Lisboa

Construção do IC 32 (ligação entre Almada e Montijo/Alcochete)

Construção da ligação rodoviária entre Barreiro e Seixal

Construção do Metro Sul do Tejo (MTS) Construção da Terceira Travessia do Tejo Construção do Novo Aeroporto de Lisboa

Tabela 1 – Análise SWOT do município do Barreiro

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Figura 4 – Fotografia aérea do Parque Empresarial da Quimiparque Fonte: http://www.skyscrapercity.com

Figura 5 – Enquadramento geográfico da Mata Nacional da Machada

Fonte: imagem retida do Google Earth, 2012

A zona ribeirinha com uma extensão de 17 km é, sem dúvida um ponto forte, não só pelo enquadramento paisagístico no estuário do Tejo, que permite uma das melhores vistas de Lisboa, mas também pelas actividades económicas e recreativas que aí se podem desenvolver. Integra o projecto do Arco Ribeirinho Sul conjuntamente com os municípios de Almada e Seixal, projecto que inclui a reconversão da área da Quimiparque. No entanto, embora já no PDM,

aprovado em 1994, se alertasse para a importância da fruição destas áreas, o facto é que continuam subaproveitadas, não obstante terem sido realizados alguns investimentos e articulada a sua valorização com o município vizinho da Moita. A concretização do projecto do Arco Ribeirinho Sul revela-se necessária para a melhoria da qualidade ambiental e de vida

das populações, mas está fortemente

condicionada pelas restrições orçamentais decorrentes da actual crise económica. A Mata Nacional da Machada, que ocupa uma área de

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cerca de 386 hectares e constitui a maior área florestal do município, sendo por isso considerada o “pulmão” da cidade (Figura 5), tal como o Sapal, a Várzea de Coina (Figura 6) e Estuário do Tejo (Figura 7) são elementos de importância ambiental, natural e paisagística de interesse municipal e regional.

As áreas de montado de sobro, com maior expressão no Sul do município, comprovam um passado relacionado com a cortiça, ainda que hoje em dia esta indústria tenha perdido relevância na região. A indústria da cortiça surgiu por volta do ano de 1865, devido à instalação do caminho-de-ferro. Em 1890, existiam no Barreiro duas corticeiras - a Garrelon & Cª, na Rua Miguel Pais, e a de João Reynolds, nas Lezírias - que contavam com 68 trabalhadores. Nesse mesmo ano são criados o Sindicato Nacional e a Associação dos Operários Corticeiros do Barreiro. Já nos anos 20 do século passado, existiam 40 fábricas, que empregavam cerca de 1/3 da população

Figura 7 – Fotografia aérea do Estuário do Tejo

Fonte: http://salvador-nautico.blogspot.pt

Figura 6 – Sapal do Rio Coina, elemento natural rico em diversidade de fauna e flora

Fonte:

http://noticias.ipts.org/2012/02/sapal-rio-coina

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activa do Barreiro. Posteriormente, a procura de cortiça decresce, em particular, com o aparecimento de materiais como o plástico. Desde meados do século XX, a indústria corticeira não voltou a ganhar notoriedade no município. Actualmente, existe apenas uma sociedade – a Sociedade Nacional de Cortiças – fundada pela família Reynolds na Quinta Braamcamp, que se localiza no Norte do Barreiro (Reservas Museológicas do Barreiro).

A Estrutura Ecológica Municipal, ainda em elaboração, e também a Rede Ecológica Metropolitana integram algumas áreas verdes do município, o que demonstra a importância natural dessas áreas no contexto da AML (Figura 8).

De origem antiga, o Barreiro possui igualmente património histórico de relevância e importância supra-municipal, que deverá ser salvaguardado e valorizado. É o caso dos moinhos de maré construídos entre o século XV e o século XVI, embora não estejam classificados pelo Igespar, e da Real Fábrica de Vidros de Coina, fundada em 1719, tendo, mais tarde, sido transferida para a Marinha Grande. Outros exemplos

Figura 8 – Rede Ecológica Metropolitana da AML Fonte: PROT AML (2002; 62)

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são o pórtico manuelino da Igreja de Nossa Senhora da Graça de Palhais, cuja construção terminou nos finais do século XV (Figura 9), o Convento da Madre de Deus da Verderena, construído entre 1591 e 1609, e a Igreja da Misericórdia do Barreiro, fundada em 1569, através do restauro de instalações de uma antiga albergaria, o que lhe conferiu importância arquitectónica.

Outro ponto forte diz respeito à existência de um elevado número de colectividades e associações, elementos de integração e coesão social vitais ao desenvolvimento do território no passado e que continuam a existir na generalidade dos municípios da Península de Setúbal.

A mobilidade no município, do ponto de vista do modo de transporte público, é assegurada, maioritariamente, pelos Transportes Colectivos do Barreiro (TCB). A existência destes transportes públicos urbanos é responsável pela menor actuação da rede de autocarros da empresa Transportes Sul do Tejo (TST), que garante a maioria dos percursos aos habitantes da Península de Setúbal. Este facto acaba por ser reflectir na carência de boas ligações entre o Barreiro e os municípios vizinhos, favorecendo, deste modo a utilização do Transporte Individual (TI). Tanto em 1991, como em 2001,

Figura 9 – Pórtico da antiga Igreja de Palhais Fonte: www.igespar.pt

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o Barreiro foi dos municípios da AML com maior duração média dos movimentos pendulares, ultrapassando os 40 minutos (Figura 10).

Em 2001, 47% dos movimentos pendulares eram internos, 34% tinham como destino a Grande Lisboa e 17% a Península de Setúbal, sendo que os restantes 2% correspondem a destinos fora da AML, o que demonstra uma grande dependência do emprego no exterior do município, em destaque para Lisboa. No ano de 1991, 43,4% da população residente no Barreiro utilizou os TC nas suas deslocações para o trabalho ou escola, 14% os TI, 22,3% deslocou-se a pé e 20,3% utilizou outro modo de transporte. Dez anos mais tarde, denota-se o incremento do TI. Este modo de transporte foi utilizado por 34,2% da população, 32,3% optou pelos TC, 16,9% deslocou-se a pé e 16,6% elegeu outro tipo de transporte.

No contexto da AML, a ligação fluvial entre Barreiro e Lisboa assegurava, em 2001, 47% das deslocações com destino à cidade de Lisboa.

Relativamente aos pontos fracos existentes no município do Barreiro, destacam-se, essencialmente, aspectos socio-demográficos e urbanísticos.

Figura 10 – Duração média das deslocações pendulares na AML (1991 e 2001) Fonte:INE – “Destaque do INE, Movimentos pendulares na Área Metropolitana de Lisboa” (2003;6)

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As questões ambientais mais preocupantes dizem respeito à poluição que a Quimiparque liberta para o ar e para o Estuário do Tejo. Embora os níveis de poluição tenham reduzido bastante nas últimas décadas, o município continua a ter uma imagem industrial, pouco atractiva, pelo que a actuação da Autarquia é, também, neste domínio, essencial. Dados recentes (estudo de um grupo de investigação da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, 2008) revelam que o Barreiro tem níveis de qualidade do ar idênticos aos de outras cidades com indústria e tráfego intenso e a Autoridade Portuguesa do Ambiente divulgou, no seu relatório de 2010, que as excedências de ozono libertadas estão dentro dos limites permitidos.

Inserido na área metropolitana mais dinâmica e povoada do país, o Barreiro tem sido incapaz de contrariar, nas últimas décadas, a progressiva perda demográfica, ainda que atenuada entre 2001 e 2011, o que é acompanhada de alterações significativas na composição da população. Em duas décadas, o índice de envelhecimento mais do que duplicou. Em 1991 era de 71,4, enquanto na Península de Setúbal era de 60,7 e na AML de 72,6, alcançando, em 2001, os valores de 122,2 no Barreiro, de 93,8 na PS e de 104,1 na AML, ou seja, o município em estudo já detinha no início do século XXI uma população mais envelhecida do que a da PS e da AML. Os resultados provisórios do último recenseamento mostram que em 2011 o Barreiro continua a apresentar os valores mais elevados, com um índice de envelhecimento de 152, enquanto na PS era de 114 e de 118 na AML (Figura 11).

Figura 11 – Índice de envelhecimento do Barreiro, da PS e da AML (1991, 2001 e 2011) Fonte: INE

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Considerando um período relativamente longo de cinquenta anos, a evolução demográfica do município do Barreiro evidencia duas fases distintas: a primeira de grande crescimento entre 1960 e 1981, ano em que ultrapassou os 88 000 habitantes; a segunda, que corresponde aos últimos trinta anos, de decréscimo, mais acentuado na década de 90 (Figura 12). Oincremento de cerca de 150%, observando as primeiras décadas da segunda metade do século XX, deveu-se à atracção de populações, oriundas sobretudo do Alentejo e das Beiras, na sequência do grande surto industrial que favoreceu a suburbanização das periferias de Lisboa. Também a chegada de novos residentes vindos das antigas colónias Portuguesas em África contribuíram para a manutenção do crescimento destas áreas no final dos anos 70.

A partir da década de 1980, a população do município tem diminuído progressivamente - 85 768 habitantes, em 1991, cerca de 79 000, em 2001 - e, segundo os dados provisórios dos Censos de 2011, foram contabilizados 78 764 residentes, ou seja, nos últimos vinte anos, o município perdeu cerca de 8% dos seus residentes, embora o declínio se tenha atenuado na última década. Estes números evidenciam o de o Barreiro não estar a acompanhar a tendência de crescimento da população observada entre 2001 e 2011, tanto na Península de Setúbal, como na Área Metropolitana de Lisboa (Tabela 2). No contexto metropolitano, este é, aliás, à semelhança do que sucede nos municípios de Lisboa e da Amadora, na margem Norte,

Figura 12 - Evolução da população do município do Barreiro Fonte: INE

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o único município da margem Sul que perdeu população.

O Barreiro é um município densamente povoado. Em 1991, a densidade populacional era quase tripla da média da AML e quíntupla da PS (Tabela 3). Internamente, a Verderena era a freguesia com a densidade mais elevada, enquanto a de Palhais apresenta a densidade mais baixa, conservando algumas características rurais e um tipo de povoamento mais disperso. Em 2011, segundo dados provisórios do último recenseamento, o Barreiro continuava a apresentar os valores mais elevados. Todavia, os valores da AML e da PS aumentaram. Palhais continua a ser a freguesia com menor densidade populacional e Alto do Seixalinho a que detém os valores mais elevados.

Unidade Territorial 1991 (hab/km²) 2011 (hab/km²)

AML 898 940 Península de Setúbal 405 480 Barreiro (município) 2 680 2 164 Barreiro 3 569 2 009 Lavradio 4 492 3 582 Palhais 181 263 Santo André 3 958 2 745 Verderena 24 750 8 289 Alto Seixalinho 13 295 11 386

Santo António da Charneca 1 348 1 499

Coina 276 258

Unidade territorial 1991 2001 2011 Variação

1991-2011 (%)

AML 2 520 708 2 661 850 2 821 699 11,94

Península Setúbal 640 493 714 589 779 373 21,68

Barreiro 85 768 79 012 78 764 - 8,17

Tabela 3 – Densidade populacional (1991 e 2011)

Fonte: INE e Relatórios provisórios da revisão do PDM, 2011. Tabela 2 – População residente total e variação da população Fonte: INE

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Como é possível verificar nas pirâmides etárias elaboradas para os anos de 1991 e 2001, tanto no município do Barreiro, como no conjunto da AML, a população envelheceu, ou seja, a base da pirâmide diminuiu e o topo alargou, ilustrando um duplo processo de envelhecimento (Figuras 13 e 14). Para isto tem contribuído o aumento da esperança média de vida e, sobretudo, a diminuição da taxa de natalidade.

Figura 13 – Pirâmide etária da AML e do município do Barreiro (1991) Fonte: INE

Figura 14 – Pirâmide etária da AML e do município do Barreiro (2001) Fonte: INE

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Em 2011, embora não existam dados para todas as classes etárias, é possível afirmar que a percentagem de jovens é já inferior à dos idosos, denunciado, mais uma vez, o envelhecimento da população, que no Barreiro é, como anteriormente referido, superior ao da AML (Figura 15).

No que diz respeito ao Índice de dependência dos jovens, este era de 22,7 no Barreiro, de 26,3 na Península de Setúbal e de 24,9 na AML, no ano de 1991. No ano de 2010, o índice de dependência dos jovens era de 21,3 no Barreiro, de 24,4 na Península de Setúbal e de 24,7 na Área Metropolitana de Lisboa. Assim, constata-se que o Barreiro tem o índice mais baixo e, portanto, menor número de jovens por cada cem adultos em idade activa. Observando os dados relativos ao índice de dependência dos idosos, este tem vindo a aumentar tanto no Barreiro, como na PS e na AML, fruto do envelhecimento da população. Enquanto em 1991 o Barreiro tinha cerca de 16,2 idosos para cada cem adultos em idade activa, em 2010 esse valor sobe para 30,4. Na Península de Setúbal, em 1991, este índice era de 16 e na AML de 18,1, sendo que em 2010 os valores atingiram os 25,9 idosos por cada cem adultos em idade activa, na PS, e os 27,4, na AML. Estes indicadores reforçam a ideia já transmitida que a população barreirense está a envelhecer e que esse processo se desencadeia de forma mais acelerada do que na região onde se insere.

Figura 15 – Grupos etários da AML e do município do Barreiro (2011) Fonte: INE, dados provisórios dos Recenseamento de 2011

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Analisando os dados sobre o número de estrangeiros que solicitou o estatuto de residente no município do Barreiro, verifica-se que, tal como na AML e na generalidade das regiões portuguesas, a maior parte dos estrangeiros tem origem nos PALOP e no Brasil. O número total de estrangeiros que solicitaram estatuto de residente foi de 305 em 2001, representando 0,4% da população total, e de 495, em 2006, o que se traduz em 0,6% da população residente no município.

Contrariamente ao que aconteceu na PS e na AML, a taxa de crescimento migratório tem sido negativa, denunciando a menor atractividade do município desde a década de 90 (Figura 16). Esta situação, aliada a saldos naturais reduzidos, explicam a recente dinâmica populacional.

O nível médio de escolaridade da população residente no Barreiro é idêntico ao da PS e do conjunto da AML. A excepção reside na percentagem de população com ensino superior em que a AML supera, em 2001, em 3,4 pontos percentuais e, em 2011, em 5,6 pontos percentuais, a percentagem do município barreirense (Figuras 17 e 18).

Os níveis de analfabetismo situam-se abaixo de 6% (dados de 2001), valor semelhante ao registado para a AML e abaixo da média da PS (7%).

Também a redução da taxa de abandono escolar constitui um indicador da melhoria dos níveis médios de escolaridade. Em 1991, a taxa de abandono escolar no

Figura 16 – Taxa de crescimento migratório do Barreiro, PS e AML (1992, 2001, 2010)

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Barreiro era de 3,89%, na Península de Setúbal era de 5,33% e na AML era de 5,17%. Já no ano de 2001, a taxa descrita era de 2,17% no Barreiro, de 2,03% na Península de Setúbal e de 1,89% na AML, apresentando o valor mais baixo.

A taxa de desemprego apresenta valores distintos nas diferentes áreas. Em 2001, segundo dados do Censo, o município do Barreiro tinha uma taxa de desemprego de 9,5%, a mais elevada, enquanto a média na Península de Setúbal era de 8,9% e na AML de 7,5%. Segundo o portal PORDATA, o número de desempregados nesse ano seria de 3 753, valor que sobe para 4 690 em Agosto de 2012 (IEFP). Uma vez que este número se refere aos inscritos nos centros de emprego, é expectável que

Figura 17 – Percentagem de população, por nível de instrução (2001) Fonte: INE

Figura 18 – Percentagem de população, por nível de instrução (2011) Fonte: INE

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a taxa de desemprego tenha atingido os dois dígitos, seguindo a tendência aliás a tendência nacional.

O Barreiro, tal como a maior parte dos municípios da Península de Setúbal próximos de Lisboa, como o Seixal e Almada, é considerado um município “dormitório”. A proporção da população residente que trabalha ou estuda fora do município era de 39,91%, em 1991, e de 52,65%, em 2001. Este aumento verificou-se não só no município, mas também na restante Península de Setúbal, demonstrando a dependência face a Lisboa, principal destino, dos movimentos pendulares da população barreirense.

O crescimento urbano fez-se a partir do núcleo central do Barreiro, pelo que não é de estranhar que seja esta a freguesia em que a época predominante de construção dos edifícios é mais antiga. Por sua vez, Palhais tem a maior proporção de edifícios novos - 43% foram construidos depois de 1991 (Tabela 4 e Figura 19). Num total de 11 000 edifícios, 54,8% localizam-se nas freguesias de Barreiro, Santo António da Charneca e Alto do Seixalinho, enquanto Coina e Palhais são as freguesias com menos edifícios, representando cerca de 6% do parque habitacional do município.

Unidade territorial Antes de 1919 1919-1945 1946-1970 1971-1990 1991-2011 Total edifícios Barreiro (município) 612 869 4100 3319 2108 11 008 Barreiro 444 292 392 311 290 1729 Lavradio 61 52 813 301 215 1442 Palhais 6 38 129 162 253 588 Sto André 16 76 553 599 327 1571 Verderena 8 37 459 273 47 824 Alto Seixalinho 14 131 891 492 189 1717 Sto Ant. da Charneca 35 166 605 1066 716 2588 Coina 28 77 258 115 71 549

Tabela 4 – Época de construção dos edifícios do Barreiro Fonte: INE

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A dinâmica construtiva tem sido nitidamente superior à evolução da população residente, verificando-se um acréscimo de 22% no número de alojamentos nos últimos anos (10,3% entre 2001 e 2011). Consequentemente, também o número de alojamentos vagos tem aumentado (Tabela 5). No entanto, entre 2001 e 2011 houve uma alteração desta tendência em três das freguesias, principalmente na freguesia do Lavradio. Esta problemática pode ter consequências no património, sendo que o abandono dos alojamentos propicia a degradação dos edifícios.

Figura 19 – Época de construção predominante dos edifícios, por freguesia Fonte: Relatórios provisórios da revisão do PDM, 2011

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23 Unidades territorial 1991 2001 2011 Variação 1991-2001 (%) Variação 2001-2011 (%) Barreiro (município) 2802 5339 5212 90,54 -2,38 Barreiro 649 989 1228 52,39 24,17 Lavradio 401 1269 711 216,46 -43,97 Palhais 40 66 96 65 45,45 Sto André 318 618 568 94,34 -8,09 Verderena 320 537 484 67,81 -9,87 Alto Seixalinho 699 1191 1462 70,39 22,75 Sto Ant. Charneca 324 605 546 86,73 -9,75 Coina 64 64 117 25,49 82,81

Uma dos problemas com que o planeamento e ordenamento do território se deparam são Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI). Estas áreas surgiram, na maioria dos municípios da Península de Setúbal, a partir da década de 60, com as migrações da população rural para as cidades, em busca de melhores condições de vida e da vinda de Portugueses das ex-colónias em África, aquando da sua descolonização.

No Barreiro, existem trinta e seis AUGI, constituindo um dos problemas urbanísticos do município. A Autarquia tem feito um esforço no sentido de melhorar as condições urbanísticas e sociais destas áreas e algumas já se encontram em processo de reconversão.

Tabela 5 – Número e taxa de variação dos alojamentos vagos (1991, 2001 e 2011) Fonte: INE e Relatórios provisórios da revisão do PDM, 2011

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Figura 20 – Antiga ponte férrea que ligava o Barreiro ao Seixal Fonte: http://barreiro-e-arredores.blogspot.pt

O município tem-se deparado com a elaboração de projectos de importância regional e nacional, que poderão beneficiar o Barreiro.

A construção de determinadas infra-estruturas poderá influenciar, positivamente, a realidade do território municipal, sendo estas a construção do IC 32, que faz a ligação entre Almada e Montijo/Alcochete (inaugurado recentemente), e da ligação Barreiro-Seixal, que existira entre 1923 e 1969 (Figura 20), tendo o tráfico (ferroviário) sido suspenso devido à colisão de um navio. O Metro Sul do Tejo fará ligação com os municípios do Seixal e de Almada, onde este modo de transporte já existe. Pretende-se ainda construir a Terceira Travessia do Tejo (TTT), que ligará Chelas e Barreiro, mais precisamente à zona industrial da Quimiparque, cuja zona possui um plano de urbanização. O Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), dada a proximidade a Alcochete, poderá influenciar economicamente o município, resultando no aumento do custo do solo e do número de potenciais visitantes.

A fraca rede de transportes colectivos nas ligações com os municípios vizinhos, principalmente com o município do Seixal, constitui uma ameaça. Tal como foi mencionado anteriormente, esta deve-se à reduzida abrangência territorial da

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principal rede de transportes públicos (TST) e falta de percursos dos TCB para além dos limites do município. O transporte mais utilizado nos movimentos inter-concelhios é o automóvel, enquanto no que diz respeito aos movimentos intra-concelhios é o autocarro, dada a cobertura territorial dos Transportes Colectivos do Barreiro (Figura 21), que satisfazem a maioria das necessidades dos residentes. Esta entidade surge em 1957, assegurando hoje mais de mil viagens por dia e transportando, por ano, cerca de vinte milhões de passageiros. Actualmente, a frota é constituída por setenta e quatro autocarros.

Figura 21 – Diagrama da rede dos Transportes Colectivos do Barreiro (TCB) Fonte: https://www.facebook.com/pages/Transportes-Colectivos-do-Barreiro

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Figura 22 – Sistema de Gestão Territorial

Fonte: Caldeira, Josué – “As Grandes Opções da LBPOTU e a Agenda necessária à constituição e consolidação do Sistema de Gestão Territorial” (2008:7)

5. Actividades desenvolvidas durante o estágio

Durante cerca de sete meses foram elaborados diversos trabalhos na área do planeamento e do ordenamento do território. Este facto constitui uma mais-valia para a formação e enriquecimento profissional, enquanto geógrafa a iniciar os primeiros contactos com o mercado de trabalho.

O Ordenamento do território, disciplina central deste relatório, consiste em reforçar a coesão territorial, ordenar e organizar o território e assegurar a igualdade de acesso dos cidadãos aos diversos equipamentos, infra-estruturas e serviços (Lei nº48/98, 11 de Agosto). Este é assegurado pelo Sistema de Gestão Territorial que define e caracteriza os Instrumentos de Gestão Territorial nas diferentes escalas, que se relacionam entre si. Assim, existem os instrumentos de desenvolvimento territorial e os de planeamento territorial, bem como os de política sectorial e ainda os de natureza especial (Figura 22).

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27 Os instrumentos de desenvolvimento territorial, de natureza estratégica, traduzem as grandes orientações para o modelo organizacional do território, que devem ser tidas em conta pelos instrumentos de hierarquia inferior. Os segundos instrumentos mencionados, os instrumentos de planeamento territorial, são de natureza regulamentar e estabelecem o regime de uso do solo à escala local. Já os instrumentos de política sectorial abrangem planos ou políticas dos vários e diferentes sectores que tenham incidência no território. Por fim, os instrumentos de natureza especial salvaguardam territórios com importância nacional do ponto de vista ambiental (Tabela 6).

Instrumentos de desenvolvimento territorial Programa Nacional de Política de

Ordenamento do Território

Plano Regional de Ordenamento do Território Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território

Instrumentos de planeamento territorial Planos Municipais de Ordenamento do

Território: Plano Director Municipal, Plano de Urbanização e Plano de Pormenor

Instrumentos de política sectorial Plano Rodoviário Nacional

Plano Nacional da Água

Plano Estratégico Nacional do Turismo

Instrumentos de natureza especial Plano de Ordenamento da Orla Costeira

Plano de Ordenamento das Albufeiras de Águas Públicas

Plano de Ordenamento de Estuário

Tabela 6 – Instrumentos de Gestão Territorial Fonte: Lei nº 48/98, de 11 de Agosto

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5.1. Relatório de avaliação da execução do Plano Director Municipal

O Plano Director Municipal de primeira geração do município do Barreiro foi aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 26/94, de 4 de Maio.

Este plano, de elaboração obrigatória, estabelece a estratégia de desenvolvimento e a política de ordenamento do território e de urbanismo para o município, tendo em conta as orientações estabelecidas pelos instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional e regional. Insere-se nos instrumentos de planeamento territorial, “de natureza regulamentar, que estabelecem o regime de uso do solo, definindo modelos de evolução da ocupação humana e da organização de redes e sistemas urbanos e, na escala adequada, parâmetros de aproveitamento do solo” (Artigo 8º, CAPITULO II, Lei nº 48/98, 11 de Agosto).

O relatório do PDM do Barreiro é composto por objectivos de desenvolvimento e por um capítulo denominado Ordenamento que se subdivide em Objectivos gerais, Estrutura Urbana - em que o município é dividido pelas grandes áreas - Acessibilidades, Actividades Económicas, Estrutura Verde, Quantitativos populacionais - por Unidade Operativa de Planeamento e Gestão, por freguesia e por classe de espaços - Equipamentos e Infra-estruturas. Os objectivos de desenvolvimento do PDM de 1994 são os seguintes:

- Melhorar a posição económica do Barreiro à escala da Península de Setúbal;

- Requalificar os espaços residenciais e reconverter os espaços industriais no sentido de atrair e fixar mão-de-obra qualificada;

- Incentivar a criação de emprego local com o intuito de atenuar a dependência do município face ao mercado de trabalho regional;

- Promover a modernização do tecido económico do município, através de incentivos para a fixação de actividades tecnologicamente avançadas.

Decorridos quase vinte anos, o plano encontra-se, actualmente, em fase de revisão.

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Figura 23 – Processo de planeamento

Fonte: Pereira, Margarida – Dinâmica Urbanística do Município de Palmela. CMP (2003)

O processo de planeamento divide-se em várias fases cíclicas que se desenvolvem num horizonte temporal alargado (Figura 23). Tem início com a decisão de elaboração do plano, sendo que no caso do PDM é obrigatória por Lei. Seguidamente este é elaborado, procedendo-se então à formalização do mesmo e, de seguida, à sua implementação. A monitorização e a avaliação devem ocorrer ao longo de todo o processo, sendo que ao fim de dez anos deve ser elaborada uma revisão do plano em vigor. A avaliação deve ter em conta a evolução dos diferentes indicadores, as acções definidas e o seu grau de concretização e as carências existentes no território. Esta fase é deveras importante, pois não só permite verificar a concretização ou implementação do que é proposto, como serve para analisar os resultados e, se necessário, repensar a estratégia e os objectivos anteriormente definidos. Ao relatório de avaliação da execução do PDM chama-se Relatório de Estado de Ordenamento do Território (REOT).

Na Área Metropolitana de Lisboa alguns municípios, como Amadora, Almada e Lisboa, já elaboraram este documento, embora não exista uma estrutura e

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metodologia definidas. Deste modo, cada autarquia elabora o documento em causa da maneira que entende ser a mais adequada.

O PDM do município do Barreiro encontra-se, como foi referido, em fase de revisão, sendo que, após concurso público, a sua elaboração ficou a cargo da empresa Progitape. Neste contexto, a Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território, da Câmara Municipal do Barreiro está a elaborar o REOT, também designado Relatório de Avaliação da Execução do PDM. Esta acabou por ser a primeira tarefa que me foi atribuída, a preparação do REOT, coadjuvando urbanista a Ausenda Nunes.

Inicialmente, foi feita uma leitura da legislação relativa aos REOT, bem como uma consulta pormenorizada dos REOT elaborados para os municípios da AML já mencionados. A seguir seguiram-se várias reuniões com a urbanista e com o chefe de divisão, Arquitecto João Paulo Lopes, para discutir a proposta de estrutura do relatório e a sua metodologia.

Para a elaboração tanto da estrutura, como da metodologia, foi tida em conta a estrutura do PDM, aprovado em 1994, e os elementos resultantes da pesquisa que desenvolvi em conjunto com a urbanista Ausenda Nunes. Esta pesquisa abrangeu não só os documentos da Divisão, como os de outras Divisões, com o intuito de reunir os dados e informações disponíveis e analisar a necessidade de proceder a outras recolhas.

A estrutura baseava-se em quatro capítulos essenciais, sendo estes a constatação dos objectivos de desenvolvimento e objectivos gerais do PDMB em vigor, os níveis de execução dos mesmos, a identificação de factores de mudança e ainda a definição de novos objectivos de desenvolvimento e identificação de critérios de sustentabilidade.

A fase seguinte consistiu na adaptação das orientações do Plano Regional do Ordenamento do Território (PROT), bem como do Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Península de Setúbal (PEDEPES) para o município do Barreiro. O facto do PROT da Área Metropolitana de Lisboa (AML) ter sido aprovado em 2002 e o PEDEPES em 2004, fez com que o PDM tivesse de ser ajustado, tendo em conta as suas directrizes.

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Ambos os planos pertencem aos instrumentos de desenvolvimento territorial, ou seja, são de natureza estratégica e traduzem as grandes orientações para o modelo organizacional do território, que devem ser tidas em conta pelos instrumentos de âmbito inferior. Os PROT circunscrevem a estratégia para o desenvolvimento regional, seguindo as orientações dos instrumentos a nível nacional e sendo referência para os instrumentos elaborados à escala municipal. Estes são elaborados pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional e aprovados por Resolução de Conselho de Ministros.

A visão estratégica do PROT AML consiste em “Dar dimensão e centralidade europeia e ibérica à AML, espaço privilegiado e qualificado de relações euroatlânticas, com recursos produtivos, científicos e tecnológicos avançados, um património natural, histórico, urbanístico e cultural singular, terra de intercâmbio e singularidade, especialmente atractiva para residir, trabalhar e visitar” (PROT AML, 2002). No PROT AML, o núcleo do Barreiro é classificado como “Centro de Nível Sub-regional” e Coina como “Pólo Industrial e Logístico”, enquanto a parte Norte do município se insere na “Área Urbana a Articular e/ou Qualificar” e a parte Sul enquadra-se na “Área Urbana a Estruturar e Ordenar”. Para a “Área Urbana a Articular e/ou Qualificar”, definiram-se as seguintes acções:

- Reforçar as acessibilidades locais e metropolitanas e proceder à qualificação dos núcleos degradados;

- Definir áreas dedicadas às actividades de recreio e lazer, sem comprometer a salvaguarda dos valores naturais e paisagísticos das zonas ribeirinhas;

- Promover o aumento dos espaços públicos, espaços verdes, espaços para equipamentos e áreas de circulação de peões;

- Promover a reconversão e modernização das áreas industriais obsoletas, privilegiando usos compatíveis com o uso residencial.

Na área classificada como “Área Urbana a Estruturar e Ordenar” as acções definidas foram as seguintes:

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- Definir, tendo em conta a delimitação das Unidade Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG), as estruturas urbanas e a salvaguarda dos valores naturais e culturais;

- Colmatar das carências existentes ao nível dos equipamentos e das infra-estruturas e garantir a qualificação do espaço público e a requalificação urbana;

- As Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI) devem ser uma prioridade.

Foram ainda definidas Unidades Territoriais para a AML. O Barreiro pertence às Unidades “Estuário do Tejo” e “Arco Ribeirinho Sul” e, a Sul, à “Planície Interior Sul”. O “Estuário do Tejo” localiza-se no centro da AML e caracteriza-se pela sua dimensão e pela diversidade de ecossistemas. A Unidade Territorial “Arco Ribeirinho Sul” distingue-se pela ocupação urbana polinucleada, descontínua e desordenada, por áreas industriais obsoletas e ainda por uma fraca acessibilidade interna. No entanto, existem algumas áreas de elevada importância natural. A terceira Unidade, “Planície Interior Sul” compreende o território central da Península de Setúbal, caracterizada pelas boas acessibilidades, mas também pela construção fragmentada e desordenada.

Relativamente aos transportes, de salientar a ligação do “Arco Ribeirinho Sul” através do Metro Sul do Tejo e ainda a possibilidade de construção do novo aeroporto de Lisboa, que poderá trazer benefícios ao município face à proximidade existente. É ainda importante salientar a hipótese da construção de uma ponte entre Chelas e Barreiro, podendo ser incluído o modo ferroviário, com o intuito de melhorar as acessibilidades na Área de Metropolitana de Lisboa.

O PEDEPES é um instrumentos intermunicipal e foi elaborado com o objectivo de melhorar a situação social e económica da Península de Setúbal (PS), sendo que a sua visão consiste em: “reduzir e eliminar a distância que actualmente separa a PS dos indicadores de desenvolvimento da AML, tornando-a numa região mais competitiva, com maior capacidade de crescimento endógeno, menos sujeita aos enormes sacrifícios que os períodos de recessão lhe impunham no passado, contribuindo assim para que assuma o papel de relevo que pode e deve desempenhar na AML, no país e mesmo a nível internacional” (PEDEPES, 2004).

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O modelo de desenvolvimento para a Península baseia-se na “ Promoção da qualidade do território regional”, na “Promoção da coesão do tecido social da PS”, no “Reforço da capacidade do tecido empresarial” e no “Reforço do sistema regional de conhecimento”.

Neste plano foi definida uma hierarquia de pólos urbanos, tendo em conta as suas especializações e a sua importância à escala da Península de Setúbal. Foram definidos dois pólos para o município, o pólo do Barreiro, associado à “Indústria” e a “Equipamentos, Comércio, Serviços”, e o Pólo de Coina, ligado à “Armazenagem e Logística” e, também, à “Indústria”, sendo que no PEDEPES é destacada a posição geográfica estratégica de Coina.

Considerando as Unidades Territoriais estabelecidas no plano, o território municipal pertence à “Frente Urbana do Tejo”, ao “Estuário do Tejo” e ao “Pinhal Novo/Atalaia”. A “Frente Urbana do Tejo” é uma unidade com uma grande pressão urbanística. Pretende-se requalificar a frente ribeirinha, através da criação de uma plataforma logística metropolitana, da promoção de novas indústrias e de estabelecimentos de Investigação e Desenvolvimento. É ainda objectivo proceder à revitalização e à reabilitação dos espaços públicos e à valorização e integração social dos grupos mais desfavorecidos. O “Estuário do Tejo” caracteriza-se pela sua importância natural, sendo importante a sua valorização e protecção, particularmente entre o Barreiro e Alcochete. Por último, a Unidade Territorial “Pinhal Novo/Atalaia” abrange o centro da PS e estende-se até Alcochete, fazendo parte desta o pólo de Pinhal Novo, urbanizado. Esta unidade caracteriza-se pela ausência de planeamento e espaços rurais, com povoamento disperso.

Após a realização do tópico anterior, devido ao facto de não existirem bases de dados ou simples documentos com a informação armazenada e organizada, tomei a iniciativa de criar uma base de dados. A construção desta base de dados veio a ser uma peça importante para o Relatório de Avaliação de Execução do PDM, mas também para o relatório comparativo das propostas da Carta Educativa do município, publicada em 2008, e das propostas do PDM, de 1994, que incidiam sobre os

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escolas, num cenário de forte crescimento da população escolar, enquanto na Carta Educativa há uma visão mais realista, em que, acima de tudo, se valoriza a requalificação e ampliação dos equipamentos escolares existentes.

O relatório da Carta Educativa e o mapa com implantação das propostas de equipamentos escolares constituíram elementos essenciais para a elaboração da base de dados. A base de dados que desenvolvemos engloba as diferentes nomenclaturas das escolas e dos jardins-de-infância, a sua localização e características, como o número de salas, de alunos e de turmas (dependendo dos dados existentes), as propostas que incidiam sobre cada equipamento e a sua concretização. Este processo foi acompanhado e discutido com a equipa de modo a estabelecer o que demais relevante teria de ser incluído neste estudo comparativo.

No que diz respeito às dificuldades encontradas pode referir-se a ausência de descrição textual ou em tabela das propostas do PDM, existindo, apenas, um mapa, não-georreferenciado, com a implantação dos equipamentos. Também a existência de escolas recentes com o mesmo nome de antigas escolas que existiam em locais distintos, dificultou a elaboração da tabela.

Deste modo, a base de dados em causa torna-se numa ferramenta importante para uma melhor avaliação da execução tanto do PDM, como da Carta Educativa. Esta possibilitará um melhor acompanhamento e monitorização das propostas e, consequentemente, uma maior facilidade na elaboração de documentos de propostas para equipamentos de educação.

5.2. Revisão do Plano Director Municipal

As revisões dos PDM de primeira geração têm sido processos bastante morosos e, regra geral, os municípios não têm conseguido aprovar a revisão dentro do horizonte temporal definido por lei, ou seja, dez anos.

A Câmara Municipal do Barreiro encontra-se, neste momento, como referido, em processo de revisão do PDM, em conjunto com a Progitape, empresa de planeamento responsável pela sua elaboração. Neste contexto, foi solicitada a minha

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participação em dois trabalhos - a planta de estudos urbanísticos e a Estratégia para o Regulamento do PDM.

No âmbito da elaboração da planta, coube-me inserir e identificar os elementos topográficos, utilizando o AutoCAD MAP. Por não ter antes trabalhado com este software, foram valiosos os ensinamentos do desenhador Marco Cardoso, que me ensinou as funcionalidades do AutoCAD, e do chefe de Divisão de Informação Geográfica, Eng. Manuel Landum, com quem aprendi a trabalhar em AutoCAD MAP.

Para a execução da tarefa que fui incumbida de realizar, procedeu-se a um conjunto de mecanismos. Primeiramente, isolaram-se os diferentes polígonos, ou seja, criaram-se documentos para as diferentes delimitações dos estudos. De seguida, fez-se a limpeza dos diferentes documentos para assegurar que os desenhos estavam geometricamente correctos, para, então, criar topologias e inserir os elementos, dando-lhes um “ID” e uma “Descrição”. O nome dado à topologia é igual para todos os polígonos, tendo sido escolhido o nome “ESTUDO_URBANISTICOS”, para depois se agregarem num só mapa. Relativamente ao “ID”, é atribuído um número a cada polígono, tendo sido numerados consoante a ordem do número dos processos e a “Descrição” consiste no número do processo, seguido do seu nome, de que se apresenta um exemplo na Figura 24.

Figura 24 – “ID” e “Descrição” do Processo DP 7 – Alburrica Fonte: CM Barreiro

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As dificuldades que surgiram ao longo deste trabalho dizem respeito a erros do software. Após várias tentativas, procurando encontrar soluções, estes erros foram ultrapassados, exportando os ficheiros .dwg para .shp, voltando, depois, a importá-los, de modo a corrigir o erro. Nos documentos em que foi detectado este erro, o exercício teve de ser repetido desde o início.

A definição da estratégia para o regulamento da revisão do PDM foi incumbida à Divisão de Planeamento e Ordenamento do Território. Embora a empresa Progitape esteja encarregue de elaborar a revisão do PDM, o Departamento decidiu contar com a sua equipa de técnicos, onde me integrei, e elaborar um documento orientador.

Numa primeira fase, procedeu-se à leitura de revisões de PDM já aprovadas ou em fase final de elaboração, como o de Lisboa e do Seixal, bem como a estratégia do PDM em vigor no Barreiro. O segundo passo consistiu na elaboração de duas propostas, uma minha e outra da urbanista Ausenda Nunes, que foram discutidas com o chefe de Divisão, tendo resultado uma única proposta estratégica em que se articularam ambas as propostas iniciais. Ao longo da elaboração da estratégia tiveram lugar várias reuniões com o chefe de divisão arquitecto João Paulo Lopes no sentido de melhorar a estratégia para o Regulamento.

A estratégia centra-se na promoção de um desenvolvimento sustentado do Município e da equidade, coesão social e governança, no desenvolvimento económico, através da captação de empresas, na aposta na requalificação do espaço urbano e na valorização ambiental e paisagística e na promoção da coesão territorial.

5.3. Áreas Urbanas de Génese Ilegal

A problemática das Área Urbanas de Génese Ilegal (AUGI) ganhou maior notoriedade aquando da publicação da Lei nº91/95, de 2 de Setembro, tendo esta sido alterada ao longo do tempo, pela Lei nº 165/99, de 14 de Setembro, pela Lei nº 64/2003, de 23 Agosto e pela Lei nº 10/2008, de 20 de Fevereiro.

Segundo o Artigo 1º, do CAPÍTULO I, da Legislação anteriormente mencionada, “consideram-se AUGI os prédios ou conjuntos de prédios contíguos que, sem a competente licença de loteamento, (…) tenham sido objecto de operações físicas de

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parcelamento destinadas à construção até à data da entrada em vigor do Decreto - Lei n.º 400/84, de 31 de Dezembro”. “As câmaras municipais delimitam o perímetro e fixam a modalidade de reconversão das AUGI existentes na área do município, por sua iniciativa ou a requerimento de qualquer interessado, nos termos do artigo 35º” (Artigo 1º, CAPÍTULO I, Lei n.º165/99, de 14 de Setembro, alteração à Lei 91/95, de 2 de Setembro).

Em Portugal, as AUGI começaram a ser foco de atenção na década de 60, embora só bastante mais tarde tenha sido, como referido, redigida legislação específica. As AUGI surgiram na sequência de processos de loteamento e construção ilegal, desencadeados, em grande parte pela pressão urbanística. Foram sobretudo as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto que receberam uma enorme quantidade de população, num curto espaço de tempo, não existindo capacidade de dar resposta à procura existente do ponto de vista de habitação, das infra-estruturas e de equipamentos colectivos.

A falta de habitação e a inexistência de políticas urbanísticas acabaram por facilitar o surgimento de construções clandestinas, geralmente com pouca qualidade e sem infra-estruturas básicas.

Este fenómeno contribuiu para o aumento da mancha urbana, caracterizado pelo seu crescimento irregular, fragmentação territorial e falta de planeamento, apresentando-se, assim, como áreas onde reinam problemas urbanísticos e sociais. O movimento de saída do centro da cidade para a periferia, pelas classes mais desfavorecidas, vem acentuar os problemas e carências já existentes. Face a esta realidade, a problemática das Áreas Urbanas de Génese Ilegal ganhou relevância.

Os processos de reconversão das AUGI tornaram-se, nos últimos vinte anos, numa das prioridades dos municípios numa óptica de reforçar a coesão territorial. A promoção destes processos torna-se vital não só para a melhoria da qualidade de vida da população dos municípios, mas também para melhorar a imagem do município e consequentemente aumentar a sua atractividade.

No município do Barreiro existem trinta e seis AUGI, na sua maioria (vinte e seis) na freguesia de Santo António da Charneca e as restantes dez distribuem-se por

Imagem

Figura  1 – Enquadramento geográfico do  município do Barreiro
Tabela 1 – Análise SWOT do município do Barreiro
Figura  4 – Fotografia aérea do Parque Empresarial da Quimiparque  Fonte: http://www.skyscrapercity.com
Figura 7 – Fotografia aérea do  Estuário do Tejo
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Referências

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