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COMPARAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ENTRE O CAMPUS DA UNICAMP E A REGIÃO CENTRAL DA CIDADE DE CAMPINAS

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Academic year: 2021

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65 COMPARAÇÃO DOS NÍVEIS DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

ENTRE O CAMPUS DA UNICAMP E A REGIÃO CENTRAL DA CIDADE DE CAMPINAS

ALEXANDRE ESTEVES ALMEIDA 1, ARIANE BAGGIO 1, JÉSSICA FERNANDA

SOARES 1 & MAIARA ROMANO 1* 1

Curso de Graduação em Estatística – Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica/IMECC * e-mail do autor correspondente: maiara_romano@hotmail.com

RESUMO: Este trabalho foi realizado com o intuito de analisar o quanto o nível de poluição atmosférica observado no campus da UNICAMP difere do nível observado na Região Central de Campinas, ressaltando qual das localidades estudadas apresenta menor grau de poluição e, consequentemente, em qual delas as pessoas são mais propensas a desenvolver doenças respiratórias. Para a análise da qualidade atmosférica das duas regiões foram utilizados líquens como bioindicadores, observando-se as quantidades presentes em determinadas espécies de árvores. Em seguida, as porcentagens encontradas foram corrigidas, obtendo-se então a porcentagem real de líquens e, assim, as regiões puderam ser classificadas entre os diferentes níveis de poluição atmosférica. Conclui-se que o campus da UNICAMP apresenta-se menos poluído do que a Região Central de Campinas

PALAVRAS-CHAVE: poluição atmosférica; qualidade do ar; bioindicadores

COMPARSION OF AIR POLLUTION LEVELS BETWEEN UNICAMP’S CAMPUS AND THE CENTRAL REGION OF CAMPINAS

ABSTRACT: This project was done aiming to compare the level of atmospheric pollution observed at UNICAMP’s campus from the atmospheric pollution level at the Central Region of Campinas, highlighting which of the studied spots has a lesser rate of pollution and, consequently, where people are prone to develop any respiratory-related diseases. For the air quality analysis in the two regions, lichens were used as bioindicators, observing the quantities present on certain tree species. Next, the percentages found were corrected, obtaining the real percentage of lichens and, thus, the regions could be classified amongst the different levels of atmospheric pollution.

KEYWORDS: atmospheric pollution; air quality; bioindicators

INTRODUÇÃO

A industrialização dos séculos passados e dos dias atuais é conhecida como o principal fator na degradação ambiental do planeta, do solo, da água e do ar, crescendo de forma exponencial á

partir da Revolução Industrial ocorrida na metade do século XVIII, afetando ainda o mundo todo, principalmente no âmbito ambiental (BRAGA, 2002; TORRES, 1996; VEGARA, 2002).

A poluição atmosférica no ambiente urbano-industrial é um problema existente nos

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66 últimos séculos, sendo associado, principalmente,

pela queima de combustíveis fósseis. O crescimento do número de veículos automotores e de indústrias aumentaram em grandes proporções as concentrações de poluentes, causadores de uma série de doenças respiratórias, bem como outros malefícios á saúde. O sistema respiratório é o mais afetado pela poluição, nesse caso, a fuligem, composta por partículas microscópicas chegam aos alvéolos pulmonares através da respiração do ar poluído. Estas partículas carregam substâncias cancerígenas, como hidrocarbonetos e óxidos nitrosos, que causam edema pulmonar. A inalação destas partículas pode causar problemas como pneumonia e bronquite, que abrem caminho para bactérias e vírus agirem com mais facilidade no corpo humano.

Entre as milhões de mortes anuais que ocorrem em todo o mundo, 800 mil têm como causa em males respiratórios e cardiovasculares originados da poluição ambiental. A cada 10 microgramas por metro cúbico de poluentes acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (SP Multimídia, 2011), o risco de câncer de pulmão aumenta em 12%. Devido á isto, faz-se necessário a implantação de métodos para o monitoramento do ar atmosférico. Um destes métodos consiste na observação da quantidade de líquens existentes nas árvores, utilizando-os como bioindicadores.

Liquens são associações entre fungos e algas, sendo que a sua formação atende ás necessidades de ambos, uma vez que as algas, autótrofas, produzem seu próprio alimento a partir da luz solar, proporcionando ao fungo substâncias orgânicas necessárias ao seu crescimento, enquanto os fungos, organismos heterótrofos, proporcionam proteção contra a dessecação, radiação excessiva e a fixação e provisão de nutrientes minerais retirados do substrato (SMITH, 1955; RAVEN, 2007).

Os bioindicadores são espécies ou comunidades biológicas cuja presença, em diferentes condições, serve de indicador biológico de uma determinada condição ambiental.

As espécies indicadoras, como os líquens, de acordo com a vitalidade, seu desenvolvimento, regressão ou mesmo desaparecimento, fornecem importantes informações sobre o grau de poluição do ar (TROPPMAIR, 1988).

MATERIAIS E MÉTODOS

Para este estudo, foi utilizado o fato de que árvores que apresentaram uma cobertura de líquens intensa tendem a estar em ambiente não poluído, enquanto as que apresentaram escassez ou baixa concentração de líquens tendem a estar em área poluída.

Para minimizar as possíveis

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67 árvores, foi utilizada uma tabela de fatores de

correção, já que a presença dos líquens também é afetada, por exemplo, pela rugosidade da casca da árvore, uma vez que apresentam maior ou menor fixação dependendo da sua textura.

Foram selecionadas 10 árvores localizadas na Região Central de Campinas e outras 10 árvores localizadas no campus da UNICAMP, também em Campinas, e utilizou-se metodologia proposta por TROPPMAIR (1988).

Durante o estudo foi utilizada uma fita métrica para medir uma altura mínima de 150 cm a partir do solo como altura padrão para a observação da quantidade de líquens na árvore e também para verificar se o diâmetro da mesma era superior a 40 cm. Também foi utilizada uma tela tapume plástica (Figura 1) contendo 100 lacunas, e então foram contadas as lacunas que apresentavam líquens. Esse número serviu de referência para estabelecer porcentagens que foram utilizadas como base para o cálculo da porcentagem real de líquens presente nas mesmas.

Figura 1 – Tela tapume plástica usada para a amostragem de liquens nas árvores

Após a obtenção das porcentagens de referência (medidas com o auxílio da tela plástica), foi utilizada a tabela com fatores de correção proposta por TROPPMAIR (1988) e modificada pelo mesmo autor em 1996, para minimizar as

possíveis diferenças causadas pelas

particularidades de cada espécie. A partir daí detectou-se a porcentagem real de líquens encontrados e só então foi possível determinar os níveis de poluição de cada localidade.

Para o cálculo da porcentagem real de líquens presente em cada árvore estudada foi utilizada a seguinte fórmula de correção:

Onde: %Y = porcentagem real conforme rugosidade do tronco; %X = porcentagem de referência (medida com o auxílio de tela plástica) e i = fator de correção da espécie em estudo

Existem cinco diferentes classes de poluição que foram representadas por diferentes cores (Figura 2), propostas de acordo com o grau de cobertura de líquens, que está relacionado com a poluição do ar, devido ao fato deste vegetal ser altamente sensível á poluição, sendo sua presença inversamente proporcional á poluição no local estudado.

Dessa forma, baseado em TROPPMAIR (1988), as cinco classes foram assim divididas: Classe V: 51 a 100% - Zona sem poluição; Classe

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68 IV: 26 a 50% - Zona de poluição fraca; Classe III:

13 a 25 % - Zona de poluição média; Classe II: 6 a 12 % - Zona de poluição alta e Classe I: 0 a 5% – Zona de poluição muito alta.

Figura 2 - Classificação por cores (I a V) das classes de poluição adotadas.

As espécies selecionadas na Região Central de Campinas, bem como suas porcentagens, de referência e real, e a classe na qual se encaixam constam na Tabela 1, e os pontos em que se encontram, podem ser observados na Figura 3 e 4.

Tabela 1 - Espécies de árvores observadas na Região Central de Campinas e respectivas classes

de poluição

Figura 3 - Localização das árvores observadas na Região de Campinas (próximo ao cruzamento R.

Duque de Caxias e Dr. Quirino)

Figura 4 - Localização das árvores observadas na Região de Campinas (próximo ao Colégio Don

Barreto) NOME

POPULAR %X i %Y CLASSE

Chorão 64% 304 21% Classe III

Coquinho babão 55% 148 37% Classe IV Coquinho babão 74% 148 50% Classe IV

Pata de vaca 15% 120 12% Classe III

Tipuana 6% 300 2% Classe I

Tipuana 38% 300 12% Classe II

Tipuana 17% 300 5% Classe I

Tipuana 44% 300 14% Classe III

Coquinho babão 31% 148 20% Classe III

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69 As espécies selecionadas no campus da

UNICAMP, bem como suas porcentagens, de referência e real, e a classe na qual se encaixam constam na Tabela 2, e os pontos em que se encontram, podem ser observados na Figura 5.

Tabela 2 - Espécies observadas no campus da UNICAMP e respectivas classes de poluição

Figura 5 - Localização das árvores observadas no

campus da Unicamp

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como é possível observar, há uma diferença considerável entre a Região Central de Campinas e o campus da UNICAMP. Na primeira, não foram observadas árvores que pertencem à classe V, correspondente a uma zona sem poluição, além de terem sido observadas árvores pertencentes à classe I, que é considerado zona de poluição muito alta. Já no campus da UNICAMP, foram observadas árvores pertencentes à classe V e nenhuma árvore pertencente à classe I.

NOME

POPULAR %X I %Y CLASSE

Chapéu de sol 34% 92 37% Classe IV

Chapéu de sol 57% 92 62% Classe V

Sibipiruna 29% 110 26% Classe IV

Cássia aleluia 25% 114 22% Classe III

Pata de vaca 56% 120 47% Classe IV

Coquinho babão 80% 148 54% Classe V Coquinho babão 43% 148 29% Classe IV

Jacarandá 29% 240 12% Classe II

Tipuana 43% 300 14% Classe III

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70 A Região Central apresenta maior fluxo de

automóveis, maior área pavimentada, maior fluxo de pessoas e maior número de construções, intensificando a poluição, enquanto que na UNICAMP há uma grande área verde, menor circulação de veículos e pessoas, quando comparada ao centro.

Assim, conclui-se que o campus da UNICAMP apresenta-se menos poluído do que a Região Central de Campinas, portanto, pessoas que passam mais tempo na UNICAMP do que no Centro de Campinas respiram um ar de melhor

qualidade e estão menos propensas a

desenvolverem problemas respiratórios causados pela inalação de partículas advindas de um ar poluído.

AGRADECIMENTOS: Nossos sinceros

agradecimentos ao aluno Guilherme Beltramin da Silva, do curso de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), pela ajuda na coleta de dados em ambas as regiões estudadas, bem como orientação acerca do tema abordado neste estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TORRES, H. da G. Indústrias sujas e intensivas em recursos naturais: Importância crescente no cenário industrial brasileiro. IN: MARTINE, G.

População, Meio Ambiental e

Desenvolvimento: verdades e contradições. 2ª edição. Campinas: Editora UNICAMP, 1996. Cap. II, 43-67

TROPPMAIR, H. Estudo Biogeográfico de Líquens como Vegetais Indicadores de Poluição Aérea da Cidade de Campinas. Revista de Geografia, v. 2, n.4, p. 1-38, 1977. TROPPMAIR, H. Metodologia Simples para

Pesquisar o Meio-Ambiente. UNESP, Rio Claro - 1988.

VEGARA, A. Território Inteligente; novos

horizontes no urbanismo. Revista

Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente n. 48, ano 11, Curitiba, 2002.

Poluição do ar aumenta problemas respiratórios

crônicos. Disponível em:

<http://www.cligam.com.br/?p=181> Acesso em 31 de Outubro de 2011 SP Multimidia, 2011 O congestionamento -Disponível em: http://www.spmultimidia.com.br/index.php?opt ion=com_content&view=article&id=161:o-congestionamento&catid=299:deu-na-midia Acesso em 31 de Outubro de 2011

Imagem

Tabela 1 - Espécies de árvores observadas na  Região Central de Campinas e respectivas classes
Tabela  2  -  Espécies  observadas  no  campus  da  UNICAMP e respectivas classes de poluição

Referências

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