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Alfabetização de jovens e adultos: um estudo etnográfico

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Academic year: 2020

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Referencias bibliográficas

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___________ Quanto custa um

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1987.

Alfabetização de Jovens e Adultos: um Estudo

Etnográfico

Pesquisadora: Ruth da Cunha Pereira Instituição:

Universidade Estácio de Sá (Unesa) Fonte

Financiadora: Unesa

O analfabetismo é um fenô-meno social profundamente insta-lado em diversos países,

represen-tando a negação do direito funda-mental do cidadão de aprender, conhecer e comunicar-se.

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Atual-mente, pode-se verificar no mundo cerca de um bilhão de adultos que não sabem 1er nem escrever um simples texto sobre a vida cotidiana (Unesco, 1994). Esse número pode ainda ser maior, ao se considerar também a questão do analfabetismo funcional que atinge a muitas pessoas que, ao deixarem de fre-qüentar a escola, perderam o hábito de 1er e escrever. Acresce que cerca de 130 milhões de crianças em idade escolar não têm acesso aos esta-belecimentos de ensino, estão fora da escola (Unesco, 1994), amea-çando aumentar cada vez mais o contingente de adultos analfabetos no século XXI. De fato, criar no mundo condições para que todos os homens possam alfabetizar-se representa um grande desafio que precisa ser enfrentado.

Esta realidade apontada pela Unesco é, igualmente, constatada no Brasil. Apesar de diversas iniciativas proclamadas pelo gover-no gover-no sentido da alfabetização de todos os brasileiros, através dos tempos, pode-se dizer que não se conseguiu, até hoje, erradicar o pro-blema do analfabetismo existente em nosso País.

Assim, verifica-se que, no III Plano Setorial de Educação, Cultura e Desporto: 1980-1985 (Brasil, 1980), a educação é vista dentro da ótica da política social, havendo o compromisso de colabo-rar com a redução das desigualda-des sociais e voltando-se preferen-cialmente para a população de bai-xa renda. Ele aponta como priori-dade a educação básica, onde a alfabetização tem um papel prepon-derante. Da mesma forma o Plano Decenal de Educação para Todos: 1993-2003 (Brasil, 1993) propõe o objetivo mais amplo de "assegurar, até o ano 2003, a crianças, jovens e adultos, conteúdos mínimos de aprendizagem que atendam a neces-sidades elementares da vida con-temporânea" (p. 12-13). Este plano, inclusive, tem sido apresentado como um instrumento de luta para a recuperação da educação básica neste País, exigindo um esforço conjunto de todos os agentes do processo educativo: a União, os Estados, os municípios, as escolas, os professores, os dirigentes esco-lares, os sindicatos, enfim, toda a sociedade civil. Entretanto, são poucos os movimentos efetivos

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para a concretização deste plano, ainda que seja inegável a impor-tância de ações do MEC, como o Pró-Leitura e o Pró-Ler.

Os percalços são muitos e variados, pois um grande número de adultos, tendo que trabalhar para sua sobrevivência, não dispõe de tempo hábil e condições favoráveis para estudar na busca de realização de seu projeto de vida. Por outro lado, algumas vezes, pela própria exigência do trabalho, se vêem forçados a buscar, de alguma forma, alfabetizar-se.

A alfabetização é funda-mental para o ser humano. A defi-ciência nesta área afeta cada ho-mem e cada mulher como indiví-duo e como membro de uma comunidade, constituindo-se num entrave ao desenvolvimento pes-soal e social, além de representar uma violação de seu direito funda-mental à educação.

Diante da importância des-se processo contínuo de alfabeti-zação de jovens e adultos, a Univer-sidade Estácio de Sá (Unesa) procura trazer sua contribuição, ao propor o desenvolvimento de um curso de extensão para atender a essa clientela da comunidade:

"Alfabetização para a prática da cidadania", que teve início em agosto de 1993, como proposta de grande relevância para o trabalho de integração entre universidade e comunidade. Esse curso conta com a participação sistemática de, pelo menos, três professores (uma coordenadora-geral, uma coorde-nadora adjunta e uma supervisora pedagógica) e três monitoras (estu-dantes da universidade que volunta-riamente aceitaram participar do projeto e que, após a devida sele-ção, se engajaram em suas ativida-des, recebendo, para isto, um apoio financeiro da instituição).

Essa nova experiência na Universidade Estácio de Sá fez emergir o projeto de pesquisa com o título "Alfabetização de jovens e adultos: um estudo etnográfico", a partir de inúmeras questões que surgiram na procura de alternativas que atendessem às necessidades desses alunos, tais como: 1) que relação existe entre as habilidades de leitura e escrita identificadas nos alunos que freqüentam o curso de alfabetização e o nível de escola-ridade declarada por estes alunos? 2) qual a expectativa desses alunos em relação ao curso em termos de

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sua aprendizagem? 3) que aspectos podem ser identificados nas ativida-des dos alunos que se mostram como indicadores de seu desenvolvimento no processo de alfabetização para a cidadania? 4) como as monitoras percebem o trabalho que realizam nas turmas formadas para alfabe-tização de jovens e adultos? e 5) co-mo a equipe coordenadora do curso e as monitoras percebem os fatores que influem no processo de alfabe-tização de jovens e adultos, no sentido de lhes permitir a utilização da leitura e da escrita para a solução de problemas da vida prática?

Assim sendo, o objetivo da pesquisa, em andamento na Unesa, é analisar os fatores facilitadores ou não do processo de alfabetização de jovens e adultos num curso de extensão. A razão pela qual se optou por este propósito na investi-gação está muito mais ligada à possibilidade de discutir as relações entre pensamento, linguagem e alfabetização, e de apontar cami-nhos que favoreçam uma proposta de alfabetização de jovens e adul-tos, do que à apresentação de di-retrizes metodológicas para forma-ção do leitor-escritor.

Dentro de uma abordagem qualitativa da pesquisa educacional (Ezpeletta e Rockwell, 1984, 1986), procura-se integrar a informação histórica local (documental e oral) com a análise etnográfica. A coleta de dados foi feita através da obser-vação participante, discussão da prática das monitoras em reuniões de orientação pedagógica, entrevista, análise de documentos e aplicação de testes para avaliar o nível de lingua-gem dos alunos. Nesses textos, foram aplicadas aos alunos as provas consti-tutivas da Escala Alfa (Feldman e Torres, 1992), no que se refere à Identificação de Absurdos e à Nar-ração à vista de Gravura, bem como as da Escala Beta (Feldman et al., 1992), relativas à Categorização de Palavras e à Fluencia Verbal. Foram utilizadas, também, provas constitu-tivas do Exame de Linguagem Tipiti (Braz e Pellicciotti, 1988), relativas ao Completamento de Sentenças e Compreensão de História Contada pela Pesquisadora).

A pesquisa encontra-se na fase de análise e interpretação dos dados coletados, levando em conta estudos já realizados sobre a histó-ria da alfabetização e sobre a his-tória do pensamento do homem.

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Um dos mais consagrados investigadores da historia da alfa-betização, Harvey J. GrafF (men-cionado por Viñao, 1990), aponta no sentido de uma nova etapa no processo histórico da alfabetização, referente à análise sociohistórica das transformações da mente hu-mana. Nas últimas décadas, os pesquisadores têm convergido sua busca para múltiplos aspectos ligados à literatura e à cultura, numa comunhão de interesses com lin-güistas e antropólogos, abrindo um campo promissor para novos es-tudos sobre a alfabetização, vol-tados para os processos da comu-nicação, da linguagem e do pensa-mento, isto é, da mente humana (Viñao, 1990). Tem-se mostrado importante, portanto, levar em consideração, na evolução desses processos, a questão da linguagem oral, "tê-la ou não tê-la" (p. 126), bem como o tipo de linguagem, com a passagem "da fala para as formas gráficas" (p. 126).

No presente estudo sobre alfabetização de jovens e adultos, toma-se por embasamento teórico a contribuição de Vygotsky (1993), que enfatiza a importância da

inte-ração no processo de aprendiza-gem, uma vez que os processos in-terativos acontecem primordial-mente através da fala, ou seja, atra-vés de signos lingüísticos, sendo que na ausência destes só se teria o que o autor chama de um "tipo de comunicação mais primitiva e limitada" (p.5), que seria "a comu-nicação por meio de movimentos expressivos". É, pois, através da linguagem, que o homem vai cons-tituir-se enquanto sujeito, social-mente engajado na comunidade em que vive. Só assim é possível repensar uma ação pedagógica que possa provocar avanços dos alunos, no sentido do seu acesso à cultura letrada e ao conhecimento cons-truído e acumulado pela ciência.

Referências bibliográficas

BRASIL. MEC. Secretaria Geral.

Plano Setorial de Educação, Cultura e Desporto: 1980-1985. Brasília, 1980.

BRASIL, Ministério da Educação

e do Desporto. Plano Decenal de Educação para Todos.

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BRAZ, HA, PELLICCIOTTI, T.F. Exame de linguagem tipi ti. São Paulo: MNJ, 1988.

EZPELETTA, J., ROCKWELL, E.

Notas sobre investigación participante y construcción teórica. Brasília: INEP, 1984.

FELDMAN, J., TORRES, MG.

Escala alfa. Buenos Aires:

Marymar, 1992.

FELDMAN, J. et al. Escala beta. Buenos Aires: Marymar, 1992. VIÑAO, A. História da

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VYGOTSKY, L.S. Pensamento e

linguagem. São Paulo: Martins

Fontes, 1993.

Educação em Serviço para o Professor de CA a

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a

Série do Município do Rio de Janeiro:

Realidade e Expectativas dos Participantes

Pesquisadora: Ruth da Cunha Pereira Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Fonte Financiadora: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico (CNPq)

O distanciamento entre a formação proporcionada aos pro-fessores (tanto em nível de 2° grau como em curso de nível superior) e as reais exigências do ensino fundamental vem aumentando ao longo dos anos, "podendo-se

afir-mar que, se não e a unica causa, situa-se entre as maiores responsá-veis pela baixa qualidade do ensino oferecido" (Brasil, CFE, 1987, p.7). Aliás, como afirma Arroyo (1985), o despreparo do professor tem feito parte de uma política mais

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