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E PASSANTE PE- DESTRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE PEDESTRE ANDANTE CAMINHANTE PAS- SANTE PEDESTRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE PEDESTRE ANDANTE CAMIN- HANTE PASSANTE PEDESTRE ANDANTE

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Academic year: 2019

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ASSANTE

ANDANTE

PEDESTRE

ASSANTE

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ASSANTE

ASSANTE

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ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

PEDES-TRE ANDANTE

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PE-DESTRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

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PAS-SANTE

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ASSANTE PEDESTRE ANDANTE

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CAMINHANTE PASSANTE PEDESTRE

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PEDES-TRE

ANDANTE C

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AN-DANTE CAMINHANTE

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PEDES-TRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

PE-DESTRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

PEDESTRE ANDANTE CAMINHANTE

PAS-SANTE PEDESTRE

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PEDES-TRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

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PAS-SANTE PEDESTRE ANDANTE

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TRE ANDANTE

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DESTRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

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CAMINHANTE PASSANTE PEDESTRE

TE

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ANDANTE

CAMINHANTE PASSANTE PEDESTRE

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CAMINHANTE

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TRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

DESTRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

PEDESTRE ANDANTE CAMINHANT

SANTE PEDESTRE

ANDANTE

CAMINHANTE

PASSANTE PEDESTRE ANDANTE

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PASSANTE

PEDESTRE

ANDANTE

CAMINHANTE

PASSANTE PEDESTRE

DANTE

CAMINHANTE

PASSANTE PE

ANDANTE

CAMINHANTE

PASSANTE

TRE ANDANTE CAMINHANTE PASSANTE

DESTRE ANDANTE

CAMINHANTE

PASSANTE

PEDESTRE

ANDANTE

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SANTE PEDESTRE ANDANTE

CAMINHANTE

PASSANTE PEDESTRE ANDANTE

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PEDESTRE

ANDANTE

CAMINHANTE PASSANTE PEDESTRE

DANTE CAMINHANTE PASSANTE

TRE ANDANTE CAMINHANTE

PASSANTE

PASSANTE

PEDES-CAMINHANTE

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PE-CAMINHANTE PASSANTE

CAMINHANTE

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CAMINHANTE

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CAMIN-PEDESTRE ANDANTE

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ANDAN-ASSANTE

PEDESTRE

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PEDES-AMINHANTE

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AN-ASSANTE PEDESTRE

PASSANTE

PEDES-CAMINHANTE PASSANTE

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ASSANTE PEDESTRE

AN-ASSANTE

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PE-MIGUEL฀ETGES฀RODRIGUES

ANDANTE,฀CAMINHANTE,฀PASSANTE,฀PEDESTRE฀฀

ENSAIO฀FOTOGRÁFICO฀DE฀PASSAGEIROS฀URBANOS

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R696฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀฀Rodrigues,฀Miguel฀Etges

Andante,฀caminhante,฀passante,฀pedestre฀ensaio฀fotográ-fico฀de฀passageiros฀urbanos฀/฀Miguel฀Etges฀Rodrigues฀–฀2009.

80฀p.฀:฀37฀il.฀;฀20x20฀cm Bibliografia:฀p.78-79

Dissertação฀ (mestrado)฀ –฀ Universidade฀ do฀ Estado฀ de฀ Santa฀Catarina,฀Centro฀de฀Artes,฀Programa฀de฀Pós-Graduação฀ em฀Artes฀Visuais,฀Florianópolis,฀2009.

฀Orientadora:฀Célia฀Maria฀Antonacci฀Ramos

1.฀ Urbanização฀ –฀ Florianópolis฀ (SC)฀ 2.฀ Fotografia.฀ –฀ 3.฀ Impressionismo฀ (Arte).฀ I.฀ Rramos,฀ Célia฀ Maria฀ Antonacci฀ II.฀ Universidade฀do฀Estado฀de฀Santa฀Catarina.฀Mestrado฀em฀Artes฀ Visuais.฀฀III.฀Título.

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UNIVESIDADE฀DO฀ESTADO฀DE฀SANTA฀CATARINA฀–฀UDESC

CENTRO฀DE฀ARTES฀–฀CEART

PROGRAMA฀DE฀PÓS-GRADUAÇÃO฀EM฀ARTES฀VISUAIS

MIGUEL฀ETGES฀RODRIGUES

ANDANTE,฀CAMINHANTE,฀PASSANTE,฀PEDESTRE฀฀

ENSAIO฀FOTOGRÁFICO฀DE฀PASSAGEIROS฀URBANOS

Dissertação฀de฀Mestrado฀elaborada฀junto฀ao฀Programa฀ de฀Pós-Graduação฀em฀Artes฀Visuais฀do฀CEART/UDESC,฀ para฀obtenção฀do฀título฀de฀Mestre฀em฀Artes฀Visuais.

Orientadora:฀Profª.฀Drª.฀Célia฀Maria฀Antonacci฀Ramos฀

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MIGUEL฀ETGES฀RODRIGUES

ANDANTE,฀CAMINHANTE,฀PASSANTE,฀PEDESTRE฀฀

ENSAIO฀FOTOGRÁFICO฀DE฀PASSAGEIROS฀URBANOS

Dissertação฀ de฀ Mestrado฀ elaborada฀ junto฀ ao฀ Programa฀ de฀ Pós-Graduação฀ em฀ Artes฀ Visuais฀ do฀ CEART/UDESC,฀฀ para฀obtenção฀do฀título฀de฀Mestre฀em฀Artes฀Visuais,฀na฀linha฀de฀pesquisa฀de฀Processos฀Artísticos฀Contemporâneos.

Banca฀Examinadora:

Orientador:฀ ____________________________________

฀ ฀ Profª.฀Drª.฀Célia฀Maria฀Antonacci฀Ramos

฀ ฀ PPGAV฀-฀UDESC

Membro:฀ ____________________________________

฀ ฀ Profª.฀Drª.฀Neli฀Klix฀Freitas฀

฀ ฀ PPGAV฀-฀UDESC

Membro:฀ ____________________________________

฀ ฀ Profª.฀Drª.฀Maria฀Ivone฀dos฀Santos

฀ ฀ PPGAV฀-฀UFRGS฀

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AgrAdecimentos

Agradeço฀a฀Universidade฀do฀Estado฀de฀Santa฀Catarina,฀por฀corroborar฀a฀importância฀do฀Ensino฀ Público฀e฀de฀qualidade.฀฀

Ao฀Programa฀de฀Pós-Graduação฀em฀Artes฀Visuais฀-฀Mestrado฀do฀Centro฀de฀Artes,฀pela฀oportuni-dade฀concedida.

À฀Profª.฀Célia฀Maria฀Antonacci฀Ramos฀por฀toda฀a฀dedicação฀e฀competência฀como฀professora฀Orien-tadora฀contribuindo฀e฀incentivando฀a฀construção฀desta฀pesquisa.

Ao฀Prof.฀Boris฀Kossoy฀e฀Profª.฀Neli฀Klix฀Freitas,฀professores฀da฀banca฀examinadora฀pelas฀conside-rações฀e฀contribuições฀à฀pesquisa.

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O฀processo฀de฀criação฀do฀fotógrafo฀engloba฀a฀aventura฀ estética,฀cultural฀e฀técnica฀que฀irá฀originar฀a฀represen-tação฀fotográfica,฀tornar฀material฀a฀imagem฀fugaz฀das฀ coisas฀do฀mundo,฀torná-la,฀enfim฀um฀documento.

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sUmÁrio

resUmo฀... 15

ABstrAct฀... 17

introdUÇÃo฀...19

1.฀ o฀esPAÇo฀dA฀cidAde฀nos฀noVos฀temPos฀...27

2.฀ Arte฀e฀rePresentAÇÃo฀dA฀cidAde ฀ monet฀e฀os฀impressionistas฀–฀pintura฀luz฀... 43

2.1฀ FotogrAFiA ฀ realidade฀imaginada฀...47

3.฀฀ PAssAgeiros฀UrBAnos฀...61

notAs...77

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o

s฀projetos฀de฀urbanização฀dos฀grandes฀centros฀ urbanos฀do฀fim฀do฀século฀XIX฀e฀início฀do฀XX฀con-dicionaram฀novas฀maneiras฀de฀ocupação฀do฀espaço฀ urbano฀ para฀ seus฀ habitantes.฀ Com฀ isso,฀ o฀ presente฀ trabalho฀ tem฀ como฀ objetivo฀ realizar฀ um฀ estudo฀ fo-tográfico฀do฀fluxo฀de฀transeuntes฀no฀espaço฀urbano฀ selecionado฀para฀esse฀trabalho฀–฀a฀faixa฀de฀segurança฀ para฀pedestres฀em฀direção฀ao฀Terminal฀de฀Transpor- te฀Urbano฀-฀TICEN฀ou฀ao฀centro฀da฀cidade฀de฀Floria-nópolis.฀Para฀isso,฀utilizou-se฀a฀estética฀de฀sequência฀ fotográfica฀de฀múltiplas฀exposições฀em฀analogia฀aos฀ borrões฀pictóricos฀utilizados฀como฀representação฀da฀ figura฀humana฀pela฀escola฀de฀pintura฀impressionista.฀ Com฀essa฀técnica฀de฀pintura,฀os฀artistas฀iniciam฀ um฀ possível฀ processo฀ de฀ denúncia฀ do฀ apagamento฀ da฀figura฀humana฀perante฀as฀proporções฀das฀novas฀ configurações฀ do฀ espaço฀ urbano.฀ As฀ sequências฀ fo-tográficas,฀apresentadas฀nesse฀trabalho,฀possuem฀o฀ propósito฀de฀representar฀de฀maneira฀contemporânea฀ esse฀apagamento฀do฀transeunte฀no฀espaço฀selecio-nado฀da฀cidade฀através฀da฀transparência฀produzida฀ pelas฀ sequências฀ de฀ quadros฀ fotográficos฀ justapos-tos.฀Essa฀justaposição฀de฀imagens฀também฀sugere฀a฀ sobreposição฀de฀realidades฀e฀o฀choque฀de฀indivíduos฀ no฀tempo฀fotográfico.฀Após฀referenciar฀os฀artistas฀im-pressionistas,฀utilizo฀outros฀artistas฀que฀lançam฀mão฀ do฀método฀pictórico฀ou฀fotográfico฀para฀representar฀ o฀espaço฀urbano.฀Visto฀que฀suas฀obras฀auxiliaram฀na฀ ampliação฀da฀percepção฀e฀construção฀do฀fazer฀foto-gráfico฀sobre฀os฀fluxos฀de฀pedestres฀do฀emaranhado฀ de฀vias฀da฀cidade.฀

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t

he฀urban฀projetcts฀for฀large฀urban฀centers฀at฀the฀ end฀of฀the฀nineteenth฀century฀and฀beginning฀of฀ XX฀conditioned฀new฀ways฀for฀the฀occupation฀of฀urban฀ space฀for฀its฀inhabitants.฀This฀work฀aims฀to฀conduct฀a฀ photographic฀study฀of฀the฀flow฀of฀pedestrian฀in฀the฀ urban฀ area฀ selected฀ for฀ this฀ work฀ ñ฀ the฀ crosswalk฀ towards฀ to฀ Urban฀ Transport฀ Terminal฀ (TICEN)฀ or฀ to฀ downtown฀ of฀ Florianopolis฀ city.฀ For฀ this,฀ we฀ used฀ the฀ multiple฀ exposures฀ of฀ photographic฀ sequence฀ aesthetic฀as฀an฀analogy฀to฀blots฀that฀was฀used฀as฀a฀ pictorial฀representation฀of฀the฀human฀figure฀by฀the฀ impressionist฀school฀of฀painting.฀

With฀ this฀ technique,฀ the฀ artists฀ began฀ a฀ possible฀ process฀ to฀ reveal฀ the฀ erasement฀ of฀ the฀ human฀ figure฀in฀the฀presence฀of฀the฀proportions฀of฀the฀new฀ configurations฀ for฀ urban฀ space.฀ The฀ photographic฀ sequences,฀ presented฀ in฀ this฀ work,฀ have฀ as฀ aim฀ to฀ represent,฀ in฀ a฀ contemporary฀ way,฀ this฀ erasement฀ of฀ the฀ pedestrian฀ into฀ the฀ selected฀ area฀ of฀ the฀ city฀ through฀ the฀ transparency฀ generated฀ by฀ the฀ sequence฀ of฀ photographic฀ frames฀ superimposed.฀ This฀ superimposition฀ of฀ images฀ also฀ suggests฀ the฀ overlapping฀of฀realities฀and฀impact฀of฀individuals฀in฀ the฀photography฀time.฀After฀make฀reference฀to฀the฀ Impressionist฀ artists,฀ I฀ use฀ other฀ artists฀ that฀ take฀

advantage฀ of฀ the฀ pictorial฀ or฀ photografic฀ method฀ to฀ represent฀ the฀ urban฀ space.฀ Therefore฀ their฀ works฀ helped฀ in฀ the฀ broand฀ of฀ the฀ perception฀ and฀ construction฀“to฀make฀photo”฀about฀the฀pedestrian฀ flow฀on฀the฀tangle฀of฀city฀roads.฀

The฀ present฀ study฀ is฀ divided฀ into฀ three฀ chapters,฀ the฀first฀one฀has฀the฀city฀as฀its฀main฀topic,฀exposing฀ the฀urban฀planning฀from฀the฀middle฀of฀฀nineteenth฀ century฀and฀beginning฀of฀XX,฀in฀Europe,฀through฀its฀ applications฀in฀Brazil฀until฀to฀reach฀at฀the฀Florianopolis฀ city.฀ The฀ second฀ chapter฀ is฀ concerned฀ about฀ the฀ representing฀ art฀ of฀ the฀ city฀ from฀ the฀ impressionist฀ school฀of฀painters฀as฀well฀as฀some฀artists฀works฀that฀ use฀ the฀ sequential฀ photography฀ to฀ express฀ their฀ urban฀ spaces฀ representations.฀ The฀ third฀ chapter฀ presents฀ the฀ photographic฀ series฀ produced฀ in฀ the฀ study฀area.฀We฀can฀see,฀on฀them,฀the฀superposition฀of฀ the฀photographic฀frames,฀the฀pedestrian฀movement,฀ the฀ change฀ of฀ time฀ and฀ convergence฀ of฀ different฀ realities฀in฀the฀images฀transparence.

KEYWORDS

Photograhy;฀Urban฀Flow;฀City;฀Impressionism.

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o

fazer฀fotográfico,฀não฀apenas฀como฀um฀regis-tro฀documental,฀jornalístico฀ou฀de฀memórias฀ para฀álbuns฀de฀família,฀mas฀como฀pesquisa฀estéti- ca฀das฀grandes฀aglomerações฀de฀pessoas฀nas฀cida-des฀ contemporâneas฀ instigam฀ meu฀ interesse฀ em฀ realizar฀฀este฀trabalho.

No฀ decorrer฀ dos฀ anos฀ que฀ comecei฀ a฀ fotografar,฀ meu฀método฀de฀trabalho฀consistia฀em฀realizar฀uma฀

prova฀de฀contato1฀do฀filme฀fotográfico฀após฀realizar฀ todas฀as฀fotos฀pretendidas.฀Como฀na฀prova฀de฀contato฀ as฀imagens฀negativas฀do฀filme฀fotográfico฀aparecem฀ de฀forma฀positiva฀e฀na฀ordem฀em฀que฀foram฀produ-zidas,฀pude฀observar฀que฀as฀imagens฀que฀formavam฀ sequências฀despertavam฀a฀minha฀atenção฀e฀aumen-tavam฀a฀minha฀percepção฀do฀elemento฀fotografado.฀ Com฀o฀tempo,฀cada฀vez฀mais฀sentia฀a฀necessidade฀de฀ buscar฀tais฀imagens.฀Por฀fim,฀a฀estética฀preferida฀pas-sou฀a฀ser฀essa฀de฀produzir฀imagens฀com฀narrativas฀ sequenciais.฀A฀intenção฀era฀abarcar฀em฀mais฀de฀um฀ quadro฀o฀desenrolar฀do฀acontecimento฀que฀se฀desdo-brava฀no฀espaço฀ao฀meu฀redor.฀ Em฀2003,฀morando฀em฀São฀Paulo,฀realizei฀os฀pri-meiros฀ensaios฀fotográficos฀sequênciais฀do฀cotidiano฀ Urbano฀de฀São฀Paulo.฀O฀meu฀cotidiano,฀a฀“impressão฀ de฀ solidão”,฀ tornou-se฀ a฀ minha฀ temática.฀ Grandes฀

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20 Andante,฀Caminhante,฀Passante,฀Pedestre฀–฀Ensaio฀Fotográfico฀de฀Passageiros฀Urbanos

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introdução

fotográfico฀ desse฀ fluxo฀ produzido฀ pelo฀ habitante-passante฀ intrinseco฀ à฀ cidade,฀ sujeito฀ que฀ habita฀ a฀ cidade฀ contemporânea.฀ Para฀ isso,฀ fez-se฀ necessário฀ uma฀ contextualização฀ da฀ cidade฀ contemporânea฀ e฀ suas฀transformações฀estéticas฀a฀partir฀dos฀novos฀pla-nejamentos฀urbanos.

Assim,฀ parti฀ em฀ busca฀ de฀ um฀ entendimento฀ maior฀sobre฀as฀cidades฀contemporâneas฀e฀à฀relação฀ de฀seus฀habitantes฀com฀elas;฀quais฀são฀as฀políticas฀ públicas฀priorizadas฀e฀como฀elas฀alteram฀à฀estética฀ da฀cidade,฀e฀qual฀seria฀a฀poética฀mais฀adequada,฀a฀ partir฀da฀técnica฀fotográfica,฀para฀registrar฀as฀alte-rações฀dos฀grandes฀deslocamentos฀das฀pessoas฀no฀ espaço฀ urbano.฀ Então,฀ tinha฀ os฀ deslocamentos฀ ur-banos฀ como฀ tema฀ de฀ representação฀ e฀ a฀ fotografia฀ sequencial฀justaposta฀como฀estética.฀Faltava฀definir฀ a฀metodologia฀para฀informar฀mais฀precisamente฀a฀ narratividade฀desejada.

Essa฀estética฀de฀fotografia฀sequencial฀e฀de฀sobre-posições฀ ou฀ borrões฀ que฀ sugerem฀ movimento฀ já฀ foi฀ testada฀por฀outros฀artistas฀no฀século฀XX,฀especialmen- te฀Duane฀Michals.฀Antes฀deles,฀a฀história฀da฀arte฀regis-tra฀composições฀de฀imagens฀com฀estética฀sequencial฀e฀ justaposta฀desde฀o฀período฀da฀pré-história. Em฀2006,฀morando฀no฀Japão,฀trabalhei฀na฀Fujifilm,฀ no฀setor฀de฀montagem฀de฀câmeras฀digitais฀para฀ce- lulares.฀Nessa฀ocasião,฀percebi฀que฀as฀câmeras฀digi-tais฀ popularizam฀ e฀ democratizam฀ as฀ imagens,฀ mas฀ também฀as฀massificam.฀Assim,฀a฀profusão฀de฀câme- ras฀digitais,฀especialmente฀acopladas฀a฀celulares,฀dis-poníveis฀a฀todos฀e฀a฀toda฀hora,฀me฀fez฀pensar฀nessa฀ massificação฀da฀estética฀fotográfica฀e฀me฀induziu฀a฀ pensar฀em฀outras฀estéticas฀do฀fazer฀fotográfico. De฀volta฀do฀Japão,฀ingressei฀no฀Mestrado฀em฀Ar- tes฀Visuais฀com฀vistas฀a฀desenvolver฀um฀ensaio฀foto- gráfico฀sobre฀um฀ponto฀de฀aglomeração฀urbana฀con-temporânea,฀mas฀seguido฀de฀uma฀reflexão฀teórica,฀a฀ fim฀de฀que฀não฀se฀perca฀nem฀meu฀objeto฀e฀nem฀meu฀ objetivo฀em฀meio฀aos฀colecionismos฀caseiros฀vendi-dos฀ ou฀ esqueciobjetivo฀em฀meio฀aos฀colecionismos฀caseiros฀vendi-dos฀ como฀ “fantasmas฀ da฀ memória,฀ sem฀passado฀e฀sem฀futuro”,฀como฀bem฀define฀Kossoy฀ (2002,฀p.฀129),฀a฀respeito฀de฀fotos฀desconhecidas฀e฀jo-gadas฀ ao฀ acaso฀ nas฀ feiras฀ populares.฀ Completando฀ nas฀suas฀palavras,฀

A฀ fotografia฀ conecta-se฀ com฀ a฀ realidade฀ primeira฀ que฀ a฀ gerou฀ em฀ algum฀ lugar฀ e฀ época.฀ Porém฀ per-dendo-se฀os฀dados฀sobre฀aquele฀passado,฀ou฀melhor,฀ não฀existindo฀informações฀acerca฀do฀referente฀que฀ a฀originou,฀o฀que฀mais฀resta?฀Uma฀imagem฀perdi-da,฀sem฀identificação,฀sem฀identidade…sem฀história.฀ (KOSSOY,฀2002,฀p.฀129).

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te฀no฀aparelho฀fotográfico,฀produzindo฀uma฀sequên-22 Andante,฀Caminhante,฀Passante,฀Pedestre฀–฀Ensaio฀Fotográfico฀de฀Passageiros฀Urbanos

cia฀de฀imagens฀sobrepostas,฀que฀lembre฀a฀sobreposi-ção฀das฀pessoas฀nos฀aglomerados฀urbanos.฀Intento,฀ assim,฀uma฀fotografia฀documental฀de฀uma฀situação฀ urbana฀ de฀ Florianópolis,฀ mas฀ com฀ valores฀ estéticos฀ mais฀ próximos฀ das฀ propostas฀ nas฀ Artes฀ Visuaisdo฀ que฀das฀documentaristas.

A฀fotografia฀tem฀um฀destino฀duplo…Ela฀é฀filha฀do฀ mundo฀ do฀ aparente,฀ do฀ instante฀ vivido,฀ e฀ como฀ tal฀guardará฀sempre฀algo฀do฀documento฀históri-co฀ou฀centífico฀sobre฀ele;฀mas฀ela฀é฀também฀filha฀ do฀retângulo,฀um฀produto฀das฀belas-artes,฀o฀qual฀ requer฀o฀preenchimento฀agradável฀ou฀harmonio-so฀do฀espaço฀com฀manchas฀em฀preto฀e฀branco฀ou฀ em฀cores.฀Neste฀sentido,฀a฀fotografia฀terá฀sempre฀ um฀pé฀no฀campo฀das฀artes฀gráficas฀e฀nunca฀será฀ suscetível฀ de฀ escapar฀ deste฀ fato.฀ (BRASSAÏ฀ apud฀ KOSSOY,฀2001,฀p.฀48). E฀Kossoy฀(2001,฀p.฀49).฀completa:฀ A฀fotografia,฀por฀ser฀um฀meio฀de฀expressão฀individual,฀ sempre฀se฀prestou฀a฀incursões฀puramente฀estéticas;฀ a฀imaginação฀criadora฀é฀pois฀inerente฀a฀essa฀forma฀ de฀expressão;฀não฀pode฀ser฀entendida฀apenas฀como฀ registro฀da฀realidade฀dita฀factual.฀A฀deformação฀in-tencional฀ dos฀ assuntos฀ através฀ da฀ possibilidade฀ de฀ efeitos฀ópticos฀e฀químicos,฀assim฀como฀a฀abstração,฀ montagem฀e฀alteração฀visual฀da฀ordem฀natural฀das฀ coisas,฀a฀criação฀enfim฀de฀novas฀realidades฀têm฀sido฀ exploradas฀constantemente฀pelos฀fotógrafos.฀Nesse฀ sentido,฀ o฀ assunto฀ teatralmente฀ construído฀ segun-do฀uma฀proposta฀dramática,฀psicológica,฀surrealista,฀ romântica,฀política,฀caricaturesca฀etc.,฀embora฀fruto฀ do฀imaginário฀do฀autor,฀não฀deixa฀de฀ser฀um฀visível฀ fotográfico฀ captado฀ de฀ uma฀ realidade฀ imaginada.฀

Seu฀respectivo฀registro฀visual฀documenta฀a฀atividade฀ criativa฀do฀autor,฀além฀de฀ser,฀em฀si฀mesmo,฀uma฀ma-nifestação฀de฀arte. Para฀testar฀qual฀técnica฀mais฀se฀adequava฀à฀esté-tica฀que฀imaginava,฀utilizei฀três฀modelos฀de฀câmeras฀ fotográficas.฀Uma฀delas,฀o฀modelo฀digital฀ Sony฀DSC-S40฀Compacta2 ,฀mais฀comumente฀utilizada฀para฀re- gistrar฀os฀“momentos฀de฀família”฀ou฀instantes฀cole-cionáveis฀da฀vida฀cotidiana.฀Outra฀câmera฀testada฀foi฀ uma฀digital฀SlR3Canon฀EOS฀Rebel฀XSi.฀E,฀uma฀terceira,฀ selecionada฀para฀o฀ensaio฀fotográfico฀que฀apresento฀ nesta฀dissertação,฀foi฀a฀câmera฀analógica฀Holga฀de฀ filme฀fotográfico฀formato฀120฀(6x6cm),฀que฀segue฀o฀ mesmo฀princípio฀da฀SlR,฀entretanto,฀sua฀operação฀é฀ totalmente฀manual.฀

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introdução

Seguindo฀o฀método฀de฀Monet฀em฀seu฀estudo฀so-bre฀A฀Catedral฀de฀Rouen฀em฀1893,฀na฀França,฀quando฀ o฀artista฀pesquisou฀a฀incidência฀da฀luz฀do฀sol฀sobre฀ os฀objetos฀e฀a฀alteração฀da฀cor฀em฀relação฀à฀luz฀solar฀ sobre฀um฀mesmo฀objeto฀em฀diferentes฀horas฀do฀dia,฀ na฀minha฀produção฀de฀séries฀fotográficas฀justapos-tas,฀pretendo฀verificar฀como฀a฀massa฀de฀transeuntes฀ influencia฀esteticamente฀no฀espaço฀urbano฀de฀uma฀ grande฀cidade฀de฀acordo฀com฀a฀sua฀ocupação฀e฀circu-lação฀em฀diferentes฀horas฀e฀dias฀da฀semana. Além฀das฀pesquisas฀de฀Monet,฀os฀impressionistas฀ ao฀sairem฀de฀seus฀ateliês฀começaram฀a฀perceber฀não฀ só฀os฀efeitos฀da฀luz฀nas฀arquiteturas,฀objetos฀ou฀natu-reza,฀mas฀também฀a฀circulação฀de฀pessoas฀nas฀ruas฀ e฀praças.฀São฀eles฀os฀primeiros฀que฀vão฀retratar฀o฀ho-mem฀como฀um฀personagem฀anônimo,฀o฀transeunte. O฀transeunte฀ocupa฀o฀espaço฀que฀lhe฀é฀necessário฀ em฀seu฀cotidiano฀com฀movimentos฀de฀ir฀e฀vir฀repeti-tivos,฀segundo฀suas฀necessidades฀de฀se฀deslocar฀na฀ cidade฀para฀trabalhar,฀flanar฀ou฀se฀divertir,฀mas฀sujei-to฀aos฀planejamentos฀urbanos฀que฀estipulam฀as฀vias฀ de฀acesso฀aos฀locais฀e฀aos฀transportes฀urbanos.฀A฀in- tenção฀será฀representar฀em฀séries฀fotográficas฀justa-postas฀o฀desenrolar฀desses฀deslocamentos฀e,฀assim,฀ analisar฀e฀refletir฀sobre฀os฀meandros฀de฀um฀espaço฀ urbano฀contemporâneo฀em฀diferentes฀dias฀e฀horas. Observando฀os฀planejamentos฀urbanos฀recentes฀da฀ cidade฀de฀Florianópolis,฀percebi฀que฀a฀faixa฀de฀pedestres฀ da฀Av.฀Paulo฀Fontes,฀no฀centro,฀próximo฀ao฀Mercado฀Mu-nicipal,฀que฀dá฀acesso฀ao฀Terminal฀de฀Integração฀Centro฀ –฀TICEN฀–฀construído฀como฀parte฀do฀projeto฀de฀Sistema฀ Integrado฀de฀Transporte฀–฀SIT,฀realizado฀pela฀prefeitura฀ em฀2003,฀provocou฀uma฀transformação฀estética฀nesse฀ ponto฀da฀cidade,฀devido฀à฀massa฀de฀pessoas฀apressadas฀ que฀cruza฀essa฀avenida฀em฀direção฀ao฀TICEN. Com฀o฀interesse฀no฀ambiente,฀passei฀a฀notar฀que฀ além฀de฀mostrar฀apenas฀um฀recorte฀do฀real,฀gosta-ria฀de฀ampliar฀a฀captação฀do฀espaço-acontecimento.฀

(26)

24 Andante,฀Caminhante,฀Passante,฀Pedestre฀–฀Ensaio฀Fotográfico฀de฀Passageiros฀Urbanos

A฀fotografia฀cega,฀recurso฀que฀utilizo฀como฀méto-do฀de฀produção฀fotográfica,฀não฀é฀um฀recurso฀novo,฀o฀ fotógrafo฀Clóvis฀loureiro฀Jr.฀e฀o฀cineasta฀Win฀Wenders฀ em฀O฀Céu฀de฀Lisboa ฀(1995)฀já฀utilizavam฀técnicas฀simi- lares.฀Analisando฀os฀trabalhos฀desses฀artistas,฀pode-mos฀observar฀que฀o฀recurso฀da฀fotografia฀cega฀pode฀ ser฀um฀desejo฀de฀libertar฀o฀próprio฀olhar.฀ Não฀pretendo฀com฀este฀trabalho฀fazer฀reconhecer฀ os฀indivíduos฀registrados฀e฀cada฀uma฀de฀suas฀particu- laridades฀e฀sim฀as฀particularidades฀de฀seu฀movimen-to฀fluído;฀uma฀tentativa฀de฀apresentar฀os฀indivíduos฀ em฀vias฀de฀desaparição฀na฀multidão฀e฀nas฀estruturas฀ do฀urbano.฀Também฀não฀entrevistarei฀as฀pessoas.฀Não฀ interessa฀para฀este฀estudo฀a฀vida฀privada฀das฀pesso-as,฀de฀onde฀elas฀vêm฀e฀para฀onde฀vão฀ou฀o฀que฀fazem฀ ao฀ se฀ conduzirem฀ ao฀ centro฀ ou฀ aos฀ bairros.฀ Estarei฀ representando฀ esses฀ indivíduos฀ que฀ são฀ para฀ mim,฀ e฀talvez฀também฀para฀a฀cidade,฀anônimos฀urbanos,฀ uma฀massa฀de฀indivíduos,฀ainda฀que฀partes฀forma-doras฀da฀cidade฀como฀“organismo฀vivo”,฀definição฀já฀ observada฀por฀Milton฀Santos฀(2002,฀p.฀24).

Meu฀ponto฀de฀partida฀foi฀revisitar฀a฀maneira฀de฀ representação฀ dos฀ pintores฀ impressionistas฀ e฀ sua฀ pintura-luz฀ relacionada฀ à฀ teoria฀ científica฀ da฀ cor฀ e฀ da฀invensão฀da฀luz฀elétrica฀e฀seus฀efeitos฀na฀cidade.฀ Em฀outras฀palavras,฀como฀os฀estudos฀da฀física฀e฀da฀ engenharia฀propiciaram฀novas฀configurações฀à฀cida-de,฀provocaram฀um฀repensar฀urbanístico฀para฀elas,฀e฀ como฀essas฀mudanças฀instigaram฀os฀artistas฀a฀novas฀ e฀ousadas฀experiências฀estéticas.฀

Sevcenko฀ (2001),฀ em฀ seu฀ livro฀Literatura฀ como฀ Missão,฀salienta฀que฀a฀partir฀da฀Revolução฀Industrial฀ surgem฀novas฀formas฀de฀lidar฀com฀a฀vida฀cotidiana฀ em฀uma฀metrópole.฀A฀acerelação฀da฀vida฀na฀cidade฀ proporciona฀ o฀ aguçamento฀ das฀ percepções฀ senso-riais฀forçando฀os฀sentidos฀do฀homem฀a฀estabelecer฀ nexos฀imediatos฀com฀os฀fluxos฀urbanos฀e฀sistemas฀ de฀energia฀elétrica.฀Então,฀a฀percepção฀sensorial฀de฀ um฀ novo฀ mundo,฀ mais฀ dinâmico฀ e฀ visual,฀ aumenta฀ a฀experiência฀acumulada฀do฀homem฀e฀desenvolve฀a฀ sua฀imaginação.฀Para฀Vygotsky฀(2003,฀p.฀17),฀“Quanto฀ mais฀rica฀é฀a฀experiência฀humana,฀tanto฀maior฀será฀o฀ material฀que฀dispõe฀sua฀imaginação”. Para฀uma฀maior฀compreensão฀do฀meu฀objeto฀de฀ estudo,฀discorro฀no฀primeiro฀capítulo฀–฀o฀espaço฀da฀ cidade฀nos฀novos฀tempos ฀–,฀sobre฀a฀cidade฀contem- porânea฀a฀partir฀dos฀projetos฀de฀planejamento฀urba-no฀que,฀segundo฀Cardoso,฀ocorrem฀com฀pretensões฀ de฀um฀saber฀intelectual,฀científico.฀Para฀Cardoso฀apud฀ lima฀(2007,฀p.฀42),

(…)฀ a฀ cidade,฀ nessa฀ abordagem,฀ deixa฀ de฀ ser฀ pensada฀ como฀fruto฀da฀história฀propriamente฀humana,฀e฀passa฀ a฀ ser฀ vista฀ de฀ um฀ olhar฀ evolucionista฀ e฀ naturalizador,฀ privilegiando-se฀aspectos฀físicos฀e฀trocas฀de฀energia฀(…).

(27)

a฀cidade฀de฀Paris,฀em฀1853,฀pelo฀então฀prefeito฀des-25

introdução

sa฀ cidade,฀ o฀ Barão฀ haussmann,฀ durante฀ o฀ reinado฀ de฀Napoleão฀III,฀e฀seus฀desdobramentos฀no฀Brasil,฀a฀ partir฀da฀Reforma฀Passos,฀proposta฀pelo฀Barão฀Pereira฀ Passos,฀prefeito฀da฀cidade฀do฀Rio฀de฀Janeiro,฀com฀fins฀ de฀ordenar฀essa฀cidade฀no฀início฀do฀século฀XX.฀E฀as฀ subsequentes฀ propostas฀ de฀ zoneamento฀ debatidas฀ no฀Congresso฀de฀Athenas,฀1933,฀que฀teve฀le฀Corbusier฀ como฀um฀grande฀líder,฀e฀que฀foram฀essas฀também฀in- corporadas฀aos฀planejamentos฀das฀cidades฀brasilei-ras.฀Analiso฀as฀repercusões฀desses฀projetos฀às฀nossas฀ cidades,฀com฀destaque฀para฀Florianópolis,฀em฀espe-cial฀no฀mais฀recente฀planejamento฀urbano,฀quando฀ da฀criação฀do฀espaço฀pesquisado฀para฀este฀trabalho,฀ o฀ cruzamento฀ de฀ acesso฀ ao฀ terminal฀ de฀ transporte฀ urbano฀viário฀–฀TICEN.

No฀segundo฀capítulo,arte฀e฀representação฀da฀

cidade,฀subdividido฀em฀

fotograf฀ia:฀realidade฀ima-ginada

,฀exemplifico,฀a฀partir฀da฀experiência฀do฀pin- tor฀impressionista฀Monet,฀artistas฀que฀se฀preocupa-ram฀com฀a฀temática฀da฀cidade฀e฀suas฀estéticas฀para฀ representá-la฀através฀de฀métodos฀pictóricos฀ou฀fo- tográficos,฀salientando฀o฀fotógrafo฀já฀anteriormen-te฀citado,฀Duane฀Michals.฀Essas฀referências฀servem฀ como฀ auxilio฀ para฀ ampliar฀ a฀ minha฀ percepção฀ fo- tográfica฀do฀fluxo฀da฀multidão฀em฀meio฀aos฀mean- dros฀urbanos.฀Como฀auxilio฀dessa฀reflexão฀fotográ-fica,฀alguns฀textos฀de฀pensadores฀e฀pesquisadores฀ sobre฀cidade฀e฀fotografia฀são฀de฀grande฀valia฀para฀ a฀consolidação฀do฀trabalho.฀Nas฀reflexões฀sobre฀ci-dade฀cito฀Walter฀Benjamim,฀Milton฀Santos฀e฀Nelson฀ Brissac,฀e฀sobre฀a฀técnica฀e฀a฀estética฀da฀fotografia฀ cito฀Philippe฀Dubois,฀Susan฀Sontag฀e฀Boris฀Kossoy.฀ Os฀textos฀e฀fotografias฀de฀Kossoy฀nos฀auxiliam฀na฀ compreensão฀da฀estética฀fotográfica,฀mas฀também฀ sua฀ obra฀ literária฀ nos฀ apresenta฀ uma฀ importante฀ documentação฀sobre฀as฀alterações฀urbanísticas฀da฀ cidade฀de฀São฀Paulo,฀no฀início฀do฀século,฀especial-mente฀ o฀ livro฀São฀ Paulo,฀ 1900,฀ onde฀ encontramos฀ uma฀análise฀da฀obra฀do฀fotógrafo฀suíço฀Guilherme฀ Gaensly,฀que฀documentou฀essa฀cidade฀no฀início฀do฀ século,฀período฀da฀implantação฀dos฀projetos฀urba-nísticos฀de฀interesse฀desta฀pesquisa.฀

(28)

26 Andante,฀Caminhante,฀Passante,฀Pedestre฀–฀Ensaio฀Fotográfico฀de฀Passageiros฀Urbanos a฀cidade฀e฀sua฀relação฀com฀os฀fixos฀e฀fluxos฀urbanos฀ constituintes฀da฀grande฀cidade,฀e฀as฀novas฀formas฀de฀ olhar฀para฀essa฀relação. Na฀compreensão฀da฀fotografia฀transcodificada฀em฀ conceitos฀e฀imagens,฀pontos฀de฀vista฀mais฀técnicos,฀ estilísticos฀e฀históricos฀abordo฀conceitos฀do฀fotógrafo฀ e฀pesquisador฀Boris฀Kossoy,฀já฀anteriormente฀citado.

Esses฀ conceitos฀ contracenam฀ com฀ a฀ visão฀ de฀ ci-dade฀de฀Walter฀Benjamin฀e฀incentivam฀a฀produção฀ de฀imagens฀narrativas฀como฀faz฀o฀artista฀fotográfico฀ Duane฀Michals฀em฀suas฀séries฀fotográficas฀que฀des- pertam฀a฀imaginação฀do฀observador฀e฀tentam฀trans-mitir฀valores฀além฀dos฀visíveis. Fotografar฀para฀mim฀tornou-se฀uma฀busca฀de฀ima-gens฀próximas฀ao฀meu฀cotidiano.฀A฀maneira฀de฀compor฀ minhas฀percepções฀dos฀ambientes฀vividos.฀A฀busca฀de฀ tais฀imagens฀não฀parte฀do฀colecionismo฀de฀imagens฀e฀ sim฀de฀inserir฀recortes฀e฀captações฀variadas฀e฀instantâ-neas฀de฀determinados฀momentos฀de฀meu฀cotidiano. Acredito฀que฀esse฀meu฀pensamento฀visual฀asse-melha-se฀ao฀de฀Cézanne฀apud฀Aumont฀(2002,฀p.฀235),฀ transposto฀ para฀ o฀ suporte฀ fotográfico,฀ quando฀ diz:฀ “aumentar฀os฀pontos฀de฀vista฀diferentes฀sobre฀o฀mes-mo฀sujeito฀no฀interior฀de฀um฀único฀quadro”.฀Assim฀ como฀Monet฀realizou฀a฀captura฀da฀instantaneidade฀ em฀variações฀sobre฀o฀mesmo฀tema,฀tentarei฀ampliar฀ a฀ percepção฀ do฀ ponto฀ de฀ vista฀ sobre฀ uma฀ mesma฀ ação฀em฀mais฀de฀uma฀cena฀fotográfica฀sob฀o฀mesmo฀ enquadramento.

Nessa฀perspectiva,฀apresento฀no฀terceiro฀capítulo฀

–฀passageiros฀urbanos

–฀a฀série฀fotográfica฀pesqui- sada฀para฀este฀trabalho,฀de฀modo฀que฀as฀minhas฀fo- tografias฀narrem฀o฀percurso฀da฀pesquisa.฀Nela฀pode-mos฀verificar฀tanto฀o฀deslocamento฀dos฀transeuntes,฀ quanto฀a฀variação฀do฀tempo;฀do฀mesmo฀modo฀pode-mos฀verificar฀pelo฀efeito฀das฀multiplas฀exposições,฀a฀ justaposição฀de฀realidades฀e฀de฀fatos฀ocorrendo฀em฀ um฀ mesmo฀ instante฀ dentro฀ de฀ um฀ mesmo฀ espaço.฀ Nas฀ palavras฀ de฀ Boris฀ Kossoy฀ (informação฀ verbal),฀ “uma฀convergência฀de฀distintas฀realidades.”฀5

(29)

27

N

o฀ artigo฀Políticas฀ e฀ Poéticas฀ das฀ transgressões฀ urbanas,฀ Celia฀Antonacci฀(2006,฀p.฀54),฀assim฀de-fine฀a฀cidade,

Ao฀ longo฀ dos฀ anos,฀ a฀ cidade฀ vai฀ se฀ organizando฀ como฀ um฀ espaço฀ semiótico,฀ de฀ produção,฀ armaze- namento,฀consumo฀e฀troca฀de฀informações฀e฀servi-ços฀fundados฀na฀arbitrariedade฀de฀sua฀significação.฀ Tam฀bém฀ o฀ lugar,฀ o฀ território฀ da฀ cidade,฀ é฀ produto฀ dessa฀significação฀arbitrária.฀Dessa฀forma,฀o฀espaço฀ da฀cidade฀é฀um฀campo฀de฀luta,฀de฀fantasia,฀de฀domi-nação฀e฀de฀apropriação;฀mas฀também฀de฀violência฀ simbólica฀ e฀ material.฀ O฀ território฀ da฀ cidade฀ não฀ é฀ apenas฀receptor,฀mas฀é฀essencialmente฀ator,฀como฀ enfatiza฀Milton฀Santos. A฀humanidade฀tende฀a฀se฀aglomerar฀em฀espaços฀ específicos฀do฀globo,฀a฀viver฀uma฀grande฀mistura฀hu- mana฀e฀é฀na฀cidade฀que฀esse฀processo฀vem฀se฀acen-tuando.฀Os฀avanços฀da฀medicina฀e฀das฀engenharias฀ viabilizam฀uma฀vida฀em฀multidões฀e฀a฀modificação฀ da฀escala฀da฀cidade.฀Fixos฀novos,฀mais฀imponentes฀ e฀com฀outras฀simbologias฀e฀serventias฀provocam฀o฀ aumento฀e฀o฀controle฀dos฀fluxos฀urbanos,฀tanto฀de฀ pessoas฀quanto฀de฀veículos฀e฀exigem฀das฀autorida-des฀ novos฀ planejamentos฀ urbanos,฀ e฀ das฀ pessoas,฀ novas฀formas฀de฀viver฀a฀cidade.

Com฀ o฀ desenvolvimento฀ do฀ transporte฀ terrestre,฀ aéreo฀ e฀ marítimo,฀ o฀ mundo฀ torna-se฀ cosmopolita,฀ ninguém฀mais฀pertence฀a฀um฀só฀lugar฀e฀nem฀tampou-co฀permanece฀em฀um฀lugar฀fixo,฀quer฀seja฀na฀escala฀ da฀cidade฀quanto฀do฀globo.฀Com฀isso,฀o฀século฀XIX฀é฀ o฀período฀da฀história฀em฀que฀as฀cidades฀assumem฀di-mensões฀monumentais฀e฀começam฀a฀exigir฀soluções฀ rápidas฀e฀eficientes฀que฀facilitem฀o฀deslocamento฀das฀ pessoas,฀mas฀também฀normatize฀esse฀deslocamento฀ e฀ controle฀ a฀ presença฀ das฀ pessoas฀ no฀ meio฀ urbano.฀ Como฀diz฀Célia฀Ramos฀(2009),฀entra฀em฀cena฀nas฀cida-des฀o฀cientificismo฀iluminista฀onde฀tudo฀tem฀que฀ser฀ previsível,฀e฀os฀planejamentos฀passam฀a฀apresentar฀ uma฀ racionalidade฀ com฀ vistas฀ a฀ favorecer฀ o฀ capita- lismo฀acelerado฀e฀muitas฀vezes฀sem฀considerar฀o฀ele-mento฀principal฀da฀cidade,฀o฀ser฀humano,฀que฀acaba฀ mudando฀também฀sua฀maneira฀de฀estar฀na฀cidade.

A฀história฀assinala฀que฀o฀ponto฀de฀partida฀para฀o฀ processo฀de฀desumanização฀do฀indivíduo฀na฀grande฀ cidade฀é฀a฀ação฀chamada฀de฀haussmanização .฀Ideali-zado฀durante฀o฀império฀de฀Napoleão฀III฀e฀executado฀ pelo฀Barão฀haussmann,฀então฀prefeito฀da฀cidade,฀no฀ ano฀de฀1853,฀esse฀projeto฀foi฀intensamente฀executa-do฀por฀dezessete฀anos.

(30)

28 o฀espaço฀da฀cidade฀nos฀novos฀tempos

Antes฀dos฀projetos฀de฀haussmann,฀Paris฀manti-nha฀ características฀ de฀ uma฀ cidade฀ medieval,฀ com฀ pequenas฀vielas,฀casas฀contínuas฀e฀circulação฀de฀pe-destres,฀o฀que฀facilitava฀o฀encontro฀das฀pessoas.฀Com฀ o฀discurso฀de฀sanear฀a฀cidade฀e฀manter฀a฀ordem฀pú- manter฀a฀ordem฀pú-blica฀ evitando฀ possíveis฀ barricadas,฀ haussmman฀ propos฀ a฀ abertura฀ de฀ grandes฀ e฀ largas฀ avenidas฀ e฀ obras฀ pensadas฀ para฀ suportar฀ décadas฀ de฀ cresci-mento฀populacional,฀ além฀de฀possibilitar฀a฀constru-ção฀de฀edifícios฀públicos฀que฀atendessem฀às฀novas฀ demandas฀do฀Estado.

Com฀seu฀planejamento฀para฀(re)modelar฀Paris,฀ou฀ seja,฀dar฀a฀ela฀um฀novo฀modelo,฀o฀que฀haussmann฀ construiu฀ foi฀ um฀ novo฀ sistema฀ de฀ classes฀ sociais,฀ surgindo฀assim,฀uma฀cena฀típica฀para฀se฀(re)tratar฀–฀ reproduzir฀uma฀nova฀imagem,฀por฀meio฀do฀desenho฀ ou฀da฀fotografia฀–,฀a฀nova฀cidade฀com฀a฀coexistência฀ de฀ classes,฀ que฀ pareciam฀ nunca฀ se฀ encontrar.฀ Clark฀ (2004)฀nos฀mostra฀que฀a฀cidade฀tornou-se฀tão฀imen-sa฀que฀o฀pedestre฀alcança฀menos฀importância. O฀projeto฀urbanístico฀de฀haussmann฀(re)configu- rou฀a฀estrutura฀física฀da฀cidade฀de฀Paris฀contemporâ-nea฀e฀serviu฀de฀modelo฀para฀as฀demais฀metrópoles฀ da฀época,฀determinando฀os฀planejamentos฀de฀quase฀ todas฀as฀cidades฀contemporâneas.

Com฀ esse฀ tipo฀ de฀ planejamento,฀ especialmente฀ nas฀grandes฀cidades,฀o฀indivíduo฀deixa฀de฀existir฀em฀ favor฀das฀massas.฀Nesse฀momento฀da฀história,฀atra-

vés฀do฀processo฀de฀normatização฀imposto฀pela฀ad-ministração฀napoleônica,฀o฀ser฀humano฀passa฀a฀ser฀ identificado฀ como฀ um฀ número฀ obrigatório.฀ Casas฀ e฀ pessoas฀foram฀submetidas฀a฀um฀cadastramento฀para฀ facilitar฀sua฀identificação.฀(BENJAMIN,฀1989).

Essa฀ normatização฀ possibilitava฀ a฀ identificação฀ dos฀domicílios,฀portanto,฀o฀estrangulamento฀da฀vida฀ civil.฀O฀que฀Benjamin฀(1989)฀nota฀em฀seu฀livro฀sobre฀ Baudelaire฀é฀que฀o฀esforço฀de฀identificação฀das฀resi- dências฀e฀das฀pessoas฀através฀da฀sequencialidade฀nu-mérica฀ocasiona฀o฀desaparecimento฀do฀ser฀humano฀ nas฀massas฀das฀cidades฀grandes. ฀Com฀isso,฀Baudelai-re,฀para฀escapar฀de฀seus฀credores,฀passa฀a฀“vaguear฀ pela฀cidade,฀que฀há฀muito฀já฀não฀era฀a฀pátria฀do฀flâ-neur.”฀(BENJAMIN,฀1989,฀p.฀44).

(31)

miguel฀etges฀rodrigues 29

ambiente฀urbano฀já฀que฀nessa฀transição฀não฀há฀mais฀ o฀ritmo฀da฀penumbra.฀Surge฀assim,฀toda฀uma฀nova฀ concepção฀de฀habitar฀a฀cidade฀e฀nela฀se฀deslocar.

Entretanto,฀ foi฀ a฀ partir฀ da฀ década฀ de฀ 1950,฀ no฀ pós-guerra,฀que฀se฀intensifica฀o฀surgimento฀dos฀mo-vimentos฀ urbanos฀ e฀ nota-se฀ na฀ imagem฀ da฀ cidade฀ a฀noção฀de฀serialidade฀de฀uma฀sociedade฀de฀massa.฀ Nessa฀ década,฀ nas฀ imagens฀ fotográficas฀ podemos฀

notar฀ a฀ temática฀ de฀ segmentação฀ profissional฀ dos฀ usuários฀urbanos฀e฀as฀novas฀edificações,฀provocando฀ a฀noção฀de฀valorização฀e฀acumulo฀de฀bens.฀Nas฀fo-tografias฀do฀pós-guerra,฀os฀homens,฀os฀cidadãos,฀são฀ apresentados฀como฀multidões฀em฀movimento,฀sím-bolo฀do฀progresso฀da฀cidade฀moderna.฀As฀pessoas฀são฀ vistas฀como฀blocos฀que฀se฀deslocam฀e฀a฀força฀visual฀ que฀ essa฀ massa฀ apresenta฀ é฀ salientada฀ pela฀ vesti-menta฀da฀época,฀o฀terno,฀a฀característica฀do฀homem฀ em฀atividade.฀(lIMA,฀1997).฀Eu฀poucas฀vezes฀via฀meu฀ avô฀sem฀seu฀terno฀marrom,฀somente฀aos฀domingos฀ ou฀no฀café฀da฀manhã.

Era฀ um฀ processo฀ homogenizador฀ com฀ ideais฀ de฀ trabalho฀e฀progresso.฀O฀ser฀humano฀é฀retratado฀nas฀ imagens฀em฀estado฀de฀transição฀e฀a฀cidade฀passa฀de฀ mercado฀a฀mercadoria.

hoje,฀a฀cidade฀é฀um฀espaço฀de฀uma฀humanidade฀ misturada฀que฀transita฀pelos฀labirintos฀da฀cidade฀por฀ diferentes฀motivações฀ou฀necessidades.

A฀ grande฀ cidade฀ é฀ um฀ fixo฀ enorme฀ cruzado฀ por฀ fluxos฀ enormes฀ (homens,฀ produtos,฀ mercadorias,฀ ordens,฀idéias...),฀diversos฀em฀volume,฀intensidade,฀ ritmo,฀ duração฀ e฀ sentido.฀ Aliás,฀ as฀ cidades฀ se฀ dis-tinguem฀ uma฀ das฀ outras฀ por฀ esses฀ fixos฀ e฀ fluxos.฀ Mudá-los฀ é฀ mudar฀ a฀ sua฀ própria฀ significação฀ para฀ os฀próprios฀moradores,฀segundo฀as฀classes฀sociais.฀ (MIlTON฀SANTOS,฀2002,฀p.124).

(32)

30 o฀espaço฀da฀cidade฀nos฀novos฀tempos

nham฀que฀se฀por฀em฀movimento,฀deslocar-se฀no฀es-paço,฀por฀entre฀as฀ruas฀da฀cidade,฀percorrer฀os฀fixos฀e฀ traçar฀fluxos.฀Para฀Singer฀apud฀De฀Sá฀(2001,฀p.฀116),

A฀ modernidade฀ implicou฀ um฀ mundo฀ fenomenal฀ –฀ especificamente฀ urbano฀ –฀ que฀ era฀ marcadamente฀ mais฀rápido,฀caótico,฀fragmentado฀e฀desorientador฀ do฀que฀as฀fases฀anteriores฀da฀cultura฀humana.฀Em฀ meio฀à฀turbulência฀sem฀precedentes฀do฀tráfego,฀ba-rulho,฀painéis,฀sinais฀de฀trânsito,฀multidões฀que฀se฀ acotovelam,฀vitrines฀e฀anúncios฀da฀cidade฀grande,฀o฀ indivíduo฀defrontou-se฀com฀uma฀nova฀intensidade฀ de฀estimulação฀sensorial.฀A฀metrópole฀sujeitou฀o฀in-divíduo฀a฀um฀bombardeio฀de฀impressões,฀choques฀ e฀sobressaltos.฀O฀ritmo฀de฀vida฀também฀se฀tornou฀ mais฀ frenético฀ acelerado฀ pelas฀ novas฀ formas฀ de฀ transporte฀rápido,฀pelos฀horários฀prementes฀do฀ca- pitalismo฀moderno฀e฀pela฀velocidade฀sempre฀acele-rada฀da฀linha฀de฀montagem.฀ Segundo฀De฀Sá฀(2001),฀para฀Benjamin฀o฀que฀os฀ desenvolvimentos฀tecnológicos฀díspares฀tais฀como฀ a฀luz฀elétrica,฀o฀telefone,฀os฀automóveis,฀o฀cinema฀e฀ a฀fotografia฀têm฀em฀comum฀é฀a฀produção฀de฀uma฀ violenta฀ reestruturação฀ da฀ percepção฀ e฀ da฀ intera-ção฀ humana฀ –฀ a฀ experiência฀ do฀ choque,฀ do฀ risco฀ corporal฀e฀do฀instante. Essas฀experiências฀vividas฀a฀partir฀das฀novas฀tec-nologias฀desenvolvidas฀principalmente฀na฀metade฀do฀ século฀XIX฀marcam฀e฀consolidam฀a฀cultura฀de฀massa฀ com฀a฀tecnologia฀de฀reprodutibilidade.฀A฀esse฀respei-to,฀Benjamin฀observa฀a฀tecnologia฀do฀cinema฀como฀ um฀exemplo.฀Diz฀Benjamin฀(1994,฀p.฀192),

O฀ cinema฀ é฀ a฀ forma฀ de฀ arte฀ correspondente฀ aos฀ perigos฀ existenciais฀ mais฀ intensos฀ com฀ os฀ quais฀ se฀ confronta฀o฀homem฀contemporâneo.฀Ele฀corresponde฀ a฀metamorfoses฀profundas฀do฀aparelho฀perceptivo,฀ como฀as฀que฀experimentam฀o฀passante,฀numa฀escala฀ individual,฀quando฀enfrenta฀o฀tráfico. Também฀importante฀observação฀encontramos฀no฀ poeta฀Edgard฀Allan฀Poe,฀quando฀em฀seu฀romance฀po-licial฀O฀Homem฀da฀Multidão ,฀mostra฀a฀perda฀da฀indivi-dualização฀do฀homem฀na฀multidão฀metrópolitana฀na฀ frase:฀“onde฀ninguém฀é฀para฀o฀outro฀nem฀totalmente฀ nítido฀nem฀totalmente฀opaco”.฀(POE฀apud฀BENJAMIN,฀ 1989,฀p.46),฀isto฀é,฀todos฀se฀tornam฀suspeitos฀na฀me-dida฀em฀que฀não฀podemos฀identificá-los. Continuando฀com฀Edgard฀Allan฀Poe,฀em฀sua฀des-crição฀da฀multidão฀londrina฀naquela฀época,฀ele฀diz, A฀maioria฀dos฀que฀passavam฀parecia฀gente฀satis-feita฀consigo฀mesma,฀e฀com฀os฀dois฀pés฀no฀chão.฀ Pareciam฀ apenas฀ pensar฀ em฀ abrir฀ caminho฀ atra-vés฀ da฀ multidão.฀ Se฀ recebiam฀ um฀ encontrão฀ de฀ outros฀ transeuntes,฀ não฀ se฀ mostravam฀ mais฀ irri-tados;฀ ajeitavam฀ a฀ roupa฀ e฀ seguiam฀ apressados.฀ Outros,฀falavam฀consigo฀mesmos฀e฀gesticulavam,฀ como฀ se฀ se฀ sentissem฀ sozinhos฀ exatamente฀ por฀ causa฀da฀incontável฀multidão฀ao฀seu฀redor.฀(POE฀ apud฀BENJAMIN,฀1989,฀p.฀48).

(33)

contemporâ-miguel฀etges฀rodrigues 31

nea.฀Entretanto,฀hoje฀a฀multidão฀citadina฀฀possui฀um฀ ritmo฀ainda฀mais฀veloz฀e฀seus฀olhares฀tendem฀ao฀in-finito.฀O฀movimento฀contínuo฀dos฀indivíduos฀só฀vem฀ a฀ser฀interrompido฀quando฀há฀o฀encontro฀entre฀outra฀ multidão฀ em฀ sentido฀ contrário,฀ esse฀ embate฀ pode฀ ser฀observado฀no฀espaço฀de฀trânsito฀estudado฀e฀será฀ apresentado฀no฀terceiro฀capítulo. Em฀Victor฀hugo,฀a฀multidão฀ao฀aglomerar-se฀nas฀ ruas฀permanece฀abstrata฀independente฀de฀sua฀classe฀ social,฀já฀Benjamim฀ressalta฀que฀a฀multidão฀oculta฀o฀ que฀há฀de฀mais฀temido฀na฀aglomeração฀de฀pessoas,฀ “a฀massificação฀dos฀indivíduos฀por฀meio฀do฀acaso฀de฀ seus฀ interesses฀ privados.”฀ (BENJAMIN,฀ 1989,฀ p.฀ 58).฀ Desse฀modo,฀a฀reunião฀de฀pessoas฀no฀meio฀urbano,฀ com฀objetivo฀comum,฀pode฀transformar฀a฀multidão฀ em฀uma฀forma฀indefinida,฀em฀massa.

A฀reforma฀urbanista฀de฀Paris,฀a฀forma฀como฀ela฀ foi฀ desenvolvida,฀ bem฀ como฀ seus฀ objetivos,฀ servi-ram฀de฀modelo฀para฀os฀centros฀urbanos฀ocidentais฀ e฀das฀colônias฀européias.฀O฀Brasil฀segue฀os฀moldes฀ parisiense.฀Por฀exemplo,฀a฀cidade฀do฀Rio฀de฀Janeiro,฀ conhecida฀ como฀ “Paris฀ dos฀ Trópicos”,฀ passou฀ pelo฀ mesmo฀processo฀de฀urbanização฀a฀que฀foi฀submeti-da฀Paris฀para฀assemelhar-se฀aos฀ideais฀europeus฀de฀ constituição฀urbana.฀“A฀cidade฀velha,฀feia฀e฀suja,฀tem฀ os฀ seus฀ dias฀ contados”,฀ escreveu฀ Olavo฀ Bilac฀ apud฀ Sevcenko฀(1999,฀p.฀30),฀pois฀não฀trazia฀incentivo฀aos฀ investimentos฀europeus.฀O฀progresso฀significava฀so-

mente฀uma฀coisa:฀alinhar-se฀com฀os฀padrões฀e฀o฀rit-mo฀da฀economia฀européia.฀A฀remodelação฀da฀cidade฀ do฀Rio฀de฀Janeiro฀era฀necessária฀para฀por฀fim฀a฀ima-gem฀ de฀ insalubridade฀ e฀ insegurança฀ que฀ oferecia,฀ “pronta฀para฀armar฀em฀barricadas฀as฀vielas฀estrei-tas฀do฀centro฀ao฀som฀do฀primeiro฀grito฀de฀motim.”฀ (SEVCENKO,฀1999,฀p.฀29).

(34)

32 o฀espaço฀da฀cidade฀nos฀novos฀tempos

Mas,฀ enquanto฀ em฀ Paris฀ alguns฀ moradores฀ conse-guiram฀permanecer฀no฀espaço฀de฀suas฀antigas฀casas฀ e฀ali฀continuar฀prestando฀seus฀serviços,฀no฀Rio฀de฀Ja-neiro,฀os฀moradores฀ocuparam฀os฀morros฀próximos฀ ao฀centro฀da฀cidade,฀formando฀as฀primeiras฀favelas.฀ (SChETINO,฀2008).฀A฀nova฀cidade฀rompe฀com฀a฀cida-de฀antiga฀e฀recebe฀símbolos฀do฀poder฀do฀capital.฀

Segundo฀Sevcenko฀(1999,฀p.฀33-34),

O฀resultado฀mais฀concreto฀desse฀processo฀de฀abur- guesamento฀intensivo฀da฀paisagem฀carioca฀foi฀a฀cria- ção฀de฀um฀espaço฀público฀central฀na฀cidade,฀comple- tamente฀remodelado,฀embelezado,฀ajardinado฀e฀eu-ropeizado,฀que฀se฀desejou฀garantir฀com฀exclusividade฀ para฀o฀convívio฀dos฀‘argentários’.

Além฀da฀documentação฀escrita฀e฀analisada฀por฀al- guns฀teóricos,฀a฀europeização฀da฀cidade฀do฀Rio฀de฀Janei-

(35)

miguel฀etges฀rodrigues 33

ficos,฀especialmente฀cito฀o฀fotógrafo฀Marc฀Ferrez,฀que฀ de฀1903฀a฀1906฀produziu฀o฀Album฀da฀Avenida฀Central,฀ um฀significativo฀registro฀da฀nova฀avenida฀central฀da฀ci-dade฀do฀Rio฀de฀Janeiro,฀que฀vinha฀se฀transformando฀a฀ partir฀de฀uma฀urbanização฀ao฀estilo฀europeu,฀liderada฀ pelo฀então฀prefeito,฀Francisco฀Pereira฀Passos,฀já฀anterior-mente฀citado.฀A฀fotografia฀(p.฀32)฀mostra฀essa฀avenida฀e฀ salienta฀o฀Teatro฀Municipal฀em฀estilo฀europeu.

Ferrez,฀intitulado฀ Photographo฀da฀Marinha฀Impe-rial,฀ além฀ de฀ documentar฀ a฀ paisagem฀ carioca฀ foto-grafou฀em฀mais฀de฀uma฀região฀brasileira.฀Seu฀tema฀

principal฀era฀a฀natureza฀e฀especializou-se฀na฀produ-ção฀ de฀ fotografias฀ panorâmicas.฀ Conforme฀ laurent฀ Gervereau฀(2005)฀no฀texto฀Da฀foto฀ao฀filme฀do฀livro฀O฀ Brasil฀de฀Marc฀Ferrez,฀esse฀foi฀um฀fotógrafo฀versátil฀e฀ aberto฀as฀inovações฀tecnológicas,฀mas฀que฀conserva฀ o฀seu฀olhar฀“eminentemente฀ocidental,฀ancorado฀em฀ séculos฀ de฀ composição”฀ (GERVEREAU,฀ 2005,฀ p.฀ 115).฀ Então,฀como฀outros฀fotógrafos฀da฀época,฀é฀inovador฀ tecnicamente,฀mas฀eurocêntrico฀em฀seus฀enquadra-mentos฀fotográficos.

Outro฀ fotógrafo฀ importante฀ na฀ documentação฀ dessa฀ época฀ no฀ Rio฀ de฀ Janeiro฀ foi฀ Augusto฀ Malta.฀ Brasileiro฀ de฀ Alagoas,฀ Malta฀ em฀ 1888฀ transfere-se฀

(36)

34 o฀espaço฀da฀cidade฀nos฀novos฀tempos

para฀ o฀ Rio฀ de฀ Janeiro,฀ e฀ nos฀ anos฀ de฀ 1900฀ entrou฀ em฀contato฀com฀a฀fotografia,฀chegando฀a฀ocupar฀o฀ cargo฀de฀fotógrafo฀documentarista฀da฀Prefeitura฀de฀ Francisco฀Pereira฀Passos,฀criado฀especialmente฀para฀ ele.฀A฀esse฀respeito,฀o฀historiador฀Paulo฀Berger฀apud฀ Moreira฀(2008,฀p.฀3)฀escreveu,

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miguel฀etges฀rodrigues 35

Apesar฀do฀esforço฀conjunto฀da฀Prefeitura฀e฀do฀go-verno฀federal฀para฀a฀transformação฀do฀Rio฀de฀Janeiro฀ em฀uma฀metrópole฀nos฀moldes฀europeus,฀Malta฀nos฀ permite฀visualizar฀as฀características฀humildes฀de฀seus฀ habitantes฀e฀transeuntes฀do฀meio฀urbano฀da฀época,฀ com฀mostra฀a฀fotografia฀abaixo.฀

Mas฀não฀apenas฀a฀cidade฀do฀Rio฀de฀Janeiro฀cres-cia฀ aos฀ moldes฀ de฀ Paris฀ e฀ de฀ outros฀ centros฀ euro-peus.฀Na฀primeira฀década฀do฀século฀XX,฀fotógrafos฀

registraram฀o฀processo฀de฀remodelação฀urbana฀tam-bém฀na฀cidade฀de฀São฀Paulo,฀capital฀do฀Estado฀de฀São฀ Paulo.฀ Nessa฀ época,฀ segundo฀ Kossoy,฀ o฀ Brasil฀ deti-nha฀2/3฀da฀produção฀mundial฀de฀café,฀e฀São฀Paulo฀ abre-se฀para฀esse฀investimento฀econômico,฀pois฀reu-nia฀as฀condições฀básicas฀de฀industrialização,฀como฀ concentração฀de฀capital฀e฀mão-de-obra฀–฀principal-mente฀ imigrantes฀ após฀ a฀ abolição฀ da฀ escravatura฀ em฀1888฀e฀a฀queda฀da฀monarquia฀e฀constituíção฀de฀ 1891฀–฀além฀da฀energia฀elétrica,฀o฀que฀a฀caracterizará฀ como฀cidade฀industrial.

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36 o฀espaço฀da฀cidade฀nos฀novos฀tempos

Um฀ exemplo฀ da฀ rápida฀ transformação฀ dessa฀ ci- dade฀está฀registrado฀no฀conjunto฀de฀fotografias฀dei-xadas฀pelo฀fotógrafo฀suíço฀Guilherme฀Gaensly.฀Boris฀ Kossoy,฀em฀seu฀livro฀São฀Paulo,฀1900,฀ao฀analisar฀as฀ imagens฀desse฀fotógrafo,฀escreveu:

Tratam-se฀de฀cenas฀esteticamente฀equilibradas฀que฀ enfatizam฀a฀transformação฀urbana฀que฀se฀processa฀ na฀cidade฀que,฀em฀apenas฀uma฀década,฀quase฀qua-druplicava฀ sua฀ população฀ atingindo฀ o฀ ano฀ de฀ 1900฀ com฀ 240฀ mil฀ habitantes.฀ Imagens฀ que฀ exploram฀ a฀ nova฀ feição฀ das฀ velhas฀ ruas฀ centrais,฀ bem฀ como฀ os฀ novos฀bairros฀criados฀à฀semelhança฀dos฀boulevards.฀ No฀espaço฀secular฀como฀no฀recente฀resplandecem฀as฀ novas฀edificações฀construídas฀segundo฀padrões฀con-sagrados฀de฀civilização.฀A฀cidade฀colonial฀desaparece.฀ A฀capital฀ressurge฀em฀novo฀cenário.฀O฀fotógrafo฀capta฀ sua฀‘nova’฀imagem฀que฀agora฀lembra฀uma฀velha฀cida-de฀européia.฀(KOSSOY,฀1988,฀p.฀9).

Ainda฀ segundo฀ Kossoy,฀ Guilherme฀ Gaensly฀ pos-suia฀ um฀ estúdio฀ fotográfico฀ na฀ principal฀ artéria฀ de฀ São฀ Paulo:฀ a฀ Rua฀ Quinze฀ de฀ Novembro.฀ Suas฀ fotos฀ apresentam฀as฀transformações฀nessa฀rua,฀bem฀como฀ nas฀demais฀imediações,฀e฀os฀melhoramentos฀urbanos฀ do฀novo฀século฀XX,฀como฀a฀implantação฀da฀ilumina-ção฀elétrica฀pela฀compania฀ The฀São฀Paulo฀Tramway฀Li-ght฀and฀Power฀Company฀Ltda,฀conhecida฀como฀Light,฀ hoje฀Eletropaulo,฀que฀ocasionou฀o฀desaparecimento฀ dos฀ bondes฀ à฀ tração฀ animal,฀ substituídos฀ por฀ um฀ novo฀veículo฀elétrico.฀

Gaensly฀ produziu฀ um฀ estudo฀ fotográfico฀

impor-tante฀que฀contribuiu฀para฀o฀nosso฀entendimento฀da฀ transformação฀ da฀ paisagem฀ urbana฀ paulistana฀ se-gundo฀modelos฀europeus,฀ainda฀que,฀como฀salienta฀ Kossoy,฀ sua฀ documentação฀ fotográfica฀ não฀ seja฀ ex-tensiva.฀“Nesta฀coleção,฀pelo฀menos”,฀diz฀Kossoy฀(1988,฀ p.17),฀“não฀constam฀fotografias฀das฀atividades฀indus- triais,฀ou฀dos฀bairros฀operários฀e฀suas฀moradias.฀A฀au- sência฀dessas฀imagens฀nos฀priva฀de฀uma฀documenta-ção฀visual฀imprescindível฀para฀o฀estudo฀das฀condições฀ de฀habitação฀–฀e,฀portanto฀–฀da฀população.” Entretanto,฀a฀temática฀fotográfica฀de฀Gaensly฀nos฀ conta฀a฀remodelação฀urbana฀da฀cidade฀em฀sua฀forma฀ moderna.฀Suas฀fotos฀registram฀os฀edifícios฀e฀as฀ruas฀ desalinhadas฀que฀davam฀lugar฀às฀novas฀construções฀ ecléticas.฀“Suas฀imagens฀do฀centro฀da฀cidade฀captam฀ em฀detalhe฀a฀fisionomia฀das฀ruas฀transformadas฀e฀ dos฀ personagens฀ anônimos฀ que฀ nelas฀ transitam”,฀ diz฀Kossoy฀(1988,฀p.฀15).

A฀ documentação฀ fotográfica฀ na฀ virada฀ so฀ século฀ XIX฀para฀o฀XX฀realizado฀por฀Guilherme฀Gaensly฀forma฀a฀ iconografia฀do฀Estado฀de฀São฀Paulo฀dessa฀época.฀Ao฀ler-mos฀o฀livro฀São฀Paulo:฀1900, ฀de฀Boris฀Kossoy฀(1988),฀per-cebemos฀a฀importância฀das฀imagens฀desse฀fotógrafo฀ tanto฀pelo฀rigor฀técnico฀e฀seu฀primor฀estético,฀quanto฀ documentação฀sobre฀as฀transformações฀urbanas.฀

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Referências

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