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O ensino e aprendizagem de música na Banda de São José de Mipibu - RN

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE LICENCIATURA

CLEONIO TAVARES DE ALMEIDA

O ENSINO E APRENDIZAGEM DE MÚSICA NA BANDA DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU -RN

NATAL/RN 2019

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CLEONIO TAVARES DE ALMEIDA

O ENSINO E APRENDIZAGEM DE MÚSICA NA BANDA DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU -RN

NATAL/RN 2019

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Almeida, Cleonio Tavares de.

O Ensino e Aprendizagem de Música na Banda de São José Mipibu - RN / Cleonio Tavares de Almeida. - Natal, 2019.

39 f.: il.

Monografia (graduação) - Escola de Música, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2019.

Orientador: Prof. Ms. Edibergon Varela Bezerra.

1. Educação Musical - TCC. 2. Bandas (Música) - TCC. 3. Música - Ensino e aprendizagem - TCC. I. Bezerra, Edibergon Varela. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 78:37 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Pe. Jaime Diniz - Escola de Música - EMUFRN

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CLEONIO TAVARES DE ALMEIDA

O ENSINO E APRENDIZAGEM DE MÚSICA NA BANDA DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU - RN

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Música

Orientador: Me. Edibergon Varela Bezerra

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

PROF. ME. EDIBERGON VARELA BEZERRA ORIENTADOR

PROFA. PÂMELA ARAÚJO DE MOURA MEMBRO DA BANCA

PROF. ESP. FRANCISCO ERNANI DE LIMA BARBOSA MEMBRO DA BANCA

NATAL/RN 2019

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Dedicatória

A minha família, amigos, e principalmente minha esposa, pelo apoio irrestrito nessa etapa de minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus pela vida, e pelas portas que foram abertas em minha trajetória. A minha esposa, família e amigos, pelo apoio.

A toda equipe do Projeto Esperança Viva, em especial a Elizabeth Sachi Kanzaki e Catarina Shin Lima de Souza, pelo imenso acolhimento.

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Desde meados dos anos 1990, o ensino de música em comunidades de baixa renda tem sido uma arma contra o aumento da violência e, sobretudo, um instrumento eficaz para o despertar da cidadania. Hoje são dezenas e mais dezenas de projetos de norte a sul do território, alguns mais profissionalizantes, outros menos, mas todos comprovando na prática que a arte é uma ferramenta única na descoberta de novas perspectivas para os jovens e que a música clássica- ao contrário do que muita gente ainda pensa, pode ser saboreada por todo o tipo de pessoas, não importa crença, raça ou classe econômica (PAVLOVA, apud Silva 2007 p.17).

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RESUMO

Este estudo está inserido no campo da Educação Musical, uma vez que tem como foco o processo de ensino e aprendizagem em música em contexto da educação não formal. Tendo como lócus de pesquisa a Banda de Música de São José de Mipibu/RN, temos como objetivo estudar os processos de ensino e aprendizagem a partir da Banda e seus processos de criação musical. Os processos educativos postos em prática pela Banda de Música de São José de Mipibu têm despertado grande interesse aos jovens ao longo dos anos. O trabalho desenvolvido com os integrantes da Banda possibilita inúmeras contribuições através da música, haja vista que contribuiu para a formação humana dos participantes. Sabe-se que a atividade musical põe uma interação com o outro, experiências e sujeitos de realidades diferentes onde todos esses fatores podem ser assimilados e acrescidos à música de alguma forma. Os levantamentos foram realizados a partir da pesquisa qualitativa, descritiva e de campo. Estudos de educação e da sociologia da música. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a da entrevista com os integrantes da banda. Desse modo, buscando visualizar o contexto em que estes jovens estão inseridos, e a partir daí, teremos uma maior integração desse objeto de estudo que implique melhor compreensão do fenômeno.

Palavras-chave: Educação Musical. Banda de Música. Processo de ensino-aprendizagem em música.

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ABSTRACT

This study is inserted in the field of Music Education, since it focuses on the teaching and learning process in music in the context of non-formal education. Having as a research locus the Band of Music of São José de Mipibu / RN, we aim to study the processes of teaching and learning from the Band and its processes of musical creation. The educational processes implemented by the Band of Music of São José de Mipibu have aroused great interest to the young people over the years. The work developed with the members of the Band allows numerous contributions through music, since it has contributed to the human formation of the participants. It is known that the musical activity puts an interaction with the other, experiences and subjects of different realities where all these factors can be assimilated and added to the music of some form. The surveys were conducted based on qualitative, descriptive and field research. Education studies and the sociology of music. The instrument used for data collection was the interview with the members of the band. In this way, seeking to visualize the context in which these young people are inserted, and from there, we will have a greater integration of this object of study that implies a better understanding of the phenomenon.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...… 10

CAPÍTULO 1 – CONTEXTUALIZANDO A BANDA DE MÚSICA DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU ...… 13

1.1 BANDA DE MÚSICA DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU: INSPIRAÇÃO DOS JOVENS MÚSICOS ...….. 13

CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...…. 18

2.1 CONSIDERAÇÕES A CERDA DA PESQUISA QUALITATIVA...… 18

CAPÍTULO 3 – MÚSICA E EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ...… 23

3.1 O ENSINO E APRENDIZAGEM DE MÚSICA A PARTIR DA BANDA DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU ...… 26

3.2 EDUCAÇÃO EM MÚLTIPLOS CONTEXTOS ...… 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...……….. 31

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INTRODUÇÃO

Nossa trajetória acadêmica é marcada por encontros e desencontros. Encontros com conteúdos, conceitos, pensadores, aprendizado e saberes diversos. Desencontros com nossas ansiedades, pois muitas vezes nos vemos frustrados no que visionávamos e acreditávamos ser a realidade da academia. Mas é, justamente, nessa interface criada entre essas duas realidades, de encontros e desencontros que nos moldamos e construímos o nosso caminho do conhecimento.

Normalmente se discute na academia sobre as mais diversas correntes pedagógicas para o ensino de música, formas de condução do processo ensino-aprendizagem, de como este ou aquele pensador conceitua a respeito desse processo e o que nós mesmos acreditamos e objetivamos colocar em prática enquanto educadores, entre a prática e a teoria musical. Mas o fato é que nem sempre ao chegar em determinado local de ensino, como: escola básica, projetos sociais, escolas especializadas, entre outros, encontramos uma realidade semelhante com as atividades educacionais estudadas na academia. Pois de acordo com Cislaghi,

Os processos de ensino e aprendizagem de música [...] Há uma pluralidade de pedagogias convivendo entre si. Entretanto, a pedagogia tradicional prevalece nas práticas pedagógicas realizadas. As bandas [...] mantêm uma tradição em diversos aspectos, sendo um deles os processos de ensino e aprendizagem de música (CISLAGHI, 2011, p. 75).

Portanto, vale salientar que esta é também uma maneira particular que vejo essa conjectura, e que me possibilita falar sobre o que observo na faculdade, pois, embora se tratando de um curso de licenciatura, o processo de formação deixa diversas lacunas no que se refere a prática de ensino para a realidade que vamos encontrar na sala de aula.

Ainda falando sobre práticas de ensino, o educador musical tem sua atividade imprescindível no seu contexto de atuação. Utilizando como exemplo os projetos sociais, o mesmo precisa ser capaz de mediar os diversos conhecimentos da melhor forma possível, bem como promover uma educação musical na sua parte técnica através de banda de música. Segundo Rodrigues:

Em muitas cidades brasileiras houve a formação de mais de uma banda de música e, para dotá-las de instrumentistas, iniciou-se o ensino e aprendizado da música instrumental de modo prático e rápido. Os regentes de banda exerciam também a função de professores, lecionando música para estudantes jovens e adultos. (RODRIGUES, 2005, p. 28)

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Nesse sentido, a atividade musical desenvolvidas com jovens da Banda de São José de Mipibu, configura para mim uma nova e proveitosa experiência, um verdadeiro aprendizado. Como graduando em Licenciatura em Música tive a satisfação em vivenciar alguns ensaios com os participantes da Banda de Música em que foi possível perceber um bom desenvolvimento instrumental. Sendo assim, é percebido a necessidade de colocar em prática o que almejamos para uma efetivação de uma educação inclusiva e participativa, onde o estudante deixa a posição de mero coadjuvante e passe a de protagonista, e possa construir sua própria história.

A música é uma forma de arte classificada pelo ser humano, um meio no qual as ideias acerca de nós mesmos e dos outros são articuladas em formas sonoras, e destaca ainda as possibilidades que ela possui, não somente um papel na produção cultural e afirmação social, mas também um enorme potencial para promover o desenvolvimento individual e coletiva, na renovação cultural, na evolução social e na mudança para um contexto significativo de nossa sociedade. Corroborando com essa ideia. Araújo nos mostra que,

A percepção é algo primordial ao músico popular para que este possa atuar profissionalmente na área, tendo em vista que a todo momento ele lida com situações em que precisa pegar determinada música do repertório de ouvido, exigindo fortemente essa competência da percepção. Em outro contexto, de uma orquestra sinfônica, por exemplo, onde a leitura musical é o principal meio de assimilação do repertório, a competência mais necessária seria a leitura musical de partituras (ARAUJO, 2016, p. 131).

No cenário contemporâneo, as bandas marciais representam uma ferramenta de bastante relevância de iniciação a música para crianças e jovens de diversas cidades. Na era da comunicação de massa, na época da sociedade do espetáculo, no mundo compartilhado pela internet, as instituições ocupar-se com a tevê, o cinema e a internet, mas concorrem em disparidade, pois são mais atraentes para a maioria da sociedade globalizada e tecnologicamente estruturada.

A prática musical pode ser estimulada através das bandas de música e de suas múltiplas variações de categorias, tais quanto: bandas marciais, bandas de estudantes e bandas sinfônicas, dentre outras. Essas múltiplas possibilidades têm demonstrado ao longo do tempo, dentro das práticas musicais uma excelente alternativa para os jovens. A Influência na formação de músicos tem como possibilidade adquirir/aperfeiçoar as atividades necessário ao mercado profissional. Nessa perspectiva, muitos jovens instrumentistas, tais como: trompetista,

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trombonistas, tubistas, trompistas, e percussionistas, tem as orquestras sinfônicas, bandas de baile, tiveram suas atividades iniciais nessas bandas musicais.

No campo educacional, as bandas têm sido, a única alternativa para os jovens de se incorporar no mundo da música, sobretudo em cidades distantes dos grandes centros urbanos onde a oferta de cursos de músicas ainda é bastante escassa. Assim, o lugar da música assume uma finalidade de extrema importância no mapa educacional musical do Brasil. As multidões representam muito mais do que áreas voltados para se caber um instrumento, nelas o processo de ensino-aprendizagem da música, geralmente, está associado a outros valores como respeito, amor, disciplina, civismo, concentração, solidariedade, trabalho em equipe, socialização, dentre outros.

Vale salientar que essa pesquisa representa um estudo de caso, de caráter qualitativo, cujos procedimentos de levantamento de dados foram a entrevista semiestruturada e a pesquisa de caso documental. Os critérios de compreensão da amostra pesquisada se deu em decorrência do ensino e aprendizagem com os participantes que tiveram seu contato com a Música por meio da Banda de Música de São José de Mipibu/RN no Estado do Rio Grande do Norte e, essencialmente, que se tornaram profissionais da música. Outro traço que considerei imprescindível para os investigados é que todos tivessem como profissão, alguma ação ligada à música e que ela seja a sua primordial fonte de inspiração a partir da música. Sendo assim, para efeito desta pesquisa, os jovens músicos da Banda de Música de São José de Mipibu ganham oportunidades esporádicas de desenvolvimento de suas habilidades na música.

Este estudo foi fundamentado teoricamente em interpretações bibliográficas sobre a educação, com foco em educação Musical nos projetos sociais, Sociologia da música e na pesquisa de campo.

Para uma melhor visualização desta pesquisa, estruturamos o trabalho em três capítulos. O primeiro capítulo fala sobre a contextualização in lócus da Banda de Música de São José de Mipibu e a transformação social dos jovens músicos, analisando os jovens da banda e suas potencialidades musicais. Buscou-se englobar as estratégias de investigação e aprendizagem de harmonia, bem como, a prática à formação musical dos jovens músicos. O segundo capítulo trata da metodologia, contemplando as considerações acerca da pesquisa qualitativa, o método aproveitado e as técnicas e análise dos dados. O terceiro capítulo refere-se a revisão referente a temáticas da formação e ensino de música a partir da educação não formal, destacando os processos de ensino e aprendizagem da música dentro da Banda de Música de São José de Mipibu e o viés entre projetos sociais e os jovens da banda.

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CAPÍTULO 1: A BANDA DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU: INSPIRAÇÕES PARA JOVENS MÚSICOS

Há uma classificação bastante evidenciada no meio acadêmico que explica de forma bastante relevante sobre as bandas de música no Brasil. Segundo Nascimento as Bandas se dividem em:

1. Banda Sinfônica ou de Concerto: grupo formado majoritariamente por instrumentos de sopro e percussão, possuindo os instrumentos típicos da orquestra sinfônica, como: oboé, fagote, tímpano, golckspel, celesta, tubofone, etc., podendo ser acrescido, ainda, dos contrabaixos acústicos e violoncelos. Podem executar quaisquer tipos de repertório, substituindo, nas obras eruditas, violinos e violas por clarinetas e saxofones. Seu emprego se dá sem deslocamento, devido à utilização de instrumentos oriundos da orquestra que não oferecem mobilidade para tal, como é o caso dos grandes instrumentos de percussão e das cordas.

2. Banda de Música: grupo formado majoritariamente por instrumentos de sopro e percussão, podendo ter alguns instrumentos de sopro de pequeno porte utilizados nas orquestras, como é o caso do oboé e do fagote. Podem executar um repertório bastante variado, com exceção de grandes peças escritas para orquestras sinfônicas. Seu emprego ocorrer (sic) em deslocamento ou parado, porém não enfatiza as evoluções.

3. Banda Marcial: grupo formado majoritariamente por instrumentos de sopro da família dos metais e percussão. Por não ter a família das palhetas, a execução de grandes peças fica restrita. Seu emprego é próprio para o deslocamento e evoluções. (NASCIMENTO, 2007, p. 39)

A Banda de Música está localizada no Município de São José de Mipibu, município no estado do Rio Grande do Norte e está situado à 30 km da Capital potiguar Natal. O nome Mipibu é uma palavra de origem Tupi que tem o significado surgir subtamente. Na terceira década do século XVII existia um aldeamento no território, cujo nome era Mopebu, que era o maior e mais populoso e o principal entre as seis aldeias da Capitania do Rio Grande do Norte. Nos inscritos do bragantino Adriano Wedouche constava que "existiam na capitania cinco ou seis aldeias que reunidas podiam contar entre 700 e 750 índios flecheiros e que a principal flecha era chamada de Mopebu". Desse modo, foi este aldeamento que deu origem ao nome do município São José de Mipibu.

A Banda de São José de Mipibu, ou HJN – homenagem ao cidadão Heriberto José do Nascimento -, teve início efetivamente no ano de 2014, tendo como integrante os alunos e

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ex-alunos da escola que já participavam da banda marcial. De início a banda tinha entre cinco e oito participantes. Em poucos meses de atividade o interesse pelo estudo dos instrumentos de sopro aumentou significativamente dentro do projeto. Em um período muito curto a banda já estava com mais de 15 componentes.

De início utilizávamos repertórios intermediário, sofremos um pouco com a falta de alguns instrumentos mas que com passar do tempo também foram sendo supridas essas faltas. Com o passar dos anos devido ao avanço técnico de muitos estudantes eles passaram também a dar aula aqueles alunos que se interessavam e queria entrar na banda com poucos conhecimentos na área, sendo assim, sempre havia uma renovação de novos integrantes na banda.

No ano de 2016 foi feito uma divisão dos jovens músicos para repensar sua estrutura nas apresentações. Os dois grupos eram divididos da seguinte forma: Grupo A com um repertório mais avançado e Grupo B com repertório para iniciantes. Atualmente a banda tem mais 25 componentes que participam dos projetos e se dividem em suas diversas apresentações. Muitos destes integrantes, em sua grande maioria, hoje estão estudando dentro da escola de música da UFRN. Alguns destes jovens Músicos também participam de outras bandas nas cidades de Nísia Floresta e Parnamirim/RN.

Imagem 1. Apresentação no centro de São Jose de Mipibu/RN, em julho de 2018.

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A Banda de Música de São José de Mipibu foi idealizada com o intuito de proporcionar aos jovens do Município de São José de Mipibu uma convivência musical significativa, alicerçada em respeito, disciplina, amizade na conjuntura da comunidade, uma vez que a banda assume, dentre outras serviços, o papel de oferecer experiências lúdicas a partir da música para os jovens em práticas musicais (o ensino de música ) desse modo, cumpre com a incumbência social de buscar distanciá-los da marginalidade, das drogas e de outras mazelas sociais. Nesse sentido, o ensino e aprendizado de música tornam-se um instrumento relevante à educação, por mostrar o indivíduo socialmente, tendo como foco a cidadania. Por esse viés é importante lembrar que:

A banda contribui para a formação moral do estudante. Ensinado o mesmo a conviver harmonicamente com o grupo, respeitar a opinião alheia e ter disciplina. [...] Socializa e sensibiliza as pessoas, desenvolvendo nas mesmas um poder de concentração e raciocínio, além de fomentar a educação na escola, no trabalho e no lar. (FILHO, 2010, p. 64).

A Banda de Música de São José de Mipibu/RN vem desenvolvendo um trabalho socioeducativo com jovens na comunidade, buscando desenvolver a pratica musical e a autoestima dos participantes através da música, com o objetivo de resgatá-los e formar futuros cidadãos. São individualidades com estilo musical harmonioso, comportamental entre outras situações. A exemplo disso, temos Jasmim, integrante do banda, que diz o seguinte:

A banda para mim é como se fosse uma irmandade. O que mudou em minha via após a minha participação foi praticamente tudo. Desde o meu tempo livre até meus estudos e minha capacidade de tocar. Fiquei até mais associável, coisa que eu não era muito. Todo mundo aqui é amigo. Todos vem para se ajudar. (JASMIM, 2019).

Esta fala refere-se a importância que a banda representa aos participantes e que demonstra o reconhecimento de suas ações por toda a comunidade de São José de Mipibu e, em meio a esse reconhecimento, recebe bastante pedido para participar de eventos culturais, apresentações cívicas, desfiles, encontros de bandas e fanfarras, entre outros.

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Imagem 2. Encontro de Bandas em Brejinho, 2018.

Fonte: Arquivo pessoal.

A interação entre a Banda, os participantes envolvidos e seus respectivos familiares contribuiu para criar laços afetivos ente o respectivo grupo musical. Em relação à ser uma Banda de Música de São José de Mipibu está voltada à localidade na qual está inserida, nos relatando da seguinte forma os participantes da banda:

A banda representa para mim uma família. Um lugar de companheirismo. Um encontro para fazer o que gostamos. Tudo na banda é na base da amizade. (AMARO, 2019)

A banda representa para mim e para a comunidade um estímulo a educação. A banda mudou o meu aprendizado, melhorou a atenção que eu não tinha. (PÉRICLES, 2019)

Para o integrante da banda Lucas, relata que entrou na Banda no ano de 2016, permanecendo até os dias atuais, apresenta-se sempre com a equipe. Ele se considera baterista e percussionista, pois sempre tocou instrumentos de percussão, tais como: atabaque, caixa clara e bateria, entre outros. Para o jovem, o grau de representatividade da banda à sua vida, encontra-se descrita da encontra-seguinte maneira:

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A Banda representa para mim um tempo a mais para relaxar e para brincar um pouquinho com os amigos. O que mudou para mim após a entrada na banda foi o conhecimento adquirido ao longo das práticas musicais. (LUCAS, 2019).

Em relação aos elos comunicantes dos participantes da banda, ressaltamos, a partir das entrevistas, que a motivação de se tornarem profissionais da música surge em decorrências às vivências musicais na banda. Inclusive, a representatividade simbólica da banda vai além da sala de ensaio, pois interfere positivamente na motivação dos participantes, aproximando-os pelo universo da música, fortalecendo a cumplicidade entre os participantes e unificando os laços que trançam listas socioculturais, que instigam a cidadania da harmonia desse povo.

Imagem 3: Apresentação no Abrigo de Idosos, São José de Mipibu/RN, fevereiro de 2019.

Fonte: Arquivo pessoal.

A relação dos estudantes traz um ar de felicidade sob seus relatos. Para exemplificar esse sentimento, destacamos sobre a simbologia atribuída a banda e que as respostas foram de bastante valia para compreender o viés da pesquisa representa noção da relevância sociocultural atribuída a representatividade de suas ações ao longo dos anos. Dessa forma, nos enche de orgulhar em saber que projetos dessa grandeza representa um turbilhão de sentimentos aos envolvidos. Sob esse aspecto Carlos dirá:

A banda representa para mim um grupo de amigos que sempre estão ali, um ajudando o outro. A banda me fez mudar o modo como eu agia com as pessoas (CARLOS, 2019).

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O que se observa nessa fala de carlos é o carinho e respeito existente entre os componentes da banda. As informações evidenciadas em sua fala é o reflexo de um período bom da vida deles, que tem divertimento e felicidade, dos quais não se esquecem e fazem questão de manter vivas em suas memórias. A Banda de Música de São José de Mipibu/RN deve ser encarada como a instituição que desenvolveu uma ação de muita potencia na vida desses jovens, possibilitando experiências inesquecíveis em suas vidas, especialmente, no âmbito musical.

CAPÍTULO 2 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os ensaios da Banda acontecem na Escola Estadual Francisco Barbosa, centro de São José de Mipibu. Conhecer os traços socioculturais da localidade foi muito importante para à contextualização dessa pesquisa, uma vez que o contato com a Banda a partir da coletas de dados, possibilitou caracterizar o local e o entorno a partir do desenvolvimento das práticas dos jovens músicos.

No processo da pesquisa faz-se necessário que se utilize uma metodologia que trace previamente o percurso a ser percorrido pelo pesquisador para aferir suas evidências, desde o início até a etapa final da pesquisa. Para Minayo (2002, p.16), “a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o adjacente de técnicas que possibilitam a construção do conhecimento e o potencial criativo do investigador”. Segundo Novo (2015, p. 19) “a metodologia é o percurso a ser trilhado para a composição do conhecimento científico.” Nesse sentido, a metodologia representa para o pesquisador um caminho relativamente instigante com o intuito de se contar as informações necessárias para uma boa deliberação do que se propõe alcançar com os resultados.

2.1 - CONSIDERAÇÕES A CERCA DA PESQUISA QUALITATIVA

A abordagem metodológica utilizada neste trabalho tem o enfoque qualitativa. Percebe-se que neste tipo de abordagem o pesquisador tem uma relação próxima com as pessoas, bem como com o alvo da investigação. Para Minayo:

A pesquisa qualitativa é um tipo de aproximação que trabalha com a interpretação dos significados, aspirações, religiosidades, valores e atitudes, o que responde a um espaço mais estreito das relações, dos discursos e dos fenômenos que não diminuem ser reduzidos a operacionalização de variáveis. (MINAYO, 1994, p. 21).

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Por meio do enfoque qualitativa, o pesquisador tem uma relacionamento direto com os sujeitos, o ambiente e a ação que está sendo investigada, possibilitando uma imersão no objeto de pesquisa, estudado através das entrevistas ou das observações junto aos sujeitos pesquisados.

A compreensão sobre as práticas qualitativas na perspectiva de Bresler (2007) são apresentadas como pesquisas tais como: naturalista, interpretativa, construtivista e o estudo caso. A autora confere a pesquisa qualitativa como um termo indefinito que se refere as estratégias de pesquisa que compartilham certas características, tais como: descrição detalhada da situação de pessoas e acontecimentos; observação em ambientes naturais que, comparada com práticas tradicionais experimentais, apresenta pouca intervenção; validação da informação dos processos de reflexibilidade da pesquisa por um viés qualitativo. Nessa perspectiva, Flick afirma que:

Os métodos qualitativos consideram a comunicação do pesquisador em campo como parte explícita da produção de conhecimento, em vez de simplesmente encará-la como uma variável a interferir no processo. A subjetividade do pesquisador, bem como daqueles que estão sendo estudados, tornam-se parte do processo de pesquisa. As reflexões dos pesquisadores sobre suas próprias atitudes e observações em campo, suas impressões, irritações, sentimentos, etc., tornam-se dados em si mesmos, constituindo parte da interpretação e são, portanto, documentadas em diários de pesquisa ou em protocolos de contexto (FLICK, 2009, p. 25).

Em relação à abordagem qualitativa, exposta pelos autores, no que concerne a imersão da pesquisa, bem como a ligação entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa, avalio que fiquei extremamente à vontade porque tenho proximidade com os indivíduos e a instituição envolvida nesta pesquisa. Minha primeira atuação profissional no campo musical, entrelaça-se com a pratica musical em Banda de Música na cidade de São José de Mipibu, onde nasci e iniciei minhas atividades com a música.

Os jovens músicos da desse projeto são pessoas que fazem parte de minha corrente de amizades e esses laços humanos facilitou significativamente meu mergulho no campo desta pesquisa. Essa relação próxima com os participantes da banda foi algo extremamente positivo, porque tive a confiança de todos os momentos desta pesquisa. Por outro lado, tive uma certa dificuldade de me distanciar dos investigados e de me ater estritamente, como pesquisador, aos relatos sem me envolver com suas práticas musicais. Portanto, para ultrapassar esse vínculo intimista com a referida pesquisada, fez-se relevante que eu mantivesse um distanciamento

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necessário do objeto de pesquisa e, assim, preservar a veridicidade dos dados coletados, sem intervenção emotiva ou sentimental.

O estudo de caso na perspectiva de Triviños (1987, p.133) é conceituado como “um grupo de pesquisa cujo objetivo é uma unidade que se espreita aprofundadamente”. Os estudos de caso são em geral utilizados nas ciências sociais, inclusive o método é em geral utilizado em trabalhos acadêmico-científicos em diversas áreas, tais quão: psicologia, sociologia, antropologia, história entre outros.

Nessa óptica metodológica, a pesquisa de caso dedica-se a:

[...] estudos intensivos do passado, presente e de interações ambientais (sócio-econômica, política, cultural) de uma unidade: indivíduo, grupo, instituição ou comunidade, selecionada por sua especificidade. É uma pesquisa profunda (vertical) que abarca a totalidade dos ciclos de vida da unidade (visão holística). Nesta modalidade de investigação, o caso não é fragmentado, isolado em partes, pois, na unidade, todos os elementos e stão inter-relacionados. Baseia-se em uma variedade de fontes de informação, e procura englobar os diferentes pontos de vista presentes numa situação (GRESSLER, 2004, p. 55).

Portanto, escolhemos o estudo de caso porque buscamos compreender o acontecimento estudado sob vários aspectos e, de acordo com a coleta de dados pesquisados, dificilmente as razões seriam atingidos sob outra perspectiva metodológica.

A entrevista representa uma ferramenta de coleta de dados relevante na pesquisa qualitativa e a seu aproveitamento se mostra recorrente do processo de coleta de dados a partir do campo de estudo. Segundo Bogdan e Biklen (1994, p.134) “a entrevista é utilizada para apresentar dados descritivos dos sujeitos pesquisados, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a feição como os sujeitos interpretam aspectos do mundo”. Por esse caminho à entrevista semiestruturada, pode ser definida como:

Aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (TRIVIÑOS, 1987, p. 146).

A entrevista semiestruturada valoriza a assiduidade do pesquisador e arranja todas as perspectivas possíveis para que o sujeito alcance a liberdade/espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação (TRIVIÑOS, 1987). Assim, a entrevista semiestruturada alinhou-se de forma positiva em virtude de evidenciar que o pesquisador compartilhe informação de

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forma voluntariamente nas falas dos entrevistados, podendo, assim, ir além das perguntas abordadas, as quais norteiam as análises dos dados. A partir das observações acerca da entrevista semiestruturada, apresento o quadro 1, com os respectivos entrevistados que participaram deste estudo.

QUADRO 1: Alunos da Banda de Música de São José de Mipibu

NOME IDAD

E PROFISSÃO MENTOINSTRU

PERÍODO NA BANDA

Clécio Florêncio

Ribeiro da Cunha. anos18 Músico daBanda Trompete 1 ano de estudo na Banda

Guilherme Adriel

Gomes Ba sta anos17

Músico da

Banda Clarinete 3 anos de estudo na Banda

Ismael André

Ribeiro da Silva anos22 Músico daBanda Trombone 4 anos de estudo na Banda

Thiago Moreira

Vicente anos16 Músico daBanda Trombone 2 anos de estudo na Banda

Luiz Carlos Farias de

Azevedo anos21 Músico daBanda Trompete 8 anos de estudo na Banda

José Tiago Cordeiro

Luíz anos16 Músico na Banda Tromp a 4 anos de estudo na Banda Lucas Natanael do

nascimento Silva anos 17 Músico na Banda Bateria 3 anos de estudo na Banda

Jasmim Barbosa da

Silva anos 18 Músico na Banda Clarinete 3 anos de estudo na Banda

Carlos Felipe Alcântara De Oliveira

17

anos Músico na Banda alto Sax

4 anos de estudo na Banda João Gabriel do Nascimento Alves 17 anos Músico na Banda Sax

tenor 3 anos de estudo na Banda

Alan Gabriel Moura da Silva

16 anos

Músico na Banda

Sax

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na Banda Fernando Matheus do Nascimento 20 anos Músico na Banda Tromp a 4 anos de estudo na Banda Eduardo Henrique Soares Silva de Lima 13 anos Músico na Banda Tuba 2 anos de estudo na Banda Amaro Honório Pereira Neto 23 anos Músico na Banda Sax

alto 4 anos de estudo na Banda Alan Gabriel Da Silva Souza 16 anos Músico na Banda Clarine te 2 anos na Banda 1 anos de estudo na Banda Janderly Bezerra da Costa Júnior 16 anos Músico na Banda

Bombo 8 meses de estudo na Banada Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

As perguntas direcionadas aos jovens músicos foram respondidas de acordo com o quadro 1, apresenta um breve histórico dos estudantes participantes, com os respectivos dados referentes às suas atividades na Banda de Música de São José de Mipibu/RN. Combinamos previamente com os entrevistados que eles iriam responder a algumas perguntas em uma resposta por vez, através de um gravador (celular). Os áudios foram gravados em um único dia. Também foi solicitado aos componentes da banda vídeos e fotografias das apresentações musicais realizados pelo grupo.

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Imagem 4: Evento “Concerto na Praça”, São Jose de Mipibu/RN, agosto de 2018.

Fonte: Arquivo pessoal.

No cenário atual contemporâneo, o aparelho tecnológico encontra-se inserido na vida cotidiana e nas relações socioculturais, principalmente na geração das novas midias, a partir da rede de computadores sob o viés da Internet. Sobre a utilização de recursos a partir da tecnologia, Flick (2009, p. 32) diz que, “muitos dos métodos qualitativos existentes vêm sendo transferidos e adaptados as pesquisas que utilizam a Internet como ferramenta, como fonte ou como questão de pesquisa”.

Neste trabalho, também solicitamos fotografias das atividades da banda. Desse modo, a fotografia tem uma intensidade significativa ao desenvolvimento da investigação, em virtude de auxiliar na compreensão dos dados da pesquisa através desses materiais. As imagens utilizadas neste trabalho exercem parte do acervo individual dos participantes da banda e também do acervo Banda de Música de São José de Mipibu/RN, cujo quantitativo disponibilizado foi de 30 fotos no formato digital, cuja autorização foi concedida para vinculação nessa pesquisa de graduação. Essas fotos servem de documento para registar o percurso histórica da Banda de Música de São José de Mipibu/RN, desde sua fundação, em 2014, até o ano de 2019, data inicial da análise.

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CAPÍTULO 3: MÚSICA E EDUCAÇÃO NÃO FORMAL

No Brasil é comum ver crianças e jovens em ruas e praças, sem atividades que poderiam contribuir para sua formação como indivíduo. Então, eis os questionamentos: como estaria sendo pensado a inserção através da música desses jovens? Quais medidas estão sendo tomadas para intervir no processo de aprendizagem desses jovens? Entretanto, torna-se possível pensar ações político-sociais como projetos voltados para esse público e que essa transformação seja de grande potencial para esses jovens e que as ações não seja vista unicamente como um vislumbre, mas sim como uma possibilidade de resolver os problemas elencados acima. Esses desafios são de grande preocupação que circundam sociólogos, educadores e profissionais de outros setores da sociedade.

Os planos ou programas sociais são levados ao público principalmente por iniciativas não formais, que, são entendidas aqui como campos emergentes. “Frutos dos movimentos sociais deflagrados pela sociedade civil, nos quais novos perfis profissionais e experiências se despontam, e o trabalho do educador social vem desenhando seus contornos com especificidades”. (Kleber 2008, p.214). Pagotto, em seu artigo, afirma que nos projetos sociais os participantes tem a probabilidade de construir novas práticas educativas e culturais, estreitar os abraços humanas e construir uma agremiação mais democrática, trabalhando questões como companheirismo, respeito e rupturas de paradigmas.

Baseado nas ideias defendidas pela UNESCO na conferência intergovernamental no ano de 2001, “bem-estar sociável e econômico e saberes culturais são inseparáveis” (UNESCO apud Tyszler, 2007). A ideia de construção da cidadania, de inovação em projetos de educaçãos não formal para jovens da sociedade vem sendo ampliada, e as essas iniciativas, a partir dos movimentos sociais e das organizações não-governamentais trabalham em áreas menos valorizadas têm alterado suas práticas e propostas de ação nos últimos anos, procurando colocar a arte e o saber popular na pauta de prioridades.

O alcance da arte dentro de projetos de educação não formal é um tema que vem sendo amplamente discutido nos últimos anos, onde estas ações são utilizadas como ferramentas dentro dos projetos sociais, não por ser considerada apenas um instrumento de mudança no viés social, mas essas ações vai mais além, pois esses projetos são de grande valia para a transformação social a partir da arte. Para Carvalho:

Na maioria dessas instituições, a arte não é tomada apenas como um meio de educação, mas como a educação em si mesma. Por meio da educação estética, pretende-se propiciar o desenvolvimento integral (afetivo, cognitivo, intelectual e espiritual) dos educandos, proporcionar o aprendizado técnico e teórico, com vistas, inclusive, a uma possível profissionalização daqueles que assim o

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desejarem, além de fornecer subsídios que permitem democratizar o acesso a arte e aos bens culturais. (CARVALHO, 2008, p.30).

Os processos educativos postos em pratica pelo projeto social da Banda têm despertado grande interesse aos que buscam transformação social, a possibilidade de almejar um futuro melhor através da música. Sabe-se que a vivencia musical possibilita ao jovem uma reciproca ação com o outro, por terem referenciais distintos, experiências de vidas e realidades diferentes, onde o conjuntos esses fatores podem ser assimilados e acrescidos de algum modo para a vida desses jovens. Portanto, nesse viés, Granja nos mostra que:

A banda é som. Música. Melodia. É o ritmo cadenciado das marchas e dobrados, ou o breque gostoso de sambas e maxixes, ou ainda o embalo dolente das valsas. E que compassa o coração da gente para segui-la pelas ruas, ou nos chama para praça. E ao som das harmonias criadas por aqueles instrumentos às vezes um pouco desafinados, manejados por mãos duras e calejadas, somos transportados para um espaço mágico, onde as pessoas sorriem, se integram, aplaudem e se emocionam. (GRANJA, 1984: 79-80).

Assim, as práticas musicais escorreram a ser um continuado em meios populares através da educação musical proporcionado aos participantes uma grande experiência musical. Tornando-se assim, importantes utensílios de acesso a sabedoria, e uma forma de conhecimento através da música, uma realidades para crianças e jovens participantes da banda. A capacidade transformadora da arte e na aplicação da música como um novo horizonte para jovens é um excelente meio de fazer reflexões sobre a esfera sociocultural em que os indivíduos estão inseridos.

Ao processo da educação musical, muitas foram as dificuldades, mas com o passar dos anos, podemos perceber que o esforço de transformação não foi em vão. Vê-los, os participantes, um pouco mais conscientes da sua prática na música já foi um ganho enorme, bem como enxergar que, ainda de forma tímida, ficou plantada a semente na vida de cada um dos integrantes do projeto. É isso que vale apena saber que embora diante de tantas adversidades algo de construtivo e engrandecedor fica, não só neles, mas também em nós.

Com o intuito de oferecer mais ideias para repensar o processo de ensino e aprendizagem da música neste espaço, partimos da premissa de que os jovens necessitam de comunicação e expressão através da música, cujo propósito é trabalhar com a música nesse contexto de educação não formal.

A linguagem musical vem se utilizando de diferentes atividades nesse espaço de educação. Evidenciando os principais processos a partir da arte do aprender e ensinar música

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com um proposito humanizado para que se criem amplas relações com o seu meio e para uma melhor relação de laços humanos no decorrer de suas vidas.

No campo da experiências nesses projetos, Nascimento dos explica que:

As experiências em projetos sociais têm mostrado que os sujeitos envolvidos nos processos educativos musicais já trazem consigo a linguagem musical, e com eles – apesar da exclusão social e das dificuldades de sobrevivência que enfrentam – consegue-se organizar orquestras, bandas e outros, por meio dos quais é possível operar mudanças de atitude diante da vida (NASCIMENTO, 2014, p. 61).

O processo da educação não formal através da música é uma área de conhecimento extremamente importante para a formação humana dos participantes, uma vez que apresenta amplas atividades a serem realizadas a partir desse contexto, reforçando o desenvolvimento integral do ser humano. A música humaniza, resgata, sensibiliza, faz refletir acerca dos diferentes conhecimentos que norteiam o mundo do jovem tornando assim este projeto como um ponto inicial para uma longa jornada de transformação para seres mais críticos e criativo. O mundo é repleto de símbolos e significados que possibilitam grandes descobertas no processo educacional. A música possibilita o desenvolvimento de atitudes essenciais para o indivíduo como o senso crítico, a sensibilidade e a criatividade. A partir dos projetos de educação não formal, a música, em grande maioria faz parte da vida de jovens em todo o mundo. Nesses ambientes, a música atua como um instrumento de educação, inclusão e até de profissionalização. Dessa forma, em muitos projetos de ação social existente em nosso país, a pratica musical objetiva o resgate da cidadania, sendo um componente de integração, que possibilita a reinserção do indivíduo no meio social, agregando valores como cidadão.

No contexto desses projetos, a música se dá nos mais diversos ambientes e como os mais diferentes públicos para a conscientização dos indivíduos, no plano individual como no plano coletivo, conforme afirma Kater (2004). Assim, a sabedoria poderá contribuir para reflexão do estado que os indivíduos ocupam perante a sociedade, conhecendo seus tributos e deveres como cidadãos, buscando respostas para seus problemas através da educação.

A projeção da prática de educação do educador musical ou de outras áreas, serve como forma ou referência para os estudantes que participam do processo, pois leva em consideração suas posturas e formas de andar, bem como sua competência técnica específica, uma postura singular e meio de ser e de lidar com suas ações a partir do trabalho desenvolvido. Todas essas características devem perpassar a formação profissional do educador, pois ao serem tomados como referência, suas condutas exercem influência em suas atividades cognitiva para os jovens, assim como para o aprimoramento do ser humano em constante formação e transformação.

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A atuação do educador dentro de um projeto social tem que haver um comprometimento com a transformação da realidade desses jovens, destacando a necessidade de desconstrução de conceitos vindo de situações que não fazem sentido naquele contexto. Ainda que a luta do educador é de resistência, mostrando um papel na contemplação como um meio de aproximar os conhecimentos dos participantes.

O educador social desse projeto tem que ir além da docência tradicional, buscando novos caminhos e novas metodologias para que o jovens tenha maior participação em suas atividades. Dessa forma, como destacamos os projetos sociais serão um sucesso com o uso de pedagogia que aproxime os participantes das práticas musicais na banda.

3.1 - O ENSINO E APRENDIZAGEM DE MÚSICA A PARTIR DA BANDA DE MÚSICA DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU

Refletir sobre a inserção da Música em projetos sociais, tem sido uma incitação para muitas áreas do conhecimento, tais como: a educação, a Psicologia Comunitária, a Antropologia e a Saúde Coletiva, dentre outras. A área da música e principalmente sua subárea denominada Educação Musical em projetos sócias, disponibiliza inúmeras possibilidades de significados em produções literárias sobre o ensino e aprendizagem músicas em ONG.

O ensino e aprendizagem de música, em lugares como ONG, representa uma prática bastante crescente ao longo das décadas no Brasil, e que vale um olhar mais especificado pela área da educação Musical. Nesse sentido, Santos (2006) reflete que:

Um dos grandes desafios da educação musical contemporânea tem sido contemplar a diversidade sociocultural existente, bem como encontrar meios de aproximar significativamente a música dessas realidades, considerando assim contextos, espaços e metodologias que transcendem os universos formais das instituições (SANTOS, 2006, p.108).

Em relação à relevância do ensino de música nas ONG, Oliveira (2003) relata que foi na conclusão dos anos de 1990 que as práticas musicais, ditas não formais, passaram a ter um maior visibilidade no Brasil. Essa comprovação pode ser averiguada a um esforço dos inúmeros trabalhos acadêmicos que abordam a temática. Nesses espaços são utilizados procedimentos de renovação dos saberes a partir do aprendizado pelo viés musical, que se aproximam das ideias de Green (2000), quando fala que:

As práticas de aprendizagem musical informal, caracterizadas por uma aprendizagem musical que recorrem a nenhum currículo escrito, programas ou

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metodologias específicas, nem professores qualificados, nem mecanismos de avaliação ou certificados, diplomas e pouca ou mesmo nenhuma notação ou bibliografia (GREEN, 2002, p. 65).

Em relação à expansão da educação e a prática de educação através da músicas nesses espaços. Kleber (2013) nos diz que o foco da educação a partir dos projetos sociais possibilita um processo educacional para o trabalho com adolescentes tem revelado uma atividade para a prática musical em projetos sociais utilizando a educação informal a partir da música como uma alternativa à promoção da excelência humana de jovens em situação vulnerabilidade social.

Essas instituições estão oferendas nas mais diversas regiões do Brasil, porém é nos grandes centros urbanos que observamos uma maior evidência de esquemas de cunho social, nas quais a música aparece como um instrumento educativa e a serventia da socialização. Portanto, a música por ser uma arte universal, está em todos os continentes interagindo com a diversidade cultural.

Desse modo, Ana Mae Barbosa dirá que:

No Brasil, todas as ONGs, que têm obtido sucesso na ação com os excluídos, esquecidos ou desprivilegiados da sociedade, estão trabalhando com arte e até vêm ensinando às escolas formais a lição da arte como caminho para recuperar o que há de humano no ser humano (BARBOSA, 2005, p. 291).

A música é uma expressão artística, que apresenta um aspecto bastante significativa dentro das ONG. Esse fato é notável porque proporciona, aos que participam de sua práticas musicais, tais como: rock, corais, grupo de violão, bandas de música, percussão, etc. A metodologia do ensino de música em ambientes como ONG, por um lado, pode ser justificado pela matéria de música, portanto, torna-se parte do processo de produção, pois esta prática arranja não só as atividades musicais dos bens culturais do ser humano. Desse modo Kleber (2008) afirmará:

O Terceiro Setor tem-se apresentado como a dimensão da sociedade em que se proliferam os movimentos sociais organizados, ONGs e projetos sociais, onde se observa uma significativa oferta de práticas musicais ligadas ao trabalho com jovens adolescentes em situação de exclusão ou risco social (KLEBER, 2008, p. 215).

Nessa perspectiva, o ensino e aprendizagem de música se dá em múltiplos contextos, inclusive em instituições do Terceiro Setor como é o caso das ONG. Os projetos sociais não

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têm uma formalização a ser seguida e por este discernimento, o fazer musical se desenvolve sob uma atividade prazerosa, ao paralelo tempo, nesses projetos, comumente, aprende-se valores éticos e valores que serão incorporados nas vidas dos participantes que deles participam. Dentre as múltiplas atividades desenvolvidos pelas ONG, podemos evidenciar que, aquelas que se utilizam das artes, apresentam um papel de bastante relevância. É bastante comum observarmos reportagens jornalísticas oriundas de projetos de comunidades nas áreas de desenho, de músicas e de outras atividades artísticas. Essas atividades desempenham um grande potencial funcionalidade: a de alteração social e a de marketing institucional. O trabalho sociocultural, aliada à cidadania, retrata uma premissa bastante difundida por projetos sociais, tendo a música uma finalidade preponderante nesse processo de aprendizado e pertencimento. Segundo Cardoso:

Em sua trajetória histórica, a tradição das Bandas de Música, diante dos desafios impostos, vem se reelaborando e se ressignificando [...] onde podemos detectar um conjunto de mudanças no fazer quotidiano das Bandas de Música, que abrangem a inclusão de novos gêneros musicais provenientes dos meios de comunicação de massa (CARDOSO, 2005, p.210).

Nesse cenário, projetos de educação não formal vêm se estruturando como uma significativa decisão para trabalhos socioeducativos, “em plena expansão quantitativa, dado os atributos que lhes permitem um generoso mobilidade de diferentes provisões, mas lhes asseguram base solida nessas atividades. (KLEBER, 2005, p. 6). As práticas deste desenvolvida nesse segmento do Terceiro Setor transparecem como uma possibilidade seguro de práticas musicais voltadas às crianças e às jovens; instituições que são antenadas com a realidade regional dos participantes; além de sentir, em sua prática do cotidiano, uma maneira de conviver com as diferencias pelo caminho da música, voltada aos valores de cidadania. Nesse sentido, pode- se discorrer que:

As experiências em projetos sociais têm mostrado que os sujeitos envolvidos nos processos educativos musicais já trazem consigo a linguagem musical, e com eles – apesar da exclusão social e das dificuldades de sobrevivência que enfrentam – consegue-se organizar orquestras, bandas e outros, por meio dos quais é possível operar mudanças de atitude diante da vida (NASCIMENTO, 2014, p. 61).

Deve-se, portanto, reconhecer que a ação da Banda de Música de São José de Mipibu, através do seu projeto de banda, destinados aos jovens do município, apesar de todas os obstáculos a serem superados para torná-los efetivos, constitui uma manifestação de esperança

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e um mundo mais humano, onde o aprendizado musical, além de empregar nos educandos uma atividade de caráter educativo, torna-os os participantes sensíveis a valorização de suas atividades musicais.

3.2 - A EDUCAÇÃO EM MÚLTIPLOS CONTEXTOS

O atual contexto da criação musical é bastante amplo, abrangendo diferentes públicos e situações dos mais diversos, sob diferentes formas, presentes em nosso território. Nesse cenário, a educação não formal aparece como uma possibilidade para que crianças, adolescentes, adultos e idosos tenham a oportunidade de aprender e enxergar um pouco da línguagem musical.

Nesses ambientes, a música atua como um instrumento de educação, inclusão e até mesmo de profissionalização. Portanto, muitos projetos de ação social existente em nosso país, a educação musical objetiva um propósito de cidadania, sendo um constituinte de integração, que permite a reinserção dos jovens no meio social, agregando valores como cidadão.

Partindo desta premissa, a música atua nos ambientes como um diferencial de conhecimento dos indivíduos, tanto no plano individual quanto no plano coletivo, conforme nos mostra Kater (2004). Assim, a ciência poderá contribuir para reflexão da disposição que os indivíduos ocupam perante a sociedade, conhecendo seus direitos e deveres como cidadãos, buscando respostas para seus problemas através da educação musical.

Desse modo à prática pedagógica do educador musical, serve como modelo ou referência para seus educandos, pois leva em consideração seus jeitos e formas de trabalhar, bem como suas competências específicas. Todas essas características devem acomodar a formação da expressão do educador, pois aos serem tomados como referência, seus comportamentos exercem influência na articulação cognitiva das crianças e jovens, assim como para a sustentação do aprimoramento do ser humano em constante formação. Assim, Kater dirá:

Todo o investimento neste presente representa o empenho de exploração de potenciais sociais que progressivamente poderão se concretizar. E aí reside o maior privilégio do educador: participar, de maneira decisiva e por meio da formação musical, do desenvolvimento do ser humano, na construção da possibilidade dessa transformação, buscando no hoje tecer o futuro do aluno, cidadão de amanhã (KATER, 2004, p. 46).

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A Educação é uma área do conhecimento, cujo fenômeno de ensino e aprendizagem está em todas a sociedade. A construção de conhecimento se dá em vários contextos de educação. “Ante da inseparabilidade dos múltiplos desafios do tempo, a educação surge como um trunfo indispensável à humanidade na sua fabricação dos ideais da paz, da permissão e da justiça social” (DELORS, 1996, p. 11). Por outro lado, a educação pode ser utilizada por um costume centralizado de poder, que usa a informação e o controle sobre o saber como tropas que reforçam a deformidade entre as pessoas, no dissentimento dos bens, dos valores, dos direitos e dos signos. Assim sendo, a educação é, como outras superfícies disciplinares de conhecimento, um fragmento de modo de vida dos agrupamentos sociais que criam e recriam em sua sociedade (BRANDÃO, 2007).

Todas as nações, desenvolvidas economicamente, elaboraram sistemas de educação que são eficazes aos seus respectivos cidadãos e, consequentemente, nos países subdesenvolvidos a falta de investimentos em Educação é um dos problemas que impedem o desenvolvimento de práticas significativas para a população. No Brasil, segundo a Lei Federal Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que ajusta as Leis de coordenadas e Bases da educação Nacional (LDBEN), certifica no seu Art. 1º que “a política abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida íntima, na convivência humana, nas instituições de doutrinamento e pesquisa, nas organizações da entidade civil e nas expressões culturais.” (BRASIL, 1996).

Essa afirmação, alinha-se com o pensamento a partir da educação musical, uma vez que não se resume o ensino escolar, realizada no conhecimento propriamente dita. Há praticas de educação e de produção de conscientizações em outros espaços, aqui denominados de educação não formal. Portanto, podemos complementar, ainda que há espaços educativos nos mais diferentes contextos, como por exemplo: associações de moradores, clubes, agremiações e outros lugares legitimados onde a urbanidade se faz presente. Carlos Rodrigues Brandão no seu livro intitulado O que é Educação (2007) discorre sobre isso, afirmando que:

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação (BRANDÃO, 2007, p. 7).

Portanto, pode-se assim afirmar que a educação se constitui nos mais diversos lugares e contextos. A criação não é restrita ao contexto escolar, mas também à comunidade, portanto simboliza um processo social que se encaixa em uma concepção determinada de conhecimento, a qual determina os fins a serem atingidos pelo ato construtivo, em consonância

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com os conceitos dominantes numa dada união. Corroborando nessa perspectiva, Schafranski (2005), descreve sobre esse fenômeno educativo:

O fenômeno educativo não pode ser, pois, entendido de maneira fragmentada, ou como uma abstração válida para qualquer tempo e lugar, mas sim, como uma prática social, situada historicamente, numa realidade total, que envolve aspectos valorativos, culturais, políticos e econômicos, que permeiam a vida total do homem concreto a que a educação diz respeito (SCHAFRANSKI, 2005, p. 102).

O fenômeno educativo pode ser vivenciado sob diferentes perspectivas e sua pratica pode ser realizada em múltiplos contextos, cuja ação se dá sob aspectos que são relevantes para fomentar o saber dos jovens envolvidos nessa prática. A Educação não formal, agora, tem sido estimulada, além disso, em espaços que não se enquadram numa perspectiva curricular fechada, como nas escolas. Os processos educacionais em espaços de educação tais como: associações de bairros, igrejas, cooperativas e ONG, dentre outras, têm demonstrado que em que época o fenômeno educativo se apresenta de forma potente nas realidades sociais dos estudantes, os resultados são bastantes significativos, principalmente quando as práticas se desenvolve em espaços não formais, cujo público alvo são jovens em nível de vulnerabilidade social. Assim, os projetos sociais se destacam como espaços extremamente importantes para amenizar os problemas oriundos da ineficiência das políticas públicas, principalmente nos investimentos em Educação.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta monografia buscou compreender o processo de ensino e aprendizagem em música em contexto da educação informal. Tendo como lócus de pesquisa a Banda de Música de São José de Mipibu/RN, temos como objetivo estudar os processos de ensino e aprendizagem a partir da Banda e seus processos de criação musical com jovens músicos, contribuíram para que os mesmos tomassem a decisão de seguirem no caminho da profissionalização na música. Inclusive abrangendo a discussão para a constituição da cidadania, construção de significações morais, éticos e humanos.

Diante do referido contexto, o processo de ensino e aprendizado de música implantado na Banda de São José de Mipibu fortalece as vidas dos jovens, uma vez que se leva em consideração as vivências trazidas pelos participantes, observando o seu contexto sociocultural e cultural, acrescentando novas possibilidades de conhecimento para seus dias. Pôde-se perceber que o desenvolvimento da prática de ensino na Banda, utilizadas pelos participantes não foram pensadas e desenvolvidas para formar instrumentistas profissionais, mas sim para insimular a prática musical dos jovens músicos.

Banda de Música de São José de Mipibu/RN vem desenvolvendo uma mudança socioeducativo com os jovens do Município de São José de Mipibu, desde 2014, buscando ampliar os dons e a autoestima dos participantes da Banda. Banda de Música de São José de Mipibu/RN é reconhecida pelos moradores da cidade, recebendo inúmeros convites para se apresentar em eventos culturais, cívicos, desfiles, recontros de bandas e fanfarradas, entre outros. Ou seja, através da música, Banda de Música de São José de Mipibu/RN exerce um papel de muita importância com o intuito de desenvolver com jovens músicos cidadãos críticos e socialmente engajados na música popular.

Podemos observar, também, que os relatos dos jovens músicos mostra um discurso de que a Banda de Música de São José de Mipibu/RN tem um diferencial em referência aos outros espaços de educação musical do da Cidade de São José de Mipibu, quer sejam formais ou informais. Vale ressaltar, a quebrar dos relatos dos entrevistados, que esse diferencial está no âmbito do ensino e do aprendizado, no contexto simbólico da prática musical e no estímulo ao desenvolvimento de profissionalizar-se na música.

Portanto, podemos entender que os objetivos iniciais propostos nessa pesquisa foram atingidos, pois percebemos que o processo de ensino-aprendizagem de música na Banda de Música de São José de Mipibu/RN foi determinante na formação/escolha profissional dos jovens estudantes. Inclusive, ficou bastante evidente que a história da formação do projeto da

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Banda de Música de São José de Mipibu/RN resgata um protagonismo social para a comunidade, pois identificamos que as razões pelas quais a banda foi criada mostrou o meio de difusão do conhecimento musical ao longo das apresentações.

Durante o período de pesquisa na Banda de Música de São José de Mipibu/RN, pude observar o quanto a música representa para os jovens da banda, quer seja de critério social, educativa e até bem profissional. Assim, presenciei o desenvolvimento musical de alguns estudantes e testemunhei a força de introdução social que Banda de Música de São José de Mipibu/RN exerce na cidade. Dentre os vários estudantes que passaram pela banda, alguns se tornaram profissionais e vivem da música, confirmando assim, o respeito do processo de ensino-aprendizagem de música dentro da banda, com os estímulos de lazer e nas práticas culturais, contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da cultura de paz e possibilitando aos jovens: prazer, alegria e na vida, sendo eles profissionais da música ou não. Percebe-se também que a Banda de Música de São José de Mipibu/RN dentro deste contexto, pôde desenvolver ao máximo todas as questões que concerne o crescimento intelectual dos seus participantes, sejam para aqueles que tem a música como uma saída o mundo das drogas ou para os que unicamente buscam uma vivência a parir de uma banda de música.

Percebemos, também, que o trabalho nesse projeto, é sempre muito bem visto pelos moradores, uma vez que é um excelente estímulo para os jovens, enquanto é uma legítimo influenciador a partir da educação voltada para a população mais necessitada de planos socioeducativos, principalmente os jovens. Desse modo, ao participar da banda os jovens aumentam sua autoestima ao proporcionar momentos felizes de crescimento pessoal e social, agregando valores em suas vidas a partir da organização humana, enquanto cidadãos cientes de suas potencialidades e responsabilidade para com a planeta em que vivem. Através desse projeto musical, internamente da banda de música, os educandos desenvolveram características sociais, tais quão: o trabalho social, a responsabilidade, a tolerância , a perseverança, a admiração ao próximo e o trabalho coletivo.

E, por fim, concluímos que as práticas de ensino-aprendizagem de música vinculadas as outras modalidades do conhecimento, na Banda de Música de São José de Mipibu/RN, contribuíram de processo incisiva para a cidadania e socialização dos jovens músicos, e que as vantagens trazidos por tais diligências vão além da musicalização, servindo de base para a vida dos educandos, quer sejam profissional da música ou não. Na nossa sociedade atual, marcada por desigualdades sociais, os projetos sociais são de extrema importância para os participantes ascenderem socialmente, sobretudo os mais humildes, e desenvolver a ciência intelectual por meio da música, ou pelo conhecimento na prática musical de uma atividade profissional que o qualifique e torne-o apto para viver em sociedade. Nessa perspectiva,

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concluímos que Banda de Música de São José de Mipibu/RN foi um divisor de águas na vida dos jovens participantes da banda, influenciando-os nas tomadas decisão de optarem pela música enquanto panorama profissional.

Acreditamos que esse processo musical para os jovens possa servir de referencial para novos estudantes da área musical e acadêmicos, que evidenciem o peso das bandas a constituição da cidadania e profissionalização dos participantes. Também, acreditamos que sirva de motivação aos estudos que abordam os pressupostos de educação e aprendizagem musical das bandas em contextos informal de educação.

Por fim, observou-se à visão deste trabalho que apresentou um número bastante relevante de ensino e aprendizagem na cidade de São José de Mipibu. Esses ambientes de atividades referente a música têm sido fundamental e imprescindível para a formação humana dos participantes, para distanciá-los da vulnerabilidade social, das drogas e para instigar o interesse pelo música enquanto profissão.

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Referências

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