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A música, o associativismo e a animação sociocultural: estudo de caso: as Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS OS MONTES E ALTO DOURO

ESCOLADECIÊNCIASSOCIAISEHUMANAS DEPARTAMENTODEEDUCAÇÃOEPSICOLOGIA

A MÚSICA, O ASSOCIATIVISMO E A ANIMAÇÃO

SOCIOCULTURAL

ESTUDO DE CASOS: AS TUNAS DA UNIVERSIDADE DE

TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação, especialização em Animação Sociocultural

Natércia Gualdina Fontão Lourenço

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ESCOLADECIÊNCIASSOCIAISEHUMANAS DEPARTAMENTODEEDUCAÇÃOEPSICOLOGIA

A MÚSICA, O ASSOCIATIVISMO E A ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL ESTUDO DE CASO: AS TUNAS DA UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES

E ALTO DOURO

Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação, especialização em Animação Sociocultural

Natércia Gualdina Fontão Lourenço

Orientador: Professor Doutor Agostinho da Costa Diniz Gomes

(3)

I Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação, área de Especialização em Animação Sociocultural, ao abrigo do artigo 16.º do Decreto -Lei n.º 74/2006, de 24 de Março, com as alterações introduzidas pelos Decretos-Leis n.º 107/2008, de 25 de Junho, e 230/2009, de 14 de Setembro.

(4)

II

Agradecimentos

Para a elaboração do presente trabalho foi fundamental o apoio, a colaboração e o incentivo de várias pessoas. Assim, quero aqui deixar expressa a minha gratidão a todos aqueles que, de uma ou outra forma, contribuíram para a realização do presente estudo. À UTAD, principalmente aos professores do curso de Licenciatura em Turismo e do Mestrado em Ciências da Educação: Especialização em Animação Sociocultural, pelos conhecimentos transmitidos;

Ao Professor Doutor Agostinho da Costa Diniz Gomes, meu orientador, pelo apoio, pela paciência, pelo incentivo e por não me ter deixado desistir;

Ao Ricardo da Silva, um agradecimento particular pelo apoio e carinho dedicados, pelas palavras doces e pela transmissão de confiança e de força, em todas as ocasiões.

Ao Paulo Felix e à Raquel Evangelina pelo exemplo e carinho dedicado. À Odete Fernandes pelas palavras e abraços de amizade;

À Juliana Valente pelo estímulo; À Ângela Sousa pela entreajuda;

À Esmeralda Barbosa e à Ludovina Raposo pelo companheirismo; À Vera Duarte pelos conselhos e revisões;

Às minhas “Afilhadas” por me incitarem à descoberta;

À todos os funcionários da UTAD – Pólo de Chaves, por toda a disponibilidade e simpatia com que sempre fui tratada;

(5)

III Aos meus Pais,

ao meu irmão Januário, à minha avó Rita,

(6)

IV

Lista de siglas e abreviaturas

ASC – Animação Sociocultural

IMPERIALIS – Imperialis Serenatum Tunix Q – Questionário

SQ – Sujeito Questionado

TUCHA – Tuna Universitária de Chaves

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

(7)

V

Resumo

Com esta investigação pretende-se compreender a influência associativa musical no desenvolvimento individual e grupal, tendo como referência três tunas universitárias. O presente estudo, na sua revisão de literatura, tem em conta noções relevantes para a compreensão dos dados recolhidos no trabalho de campo, evidenciando a intervenção e a natureza eminentemente social do homem, sendo definidos os conceitos de animação sociocultural, de associativismo, de educação e desenvolvimento e de música em contextos de educação não formal.

Para a consecução dos objetivos desta investigação, na sua componente empírica, foi utilizada uma metodologia qualitativa/quantitativa, o estudo de casos, a observação participante e o inquérito por questionário passado aos elementos de três tunas académicas da mesma instituição de ensino superior.

Esta investigação, não podendo generalizar-se, valoriza as vivências pessoais e interpessoais dos participantes dos casos observados que, pela forma como se organizam, influenciam a interação do grupo, contornando as diferenças e divergências dos seus elementos.

Os dados recolhidos ilustram a influência das tunas no desenvolvimento pessoal de cada elemento, assim como, na sua interação e integração grupal, traduzido em indicadores como a participação, a solidariedade, o respeito, a socialização e capacidade de liderança, elementos caraterizadores que confirmam a música como fator de autocrescimento individual e comunitário.

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VI

Abstract

With this research aims to understand the associative musical influence in individual and group development, with reference to three university tunas. This work, in their literature review, has relevant notions in regard to understanding the facts collected in the fieldwork, showing intervention and social nature of man. Throughout the project we define concepts such as Sociocultural Animation, Associations, Education and development and Music in non-formal contexts.

To achieve the objectives of this research, in their empirical study, we used a qualitative /quantitative methodology, case studies, participant observation and questionnaire survey placed the elements of three Tunas in the same academic institution of higher education.

This research can not be generalized, it values personal and interpersonal experiences of the participants of the observed cases, the way they organize, influence group interaction, avoiding the differences and divergences of its elements.

The facts collected illustrate the influence of tunas in the personal development of each element, as well as their interaction and integration group. Verified on indicators such as participation, solidarity, respect, socialization and leadership skills, identifying features that confirm music as factor of individual and community self-growth.

(9)

VII

Índice Geral

Agradecimentos ... II Lista de siglas e abreviaturas ... IV Resumo ... V Abstract ... VI

Introdução ... 1

Capítulo I – Animação Sociocultural e Associativismo ... 4

1.1. Animação Sociocultural ... 4

1.1.1 O Animador ... 6

1.1.2. Animação Sociocultural: processo de intervenção ... 6

1.2. Associativismo ... 7

Capítulo II- Educação e Desenvolvimento ... 10

2.1. Educação ... 10

2.2. Educação formal, não formal e informal ... 11

2.2.1. Educação formal ... 11

2.2.2. Educação Não Formal ... 12

2.3. O Desenvolvimento comunitário ... 13

2.4. Educação comunitária ... 14

Capítulo III – Música em contextos não formais ... 15

3.1. Música ... 15

3.1.1. A importância da Música para o ser humano... 16

3.1.2. A origem das Tunas ... 17

3.1.2.1. Instrumentos ... 19

3.1.2.2. Estandarte ... 20

3.1.2.3 As vozes ... 20

3.1.2.4. Temáticas ... 20

Capítulo IV – Metodologia de Investigação, Apresentação e Fundamentação ... 23

4.1. Metodologia ... 23

4.1.1. Metodologia Qualitativa ... 23

(10)

VIII

4.1.1.2. Observação Participante ... 25

4.1.1.3. Inquérito por questionário ... 26

4.1.1.4 Análise de conteúdo... 27

Capítulo V – Caracterização e Contextualização do Campo ... 29

5.1. Nota introdutória ... 29

5.2. Enquadramento histórico da cidade de Vila Real ... 29

5.2.1 Enquadramento geográfico e populacional ... 30

5.2.2. Atividades económicas ... 31

5.3. Enquadramento histórico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 31

5.4. Enquadramento histórico da cidade de Chaves ... 32

5.4.1 Enquadramento geográfico e populacional ... 33

5.5. Enquadramento histórico-cultural das Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 34

5.6. Princípios Orientadores das Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 35

5.7. Caracterização das três Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 36

5.7.1. Imperialis Serenatum Tunix ... 36

5.7.2. Tuna Universitária de Chaves (TUCHA) ... 36

5.7.3. Vibratuna – Tuna Feminina da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ... 37

VI - Análise e interpretação dos resultados da investigação ... 39

6.1. Nota introdutória ... 39

6.2. Análise do Questionário (Q) ... 39

6.2.1. Dados Pessoais ... 40

6.3. Conhecimentos Musicais ... 42

6.3.1. Conhecimentos Musicais Genéricos ... 42

6.3.2. Conhecimentos Musicais Vocacionais ... 43

6.3.3. Outros Conhecimentos Musicais ... 43

6.3.4. Tuna em que participa ... 44

6.3.5. Há quanto tempo pertence a Tuna ... 45

6.4. Questões Abertas ... 46

6.4.1. Os motivos que levaram os SQ a participarem nas Tunas ... 46

6.4.2. Que modificações observou relativamente à sua pessoa, após a participação na Tuna ... 49

(11)

IX 6.4.3. Que modificações observou, no relacionamento entre as pessoas que compõem

a Tuna, geradas a partir desta iniciativa ... 51

6.4.4. A importância da Tuna, para o desenvolvimento das pessoas e da sua comunidade académica ... 53

6.4.5. Em que medida a participação na Tuna contribuiu para a melhoria da sua vida ... 56

6.4.6. A sua intervenção na Tuna limita-se à execução musical, ou também participa na discussão de todos ou grande parte dos assuntos relacionados com a sua organização ... 58

6.4.7. Considerações sobre o tema ... 60

Conclusão ... 62

(12)

X

Índice de Imagens

Imagem 1 - Mapa da Cidade de Vila Real ... 33 Imagem 2 - Mapa da Cidade de Chaves ... 36

(13)

XI

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Frequência com que ocorrem as caregorias na 1ª – Q...49

Gráfico 2 - Frequência com que ocorrem as categorias na 2ª – Q...52

Gráfico 3 – Frequência com que ocorrem as categorias na 3ª – Q...54

Gráfico 4 – Frequência com que ocorreram as categorias à 4ª- Q...57

Gráfico 5 – Frequência com que ocorreram as categorias à 5ª – Q...59

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XII

Índice de Quadros

Quadro 1 – Q enviados e Q respondidos...41

Quadro 2 – Distribuição dos SQ do Q por Tunas...41

Quadro 3.1 – Distribuição por sexos...42

Quadro 3.2 – Distribuição por grupos etários...43

Quadro 3.3 – Distribuição por habilitações literárias...43

Quadro 4 – Conhecimentos musicais genéricos...44

Quadro 5 – Conhecimentos musicais vocacionais...,...45

Quadro 6 – Outros Conhecimentos Musicais...45

Quadro 7 – Tuna em que participa...46

(15)

1

Introdução

O ser humano é um ser individual de natureza eminentemente social.

Tão antiga quanto a história da civilização humana, a organização social, mais ou menos complexa, na busca do bem além do individual, gera esforços comunitários em todas as sociedades. São estes os parâmetros prévios que pautam a presente dissertação de Mestrado em Ciências da Educação: área de Especialização em Animação Sociocultural, subordinada ao tema “A Música, o Associativismo e a Animação Sociocultural – Estudo de Casos: as Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro”.

Este estudo enquadra-se no âmbito das Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sendo que das Tunas pertencentes a esta academia, nomeadamente, a TAUTAD (Tuna Académica da UTAD), Imperialis Serenatum Tunix, TransmonTuna ( Tuna Universitária de Trás-os-Montes e Alto Douro), Intubotuna (Tuna Académica da Escola Superior de Enfermagem de Vila Real), Vibratuna (Tuna Feminina da UTAD) e TUCHA (Tuna Universitária de Chaves), escolhemos apenas três. Uma masculina, de seu nome Imperialis Serenatum Tunix; Vibratuna pela sua exclusividade feminina; e uma tuna mista, nomeadamente, a TUCHA.

Os motivos que levaram a esta selecção prenderam-se por uma questão de redução do objeto de estudo, de forma a que, este pudesse ser desenvolvido dentro do tempo previsto. Escolhemos a Imperialis e a Vibratuna pela riqueza dos discursos e para percerber de que forma a esclusividade de géneros pode influenciar na participação numa Tuna. Por outro lado, a escolha da TUCHA não foi ao acaso, pois como elemento da mesma estou numa posição priveligiada para aplicar a observação participante. Assim, tendo em atenção o tema atrás descrito, as questões que orientam esta investigação são as seguintes:

- qual a influência do associativismo musical no desenvolvimento pessoal e grupal dos indivíduos?

- pode o associativismo musical ajudar à inclusão social?

- qual o papel da animação sociocultural junto das associações musicais? Na mesma medida, os objetivos a que se propõe esta pesquisa são:

(16)

2 - observar as tunas em questão e os seus elementos;

- contextualizar as tunas na associação académica da UTAD e na instituição; - caracterizar as Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; - observar a influência da participação nas associações musicais em causa; - relacionar a animação sociocultural com as tunas;

- compreender as interações pessoais e grupais resultantes das dinâmicas das tunas em questão.

Este estudo enquadra-se no âmbito das Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sendo observadas e questionadas três delas, como já referimos, e ao longo do ano letivo 2012/2013.

Esta dissertação está dividida em seis capítulos e subcapítulos. Desta forma, o Capítulo I aborda o conceito animação sociocultural, o animador, formas de intervenção da animação sociocultural e o conceito de associativismo.

O Capítulo II intitulado trata os seguintes temas: educação, educação formal, informal e não formal, o desenvolvimento individual e comunitário e, por último, o conceito de educação comunitária.

No Capítulo III são tratados temas como: a música, a importância da música para o ser humano, as tunas, os instrumentos, os estandartes, as vozes e as temáticas das letras das canções das tunas.

O Capítulo IV descreve a metodologia, metodologia qualitativa/quantitativa, o estudo de casos, a observação participante e ainda o inquérito por questionário.

O Capítulo V faz referência aos seguintes temas: enquadramento histórico da cidade de Vila Real; enquadramento geográfico e populacional; atividades económicas; enquadramento histórico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; enquadramento histórico da cidade de Chaves; enquadramento geográfico e populacional; enquadramento histórico-cultural das Tunas da Universidade de Montes e Alto Douro; princípios orientadores das Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; caracterização das Tunas da Universidade de Trás-os-Trás-os-Montes e Alto Douro; Imperialis Serenatum Tunix; Tuna Universitária de Chaves; e Vibratuna – Tuna feminina da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

(17)

3 O Capítulo VI apresenta a análise e interpretação dos resultados da investigação. É de salientar que neste capítulo estão referidos os valores obtidos no trabalho realizado junto dos elementos das tunas que se predispuseram a participação neste estudo.

Por fim, na conclusão são mencionadas as aprendizagens adquiridas na revisão bibliográfica e os resultados obtidos no estudo empírico que apresentamos e discutimos à luz do enquadramento teórico, sendo ainda referidas algumas hipóteses face ao futuro.

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4

Capítulo I – Animação Sociocultural e Associativismo

1.1. Animação Sociocultural

A Animação Sociocultural (ASC) enquanto conceito é definida por muitos investigadores e ao longo desta análise depreendemos a sua amplitude e o seu cariz pouco unívoco, a partir desses mesmos autores. Assim, segundo Quintana, (1985:s/p),

(...) a Animação Sociocultural pode entender-se como uma função social, uma atitude ou mentalidade, uma profissão e incluso um conjunto de técnicas e métodos específicos. Aponta para um trabalho orientado através de grupos e não dirigido a indivíduos isolados, inscreve-se na cultura própria desses grupos, onde as actividades educativas e culturais são meios para um processo de emancipação. É uma tecnologia social que, baseada numa pedagogia participativa, tem por finalidade actuar em âmbitos diferentes da qualidade de vida, mediante a participação das pessoas no seu próprio desenvolvimento sociocultural.

A Animação Sociocultural não pode ignorar a necessidade de se situar em relação a alguns conceitos da vida social, cultura e educativa. Deve explicitar os pontos de referência em que estes elementos interagem, assim como as suas funções muito particulares, nomeadamente, no que se respeita à adaptação e integração do(s) ser(es) humano(s) e da coesão e crescimento económico, reguladores de intercâmbios.

Para Trilla (1997:26) podemos definir Animação Sociocultural como:

(...) o conjunto de acções realizadas por indivíduos, grupos ou instituições numa comunidade (ou num sector da mesma) e dentro do âmbito de um território concreto, com o objectivo principal de promover nos seus membros uma atitude de participação activa no processo do seu próprio desenvolvimento quer social quer cultural [quer educativo].

À partida, têm-se como clara a ideia de cultura subjacente à animação sociocultural, no entanto, não é a mais comum na linguagem corrente. Pois não se trata da cultura “culta” ou “académica”, mas sim por oposição, simples, popular, a que em animação sociocultural, proporciona e promove processos de participação, tornando os cidadãos em atores. Ou seja, a ideia de cultura parte do seu conceito próprio de antropologia cultural, é um conceito muito mais amplo do que o anterior, que o inclui, mas não o esgota.

De acordo com Ferra (citado por Lopes, 2008:147),

“A Animação Sociocultural é um processo de acção que tem como objectivo a resolução de um problema, através da participação de todos os interessados e que permite o desenvolvimento de: auto-confiança; respeito mútuo e aceitação das diferenças; capacidade de integração em Grupo; intervenção na vida das comunidades; envolvimento de diferentes actores sociais.”

(19)

5 A Animação Sociocultural será, assim, o instrumento da “democracia cultural” apelativa da participação, tornando os participantes em atores do processo cultural, mais do que da “democratização da cultura”, em que os participantes são meros espectadores das ofertas culturais (Gomes, 2002).

Não é um meio para difundir, mas uma forma de transformar a potencialidade das comunidades para gerar. Prepara o caminho, convoca e põe em definitivo as bases da motivação para iniciar um processo autoemancipador do devido respeito de si mesmo, representando uma opção relevante na promoção e no desenvolvimento das interações sociais. Para isso, a cultura deve ser significativa para os que a vivem e interpretam; deve ser “a sua” cultura, apreendida e cultivada através das diferentes práticas para que cada sujeito se sinta convocado.

Segundo Sousa e Fontes, (2011:200): “A Animação Sociocultural coloca em contacto as pessoas, favorece relações, suscita e estimula trocas, promove contactos.”.

A animação é um “estimulo mental, físico e emotivo, em um sector determinado incita as pessoas a iniciar uma gama de experiencias que lhes permite expandir-se e expressar a sua personalidade” Quintana (1992:11), promovendo e potenciando o sentimento de pertença do indivíduo e do grupo em que ele está inserido, tal como a tuna, através da participação e de interações em prol do desenvolvimento do ser humano (Gomes, 2002). Deste modo, a ASC não se entende como um meio para atingir um fim, mas um fim em si mesmo, capaz de melhorar os significados e o alcance de qualquer cultura, incluindo a sua criação, difusão e avaliação públicas.

Para Labourie, (cit. Trilla, 2004:59), “(...) a prática da animação está mais próxima de uma situação de formação em que o sujeito é agente da sua própria socialização.”. Desta forma, defende-se que Animação Sociocultural visa o desenvolvimento das comunidades através de projetos de intervenção, elaborados de forma a levar os grupos à participação e onde o essencial é o percurso a ultrapassar e não os resultados a obter: o processo mais que o produto (Lopes, 2006).

Concluímos que, um projeto assume o seu potencial no seu percurso e não nos resultados finais, por melhores que pareçam.

(20)

6

1.1.1 O Animador

O animador é um agente social, pois o seu trabalho é grupal e envolve indivíduos em ações conjuntas e, por isso, é um relacionador, na medida em que é capaz de manter uma comunicação positiva entre vários elementos sociais e institucionais.

Para Lopes (2006:12), deve-se “(...) ter em boa conta que ser animador é ter a Animação como um método, que se apoia numa tecnologia educativa que serve para intervir em diversos domínios, mas tendo como finalidade aquilo que é mais importante no mundo, as pessoas.”.

Sendo o animador um mobilizador e um dinamizador é também um “educador, visto que pretende provocar uma mudança de atitudes, que vai da passividade à actividade.”. Trilla (2004: 125).

Em síntese, o animador sociocultural terá de ser dotado de características de educador, de mobilizador e de promotor de participação, dando o protagonismo ao ser humano para quem e com quem trabalha.

1.1.2. Animação Sociocultural: processo de intervenção

Segundo Trilla (2004:293), “(...) a ASC é uma resposta institucional, intencional e sistemática a uma determinada realidade social para promover a participação activa e voluntária dos cidadãos no desenvolvimento comunitário e na melhoria da qualidade de vida.”. Nesta medida, ela promove processos de participação que visam intervir na melhoria das comunidades. A intervenção como processo é a linha orientadora do animador.

Assim, a conceção da intervenção começa pela elaboração de um plano estratégico a partir da fixação de pontos fortes e pontos fracos da realidade em que se intervém. É aqui que a ASC surge como metodologia e tecnologia de excelência, em prol de uma cidadania e de uma democracia cultural plena.

Ainda na perspetiva de Trilla (2004:293), entende-se a Animação Sociocultural como: (...)um instrumento para motivar e exercer a participação. Gerando a tomada de

consciência em relação à mudança pessoal e estrutural; como processo dialético e dinâmico entre a administração, as técnicas e a população organizada através de associações, movimentos sociais, instituições e rede interassociativas. A sua insistência nas atitudes apoiadas pelo processo interativo salienta a imagem de uma Animação Sociocultural concebida como formação cultural, ideada e praticada como uma possibilidade de aperfeiçoamento pessoal e coletivo.

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7 A Animação Sociocultural é fundamentalmente como o seu nome indica, dar vida e infundir a vida, sendo esta sua característica essencial. Esta capacidade atinge-se quando as emoções, os sentimentos e a emotividade impregnam a totalidade da vida. E, sito, é o que nos mobiliza e nos motiva. Tudo: “(...) o que é humano comporta afectividade, tendo incluída a racionalidade” (Lopes: 2011:27).

Atingir esta capacidade de conjugar a emotividade e a racionalidade é uma mais-valia na intervenção social.

Lopes (2011:219) refere,

(...) “onde fores, faz como vires”, assim reza um velho ditado popular que nos aconselha a adequarmo-nos ao meio para poder interactuar adequadamente com o mesmo, e todos sabemos que quando somos capazes de nos encaixar no meio acabamos por ser mais um desse meio.

Animação Sociocultural é uma área de intervenção que tem como objectivo o desenvolvimento do ser humano, através de um carácter educativo ao nível social e cultural.

De acordo com Trilla (2004:179)

(...) se um sistema de intervenção conseguir obter dados do desenvolvimento da acção e dos seus efeitos e for capaz de os incorporar no processo de tomada de decisões, significa que consegue reestruturar, permanentemente, a acção para a adequar cada vez mais ao problema que se quer resolver e conseguir a máxima eficácia e eficiência na intervenção.

A definição da ASC estende-se ao objetivo principal de promover nos membros uma atitude de participação ativa no processo do seu próprio desenvolvimento quer social quer cultural. Despontando a dimensão mais inequivocamente educativa, pois trata-se de transformar os destinatários da ação sociocultural em sujeitos ativos da comunidade a que pertencem e em agentes dos processos de desenvolvimento em que estão envolvidos. Este caráter torna, efetivamente, a ASC numa tecnologia e metodologia de intervenção (Lopes, 2006).

1.2. Associativismo

Pode-se entender: “(...)o associativismo, como uma forma de organização civil, em torno da qual um conjunto de pessoas se agrupa, visando objectivos e interesses em comum(...) com base num esforço colectivo.” (Duarte, 2008: s/p, cit.Lourenço:2012,4).

(22)

8 No mesmo sentido se afirma que “(...) o associativismo é um importante espaço de aprendizagem, onde se desenvolve o estímulo à participação e onde se intensifica a oportunidade de aprofundar relações, conhecimentos e vivências.” (Educação e Associativismo, 1999: s/p).

Segundo o que se pode ler na Declaração Universal dos Direitos Humanos1, Artigo 20º, “toda a pessoa têm o direito à liberdade de reunião e associação pacífica.”.

A importância do associativismo na vida social das populações nas mais variadas áreas advém do facto deste constituir uma criação viva e independente. Podemos eleger o associativismo como forma de exercício da liberdade na vida democrática. Esta essência do associativismo como palco de expressões democráticas e de liberdade é consensual. O homem é um ser eminentemente social, pela sua natureza, sempre teve a necessidade de se relacionar socialmente, criando laços de cooperação e de entreajuda, permitindo a troca de experiências e saberes. Já Aristóteles fundamentava a sua tese de que “o homem é um animal social”, não apenas por ele fazer parte de uma sociedade, mas, sobretudo porque o homem é um animal cívico, um cidadão, um ser que constrói a sua sociedade e a integra como participante

.

A participação é algo fundamental na vida dos povos, não uma participação passiva, como espectador, presente apenas de corpo, mas uma participação ativa, através da qual as pessoas estão presentes de corpo e alma, participando na tomada de decisões que lhes dizem respeito individual e coletivamente.

De acordo com Trilla (2004:163),

(...) as pessoas participantes de um projecto de cariz sociocultural são arte e parte; são o recurso e também a finalidade. O factor humano é mais importante em todas as organizações de serviços pessoais, mas muito especialmente das que realizam actividades sociais, culturais e educativas. Assim, afirma-se a importância da formação, dado que é o melhor instrumento para obter a preparação de pessoas a fim de assumirem tarefas e responsabilidades. A formação humana, técnica e sociocultural que juntamente com a experiência e o compromisso, ajuda a constituir o perfil adequado de que uma organização precisa.

Verifica-se assim que associativismo é uma forma de união das pessoas e das comunidades que se constituem com caráter institucional sem fins lucrativos, com personalidade jurídica que em definitivo permite alcançar os objetivos previamente

1

(23)

9 delineados, animando os participantes. Realça-se a intervenção da ASC, muitas vezes de forma pouco clara, pela inexistência de uma animador, papel que no caso das tunas fica diluído pelos diversos participantes que cordenam estes grupos.

(24)

10

Capítulo II- Educação e Desenvolvimento

2.1. Educação

Podemos começar por definir educação, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa2, como o conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito.

A educação encerra um tesouro

(...) Um tesouro capaz de converter cada criança num cidadão de um mundo sem fronteiras. Não é uma questão de recursos, é uma questão de atitude. Tudo depende de como se concebe a tarefa de educar numa sociedade aberta e plural, na qual a diversidade é a verdadeira riqueza, o verdadeiro tesouro (Lopes, 2011:298)

O Homem não cessa de se instruir e de se educar ao longo de toda a sua vida, primeiro sob a influência dos meios onde se situa a sua existência, depois pelo efeito das experiências que modelam os seus comportamentos.

Segundo Lopes (cit. Canto, 2010:29):

Ao determinar o fenómeno da educação referimos que é um processo que resulta de vivências e experiências ao longo do ciclo vital e, por isso, existe uma dimensão holística fundamentada pela diversidade de experiências, vivências e situações que constituem aprendizagens globais e diversificadas.

Para Lopes (2006:400),

(...) a educação constitui algo mais do que proporcionar conhecimentos. Educar é ter em atenção os ritmos, a diversidade, a ligação do indivíduo à comunidade e, por isso, o acto de educar não deve estar confinado à oferta das instituições educativas formais. Formar não é sinónimo de meter numa forma. A educação deve estar vinculada à vida e comprometida com o desenvolvimento global do ser humano e com os seus diferentes ciclos de crescimento. Estas evidências são-nos transmitidas pela história da psicologia e pedagogia.

Segundo Buxó (cit. Lopes, 2011:281), “(...) não se pode esquecer que nos educamos através de histórias e vivemos num mar de contos, contamos histórias, montamos o nosso próprio filme e como tal é através da narração que damos significado e legitimidade à realidade cultural”.

A educação apresenta-se como um processo contínuo e permanente, mas se a impregnação cultural apenas termina com a morte, as modalidades socialmente

2"Educação", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2013,

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11 organizadas de promoção cultural e profissional são cada vez mais necessárias num mundo complexo e em acelerada mudança.

Tal como para Mayor (1999:458), acreditamos que “a educação e a cultura são os únicos garante duráveis da paz e da segurança humana.”.

Em consonância com Gomes (2002:32),

cremos poder concluir que a edução permanente não é um sistema fechado nem sectorial. Abarca todas as dimensões educativas e formativas dentro e fora da escola, decorre ao longo da vida, é participativa e descentralizada. Estas características podem ser entendidas como emergentes de uma nova concepção de educação que, baseada nas relações que o ser humano estabelece na sua vivência sociocomunitária quaotidiana, se pode conceber já como um projecto comunitário onde todos aprendem com todos.

A título conclusivo a educação deverá assumir uma função social para desenvolver a autonomia e o sentido crítico, encarando-se como um meio fundamental para o desenvolvimento pessoal e social contribuindo para o desenvolvimento da sociedade, tanto em âmbitos educativos formais, como não formais como, ainda, informais.

2.2. Educação formal, não formal e informal

A Animação Sociocultural identifica-se com a educação não formal, sendo muitas vezes, assumida como este tipo de educação. Mas, na atualidade ela passou as paredes da escola para o seu interior, podendo considerar-se pontualmente como uma área da educação formal, na componente extraescolar. A tríade formal, não formal e informal emergente da crise mundial de educação do final dos anos 60 interage entre si, contudo é necessário aclarar cada âmbito.

2.2.1. Educação formal

Segundo a Comissão de Reforma do Sistema Educativo (cit. Gomes, 2002: 48) (...) o conceito de educação formal entende-se como o tipo de educação organizada com uma determinada sequência e proporcionada pelas escolas. Tem, portanto uma estrutura, um plano de estudos e papéis definidos para quem ensina e para quem é ensinado. Conduz normalmente a um determinado nível oficializado por diploma. De acordo com Lopes (2006:406),

(...) a educação formal resulta de uma acção educativa que requer tempo e aprendizagem, é regida por um sistema formal de administração competente e é levada a cabo na instituição/escola. É uma educação dirigida para a obtenção de títulos académicos e é concebida para alcançar objectivos previamente definidos por instâncias superiores competentes. Já vimos que a educação formal e a não formal estão interligadas, convencionalmente, pelo espaço escola e pelo espaço fora da escola, e daí assumirem uma evolução histórica paralela na formação humana.

(26)

12 Assume-se a educação formal como a mais valorizada pela sociedade porque confere um grau académico. Pois, na perspectiva da sociedade esta garante o domínio duma certa área do conhecimento.

2.2.2. Educação Não Formal

A educação não formal constitui-se como “(...) aquele tipo de educação que entra dentro do sistema educativo, permanecendo à margem da regulação e reconhecimento oficial que aquele promove e outorga” Ventosa, (1997:52).

Segundo Lopes (2006:404),

(...) não havendo um consenso generalizado sobre o que é a educação não formal, podemos considerá-la como uma educação não regulada, por normas rígidas. É norteada pelos propósitos do pluralismo educativo e centrada na relação interpessoal. Apresenta ainda as seguintes características: tendência educativa assente no pluralismo e na partilha vivencial; propósito de complemento em relação à educação formal; ênfase na convivência geradora de afectos; nivelamento tendencialmente horizontal das relações humanas, aproximando as pessoas umas das outras sem as valorizar em função de graus académicos; não outorgar títulos académicos, mas certificados e diplomas de participação; abrangência a toda a população, promovendo relações e aprendizagens intergeracionais; recurso a metodologias próprias com recusa à reprodução de procedimentos utilizados pelo sistema educativo institucional.

Tomando todas estas referências em conta, refletimos que a educação não formal é muito menos valorizada pela sociedade, mas que muitas vezes é ela que destingue entre pessoas com o mesmo currículo académico porque demonstra outros interesses e capacidades que se revelam importantes no desempenho da activade em questão.

2.2.3. Educação Informal

A educação informal é composta por: “(...) todos aqueles processos, que sem ter uma intencionalidade educativa explícita, influenciam nas condutas, valores e conhecimentos das pessoas de uma maneira não sistemática. (Ex: os média, a publicidade, os amigos, etc.)” Ventosa, (1997:52).

Para Lopes (2006:412), referimos que:

(...) a educação informal é, de um modo geral, produto da acção da família e dos meios de comunicação de massas. Caracteriza-se ainda pela ausência de um princípio de sistematização e estruturação orgânica, porquanto a intervenção educativa realiza-se sem uma mediação pedagógica institucionalmente autorizada, resultando das relações espontâneas da pessoa com o meio em que está inserida. Constitui a prática educativa mais antiga, conforme à ideia que a educação começou, e começa, pela família.

(27)

13 Refletimos, portanto, que a educação informal é resultante do nosso dia-a-dia, da convivência com os amigos, experiências culturais, viagens, assim como influências dos meios de comunicação. Manifesta-se na sociedade ininterruptamente sem que o indivíduo tenha consciência da sua existência.

2.3. O Desenvolvimento comunitário

O desenvolvimento comunitário deve ser um processo educativo e formativo no qual a população local implicada aprende a ser responsável participando na resolução de problemas comuns.

Segundo Caride (2007:33),

(...) o desenvolvimento entendido como crescimento, citando Sampedro e Benzona (1996), é um produto da moderna civilização técnica impulsionada nos países ocidentais, que se caracteriza por sobrevalorizar a opulência material, entre outras particularidades. No âmbito social e económico, o crescimento implica a acumulação de bens e a capacidade constante de escalar novas etapas, das quais queda como benefício um capital social e económico que é aumentado no decorrer do tempo.

O conceito de desenvolvimento, na sua definição, deve referir-se a um processo integrado, subordinado e orientado para uma conceção global, uma conceção que, tal como refere Caride (2007:70),

(...) atenda paralelamente, e nas suas interacções, a todos os sectores da vida social e procure conservar e consolidar a “homeostase” indispensável para o funcionamento harmonioso da comunidade que tem presente todas as possibilidades que oferecem ao ser humano e a evolução da sua inserção social.

Em suma, o desenvolvimento comunitário não é algo espontâneo, desorganizado ou de iniciativas pontuais. O desenvolvimento comunitário é muito mais abrangente que o desenvolvimento, e enquanto método e ténica contribuem positiva, real e efetivamente para um processo de desenvolvimento integral e harmonioso, atendendo a aspetos extraeconómicos, em particular os psicossociais, que intervêm na promoção de atitudes, aspirações e desejos para o próprio desenvolvimento.

(28)

14

2.4. Educação comunitária

Para definir educação comunitária, achamos pertinente começar por designar o conceito de comunidade. Neste sentido, segundo Ander-Egg, (1982:43), comunidade define-se como:

(...) um grupo organizado de pessoas que constituem como uma unidade social, cujos membros participam de uma forma, interesse, elemento, objectivo ou função comuns, com consciência de pertença, situados em uma determinada área geográfica na qual a maioria das pessoas interecciona mais intensamente entre si que noutro contexto.

De acordo com Peres e Lopes (2007:22), deve-se:

(...) educar para intervir, pois nada é neutro. Na era da economia global e da sociedade do conhecimento, a educação tem de permitir conhecer a cartografia do Mundo, fornecendo valores substantivos e instrumentos de pensamento e acção que garantam a igualdade de oportunidades para todos, num compromisso ético de cidadania.

Devemos ter sempre no pensamento a importância do desenvolvimento humano sustentável – valores, saberes e poderes, atitudes e comportamentos que potenciam uma sociedade livre e justa onde reine o respeito pelas pessoas, a sua cultura e o seu meio natural. De forma a atingir um equilíbrio das acções e aprendizagens na conquista do desenvolvimento pacífico da comunidade.

(29)

15

Capítulo III – Música em contextos não formais

3.1. Música

Considerada a mais antiga de todas as artes, a música “desenvolveu-se a partir dos principais ritmos e vibrações do nosso planeta – dos sons do vento e da água, do ar e do fogo” (Mann, cit. Gomes, 2002:41).

Para Dahlhous (1991:29):

O objectivo último das misturas e combinações dos sons elevados a cabo pela arte, é apossar-se do ânimo por meio de diferentes emoções assim suscitados nos órgãos sensíveis do ouvido, manter ocupados todas as suas forças e fomentar, pela purificação das paixões e dos afectos o íntimo bem-estar do ânimo.

É um facto incontornável que a música está, e sempre, esteve ligada a todos os acontecimentos socioculturais de cada momento, não somente como factor principal de certos eventos, mas também como elemento ilustrativo de outros, em que complementa outras expressões ou cria ambientes sonoros particulares. Neste caso, é na maior parte dos casos a música instrumental a mais utilizada.

Ainda de acordo com o autor supracitado,

A música instrumental: (…) nada mais é do que uma linguagem sonora ou um discurso timbrado, deve orientar sempre o seu propósito peculiar para um certo movimento anímico, em cuja provocação se devem ter em conta o rigor nos intervalos, a relutante separação das frases, a adequada progressão e coisas semelhantes (Dahlhous,1991:31).

As funções da música são reconhecidas por todos nós e, especialmente, pelos estudiosos de fenómenos musicais e das relações que a música e a sociedade sempre tiveram. Está claro que a música é importante, não só no plano artístico, mas também na influência que tem na autorrealização pessoal e no lazer, e, ainda, na programação e produção cultural. A música é vista como algo socialmente relevante, pelo seu carácter normativo e educacional.

Segundo Froufe (cit. Peres e Lopes, 2007:16),

A música (…) baseia-se em duas categorias básicas: a apreciação e a execução, a primeira têm relação com a audição na rádio, ao vivo, em auditórios, etc., e a segunda com actividade prática exercida em grupos cora, instrumentais ou combinados. A execução musical integra-se nas actividades de expressões artísticas, actividades que fornecem a expressão e constituem formas de iniciação ou de desenvolvimento das linguagens criativas e da capacidade de inovação e procura de novas formas de expressão.

(30)

16 Entendemos, então, que a música pode estimular os valores básicos, não apenas no sentido cultural, mas também no sentido social e moral, sendo na sua componente expressiva potenciadora de educação.

Para Gomes (2002: 44) “a educação pela arte amplia a capacidade de o homem observar, ouvir, sentir, analisar, seleccionar, associar e criar, e processa-se como uma via contínua e ascendente ao longo da vida”, em todos os contextos, sejam artísticos, educativos, de animação, de terapia e/ou turísticas. Mas é na sua dimensão mais além da arte, para lá da arte que a música, a atividade artística, nos suscita a presente reflexão. O desenvolvimento da sociologia da música passa pelas demais disciplinas. No que respeita à sociologia da música, ela interroga, não só o fator sociológico na sua relação com a criação musical, mas também as funções que decorrem, não somente das práticas desenvolvidas por profissionais de música, mas em grande parte das casas em âmbitos associativos e recreativos, bem como nos demais âmbitos onde a sociedade vive e convive, desfrutando o espaço, o tempo e o som, como temos vindo a dissertar incluindo aqui o contexto da animação sociocultural (Gomes, 2007).

3.1.1. A importância da Música para o ser humano

A importância da música para o ser humano remonta à Antiguidade. Assim, desde sempre, podemos encontrar inúmeras referências à vida como possuidora de ritmo, onde tudo se coordena em espaços e tempos concretos.

A música actua diretamente na vontade, isto é, nos sentimentos, nas paixões e nos afetos do ouvinte, proporcionando e potenciando emoções de que o ser humano carece para o seu desenvolvimento e autorrealização.

Segundo Mann (cit. Gomes, 2002:42)

(...) o ser humano, enquanto viveu só, cantava, em parte para combater o medo, em parte fascinado pelos sons que o rodeavam, tentando competir com eles (...). Mas, no seu percurso de auto-crescimento, o homem trilhou outros caminhos, também eles relacionados com a música, no que concerne à utilização de materiais existentes na natureza, que levaram à invenção de instrumentos musicais.

Para os gregos, “a música tinha fins terapêuticos, purificando o espírito e conciliando a alma através da dança e do canto”. (Mann, 1982:16).

(31)

17 Segundo Castelo-Branco e Lima (cit. Gomes, 2002:45), “enquanto processo social, produto cultural e comportamento expressivo, a música desempenha um papel fundamental na sociedade portuguesa”.

Para Peres e Lopes (2007:15),

(...) a música sendo encarada como magia, arte ou ciência, sempre colaborou no desenvolvimento do ser humano, evoluindo na multiplicidade das formas e na diversidade das significações. Quando falamos de música, referimo-nos a uma manifestação associada ao desenvolvimento do ser humano, que num complexo progresso se converteu num denso caudal de obras artísticas, ao evoluir as suas formas de organização, estabelecendo estilos e géneros.

De acordo com Gomes, (2011:238),

A música sempre acompanhou o homem no seu dia-a-dia, sendo necessária, não só para ilustrar certos momentos na vida, mas também para exprimir o estado de espírito, emoções e sentimentos. Pode dizer-se que ela está presente na maior parte dos eventos e locais onde o ser humano se movimenta.

O mesmo autor (Gomes, 2011: 244) refere ainda que,

O seu valor socioeducativo e sociocultural tem sido evidenciado por vários pedagogos, educadores e animadores através de práticas de investigação que nos informam dessa mesma importância, tendo-se vindo a desenhar ao longo dos tempos não só como um âmbito mas também como um meio de animação sociocultural.

A partir da modalidade cultural, mas com incidência das outras modalidades, a educativa e a social, a música na sua vertente expressão musical, para ser vivenciada necessita de apetência para a aprendizagem e, trabalhada em grupo, permite interações e realizações desde sempre reconhecidas pelo ser humano.

Segundo Lopes e Peres (2009:15), a título de conclusão, “a música permite a fruição, bem-estar e convivência, sendo um factor de auto-desenvolvimento individual e comunitário e também de participação e desenvolvimento do ser humano”.

3.1.2. A origem das Tunas

De acordo com Sardinha (2004:89) “(...) a tuna passou primeiro por ser o grupo dos que tonavam, o grupo dos tonantes, para finalmente passar a identificar-se apenas com os tonantes que tocavam instrumentos musicais e cantavam nas suas deambulações pelas ruas e praças.”.

Segundo o mesmo autor

Em 1888, a visita da Tuna de Compostela a Coimbra, gerou um enorme movimento entusiástico e deu causa ao nascimento da primeira tuna estudantil nacional. Esta formação da Tuna Universitária, não seria possível, sem a já citada tradição musical estudantil espontânea, isto é, (…) a Tuna de Compostela não veio fazer nascer a

(32)

18 tradição musical dentro da Universidade de Coimbra veio sim, apelar a formalidade

da mesma (Sardinha, 2004: 95-96).

Nos anos imediatos, as outras academias portuguesas seguiram o exemplo de Coimbra, vindo, também elas a fundar as suas tunas, naturalmente com base nos agrupamentos espontâneos que aí igualmente existiam e exerciam atividade. Sabe-se que inúmeros estabelecimentos liceais também se orgulhavam das suas tunas ainda no séc. XIX. Sardinha (2004:101) “aponta o caso flagrante do Liceu de Vila Real, cujos estudantes fundaram a Tuna Académica Villarealense em 1895. O reportório era essencialmente composto por hinos, valsas, passacalles, arranjos de óperas, operetas e zarzuelas.”. Como parêntese, devemos dizer que as estudantinas sofreram acentuado declínio a partir do segundo quartel do séc. XX, só vindo a ressurgir nos anos 80.

No séc. XVIII, de acordo com Sardina, (2004:94/95):

(...) os agrupamentos músicas estudantis passaram a ser requisitados; dada a simpatia que foram gracejando e a representatividade que passou a ser-lhes concedida, essas estudantinas, tunas ainda informais, começaram a ser comunidades para abrilhantar as festas das universidades, incluindo as próprias celebrações promovidas pelas autoridades académicas.

Sardinha (2004:89) refere que,

O carácter de regularidades que passou a assumir o aparecimento público dessas tunas (lembre-se: ainda em estado espontâneo) em todos esses tipos de manifestações, umas mais descontraídas, outras mais formais, começou a exigir um maior apuramento, ensaio e rigor de qualidade musical, assim como na apresentação, ao nível dos trajos. (…) havia necessidade de juntar todos os elementos para ensaiarem, de forma a ser alcançada uma boa interpretação instrumental e vocal.

Na segunda metade do séc. XIX as tunas constituem-se como entidades permanentes, com a finalidade de garantirem continuidade, ensaios regulares, e atuações de boa qualidade musical. Isso exigiu estruturas, locais de ensaio, estatutos e organização. Assim terminou a fase espontânea das tunas e nasceu a fase institucional. Esta institucionalização das tunas estudantis como formações regulares e permanentes provocou algumas perdas, nomeadamente, ao nível da espontaneidade, graça e alegria. Em suma, os estudantes mantiveram durante séculos o espírito errante e boémio dessa velha tradição poética e musical, sobretudo quando viajavam em férias entre as suas terras de origem e universidades, e também nas rondas pelas ruas e nas noitadas de tabernas e serenatas.

(33)

19 A grande época das Tunas, quer estudantes, quer das classes médias urbanas, quer nas zonas rurais, foram as quatros primeiras décadas do séc. XX, durante as quais proliferaram os grupos de instrumentos de cordas por todos os recantos do país, num verdadeiro frenesim, arrebatamento, moda, loucura por este tipo de agrupamento musical. Na opinião de Sardinha (2004:115), existia por todo o país um vasto movimento de simpatia e formação, em todos os estratos sociais, de tunas organizadas.

3.1.2.1. Instrumentos

Ao pensarmos na constituição das Tunas que observamos no dia-a-dia e refletindo sobre a revisão bibliográfica realizada, não podemos deixar de realçar a importância dos instrumentos, evidenciando quais os mais utilizados no acompanhamento musical destes grupos ao longo dos tempos.

Como podemos notar na obra de Sardinha (2004:107),

(...) na segunda metade do séc. XIX, (…) o gosto e a atracção pelos instrumentos musicais de corda estendeu-se a outros estratos e profissões da sociedade, num importante movimento de imitação social que tem interesse em ser realçado. Foi este movimento que levou à formação de grupos musicais de cordas entre vários outros estratos da sociedade, como imitação do estudante, que havia muito vinham divulgando entre o povo esse tipo de instrumental.

Sardinha (2004:219) acrescenta posteriormente, (...) que os instrumentos são essencialmente constituídos por cordofones, quer dedilhados, quer friccionados: violinos e bandolins na parte “cantante” e violoncelos e violões nas partes “acompanhantes”.

Os instrumentos mais comuns às Tunas são os de corda, percussão e sopro, e as Tunas em evidência neste estudo não são excepção. Apresentamos uma lista dos instrumentos mais utilizados:

- Cordas: guitarra; bandolim; cavaquinho; contrabaixo e violino, entre outros. - Percursão: pandeiretas; conga; bongó; caixa; bombo; claves, entre outros; - Sopro: flauta; saxofone; flautim, entre outros

(34)

20

3.1.2.2. Estandarte

As Tunas, por norma, têm um estandarte ou bandeira onde normalmente consta o símbolo e o nome da Tuna. 3

3.1.2.3 As vozes

Normalmente a Tuna canta em coro podendo fazer várias vozes. Também existem canções em que um solista canta uma parte da música e é depois acompanhado vocalmente pelo resto da Tuna, para além do acompanhamento instrumental.

3.1.2.4. Temáticas

Ao longo dos séculos, desde os tempos goliardescos4até às tunas organizadas, os cantores estudantis sempre utilizarem o expediente do “contrafactum”: adaptavam letras diferentes a melodias pré-existentes, usualmente relacionadas com a vida estudantil; introduziam nas melodias litúrgicas, textos poéticos de louvor ao vinho, à vida boémia, às mulheres, por vezes em latim macarrónico e de pura paródia à Igreja e ao culto. Sardinha (2004:89) refere que a temática das Tunas centrava-se nos

(...) temas populares que celebram o vinho, os prazeres da mesa e do amor.. Com a institucionalização destas, os temas foram substituídos quase totalmente pelo reportório europeu em voga (…) fragmentos e adaptações de peças clássicas, sobretudo de óperas, enfim, o reportório romântico de séc. XIX.

Na atualidade, as músicas das Tunas são essencialmente populares. Evidenciando a sua terra, região ou o próprio país. Sendo uma forma privilegiada de interacção com o público e a comunidade. Paralelamente, as Tunas têm vindo a demonstrar um e grande talento para a composição de originais, o que faz com que o seu trabalho seja cada vez mais valorizado. Para além das músicas cantadas as Tunas também interpretam instrumentais que refletem muitas vezes excertos e adaptações de obras clássicas ou ainda temas de filmes e desenhos animados.

Para melhor explicitar as temáticas abordadas pelas Tunas em estudo, nada melhor do que citar algumas letras de canções interpretadas.

3Ver anexos III, IV e V.

4 Segundo a Wikipédia, “Goliardescos eram clérigos pobres egressos das Universidades. Desamparados

(35)

21 A Imperialis Serenatum Tunix encerra no seu Cancioneiro, temas como: “Boémia; Cidade; Com sentimento; Praxis Imperialis; Bamos cantar os Reis; Hino da Imperialis; Serenata ao Luar; Vila Real;” entre muitos outros originais. Pelo que podemos extrair das suas temáticas, estas abordam serenatas e odes ao amor, assim como hinos a cidade que os acolheu e a qual agradecem representando-a honrosamente.

No que pudemos apurar junto da Tuna Universitária de Chaves, estes apresentam temas como: “Aquae Flaviae; Chuva; Mãe Negra; De quem será; Aí rapariga; Menina Azul; Saudades de ti” abordando temas populares, fados e destinos que se traçam ao longo da sua caminhada académica e da qual um dia se vão despedir.

O Cancioneiro da Vibratuna está repleto de canções, que elas gostam de cantar nas “passacales” e de originais que elas apresentam nas suas atuações, dos quais destacamos: “ALE’UTAD; Canção d’embalar; Hino; Ninguém; Sem ti; O tempo perguntou ao Tempo;”.

Quando as Tunas vão fazer Serenatas, cantam canções calmas e românticas, como por exemplo, “Ninguém”:

O sol, há muito foi embora Na calçada brilha agora A luar em mil estre-e-e-las

No teu olhar, é como se pudesse tê-las Agarra-las e retê-las

Só para me ilumina-a-a-a-ar. Ninguém me faz sentir assim Só tu-u-u, me tiras de mim

Esta vontade, que eu tenho em te agarrar, Prender-te a mim para não mais largar, abraçar-te até te su-fo-car

E então assim, saber que detenho em mim, Uma luz para me iluminar,

Sempre que não houver lu-ar Ninguém me faz sentir assim Só tu-u-u, me tiras de mim Eu sou tua, espalho pela rua Numa verdade nua e crua Sob o brilho da lu-u-ua Ninguém me faz sentir assim

Só tu-u-u, me tiras de mim. (Vibratuna – Tuna Feminina da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)

É também muito comum as Tunas dedicarem canções à sua cidade, note-se a canção que se segue: “Cidade”:

Vila Real cidade por mim amada De lindos campos e belezas sem igual És a mais linda das cidades transmontanas

(36)

22 És a rainha deste nosso Portugal

Teu rio Corgo vai-te beijando os pés E o Marão é o teu velho guardião Por ti passaram as mais belas mulheres Que vais guardar sempre no teu coração Vila Real, Vila Real, Vila Real

Que saudades levo em mim Da faculdade

E das cervejas sem fim

Que belos tempos eu passei entre os teu braços Da mocidade que não volta nunca mais Dos belos tempos de estudante de trajar

Dos professores que tinha de aguentar. (Imperialis Serenatum Tunix)

Por último, as Tunas também cantam a despedida da Universidade como é exemplo a canção “Saudades de ti”:

Se queres estudar, curtir e amar tirar o curso em beleza

a nossa cidade, a universidade é a UTAD concerteza

Aí aí aí aí

Chaves eu te adoro

Contigo estarei enquanto estudar quando te deixar eu choro

São os teus bares, são esses lugares momentos que aqui vivi

As tuas ruelas, são como aguarelas por isso gosto de ti

Quando eu acabar, deixar de estudar vou ter muitas saudades

Belas emoções, amores e paixões

(37)

23

Capítulo IV – Metodologia de Investigação, Apresentação e

Fundamentação

4.1. Metodologia

No processo de investigação a opção metodológica torna-se fundamental para que o investigador consiga obter respostas, na medida em que é definido o método a seguir e os procedimentos a tomar, para ir ao encontro do conhecimento científico.

Fortin (2003:240) refere que: “Os dados podem ser recolhidos de diversas formas junto dos sujeitos. Cabe ao investigador determinar o tipo de instrumento de medida que melhor convém ao objectivo do estudo, às questões de investigação colocadas ou às hipóteses formuladas”.

A metodologia insere-se como uma dimensão de elevada importância ao longo do processo de investigação, pois através dela é definido o modo como vai ser levada a cabo a pesquisa, a fim de serem obtidas respostas para as questões levantadas pelo investigador.

Segundo Lopes (2011:27), “o método é o caminho a seguir mediante uma série de operações, regras e preconceitos determinados de antemão de maneira voluntária e reflexiva, para alcançar um objectivo, modo ou processo para actuar.”.

Os pesquisadores pretendem entender:

(…) o processo pelo qual as pessoas constroem significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam observação empírica porque é com os eventos concretos do comportamento humano que os investigadores podem pensar mais clara e profundamente sobre a condição humana (Bogdan e Biklen, 1994:38).

A metodologia refere-se, portanto, ao estudo dos métodos ou às etapas a seguir num processo de investigação que neste trabalho tem um caráter qualitativo.

4.1.1. Metodologia Qualitativa

A metodologia qualitativa:

(...) segue um processo de investigação holístico, indutivo-ideográfico, procura compreender os fenómenos e situações que estuda. Parte dos problemas reais, do questinonamento da prática. Utiliza a via indutiva para elaborar o conhecimento e tenta compreender como as pessoas experimentam, interpretam e reconstroem os significados intersubjectivos da sua cultura (Trilla, 2004:109).

(38)

24 Pensamos que a pluaralidade de paradigmas de investigação é sustentável face à variedade de fenómenos das ciências sociais, quer na sua descrição, quer na compreensão e interpretação. Esta investigação centra-se no paradigma qualitativo, como já referimos, isto é, nas características interpretativas que nos permitem decifrar e descrever a relação, participação e integração dos elementos das Tunas nas mesmas. Neste seguimento, as técnicas caracterizadoras da metodologia qualitativa por nós utilizada, foram o estudo de casos, a observação participante, os inquéritos por questionário – com questões abertas – e as notas de campo.

O questionário com questões abertas utilizado nesta investigação foi adaptado do questionário II de Gomes (2002).

4.1.1.1. Estudo de caso

O Estudo de caso ou casos é uma forma privilegiada da investigação ideográfica que interpreta a realidade mediante o estudo detalhado dos seus elementos e das interações que se produzem entre eles e o seu contexto, para, mediante um processo de síntese, encontrar o significado.

Nesta investigação, optou-se pelo estudo de casos, por se tratar de tês casos, pelo seu forte cunho descritivo e pelo trabalho de campo. Nesta metodologia os resultados são bastante realistas, no entanto, os mesmos não são generalizáveis, pela fraca representatividade dos casos e pela validade interna do estudo poder ser limitada devido à subjetividade do observador (participante em um dos casos).

Segundo Lopes (2011:102-103), o estudo de caso [s]

(...) consiste na descrição e análise detalhada de entidades sociais e entidades educativas únicas, sendo especialmente apropriado quando se tora complexo separar as variáveis de fenómeno do seu contexto de atuação. Trata-se de observar profundamente as peculiaridades de uma unidade individual seja esta um sujeito, um grupo, uma classe ou uma instituição. O estudo em profundidade de uma determinada unidade poderá abrir-nos o campo a uma série de hipóteses de trabalho, que possam ser devidamente contrastadas com outras metodologias ou outros casos de natureza semelhante.

Com esta ideia corrabora Pérez (cit. Lopes (2011:104), ao definir o estudo: (...) como uma metodologia de análise de grupo, cujo aspecto qualitativo nos permite extrair as conclusões derivadas dos fenómenos reais ou simuladas, numa

(39)

25 linha formativa-experimental, de desenvolvimento da personalidade humana ou

qualquer outra realidade individualizada e única.

Assim, investigar três Tunas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro conduziu-nos a casos de participação e integração que nos permitem justificar os objectivos pretendidos, contextualizando os conceitos de Música e Associativismo como meios de Animação Sociocultural.

4.1.1.2. Observação Participante

Ao observador participante compete ver, sentir, escutar, dialogar e trocar ideias, numa atitude constante de aprendizagem de tudo o que observa, anotando, depois, os factos para análise. Este papel foi-nos facilitado pelo facto de pertencermos a uma das tunas em estudo e pela boa relação existente entre todas elas.

Segundo Ander-Egg (2003:42),

(...) a observação participante ou observação activa consiste na participação directa e imediata do observador enquanto assume um ou mais papéis na vida da comunidade, do grupo ou de uma determinada situação. Define-se como a técnica pela qual de chega a conhecer a vida de um grupo ou comunidade desde o interior, permitindo captar não só os fenómenos objectivos e manifestos mas também o sentido subjectivo de muitos comportamentos sociais, impossíveis de conhecer – e muito menos de compreender – com a observação não participante.

Realça-se ainda que,

Observar os comportamentos das comunidades em estudo, no seu ambiente. Partilhando as mesmas expectativas e das mesmas realizações, queremos poder afirmar, como diria Milinowski, que “mediante este intercâmbio natural aprende-se a conhecê-los e o investigador familiarizar-se com os seus costumes e crenças muito melhor do que se fosse um informante pago e sobretudo abomecido com o seu trabalho (Malinowski, cit. Bisquerna (1989:363).

Cabe esclarecer que o facto que torna pertinente a utilização da observação participante no estudo da Tuna Universitária de Chaves prende-se ao episódio de nós sermos elementos pertencentes à mesma. Desta forma, tornou-se adequado o uso desta metodologia, pois, não houve necessidade de entrosamento do observador com o grupo, este entrosamento já existia: prévio à realização da investigação.

(40)

26

4.1.1.3. Inquérito por questionário

É uma técnica de recolha de um determinado tipo de informação, constituída por um conjunto de questões ordenadas, apresentadas e respondidas por escrito, com o intuito de conhecer e explorar opiniões, interesses e sentimentos dos inquiridos.

O inquérito por questionário com questões abertas, para Bell (1997:26), tem o objetivo de “obter respostas de um grande número de indivíduos às mesmas perguntas, de modo que o investigador possa descrevê-las, compará-las e relaciona-las e demonstrar que certos grupos possuem determinadas características”.

O modelo por nós assumido foi, como já referimos ,o segundo questionário de Gomes (2002), com questões abertas, permitindo que cada inquirido construisse um discurso pessoal carregado de representações que somente a análise de conteúdo nos ajudou a compreender. A escolha deveu-se ao facto do mesmo questionário já estar testado. De acordo com Bell (1997:181), as questões abertas fornecem “muitas vezes indicadores úteis para identificar os assuntos que valha a pena aprofundar (…) permitem, ainda (…) que os inquiridos exprimam as suas opiniões sobre determinados aspectos que considerem importantes”.

É importante realçar que, os inquéritos, devem ser respondidos sem a presença do investigador e que na sua elaboração devem obedecer a uma determinada estrutura de forma a obtermos, com exatidão, o objetivo traçado.

Os inquéritos justificam-se pela sua pertinência apurando não só a dimensão qualitativa, mas também a quantitativa.

Segundo Fortin (cit. Neves, 2012:233), os inquéritos são um instrumento essencial, uma vez que representam “toda a actividade de investigação no decurso da qual são colhidos dados junto da população ou porções desta a fim de examinar atitudes, opiniões, crenças ou comportamentos desta população”.

Neste caso, foi essencial o uso dos inquéritos para apurar e determinar a população alvo, nomeadamente, os elementos das três Tunas da UTAD por nós eleitas. As questões colocadas pretenderam desvendar as dúvidas que incitaram a investigação, atendendo à motivação que levou cada elemento a participar na tuna; às modificações observadas após a participação na tuna; às modificações observadas no relacionamento entre os elementos a Tuna; à importância da Tuna, para o desenvolvimento das pessoas e da sua

Imagem

Gráfico 1 – Frequência com que ocorrem as categorias na 1ª – Q
Gráfico 3 – Frequência com que ocorreram as categorias à 3º - Q
Gráfico 4 – Frequência com que ocorrem as categorias na 4ª – Q

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