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Fecundidade por período e por coorte no Estado de São Paulo

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Academic year: 2021

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Fecundidade por período e por coorte no Estado de São Paulo

Resumo:

A série de nascidos vivos disponíveis no Estado de São Paulo, provenientes dos Cartórios do Registro Civil, vem permitindo acompanhar a evolução da fecundidade há mais de trinta e cinco anos, não somente para o conjunto do Estado, mas também para as suas regiões. Assim, a fecundidade em São Paulo reduziu de um patamar de 4,7 filhos por mulher em 1960, para 1,8, em 2016, com variações no ritmo ao longo do período. Já a fecundidade por coorte, em 1960, era de 3,9 filhos e apresentava tendência a queda e em 1995, registrava TFT inferior ao nível de reposição. Análise das taxas por idade indica que a estrutura da fecundidade por coorte foi se rejuvenescendo, conforme redução dos níveis, quando comparadas às do período, indicando o controle da fecundidade entre as mulheres mais velhas. Busca-se neste estudo, analisar a evolução da fecundidade por período e por coorte, ou seja, utilizando o enfoque transversal e longitudinal, para compreender as alterações ocorridas ao longo do período. A análise também será realizada para regiões, de forma a verificar as heterogeneidades/homogeneidades de comportamentos ao interior do Estado.

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Fecundidade por período e por coorte no Estado de São Paulo

A série de informações de nascimentos para os municípios paulistas, proveniente dos cartórios de Registro Civil, disponível desde 1980, permite o acompanhamento da evolução da fecundidade por mais de trinta e cinco anos. Para o Estado de São Paulo e capital, esta série é mais longa. Além da tendência do número médio de filhos por mulher, a série vem permitindo observar as alterações ocorridas no comportamento reprodutivo das mulheres paulistas por grupos de idade, trazendo compreensões importantes do processo de queda da fecundidade em São Paulo.

O Gráfico 1 ilustra a evolução da fecundidade em São Paulo desde os anos 1960; observa-se que a queda não foi contínua, pois períodos de reduções importantes intercalam-se aos de diminuições mais lentas, de estabilidade, assim como de aumentos. De um patamar de 4,7 filhos por mulher, em 1960, a TFT passou a 4,2 em 1970 e a 3,4 em 1980, redução superior a 25% em 20 anos, ou mais de um filho por mulher. A década de 1980 apresentou uma queda da ordem de 31,0% ou um filho, redução acelerada quando comparada às diversas realidades internacionais. Na década seguinte, registrou-se um período de estabilidade e até de pequeno incremento, mas atingindo uma taxa de 2,1 filhos por mulher em 2000, alcançando o nível de reposição. Nos anos seguintes, a queda foi novamente importante, de quase 20%, registrando uma taxa de 1,7 filho por mulher em 2010. No último período as taxas têm permanecido estável, com um ligeiro aumento, mas em um patamar reduzido.

Gráfico 1: Evolução da TFT. Estado de São Paulo, 1960-2016

Fonte: Fundação Seade.

1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 TFT

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Esta queda da fecundidade em São Paulo, onde o número de filhos por mulher reduziu em três filhos, em um período de 50 anos, foi resultado de diversos comportamentos reprodutivos (Gráfico 2). A fecundidade elevada no início da transição era resultado de taxas elevadas em todos os grupos etários, estando a cúspide situada entre 20 e 24 anos. Em seguida, a redução ocorreu em função da diminuição das taxas em todas as faixas etárias e mudança da cúspide para um grupo mais velho. Nas duas décadas seguintes a redução das taxas em todos os grupos etários foi extraordinária, sobretudo para as mulheres com mais de 25 anos, evidenciando a limitação do número de filhos, indicando o importante papel dos métodos anticoncepcionais, especificamente a esterilização. Assim, a diminuição no tamanho das famílias deu-se em função de uma fecundidade jovem e controlada. Por outro lado, registrou-se também o aumento da fecundidade entre as jovens adolescentes, rejuvenescendo ainda mais a curva da fecundidade, aumentando a contribuição das mulheres mais jovens à fecundidade total. Porém este comportamento vem registrando alterações na década de 2010, pois a fecundidade das mulheres jovens permaneceu em queda, mas a das mulheres com mais de 30 anos passou a registrar aumento, ainda que de forma ligeira, alterando a cúspide da curva e o padrão etário da fecundidade.

Gráfico 2: Taxas de fecundidade por idade da mãe. Estado de São Paulo: 1960-2015

Fonte: Fundação Seade.

Esta série de taxas de fecundidade por períodos, permite obter a fecundidade por coortes e compreender o comportamento reprodutivo das gerações. Assim, considerando as coortes de mulheres com 15 a 19 anos de idade nos anos terminados em zero ou cinco, de 1960 a 1985, é possível acompanhar o comportamento

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 Taxas (por mil

mulheres) 1960 1970 1980 1990 2000 2.010 2.015

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reprodutivo completo de seis gerações; podendo ainda acrescentar a estas, as coortes de 1990 e 1995 com pequenos ajustes para completar o período reprodutivo.

Os dois primeiros pontos no Gráfico 3 correspondem à TFT por período e coorte, onde o primeiro representa a experiência reprodutiva de sete gerações de mulheres no ano de 1960, (daquelas que tinham de 15 a 19 anos em 1960, assim por diante, até aquelas que entraram no período reprodutivo em 1930 e estariam encerrando naquele ano) e o segundo, de mulheres que tinham de 15 a 19 anos em 1960 e encerraram seu período reprodutivo em 1990. A diferença entre as duas taxas era próxima a um filho por mulher, resultado, principalmente da fecundidade mais alta das mulheres de gerações mais velhas, que se visualiza, comparando as curvas dos Gráficos 2 e 4.

Gráfico 3: TFT por período e por coorte. Estado de São Paulo.1960-2015

Gráfico 4: Taxas de fecundidade por idade para coortes. Estado de São Paulo

O declínio da fecundidade, apresentado no Gráfico 3, indica que desde os anos 1960, a curva da fecundidade por coorte foi inferior à do período. A diferença entre as taxas, maior no início do período, foi-se reduzindo, embora variasse em alguns momentos;

1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 TFT (período): TFT (coorte 15anos): TFT Estado SP 0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 coorte 1955/59 1965/69 1975/79 1985/89 1995/2000 2000/05 2005/10

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nos últimos períodos era inferior a 10,0%. Estas variações se devem ao comportamento reprodutivo por grupos de idade.

As curvas de fecundidade por coortes tornaram-se cada vez mais rejuvenescidas a partir da coorte de 1970, enquanto as de período permaneciam “alargadas”. Além disso, observa-se na fecundidade por coorte, que as taxas do grupo de 30 a 34 anos, mas sobretudo as de 35 a 39 anos, alteram a tendência de diminuição, para aumento, modificando o formato da curva. Assim, pode-se considerar que as coortes mais recentes estariam adiando a maternidade, refletindo na fecundidade por período.

Ao interior do Estado, a fecundidade foi menor na Capital, em comparação ao resto, mas este comportamento inverteu-se ao longo da década de 1990 e atualmente, as regiões do interior detêm as menores taxas de fecundidade. Além dos diferenciais nos níveis de fecundidade, registram-se estruturas etárias também diversas. Neste estudo também será analisada a evolução da fecundidade por período e por coorte destas áreas, para compreender o processo de queda da fecundidade em São Paulo e suas regiões.

Referências bibliográficas:

OLIVEIRA, V.B.; WONG, L.R. A queda da fecundidade nas Minas e nos Gerais. 1970 a 1995: uma análise descritiva de coorte e período. In: XIII Seminário sobre a Economia Mineira. Diamantina, 2008.

WONG, L.R. ; PERPÉTUO, I.O. Uma visão transversal e longitudinal de quatro décadas de queda de fecundidade no Brasil In: MINISTÉRIO DA SAÚDE; CEBRAP (Eds.). Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. P. 71-85. 2009.

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