UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
“DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DA
CRIANÇA: A ANIMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA
DINÂMICA”
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM: EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR
MARIA JÚLIA BORGES PINTO MARANTES
VILAV
“DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL DA CRIANÇA:
A ANIMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DINÂMICA”
MARIA JÚLIA BORGES PINTO MARANTES
Trabalho realizado sob orientação da
Professora Doutora Maria José dos Santos Cunha
Relatório Final, correspondente ao Estágio de natureza profissional/Prática de Ensino supervisionada, elaborado para a obtenção do grau de Mestre em Educação Pré-Escolar de acordo com os Decretos-Lei Nº 74/2006 de 24 de Março e Nº 43/2007 de 22 de Fevereiro.
Á minha Família, motivo de toda a
III
Agradecimentos
Desde o início do desenvolvimento de todo o processo de Estágio, contei com a
colaboração de diversas pessoas às quais faço os meus sinceros agradecimentos.
Em primeiro lugar quero agradecer à Professora Doutora Maria José dos Santos
Cunha, que desde o início se disponibilizou para me orientar e dedicou muito do seu
tempo a ajudar-me na elaboração deste relatório de estágio.
O meu agradecimento também à Educadora Cooperante Margarida Teixeira pela
disponibilidade e ajuda no decurso do estágio e pelo muito que contribuiu para a minha
formação como futura Educadora de Infância.
Como é óbvio, agradeço profundamente aos meus pais e irmãs que sempre me
apoiaram em tudo na minha vida e que sempre me ouviram quando precisei.
Um agradecimento especial às minhas princesas, Leonor e Salomé que apesar de
ainda não terem consciência do meu trabalho sempre foram uma grande ajuda, pela paz
que me transmitem.
Ao meu namorado, Sérgio, que sempre se manteve a meu lado neste processo da
minha vida académica e pessoal.
Agradeço igualmente a todos os docentes que, de certa forma, estiveram
envolvidos na elaboração deste relatório.
Por fim, e não menos importante, agradeço aos meus amigos e colegas de trabalho
pelo tempo e sorrisos que me dedicaram.
De certa forma agradeço a todas as pessoas que estiveram e estão envolvidas na
minha vida e, estão sempre do meu lado para tudo.
IV
O presente relatório é o resultado do estágio I e II realizados no âmbito da
disciplina Seminário Interdisciplinar, do Mestrado em Educação Pré – Escolar da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
A área de intervenção do Estágio abrangeu um grupo vinte e cinco crianças com
idades compreendidas entre os três e os cinco anos do Jardim-de-infância de Parada de
Cunhos, situado na freguesia com o mesmo nome, pertencente à rede pública e ao
agrupamento vertical Diogo Cão.
Fundamentado no trabalho desenvolvido, o trabalho que agora apresentamos
abrange um conjunto de actividades que visaram essencialmente satisfazer as
necessidades do público-alvo, as crianças, e que em simultâneo tiveram por objectivo
motivá-las para a aprendizagem, desenvolverem os seus estímulos cognitivos, a
socialização e a autonomia pessoal. Denominado
“
Desenvolvimento pessoal e social da criança: a animação como estratégia dinâmica”, o trabalho com o qual procurávamosrespostas para a questão “O que faz da animação uma estratégia dinâmica de
desenvolvimento pessoal e social das crianças?”, está dividido em cinco capítulos.
Nestes capítulos procuramos dar conta do que foi esta nossa intervenção ao nível do
estágio. No primeiro tratamos da fundamentação contextual. No segundo tratamos do
enquadramento teórico da problemática do estágio. No terceiro abordamos a
fundamentação metodológica. No quarto tratamos da organização das actividades
educativas. E por fim, no quinto capítulo analisamos o processo avaliativo, seguindo-se
V
This report is the result of stage I and II conducted within the discipline
Interdisciplinary Seminar, Master of Education Pre - School, University of
Trás-os-Montes e Alto Douro.
The project area covered a group of Stage twenty-five children aged between
three and five years of thekindergarten of Parada de Cunhos, situated in the parish of
the same name, belonging to the public and the vertical grouping Diogo Cão.
Based on the work, the work we are presenting a range of activities covers
essentially aimed at satisfying the needs of the target audience, children, and that
simultaneously aimed to motivate them to learn, develop their cognitive stimuli, the
socialization and personal autonomy. Called "Personal and social development of
children with the excitement and dynamic strategy, the work with which we sought
answers to the question" What makes animation a dynamic strategy of personal and
social development of children? ", Is divided into five chapters. In these chapters seek to
realize what this was our intervention at the stage. In the first deal of contextual
reasoning. In the second deal of the theoretical framework of the problematic stage. In
the third approach the methodological foundation. In the fourth dealt with the
organization of educational activities. Finally, the fifth chapter we analyzed the
VI
Agradecimentos………III Resumo………IV Abstract………...…….V Índice Geral……….VI Índice de figuras e gráficos……….IX
Introdução………1
Capitulo I - Fundamentação contextual
1. A integração no contexto de Estágio: A problemática da intervenção/investigação…5
2. Meio envolvente……..………6
2.1. História de Vila Real……….7 2.2. Enquadramento sócio – económico e cultural da população vila – realense..…..…8
2.3. Parada de Cunhos como uma freguesia do concelho de Vila Real……….11
2.3.1. Como surgiu a localidade de Parada de Cunhos……….….…13
3. O jardim-de-infância de Parada de Cunhos: Localização, tipo de instituição e sua
organização interna……….…….17 4. Caracterização do grupo de crianças……….……..22
5. Espaços e materiais……….…….28
Capitulo II - Enquadramento teórico da problemática do estágio
1.O desenvolvimento pessoal e social da criança: A animação como estratégia dinâmica
desse desenvolvimento………40 2. A importância da relação instituição/família para a formação da criança………..…42
VII
Capitulo III – Fundamentação metodológica
1. Metodologia adoptada……….………48 2. Questão inicial……….………54 3. Hipótese………...……55 4. Os objectivos de intervenção………..…….56 5. Os recursos mobilizados ……….………57 6. As limitações do processo………...……58
Capitulo IV - Organização das actividades educativas 1. Áreas de conteúdo privilegiadas, fundamentação e finalidades …..……..…….60
2. Organização e gestão do tempo e actividades……….………63
3. Actividade educativa………...………68
3.1. Período de observação……….………68
3.2. Período de responsabilização……….…….68
3.2.1. As planificações: Estratégias e objectivos………..….……71
3.3. Projecto curricular de grupo………72
3.3.1. O Projecto curricular de grupo 2008/2009 por nós elaborado…….………..…73
3.3.2. Justificação da planificação das novas actividades………...……74
3.3.3. Objectivos gerais das actividades planificadas……….…77
3.4. Actividades desenvolvidas………..…78
Capitulo V - O processo avaliativo 1. Conceito de avaliação……….………82
VIII
infância………..………87
4. Apreciação da evolução do grupo……….………90
Conclusão/Balanço final de estágio ………...………93
Referências bibliográficas ……….…………94
IX
Figura nº1 - Brasão da cidade de Vila Real……… 6
Figura nº 2 - Brasão da freguesia de Parada de Cunhos...13.
Figura nº 3 – Mapa da cidade de Vila Real………..………..15
Gráfico nº 1 – Distribuição das crianças por sexo...22
Gráfico nº 2 – Distribuição das crianças por idades………..…………..22
Gráfico nº 3 – Constituição do agregado familiar………..………….23
Gráfico nº 4 – Idade dos pais……….……..………24
Gráfico nº 5 – Idade das mães……….24
Gráfico nº 6 – Profissão dos pais………...……..25
1
INTRODUÇÃO
O presente relatório é o resultado do estágio I e II realizados no âmbito da
disciplina Seminário Interdisciplinar, do Mestrado em Educação Pré – Escolar da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e que teve a duração de 120 horas no 1º
semestre e de 150 horas no 2º.
A área de intervenção do Estágio abrangeu um grupo vinte e cinco crianças com
idades compreendidas entre os três e os cinco anos do Jardim-de-infância de Parada de
Cunhos, situado na freguesia com o mesmo nome, pertencente à rede pública e ao
agrupamento vertical Diogo Cão, contexto onde desenvolvemos o nosso trabalho de
pesquisa.
Fundamentado no trabalho desenvolvido, o trabalho que agora apresentamos
abrange um conjunto de actividades que visaram essencialmente satisfazer as
necessidades do público-alvo, as crianças, e que em simultâneo tiveram por objectivo
motivá-las para a aprendizagem, desenvolverem os seus estímulos cognitivos, a
socialização e a autonomia pessoal.
O estágio dá-nos a possibilidade de conhecer a realidade que é o
jardim-de-infância, podermos contactar com as crianças e de alguma forma contribuir para a sua
formação. Assim preocupava-nos a realidade com que iríamos deparar e com o nosso
desempenho, pois estávamos desejosas de pôr à prova o que tínhamos aprendido na
teoria.
O diagnóstico de necessidades que no início do estágio levámos a cabo
possibilitou detectarmos as necessidades das crianças ao nível do seu desenvolvimento
2 Este conhecimento, levou-nos a questionar sobre “O que faz da animação uma
estratégia dinâmica de desenvolvimento pessoal e social das crianças?” Foi portanto com base nesta questão inicial que levámos por diante este projecto de investigação que
denominámos de
“
Desenvolvimento pessoal e social da criança: a animação como estratégia dinâmica” e com o qual era nossa pretensão conseguir respostas para aquestão que inicialmente se nos colocou.
O trabalho está dividido em cinco capítulos, e neles procuramos dar conta do
que foi esta nossa intervenção ao nível do estágio. No primeiro tratamos da
fundamentação contextual, e nele incluímos temas como a integração no contexto do
estágio: a problemática da investigação/intervenção; meio envolvente; história de vila
real; enquadramento socioeconómico e cultural da população vila-realense; Parada de
Cunhos uma freguesia do concelho de Vila Real; como surgiu a localidade de Parada
de Cunhos; o jardim-de-infância de Parada de Cunhos: localização, tipo de instituição
e sua organização interna; caracterização do grupo de crianças e espaços e materiais.
No segundo tratamos do enquadramento teórico da problemática do estágio, inclui
temas como; a animação como estratégia dinâmica de desenvolvimento pessoal e
social; a importância da relação instituição/família para a formação da criança e o
papel da educadora. No terceiro da fundamentação metodológica, os temas abordados
são; a metodologia adoptada; questão inicial; hipóteses; objectivos de intervenção; os
recursos mobilizados e as limitações do processo. No quarto tratamos da organização
das actividades educativas, as áreas de conteúdo privilegiadas; organização e gestão
do tempo e actividades; actividade educativa que inclui o período de observação e a
responsabilização e o projecto curricular de grupo.
E por fim, no quinto capítulo analisamos o processo avaliativo, onde está
3 das actividades desenvolvidas no Jardim-de-infância e por fim a apreciação da
evolução global do grupo. Seguindo-se a este último capítulo a conclusão/balanço
4
Capitulo I
5
1.
A INTEGRAÇÃO NO CONTEXTO DO ESTÁGIO: A
PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO/INTERVENÇÃO
Pensámos no estágio como o culminar de um processo de aprendizagem que nos
dá a conhecer a validade da nossa preparação anterior. Não são pois de admirar os
receios que inicialmente sentimos, mas que com o decurso do mesmo, com
perseverança, trabalho e organização se foram dissipando.
A nossa integração no contexto do estágio foi de curiosidade e questionamento
constante. A primeira fase dessa integração, exigiu conhecermos as instalações do
Jardim-de-Infância, fazermos a recolha de documentação sobre a sua dinâmica e
funcionamento, contactarmos com os diferentes elementos, observação, pesquisa
bibliográfica e leituras diversas. Procedemos de seguida ao diagnóstico de necessidades
das crianças do grupo com que trabalhámos. Para o efeito recorremos à observação
directa não participante, a conversas informais com a educadora cooperante, com as
próprias crianças e com os pais. Pudemos assim aperceber-nos da necessidade que as
crianças do pré-escolar têm de ser motivadas para a aprendizagem e o papel que
estratégias diversificadas de animação podem ter na sua formação e aprendizagem na
medida em que as motivam para se implicar activamente nas actividades que o educador
com elas desenvolve.
A implementação das actividades seleccionadas em função do diagnóstico das
necessidades das crianças, foi a fase que se seguiu. No final e através da observação
directa participante, de conversas informais, registos das actividades, registos
foto-videográficos, fichas de avaliação formativa, portefólios, reuniões com a educadora e
reuniões semanais com as crianças pudemos proceder à avaliação dos conhecimentos
6
2. MEIO ENVOLVENTE
Para o Ministério da Educação:
“localidade ou localidades de onde provêm as crianças que frequentam um
determinado estabelecimento de educação pré-escolar, a própria inserção geográfica deste estabelecimento – têm também influência, embora indirecta, na educação das crianças”
(1997:33)
Vila Real é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Vila Real, na Região
Norte e sub-região do Douro, com cerca de 25 000 habitantes e sede de um município
com 378,8 km de área e 50 131 habitantes (2008), subdividido em 30 freguesias.
O concelho de Vila Real é limitado a norte pelos municípios de Ribeira de Pena
e de Vila Pouca de Aguiar, a leste por Sabrosa, a sul por Peso da Régua, a sudoeste por
Santa Marta de Penaguião, a oeste por Amarante e a noroeste por Mondim de Basto.
Crescida num planalto situado na confluência dois rios Corgo e Cabril, a cidade
está enquadrada num bela paisagem natural, pois tem como fundo as serras do Alvão e,
um pouco mais remota, a serra do Marão.
7
2.1. HISTÓRIA DE VILA REAL
A região de Vila Real desfruta de vestígios deixados do tempo do paleolítico, e
possui igualmente vestígio do povo romano, como é o caso do Santuário Rupestre de
Panóias.
No Final do século XI, em 1096, o conde D. Henrique atribuiu foral a
Constantim de Panoias, como forma de promover o povoamento da região. Em 1289,
por foral do rei D.Dinis, é fundada efectivamente Vila Real de Panoias, que se viria a
tornar na cidade actual.
Com o aumento da população, Vila Real adquire, no século XIX, o estatuto de
capital de distrito e já no século XX, o de capital de província. Em 1922 foi criada a
diocese de Vila Real, territorialmente coincidente com o respectivo distrito, por
desanexação das de Braga, Lamego e Bragança - Miranda, e em 1925 a localidade foi
elevada a cidade.
Vila Real conheceu um grande desenvolvimento com a criação da Universidade
de Trás-os-Montes e Alto Douro, em 1986, que contribuiu em muito para o aumento
demográfico e revitalização da população.
Nestes últimos anos, foram desenvolvidos na cidade vários equipamentos
culturais com o Teatro de Vila Real e o conservatório de música; a transferência e
remodelação da biblioteca municipal e outros, que lhe trouxeram á cidade um novo
8
2.2. ENQUADRAMENTO SÓCIO – ECONÓMICO E CULTURAL DA POPULAÇÃO VILAREALENSE
A população de Vila Real é constituída por 31% de indivíduos com idades
inferiores a 24 anos, 53% com idades compreendidas entre os 24 e os 65 anos e 16%
com idades superiores a 65 anos.
Em Vila Real predomina o sector terciário, correspondendo a cerca de 80% e
dois terços do volume de negócios criados pelas sociedades com sede no concelho
(INE, 2008/09).
Os grandes empregadores, deste sector terciário, não são o comércio e o turismo,
mas sim os serviços e a actividade administrativa (49,6% da população empregada), os
quais são os grandes impulsionadores da economia da cidade.
Na estrutura das classes sociais, só nos é possível identificar grupos sócio-
profissionais. Assim, salienta-se o facto de as maiores diferenças registadas entre o
concelho e a média nacional estarem relacionadas, por um lado, com a percentagem
relativamente elevada de especialistas das profissões intelectuais e científicas e pessoal
dos serviços e vendedores (ambos 15%), o que poderá ser justificado, em parte, pela
existência da Universidade e, por outro, com a baixa percentagem das classes de
operadores de instalações e máquinas e trabalhadores de montagem, o que se pode
atribuir à menor importância do sector industrial.
Sendo Vila Real capital de distrito, podemos considerar bons, os serviços e
9 Características culturais
Sendo a cidade de Vila Real uma cidade tão antiga, não admira que seja
possuidora ainda de variadas tradições e de entre elas as várias lendas que
caracterizam as povoações do interior, entre elas a Lenda do Santo Soldado e a
Lenda do Aleu.
Outra das características de Vila Real é o fabrico artesanal,
nomeadamente a louça; o linho, etc.
Os jogos populares também ocupam um lugar de destaque e entre os
vários jogos, podemos destacar o jogo da bola, o jogo da Choca e o jogo do
Malhão, muito embora já não sejam praticados com muita frequência.
Também as festividades que a cidade comemora, merecem
elevada relevância. Delas se destacam a procissão “Corpus Christi”, tradição que
remonta à idade média, com o seu protocolo rigoroso; as festas da cidade, em
honra de S. António (13 a 21 de Junho), e a tão conhecida feira de S. Pedro,
também conhecida como feira dos Pucarinhos (28 a 29 de Junho).
Gastronomia
Além dos pratos típicos de Trás-os-Montes como a bola de carne, tripas
aos molhos, entre outros, temos ainda a pastelaria que não fica atrás a nível de
qualidade. Entre um vasto repertório estão os pastéis de Santa Clara, as Cristas
10 Infra Estruturas Rede rodoviária Transportes públicos Abastecimento de águas Drenagem de esgotos Recolha de lixo Telecomunicações Património Cultural Palácio de Mateus Igreja de S. Domingos
Capela Nova ou Igreja de S. Paulo
Fragas de Panóias
Torre de Quintela
Igreja d Sr. De Guadalupe
Recinto de Vila Velha
Casa Diogo Cão
11
2.3. PARADA DE CUNHOS UMA FREGUESIA DO CONCELHO DE VILA REAL
De perfil semi-urbano, Parada de Cunhos com 7,03 km² de área e 1 789
habitantes (2001), situa-se na margem direita do Rio Corgo, afluente do rio Douro. Das
30 freguesias do concelho, é a 19.ª em área, a 10.ª em população residente e a 7.ª em
densidade populacional (254,5 hab/km²).
Inclui no seu território os seguintes lugares: Cabril, Fraga, Gaias, Granja, Parada
de Cunhos (sede), Relvas, Ribeira, Silvela e Telheira.
É uma das freguesias periurbanas de Vila Real (confronta com a freguesia
urbana de São Dinis).
Parada de Cunhos é uma freguesia muito antiga. Tinha, nos primeiros tempos da
nacionalidade Portuguesa, uma determinada importância, o que justifica que tenha sido
nomeada na carta de fundação de Vila Real, dada por D.Dinis.
No que diz respeito à economia desta freguesia, a natureza do terreno é bastante
variada e muito fértil. A actividade predominante é a agricultura. A freguesia produz
castanha, cereais, azeite e vinho.
Em relação ao comércio, encontramos em toda a freguesia minimercados,
pastelarias e padarias, peixarias, cafés e restaurantes.
Existem também oficinas de reparação de automóveis; estabelecimentos de
materiais de construção; stand de bicicletas; florista, etc.
Quanto ao ensino, existe a escola do 1ºciclo do Ensino Básico de Parada de
Cunhos, que se situa no cimo do Povo. É um edifício bem conservado, recentemente
remodelado. Tem duas salas de aula, um logradouro vedado, com o chão em gravilha e
12 Possui ainda dois átrios de entrada, uma cozinha, três casas de banhos e quatro
halls. Uma das salas de aula serve de Jardim-de-infância.
Meios de transporte
Os meios de transporte que dão acesso a esta freguesia são o autocarro, o
táxi e as viaturas particulares. No que diz respeito aos autocarros, estes são
diminutos face às necessidades da população, no que se refere a faltam de uma
rede rodoviária que ligue o centro aos arredores de Vila Real.
Os táxis, como em qualquer lado, estão sempre a disposição da
população, mas, são um meio muito dispendioso.
As vias de acesso a esta freguesia encontram-se em bom estado são
bastante acessíveis.
Habitantes
A maior parte dos habitantes desta freguesia são possuidores de uma
certa educação e cultura devido, não só a proximidade de Vila Real, mas
também, porque muitos deles se dedicam ao cultivo das letras, os restantes
dedicam-se ao amanho das terras, as quais são dotadas de qualidade produtivas.
Devido à sua localização geográfica possui um clima muito quente e, por
isso, os seus terrenos são muito produtivos, proporcionando aos seus habitantes
bons lucros, pois são eles os primeiros a apresentarem-se em Vila Real, com as
novidades hortícolas. Situado entre montes, Parada de Cunhos possui belos
13
2.3.1. COMO SURGIU A LOCALIDADE DE PARADA DE CUNHOS
O topónimo Parada, etimologicamente, significa um lugar de paragem com
certa importância, num grande caminho antigo, onde os viandantes podiam encontrar
repouso e comida. Era ali que se faziam as mudas de cavalos. Parece que Parada e
Estalagem são termos sinónimos, porque tinham idêntica finalidade.
Figura nº 2 – Brasão da freguesia de Parada de Cunhos
Situavam-se junto das grandes vias, próximo de cruzamentos importantes ou de
pontes, distanciando-se sempre umas das outras entre cinco e dez quilómetros. Parada
de Cunhos, como paragem da grande via romano-medieval que unia Lameco a Aquae
Flaviae, situava-se entre a Estalagem da Cumieira e Parada de Aguiar; ligava-se à Estalagem da Campeã, na igualmente grande via que unia Portucale a Brigantia, através das duas Estalagens de Mondrões; às regiões de Sabrosa e Alijó, através da
Ponte Pedrinha e da Estalagem de São Cibrão; e à região do Douro, através da
14 Parada de Cunhos existe por ser o lugar mais próximo da antiga ponte de
Parada, sobre a qual se construíram as duas actuais, e da ponte medieval da Ribeira,
ambas situadas no termos da aldeia.
Cunho é um grande penedo solitário. Haveria no local, vários destes penedos, que justificam o topónimo Parada de Cunhos. De facto a aldeia foi construída sobre
grandes lages de granito e a natureza cavou o impressionante fenómeno geológico das
escarpas graníticas do rio Corgo. O foral de Codessais, local também situado nas
margens do mesmo rio, na freguesia de Vilarinho da Samardã, dado por D. Afonso III,
em Setembro de 1257, chama às margens do Corgo “Corgo horrível”; e o romancista Camilo Castelo Branco referiu-se às margens do Corgo, vizinhas de Parada de Cunhos,
como “o belo horrível”.
Embora nada se conheça dos tempos pré-históricos e proto-históricos, na
freguesia de Parada de Cunhos, a sua situação geográfica no cruzamento de caminhos
sem alternativa, e na margem de um lago que existiu a montante da garganta formada
pelo Monte da Forca e a Vila Velha, que nesses tempos obstruía a corrente do rio
Cabril, fez do local passagem obrigatória e, por isso, disputada pelos homens de todos
os tempos.
Ao lado de Parada de Cunhos, há ruínas do castro mineiro da Feiteira, na
margem oposta do rio Corgo, no termo do lugar e freguesia de Folhadela, e o castro que
existiu na Vila Velha ficava-lhe também em frente, no esporão formado pela
confluência do rio Cabril com o rio Corgo.
Da Romanização, foi achado um tesouro de denários da República Romana, no
Penedo Redondo, por ocasião do rompimento da estrada nacional n.º 15, e aparece
15
Figura nº 3 – Mapa das freguesias de Vila Real
Tendo como limites as Freguesias de Vila Marim, Mondrões e Torgueda e os
rios Cabril, Corgo e Sordo, encontra-se a Freguesia de Parada de Cunhos, que integra as
povoações de Relvas, Granja, Silvela e o lugar das Gaias. Situada a um escasso
quilómetro da zona urbanística D. Dinis de Vila Real, esta Freguesia vive paredes-meias
com a cidade.
No entanto, esta é uma Freguesia essencialmente rural, conhecida pelas suas
antigas minas e pelo barro para fazer telha.
A antiguidade de Parada de Cunhos remonta a Fevereiro de 1202, data em que
D. Sancho I lhe concedeu foral. De facto, para atestar a sua importância no passado,
vêem-se ainda algumas casas brasonadas.
Por outro lado, esta é também uma Freguesia muito devota e religiosa, podendo
encontrar-se uma igreja e três capelas: a igreja de São Cristóvão e as capelas de São
16 No atinente a actividades recreativas existentes, destacam-se as actividades dos
Grupos Desportivos e Recreativos de Parada de Cunhos e da Granja, bem como todas as
festividades do Calendário Litúrgico.
Constituindo outrora a entrada e a saída de Vila Real para a Régua e para o
Porto, esta Freguesia mostrava então um intenso tráfego, entretanto atenuado pela
construção do IP4. Por isso mesmo, tornou-se um lugar apetecível para a procura e
construção habitacional, vindo, deste modo, a aumentar o seu número populacional que,
17
1.
O JARDIM DE INFÂNCIA DE PARADA DE CUNHOS:
Localização, tipo de instituição e a sua organização
O edifício onde se situa o Jardim-de-Infância de Parada de Cunhos, local onde
realizámos o estágio, tem duas valências, o Pré-escolar e o 1ºciclo. É frequentado por
crianças geralmente provenientes da freguesia de Parada de Cunhos, cujos pais
trabalham na cidade de Vila Real.
O edifício é constituído por vários espaços diferentes, sendo a parte exterior, de
certa forma, dividida para as crianças do jardim-de-infância e para as crianças do
1ºciclo. A porção referente ao jardim-de-infância, tem uma parte exterior bastante
diversificada, com um pavimento em gravilha, dois baloiços; uma horta; jardim e foi
recentemente construída uma casinha para as crianças usufruírem nas suas brincadeiras.
No que diz respeito ao interior o edifício é relativamente grande e bem dividido,
compreendendo:
Um hall, onde são recebidas as crianças e os pais. É neste espaço que se encontram os cabides onde cada criança pousa as suas pertences. Cada cabide está
identificado pelo nome da criança. Este espaço desfruta de alguns painéis, onde se
encontram algumas informações a transmitir aos pais, o mapa de presenças, o mapa
dos aniversários e outros;
Um gabinete, onde a educadora cooperante tem todos os documentos referentes ao jardim-de-infância e às crianças, é aqui também que se realizam as
nossas reuniões semanais;
Uma cozinha, que desfruta de vários utensílios de cozinha, para que as crianças possam realizar as actividades de culinária e onde também se podem
18
Uma casa de banho somente para as crianças, que aliás está muito bem equipada, tem duas sanitas e dois lavatórios, um deles está equipado com um degrau
para as crianças mais pequenas
Uma casa de banho para os adultos;
Uma arrecadação, onde são guardados todos os materiais de grande dimensão, como brinquedos; jogos, etc
A sala de actividades onde existem vários espaços. Este espaço está equipado com três conjuntos de mesas; varias cadeiras; dois computadores; bastantes
painéis, etc. É neste espaço que se realizam as actividades de matemática; da ciência;
de pintura e outras.
A sala polivalente, compartimento composto por um grande tapete onde as crianças realizam as reuniões e as conversas do dia. Também aqui existe um
grande painel, onde estão expostos vários documentos, como os projectos de grupo;
as planificações do dia e da semana; os trabalhos que estão a ser tratados. É também
neste espaço que as crianças assistem aos filmes, pois nele existe uma televisão e um
DVD. Este espaço inclui também o cantinho da biblioteca; o cantinho das bonecas; o
cantinho do faz-de-conta; o cantinho da garagem e o cantinho dos jogos lúdicos.
Como já referimos no mesmo edifício estão instalados o jardim-de-infância e a
escola do 1ºciclo de Parada de Cunhos. Estes dois ambientes educativos, partilham do
edifício onde se realiza o prolongamento e onde se encontra a cantina, onde apenas
19 O Jardim-de-Infância de Parada de Cunhos pertence á rede pública do Ministério
da Educação e foi criado em 1988/1989 com os seguintes objectivos:
Estimular as capacidades de cada criança de modo a favorecer a sua formação
Contribuir para a estabilidade e segurança afectiva da criança
Favorecer a observação e compreensão do meio natural e humano
Desenvolver a formação moral da criança e o sentido de responsabilidade
Recursos humanos
Educadora
Auxiliar de acção educativa
E estagiárias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro O calendário escolar:
Abertura do ano lectivo, 15 de Setembro;
Primeira interrupção, de 26 de Dezembro a 2 de Janeiro;
Inicio do segundo período dia 5 de Janeiro;
Segunda interrupção ocorrerá entre os dias 23 e 25 de Fevereiro;
Terceira interrupção de 6 de Abril 13 de Abril;
O encerramento do presente ano lectivo será no dia 10 de Julho; Horário praticado:
Manhã, das 9h às12 horas;
Tarde, das 14h às 16 horas;
O almoço decorre entre as 12h e as 14horas;
20 Horário dos educadores:
Manhã, das 9h às12 horas;
Tarde, das 14h às 16 horas; Horário das auxiliares:
Manhã, das 8h45 às 12h30
Tarde, das 14 às 17h30
Horário da componente á família:
Almoço das 12h às 14horas;
Tarde das 16h às 18horas; O período de férias:
O período de férias tem lugar de Julho a Setembro.
O atendimento aos pais
Este atendimento efectua-se de manhã das 12h às 14horas e de tarde das 16h às
18horas.
O jardim-de-infância de Parada de Cunhos pertence ao Agrupamento
Vertical de Escolas Diogo Cão. Um Agrupamento Vertical de Escolas é
composto por:
21 “O conselho geral é o órgão de direcção estratégica responsável pela definição das linhas orientadoras da actividade da escola, assegurando a
participação e representação da comunidade educativa” (Diário da
Republica, nº79, 1ª série, pág. 2345)
O Conselho geral é composto por um número ímpar de elementos, não superior
a 21, sendo estabelecido por cada agrupamento de escolas. Na composição deste deve
estar salvaguardada a participação de representantes do pessoal docente e não docente,
dos pais e encarregados de educação, dos alunos, do município e da comunidade local
(instituições, organizações e actividades de carácter económico, social, cultural e
científico). Compete a este órgão, eleger o presidente; o director; aprovar, acompanhar e
avaliar o projecto educativo; aprovar o regulamento interno do agrupamento de escolas;
aprovar o plano anual de actividades; apreciar e aprovar o relatório final de execução do
plano anual de actividades; aprovar o relatório de contas; apreciar os resultados do
processo de auto-avaliação; promover o relacionamento com a comunidade educativa;
definir os critérios para a participação da escola em actividades pedagógicas, científicas,
22
2.
CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO DE CRIANÇAS
Os dados recolhidos através das fichas de cada criança, fornecido pela
Educadora, permitiram-nos os seguintes elementos relativamente às crianças que
frequentam o jardim de infância de Parada de Cunhos:
Gráfico nº 1
O grupo é constituído por 25 crianças, sendo 18 do sexo masculino e 7 do sexo feminino.
Gráfico nº 2
Distribuição das crianças por
idade
3 4 5
Distribuição das crianças por sexo
masculino feminino
23 No que concerne à idade do grupo de crianças, esta distribui-se pela faixa etária
dos 3,4 e 5 anos, verificando-se que sete crianças têm três anos, oito crianças têm quatro
anos e 10 têm cinco anos.
Das onze crianças que têm cinco anos, nove pertencem ao sexo masculino e duas
ao sexo feminino. Das que têm quatro anos, quatro pertencem ao sexo masculino e
quatro pertencem ao sexo feminino. Das que têm três anos, cinco pertencem o sexo
masculino e um sexo feminino.
Relativamente ao agregado familiar, verifica-se que mais de metade das crianças
tem um agregado familiar constituído pelos próprios e pelos pais. O agregado familiar
de catorze crianças é constituído pelas mesmas, pelos pais e mais irmãos. Das duas
crianças que faltam uma vive apenas com a mãe e a outra vive com o pai e com os avós.
Gráfico nº 3
constituiçao do agregado familiar
Pais e aluno
Pais+ alunos+irmãos Mãe+ aluno+ IRMAO Pai e avós
24 Estudando o agregado familiar das crianças, e reportando-nos a um elemento de
cada vez, verifica-se, em relação ao pai, que a faixa etária se situa entre os 24 e os 50
anos de idade.
Gráfico nº 4
As mães têm idades compreendidas entre os 23 e os 44 anos de idade.
Gráfico nº 5
Idade dos pais
4044 49 35 36 41 29 24 32 30 34 50
Idades das mães
37 32 44 41 40 28 35 33 38 27 34 23 36
25
Gráfico nº 6
No que diz respeito a profissão dos pais, verifica-se uma grande diversidade.
Assim temos três que são professores, quatro empregados de construção civil, e os
restantes têm cada um, uma profissão distinta.
Gráfico nº 7
Profissão do pai
Emp.const civil CTT Professor Motorista Comerciante Advogado Empresário Bancário Manobrador de maquinas Oficial de carnes Militar contratado Angariador imobiliário Aux. De acçao médica Operador de supermecado Empregado de mesa Lavador de automóveis Vendedor26 Muitos professores tratam todas as crianças da mesma forma, porém no dizer de
Spodek e Saracho “este tratamento é inapropriado para a maioria delas, pois, embora
todas sejam parecidas sob certos aspectos, cada uma delas é única” (1998:104). O grupo
que Cunha entende não ser “apenas uma soma de indivíduos. (…) Como realidade
social, o grupo é um conjunto de pessoas que participam da mesma estrutura vivencial
colectiva, que comunicam entre si e tem uma finalidade comum” (2008:27). No nosso
caso, as crianças com quem íamos estagiar pode dizer-se que constituíam um grupo
unido, que trabalhava em conjunto na perfeição, apesar de algumas desavenças que é
comum surgirem entre crianças. O facto de as crianças serem muito comunicativas e
sociáveis ajudou bastante na forma como nos acolheram. Também nós sentimos grande
afinidade com elas e com os seus pais/encarregados de educação, o que nos fez sentir
ainda mais à vontade no desenvolvimento do nosso trabalho.
Num primeiro momento da observação, há sempre por parte do estagiário a
tendência para observar mais atentamente a acção da educadora cooperante, dado o
interesse em perceber a forma como ela agia para manter organizado e disciplinado um
grupo tão grande. Interesse que se impõe antes mesmo de começarmos a conhecer o
grupo de crianças tão habituado a ela e à sua forma de agir que por certo estranharia se
fossemos demasiado diferentes. Isto porque “seja de pé na frente da classe, comandando
a atenção de todas as crianças, ou sentada silenciosamente num canto, trabalhando com um pequeno grupo, os professores são o centro de toda a actividade da sala de aula” (Spodek & Saracho, 1998:22). A ela compete:
Organizar o espaço e os materiais, de modo a proporcionar às crianças experiências educativas integradas;
27
Proceder a uma organização do tempo;
Gerir os recursos educativos, principalmente, os de tecnologias da informação e da comunicação;
Criar condições de segurança;
Observar cada criança;
Planificar;
Avaliar, numa perspectiva formativa, a sua intervenção, o ambiente, os processos educativos, o desenvolvimento e as aprendizagens de
cada criança;
Relacionar-se com as crianças, de forma a promover a sua autonomia;
Incentivar a criança a actividades e projectos, com ou sem iniciativa desta;
Ajudar na cooperação das crianças, para que estas se sintam valorizadas e integradas no grupo.
O grupo era um grupo bastante activo, com uma necessidade extrema de
ocupação para não entrarem em conflito uns com os outros. Eram crianças bastante
participativas e empenhadas que facilitaram bastante a nossa integração. Apesar de, por
vezes, existirem problemas comportamentais havia uma boa relação entre os elementos
do grupo. É relevante neste aspecto referir que estas crianças partilham o mesmo
espaço, material e brinquedos, o que por vezes pode gerar conflitos, pela razão de todos
quererem o mesmo brinquedo. Assim, é mais difícil para as crianças com estas idades,
28 com mais 24 crianças. Os mais pequenos, porque estão há pouco tempo juntos formam
pequenos grupos, onde não há ainda grandes laços afectivos. Nas restantes crianças é
notório, um sentimento de amizade, companheirismo, partilha e solidariedade.
A relação ente as crianças e a educadora e a grande cumplicidade entre elas era
visível. A educadora tinha uma preocupação constante em manter as crianças sempre
informadas relativamente às actividades da escola e das notícias do mundo, o que fazia
com que as crianças se sentissem importantes dentro da sala de aula.
Apesar da independência e liberdade de escolha que era cedida às crianças, a
educadora preocupava-se em orientá-las no sentido de lhes estabelecer regras que
tinham de ser respeitadas. Tratava-as de forma semelhante, sem nunca discriminar
nenhuma. Apesar desta cumplicidade notava-se um grande respeito das crianças para
com a educadora. Igual respeito e amizade é demonstrado em relação à auxiliar de
acção educativa, elemento indispensável no jardim-de-infância.
3.
ESPAÇOS E MATERIAIS
Para Spodek e Saracho, “existem algumas evidências de que a falta de espaço
interfere nas interacções sociais das crianças. O espaço interno deve ser bem iluminado,
bem ventilado e bem aquecido quando necessário” (1998:126). Os espaços da educação
pré-escolar podem ser diversos, mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a
forma como estão dispostos, condicionam, em grande medida, o que as crianças podem
29 Para o Ministério da Educação,
“A organização e a utilização do espaço são expressão das intenções educativas e da dinâmica de grupo, sendo indispensável que o educador se interrogue sobre a função e finalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razões dessa organização” (1997:37).
Sendo assim, todo o educador deve adequar esta funcionalidade dos materiais ao
grupo, ou seja, às crianças existentes em determinado grupo. Pois cada grupo, ou
melhor, cada criança tem a s suas capacidades e tem igualmente necessidades evolutivas
distintas. É assim responsabilidade do educador, fazer com que o espaço e a
funcionalidade dos materiais vá ao encontro das necessidades das crianças. O Despacho
– Conjunto nº258/97, de 21 de Agosto, fornece orientações quanto ao equipamento mínimo de qualquer estabelecimento de educação pré-escolar e os requisitos de
qualidade dos mesmos, os quais se prendem com a qualidade estética, a adequação ao
nível etário, resistência adequada, respeito por normas de segurança, multiplicidade de
utilizações, valorização de materiais sintéticos e utilização de materiais de desperdício.
Assim refere que “o material deve ser rico e variado, polivalente, resistente, estimulante e agradável à vista e ao tacto (…) deve favorecer a fantasia e o jogo simbólico, a criatividade, estimular o exercício físico e o desenvolvimento cognitivo e social”.
Faz parte do processo de aprendizagem da criança, compreender a organização
do espaço e como este pode ser utilizado. Este conhecimento faz com que cada criança
adquira autonomia perante o espaço e os materiais e com isso ganhe a liberdade de fazer
as suas escolhas relativamente aos materiais.
O espaço exterior do estabelecimento é igualmente um espaço educativo, uma
30 e pelas crianças. É um local que merece a mesma atenção do educador, já que com a sua
dupla funcionalidade, permite que nele o educador possa interagir com as crianças ou
manter-se como observador.
Na perspectiva do Ministério da Educação (1997:41);
Cada modalidade de educação pré-escolar tem características organizacionais próprias e uma especificidade que decorre da sua dimensão e dos recursos materiais e humanos que dispõe. As diferentes modalidades de educação pré-escolar podem agrupar-se entre si ou integrar-se em estabelecimentos próximos de outros níveis de ensino. Esta inserção num estabelecimento ou num território educativo constitui uma modalidade organizacional que permite tirar proveito de recursos humanos e materiais, facilitando ainda a continuidade educativa.
Na instituição onde fizemos o estágio funcionam duas valências, a do 1ºciclo e a
da educação pré-escolar. Delas, apenas abordaremos o Jardim-de-Infância dado que foi
o contexto onde efectuamos o estágio.
O espaço interno do Jardim de Infância de Parada de Cunhos é constituído por
um hall; a sala polivalente que contém: o cantinho das reuniões, da biblioteca, da
garagem, dos jogos lúdicos; das bonecas e do faz de conta; a sala de actividades que
integra o espaço da colagem e do recorte, o da modelagem; do desenho, da leitura, da
escrita e matemática; da pintura, das ciências e do computador; duas casas de banho; o
31
Hall:
Segundo o Despacho conjunto nº268/97 de 25 de Agosto, “o vestiário das
crianças deve ser, sempre que possível, autónomo da (s) sala (s) de actividade (s), é um
espaço destinado ao arrumo de vestuário e objectos pessoais das crianças”. É neste espaço que é feita a recepção às crianças, é aqui também que guardam os seus pertences
num cabide identificado com o nome de cada criança.
O espaço está decorado com vários enfeites e nele se encontram o quadro de
aniversários; o quadro de presenças; uma tabela de alturas e de pesos e um placar onde
estão expostas as informações aos pais. É neste hall que as crianças lancham, havendo
um lugar para cada uma se sentar e uma mesa para colocarem o lanche e no final do
mesmo fazerem a separação do lixo.
Sala polivalente
Segundo o Despacho conjunto nº268/97 de 25 de Agosto, “a sala polivalente
deve permitir fixação de expositores; sempre que possível próxima da sala de actividades e proporcionar acesso fácil ao exterior”.
O cantinho das reuniões é composto por uma carpete onde as crianças se sentem em círculo para conversarem com a Educadora e entre si.
Este espaço contém um painel onde estão expostos os projectos das crianças,
os que já realizaram e o que estão a realizar. Assim como o diário de grupo e
as planificações do dia e da semana. Abrange também a televisão e o DVD,
32 todas as decisões com as crianças, que recebemos as visitas, que elaboram as
actividades de grupo, etc. Em síntese, este é o espaço mais frequentado pelas
crianças.
Cantinho da biblioteca que está equipado por almofadas no chão; um banco; diversos livros e um placar onde são expostos os trabalhos relativos
à leitura. Contém todo o tipo de livros, livros de pesquisa como enciclopédias,
livros de histórias, contos, lendas, livros sobre animais, plantas, corpo humano,
profissões.
Cantinhos da garagem, aqui existem vários jogos para as crianças, como legos; uma pista de carros e vários tipos de blocos;
Cantinhos dos jogos de mesa; aqui existem variadíssimos jogos lúdicos. Este é um espaço extremamente bem organizado, pois cada prateleira
está decorada com uma figura geométrica e os jogos que pertencem a essa
prateleira tem a figura geométrica correspondente, tem também uma mesa e
quatro cadeiras.
O cantinho da casinha, aqui existe vários materiais para brincar. Tem uma cozinha, uma sala e um quarto. Prateleiras recheadas com vários
materiais artificiais que as crianças trazem de casa.
O cantinho do faz de conta, este espaço é extremamente solicitado pelas crianças, pois é um espaço que está equipado com um armário onde tem
vários tipos de roupa de adulto e acessórios. Este espaço só é aberto a partir do
33
Sala de actividades:
Segundo o Despacho conjunto nº268/97 de 25 de Agosto, “a sala de actividades deve ser concebida de forma a: permitir o contacto visual com o exterior através de
janelas ou portas; permitir a fixação de parâmetros verticais de expositores de quadros.” No presente caso este espaço está bastante bem organizado. Trata-se de uma sala grande
que está dividida por mesas e cadeiras formando os vários cantos, cada um com o
material próprio para a respectiva actividade. Assim temos:
Canto do recorte e colagem: Este espaço contém um armário com os matérias de recorte e colagem (revistas e tesouras, cola e vários matérias
recicláveis), uma mesa, cadeiras e um placar. Neste cantinho as crianças fazem
recortes e colagens, de seguida a educadora coloca no placar (não é colocado
pelos meninos porque se encontra muito alto, não lhes permitindo o acesso).
Neste espaço as crianças realizam actividades de rotina e orientadas
Canto de escrita, leitura e matemática: Este espaço é muito importante, porque é aqui que as crianças resolvem os problemas que surgem
relacionados com a matemática. Assim, como desenvolvem o interesse pela
leitura e pela escrita. É composto por uma mesa com quatro cadeiras.
Na parede encontra-se o placar onde expõe os seus trabalhos,
relacionados com a leitura, escrita e a matemática.
É neste espaço que as crianças também fazem o registo das actividades.
Cantinho da modelagem: Este espaço é constituído por uma mesa, duas cadeiras e uma estante onde se encontra os materiais da modelagem
34
Cantinho do desenho: É composto por uma mesa, cadeiras, uma estantes com os lápis de cores e marcadores e um placar. Aqui as crianças
fazem desenhos livres ou orientados. No placar colocam esses desenhos que
são renovados todas as semanas
.
Espaço das ciências: Neste espaço encontra-se todos os materiais relacionados com a ciência (pesos e medidas, lupas, entre outros). Encontra-se
um placar para expor os registos das actividades relacionadas com as ciências.
Espaço do computador: Este espaço contém dois computadores, dois scanners e duas impressoras. Aqui as crianças com cinco anos de idade
fazem as suas pesquisas, e as digitalizações de alguns dos seus desenhos e
desenham no Paint.
Casa de banho:
Segundo o Despacho conjunto nº268/97 de 25 de Agosto, a “casa de banho para
as crianças deve possuir pelo menos uma sanita por cada criança; um lavatório/ dez
crianças e, colocados à altura das crianças; pelo menos uma sanita deverá ter “apoios” para crianças com dificuldade de locomoção”
A casa de banho para as crianças só pode ser utilizada pelas mesmas. Esta casa
de banho contém duas sanitas e dois lavatórios. Ambos estão compostos por degraus
adaptáveis ao tamanho das crianças. Faz parte da casa de banho uma espécie de
dispensa onde são guardados os utensílios de limpeza. O espaço está decorado pelas
crianças e tem também um ecoponto, pois é neste espaço que as crianças fazem a
35 A casa de banho para adultos tem uma sanita, um lavatório e uma farmácia onde
estão arrumados os materiais de primeiros socorros. É uma casa de banho muito bem
organizada e dentro de todos os parâmetros, a única privação é a falta de material para
crianças com deficiências motoras.
Gabinete:
Este espaço situa-se entre o hall de entrada e a sala polivalente, está
extremamente bem posicionado para que a Educadora possa sempre controlar o grupo.
É aqui que a educadora cooperante trata de todos os assuntos relacionados com as
crianças e com a instituição, é aqui que se encontra todo o material relacionado com
estes.
É também neste espaço que a educadora faz o atendimento aos pais e as pessoas
da comunidade, e também aqui que se realizaram as nossas reuniões semanais.
Este compartimento que segundo o Despacho conjunto nº268/97 de 25 de
Agosto, “o gabinete é um espaço destinado ao trabalho individual ou em grupo onde se
desenvolvem entre outras, as seguintes actividades; reuniões de pais; reuniões entre
educadores; atendimento às pessoas da comunidade.” Deve permitir a arrumação de
material didáctico, é composto por uma secretária, duas cadeiras e um computador fixo,
36
Cozinha:
É neste espaço que se realizam todas as actividades relacionadas com culinárias.
É também aqui que se preparam os pequenos lanches para saídas e aniversários, etc. No
espaço podemos encontrar alguns armários; um fogão, uma banca; um pequeno
frigorífico; uma mesa e algumas cadeiras. A mesa e as cadeiras são baixas para que
possam ser as próprias crianças a preparar os lanches e para poderem realizar as
actividades de culinária devidamente.
Arrecadação:
É aqui que são guardados os materiais de grande porte que pertencem ao
jardim-de-infância. É uma sala relativamente grande que está rodeada de estantes onde são
colocados esses materiais.
A área externa:
Segundo o Despacho conjunto nº268/97 de 25 de Agosto, “o espaço exterior
deve ser organizado de forma a fornecer ambientes diversificados que permitam a
realização de actividades lúdicas e educativas. (…) Deve, quando possível, incluir uma área coberta (…) a sua localização dever ser junto ou em volta ao edifício. Tem como condições de segurança, o espaço deverá ser delimitado de forma não agressiva, mas
37 Este espaço é composto por dois baloiços; um parque de areia; uma casinha para
brincar; uma pequena horta, um pequeno jardim e dois compostores. Todos estes
espaços são diariamente utilizados pelas crianças; está protegido por uma vedação a
toda a volta. O que o desfavorece é o facto de não ter um espaço coberto, que possa
abrigar as crianças quando as condições físicas não são as melhores. Tirante isso, é um
espaço extremamente apropriado para todo o tipo de actividades realizáveis ao ar livre,
pois é um espaço grande onde as crianças circulam livremente. É também aqui que um
pequeno grupo de crianças (sorteado), semanalmente, trata da horta e do jardim. São as
crianças que regam, que cultivam (coes fidicas.com a ajuda de um adulto); que tratam
da compostagem, etc.
Concluindo, este espaço é bastante requisitado, quer pelas crianças como pelos
adultos, pois é um espaço acessível e em boas condições. Para Spodek e Saracho,
(1998:132),
A área ao ar livre onde as crianças brincam precisa ser tão, cuidadosamente, planejada quanto a área interna, já que apresenta alguns problemas especiais. As actividades são influenciadas pelo clima e pelo tempo, e também ocorrem problemas de manutenção. As áreas externas tendem em estimular as actividades motoras amplas, o que pode trazer desafios para crianças com deficiências físicas.
38 No geral pode dizer-se que a Instituição satisfaz as necessidades das crianças
que podem desenvolver actividades orientadas, de rotina e livres.
A forma como se encontra o edifício e a sua organização, foi trabalho da
Educadora Cooperante, pois é fácil de encontrar em todos os cantinhos materiais que
acartam já alguns anos. Notamos apreço em tudo o que a educadora faz e traz para a
sala de aula, tem conseguido modificar todos os espaços físicos em que as crianças
trabalham ou brincam, o que é muito importante, já que na óptica de Lobo, (1998:19),
(…) o espaço é fundamental para a aprendizagem activa. A criança precisa de espaço para se movimentar, construir, criar, experimentar, expressar-se, brincar, jogar e levar a cabo os seus empreendimentos. (…) O Educador deve proporcionar às crianças espaços variados, sugestivos, e aliciantes e na sua organização deverá existir harmonia e lógica de modo a possibilitar as trocas e os contactos entre elas.
39
Capitulo II
Enquadramento teórico da
problemática do estágio
40
1.
O
DESENVOLVIMENTO
PESSOAL
E
SOCIAL
DA
CRIANÇA: A ANIMAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DINÂMICA
DESSE DESENVOLVIMENTO
A valorização e formação pessoal e social das crianças foram preocupações que
acompanharam a educação ao longo da sua história. De acordo com Spodek e Sarancho
(1998), “as crianças são socializadas inicialmente na família, onde desenvolvem relações com os seus pais e irmãos que lhes ensinam o seu papel e como devem
funcionar enquanto membro daquele grupo social. Mais tarde essa incumbência
compete também à escola”. Porém, levar por diante a missão de educar, sobretudo nos
tempos que correm, exige da parte da escola na opinião de Praia, (1991:15)
(…) acercar o aluno do mundo em que tem de viver e das suas complexas inter-relações, e pressupõe abandonar as tradicionais metodologias memorístico-repetitivas. O que nos conduzirá ao objectivo primordial – estimular valores, desenvolver atitudes.
O recurso a estratégias motivadoras capazes de desenvolver educação, é por
conseguinte, imprescindível. A animação educativa, uma das vertentes da animação
sociocultural pode a nosso ver ser uma dessas estratégias, já que nela estão ligados dois
aspectos da educação, um que diz respeito à formação profissional e outro dirigido à
formação geral do indivíduo. Assim sendo, e porque a animação educativa se centra no
indivíduo, no que ele quer, no que ele é e no que quer ser, força que lhe advém do facto de
“encontra em si mesma a sua própria motivação” (Ventosa, 1995: 25), pode muito bem contribuir para a formação de uma auto-estima forte.
41 E como refere Martínez, (2001:95)
(…) quanto mais positiva é a nossa auto-estima mais preparados estamos para enfrentar as adversidades e resistir às frustrações, mais possibilidades temos de ser criativos no nosso trabalho e de encontrar mais oportunidades de estabelecer relações enriquecedoras, mais dispostos nos sentimentos para tratar os outros com respeito e mais satisfação encontramos pelo simples facto de vivermos.
Esta possibilidade aliada ao facto da animação educativa poder ser uma
estratégia adequada a uma transformação de atitudes, nomeadamente ao nível do
desenvolvimento crítico, responsabilidade, consciencialização, sensibilização,
motivação e estimulação leva a que “se entenda como uma estratégia de intervenção
para desenvolver educação (Cunha, 2008a: 98), conduzindo a uma educação global, que
visa essencialmente os aspectos de personalidade humana, na escola ou fora dela. São
estas possibilidades da animação educativa que podem ajudar a que as crianças
individualmente ou em grupo, mudem as suas atitudes e mentalidades. Desperta nelas a
criatividade, privilegiar a sua aproximação dos outros, a sua ligação à escola e à
comunidade em que estão inseridas. O facto de o educador optar por esta estratégia
dinâmica, tem como objectivo principal, levar a que o educando manifeste todas as suas
capacidades criativas, mas sempre de acordo com as suas próprias motivações, ou seja
que vá ao encontro dos seus desejos, capacidades e habilidades. Utilizando a animação
educativa como estratégia de educação, o educador deixa de ser encarado como aquele
que apenas transmite conhecimento e passa a ser visto como aquele que ajuda o
educando a formar-se como pessoa e como individuo possibilitando dessa forma que se
42 educando se implique de livre vontade na participação e com isso vá adoptando atitudes
e valores próprias de um bom cidadão.
A animação educativa é motivadora e útil. Motivadora porque dá um imenso
prazer a quem a faz por vontade própria, e útil porque desenvolve a educação em cada
indivíduo que a efectua. Assim sendo, através de um processo que articule teoria e
prática, podem pensar-se outros caminhos e novas soluções para a educação das
crianças, futuros cidadãos.
2. A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO INSTITUIÇÃO/FAMÍLIA
PARA A FORMAÇÃO DA CRIANÇA
Aos pais compete a responsabilidade da educação das crianças, contudo na
sociedade contemporânea esse papel da família tem vindo a degradar-se, o que aliás já
começou a verificar-se no final do século passado e tem levado a mudanças profundas
das estruturas e dinâmicas de funcionamento, quer da escola, quer das relações entre
educadores/professores e educandos, quer mesmo dos educadores/professores com a
comunidade educativa e com os próprios pais dos educandos. Compete à escola actual,
de certa forma, o preenchimento do vazio deixado pela família. Segundo Cunha
(2008a:58),
(…) esta demissão da transmissão de saberes, que são referencia e valores a seguir, não é devida unicamente à falta de tempo ou à rápida mudança da posição social da mulher – que passou, tal como o homem, a trabalhar fora de casa – a essas, outras razoes se juntam, como a falta de vontade, o bem-estar e o conforto .
43 Contudo, o discurso entre escola e família têm-se vindo a abrir aos poucos. A
relação entre instituição e família implica levar os pais/encarregados de educação a
terem uma participação activa nas decisões da instituição de ensino; a participarem e
terem conhecimento das actividades a levar a cabo. Este ambiente positivo depende das
duas partes. Os pais/encarregados tem direito de conhecer, escolher e contribuir para a
resposta educativa que desejam para os seus filhos, porém têm que mostrar interesse em
participar na vida da instituição e, a instituição, por sua vez, tem que mostrar interesse
por essa participação dos pais/encarregados, uma presença muito enriquecedora quando
se lida com crianças pequenas. Sendo assim, na opinião de Cunha, (2008a:60)
(…) torna-se, por conseguinte, necessário, que a escola privilegie a colaboração entre pais e educadores/professores para que, tanto nela, como em casa, o educando faça a aprendizagem da sua socialização, a descoberta dos valores humanos e os pais possam partilhar na e com a escola os seus saberes.
Esta articulação entre estes dois sistemas, a família e a escola será um progresso
seguro na educação da criança, já que ajuda os educadores a compreenderem cada
criança de uma forma adequada, uma vez que lhes permite recolherem um
conhecimento sobre o seu ambiente familiar, daí que seja muito importante haver esta
relação entre estes dois co-educadores da mesma criança, para que dessa troca resultem
informações relativamente a cada criança, sobre o seu progresso e trabalhos que realiza.
Assim “escola e família, parceiros na educação das crianças, devem dar as mãos” (Cunha, 2008a:61) pois é óbvia a importância que decorre da relação que os
pais/encarregados de educação possam estabelecer com a instituição e com os
professores/educadores, o que de certa forma acaba por ter influência na forma como as
44 A inclusão dos pais na vida da escola traz vários benefícios, quer para estes quer
para a própria instituição. Um dos grandes benefícios para os pais/encarregados de
educação é o facto de ficarem a conhecer mais profundamente os seus próprios filhos,
tomando conhecimento dos seus gostos, dos seus saberes e igualmente das suas
limitações. O grande benefício para a instituição é que os educadores/professores ao
conhecerem o ambiente familiar de cada criança irá ser muito mais específico nas
actividades de cada criança. Os pais têm o direito de colaborar com a escola no processo
de ensino/aprendizagem dos seus educandos. Os educadores/professores têm o dever de
cativar os pais para a escola, e alertá-los para a importância da sua colaboração na
escola para o desenvolvimento da criança. Para a escola, a participação dos pais na
discussão e análise dos problemas das crianças e na busca das suas soluções é
extremamente importante para a realização de uma educação serena e completa.
Cabe-lhe portanto motivar os pais para ela, uma vez que a eles compete dirigir a educação dos
filhos, acompanhar a sua vida escolar e cooperar com os educadores/professores no
desempenho da sua missão pedagógica.
3. O PAPEL DO EDUCADOR/ PROFESSOR
Tendo em vista o desenvolvimento da criança a vários níveis, à escola,
nomeadamente ao educador/professor, compete criar um ambiente de bem-estar para
todos, pois só dessa forma pode transformar-se num lugar onde são transmitidos valores