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Bioética e feminismo: considerações sobre o aborto

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

LUCIANA DA SILVA PINHEIRO

BIOÉTICA E FEMINISMO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ABORTO

SANTA CRUZ/RN 2020

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LUCIANA DA SILVA PINHEIRO

BIOÉTICA E FEMINISMO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ABORTO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Área de concentração: Saúde Coletiva.

Orientador(a): Cecília Nogueira Valença

SANTA CRUZ/RN 2020

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LUCIANA DA SILVA PINHEIRO

BIOÉTICA E FEMINISMO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O ABORTO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Área de concentração: Saúde Coletiva.

BANCA EXAMINADORA

Presidente da banca (orientador): Prof. Dra. Cecília Nogueira

Valença

Instituição: UFRN/FACISA

Prof. Dra. Núbia Maria Freire Vieira

Examinador interno - Instituição: UFRN/FACISA

Prof. Dra. Loreta Melo Bezerra Cavalcanti

Examinador externo à Instituição Instituição:IFRN

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RESUMO

Introdução: A bioética e suas correlações nos permitem compreender melhor toda a trajetória das mulheres em relação à autonomia e às perspectivas voltadas para o ser feminino diante situações de aborto. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo geral analisar as contribuições dos estudos sobre ética, aborto, saúde da mulher e feminismo. Métodos: Trata-se de uma Revisão Integrativa com busca realizada nas bases de dados Scielo, Lilacs e MedLine. Foram incluídos os estudos que atenderam aos seguintes critérios: artigos publicados nos anos de 2010 a 2020, que abordem a temática de estudo e publicados em português. Foram excluídos os artigos duplicados em mais de uma base de dados, que não apresentavam no resumo correlação com o objetivo do estudo, e que não estivessem com o texto completo disponível. Foi possível encontrar uma amostra no total de 17 estudos, que foram lidos na íntegra, e posteriormente incluídos nesta revisão. Resultados: Pelos estudos analisados, é perceptível que o aborto ainda é um assunto considerado tabu, que o direito de escolha das mulheres sobre seu próprio corpo se estabelece como uma questão delicada a ser tratada, bem como, existe a necessidade de melhorar a assistência à saúde da mulher. Conclusão: Esta revisão conclui que é necessário haver mais debates sobre melhorias na assistência a saúde da mulher, assim como ética profissional e humanização diante as mulheres que chegam a uma situação de aborto. Dessa maneira, é essencial debater sobre todos os julgamentos acerca do aborto de mulheres e de profissionais que prestam assistência.

Palavras-chave: Bioética. Feminismo. Aborto. Descriminalização.

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ABSTRACT

Introduction: Bioethics and its correlations allow us to better understand the entire trajectory of women in relation to autonomy and the perspectives aimed at the female being in situations of abortion. Objectives: The present study aims to analyze the contributions of studies on ethics, abortion, women's health and feminism. Methods: This is an Integrative Review with a search carried out in the Scielo, Lilacs and MedLine databases. Studies that met the following criteria were included: articles published in the years 2010 to 2020, addressing the theme of study and published in Portuguese. Duplicate articles in more than one database were excluded, which did not present a correlation in the summary with the objective of the study, and which did not have the full text available. It was possible to find a sample in a total of 17 studies, which were read in full, and later included in this review. Results: From the studies analyzed, it is noticeable that abortion is still a taboo subject, that women's right to choose their own bodies is established as a delicate issue to be treated, as well as, there is a need to improve health care. women's health. Conclusion: This review concludes that there is a need for more debate on improvements in women's health care, as well as professional ethics and humanization in the face of women who come to an abortion situation. Thus, it is essential to debate all judgments about the abortion of women and professionals who provide assistance.

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Lista de Figuras

Figura 1 - Fases por nível de evidências ... 21 Figura 2 - Etapas de seleção dos artigos da revisão integrativa... 25

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Síntese dos estudos incluídos na revisão segundo título, autores, ano, tipo de pesquisa/método e base de dados ... 23

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 9 METODOLOGIA ... 19 RESULTADOS ... 22 DISCUSSÃO ... 25 CONCLUSÃO ... 28 REFERÊNCIAS ... 30 ANEXO ... 35

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INTRODUÇÃO

No Brasil e em outros países da América Latina, predomina o movimento feminista que busca os direitos das mulheres, sendo envolvido nesta cultura do feminismo internacional, iniciada em 1970, com o posicionamento favorável ao aborto1. Desde então, uma discussão que segue recorrente nesse movimento é

sobre a legalização do aborto, assim como a implementação de políticas públicas que possam permitir a garantia da assistência à saúde da mulher devido a prática de abortar2.

Para Scavone1, desde a omissão da palavra "aborto" na década de 70,

até a descriminalização e pela realização dos casos previstos por lei como opção política, percebe-se que o feminismo brasileiro está voltado à negociação, cujo êxito tem ocorrido mais em nível político do que social, pela dificuldade de alcançar e sensibilizar camadas mais amplas da população.

É necessário reforçar a luta do movimento feminista no questionamento da igualdade de gênero, na busca incessante por condições melhores de assistência à saúde, bem como impulsionar mulheres a compreenderem o quão importante é lutar coletivamente pelos seus direitos.

Numa perspectiva internacional, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem levantado os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são divididos em numerações. A ODS 5 é responsável pela igualdade de gênero, que objetiva alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas3. Dessa maneira, buscando compreender melhor tanto os direitos das

mulheres, como um pouco sobre saúde da mulher e reprodutiva, se faz necessário adentrar um pouco em algumas temáticas para explanar sobre questões que envolvam o aborto, sendo ele de forma legal ou ilegal.

Em vista disso, compreender o percurso realizado pelas mulheres em busca de autonomia e da concessão dos seus direitos, nos permite incluir o acesso aos serviços de saúde, bem como participação social, além da sua própria liberdade de expressão e autonomia. No intuito de permitir esse acesso, foram implementadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) as políticas públicas de saúde, nas quais estão inclusas a saúde sexual e reprodutiva da mulher, com atuação prioritária na atenção primária à saúde (APS). Neste nível de atenção, são utilizadas práticas educativas como estratégias fundamentais para esse

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processo de educar de maneira permanente em saúde sexual e reprodutiva de meninas e mulheres, que recorrem à assistência à saúde4.

Para o pensador Paulo Freire5, ensinar não é transferir conhecimento,

mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Partindo dessa perspectiva freireana, é recomendado que existam práticas educativas com metodologias ativas, e uma abordagem pedagógica problematizadora, que seja usuário-centrada e considere os conhecimentos e as experiências das participantes acerca da sexualidade, reprodução e relacionamento humano4.Portanto, é imprescindível a participação e o acesso da população a

estratégias que estejam voltados à saúde reprodutiva, bem como, ao planejamento familiar. A educação em saúde é fundamental para que se possa ter informações adequadas em relação à gravidez indesejada e ao aborto provocado. Um dos pontos mais presentes na vida gestacional de uma mulher que opta pela interrupção da gravidez, por meio de um aborto induzido, decorre de uma gravidez indesejada6.

As mudanças intensas na vida de quem engravida envolvem alterações no cotidiano da mulher, bem como dos planos para o futuro e até mesmo do convívio familiar7. Muitas vezes, o fato de descobrir uma gravidez que não foi

planejada altera os planos de uma mulher que por vezes imaginou um futuro diferente do de ser mãe, ou mesmo, não se encontra preparada para tamanha responsabilidade, quer seja de ordem financeira, quer seja emocional.

Em 1994, houve a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento no Cairo, e desde então, devido às consequências físicas e emocionais que possibilitam sequelas que podem ser irreversíveis na vida de uma mulher, bem como a realização do aborto de forma clandestina e das recorrentes mortes devido à falta de assistência adequada, o aborto vem sendo um grande problema de saúde pública de relevância mundial8.

Em um estudo publicado no mês de fevereiro de 2020, podemos perceber algumas estatísticas importantes sobre aborto. No mundo, há uma estimativa de 35 abortos a cada 1.000 mulheres por ano, com idade entre 15 e 44 anos. Já na América Latina essa taxa é de 44 abortos/1.000, e com exceção do Uruguai,

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Guiana e Cuba, a maioria dos países da região tem legislação que é restritiva à prática do aborto9.

Sendo um assunto que está diretamente ligado com a morte materna, principalmente por ter o fato de que uma parte é realizado de forma insegura e clandestina, gera uma grande preocupação. Essa mortalidade materna embasa, justifica e motiva a luta dos movimentos feministas para sua legalização9.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 55 milhões de abortos aconteceram entre 2010 e 2014 no mundo, sendo que 45% foram inseguros. Dados da realidade brasileira sobre aborto e suas intercorrências são incompletos, quando existem, se referem apenas ao setor público. Os dados de mortalidade dependem de investigação da causa do óbito10.

Entre 2008 e 2015, foram registradas aproximadamente 200.000 internações/ano por procedimentos relacionados ao aborto, dos quais cerca de 1.600 por razões médicas e legais. De 2006 a 2015, foram encontrados 770 óbitos maternos com causa básica aborto, estima-se um aumento de 29% nesses números por ano, devido à subnotificação de óbitos. Dentre os óbitos declarados como aborto, 1% foi por razões médicas e legais e 56,5% como aborto não especificado10.

Entre os anos de 2013 e 2015, apenas 2.442 abortos foram realizados de forma legal resultante de estupro, no Brasil, porém, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2016, mostrou em seus cálculos que no país a cada 11 minutos ocorre um estupro, dessa maneira, tendo em vista que há uma probabilidade de 5% a 7% de mulheres vítimas de estupro engravidar, pode-se concluir que o aborto legal no território nacional está abaixo do que se espera11.

Outro estudo que retrata dados que foram coletados entre 2006 e 2015, nos mostram mais sobre o aborto sendo explicitado em algumas especificações, nos norteando sobre algumas circunstâncias ligadas ao aborto.

A faixa etária, de óbitos por aborto mais frequente foi entre 20-29 anos no Brasil, sendo o ano de 2007 a faixa de 30-39 anos um número maior de óbitos, já no anos entre 2010 e 2014, a faixa etária foi de 10-14 anos, sendo esses índices prevalentes com maior número de óbitos na região Nordeste e Sudeste10.

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Também observou-se que de acordo com a cor da pele, entre os anos de 2006-2015, se manteve estável aproximadamente metade dos óbitos no grupo de mulheres de cor parda, porém, entre 2006- 2012, o maior número foi de mulheres pretas, e entre 2013-2014 maior número de mulheres indígenas10.

É assustador ver números tão altos com relação a esse assunto, fica um sentimento de que a vulnerabilidade social prevalece quando se trata da segurança com relação às mulheres, bem como, do seu poder de direito sobre o seu próprio corpo, ou mesmo, do seu direito a uma assistência à saúde digna quando se trata dessa questão. A extrema desigualdade de gênero, raça e classe existentes no Brasil reforçam o lado excludente da discussão do abortamento no país.

No decorrer dos anos, o tema aborto vem tomando cada vez mais destaque mundialmente, desta maneira, também traz consigo novas nomenclaturas ou modalidades, que se caracterizam como classificações devido às inúmeras maneiras de se realizar tal ato.

O termo “abortar” tem por definição “expulsar prematuramente do útero o produto da concepção”12, já a expressão “aborto”, foi definida como sendo o ato

de “interrupção dolosa da gravidez, com expulsão ou não do feto”12.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o aborto é considerado o produto da concepção que é eliminado no abortamento, no qual, se considera abortamento a interrupção da gravidez até a 20º-22º semana, com o feto pesando menos que 500 gramas13. Logo, os termos “abortamento” e

“aborto” não são sinônimos, “abortamento” refere-se ao processo e “aborto”, ao produto eliminado.

Dentre suas definições, ainda podemos classificar o aborto conforme sua origem, de forma natural, acidental, e o provocado, sendo o natural e acidental, formas que não caracterizam crime, no Brasil14.

Não raras vezes, existe um julgamento do imaginário social sobre a mulher que aborta, até mesmo no caso do abortamento natural ou espontâneo, a mulher pode ser questionada sobre sua fertilidade ou ser constrangida a explicar-se sobre a sua ocorrência. Portanto, o abortamento involuntário também

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pode ser alvo de julgamento da mulher pela sociedade patriarcal. Já no aborto considerado criminoso, existem algumas modalidades. São elas: aborto eugênico, aborto econômico, aborto por comprometimento da saúde psíquica da mãe, aborto por gravidez indesejada14. Esses, levam a ser considerados crimes

no Brasil, por não terem uma justificativa cabível para lei, para que se possa isentar a mulher de um ato delituoso.

Dessa forma, no Brasil, o aborto induzido por terceiros ou pela própria gestante é considerado crime e se enquadra nos artigos 124 ao 127 do Código Penal15.

Por outra perspectiva, no Brasil há o aborto que é considerado legal, e também é necessário ter grande visibilidade. Este também se apresenta em algumas modalidades, que são elas: aborto por risco de vida para a gestante, aborto por estupro (quando este for provado), e aborto nos casos de anencefalia14. Compreender que existem vários tipos de aborto permite a

compreensão do que é ou não considerado crime no Brasil e em outros países do mundo.

Diante da necessidade de entender os direitos humanos, podemos questionar a ética e seus valores, bem como a autonomia enquanto liberdade da mulher de poder tomar as suas próprias decisões diante o seu corpo. Desta maneira, seguindo a temática que envolve principalmente as decisões do ser do sexo feminino, é relevante falar em relação à bioética feminista.

Desde os anos 60, há reflexões que envolvam esse tema, porém, só em 90 que surgem as primeiras pesquisas e conseguintes publicações que eram consideradas como bioética de inspiração, e trazia o pensamento e olhar crítico frente às desigualdades sociais e, em particular, à desigualdade de gênero16.

Essa assimetria que rodeia os gêneros faz com que cada vez mais, as mulheres tenham receios em tomadas de decisões e, principalmente, no que cada escolha implicará tanto na sua vida pessoal, como na vida social, considerando-se que vivemos em uma sociedade de inúmeros julgamentos sobre o ser mulher, seu papel e seu corpo.

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É interessante considerar que as mulheres muitas vezes se submetem a determinadas situações para que dessa forma possam se adequar aos padrões que são socialmente desejáveis e esperados do sexo feminino, como por exemplo, ser a tão conhecida “dona de casa” na qual trabalha incansavelmente para manter a casa organizada, e todas as tarefas do lar cumpridas. Ademais, neste contexto em especial, de submissão, os deveres de uma relação conjugal, na qual a maternidade é considerada um assunto impreterível diante a sociedade16.

O imaginário social, marcado pela dominação do patriarcado, legitima a necessidade de um casamento heterossexual; de execução perfeita de tarefas domésticas; de uma aparência sempre jovem e atraente de um comportamento gentil e condescende; e de uma maternidade compulsória. Neste contexto machista, ser mulher redunda em ser mãe, como finalidade última do corpo feminino.

Vivemos em um corpo social que apresenta inúmeras formas de pensar implica não somente em internalizar situações que possam, de alguma forma, nos conceder o direito de escolha, bem como, ter em vista que vivemos em democracia e possuímos os direitos humanos como pauta a nosso favor, não nos esquecendo de um fator primordial para vivermos em sociedade: a empatia com o próximo e seus desejos.

A compreensão de que a convivência entre as pessoas é algo essencial na vida do ser humano, permite pensarmos em como quebrar os estigmas impostos pela sociedade desde tempos remotos, a procurar os direitos quanto cidadão, sobretudo à liberdade de escolha das mulheres em quaisquer assuntos.

Dessa maneira, podemos compreender um pouco sobre o significado de ética, que é algo que está em nosso cotidiano diante as nossas ações e relações. A ética respeita, faz e refaz nossos valores e conceitos que nos definem como seres humanos, assim como tudo que está ligado às nossas atitudes, respeitando os nossos próprios princípios e dos nossos semelhantes.

Assim, ética significa caráter, e pode ser entendida como um conjunto de princípios morais que estão ligados aos direitos e deveres de cada ser humano,

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permitindo assim, que possamos conviver em comunidade em uma determinada época de acordo com o que se é aceito17.

Partindo desse pressuposto, podemos considerar a ética como um conhecimento que está ligado aos valores humanos. Buscando compreender melhor com relação à temática trabalhada neste estudo, se faz necessário assimilar os valores éticos que rodeiam este assunto, Destarte, iremos nos aprofundar em um ramo da ética que está diretamente ligado à assistência a mulheres que engravidam e por algum motivo não desejam seguir adiante com a gestação: a bioética.

Como ética aplicada à vida, a bioética começou a ser estudada na década de 1970, sendo traçada pela teoria do principialismo18. Segundo Beauchamp e

Childress19, devem-se respeitar quatro princípios, que são estes: beneficência,

não maleficência, autonomia e justiça, não tendo estes um valor hierárquico, porém, para eles, esses princípios são fundamentos para o agir moral dentro da ética biomédica.

Entender esses princípios nos faz perceber o quão relevante é mantê-los inerentes às práticas médicas, para que se possa permitir assistências cada vez mais humanizadas e pautadas no respeito à bioética bem como características do ser humano em sua singularidade.

No primeiro princípio, da beneficência, é determinado que se tenha ações que promovam o bem, e que dentro da utilidade (princípio que se encontra dividido com a beneficência), ocorra equilíbrio diante determinada ação, observando seus benefícios e prováveis prejuízos19. É importante lembrar que é

sempre necessário existir respeito à autonomia do ser humano.

No segundo princípio, não-maleficência, destaca-se a importância para os profissionais da saúde, pois estes carregam o seu sentido perante a sua prática moral. Este princípio tem o dever de que se respeite e não cause nenhum dano ou mal as pessoas19. O mal ou dano pode ser considerado como qualquer

malefício que se exponha uma pessoa, não apenas aqueles que acarreta a morte.

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No terceiro princípio, da autonomia, vemos duas formulações, positiva e negativa, respectivamente, uma relata que a autonomia do ser humano deve ser respeitada e a outra que não deve ser controlada nem limitada às ações autônomas19. Esse princípio traz consigo o dever de respeito aos indivíduos, de

praticar esse ato como se fosse a si mesmo.

No quarto princípio, o da justiça, também observamos duas formulações, a de um princípio formal e outro material. Respectivamente, o primeiro traz que quem é igual deve ser tratado igualmente, já o desigual deve ser tratado desigualmente; e o segundo, que a forma material deve ser distribuída de maneira igualitária19.

Assim, podemos afirmar que a bioética é um estudo ou ciência voltado para análise das responsabilidades diante a vida humana, bem como, expandir e aflorar a relevância que tem esse assunto, primordialmente ao que se diz respeito a saúde do indivíduo, suas características e valores, atendendo as suas necessidades de forma que se considere a autonomia de cada pessoa.

Ainda falando sobre questões relacionadas a bioética, podemos relacionar a bioética de proteção, mais uma vertente que nos norteia a compreender os direitos de autonomia da humanidade, até qual ponto interferem ou não no processo saúde/doença.

Temos duas formas de segmentos para este tema, a bioética de proteção negativa e positiva, respectivamente, uma retrata as medidas de prevenção contra o adoecimento e a qualidade de vida dos indivíduos, já a outra, permite o autodesenvolvimento humano, sendo uma condição necessária para se exercer sua própria autonomia20.

Dessa forma, compreendemos que há duas possibilidades e que essas podem gerar conflitos quanto o que cada uma traz, sendo sua forma negativa ou positiva, assim, trazendo um duplo sentido, sendo uma proteção para as ameaças ou para seu autodesenvolvimento, dessa maneira permitindo que se possa oferecer o empoderamento ou protagonismo de cada ser.

Por se tratar de um assunto emergente dentro da saúde pública, e tão primordial quando se trata de seres humanos, a ética e bioética vem sempre

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inovando e tentando cada vez mais permitir a autonomia do indivíduo, bem como as percepções dos profissionais de saúde diante sua prestação de serviço seja em qualquer momento do seu dia, diante os inúmeros e variados casos que lhe apareçam.

Em função das necessidades sociais, dentro das instituições de saúde existem vários tipos de comissões de ética, na qual surgiu primeiramente as comissões médicas, seguidas das comissões de ética em pesquisa e mais recente, as comissões de bioética21.

Dando continuidade ao enfoque que estamos tratando neste trabalho, é importante debater sobre as comissões de bioética criadas dentro do âmbito da saúde.

Em 1993, foi implantado o primeiro comitê de bioética no Brasil, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, esses comitês têm por finalidade considerar e analisar questões que surjam mediante a prática e procedimentos realizados dentro do âmbito das instituições de saúde21.

O intuito principal desses comitês é de tentar sempre buscar o melhor para os pacientes, sem distinção e de maneira igualitária, permitindo sobretudo a autonomia dos enfermos, além de permitir que se tenha sempre um apoio na tomada de decisões acerca de momentos difíceis em torno da família de determinado paciente, dessa maneira, servindo como um ponto de equilíbrio e de suporte diante as necessidades de cada indivíduo.

Compreendendo o quanto é válido ter ações dentro da área da saúde que dêem suporte a todas as pessoas que procurem os serviços seja pra qual necessidade for, podemos ansiar que a ética seja realmente praticada, e espera-se que os casos espera-sejam espera-sempre vistos e analisados diante cada espera-ser, respeitando os seus conceitos de vida, caráter, cultura, e principalmente ao sujeito em sua singularidade.

Em qualquer argumentação que se traga algo com relação à ética, não podemos deixar de falar sobre o princípio universal da responsabilidade, pois este está voltado para responsabilidade individual que cada um de nós assumiu,

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principalmente dos que se comprometem em cuidar de outras pessoas, sendo em instituições de saúde ou fora delas17.

A bioética e os direitos humanos estão conectados pelo fato dos dois respeitarem a dignidade humana, desta maneira, é fortalecido o pensamento para que se tenha uma proteção integral da pessoa humana22. Perceber que o

ser humano apresenta tanto na sua singularidade quanto em coletividade a sua autonomia e integridade, enquanto ser pensante nos permite compreender e respeitar cada indivíduo.

Em relação à saúde coletiva, vemos que a bioética está diretamente relacionada no contexto de pensar no elo saúde e sociedade visando os possíveis impactos que venham causar na qualidade de vida da população23.

Assimilar todas as ideias que envolvem o aborto, bem como a mulher sendo um ser que têm direitos e escolhas, como também a ética e bioética voltada para este assunto, e ainda tentar entender todos os julgamentos feitos acerca das escolhas dessas gestantes que nem sempre vão de acordo com o que a sociedade julga certo ou errado, não é tarefa fácil.

Consideramos que há uma necessidade em expandir o conhecimento acerca de um assunto que muitas vezes é considerado um tabu, na sociedade. Dessa forma, debater questões vivenciadas pelas mulheres, bem como o suporte que lhes é oferecido, torna-se imprescindível para que possamos compreender como vem sendo consideradas questões éticas que envolvam a temática do aborto e os seus suportes, além de permitir possíveis inferências que corroborem com a melhoria da assistência no que se diz respeito a saúde da mulher, como também a educação sexual, e os direitos de escolha diante o seu próprio corpo.

Dessa maneira, buscaremos compreender melhor sobre o que vem sendo realizado no âmbito da assistência à saúde da mulher, assim como, do momento pré e pós aborto, além do envolvimento ético diante todo esse momento vivido por algumas mulheres.

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Nesta perspectiva de trabalhar sobre bioética, feminismo e aborto, este estudo tem como questão de pesquisa: o que diz a literatura científica sobre bioética, feminismo e aborto.

Diante os achados e o que foi exposto nos trabalhos estudados, pretende-se como objetivo geral analisar as contribuições dos estudos sobre ética, aborto, saúde da mulher e feminismo. Como objetivos específicos são elencados: identificar as contribuições da bioética para o debate do aborto; discutir sobre a saúde da mulher e sua autonomia.

METODOLOGIA

Trata-se de uma Revisão Integrativa, que consiste em um método que permite sintetizar resultados obtidos de outros estudos acerca de um determinado tema, de modo que seja organizado e traga abrangência sobre o assunto, permitindo discutir e apontar ausências que venham a surgir sobre o mesmo. Esse método consiste na busca de dados em fontes secundárias24.

Todo o escopo do trabalho foi minuciosamente estudado e avaliado para que se trouxesse o máximo possível de informações voltadas a temática, concedendo assim, uma leitura que permita compreender o que vem sendo trabalhado e relatado no decorrer dos últimos anos, bem como as lacunas que ficam dos estudos e nos permite inferir opiniões ou mesmo possíveis soluções para o preenchimento de tais.

A pesquisa foi desenvolvida no mês de agosto de 2020. Para identificação dos estudos relevantes foram feitas buscas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e nas fontes de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis andRetrieval System Online (MEDLINE), The Scientific Electronic Library Online(SciELO).Para a realização da busca dos artigos, foi utilizado a combinação dos descritores na língua portuguesa: “Aborto”, “Bioética”, “Feminismo”, “Abortamento” e “Descriminalização”. Assim, foram encontrados os textos que estão relacionados com a temática abordada.

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Para a seleção dos artigos, foram definidos os seguintes critérios de inclusão: publicação nos últimos dez anos (de 2010 a 2020), abordar a temática trabalhada para a revisão integrativa e artigos publicados na íntegra em português.

Ademais, foram excluídos os artigos que apareceram em duplicidade em mais de uma base de dados, que não apresentavam no resumo correlação com o objetivo da revisão, e que não estivessem com o texto completo disponível para acesso gratuito.

A revisão seguiu seis fases para a sua elaboração, que foram: elaboração da pergunta norteadora; busca ou amostragem na literatura; coleta de dados; análise crítica dos estudos incluídos; discussão dos resultados; e apresentação da revisão integrativa24.

De forma breve, a seguir iremos elencar as fases de elaboração que a revisão integrativa seguiu, bem como o que foi realizado em cada uma dessas etapas.

Na primeira fase, definiu-se a pergunta norteadora do estudo, que é sobre o que diz a literatura científica sobre bioética, feminismo e aborto? Esta é a fase mais importante para a criação da revisão, pois a partir dessa definição, se torna possível decidir quais os assuntos serão incluídos para avaliação, vendo assim, as informações de todos os trabalhos selecionados.

Esta etapa deve ter sua elaboração bem formada e clara, de modo que se relacione um raciocínio lógico com a inclusão das teorias do próprio pesquisador, bem como o seu discernimento sobre o assunto24.

Na segunda fase, foi realizado a busca ou amostragem na literatura, sendo necessário cautela na escolha dos trabalhos, bem como se observar claramente os critérios de inclusão e exclusão.

Nesta etapa, que está relacionada a fase anterior, é realizado a busca dos estudos que permite uma procura em bases eletrônicas, em periódicos, as referências encontradas nos estudos, e tudo o que pode colaborar com o desenvolvimento do trabalho24.

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Na terceira etapa, foi realizado a coleta de dados, para tal momento foi criado um instrumento que permitisse manter um fluxo de respostas que permitisse obter respostas para o mesmo objetivo.

Utilizar um instrumento anteriormente produzido traz a capacidade de possibilitar que os dados coletados sejam relevantes, dessa maneira, minimizando os riscos de erros na transcrição, permitindo exatidão na apuração dos registros24. O anexo 1 desta revisão traz um instrumento anteriormente

elaborado e validado, como norte para seguir a coleta de dados25.

Na quarta etapa, foi realizada a leitura dos artigos que foram escolhidos de forma a organizar as características de cada estudo, no qual permitiu validar cada texto lido através dos métodos escolhidos e dos seus respectivos resultados, levando em consideração a relevância de cada um.

Para se permitir encontrar a melhor evidência de cada estudo, existe uma hierarquia a ser seguida para obter melhores resultados nessa fase, que são elas divididas em níveis24.

Figura 1 – Fases por nível de evidências.

Fonte: Ursi, 2005.

Nível 1

Evidências resultantes da meta-análise de múltiplos estudos clínicos controlados e randomizados

Nível 2

Evidências obtidas em estudos individuais com delineamento experimental

Nível 3

Evidências de estudos quase-experimentais

Nível 4

Evidências de estudos descritivos (não-ex-perimentais) ou com abordagem qualitativa

Nível 5

Evidências provenientes de relatos de caso ou de experiência

Nível 6

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Na quinta etapa, foi elaborado a discussão acerca dos resultados obtidos, a partir da leitura realizada dos textos, permitindo comparar os dados que foram encontrados.

Foi permitido evidenciar as ausências de cada trabalho, e possibilitar prioridades, bem como, explicitar as conclusões que se obteve e os vieses encontrados, da mesma forma que viabilizar implicações para estudos futuros24.

Na sexta e última etapa, foi realizado a apresentação da revisão integrativa, permitindo dessa forma que o leitor compreenda bem o que se foi pesquisado, sem deixar nada omisso.

Com o intuito de reduzir e deixar sempre as partes relevantes a serem apresentadas, é elaborado um instrumento para que se possa organizar os achados, permitindo uma sistematização dos dados e facilitando uma comparação entre os tópicos levantados, além da visualização dos dados que foram achados24.

RESULTADOS

Ao realizar a busca dos estudos nas bases de dados, foi possível encontrar um total de 100 publicações que condiziam com o cruzamento dos descritores. Logo em seguida aplicou-se os critérios de inclusão e exclusão, obtendo assim a quantidade de 48 publicações. Desses estudos, foi desempenhado a leitura dos resumos, e se não ficasse claro a sua inclusão na revisão, posteriormente foi realizado a leitura dos objetivos, resultado e conclusão dos mesmos.

A amostra final dessa revisão foi composta por 17 estudos que foram lidos na íntegra. Destes, 14 foram encontrados na base de dados Lilacs, 1 na Medline e 2 na Scielo. A tabela 1, em seguida, detalha as especificações dos estudos.

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Tabela 1. Síntese dos estudos incluídos na revisão segundo título, autores, ano, tipo de

pesquisa/método e base de dados.

TÍTULO AUTORES ANO TIPO DE

PESQUISA/MÉTODO

BASE DE DADOS

Descriminalização do

aborto: percepção dos

gestores em cidades

fronteiriças

Luersen D et al. 2019 Qualitativa, exploratória e descritiva LILACS A experiência do aborto na rede: análise de itinerários abortivos compartilhados em uma comunidade online

Duarte NIG, Moraes LL, Andrade CB

2018 Etnografia virtual MEDLINE

Aborto e bioética no jornal Folha de São Paulo

Morais ERC et al. 2018 Qualitativo e documental

LILACS

Dilemas bioéticos na assistência médica às gestantes adolescentes

Junior EVS et al. 2018 Revisão integrativa LILACS

Direito ao aborto, gênero e a pesquisa jurídica em direitos fundamentais

Azevedo A 2017 Descritivo LILACS

O direito ao aborto no debate legislativo brasileiro a ofensiva conservadora na Câmara dos Deputados Miguel LF, Biroli F, Mariano R 2017 Descritivo SCIELO A legalização do abortamento no discurso do jornal Folha de São Paulo (2011-2014)

Silva TM, Martins AM 2016 Qualitativo e documental

LILACS

Medicalização do corpo da mulher e criminalização do aborto no Brasil

Ferraza DA, Peres WS 2016 Descritivo LILACS

Percepção de

profissionais da saúde sobre abortamento legal

Rocha WB et al. 2015 Quantiqualitativo LILACS

Saúde mental das

mulheres e aborto

induzido no Brasil

Romio CM et al 2015 Revisão sistemática LILACS

Algumas considerações acerca da legalização do aborto no Brasil

Cúnico SD et al. 2014 Quantitativo LILACS

Ciberativismo em defesa do parto humanizado e da

descriminalização do

aborto

Marques RA 2013 Qualitativo LILACS

O aborto e o uso do corpo feminino na política: a campanha presidencial brasileira em 2010 e seus desdobramentos atuais Almeida TMC, Bandeira LM 2013 Descritivo SCIELO Abortamento Induzido: vivência de mulheres baianas

Pereira VN et al. 2012 Qualitativo LILACS

Atenção à saúde da mulher em situação de abortamento: experiências de mulheres hospitalizadas e práticas de profissionais de saúde

(24)

Abortamento provocado na adolescência sob a perspectiva bioética

Chaves JHB et al. 2010 Descritivo LILACS

As mulheres brasileiras e o aborto: uma abordagem bioética na saúde pública

Sandi SF, Braz M 2010 Qualitativa descritiva LILACS

Fonte: pesquisa em bases de dados, 2020.

Os estudos incluídos estão englobados com dados de 2010 a 2020, sendo todos de publicações no Brasil e tendo a prevalência de publicação no ano de 2018 (17,6%), os anos de 2010, 2012, 2013, 2015, 2016, 2017 ambos com (11,7%) das publicações, e os anos de 2014 e 2019 com (5,8%), já os anos de 2011 e 2020 sem publicações que se inseriram na revisão. Também percebemos que a maior quantidade de trabalhos se encontra na base de dados Lilacs (82%), seguida da Scielo (12%) e Medline (6%).

Com relação à quantidade específica de estudos encontrados nas bases de dados, podemos analisar a distribuição que foi sendo encontrada no decorrer da avaliação para chegar à quantidade final de estudos incluídos na revisão.

Nessa distribuição podemos observar que foi feita a busca de dados com todos os descritores escolhidos para a busca dos trabalhos, logo após foram incluídos os critérios de inclusão e exclusão, e por fim, realizado a leitura na íntegra de todos os estudos achados na busca. Dessa maneira, obtendo a quantidade final de estudos que se encaixaram para esta revisão integrativa. A distribuição dessas etapas pode ser observada na Figura 1 a seguir:

(25)

Figura 2 – Etapas de seleção dos artigos da revisão integrativa.

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

DISCUSSÃO

Com relação à questão de pesquisa deste estudo que trata-se de tentar responder acerca das temáticas de bioética, aborto, feminismo e a relação desses temas nos artigos, percebemos que foi possível observar na leitura da amostra final que falar sobre o tema aborto ainda é um tabu para a sociedade.

Sobre o feminismo, percebemos que é uma luta existente desde anos, e vem crescendo com o passar do tempo. O desejo das mulheres em lutar por igualdade de gênero e direito de escolha sobre o seu próprio corpo, é nítido em Morais26 e Azevedo27. Identificação a Triagem Elegibilidade Incluídos

Registros identificados por meio de pesquisa no banco de

dados (n=100)

Registros excluídos (n=14) Registros selecionados

(n=48)

Registros após duplicação removidos (n=71)

Artigos de texto completos avaliados para elegibilidade (n=34)

Estudos incluídos na Revisão Integrativa (n=17)

Artigos de texto completos excluídos, com motivos

(26)

“Nem sequer sabemos ser possível alcançar a universalidade até então buscada, tão intensa tem sido a heterogeneidade de comportamento dos mais diferentes segmentos (mulheres, gays, negros, indígenas). Presenciamos, então, uma certa atomização das morais decorrente das reivindicações de grupos emergentes que defendem posições igualitárias na sociedade discriminadora”28.

Quanto à bioética, os artigos26,29,30,31 nos mostram uma perspectiva de

respeito ao corpo feminino em situação de abortamento que poucas vezes acontece. É comum haver julgamento e descriminação contra essas mulheres, sempre advindos principalmente da questão religiosa.

Percebe-se que quando é necessário internações devido complicações de um aborto, seja ele provocado ou não, os profissionais da saúde, em sua grande maioria, estão despreparados para atenderem essas mulheres de forma humanizada, deixando sobrepor os seus valores pessoais do que a sua ética profissional32,33.

Dessa maneira, os quatro princípios elencados por Beauchamp e Childress19, considerados elementos que servem como base para o agir moral

dentro da ética biomédica, não são utilizados por esses profissionais, quebrando principalmente o princípio da autonomia, pois não é observado o respeito ao outro, independente de qual situação esteja inserido.

Com relação ao aborto, segundo Silva e Martins34, o assunto é tratado

com vários discursos sendo de políticos, feministas e religiosos de uma forma que nos permite perceber que esse tema é considerado polêmico e um tabu para a sociedade.

Quando se fala em aborto, é impossível não relacionar com questões religiosas, pois a percepção das mulheres é de culpa por cometerem o aborto, e acreditam que de alguma forma serão castigadas por cometerem esse ato, apesar de demonstrarem alívio por conseguirem interromper uma gravidez não planejada/desejada31,35.

Segundo Marques36, é considerado um grande empecilho para a luta

(27)

os conceitos patriarcais e biopolíticos que implicam no controle do corpo feminino.

“Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido e à conduta correta e à incorreta, válidos para todos os seus membros”37.

Outra questão apontada nos estudos38,32 é a realização do aborto em

clínicas clandestinas, bem como pelo uso da medicação misoprostol que é obtido a partir da comercialização ilegal do mesmo. Além desses dois métodos, segundo Duarte et al.38 o uso de chás como método para realizar o aborto,

aparece em menor proporção com relação aos métodos anteriormente mencionados.

De acordo com Luersen e Lange39 a proibição do aborto não impede a

sua ocorrência, apenas torna a prática insegura e que pode colocar a vida das mulheres em risco, bem como moralizar essa questão acaba deixando de lado a autonomia decisória dessas mulheres.

Segundo Cúnico e Faraj40 a forma com que praticam o aborto vem seguido

de relatos de medo não apenas do julgamento, mas também do medo de morrer ao realizar este ato sem que tenham assistência médica necessária, sendo levadas a realizar de maneira clandestina

Outra questão menos frequente, mas relatada em pelo menos três artigos34,41,42 da amostra total, é a questão política que envolve a temática. Há

um debate forte sobre as eleições de 2010, e toda a pressão dos católicos e evangélicos diante a temática do aborto.

Isso responde o motivo pelo qual no ano de 2011 há um esquecimento sobre esse assunto, e nesta revisão percebemos que nesse ano não houve publicações envolvendo esse tema.

Portanto, a questão do aborto também se mostra diretamente ligada ao interesse político, e não como poder do estado de ter maior interesse em garantir melhorias nas políticas públicas como suporte para o planejamento familiar30.

(28)

Outro ponto pertinente, é o fato de não haver a preocupação na prestação de uma assistência de qualidade bem como promoção da saúde e a autonomia das mulheres38. Nesse contexto, as mulheres acabam por temer a procura por

um serviço de saúde, local onde deveria ser ponto de referência para conceder ajuda profissional, e não julgamentos.

Dessa maneira, percebemos que os valores é ponto crucial nos estudos, de maneira que conseguem sobrepor o direito de escolha das mulheres em realizar ou não um aborto seguro. Portanto há muitos valores que são vistos apenas de uma perspectiva pessoal.

“O que são valores? Valorar é uma experiência fundamentalmente humana que se encontra no centro de toda escolha de vida. Fazer um plano de ação nada mais é do que dar prioridade a certos valores positivos (seja do ponto de vista moral, utilitário, religioso etc.) e evitar os valores negativos, que são prejudiciais, tais como a mentira, a preguiça, a injustiça etc. O objetivo de qualquer valoração é, sem dúvida, orientar a ação prática”28.

Além do medo dos julgamentos das pessoas, bem como dos profissionais caso necessitem de assistência, outro ponto que aparece com frequência nos estudos é o fato dos profissionais também serem julgados, o que contribui para que muitos não queiram participar de momentos que envolvam o aborto43,44.

Por fim, assimilar sobre tudo o que cerca a questão do aborto e bioética, bem como as lutas feministas por interesse comum da autonomia de cada mulher, nos permite compreender o quão necessário essas questões demandam uma importância significativa de debate.

CONCLUSÃO

Concluindo o presente estudo, a análise da literatura sobre bioética e aborto ressalta o quão desafiador é trabalhar acerca de uma temática que ainda é um tabu na sociedade, permeado por diversos julgamentos de grupos sociais distintos, desde fundamentos religiosos até questionamentos sobre a moral das mulheres que realizam um aborto.

(29)

Podemos constar o quão forte é a influência da religião, bem como motivos políticos, muitas vezes levando o assunto ao esquecimento ou a grandes julgamentos para quem o realiza. Nessa perspectiva, não se leva em consideração a assistência à saúde da mulher nem sua autonomia, lembrando também, que os julgamentos e estigmas sobre o assunto, também recai sobre os profissionais que auxiliam em procedimentos de aborto, porém, são temáticas apenas citadas, não debatidas.

Diante dos resultados obtidos a partir da leitura dos trabalhos incluídos nesta revisão, indicamos a necessidade de maior divulgação assim como debates que rodeiem todos os estigmas que levam a tantas críticas não só para a mulheres, mas também para os profissionais que participam da assistência em um aborto. Esta revisão permite ampla compreensão acerca da temática e o levantamento de novos questionamentos que podem originar futuras investigações.

O presente estudo espera ter contribuído para uma reflexão crítica acerca da temática trabalhada. É de extrema relevância compreender todos os assuntos que permeiam o aborto, sendo desde o planejamento familiar perpassando pela autonomia das mulheres, e o aborto em si, bem como toda a assistência prestada a mulher em todas as fases do processo de abortar e também no momento pós aborto.

Nos dias atuais, vimos em diversos meios de comunicação, como redes socias, por exemplo, a luta de crianças vítimas de estupro para conseguir realizar o aborto mesmo em situações que é permitido em lei. O aborto ainda é um assunto que diverge muitas opiniões, assim como inúmeros julgamentos, e uma tentativa estarrecedora de direitos, dos homens, sobre o corpo feminino.

Trata-se de um relevante problema de saúde pública. É necessário capacitação para profissionais da saúde, assim como empatia e humanização na prestação de serviços a essas mulheres. A autonomia feminina deve ser respeitada, não julgada.

(30)

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(35)

ANEXO 1. Exemplo de instrumento para coleta de dados

Anexo 1. exemplo de instrumento para coleta de dados (validado por Ursi, 2005) A. Identificação Título do artigo Título do periódico Autores Nome Local de trabalho Graduação País Idioma Ano de publicação B. Instituição sede do estudo Hospital Universidade Centro de pesquisa Instituição ÚNICA Pesquisa multicêntrica Outras instituições Não identifica o local C. Tipo de publicação Publicação de enfermagem Publicação médica

Publicação de outra área da SAÚDE. Qual? D. Características metodológicas do estudo

1. Tipo de publicação 1.1 Pesquisa

( ) Abordagem quantitativa ( ) Delineamento experimental ( ) Delineamento quase-experimental ( ) Delineamento não-experimental ( ) Abordagem qualitativa 1.2 Não pesquisa ( ) Revisão de literatura ( ) Relato de experiência ( ) Outras 2. Objetivo ou questão de investigação

3. Amostra 3.1 Seleção ( ) Randômica ( ) Conveniência ( ) Outra 3.2 Tamanho (n) ( ) Inicial ( ) Final 3.3 Características Idade Sexo: M ( ) F ( ) Raça Diagnóstico Tipo de cirurgia

3.4 Critérios de inclusão/exclusão dos sujeitos

4. Tratamento dos dados

5. Intervenções realizadas 5.1 Variável independente 5.2 Variável dependente 5.3 Grupo controle: sim ( ) não ( ) 5.4 Instrumento de medida: sim ( ) não ( ) 5.5 Duração do estudo

5.6 Métodos empregados para mensuração da intervenção 6. Resultados

7. Análise 7.1 Tratamento estatístico

7.2 Nível de significância

8. Implicações 8.1 As conclusões são justificadas com base nos resultados 8.2 Quais são as recomendações dos autores 9. Nível de evidência

e. Avaliação do rigor metodológico

Clareza na identificação da trajetória metodológica no texto (método empregado, sujeitos participantes, critérios de inclusão/exclusão, intervenção, resultados)

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