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Tipologia de perfis socioprofissionais e a identificação profissional numa organização de saúde

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w w w . e l s e v i e r . p t / r p s p

Artigo

original

Tipologia

de

perfis

socioprofissionais

e

a

identificac¸ão

profissional

numa

organizac¸ão

de

saúde

Liliana

Veríssimo

a,c,∗

e

Ana

Poeira

b,c

aInstitutodeCiênciasdaSaúde-UniversidadeCatólicaPortuguesa(ICS-UCP),Lisboa,Portugal

bInstitutodeCiênciasBiomédicasAbelSalazar(ICBAS),Porto,Portugal

cServic¸odeNefrologiaeTransplantac¸ãoRenal,CentroHospitalarLisboa-Norte,EPE,HospitaldeSantaMaria,Lisboa,Portugal

informação

sobre

o

artigo

Historialdoartigo: Recebidoa5dedezembrode2011 Aceitea31dejulhode2012 On-linea16denovembrode2012 Palavras-chave: Organizac¸ãoeadministrac¸ão Recursoshumanosemsaúde Perfilsocioprofissional

r

e

s

u

m

o

Asorganizac¸õeseprofissõesdesaúdetêmvindoasofrerumconjuntodealterac¸ões estru-turais,processuaisepolíticas.Estasalterac¸õespoderãocontribuirparaumaalterac¸ãona identificac¸ãoprofissionale,consequentemente,causarimpactosnosgruposdetrabalhoe naorganizac¸ão.Oestudopretendeidentificarperfissocioprofissionaiseasuarelac¸ãocom aidentificac¸ãoprofissional.Foiaplicadoumquestionárioaumaamostrade190 profissi-onaisdesaúdeadesempenharfunc¸õesemclínicasprivadasdehemodiálisedaregiãode LisboaeValedoTejo.Paraadefinic¸ãodosperfissocioprofissionaisfoiusadaaanálisede correspondênciasmúltiplas,comprojec¸ãosuplementardavariávelidentificac¸ão profissi-onal.Osresultadosevidenciam3perfissocioprofissionaisdistintos,2delesdiferenciados pelashabilitac¸õesliteráriasepelavinculac¸ãocontratualàorganizac¸ãodesaúde,eum ter-ceirogrupodiferenciadopelaidadeeantiguidadedeservic¸o.Contudo,nãoseverificauma relac¸ãoentreesteseaidentificac¸ãoprofissional.

©2011EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todosos direitosreservados.

Typology

of

professional

and

social

profiles

and

the

professional

identity

at

a

health

organization

Keywords:

Organizationandadministration Healthpersonnel

Socioprofessionalprofile

a

b

s

t

r

a

c

t

Theorganizationsandhealthprofessionalshavebeenexperiencingapackofstructural, procedural andpoliticalchanges.Thesechanges maylead toachangeinthe professi-onalidentification and,consequently,causeimpact intheworkingteamsaswellasin theorganization.Theaimofthestudyistoidentifyprofessionalandsocialprofilesand theirrelationshipwithprofessionalidentification.Theresearchisbasedonaquestionnaire appliedtoasampleof190healthprofessionalsworkingatprivatedialysisclinicsinthe LisbonandValedoTejoarea.TheMultipleCorrespondenceAnalysiswasusedto deter-minetheprofessionalandsocialprofiles,withprojectionoftheprofessionalidentification variable.Theresultsshowthreeidiosyncraticprofessionalandsocialprofiles,twoofwhich

Autorparacorrespondência.

Correioeletrónico:verissimo.lilianasilva@gmail.com(L.Veríssimo).

0870-9025/$–seefrontmatter©2011EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2012.07.001

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distinguishablebytheliteraryqualificationsandthecontractualbindtothehealth organi-zationandathirdoneclearlyevidentbytheageandseniority.However,thereisnorelation betweenthesefactorsandprofessionalidentification.

©2011EscolaNacionaldeSaúdePública.PublishedbyElsevierEspaña,S.L.Allrights reserved.

Introduc¸ão

Asorganizac¸õesdesaúdesãoessencialmentecompostaspor pessoasquecontactamdiariamentenumarelac¸ãomútuade interesses na área de prestac¸ão de cuidadosde saúde. Os diferentesprofissionaisdesaúdepossuemdeterminados atri-butosesaberes queosposicionamemdíspares categorias. Cadavezémaioraexigênciateórico-práticadestes profissi-onaiseparecequeasprofissõesjánãosãooqueeram na suaorigem, apesar de manterem asmesmas designac¸ões. Veja-seoexemplodaprofissãodeenfermagem,inicialmente exercidaporfreirasemulheresnãoqualificadaseagorapor profissionais licenciados, mestres e doutores. A crescente mudanc¸aorganizacionaleofenómenodaglobalizac¸ão trouxe-ramconsigomaiorexigênciaàsorganizac¸õesrelativamenteao seucapitalhumano.Tendoemcontaestecrescentetumulto dealterac¸õeseexigênciasnoscuidadosdesaúde,desponta a inquietac¸ão sobrese a identificac¸ão do indivíduocom a suaprofissãopermaneceráintacta.Aidentificac¸ão profissio-nalinfluenciaoscomportamentosdosprofissionaisdesaúde para com osclientes, pelo queseráde extrema importân-ciacompreenderofenómenoemcausa.Apesardosdiversos estudosexistentessobreaformac¸ãodaidentidade profissi-onal,sãoescassososquenospossibilitamacaracterizac¸ão daidentificac¸ãoprofissionaldosprofissionaisnocontextoda saúdeemPortugal.Opresenteestudopretendecontribuirpara oconhecimento nessaárea,definindoperfis socioprofissio-naisesuarelac¸ãocomaidentificac¸ãoprofissional.

Quadro

teórico

Osservic¸osdesaúdetêmsofridograndesalterac¸õesdevido à crescente evoluc¸ão técnica esocial ocorrida nestas últi-mas décadas. A complexidade técnica e a necessidade de reorganizac¸ão dos cuidados de saúde conduziram a uma maior exigênciaaos profissionais de saúde.De salientar a grande evoluc¸ão na profissão de enfermagem que, com o impulsionamentode Florence Nightingale eos contributos dosmodelosconceptuaiseteoriasdeenfermagem,setorna progressivamente numa disciplina. A reforma de Florence Nightingale veio «constituir uma referência fundamental no sentido da construc¸ão de umaidentidade como grupo socioprofissional»1(p.32).

Aidentificac¸ão profissional refere-seà autodefinic¸ão da pessoa em termos do trabalho que faz e das característi-casespecíficas atribuídasaosindivíduos querealizamesse trabalho2. A identidade profissional é crucial para o bom funcionamento de uma organizac¸ão. Cada pessoa indivi-dualconheceo seupapel dentroda organizac¸ãoeatuade acordocomeste.Asuarelac¸ãocomosoutrosprofissionaisna

organizac¸ãoecomosclientesécondicionadaporesta identi-dadeprofissional.

DeacordocomAbreu3,aidentidadeprofissionalforma-se, principalmente,atravésdeprocessossociaisereconstitui-sea partirdasinterac¸õessociais.Estesprocessossociais,nosquais seformametransformamasidentidades, estão dependen-tes daestruturasocial.Desalientarqueoindivíduopossui umaidentidadeantes deadquirir umahabilitac¸ão profissi-onal,logonãopodemosreduziraconstruc¸ãodaidentidade socialaestatutosouníveisdeformac¸ão.

Abreu3 (pag.95)consideraquequer aidentidadesocial, queraidentidadeprofissional«[...]nãosãodefinitivasnem estáticas–encontram-seempermanenteevoluc¸ão.Evoluem aolongodahistóriaedavidaeconstroem-seatravésde esco-lhasmaisoumenosconscientes,quelhesvãoconferirnovas orientac¸õesesignificac¸ões».Aidentidadeprofissionalreflete aquiloqueoindivíduoconceptualizasobreoqueécentrale distintivonasuaprofissão,enquantoaidentificac¸ão profissio-nalrefleteapercec¸ãodepertenc¸adoprofissionalàprofissão4. Nas organizac¸ões de saúde, todo o trabalho desenvol-vido tem como objetivo final servir o cliente nas suas necessidades. Os clientes sãoa razão de existência destas organizac¸ões edosrespetivosprofissionais.Deacordocom Rodrigues5,aidentificac¸ãoprofissionalinfluenciaos compor-tamentosdosprofissionaisdesaúdeemrelac¸ãoaosclientes. Segundo esta autora, os comportamentos de ligac¸ão e de cooperac¸ão dos profissionais para com os clientessão tão mais visíveis quanto maior a intensidade da identificac¸ão do profissional com a organizac¸ão e com a profissão que exerce.

Considerandoaidentificac¸ãoprofissionalcomoumfator positivonoscomportamentosdosprofissionaisdesaúdepara com os clientes, surge a importância de compreender os fatores influenciadores dessa identificac¸ão e como esta é caracterizadadentrodosdiferentesgruposdeprofissionaisde saúde.

No seu estudo, Rodrigues5 identifica as habilitac¸ões literáriascomoumpreditorsignificativodaidentificac¸ão pro-fissional.

Também Duarte, Nunes e Martins6 estudaram a identificac¸ão profissional dos farmacêuticos e verificaram queosprofissionaisdosexomasculinoapresentavammenor identificac¸ãoprofissionaldoqueascolegasdosexofeminino, e quea idade tem umarelac¸ão direta com a identificac¸ão profissional.

Devis et al.7 referem alguns estudos em que a idade pode ser um fator chave para interpretar a evoluc¸ão da identificac¸ãoprofissional.Noentanto,nocampodaatividade física e desporto, a idade terá uma relac¸ão inversa com a identificac¸ãoprofissionaldevidoaoenvelhecimento.

Vários autores descrevem o papel da formac¸ão e do trabalho na construc¸ão da identidade profissional8,3, mas

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poucoconhecemossobreaidentificac¸ãodoindivíduocoma profissãoqueexerceecomoestaintegrac¸ãodoeupessoaedo euprofissionalsofreafec¸ões.

Metodologia

Nasorganizac¸õesdesaúdesãoimensasasprofissões necessá-riasaumaboapráticadecuidadosdesaúde.Atualmente,para umhospitalfuncionareficazmente,precisadeprofissionais qualificadosdediversasáreas,como,porexemplo,gestores, administrativos,farmacêuticos,analistas,dietistas, fisiotera-peutas,médicos,enfermeiros,auxiliaresdeac¸ãomédica,etc. Considerandoquea identificac¸ão profissionalinfluencia oscomportamentosdosprofissionaispara comosclientes, serãoasprofissõesdemaiorcontactocomosmesmosasmais prolíficasparaoestudopretendido,nomeadamentemédicos, enfermeiroseauxiliaresdeac¸ãomédica.

Tendo em contaa dimensão doshospitais centrais e a dificuldadeemcontactarosprofissionaisdesejados, realizou-se um estudo descritivo-exploratório com profissionais de saúdequedesenvolvemasuaatividadeemclínicasprivadas dehemodiálisedaregiãodeLisboaeValedoTejo.Foipedida edeferidaporescritoaautorizac¸ãodoestudo.

Oinstrumentodecolheitadedadosaplicadofoium ques-tionárioquepermitiucaracterizarosprofissionais desaúde quantoàsuasituac¸ãosociodemográficaeprofissional,bem como avaliaro comportamento organizacional. Para medir a variável identificac¸ão profissional, utilizou-se a escala de avaliac¸ão da identificac¸ão organizacional9,4 adaptada e validadaporDuarte,NuneseMartins6 paraaidentificac¸ão profissional (Alpha de Cronbach=0,85). Trata-se de uma escalaconstituídapor2itensquerefletemaintegrac¸ãoentre aidentificac¸ãopessoaleaidentificac¸ãocomaprofissão,ena qualoindivíduodeveposicionar-seentreo1(«Demaneira nenhumaintegrado»)eo8(«Emlargamedidaintegrado»).

Operíododecolheitadedadosocorreunosmesesdeagosto esetembrode2008.Adistribuic¸ãoerecolhadosquestionários foramrealizadascomacolaborac¸ãodosenfermeiroschefede cadaclínica,garantindo-seaconfidencialidadedos profissio-naiserespetivasclínicas.

Onúmeroderespostasrecebidas,validadaseutilizadasno estudoéde190,correspondendoaumataxaderespostade 37,7%.

Resultados

Observa-seumaestruturaetáriaclaramentejovem,com64,3% comidadesinferioresa40anos,efortementefeminina rela-tivamenteaoconjunto(73,3%).Relativamenteàantiguidade, 47,3%dosinquiridosdesempenhamfunc¸õesnaempresaentre 4a10anos. Noquerespeitaaoníveldeescolaridade,uma partesignificativa (85,2%)dosinquiridos tem ensino supe-rior.Tendoemcontaaprofissãoexercidanasclínicas,73,7% dos190profissionais são enfermeiros, 16,8% sãoauxiliares deac¸ãomédicae9,5%sãomédicos.Quantoaovínculo pro-fissional, 29,6% dossujeitos emestudo estão vinculados à organizac¸ão.Osrestantesprofissionais,queconstituema mai-oria(70,4%),sãotrabalhadoresindependentes,semqualquer

Idade Antiguidade Genero Habilitações literár Vínculo Profissão Duplo emprego Dimensão 1 0,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Dimensão 2

Figura1–Indicadoresdecaracterizac¸ãodoespac¸o socioprofissional.

vínculoàorganizac¸ão.Finalmente,71,1%dosinquiridospresta servic¸onoutraorganizac¸ão,valorquerefleteaespecificidade destecontextoorganizacional.

Aidentificac¸ãoprofissional,sendoavaliadaatravésdograu de integrac¸ãodoserpessoa com oserprofissional,poderá sofrer alterac¸ões de acordo com a profissão exercida, as habilitac¸õesliterárias,aidadeeogénero,comojásugeridopor outrosautores5–7,assimcomopoderáserinfluenciadapelo localdetrabalhoousituac¸ãoprofissionaldoindivíduo.Desta forma,foramcriadosperfissocioprofissionaisqueagrupamos indivíduosdeacordocomasmedidasemanálise.

Comoobjetivodeidentificarperfissocioprofissionaisfoi realizadaumaanálisedecorrespondênciasmúltiplas(ACM). Paraoefeito,considerou-seosindicadoresdecaracterizac¸ão jáanteriormenteapresentados(género,habilitac¸õesliterárias, idade,duploemprego,profissão,antiguidadeevínculo),tendo sidoselecionadas2dimensões.Nãoobstante,verifica-seque adimensão1édeterminantecomumaconsistênciainterna bastanteelevada(AlphadeCronbach=0,814),adimensão2é igualmenteimportantecomumaconsistênciainterna satisfa-tória(AlphadeCronbach=0,598).Estaspermitiramperceber aespecificidade dasrelac¸ões entreascategoriasdos diver-sosindicadores eidentificarconfigurac¸õesdistintasnoque serefereaosperfisdostrabalhadores.

O indicador género tem projec¸ão próxima da origem, pelo que parece ser relativamente indiferente ser homem ou mulher, no que se refere à identificac¸ão dos lugares ocupados neste espac¸o social. Os outros indicadores apre-sentam medidas de discriminac¸ão elevadas, pelo menos numadasdimensões,diferenciandoosindivíduosemanálise. Oindicadorhabilitac¸õesliterárias,comoelucidaoseu posicio-namentodiagonalnafigura1,ésimultaneamenteimportante nacomposic¸ão das2dimensões. Destaforma,as variáveis queremetemparaasituac¸ãoprofissionalcontribuem decisi-vamenteparaaestruturac¸ãodadimensão1,enquantoqueas variáveisquesedestacamnadimensão2sãoasqueremetem paraasituac¸ãodeantiguidadeprofissional(fig.1).

Analisando a disposic¸ão das categorias dos indicadores noplanodefinidopelas2dimensões(fig.2),verifica-seque existe,nadimensão1,umarelac¸ãoentreashabilitac¸õesde

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1

Contrato de trabalho Ensino secundário

Auxiliar de ação médica

Trabalhador do quadro Ensino bãsico Não Contrato de trabalho Outro Médico Masculino + 10 anos Bacharelato Mais de 50 anos Outro - prestação de Enfermeiro 31-40 anos 41-50 anos Sim Licenciatura 4-10 anos Feminino Contrato de comissão Até 30 anos 0-3 anos Antiguidade Duplo emprego Género Habilitações literárias Idade Profissão Vínculo 0 −1 −2 −2,5 −2,0 −1,5 −1,0 −0,5 Dimensão 1 0,0 0,5 1,0 Dimensão 2

Figura2–Configurac¸ãotopológicadoespac¸osocioprofissional.

nível intermédio (ensino básico e secundário), a profissão auxiliarde ac¸ão médica, com vinculac¸ão aoquadro esem duploemprego;distinguindo-sedarelac¸ãoentrehabilitac¸ões denívelsuperior(licenciatura),aprofissãoenfermeiro,sem vínculo(prestac¸ãodeservic¸os)ecomduploemprego.Está-se perante2gruposcujosperfissãodistintos.

Já na dimensão 2, há que salientar a disposic¸ão das categorias que remetem para a antiguidade profissional, nomeadamenteentreascategoriasidadeaté30anosetempo deservic¸oaté 3anos,distinguindo-se dascategoriasidade com mais de 50 anos e tempo de servic¸o com mais de 10 anos. Existeuma distinc¸ãoentre ostrabalhadores mais novose,consequentemente,commenortempodeservic¸oe ostrabalhadoresmaisvelhosecommaiortempodeservic¸o. Noentanto,estadimensãoaproximaos2gruposprofissionais diferenciadosnadimensão1,porqueelespartilhamumtrac¸o comum,ouseja,representamostrabalhadoresmaisnovose commenortempodeservic¸o.

Os resultados da ACM e a análise conjugada das 2 dimensões permitiram perceber a configurac¸ão topo-lógica do espac¸o dos perfis socioprofissionais e identifi-car diferentes combinac¸ões, indicando, assim, estar-se na presenc¸a de um espac¸o no qual coexistem representac¸ões distintas10.

Constata-se,pelo plano,a existência de3 configurac¸ões muitobemdefinidas,cujaespecificidadedecorredasposic¸ões dasituac¸ãoprofissionalcomasituac¸ãodaantiguidade profis-sional.Assim,osindivíduosposicionam-sesegundo menor antiguidade,osauxiliaresdeac¸ãomédicaeosenfermeiros, sendo queas suasposic¸ões estãoem quadrantes adjacen-tes,eosindivíduoscom maiorantiguidade.São indivíduos que partilham tendencialmente as mesmas característi-cas, levando à caracterizac¸ão de perfis distintos, mas que coexistem, com maior ou menor proximidade, no mesmo espac¸o10.

Tipologia

dos

perfis

socioprofissionais

Após a identificac¸ão das diferentes configurac¸ões que coexistementreostrabalhadores,eparaumacaracterizac¸ão mais detalhadados seus perfisenquanto grupos distintos, formalizou-se a tipologia agrupando os indivíduos atra-vés de uma análise de clusters, tomando como referencial as2dimensõesestruturantesdoespac¸osocioprofissional.As variáveisutilizadascomoinputparaaclassificac¸ãoforamas quantificac¸õesdosobjetosresultantesdaACMrealizada ante-riormente.

Aprojecc¸ãodos3tipos(fig.3)noplanodaACMtorna evi-denteacorrespondênciaentreaconfigurac¸ãoporelesugerida eatipologiaobtida,dadooposicionamentodosclustersnas nuvensdepontosquetraduzemessasmesmasconfigurac¸ões.

Cadaumdosclustersassocia-seprivilegiadamenteaumdos

perfisanteriormenteidentificados,validandoasoluc¸ão suge-ridapelaACM.

Osváriosperfispodemcaracterizar-sedaseguinteforma: - Cluster 1 com 16,8% (profissionais com vínculo) –

caracteriza-se pela totalidade dos profissionais auxilia-res de ac¸ão médica, associados a níveis de escolaridade intermédios [sobretudoo ensino secundário (44,0%)].Em termosdeidadesdominantes,encontram-seaquiosjovens adultos (até 30 anos) e depois idades mais intermédias. Todosostrabalhadorestêmumvínculocomaorganizac¸ão, com 72,6% pertencendo ao quadro. E praticamente a maioria(95,6%)nãotemduploemprego.

- Cluster2com25,3%(profissionaiscomantiguidade)– refe-renteaoperfilcommaiorantiguidadeeconcomitantemente mais velhos. Mais de metade (54,2%) dos trabalhado-res pertencentes a este cluster desempenha func¸ões há mais de 10 anos, sendo que maisde 2 terc¸os possuem

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0

Ensino básico Não Trabalhador do quadro Cluster 1 (16,8%) Auxiliar de ação médica

Ensino secundário Contrato de trabalho −1 −2 −2,5 −2,0 −1,5 −1,0 −0,5 Mais de 50 anos Cluster 2 (25,3%) + 10 anos Bacharelato Masculino Médico Outro Outro 41-50 anos 31-40 anos Feminino Cluster 3 (57,9%) Contrato de comissão Até 30 anos 0-3 anos 4-10 anos Sim Enfermeiro Licenciatura Vínculo Profissão Antiguidade Cluster Duplo emprego Género Habilitações literárias Idade Contrado de trabalho Prestação de Dimensão 1 0,0 0,5 1,0 Dimensão 2

Figura3–Projec¸ãodosclustersnoespac¸odecaracterizac¸ãodosperfissocioprofissionais.

idadessuperioresa40anos(21,7%comidades compreendi-dasentre41e50anose49,8%commaisde50anos).É cons-tituídoapenasporenfermeiros(79,1%)emédicos(20,9%). - Cluster3com57,9%(profissionaissemvínculo)–éaquele

que tem um maior peso no total dos trabalhadores. Caracteriza-seporumpredomíniodeenfermeiros(92,7%), mas em que os médicos também estão representados (7,3%). Neste cluster todos têm um nível superior de habilitac¸õesliterárias.Caracteriza-seporamaioriapossuir outro emprego (95,2%), sendo que 78,6% se encontra a recibosverdes.

Conhecidososperfissocioprofissionais,realizou-seoutra ACM com projec¸ão suplementar da variável identificac¸ão profissional.Será de extrema importância compreender se a identificac¸ão profissional está relacionada com os per-fissocioprofissionais,ficandoaconhecer-sesedeterminado grupo de profissionais, com determinadas características, apresenta uma maior integrac¸ão entre o seu ser e a sua profissão.

Relativamenteà identificac¸ão profissional,os inquiridos situam-seemmédianos6,42pontosdaescala,sendoquea maioriaseposicionaacimadamédia,oquerevelaumagrande integrac¸ãoprofissional.

Comoseconstata nafigura4,aposic¸ãodaidentificac¸ão profissionalrefleteainexistênciadeassociac¸ãoaosperfis.Ela projeta-semuito próximodaorigem,parecendo ser indife-renteoníveldeidentificac¸ãoprofissionalparaacompreensão doslugaresocupadospelosperfissocioprofissionais.

Verifica-se também, quando aplicado o teste One Way ANOVA,queonívelmédiodeidentificac¸ãoprofissionaléigual nos3perfissocioprofissionais(p>0,05).

Neste contexto, poderá concluir-se pela não-sustentabilidade da tese de que existem diferenc¸as entre os perfis socioprofissionaisno que respeita à identificac¸ão profissional.

Discussão

De acordo com os resultados obtidos, podemos conceber 3 diferentes grupos de profissionais de saúde: um grupo formadopredominantemente porenfermeiros, semvínculo contratualeumníveldehabilitac¸õesliteráriassuperior (pro-fissionaissemvínculo);ogrupodosauxiliaresdeac¸ãomédica, comvínculocontratualàempresa,mascommenornívelde habilitac¸ões literárias(profissionaiscomvínculo);eogrupo

1 Cluster 1 (16,8) 0 −1 −2 −2,5 −2,0 −1,5 −1,0 −0,5 0,0 Dimensão 1 Dimensão 2 0,5 1,0 Integração pequena Cluster 3 (57,9%) Integração moderada Grande integração Integração total Cluster 2 (25,3%) Cluster Identificação profissional

Figura4–Projec¸ãodavariávelidentificac¸ãoprofissionalno espac¸osocioprofissional.

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formado por enfermeiros e médicos, sem vínculo contra-tual, mas com maior antiguidade na empresa e um nível dehabilitac¸õesliteráriassuperior(profissionaiscom antigui-dade).Os2primeirosgruposidentificadossãoconstituídos porprofissionais maisjovensecommenorantiguidade na empresaenoexercíciodaprofissão.

Compreende-seentãoqueosprofissionaissemvínculoeos profissionaiscomantiguidadepossuemhabilitac¸õesliterárias que lhes permitem exercer func¸ões diferenciadas, associ-adas a uma maior responsabilidade perante o cliente e a suasituac¸ãode saúde.Rodrigues5identificaashabilitac¸ões literáriascomoumpreditorsignificativodaidentificac¸ão pro-fissional, ao contrário dos resultados aqui obtidos. Assim, importadenotarqueestesresultados,provavelmente,nãosão generalizáveisaoconjuntodasclínicasdehemodiálise portu-guesas.

SegundoDuarte,NuneseMartins6,aidentificac¸ão profis-sionalestádiretamenterelacionadacomaidade,noentanto, nesteestudo,osprofissionaiscomantiguidade,e, concomi-tantemente,osmaisvelhos,nãosediferenciamdosrestantes grupos.

Contudo,os resultadosobtidos nesteestudodenunciam profissionaiscomidentificac¸ãoprofissionalelevada.Tendoem contaaespecificidadedasprofissões,quesebaseiamnuma filosofiaderelac¸ãodeajuda,háconsistênciaderesultados, peloqueaempresapoderá,nasuaestratégiadegestão, con-siderarestesprofissionaisaliadosessenciaisparaalcanc¸aros seusobjetivosesuperarassuasnecessidadesestratégicas.

Conclusão

Aidentificac¸ãoprofissional,deacordocomdiversosautores, temcomofatorespreditivosashabilitac¸õesliterárias5,aidade eogénero6.

Considerando o descrito na literatura, formaram-se 3 perfis socioprofissionais distintos, 2 deles diferenciados pelasituac¸ão profissional,eumterceirogrupodiferenciado pelaidadeeantiguidadedeservic¸o.

Quantoàscaracterísticassociodemográficaseprofissionais quediferenciam osgrupos profissionais,podemos concluir quesãoasapresentadasporoutrosautorescomo caracterís-ticasqueinfluenciariamaidentificac¸ãoprofissional.Todavia, neste estudo não se verifica uma relac¸ão entre os perfis socioprofissionaisapresentadoseaidentificac¸ãoprofissional. Podeconcluir-sequeasorganizac¸õesdesaúde,nestecaso, asclínicasdehemodiálisedaregiãodeLisboaeValedoTejo, sãocompostas por3grupos de profissionaisde saúde dis-tintos – osprofissionais com vínculo, os profissionais com antiguidadeeosprofissionais semvínculo,que,apesardas suasespecificidades,apresentamelevadaidentificac¸ão pro-fissional.

A discussão do trabalho e consequente comparac¸ão de resultadosfoilimitadadevidoàfaltadeestudossobreotema emPortugal.

Seria interessante alargar o estudo a nível nacional, o quetornariaotrabalhomaisconsistentenaextrapolac¸ãodos resultados, assim como fazer umacomparac¸ão entre pro-fissionais que exercem func¸ões em instituic¸ões públicas e privadas.

Conflito

de

interesses

Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses.

Agradecimentos

Asautorasagradecematodososparticipantesdesteestudo.

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Imagem

Figura 1 – Indicadores de caracterizac¸ão do espac¸o socioprofissional.
Figura 2 – Configurac¸ão topológica do espac¸o socioprofissional.
Figura 4 – Projec¸ão da variável identificac¸ão profissional no espac¸o socioprofissional.

Referências

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