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Uso de inimigos naturais para o controle de acaros pragas dos citros. - Portal Embrapa

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Academic year: 2021

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USO

DE

INIMIGOS

NATURAIS

PARA

O

CONTROLE

DE

ÁCAROS

PRAGAS DOS

CITROS

USE OF

NATURAL

ENEMIES

FOR

THE

CONTROL

OF

CITRUS

MITE

PESTS

G.J. Moraes & I. GastaIdo Jr.

EMBRAPA/CNPDA - Jaguariúna, SP

A cultura de citros é uma das mais importantes no Brasil para consumo a nível nacional, e como uma fonte de divisa para o pais, principalmente através das exportações de suco concentrado.

Ao redor do mundo, esta cultura é atacada por diferentes organismos, alguns dos quais frequentemente atingem a condição de pragas de considerável importância. Dado o valor econômico desta cultura a nível nacional e internacional, o agricultor é frequentemente levado a se "defender", muitas vezes de uma forma preventiva, contra os fatores que poderíam resultar em perdas significativas de produtividade. Esta preocupação frequentemente conduz ao uso exagerado de produtos químicos, que por sua vez pode gerar outros problemas importantes, desencadeados por desbalances ecológicos devidos à mortandade de inimigos naturais de pragas.

Dentre os diversos artrópodos que atacam os citros no Brasil, deve-se destacar a presença de ácaros fitófagos, que podem atingir níveis consideráveis em diferentes épocas do ano.

Folhas e frutos de citros frequentemente abrigam espécies de ácaros pertencentes a diferentes famílias. Porém, nem todos estes organismos se constituem em pragas, e alguns deles na realidade podem ser benéficos, por se alimentarem dos ácaros fitófagos, ou por servirem de alimento alternativo a ácaros predadores.

PRINCIPAIS ÃCAROS FITÓFAGOS

As espécies de ácaros fitófagos que ocorrem no Brasil são também encontradas em outros países, onde podem atingir níveis populacionais bastante diferentes. A diferença de níveis populacionais alcançados em distintas regiões está ligada a preponderâncias diferenciais dos fatores abióticos e bióticos regionais, quais sejam, clima, sistemas de cultivo, potencial produtivo de diferentes ecossistemas, nível de resistência varietal, diferentes biótipos dos organismos envolvidos, inimigos naturais disponíveis, etc.

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no Brasil, citando em citros o ácaro vermelho, Panonychus citri (McGregor) (Tetranychidae); ácaro da falsa ferrugem, Phyllocoptruta oleivora (Ashmead) (Eriophyidae), ácaro da leprose, Brevipalpus phoenicis (Geijskes) (Tenuipalpidae); e ácaro branco, Polyphaqotarsonemus latus (Banks) (Tarsonemidae). Diferentemente do que ocorre com as 2 primeiras espécies, as 2 ultimas são usualmente encontradas em várias outras plantas cultivadas. 0 ácaro branco, na realidade, causa danos muito mais consideráveis ao algodão e feijão.

Das espécies citadas no parágrafo anterior, B. phoenicis é a que causa maiores danos aos citros, especialmente no sudeste do Brasil, onde este ácaro é vetor do agente causai da "leprose dos citros", enfermidade que pode conduzir a significativa queda de frutos. Consideráveis somas são dispendidas anualmente no controle desta praga, que é feito através do uso de pesticidas quimicos. Em segundo lugar em nivel de importância, tem-se P. oleivora, cujos danos são também mais significativos aos frutos. Em terceiro lugar, têm-se as outras 2 espécies que ocasionalmente produzem danos ao citros em partes do Estado de São Paulo.

Cerca de 10 outras espécies são encontradas em folhas de citros, mas nao se constituem em pragas, pela sua rara ocorrência, baixos níveis populacionais ou reduzidos danos causados por indivíduos daquelas espécies.

PRINCIPAIS INIMIGOS NATURAIS DE ÁCAROS FITÓFAGOS

Diferentes grupos de organismos são encontrados em citros atacando ácaros fitófagos em diferentes partes do mundo. Dentre estes grupos, destacam-se os microorganismos patogênicos e os ácaros predadores.

M i c roo rqan i smos Patoqên i cos

Dois grupos de microorganismos têm sido reportados atacando ácaros fitófagos em citros. Um grupo que tem recebido atenção são virus, encontrados atacando o ácaro P. citri nos Estados Unidos (van der Geest, 1985). A dificuldade de se produzir o virus em meios artificiais é o fator que mais tem dificultado sua utilização a nível prático de campo. Esta dificuldade, entretanto, não inviabiliza a possibilidade de que este inimigo natural possa ser introduzido em outras regiões onde não ocorre naturalmente. Ao que se sabe, nenhuma tentativa tem sido feita no sentido de se introduzir este virus a outras regiões onde P. citri é uma praga importante. Não existe referência sobre a ocorrência natural deste virus no Brasil.

Os fungos constituem outro grupo importante no controle natural de ácaros fitófagos em citros. Fungos dos gêneros Neozyqites e Hirsutella têm sido reportados de diversos países, atacando na cultura dos citros, principalmente ácaros das famílias Tetranychidae e Eriophyidae.

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Ácaros Predadores

Phytoseiidae, Stigmaeidae e Cunaxidae são as famílias de ácaros predadores comumente encontradas em citros, com predominância para as espécies da primeira família. Stigmaeidae é uma família com um pequeno número de espécies descritas, a maioria das quais são pouco conhecidas em relação aos hábitos e importância como inimigos naturais em citros. A dificuldade inicial em relação a esta família se relaciona à sua identificação específica, pela inexistência no momento de taxonomístas deste grupo. Uma espécie de Stigmaeidae do gênero Aqistemus tem sido encontrada em frutos de citros na região de Jaguariúna - São Paulo, aparentemente alimentando-se do ácaro da falsa ferrugem. Ácaros da família Cunaxidae são relativamente raros em citros, sendo encontrados especialmente em pomares antigos e abandonados. Sua importância real também é pouco conhecida em citros.

Cerca de 1500 espécies de fitoseídeos já foram descritas, e muitas destas já foram constatadas sobre citros ao redor do mundo. Na realidade, esta é a planta sobre a qual o maior número de fitoseídeos tem sido encontrado. A nível mundial, mais de 200 espécies, pertencentes a 36 gêneros já foram reportadas sobre esta cultura (Yaninek & Moraes, 1991). Tendo em vista as diferentes condições ecológicas das áreas onde as frutas cítricas são cultivadas, desde regiões tropicais, subtropicais até regiões de clima tipicamente Mediterrâneo, seria de se esperar que esta cultura abrigasse uma grande diversidade de espécies de ácaros. 0o ponto de vista aplicado, o grande número de espécies de predadores fitoseídeos encontrados sobre esta cultura coloca á disposição dos pesquisadores uma riqueza de opções quanto à disponibilidade de inimigos naturais a serem utilizados em programas de controle biológico.

Apesar de toda a diversidade de fitoseídeos em citros, poucas são as espécies que até o momento têm sido devidamente estudadas no sentido de serem aproveitadas para o controle de ácaros pragas. Destas, apenas 2 espécies, Euseius stipulatus (Athias-Henriot) e Typhlodromus rickeri Chant, foram introduzidas e estabelecidas em novas áreas, isto é, na Califórnia e na Flórida, com o objetivo de se controlar P. citri e P. oleivora. No Brasil, nenhum esforço tem sido feito até o momento no sentido de se introduzir espécies exógenas de predadores.

Estudos Básicos

Atividades de controle biológico aplicado têm resultado em consideráveis economias de divisas e impacto social positivo ao redor do mundo. Entretanto, o percentual de tentativas bem sucedidas é relativamente baixo, quando se considera o número de projetos conduzidos a nível mundial. Atualmente, torna-se cada vez mais clara a necessidade de atribuir a estas atividades um cunho mais científico, levando em consideração os aspectos referentes às interações entre os diferentes organismos de cada ecossistema. Para tanto, procura-se estudar a relação entre os organismos que se quer controlar, seus inimigos naturais, os diferentes substratos em que ambos podem ser encontrados (diferentes nichos da planta de interesse comercial, invasoras, vegetação circundante, matéria orgânica, etc.),

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seus competidores, suas fontes de alimento (folhas, frutos, pólen, artrópodos, etc.). Procura-se estudar também a dinâmica destas interações, afetadas pelos fatores abióticos prevalecentes.

Com relação aos citros, alguns estudos de interação envolvendo espécies de ácaros fitófagos já estão sendo executados. Um exemplo deste tipo de estudo foi conduzido na China (Huang et al., 1981) e, mais recentemente, no Brasil (Gravena et al., 1992). Naquele estudo verificou-se o impacto positivo da presença de plantas invasoras no controle de P. citri (China) e B. phoenicis e P. oleivora (Brasil), o que foi atribuído a uma maior eficiência de predadores nativos em áreas de citros onde aquelas plantas estavam presentes em grande quantidade. A preocupação com as interações entre os ácaros fitófagos que mais nos interessam e outros fatores ambientais deverão aumentar a proporção de sucessos de programas de controle biológico.

APLICAÇÕES DO CONTROLE BIOLÓGICO NO BRASIL

A maior parte dos gastos relativos ao controle das pragas em citros corresponde ao uso de acaricidas, principalmente para o controle de B. phoenicis e P. oleivora. A redução dos níveis de utilização de pesticidas em citros hoje acompanha uma tendência global direcionada por fatores econômicos e de preocupação ambiental. Alguns estudos têm indicado a eficiência de predadores nativos como inimigos naturais destas pragas, em laboratório (Komatsu, 1988, Gravena et al., não publicado) e no campo (Marques & Moraes, 1991, Gravena et al., 1992).

Com o intuito de transferir os resultados de pesquisa aos agricultores, tem sido instrumental a ação do CEMIP (Centro de Manejo Integrado de Pragas), ao procurar implementar as atividades de manejo integrado de pragas em citros, com resultados bastante consideráveis. Este Centro, anexo à UNESP de Jaboticabal, tem permitido a racionalização do uso de pesticidas nos pomares cítricos paulistas.

LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS

B. phoenicis e P. oleivora, nossas 2 principais pragas em citros, pertencem a grupos para os quais são historicamente escassas as perspectivas de controle biológico satisfatório. Isso entretanto pode ser indicativo do nível insatisfatório de esforços dedicados ao estudo do controle biológico destes organismos, e não necessariamente a uma limitação biológica ou ecológica.

A extensa lista de espécies de predadores fitoseídeos encontrados em citros ao redor do mundo indica a possibilidade de se incrementar o nível de controle biológico natural atualmente existente em pomares ecologicamente balanceados, através da introdução de espécies promissoras. Estudos de cunho ecológico que procurem entender as interações a nível local poderão tornar possível aumentar o nível de sucesso dos projetos empreendidos, sejam eles de incremento, conservação

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ou introdução de inimigos naturais. Deve-se inicialmente conhecer os componentes das comunidades faunísticas e floristicas e a interdependência destes organismos, monitorada sob o ponto de vista da eficiência dos inimigos naturais em manter os organismos fitófagos a niveis aceitáveis.

REFERÊNCIAS

Gravena, S., Coletti, A. & Yamamoto, P.T., 1992. Influence of green cover with Aqeratum conyzoides and Eupatorium pauciflorum on predatory and phytophagous mites in citrus. Proc. Int. Soc. Citriculture, (in press). Huang, Ming-Dau; Mai, Siu-Wui & Li, Shu-Xin, 1981. Biological control of citrus

red mite, Panonychus citri (McG.) in Guangdong Province. Proc. Int. Soc. Citriculture, 2: 643-646.

Komatsu, S.S., 1988. Aspectos bioetologicos de Euseius concordis (Chant, 1959) (Acari: Phytoseiidae) e seletividade dos acaricidas convencionais nos citros. Tese de MS, ESAL-USP, Piracicaba, 117 p.

Marques, E. & Moraes, G.J. de, 1991. Eficiência de ácaros da família Phytoseiidae como predadores de ácaros fitófagos dos citros. In: Resumos do XIII Congresso Brasileiro de Entomologia, Recife, p. 29.

Moraes, G.J. de, 1992. Perspectivas para o uso de predadores no controle de ácaros fitófagos no Brasil. Pesq. Agropec. Brasil., s/n: 263-270.

Van der Geest, L.P.S., 1985. Pathogens of spider mites. In: U. Helle & M.W. Sabelis (Eds.), Spider Mites. Their Biology, Natural Enemies and Control, v. 1B., pp. 247-258, Elsevier, Amsterdam.

Yaninek, J.S. & Moraes, G.J. de, 1991. A synopsis of classical biological control of pests in agriculture. In: F. Dusbabek & Bukva, V. (Eds.): Modern Acaroloqy, Academia, Praga & SPB Academic Publishing bv, The

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