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EXAMES LABORATORIAIS EM GESTANTES ATENDIDAS PELO PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL DO MUNICÍPIO DE IJUÍ – RS

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EXAMES LABORATORIAIS EM GESTANTES

ATENDIDAS PELO PROGRAMA

DE ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL

DO MUNICÍPIO DE IJUÍ – RS

Cristiane Schmalz Bueno1

Débora Weber1

Karla Renata de Oliveira2

R e s u m o R e s u m o R e s u m o R e s u m o

Realizou-se estudo descritivo e quantitativo, a partir dos dados do Sisprenatal, objetivando identificar e quanti-ficar os exames laboratoriais realizados por gestantes atendidas, no ano de 2008, em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Ijuí — RS (UBS 1, 2, 3, 4 e 5). Foram incluídas no estudo 171 gestantes, com idade média de 28,5 anos. A maioria iniciou acompanhamento pré-natal no primeiro (78,9%) e segundo (20,5%) trimestre de gestação e realizou os exames preconizados. Cada gestante realizou, em média, 5,9 consultas. A UBS 2 alcançou alto índice de adesão aos exames laboratoriais. Verificou-se menor porcentagem de gestantes que realizaram a segunda avaliação nos exames de urina, VDRL e glicemia de jejum nas UBSs 1, 3, 4 e 5. Os exames realizados em menor porcentagem no estudo foram os que são recomendados pelo Ministério da Saúde e o teste anti-HIV. Identificou-se bom desempe-nho do acompanhamento pré-natal nas UBSs avaliadas, bem como a necessidade de reforçar os benefícios de alguns exames essenciais, principalmente de uma segunda avaliação para alguns parâmetros fisiológicos que podem diagnosticar importantes doenças, as quais afetam a saúde da criança. É importante que os profissionais da saúde unam esforços para incentivar as gestantes a realizarem os exames solicitados, destacando os benefícios do trata-mento precoce de casos positivos.

Palavras-chave: Palavras-chave: Palavras-chave:

Palavras-chave: Gestantes. Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento. Exames laboratoriais.

1 Acadêmicas do curso de Graduação em Farmácia, DCSa – Unijuí. E-mail: cryssbueno@yahoo.com.br; deby_dw@yahoo.com.br 2 Professora do DCSa – Unijuí, mestre em Ciências Biológicas. E-mail: karla@unijui.com.br

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O principal objetivo da atenção pré-natal e puer-peral é acolher a mulher desde o início da gravidez e assegurar que nasça uma criança saudável, bem como garantir o bem-estar materno e neonatal (Bra-sil, 2005). Nesse sentido, a Portaria GM n° 569/00 (Brasil, 2000) instituiu o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) no Sistema Único de Saúde (SUS).

No âmbito do PHPN são competências das Se-cretarias Municipais de Saúde, dentre outras, ca-dastrar as gestantes, garantir atendimento no pré-natal e puerpério em seu próprio território, identifi-car laboratórios, garantir a realização dos exames básicos e o acesso aos exames de seguimento do pré-natal (Brasil, 2000).

A Portaria GM n° 569/00 (Brasil, 2000) estabe-lece que sejam realizadas, no mínimo, seis consultas de acompanhamento, a primeira preferencialmente até o quarto mês de gestação. Na primeira consulta da gestante, dentre as necessidades assessoriais, encontra-se a solicitação de exames complementa-res (BRASIL, 2005). Está prevista nesta Portaria a realização de tipagem sanguínea, fator Rh, hemo-globina e hematócrito (HB/Ht), na primeira consul-ta; sorologia para sífilis (VDRL), urina e glicemia de jejum na primeira consulta e na 30ª semana da gestação. Além disso, deve-se ofertar teste anti-HIV, na primeira consulta, nos municípios cuja população seja superior a 50 mil habitantes (Brasil, 2000). Re-comenda-se pesquisa de hepatite B (HBsAg), pre-ferencialmente próximo à 30ª semana de gestação, e sorologia para toxoplasmose, onde houver dispo-nibilidade (Brasil, 2005).

Neste contexto, o objetivo do estudo foi identifi-car e quantifiidentifi-car os exames laboratoriais realizados por gestantes atendidas pelo PHPN em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município de Ijuí.

Metodologia

Realizou-se estudo descritivo e quantitativo em cinco UBSs do município de Ijuí/RS, identificadas como UBS 1, UBS 2, UBS 3, UBS 4 e UBS 5.

Foram coletados dados referentes às gestantes em acompanhamento pré-natal no ano de 2008, que re-ceberam prescrição de pelo menos um medicamen-to, a partir do banco do Sisprenatal.

O uso de medicamentos prescritos como crité-rio de inclusão neste estudo se justifica por este ser uma prática comum entre gestantes. Confor-me Melo et al. (2009), a maioria das gestantes re-cebe a prescrição de pelo menos um medicamen-to, no entanto o uso daqueles considerados de ris-co para o feto podem representar risris-co adicional à gestação.

Utilizou-se como parâmetro de avaliação o nú-mero de consultas e exames estabelecidos pela Por-taria GM n° 559/00 e pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2005). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Co-mitê de Ética em Pesquisa da Unijuí, sob Parecer Consubstanciado n° 311/2009.

Resultados e Discussão

Foram incluídas no estudo 171 gestantes, 98 da UBS 1, 20, 19, 4 e 30 das UBSs 2, 3, 4 e 5, respec-tivamente. A idade média foi de 28,5 anos, ou seja, 91 (53,2%) tinham idade entre 20 e 29 anos, 6 (3,5%) entre 14 e 19 e 6 (3,5%), mais de 40, revelando baixo índice de gravidez na adolescência e acima dos 40 anos de idade.

A maioria iniciou o acompanhamento pré-natal no primeiro (78,9%) e no segundo (20,5%) trimes-tre de gestação e apenas uma (0,6%) no terceiro. Assim, percebe-se que mais de 70% das gestantes foi inserida no Programa até o terceiro mês de ges-tação. Um estudo realizado em âmbito nacional para avaliar o PHPN no período de dois anos, além de identificar incremento no cadastro de mulheres, de um ano para outro, constatou que a maioria delas foi captada com até quatro meses de gestação (Ser-ruya; Cecatti; Lago, 2004). A estratificação do nú-mero de consultas realizadas pelas gestantes encon-tra-se na Tabela 1.

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Tabela 1: Número e porcentagem de gestantes de acordo com o número de consultas pré-natais reali-zadas

Fonte: Banco de dados dos pesquisadores.

A média de consultas realizadas pelas gestantes foi de 5,9, indicando que o PHPN, nas UBSs estu-dadas, apresentou número médio de consultas pró-ximo do recomendado, o que pode ser considerado um indicador positivo em relação ao Programa. Neste sentido, Serruya, Cecatti e Lago (2004) veri-ficaram que aproximadamente 20% das brasileiras cadastradas no PHPN realizaram seis consultas pré-natais, evidenciando um movimento nacional para atender tal recomendação. Esse dado isolado, no entanto, não pode ser considerado um indicador da qualidade do acompanhamento às gestantes.

Os exames preconizados e os que foram reali-zados no período do estudo, de acordo com a por-centagem de gestantes, encontram-se expressos na Tabela 2.

Verificou-se que todos os exames recomenda-dos pela Portaria 569/00 (BRASIL, 2000) e pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2005) estão disponíveis para o acompanhamento ao pré-natal no município de Ijuí, entretanto nem todos foram realizados pela totalidade das gestantes (Tabela 2).

No que se refere aos exames de urina, VDRL e glicemia de jejum, que de acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2005), devem ser realizados em dois momentos do período gestacional, verificou-se redução no número de gestantes que realizaram a segunda avaliação em relação à primeira nas UBSs 1, 3, 4 e 5, o que não ocorreu na UBS 2 (Tabela 2). Destaca-se a redução da segunda avaliação da pesquisa de VDRL e a importância deste exame, tanto na primeira consulta quanto na 30ª semana de gestação, devido aos riscos da sífilis congênita.

Se-Gestantes

Consultas Número Porcentagem 1 – 3 26 15,3 4 – 6 63 36,8 7 – 9 82 47,9

Exames UBS 1 UBS 2 UBS 3 UBS 4 UBS 5 Obrigatórios ABO – Rh 88,54 100,00 95,00 93,33 89,47 VDRL 1ª solic.* 89,58 100,00 90,00 93,33 100,00 2ª solic. 75,00 100,00 80,00 60,00 78,94 Urina 1ª solic. 89,58 100,00 95,00 96,66 94,73 2ª solic. 76,04 100,00 85,00 60,00 73,68 Glicemia 1ª solic. 89,58 100,00 95,00 96,66 94,73 2ª solic. 75,00 100,00 75,00 60,00 73,68 Hemoglobina 89,58 100,00 95,00 96,66 94,73 Hematócrito 89,58 100,00 95,00 96,66 94,73 Recomendados HIV 82,29 100,00 90,00 86,66 89,47 HbsAg 25,00 75,00 25,00 13,33 31,57 IgM Toxo 27,08 75,00 20,00 13,33 42,10

Tabela 2: porcentagem de gestantes que realizou exames complementares durante o acompanhamen-to pré-natal em cada UBS.

*: solicitação.

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ria importante reforçar a necessidade da realização das duas investigações nas UBSs de Ijuí, buscando contemplar o total de gestantes acompanhadas. A sífilis, segundo Azulay, Azulay e Nery (2005), é trans-mitida através da circulação transplacentária e as manifestações clínicas se relacionam com o tempo de duração da infecção materna. Conforme os au-tores, quando a infecção ocorre no início da gesta-ção eleva o risco de aborto e, após o período inicial, as alterações clínicas da doença podem surgir dias, meses ou anos mais tarde, causando danos, como neurolabirintite com surdez e neurossífilis. Os auto-res alertam ainda que o feto se contamina em 80%-100% dos casos em que a mãe não tenha sido trata-da previamente e 30% se não houver prevenção trata-da sífilis tardia da mãe.

Diante do exposto, considera-se de extrema re-levância diagnosticar a sífilis o mais precocemente possível para, assim, poder instituir tratamento e evitar ou minimizar danos ao feto. Serruya, Cecatti e Lago (2004) identificaram que a solicitação de exames para detectar sífilis reduziu em 50% de um ano para outro e que a realização de exames com-plementares ainda é insuficiente, considerando a realização de seis consultas de pré-natal.

Verifica-se, na Tabela 2, que os exames realiza-dos em menor porcentagem no estudo foram os re-comendados pelo Ministério da Saúde e aquele que investiga contaminação por HIV (Brasil, 2005). Mesmo não sendo obrigatório, é de extrema impor-tância a identificação dos casos de hepatite B, para que seja instituído tratamento precoce no recém-nascido buscando prevenir a transmissão vertical (Brasil, 2005) posto que, segundo o Ministério da Saúde (Brasil, 2005), 70% a 90% dos recém-nasci-dos filhos de portadoras do vírus da hepatite B de-senvolvem a forma crônica da doença e podem, no futuro, apresentar complicações, como cirrose e carcinoma hepatocelular. Da mesma forma, o tra-tamento precoce diminui o risco de transmissão ver-tical em caso de mãe soropositiva para HIV (Brasil, 2005). Conforme os mesmos autores, a investiga-ção da toxoplasmose se justifica, visto que o diag-nóstico de infecção aguda possibilita o tratamento da mãe visando a evitar complicações no feto.

Avaliar a glicemia torna-se relevante devido ao risco de Diabetes Mellitus gestacional (Brasil, 2005). Salienta-se que a UBS 4 teve uma redução expres-siva na realização do segundo exame de glicemia, sendo que esse percentual pode ser aumentado por meio de incentivo por parte dos profissionais da saú-de, visando a reduzir o risco de diabetes gestacional não diagnosticada. Talvez a redução evidenciada corresponda às gestantes que já no primeiro exame tenham apresentado alteração e estejam em trata-mento, entretanto a realização do mesmo permane-ce relevante e a sua indicação deve ser reforçada. Sendo assim, o tratamento precoce das doenças possivelmente detectadas pelos exames abordados no estudo é fundamental, o que somente poderá ser realizado após a comprovação da sua presença por exames laboratoriais.

Conclusões

Os resultados obtidos indicam bom desempenho do PHPN nas UBSs estudadas, considerando a ida-de das gestantes e o período gestacional em que elas ingressaram no Programa. Outro aspecto positivo constatado foi o número médio de consultas realiza-das. Alguns estudos, no entanto, como o de Pereira, Felicetti e Silveira (2008), concluem que os locais que registram maior número de consultas também reve-lam números elevados de prescrições de medicamen-tos, indicando a necessidade de revisão das práticas prescritivas, pois as consultas de acompanhamento não precisam resultar no uso de medicamentos.

Embora os exames obrigatórios e recomenda-dos pelo Ministério da Saúde estivessem à disposi-ção e grande parte das gestantes tenha compareci-do às consultas de acompanhamento recomenda-das, nem todas realizaram os exames obrigatórios. Ademais, dentre as que os fizeram após a primeira consulta, algumas não realizaram uma segunda ve-rificação, considerando os exames nos quais se in-dica a mesma.

Tendo em vista que a possibilidade de diagnosti-car e intervir em casos confirmados de doenças que oferecem risco ao feto e à vida da mãe deve ser

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oferecida a todas as gestantes, sugere-se que se-jam investigados os motivos da falta de adesão aos exames na população estudada e instituídas estra-tégias que visem a aumentar a cobertura. Ressalta-se ainda que a UBS 2 alcançou alto nível de adesão aos exames laboratoriais, o que sugere desempe-nho adequado da equipe de saúde no local.

Dessa forma, pode-se inferir que o PHPN está apresentando bons resultados e que os profissionais da saúde podem qualificar ainda mais este serviço, forne-cendo informações às gestantes sobre os riscos das doenças e a importância de realizar tratamento o mais cedo possível, se assim se fizer necessário, esclare-cendo ainda a necessidade de realizar os exames soli-citados e retornar em consultas subsequentes. Esses profissionais precisam convergir suas ações para, em conjunto, melhorar a qualidade do serviço prestado e contribuir com a vida futura de uma criança saudável.

Referências

AZULAY, Rubem David; AZULAY, David Rubem; NERY, José Augusto Costa. Sífilis. In: COURA, José Rodrigues (Ed.). Dinâmica das doenças

infeccio-sas e parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

2005. p. 1.583-1.590. V. 2.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 569, de 1º de junho de 2000. Ementa não oficial: instituir o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nasci-mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde.

Diá-rio Oficial da União, poder Executivo, 8 de junho

de 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Pré-natal e

puer-pério: atenção qualificada e humanizada. Brasília:

Ministério da Saúde, 2005. 163 p. color.

MELO, Simone Cristina Castanho Sabaini de et al. Uso de medicamentos por gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde. Acta paulista de

enfer-magem, v. 22, n. 1, jan./fev., p. 66-70, 2009.

PEREIRA, Patrícia; FELICETTI, Lilian Letícia; SILVEIRA, Renata Dischke da. Utilização de me-dicamentos por gestantes usuárias do Sistema Úni-co de Saúde no município de Santa Rosa/RS.

Re-vista Ciência & Saúde Coletiva, 0323, 2008, não

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SERRUYA, Suzanne Jacob; CECATTI, José Gui-lherme; LAGO, Tânia di Giacomo do. O programa de humanização no pré-natal e nascimento do Mi-nistério da Saúde o Brasil: resultados iniciais.

Ca-dernos de Saúde Pública, v. 20, n. 5, p.

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Tabela 2: porcentagem de gestantes que realizou exames complementares durante o acompanhamen- acompanhamen-to pré-natal em cada UBS.

Referências

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