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A temática ambiental e o ensino de Física: um estudo a partir dos trabalhos apresentados nos anais do Simpósio Nacional de Ensino de Física

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Academic year: 2020

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37 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019

A TEMÁTICA AMBIENTAL E O ENSINO DE FÍSICA: UM ESTUDO A

PARTIR DOS TRABALHOS APRESENTADOS NOS ANAIS DO SIMPÓSIO

NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA

THE ENVIRONMENTAL THEME AND PHYSICS TEACHING: A RESEARCH BASED ON STUDIES PRESENTED IN THE ANNALS OF THE BRAZILIAN NATIONAL

SYMPOSIUM OF PHYSICS

Gabriel Lisboa de Melo

Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, gabrielmelo1@bol.com.br Luciano Fernandes Silva

Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, lufesilva@unifei.edu.br

Resumo

Este trabalho tem por objetivo identificar e analisar compreensões sobre a Temática Ambiental e suas articulações com o processo educativo elaboradas por autores da área de Ensino de Física que publicaram trabalhos nos anais do Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF), sendo este um dos principais eventos da área de Ensino de Física organizado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF). Do ponto de vista metodológico, esta é uma pesquisa de natureza qualitativa e do tipo documental/bibliográfica. O mapeamento indica que a área de Ensino de Física tem relativamente poucos trabalhos voltados para aspectos da Temática Ambiental e o processo educativo. Os trabalhos analisados indicam que os autores desta área se fundamentam em perspectivas mais críticas do processo educativo para abordar aspectos da Temática Ambiental. Em alguns trabalhos há menções ao fato de que problemas ambientais podem ser caracterizados pela sua complexidade e pelas controvérsias que lhes são inerentes. Há também considerações críticas ao modelo econômico vigente. Parece-nos importante mencionar que a área de Ensino de Física – mesmo que ainda de forma tímida – tem voltado sua atenção para a construção de reflexões sobre as diferentes articulações entre a Temática Ambiental e o processo educativo.

Palavras-Chave: Educação Ambiental; Ensino de Física; Simpósio Nacional de Ensino de Física.

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38 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 Abstract

The aim of this paper is to identify and analyze impressions on the environmental theme and its connections to the learning process as developed by authors in the Physics field of knowledge whose studies have been published in the annals of the National Symposium of Physics Teaching (Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF), held by the Brazilian Physics Society (Sociedade Brasileira de Física (SBF). Methodologically, this is a documentary/bibliographic qualitative research. The mapping indicates that the Physics Teaching field presents a relatively small amount of studies on the aspects of the environmental theme and the learning process. The analyzed studies indicate that critical perspectives of the teaching process are the grounds for the authors in this field to approach aspects of the environmental theme. Some studies mention the fact that environmental problems can be characterized by their complexity and their inherent controversies. There also are critical considerations to the current economic model. It seems important to mention that the Physics Teaching field – however timidly – has turned attention to building thoughts on the different connections between the environmental theme and the learning process.

Key words: Environmental Education; Physics Teaching; National Symposium of Physics Teaching.

Introdução

A gravidade dos atuais problemas ambientais nos coloca diante de desafios que são inéditos para o conjunto da sociedade. Neste contexto, consideramos relevante e instigante tecer reflexões que possam fomentar questionamentos sobre origens, causas, efeitos e formas de combater os problemas ambientais.

Para Leff (2002), por exemplo, vivenciamos um período único na história da humanidade, marcado por uma crise ambiental sem precedentes. A ideia de crise ambiental apresenta os problemas ambientais como algo inerente ao modo como o ser humano inventa e constrói a sociedade. Neste contexto, segundo Leff (2002):

A crise ambiental é a crise de nosso tempo. O risco ecológico questiona o conhecimento do mundo. Esta crise apresenta-se a nós como um limite do crescimento econômico e populacional; limite dos desequilíbrios ecológicos e das capacidades de sustentação da vida; limite da pobreza e da desigualdade social. Mas também crise do pensamento ocidental: da “determinação metafísica” que, ao pensar o ser como ente, abriu o caminho para a racionalidade científica e instrumental que produziu a modernidade como uma ordem coisificada e fragmentada como formas de domínio e controle sobre o mundo. Por isso, a crise ambiental é acima de tudo um problema de conhecimento [...] (LEFF, 2002, p.191).

Além das ideias de Leff (2002) sobre crise ambiental, também chama a nossa atenção a atualidade das considerações de Borheim (1985) e de Beck (2013) sobre os problemas ambientais. Para Borheim (1985), os problemas ambientais que vivenciamos na atualidade não podem ser adequadamente compreendidos se não levarmos em conta que estes estão diretamente relacionados com a forma pela qual concebemos e tornamos a natureza presente. Beck (2013), por sua vez, constrói argumentos que sustentam a

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39 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 ideia dos problemas ambientais estarem diretamente relacionados com a racionalidade construída na modernidade. Em outras palavras, os problemas ambientais que vivenciamos estão relacionados com a forma como compreendemos e agimos sobre o mundo.

As reflexões elaboradas por estes pensadores podem auxiliar na tentativa de construir propostas e ações inovadoras no combate dos problemas ambientais. Nesta perspectiva, é fundamental apontar a relevância do processo educativo no combate aos problemas ambientais, sobretudo se este é compreendido a partir do seu papel transformador na sociedade. O processo educativo pode ser visto como uma possibilidade de contribuição para a superação do quadro de degradação do ambiente.

Neste contexto, temos considerado instigantes as ideias desenvolvidas por Carvalho (1989; 2000; 2006). Considerando os reais limites e as possibilidades transformativas do processo educativo no enfrentamento da crise ambiental, o autor admite que a aproximação do processo educativo com a Temática Ambiental ocorre pela existência do caráter político de ambos. Nesta perspectiva, Carvalho (1989; 2000; 2006) defende a necessidade de explicitarmos o que compreendemos por formação crítica, uma vez que diferentes consensos denotam modelos de sociedade e de democracia a serem discutidos.

A partir destes encaminhamentos, temos considerado relevante elaborar estudos voltados para entender alguns dos desafios associados com apropriação da Temática Ambiental pela área da Educação em Ciências. Importante destacar que no Brasil é fato que a Educação em Ciências apresenta uma estreita relação com a Temática Ambiental (SANTOS; SILVA, 2014). As disciplinas de Ciências da Natureza, inseridas no Ensino Fundamental (OLIVEIRA, 2009, 2001), de Ciências Biológicas, presentes no Ensino Médio (OLIVEIRA, 2009, 2001; JEOVANIO-SILVA, JEOVANIO-SILVA e CARDOSO, 2018), bem como disciplinas em cursos técnicos (FORMENTON e ARAÚJO, 2015), vêm sendo concebidas como espaços privilegiados para a Educação Ambiental no âmbito escolar.

No que tange à apropriação da Temática Ambiental pela área da Educação em Ciências, tem nos chamado a atenção trabalhos como os de Silva, Cavalari e Muenchen (2015). Neste artigo, os autores procuram investigar compreensões sobre a Temática Ambiental e suas articulações com o processo educativo elaboradas por autores da área de Ensino de Física que publicaram trabalhos nos anais dos Encontros de Pesquisa em Ensino de Física (EPEF) realizados entre os anos de 2000 e 2012. Vale ressaltar que o EPEF é um evento voltado prioritariamente para relatos de pesquisas da área de Ensino de Física.

Outros trabalhos também têm procurado inventariar a produção da área de Educação em Ciências voltada para a Temática Ambiental e o processo educativo, sobretudo aquelas registradas em anais de eventos tópicos importantes da área. Vianna (2017) trabalhou com artigos publicados nos anais do Encontro Nacional de Ensino de Biologia (ENEBIO). Kawasaki et al. (2009), por sua vez, tiveram como corpus documental os trabalhos publicados nos anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC).

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40 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 Importante salientar que o trabalho de Silva, Cavalari e Muenchen (2015) traz resultados instigantes sobre a incorporação da Temática Ambiental pela área de Ensino de Física. Todavia, a pesquisa destes autores esteve direcionada para um encontro essencialmente voltado para relatos de pesquisa. Isto nos instigou a pensar se poderia existir alguma relação entre aqueles resultados e outros que poderiam ser construídos a partir de uma investigação voltada para um encontro mais diversificado em termos da natureza do trabalho aceito no evento. Neste contexto, consideramos relevante construir uma investigação voltada para o Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF), sendo este um evento que aceita relatos de experiências pedagógicas. Neste sentido, o SNEF traz também contribuições de professores que atuam na educação básica e desejam compartilhar suas experiências pedagógicas.

Considerando este contexto, temos indagado: que compreensões sobre a Temática Ambiental e suas articulações com o processo educativo estão sendo elaboradas pelos autores da área de Ensino de Física que publicaram trabalhos no SNEF?

Entendemos que pesquisas desta natureza podem fornecer valiosos indicativos sobre a maneira como a área de Ensino de Física vem se apropriando da discussão que envolve a Temática Ambiental e o processo educativo. Diante deste cenário construímos os seguintes objetivos para este estudo:

1. Mapear os artigos publicados nos anais online do SNEF que estejam relacionados com a Temática Ambiental e suas articulações com o processo educativo quanto à distribuição temporal, institucional, regional e por eixo temático do evento.

2. Descrever e analisar compreensões sobre a Temática Ambiental e suas articulações com o processo educativo elaboradas pelos autores da área de Ensino de Física que publicaram trabalhos no SNEF.

Discussão Teórica

A área da Educação em Ciências, historicamente, tem sido uma porta de entrada para a discussão de aspectos da Temática Ambiental na escola básica, sobretudo aqueles relativos ao campo do conhecimento sistematizado (SANTOS; SILVA, 2013).

Para Carvalho et al. (2014), a área da Educação em Ciências historicamente tem feito importantes contribuições para a inserção da Temática Ambiental no contexto da Educação Básica. Nesse sentido, os autores consideram que há importantes interfaces entre os conteúdos curriculares do campo da Educação em Ciências e diferentes aspectos da Temática Ambiental.

Todavia, como expresso por Trivelato 2001, o fato de haver um grupo de disciplinas do campo das Ciências Naturais entendidas como preferenciais ao tratar das questões ambientais, não deveria se constituir um obstáculo para um diálogo frequente com outras áreas do conhecimento como, por exemplo, a área das Ciências Humanas. Além disso, a discussão dos problemas ambientais não deveria ser desvinculada das suas dimensões política e dos valores éticos e estéticos.

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41 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 Neste contexto, algumas pesquisas criticam o fato de que muitos trabalhos desenvolvidos pela área da Educação em Ciências estão voltados exclusivamente para a dimensão dos conhecimentos. O trabalho de Vianna (2017), por exemplo, mapeou e analisou relatos de experiências pedagógicas publicados nos anais do Encontro Nacional de Ensino de Biologia. As análises desta autora indicaram que a dimensão dos conhecimentos, especialmente vinculados à Ecologia, é a mais presente nos artigos deste evento, havendo poucos trabalhos que relatam experiências com outras dimensões da realidade.

O trabalho, Carvalho et al. (2014), por sua vez, apresenta resultados de uma pesquisa voltada para artigos publicados em periódicos, que estabelecem relações entre as áreas da Educação Ambiental e da Educação em Ciências, tendo como recorte a dimensão política da educação. Os resultados dessa investigação indicam que ainda é tímida a articulação entre essas áreas, a partir da dimensão política da educação. Ou seja, esta parece ser uma área de silêncio nos trabalhos da área de Educação em Ciências, fato preocupante se entendermos que os problemas ambientais são, visceralmente, de natureza política (CARVALHO, 1989; 2000; 2006). Segundo Carvalho, (2006) a aproximação do processo educativo com a Temática Ambiental ocorre pela existência do caráter político de ambos.

Nesta perspectiva de esclarecimento da dimensão política do processo educativo no enfrentamento dos problemas ambientais, encontramos em Tozoni-Reis (2007), Carvalho (2006) e Carvalho et al. (2014) argumentos que apontam para a necessidade de explicitarmos claramente o que compreendemos por formação crítica, uma vez que diferentes consensos denotam modelos de sociedade e de democracia a serem discutidos. Desta forma, Tozoni-Reis (2007) compreende que o caráter político da educação, sobretudo em sua perspectiva crítica, apresenta diferenças conceituais perante outras reflexões e práticas educativas que consideram a Temática Ambiental.

A explicitação do que entendemos por formação crítica e por caráter político da educação parece-nos ser também essencial para analisarmos as diferentes formas que a Temática Ambiental se faz presente nos trabalhos publicados nos anais dos SNEF.

Delineamento da Pesquisa

Esta é uma pesquisa do tipo documental/bibliográfica que se fundamenta em abordagens de natureza qualitativa. Segundo Godoy (1995), a pesquisa qualitativa é a que oferece melhores oportunidades para compreender fenômenos que envolvem seres humanos e suas relações sociais. Ainda segundo a autora, esse tipo de pesquisa pode ser conduzido por diferentes caminhos, sendo a análise de documentos uma das possibilidades.

Os documentos que fornecerão informações para esta investigação se compõem exclusivamente de artigos publicados nos anais do SNEF nas edições de 2003, 2005, 2007, 2009, 2011, 2013, 2015 e 2017 que apresentam relações entre o Ensino de Física e a Temática Ambiental. Vale salientar que o recorte temporal se deve ao fato de que os

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42 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 trabalhos disponíveis online no site da Sociedade Brasileira de Física (SBF) constam somente após o evento realizado no ano de 2003.

Para selecionar os artigos constituintes do corpus documental acessamos o site da Sociedade Brasileira de Física (SBF) na opção que oferece acesso às edições do evento do Simpósio Nacional de Ensino de Física (SNEF).

Acessamos, a partir de cada um dos links das páginas das diferentes edições do evento, um total de 3661 trabalhos. Em uma primeira etapa, utilizamos a ferramenta eletrônica de busca procurando pelo termo ambient ao longo de todo o corpo textual de cada um dos artigos presentes nos anais das diferentes edições do SNEF. Ou seja, o termo foi procurado no título, palavras-chave, resumo e texto das publicações. Localizamos e separamos os trabalhos que apresentavam considerações sobre meio ambiente, problemática ambiental, questões ambientais etc. Selecionamos 63 artigos nesta primeira etapa.

Em uma segunda etapa, realizamos a leitura completa dos 63 trabalhos com a intenção de selecionar aqueles nos quais a Temática Ambiental era de fato central na discussão apresentada. Nesta segunda etapa, selecionamos 16 trabalhos. Estes formaram o corpus documental desta investigação.

Na Tabela 1 apresentamos de forma resumida este processo de seleção:

Tabela 1: Seleção dos trabalhos das atas online do SNEF

Ano N° de trabalhos aceitos no evento. N° de trabalhos selecionados na primeira etapa N° de trabalhos selecionados na segunda etapa Indicação Percentual 2003 391 1 1 0,26 % 2005 437 11 0 0,00 % 2007 284 11 2 0,70 % 2009 394 5 2 0,51 % 2011 427 6 3 0,70 % 2013 553 17 4 0,72 % 2015 502 6 3 0,60 % 2017 673 6 1 0,15 % Total 3661 63 16 0,44 %

Fonte: Anais do Simpósio Nacional de Ensino de Física

Na Tabela 2, estão dispostas informações acerca dos artigos constituintes do nosso corpus documental.

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43 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 Tabela 2: Artigos constituintes do corpus documental

Título Autor

Efeito Estufa e suas representações. Santos e Kawamura (2003) Implicações da relação Ciência, Tecnologia,

Sociedade e Ambiente na formação de professores de física.

Alves, Mion e Carvalhom (2007)

A perspectiva ambiental no Ensino de Física. Leodoro e Santos (2007) Planejamento e execução de atividades didáticas

com temas controversos: futuros professores de física e o aquecimento global.

Silva, Toti e Pierson (2009)

O uso de hipermídias para o ensino de termodinâmica contextualizado com o fenômeno do

aquecimento global.

Souto, Andrade e Andrade M. (2009)

A problemática ambiental e o Ensino de Física: considerações sobre os trabalhos apresentados nos

EPEFS e SNEFS.

Silva e Moreira (2011)

Meio ambiente como contexto para a discussão

crítica de conceitos físicos. Gouveia e Chiquito (2011) Questões ambientais no Ensino de Física. Santos e Barros (2011) A física e a questão socioambiental na perspectiva

da aprendizagem significativa. Niebuhr e Valaski (2013) Aproximações entre a física e as questões

socioambientais: uma proposta para a sala de aula.

Santos e Watanabe-Caramello (2013)

Produções na área de ensino de ciências que tratam das incertezas dos temas socioambientais.

Barros, Bastos, Saraiva e Watanabe-Caramello (2013)

Questões socioambientais nas aulas de física: considerações sobre duas propostas de aula.

Gouveia, Antunes e Watanabe-Caramello (2013) A poluição atmosférica em uma cidade do interior de

São Paulo: uma atividade investigativa com alunos do sexto ano.

Marcelino, Oliveira e Costa (2015)

Uma proposta de aulas sobre a questão socioambiental: identificando os conhecimentos

científico, cotidiano e escolar.

Carvalho e Watanabe-Caramello (2015)

Educação ambiental no Ensino de Física por meio de

expressões artísticas. Santos e Carvalho (2015) A construção do conhecimento científico à luz de

uma abordagem socioambiental: uma proposta para a sala de aula.

Santos e Fagundes (2017)

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44 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 Nesta investigação, a análise de dados está fundamentada nos procedimentos de Análise de Conteúdo de BARDIN (2009). Segundo a autora, a análise de conteúdo é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2009, p. 44).

Na sequência, apresentamos alguns resultados desta investigação.

Mapeamento dos Artigos que Tratam da Temática Ambiental e o Ensino de Física

Apresentamos, na sequência, dados sobre a distribuição regional e temporal dos artigos constituintes do corpus documental, autores, instituição de ensino vinculada, contexto em que se deu a investigação (Escolar e Não-escolar) e distribuição de trabalho por áreas de conhecimento no SNEF.

O percentual de trabalhos publicados nos anos de 2003 a 2017 que trazem considerações sobre a Temática Ambiental e o Ensino de Física de forma central no decorrer do texto, representam aproximadamente 0,44% do total de artigos que foram publicados neste período, sendo esta uma quantia pouco expressiva. Percebe-se também que autores como Santos, Watanabe-Caramelo e Silva estão presentes, na condição de coautores, em 7 de 16 trabalhos do corpus documental. Na Figura 1, observa-se a distribuição temporal dos artigos.

Figura 1: Distribuição temporal dos trabalhos constituintes do corpus documental Fonte: Próprio autor

No evento realizado em 2013, destaca-se o fato de haver um número maior de trabalhos publicados (4 no total). Porém, ao mesmo tempo, verifica-se que 3 trabalhos deste grupo possuem a mesma coautoria (Watanabe-Caramelo), indicando que estes trabalhos pertencem ao mesmo grupo de pesquisa.

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45 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 Tabela 3: Distribuição regional dos artigos constituintes do corpus documental

N° de trabalhos Estado Percentual

11 SP 68,75% 1 PE 6,25% 1 RJ 6,25% 1 PR 6,25% 1 MG/SP 6,25% 1 MG 6,25%

Fonte: Anais do Simpósio Nacional de Ensino de Física

Dos trabalhos constituintes do corpus, 14 são provenientes de autores de instituições da região sudeste, 1 da região sul e 1 da região nordeste, implicando em uma distribuição bastante desigual da produção de trabalhos relacionados à Temática Ambiental e o Ensino de Física. Estes dados indicam uma tendência já apresentada nos trabalhos de Viana (2017) e Silva et al. (2015), ou seja, uma importante parte dos trabalhos que se voltam para a Temática Ambiental presentes nos anais de dois grandes eventos da área da Educação em Ciências, ENEBIO e EPEF, foi produzida na região sul e sudeste do Brasil.

Vale destacar que, dentre os 16 trabalhos, 15 estão exclusivamente atrelados as Instituições de Ensino Superior (IES), enquanto apenas 1 refere-se a uma parceria entre uma IES e uma instituição de Ensino Básico, havendo predominância total de instituições federais de ensino superior. Segundo Reis (2012), essa expressividade pode estar atrelada ao fato que, no Brasil, a pesquisa está significativamente vinculada as IES, sobretudo aquelas públicas, as quais estão predominantemente dispostas no sul e sudeste do país.

Consideramos também relevante indicar que o SNEF está dividido em eixos temáticos. Cada um destes contempla uma determinada subárea de interesse específico. Diante deste contexto, decidimos apresentar, na Tabela 4, a distribuição dos trabalhos do corpus documental a partir destes eixos temáticos do evento.

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46 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019

Tabela 4: Distribuição dos trabalhos do corpus documental de acordo com os eixos temáticos dos anais do SNEF.

Eixo Temático N° de artigos

Alfabetização Científica e Tecnológica e abordagem CTS no Ensino de

Física 6

Ciência, Cultura e Arte 2

Formação do Professor de Física (todos os níveis de escolaridade) 1

Interdisciplinaridade e Ensino de Física 1

Didática da Física: Materiais, Métodos, Estratégias e Avaliação 1 Informação e Comunicação no Ensino Teórico e Experimental de

Física 1

Divulgação cientifica 1

Linguagem e Ensino de Física 1

Ensino e Aprendizagem em Física 2

Fonte: Anais do Simpósio Nacional de Ensino de Física

Nota-se que há uma prevalência de trabalhos publicados no eixo temático Alfabetização Científica e Tecnológica e abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) no Ensino de Física. É importante enfatizar que Silva, Cavalari e Muenchen (2015) apresentam um resultado muito semelhante, tendo em vista que a maior parte dos artigos que tratam da Temática Ambiental contidos nos anais do EPEF foram publicados no eixo temático Alfabetização Científica e Tecnológica e abordagem CTS no Ensino de Física.

Por fim, é possível observar, a predominância de trabalhos que contemplam o contexto educacional, pois dos 16 trabalhos selecionados, 15 estão relacionados ao ambiente escolar, seja por meio de sequências didáticas, relatos de experiências, análise de livros didáticos, entre outros. O único trabalho que não aborda o contexto educacional trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Os dados indicam que o contexto escolar é, o de maior interesse dos autores dos artigos, algo também observado por Vianna (2017) e Silva, Cavalari e Muenchen (2015). Todavia, é importante ressaltar que o SNEF, é um evento que historicamente também está voltado para a participação de professores de Física que atuam na educação básica.

Compreensões sobre a Temática Ambiental

Ao longo das análises, chamou nossa atenção o fato de que alguns trabalhos do corpus documental abordam diferentes aspectos das controvérsias inerentes aos temas ambientais. Neste sentido, os artigos de Gouveia, Antunes e Watanabe-Caramello (2013), Santos e Fagundes (2017), Leodoro e Santos (2007), Silva, Toti e Pierson (2009) e Silva e Moreira (2011) apresentam considerações que remetem à natureza controversa da Temática Ambiental. Esta perspectiva pode ser exemplificada no excerto a seguir:

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47 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 [...] ao se tratar dos problemas reais, como é o caso da questão socioambiental, há de se considerar as incertezas que permeiam o assunto. Tais incertezas surgem devido à complexidade (MORIN, 2007; WATANABE-CARAMELLO, 2012) na qual a temática socioambiental está submetida [...] questões socioambientais requerem um posicionamento crítico do aluno, ainda que ele não possa ser pautado nas certezas científicas, visto as muitas controversas que o tema suscita (GOUVEIA; ANTUNES; WATANABE-CARAMELLO, 2013, p. 2).

Gouveia, Antunes e Watanabe-Caramello (2013) indicam que em algumas situações a controvérsia em torno dos temas ambientais ocorre por conta da existência de diferentes visões sobre o contexto. Neste sentido, para os autores, o exame dos temas ambientais deve levar em consideração o contexto político, econômico, social, ético e histórico e buscam investigar a influência dos discursos produzidos por determinados grupos sociais referentes à Temática Ambiental.

Também destacamos que os trabalhos de Alves, Mion e Carvalho (2007), Souto, Andrade e Andrade M. (2009), Santos e Carvalho (2015), Carvalho e Watanabe-Caramello (2015), Santos e Kawamura (2003) e Silva, Toti e Pierson (2009) elaboram considerações mais relacionadas com a natureza do discurso produzido por diferentes grupos sociais sobre a Temática Ambiental. Por meio destas considerações, os autores destacam conflitos que afloram a partir da discussão de aspectos da Temática Ambiental por diferentes grupos sociais.

A análise dos excertos que contêm considerações sobre controvérsias relacionadas aos temas ambientais nos possibilitou construir o agrupamento denominado Controvérsias

Associadas aos Temas Ambientais.

Com relação às complexidades inerentes à Temática Ambiental, encontramos em alguns trabalhos apenas breves referências ao assunto. Gouveia, Antunes e Watanabe-Caramello (2013), por exemplo, salientam que a análise das questões ambientais deveria ser construída a partir de uma perspectiva epistemológica contrária à de uma visão de ciência neutra e determinista. Os autores ainda apontam a importância de considerar diversos fatores na busca de uma compreensão sobre esta problemática, pois “[...] somente o olhar da ciência não basta para discutir o problema, mas é necessário considerar as outras esferas sociais relacionadas à questão, como a econômica, social, política, etc.” (GOUVEIA et al, 2013, p. 1).

Os trabalhos escritos por Silva, Toti e Pierson (2009) e Leodoro e Santos (2007), por sua vez, discorrem sobre a complexidade da natureza. O excerto a seguir exemplifica este apontamento:

[...] O ecossistema tende a se auto-organizar consumindo mais energia a fim de manter sua auto-organização. Desse modo, ele reage ao aumento do fluxo de energia que o desloca do equilíbrio, ou seja, dissipa gradientes de energia para realizar os processos de auto-organização. Por outro lado, o aumento de complexidade dos sistemas abertos os torna muito sensíveis às variações dos fluxos de energia e/ou matéria (LEODORO; SANTOS, 2007, p.6).

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48 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 As considerações, ainda que breves, sobre complexidades e temas ambientais foram organizadas por nós no agrupamento Complexidades Inerentes aos Temas

Ambientais.

Outros trabalhos analisados apresentaram uma série de considerações sobre as origens e as causas dos problemas ambientais relacionados com aspectos econômicos e sociais. Os trabalhos de Niebuhr e Valaski (2013) e Santos e Fagundes (2017) atribuem, a diferentes fatores sociais e econômicos as causas de importantes problemas ambientais. Há considerações sobre o aumento populacional vivenciado ao longo de todo o século XX. Para Niebuhr e Valaski (2013, p.1), por exemplo:

Nos últimos séculos, o crescimento populacional e os padrões de consumo de uma cultura cada vez mais hegemônica têm modificado drasticamente relações desde o nível ecológico até o nível social [...] (NIEBUHR; VALASKI, 2013, p.1)

Nos trabalhos de Leodoro e Santos (2007) e Silva, Toti e Pierson (2009), há apontamentos que criticam o modelo econômico vigente. Para os autores, o modelo econômico vigente é excludente e exacerba uma relação de exploração entre ser humano versusser humano e ainda entre ser humano e natureza.

As considerações sobre temas ambientais, sociais e econômicos foram organizadas por nós no agrupamento A Dimensão Social dos Temas Ambientais.

Os agrupamentos elaborados nesta etapa do trabalho foram: Controvérsias Associadas aos Temas Ambientais, Complexidades Inerentes aos Temas Ambientais e A Dimensão Social dos Temas Ambientais. Ainda que em alguns casos de forma mais incipiente, nossas análises, fundamentadas nos trabalhos de Carvalho (1989, 2000 e 2006) indicam que nestes artigos há considerações mais críticas com relação aos aspectos da Temática Ambiental.

É importante traçar um paralelo entre este trabalho e aquele apresentado por Silva, Cavalari e Muenchen (2015). Naquela oportunidade os autores tiveram como corpus documental os trabalhos publicados no EPEF – Encontro de Pesquisa em Ensino de Física. Naquele contexto, os autores também apresentam considerações sobre um posicionamento mais crítico dos pesquisadores da área de Ensino de Física sobre aspectos da Temática Ambiental.

Considerando que o SNEF é um evento mais amplo e que há outros autores envolvidos nos trabalhos, parece-nos que um posicionamento mais crítico com relação aos aspectos da Temática Ambiental seja de fato algo que reflita muito mais o posicionamento ideológico e político de um pequeno grupo de pesquisadores e professores que se envolvem com aspectos da Temática Ambiental e o Ensino de Física, sobretudo ao considerarmos o relativo pequeno número de trabalhos que lidam com esta temática nos dois principais eventos de Ensino de Física do país.

Na sequência, apresentaremos considerações sobre a Temática Ambiental e o processo educativo a partir da análise dos trabalhos do corpus documental.

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49 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 Considerações Acerca da Temática Ambiental e o Ensino de Física

Nesta seção, são apresentadas considerações elaboradas pelos autores dos trabalhos quanto à relação entre a Temática Ambiental e o Ensino de Física.

Vale destacar que diversos autores apontam que as questões de cunho ambiental são pouco abordadas no ambiente escolar, principalmente nas aulas de Física. O excerto retirado do trabalho de Santos e Kawamura (2003) exemplifica esse apontamento:

[...] considerando a estrutura disciplinar do conhecimento, especialmente no ensino médio, é fácil constatar que o tema comparece principalmente em textos didáticos ou em aulas de Biologia, algumas vezes, de Química. Raras vezes os aspectos físicos são abordados e, menos ainda, aprofundados, A ausência do olhar físico sobre essas questões auxilia a formação de conceitos que se incorporam ao senso comum sem serem necessariamente corretos, contribuindo para estabelecer relações muitas vezes equivocadas do ponto de vista da ciência (SANTOS; KAWAMURA, 2003, p. 2932).

Interessante indicar que os trabalhos de Gouveia e Chiquito (2011), Santos e Kawamura (2003), Leodoro e Santos (2007), Santos e Barros (2011), Marcelino, Oliveira e Costa (2015) e Santos e Carvalho (2015) fazem menção explicita ao campo da Educação Ambiental em seus trabalhos, algo que chama a atenção para possíveis tentativas do estabelecimento de diálogos entre as duas áreas (Educação Ambiental e Ensino de Física).

Os autores Leodoro e Santos (2007), apresentam considerações acerca da Educação Ambiental em uma perspectiva crítica, sendo essa associada à noção freireana do ‘‘ad-mirar’’ como reflexão crítica que supera a mera aderência à realidade. Santos e Barros (2011) e Marcelino, Oliveira e Costa (2015), por sua vez, defendem que a Educação Ambiental é um processo que auxilia na conscientização dos problemas ambientais.

Santos e Carvalho (2015) destacam a perspectiva de uma Educação Ambiental Crítica, Complexa e Reflexiva, apoiando-se para isto em trabalhos de Watanabe-Caramello (2012). Para os autores:

[...] cabe ao docente o desafio de promover reflexões capazes de articular a visão da ciência com outras esferas do conhecimento (social, política, econômica, cultural etc.), promovendo uma formação científica pautada na Educação Ambiental Crítica, Complexa e Reflexiva (WATANABE-CARAMELLO, 2012). A educação científica deve proporcionar situações de ensino nas quais o aluno seja estimulado a refletir de forma crítica sobre a ciência e seu papel na sociedade em que vive (SANTOS; CARVALHO, 2015, p.2).

Além das considerações da EA em uma perspectiva mais crítica, também encontramos menções da EA em uma perspectiva mais próxima das pedagogias comportamentalistas. Os autores Santos e Barros (2011), por exemplo, apresentam considerações sobre a Educação Ambiental (EA) a partir da ideia da necessidade de promover mudanças de atitudes, conforme podemos analisar pelo seguinte excerto:

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50 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 A educação ambiental como um instrumento para orientação das populações deve induzir ações preventivas quando ocorrem eventos climáticos que possam ameaçar suas vidas. Numa analogia à campanha contra o fumo, o ensino dessas questões ambientais aos alunos da educação básica propiciaria os vetores necessários para a mudança da atitude das populações com o meio ambiente (SANTOS; BARROS, 2011, p.2).

Todavia, salientamos que os trabalhos do corpus documental que dialogam com a área de Educação Ambiental parecem trazer uma importante novidade ao campo do Ensino de Física, sobretudo aqueles que estabelecem este diálogo a partir de referenciais mais críticos do processo educativo (CARVALHO 1989; 2000; 2006; TOZONI-REIS e CAMPOS, 2014).

Também verificamos trabalhos que tratam da Temática Ambiental a partir da perspectiva do enfoque CTS/CTSA. Os trabalhos de Alves, Mion e Carvalho (2007), Souto, Andrade e Andrade M. (2009), Carvalho e Watanabe-Caramello (2013), Niebuhr e Valaski (2013) fazem menção explícita à perspectiva CTSA em aulas de Física para a abordagem de temas ambientais. Alves, Mion e Carvalho (2007) apresentam alguns argumentos acerca da possibilidade de abordar temas ambientais a partir da abordagem CTSA. Segundo os autores:

[...] uma abordagem envolvendo as complexas implicações da relação Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA) é imprescindível, pois temos hoje a nossa disposição a possibilidade de acessar embasamentos inerentes a conhecimentos científicos e tecnológicos que permitem uma sustentação inicial sobre importantes preocupações de natureza socioambiental, como a ética [...] (ALVES, MION E CARVALHO, 2007, p.2).

Novamente percebemos, nesta análise, algo próximo aos resultados elaborados por Silva, Cavalari e Muenchen (2015), que tiveram como corpus documental trabalhos publicados nos anais do EPEF. Tanto nos resultados de Silva, Cavalari e Muenchen (2015), quanto nos resultados desta investigação, destaca-se o fato de que a maior parcela dos trabalhos analisados abordam temas ambientais a partir de um diálogo com a área de Educação Ambiental (EA) ou com aspectos do enfoque CTSA. Nesse contexto, são destacados aspectos relacionados com a formação para a cidadania, processos de tomada de decisão e democracia.

Também explicitamos o fato de que alguns trabalhos, como por exemplo, o de Barros, Bastos, Watanabe-Caramello e Saraiva (2013), dialogam tanto com a área de EA quanto com a perspectiva do enfoque CTSA. Neste caso, os autores enfatizam uma perspectiva mais crítica do processo educativo, o que é comum tanto para algumas vertentes da área de Educação Ambiental quanto para algumas do enfoque CTSA.

Chamaram também a nossa atenção os trabalhos de Silva, Toti e Pierson (2009), Silva e Moreira (2011), Santos e Watanabe-Caramello (2013), Barros, Bastos, Saraiva e Watanabe-Caramello (2013) e Gouveia, Antunes e Watanabe-Caramello (2013). Estes apresentam a ideia de abordar temas ambientais a partir da perspectiva pedagógica do trabalho com temas controversos. Os autores argumentam que esta perspectiva pode

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51 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 trazer boas oportunidades para os professores de Física trabalharem com a Temática Ambiental em sala de aula. Esta indicação pode ser exemplificada no seguinte excerto:

Do ponto de vista educacional, a abordagem dos temas controversos em atividades educativas oferece situações de aprendizagem que colocam em jogo valores relevantes para o exercício da cidadania na medida em que coloca os estudantes frente a perspectivas múltiplas em relação a uma determinada questão. Nesse sentido, o trabalho educativo com temas controversos possibilita ao professor articular os conteúdos científicos com aspectos econômicos, políticos, ambientais e outros que tornam a atividade científica mais próxima da realidade (SILVA; TOTI; PIERSON, 2009, p.1-2).

Os autores Silva, Toti e Pierson (2009) ao considerarem o trabalho com temas controversos, também discorrem sobre a possibilidade concreta de os professores de Física terem a oportunidade de abordar aspectos da Ciência que explicitam sua distância da ideia de neutralidade, visto que “A Física, nesses termos, é apresentada como uma atividade humana e, como tal, sujeita às influências de natureza sócio-histórica, econômica, política, filosófica e ambiental [...]” (SILVA; TOTI; PIERSON, 2009, p.2).

Os trabalhos de Barros et al. (2013), Gouveia, Antunes e Watanabe-Caramello (2013), Santos e Watanabe-Caramello (2013), apresentam argumentos sobre a necessidade de os estudantes aprenderem a lidar com temas que impõem incertezas ao contexto, no qual a escolha de um cenário implica em riscos. Neste sentido, Barros et al. (2013) esclarecem que:

De modo geral, discussões dessa natureza, ou seja, pautada pelos riscos e incertezas, deverão esboçar os contornos do futuro do país e do mundo. Isso significa que o cidadão, que é bombardeado por informações desencontradas sobre a temática socioambiental/energética, deverá se posicionar sobre o assunto. Esse posicionamento requer uma formação numa perspectiva crítica e complexa, concebida dentro de uma concepção humanista abrangente [...] (BARROS et al., 2013, p. 1).

Os autores apresentam ainda apontamentos sobre as complexidades inerentes aos temas ambientais e o significado disto para as práticas pedagógicas associadas com o conteúdo específico de Física. Defendem a perspectiva pedagógica de uma Educação Ambiental Crítica, Complexa e Reflexiva. Segundo os autores:

[...] a complexidade aqui defendida visa explicitar as relações que se estabelecem no contexto social, político, econômico e cultural no qual a questão está inserida; ou seja, significa ter clareza de que um posicionamento crítico também requer que diferentes olhares sejam explicitados, de modo que o aluno tenha condições de tomar decisões que influenciarão sua vida. Além disso, implica incorporar uma perspectiva na qual as incertezas e sistemas longe do equilíbrio, ou seja, fala-se aqui da complexidade no âmbito da ciência [...] (BARROS et al., 2013, p. 2). Temos ainda o trabalho de Santos e Fagundes (2017), que trazem contribuições acerca da perspectiva do pensamento complexo. Segundo os autores, esta perspectiva possibilita considerar aspectos de grande relevância, tais como as complexidades e as incertezas presentes nos discursos produzidos numa articulação entre o Ensino de Física

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52 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 e a Temática Ambiental. Esta perspectiva pode ser identificada em diversos núcleos, como no excerto a seguir:

[...] identifica-se a importância de refletir sobre meios que possam preparar os cidadãos para lidar com os problemas sociais e ambientais atuais. Torna-se, portanto, relevante pensar em uma educação que corresponda às necessidades da sociedade e que prepare os jovens para enfrentar os desafios contemporâneos (CAZELLI; FRANCO, 2001). Uma das formas de lidar com essa questão é pensar em um ensino voltado ao desenvolvimento de um pensamento complexo, autônomo e aberto frente aos contínuos processos de transformação e reconstrução social [...] (SANTOS; FAGUNDES, 2017, p.1-2).

Interessante notar que estes trabalhos explicitam complexidades e controvérsias associadas ao Ensino de Física a partir de uma fundamentação pedagógica que se baseia em perspectivas mais críticas do processo educativo (CARVALHO, 1989; 2000; 2006; TOZONI-REIS, 2007).

Diante deste contexto, temos que partes significativas dos trabalhos explicitam que a abordagem de temas ambientais pode ser realizada pelos professores de Física a partir de um trabalho educativo voltado para temas complexos e controversos. Este parece ser um caminho interessante para que o trabalho com temas ambientais não fique restrito aos professores de Ciências Biológicas na educação básica. Neste contexto, entendemos que este parece ser um indicativo concreto da possibilidade de os professores de Física lidarem com a Temática Ambiental em suas atividades pedagógicas.

Considerações Finais

Neste trabalho procuramos identificar e analisar compreensões sobre a Temática Ambiental e suas articulações com o processo educativo elaboradas por autores da área de Ensino de Física que publicaram trabalhos nos anais do Simpósio Nacional de Ensino de Física entre 2003 e 2017. Embora a área de Ensino de Física tenha um papel importante na busca de entendimentos referentes aos problemas ambientais, notou-se uma significativa escassez de trabalhos nesta perspectiva em um dos principais encontros da área no país. Entendemos que isso pode se dar pelo fato de a Temática Ambiental ainda estar muito ligada às áreas disciplinares de atuação das Ciências Biológicas e da Geografia. Neste sentido, muitas vezes foram privilegiadas abordagens pedagógicas no tratamento da Temática Ambiental que estão distantes da atuação epistemológica da área de Ensino de Física.

Levando em consideração nossos resultados e aqueles obtidos por Silva, Cavalari e Muenchen (2015), que tiveram como corpus documental os trabalhos publicados no Encontro de Pesquisa em Ensino de Física (EPEF), entendemos que as relações entre Ensino de Física e Temática Ambiental estão, em sua maioria, restritas a um pequeno grupo de autores.

É interessante retomar o fato que os trabalhos constituintes do nosso corpus documental estarem arranjados em diversos eixos temáticos do SNEF, implicando em um amplo leque de possibilidades em relacionar as questões ambientais com o Ensino de Física. Todavia, a maior parte dos trabalhos foram publicados no eixo temático

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53 REnCiMa, v. 10, n.3, p. 37-57, 2019 Alfabetização Científica e Tecnológica e abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) no Ensino de Física.

Com relação às compreensões dos autores acerca da Temática Ambiental, entendemos que estes apresentam, em geral, uma visão mais crítica sobre origens e causas dos problemas ambientais. Em alguns trabalhos são apontados aspectos tais como incertezas, controvérsias e complexidades inerentes à Temática Ambiental. Também são mencionados aspectos políticos, econômicos e sociais, entre outros.

Por fim, chamou nossa atenção que a maior parte dos trabalhos se fundamentam em perspectivas mais críticas do processo educativo para abordar aspectos da Temática Ambiental. Há trabalhos que se referem à área da Educação Ambiental e outros ao contexto do enfoque CTS/CTSA. Em comum, estes trabalhos compartilham de uma perspectiva mais crítica do processo educativo.

Como uma possível decorrência deste trabalho, entendemos a necessidade de serem elaboradas investigações que possam se voltar para teses e dissertações da área de Ensino de Física, ou ainda, para artigos publicados nas revistas especializadas em Ensino de Física. Este poderia ser um caminho promissor para o aprofundamento deste estudo voltado para a área de Ensino de Física e poderia nos apresentar um quadro mais amplo sobre as diferentes articulações entre Ensino de Física e aspectos da Temática Ambiental.

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Tabela 1: Seleção dos trabalhos das atas online do SNEF
Figura 1: Distribuição temporal dos trabalhos constituintes do corpus documental  Fonte: Próprio autor
Tabela 3: Distribuição regional dos artigos constituintes do corpus documental

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