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TRATAMENTO DE CRIMES AMBIENTAIS PELO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

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TRATAMENTO DE CRIMES AMBIENTAIS PELO

TRIBU-NAL PETRIBU-NAL INTERNACIOTRIBU-NAL

Alexandre da Costa Pereira* Thiago Oliveira Moreira** RESUMO

O presente trabalho trata da possibilidade de ampliação do escopo do Tribunal Pe-nal InternacioPe-nal no sentido de permitir que crimes ambientais sejam equiparados a crimes contra a humanidade, conforme analogia com o crime de genocídio, tipifi-cado no Tratado de Roma. Na argumentação são abordadas questões referentes ao tema dos crimes contra a humanidade, a tipificação de crimes segundo o escopo do Tratado de Roma e o tema da contextualização da analogia entre crimes de guerra e crimes ambientais. Também é abordada no trabalho a temática da intenção de crime contra a humanidade em crimes ambientais, bem como sobre a nova figu-ra penal do “Ecocídio” proposta por alguns autores que estudam o tema em tela. Comenta-se, como considerações finais, que, para o tratamento pleno dos crimes contra o meio ambiente no Estatuto de Roma, se faz necessário, diante da exigência de estrita tipificação das figuras delituosas que vigora, no campo penal, a inclusão do delito na jurisdição do Tribunal, juntamente com o tipo penal dos crimes de agressão, conforme previsto por Levandovski (2002), visando possibilitar a aplica-ção da pena, com a devida caracterizaaplica-ção do tipo no Estatuto por ocasião da even-tual reforma do diploma.

Palavras-chave: Tribunal Penal Internacional. Crimes Ambientais. Direitos

Huma-nos.

ENVIRONMENTAL CRIMES TREATMENT By THE INTERNATIONAL CRIMINAL COURt

ABSTRACT

The present paper deals with the possibility of expanding the scope of the Inter-national Criminal Court in order to enable environmental crimes to be treated as crimes against humanity, according to the analogy with the crime of Genocide, clas-sified in the Treaty of Rome. The argumentation includes questions related to the themes of crimes against humanity, the classification of crimes under the scope

* Bacharel em Engenharia Civil e em Administração e bacharelando em Direito, pela UFRN. Mestre e Doutor em Engenharia Civil. Professor do IFRN e Especialista em Infraestrutura Sênior vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Contato: alexandre.pereira@ifrn.edu.br. ** Professor de Direito Processual Penal II da UFRN, D.Sc. Contato: tomdireito@hotmail.com.

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of the Treaty of Rome and the theme of contextualization of the analogy between war and environmental crimes. The work also presents the theme of the intended crimes against humanity in environmental crimes as well as the new criminal term of “Ecocide” proposed by some authors who study this topic. In the end, it is point-ed out that for the fully treatment of crimes against the environment in the Rome Statute it is necessary, due to the requirement of the strict type of delicts in the penal jurisdiction, the inclusion of the delict within the jurisdiction of the Court, together with the penal type for crimes of aggression according to Levandovski (2002), seeking to allow the imposition of sentences with proper characterization of the type in the Statute on the occasion of an eventual legislation reform.

Keywords: International Criminal Court. Environmental Crimes. Human Rights. TRATAMIENTO DE LOS CRíMENES AMBIENTALES POR LA CORTE PENAL

IN-TERNACIONAL RESUMEN

Este trabajo trata de la posibilidad de ampliar el alcance de la Corte Penal Interna-cional para que los crímenes ambientales sean tratados como crímenes de contra la humanidad, conforme analogía con el crimen de genocidio, tipificado por el Tratado de Roma. En la argumentación se abordan cuestiones relativas al tema de los crí-menes contra la humanidad, la tipificación de los crícrí-menes segundo el objetivo del Tratado de Roma y el tema de la contextualización de la analogía entre los crímenes de guerra y crímenes ambientales. También se aborda en el trabajo la temática de la intención de crimen contra la humanidad en los crímenes ambientales, así como so-bre la nueva figura penal de “ecocidio” propuesto por algunos autores que estudian el tema en discusión. Se dice, como una consideración final, que, para el tratamien-to completratamien-to de los crímenes contra el medio ambiente en el Estatutratamien-to de Roma, es necesario, dada la exigencia de estricta tipificación de figuras penales en vigor, en el ámbito penal, la inclusión del delito en la competencia de la Corte, junto con el tipo penal de crímenes de agresión, conforme previsto por Levandovski (2002), con ele objetivo de posibilitar la aplicación de la pena, con la caracterización adecuada del tipo en el Estatuto por ocasión de una posible reforma del diploma.

Palabras clave: Corte Penal Internacional. Crímenes Ambientales. Derechos Humanos. 1 INTRODUÇÃO

É fato amplamente reconhecido que as questões ambientais constituem um componente importante dos direitos básicos do ser humano. A Declaração de Es-tocolmo, de 1972, estabelece: “O ser humano tem o direito fundamental a um am-biente de uma qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de

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bem-estar (...).” 1 O Protocolo Adicional à Convenção Americana dos Direitos Humanos no Campo dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, dezesseis anos após a De-claração de Estocolmo, afirmou o “direito a viver em um ambiente saudável” (ONU, 1972), direito que foi inscrito nas constituições nacionais de muitos países. Embora ainda haja alguma discussão em torno de uma definição jurídica precisa para os conceitos vigentes que aparecem acerca dos “direitos ambientais”, não restam dú-vidas acerca do estreito relacionamento entre direitos humanos e meio ambiente (FREELAND, 2005).

São recorrentes os atos destinados à destruição deliberada do ambiente na-tural em contextos bélicos, tendo em vista metas estratégicas dos exércitos belige-rantes, com o aniquilamento intencional do ambiente como método para ameaçar a segurança humana, método que infelizmente tem sido utilizado de forma cres-cente como tática empregada em conflitos, conforme citado no documento Human

Security Now, publicado pela Comissão de Segurança Humana da ONU (2003).

Nesse contexto, conforme proposto por Freeland (2005), sob determinadas circunstâncias, ações concebidas deliberadamente para destruir o meio ambien-te podem ser enquadradas na jurisdição do Tribunal Penal Inambien-ternacional (TPI), nos termos do Estatuto de Roma, de 1998, comentando que embora sejam mínimas as referências à questão ambiental no Estatuto de Roma, considera que existam vá-rias opções potenciais para classificar os crimes ambientais nas tipologias de crimes consignadas no referido instrumento, ensejando a utilização de método teleológico para a aplicação dos dispositivos penais do referido Estatuto para o caso em ques-tão.

Convém que se destaque que o TPI, embora seja considerado como carente de instrumentos eficazes no âmbito dos crimes ambientais potencialmente danosos à humanidade, mediante a analogia e abordagem funcionalista pode vir a tornar-se importante fórum com o objetivo de coibir crimes ambientais, passíveis de serem tratados como ameaças à sobrevivência em condições dignas, de etnias e coletivos humanos, equiparando-se a crimes contra a humanidade, enquanto atos inumanos que provocam privações e graves sofrimentos a grandes massas de pessoas, nota-damente quando afetadas por conflitos bélicos.

Portanto, considera-se relevante a discussão sobre a questão da possibilida-de possibilida-de o TPI ampliar seu escopo no sentido possibilida-de possibilitar que crimes ambientais sejam equiparados a crimes contra a humanidade, conforme analogia com o crime de Genocídio, tipificado no Tratado de Roma, tendo em vista que são recorrentes os efeitos danosos ao meio ambiente, causados por conflitos armados, implicando destruição do ambiente, conduzindo ao sofrimento e ameaçando a sobrevivência.

São trabalhados no artigo temas relacionados com a qualificação de crimes

1 Primeiro Princípio da Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (De-claração de Estocolmo), de 1972.

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contra a humanidade e sua tipificação segundo o escopo do Tratado de Roma, sen-do abordasen-dos, conforme a analogia entre crimes de guerra e crimes ambientais, tópicos relacionados ao TPI e a ocorrência de crimes ambientais em contexto de guerra, também sobre a intenção do Genocídio em crimes ambientais, em função da natureza e da extensão dos direitos ambientais, que passaram a ser mais ampla-mente reconhecidas em virtude da devastação deliberada do ambiente como parte dos objetivos estratégicos e militares, principalmente após o desenvolvimento de armas capazes de causar danos ecológicos graves e duradouros em vastas áreas.

Este artigo busca reforçar a tese de que, em determinadas circunstâncias, a destruição deliberada do ambiente durante uma guerra deve ser vista como Cri-me contra o Meio Ambiente, passível de responsabilização penal internacional, de acordo com renomados autores2 que pesquisam sobre o tema em questão, fun-damentalmente em relação à questão da possibilidade de classificação dos crimes ambientais nas tipologias de crimes consignadas no Estatuto de Roma, mesmo que sejam mínimas as referências à questão ambiental no referido instrumento.

2 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Conforme dispõem os princípios enunciados na Carta das Nações Unidas, o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da jus-tiça e da paz no Mundo, sendo reconhecidos esses direitos como decorrentes da dignidade inerente à pessoa humana e, em conformidade com a Declaração Univer-sal dos Direitos do Homem, o ideal do ser humano livre, usufruindo das liberdades civis e políticas e liberto do medo e da miséria, não pode ser realizado, a menos que sejam propiciadas condições que permitam a cada um gozar dos seus direitos civis e políticos, bem como dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, dentre eles os relativos ao meio ambiente, sendo imposta como obrigação dos Estados a pro-moção do respeito universal e efetivo dos direitos e das liberdades do homem.

O conceito de dignidade humana traz, em seu conteúdo, conforme prevê o Art. 1º da Carta das Nações Unidas, o pressuposto de que todos os povos possuem o direito a dispor deles mesmos, o que implica livre determinação do seu estatuto político, bem como à livre dedicação ao seu desenvolvimento econômico, social e cultural, dispondo todos os povos, livremente, para atingir os seus fins, das suas riquezas e dos seus recursos naturais, sem prejuízo de quaisquer obrigações que decorrem da cooperação econômica internacional, fundada sobre o princípio do interesse mútuo e do direito internacional, não sendo admissível, em nenhum caso, a privação a um povo dos seus meios de subsistência.

2 Principalmente os autores FREELAND (2004); BASSIOUNI (1999); PÉREZ ESQUIVEL (2009); BERAT (1993); CHO (2001) e LEVANDOVSKY (2002), utilizados no artigo como referências sobre o tema traba-lhado na pesquisa bibliográfica.

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Consideram-se, portanto, como crimes contra a humanidade, conforme dis-põe o Acordo de Londres3, que funcionou como o propulsor do movimento de internacionalização dos direitos humanos, os crimes de assassinato, extermínio, escravidão, deportação ou de outro ato desumano contra qualquer membro da população civil, antes ou durante a guerra, ou perseguições baseadas em critérios raciais, políticos e religiosos, na execução ou em conexão com qualquer crime de competência do Tribunal, independentemente se, em violação ou não do direito doméstico do país em que foi perpetrado.

Pérez Esquivel (2009, p. 21) tornou-se um importante defensor de um pro-jeto audacioso, propondo que seus responsáveis sejam julgados pelo Tribunal Pe-nal InternacioPe-nal, encarregado pelo tratamento aos crimes de guerra e contra a humanidade, apresentando como justificativa que a destruição do meio ambiente constitui um delito tão grave quanto os genocídios ou os assassinatos cometidos em contexto de guerra e por mandatários de regimes ditatoriais. A tese de Pérez Esquivel (2009)7 nasce da questão “qual a diferença entre o assassinato de milha-res de civis em um ataque no Afeganistão e a matança de milhamilha-res de pessoas por contaminação da água?”, ou “qual a diferença entre a fome causada pelos conflitos tribais na África e a fome causada pela destruição do solo e uso indevido da terra?”, tendo em vista os danos decorrentes das catástrofes ambientais ao planeta e às pessoas que o habitam, principalmente devidos à contaminação da água e do solo e a destruição da biodiversidade, acarretando doenças, pobreza e falta de comida.

Assim, conforme Pérez Esquivel (2009), a proposta consistiria em buscar pe-nalizar crimes ambientais mediante o tratamento desses pelo Tribunal Penal Inter-nacional, mediante a introdução do crime ambiental como passível de tratamento na Corte Penal de Haia, por meio da criação de uma câmara especial para esse tipo de delito, ou instituindo uma corte própria para os crimes ambientais. Reconhece, entretanto, que para ser possível a implementação da proposta, é preciso modificar o Estatuto de Roma, que legitima a Corte Penal. Comenta, ainda, que para carac-terizar os grandes crimes ambientais, seria necessário, primeiro, a aprovação de dois terços dos países signatários do Estatuto, para possibilitar o julgamento das catástrofes ambientais provocadas pelo homem e os atentados contra o planeta da mesma forma que julgamos os crimes contra a humanidade, passando os mesmos a pertencer a uma mesma categoria.

Em relação à questão da soberania, comenta Pérez Esquivel (2009)7que o conceito esteja associado a valores e qualidade de vida, argumentando que a sobe-rania alimentar ou a sobesobe-rania dos estados possuem o mesmo nível de valoração, sob o prisma da visão humanitária, tendo em vista que as Nações Unidas já aler-taram quanto à urgência em relação à questão da fome e da soberania alimentar

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em muitos países, considerando que quando a questão é o ambiente, as fronteiras passam a ter importância secundária, consistindo o pensamento no ser humano em questão de primeiro plano.

Admite, entretanto, que a campanha pela caracterização dos crimes ambien-tais de modo a julgar os culpados na Corte de Haia está ainda no início, fazendo parte de planos da Corte fomentar discussões acerca da necessidade da adaptação da legislação internacional a esse tipo de delito, com o apoio de juristas interna-cionais para o tratamento do tema, sinalizando uma mudança de mentalidade das sociedades com relação aos direitos humanos, tendo em vista que atualmente os direitos humanos incluem direitos econômicos, sociais e ambientais, sendo neces-sário pensar no assunto em todas as suas dimensões, pois quando os primeiros tribunais para julgar crimes contra a humanidade foram estabelecidos, a destruição da natureza não havia chegado ao ponto em que está hoje, sendo vários os sinais de que a sociedade contemporânea está à beira de um colapso ambiental.

Interessante comentar que Pérez Esquivel (2009), em relação à questão “o julgamento de crimes ambientais em um tribunal internacional seria uma forma mais eficiente de combater o aquecimento global do que os protocolos e metas de emissão de poluentes?”, comenta que, de fato, existam muitas promessas e boas intenções nos protocolos e nas metas de redução nas emissões de carbono dos pa-íses, mas não há sanções para o descumprimento do que foi estabelecido, citando como uma das únicas formas efetivas de combater o aquecimento global é ter um marco jurídico para ajudar a controlar a poluição.

3 TIPIFICAÇÃO DE CRIMES SEGUNDO O ESCOPO DO TRATADO DE ROMA

O Tribunal Penal Internacional foi criado para enfrentar “crimes de maior gra-vidade, que afetam a comunidade internacional em seu conjunto” e, de acordo com os termos do art. 5º do Estatuto de Roma, tem competência para julgar os crimes mais graves que lesam a comunidade internacional como um todo. Os crimes aci-ma enunciados são: o crime de genocídio, crimes contra a huaci-manidade, crimes de guerra e o crime de agressão. Cada um desses crimes serão objeto de análise sendo abordados a evolução e os princípios que lhes são concernentes, bem como o en-tendimento doutrinário atual dos seus elementos constitutivos.

4 CRIME DE GENOCíDIO

Mediante a Convenção sobre a Prevenção e a Repressão do Crime de Geno-cídio, publicada em 1948, considerando que a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas4, declarou-se que “O genocídio é um crime de direito dos povos, que

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está em contradição com o espírito e os fins das Nações Unidas e é condenado por todo o mundo civilizado”, reconhecendo que em todos os períodos da história o genocídio causou grandes perdas á humanidade.

Convencidas de que, para libertar a humanidade de um flagelo tão odioso, é ne-cessária a cooperação internacional. Conforme estatui o art. 2º da Convenção5 supraci-tada, configura-se como genocídio os atos cometidos com o objetivo de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais como: assassinato de membros do grupo; atentado grave á integridade física e mental de membros do grupo; submissão deliberada do grupo a condições de existência que acarretarão a sua destruição física, total ou parcial; medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo, e transferência forçada das crianças do grupo para outro grupo.

O Estatuto define o crime de genocídio como qualquer ato praticado “com in-tenção de destruir total ou parcialmente grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, compreendendo: matar membros do grupo; causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capaz de ocasionar-lhes a destruição física, total ou parcial; adotar medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e efetuar a transfe-rência forçada de crianças do grupo para outro grupo (LEVANDOVSKI, 2002).

5 CRIMES CONTRA A HUMANIDADE

O art. 7º, §1º do Estatuto de Roma, preceitua como “crime contra a humani-dade” qualquer um dos seguintes procedimentos, quando praticado no cenário de um ataque, generalizado ou ordenado, contra qualquer população civil havendo co-nhecimento desse ataque: homicídio; extermínio; escravidão; deportação ou trans-ferência forçada de uma população; prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional; tortura; agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterili-zação forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável; perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gêne-ro, tal como definido no parágrafo 3º, ou em função de outros critérios universal-mente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do

5 O art. 3º desta Convenção estabelece punição para os seguintes atos: a) O genocídio; b) O acordo com vista a cometer genocídio; c) O incitamento, direto e público, ao genocídio; d) A tentativa de genocí-dio; e) A cumplicidade no genocídio. Faz-se importante salientar que tais punições serão efetuadas independentemente das funções e imunidades que o criminoso possua, quer sejam governantes, funcionários ou particulares. Nesse sentido, as partes contratantes assumem a responsabilidade de criar dispositivos penais eficazes empregáveis ás pessoas culpadas de genocídio ou de qualquer dos atos enumerados no art. 3º da Convenção.

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Tribunal, que causem intencionalmente grande sofrimento ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.

Assim, os crimes contra a humanidade, previstos no art. 7 do Estatuto, são aqueles que fazem parte de um ataque generalizado e sistemático contra determi-nada população civil e com ciência de tal ataque, diferenciando-se do genocídio por não se mostrar, em tal ato, a presença do dolo de aniquilar determinado grupo humano, ou parte dele.

Sobre os crimes contra humanidade, Levandovski (2002, p. 192) comenta que se consideram qualificados como “qualquer ato praticado como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra uma população civil e com conheci-mento de tal ataque”, incluindo: homicídio; extermínio; escravidão; deportação ou transferência forçada de populações; encarceramento ou privação grave da liberdade física em violação a normas fundamentais de direito internacional; tortura; estupro; escravidão sexual, prostituição compulsória, gravidez imposta, esterilização forçada ou outros abusos sexuais graves; perseguição de um grupo ou coletividade com identidade própria, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais ou religiosos; desaparecimento de pessoas; apartheid; e outras práticas que causem grande sofrimento ou atentem contra a integridade física ou saúde mental das pessoas.

6 CRIMES DE GUERRA

Os crimes de guerra são disciplinados pelo art. 8º do Estatuto de Roma do TPI, que preceitua que o Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular quando cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga escala desse tipo de crimes.

Depreendem-se como “crimes de guerra”, para efeitos do Estatuto de Roma, as violações graves às Convenções de Genebra, de 12 de agosto de 1949, tais como qualquer dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou bens protegidos nos termos da Convenção de Genebra que for pertinente (in verbis): homicídio doloso; tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas; o ato de causar in-tencionalmente grande sofrimento ou ofensas graves à integridade física ou à saúde; a destruição ou a apropriação de bens em larga escala, quando não justificadas por quais-quer necessidades militares e executadas de forma ilegal e arbitrária; o ato de compelir um prisioneiro de guerra ou outra pessoa sob proteção a servir nas forças armadas de uma potência inimiga; privação intencional de um prisioneiro de guerra ou de outra pessoa sob proteção do seu direito a um julgamento justo e imparcial; deportação ou transferência ilegais, ou a privação ilegal de liberdade; tomada de reféns.

Os crimes de guerra, previstos no art. 8º do Estatuto são, portanto, aqueles praticados como parte de um plano ou estratégia, ou como parte de uma perpe-tração em larga escala. Apesar de sua previsão no Estatuto em comento, vê-se que

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esses crimes já foram objeto de tratados internacionais anteriores, como é o caso da vetusta Convenção de Genebra, de 12 de agosto de 1949, da Cruz Vermelha In-ternacional e de outras fontes do direito inIn-ternacional.

A esse respeito, Márcio Medeiros Furtado explica:

[...] os crimes de guerra são arrolados de modo quadripartido: primei-ro, os que consistem em graves violações à Convenção de Genebra de 12 de agosto de 1949; segundo, os que consistem em sérias violações de leis e costumes aplicáveis em conflitos aramados internacionais, consoante o parâmetro estabelecido pelo direito internacional; tercei-ro, os que consistem em graves violações ocorridas em conflitos de ca-ráter não internacional, previstas no art. 3º das quatro Convenções de Genebra, de 12.08.1949; quarto, os que consistem em sérias violações de leis e costumes aplicáveis em conflitos aramados de caráter não internacional, consoante o parâmetro estabelecido pelo direito inter-nacional (art. 8ª). (MEDEIROS FURTADO, 2001, p. 490).

Quanto aos crimes de guerra Levandovski (2002) trata-os como os pratica-dos em conflitos armapratica-dos de índole internacional ou não, em particular quando cometidos como parte de um plano ou política para cometê-los em grande escala, abrangendo violações graves das Convenções de Genebra de 1949 e demais leis e costumes aplicáveis aos conflitos armados, especialmente: homicídio doloso; tor-tura e outros tratamentos desumanos; ataque a civis e destruição injustificada de seus bens; tomada de reféns; guerra sem quartel; saques; morte ou ferimento de adversários que se renderam; utilização de veneno e de armas envenenadas; ma-nejo de gases asfixiantes ou armas tóxicas; uso de armas, projéteis, materiais ou métodos que causem danos supérfluos ou sofrimentos desnecessários; emprego de escudos humanos; (morte de civis por inanição; organização de tribunais de ex-ceção; e recrutamento de crianças menores de 15 anos.

Nesse sentido, infere-se que tal lista de exemplos de crimes de guerra é ple-namente suficiente para legitimar a formação de um tribunal penal internacional para fins de proteção aos direitos humanos os quais foram veementemente trans-gredidos durante um longo período.

7 CRIME DE AGRESSÃO

O art. 2º, § 4º da Carta das Nações Unidas enuncia que “os membros deverão abster-se nas suas relações internacionais de recorrer à ameaça ou ao uso da força, quer seja contra a integridade territorial ou a independência política de um Estado, quer seja de qualquer outro modo incompatível com os objetivos das Nações Uni-das”, evidenciando-se, pois, que o emprego da força e ameaça a fim de dirimir con-vulsões internacionais não é o meio apropriado, configurando-se em uma ilicitude. Em razão da ausência de tipificação do crime de agressão, a conceituação dessa

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natureza de crime foi posta em segundo plano6.

Sobre os crimes de agressão, depois de muita discussão, o tipo acabou sendo inserido no Estatuto, mas não foi definido, pelo que não pode ser aplica-do, diante da exigência de estrita tipificação das figuras delituosas que vigora no campo penal. Esse delito poderá ser mais tarde incluído na jurisdição do Tribunal, se for devidamente caracterizado por ocasião da reforma do Estatuto, que ocorrerá dentro de sete anos depois de sua entrada em vigor. Deverá, no entanto, amoldar-se à Carta das Nações Unidas, a qual prevê algumas hipóteses de guerra justa, a exemplo da intervenção para prevenir ou reprimir ameaças à paz (LEVANDOVSKI, 2002).

Quanto à responsabilidade pelos crimes previstos no Tratado de Roma, considerando-se que o TPI tem o poder de exercer jurisdição sobre pessoas físi-cas, não sobre Estados, a posição que não há, atualmente, a possibilidade de o Tribunal iniciar um processo penal contra um Estado por um crime internacional, tal como o de atos planejados para produzir significativa degradação ambiental. Os Estados, por sua vez, podem ter algum grau de responsabilidade jurídica pela prática de crimes internacionais, nos termos dos princípios da Responsabilidade dos Estados; um Estado pode também ser culpabilizado em consequência de um crime internacional cometido por um de seus representantes7.

Interessante considerar que apesar das inovações trazidas no bojo desta corte de justiça internacional, algumas críticas lhe são direcionadas, relacio-nadas, principalmente, à insuficiência do Estatuto de Roma quanto à previsão de crimes que, semelhante àqueles supra mencionados, também poderiam ser considerados como passíveis de uma maior repressão na seara internacional como, por exemplo, a inexistência de previsão do julgamento de crimes am-bientais internacionais, considerados como coerentes com o escopo do TPI, de prevenir e reprimir ações atentatórias aos bens jurídicos mais elementares para a existência digna da espécie humana, especialmente no que tange à vida e a liberdade (BERAT, 1993; BASSIOUNI, 1999) . Quanto à questão referente à criminalização da conduta ambientalmente prejudicial em convenções

interna-6 O crime de agressão não possui uma conceituação precisa, de modo que sua inserção como espécie de crime no Estatuto de Roma apresentou consideráveis dificuldades. Conforme entendimento do art. 5º, § 2º do Estatuto de Roma, o qual afirma que “o Tribunal poderá exercer a sua competência em relação ao crime de agressão desde que seja provada uma disposição em que se defina o crime e se enunciem as condições em que o Tribunal terá competência relativamente a tal crime”.

7 Trata-se, portanto, de um nível de culpabilidade bem diverso de outro que pudesse atribuir ao próprio Estado uma responsabilidade penal, distinção que contém em si a mensagem de que, independen-temente do grau de envolvimento de um Estado, seu grau de culpabilidade por atos que gerem con-sequências gravíssimas para os seres humanos e para o ambiente é inferior aos padrões pelos quais julgamos os indivíduos.

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cionais de meio ambiente em geral, segundo Cho (2001), uma das principais razões estaria relacionada com o objetivo de impedir a conduta especialmente prejudicial para o ambiente, compartilhado nos níveis nacional e internacional, implicando a necessidade de tratamento do tema mediante convenções inter-nacionais com competência ampla.

Convém reforçar a relevância do tema da existência de um Direito Ambiental Penal supranacional, embora se constate que não houve consenso em relação ao tema da criação de convenções ambientais com a competência necessária no Con-gresso da Terra de 1992, pois a proteção ambiental através do direito penal em nível supranacional ainda encontra oposição8.

Relata ainda Cho (2001), em relação à questão do esforço no sentido do re-conhecimento e codificação de crimes ambientais internacionais, que o Código de Direito Internacional da Comissão de Projeto de Crimes contra a Paz e Segurança da Humanidade9 é produto de dez anos de discussão e marca a segunda tentativa importante pelas Nações Unidas nos últimos quarenta anos da introdução de um quadro normativo abrangente e universal de regulamentação penal internacional. Os componentes centrais de tal regime são um Tribunal Penal Internacional e um código criminal internacional.

8 ANALOGIA ENTRE CRIMES DE GUERRA E CRIMES AMBIENTAIS

Conforme trata Freeland (2005),10 a Declaração de Estocolmo, de 1972, es-tabelece: “O ser humano tem o direito fundamental a um ambiente de uma quali-dade tal que lhe permita levar uma vida digna, gozar de bem-estar (...)”. Comenta, ainda, que dezesseis anos depois, o Protocolo Adicional à Convenção America-na dos Direitos Humanos no Campo dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

8 Em outras palavras, não há nenhuma convenção internacional para estabelecer leis penais no âmbito ambiental internacional, bem como nenhum mecanismo internacional eficaz com a autoridade de execução, com a exceção em relação ao tema em questão dos julgamentos por crimes de guerra in-ternacionais, em que a prática de tribunais internacionais e os tribunais não podem ser apresentadas como prova do reconhecimento internacional na forma de um direito consuetudinário, muito longe ainda um direito penal internacional stricto sensu.

9 Draft Code of Crimes against the Peace and Security of Mankind, in Report of the International Law Commission on Its Forty-third Session, U.N. GAOR, 46th Sess., Supp. No. 10, at 198, U.N. Doc. A/46/10 (1991); McCormack & Simpson, supra note 70 (discussing at length the prospects for the Draft Code). 10 Artigo derivado de documento denominado “Human Security and the Environment – Prosecuting

Environmental Crimes in the International Criminal Court”, apresentado na 12th Annual Conference of the Australian and New Zealand Society of International Law – International Law and Security in the Post-Iraq Era: Where to for International Law?, realizada em Camberra, Austrália, de 18 a 20 de junho de 2004. Disponível em <http://www.law.usyd.edu.au/scigl/ anzsil/>. Acesso em 05 set. 2012.

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afirmou o “direito a viver em um ambiente saudável”, direito que foi inscrito nas constituições nacionais de muitos países. Embora ainda haja alguma discussão em torno de uma definição jurídica precisa para os conceitos vigentes que apare-cem acerca dos “direitos ambientais”, não restam dúvidas a propósito do estreito relacionamento entre direitos humanos e meio ambiente.

Convém ressaltar, em relação ao tema dos impactos ambientais em con-texto de guerra, o aspecto levantado por Freeland (2005) referente à questão do mais relevante instrumento para a proteção ao meio ambiente no quadro das nor-mas que regulamentam a condução da guerra, tendo sido assinalado o Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra de 1949, tendo em vista que o parágrafo 3o do Artigo 35 institui, como “norma básica”, a proibição de uma conduta con-cebida “para causar, ou que se presuma que vá causar, danos extensos, duráveis e graves ao meio ambiente natural”, comentando-se que o Protocolo Adicional I faz referência expressa à necessidade de proteger o meio ambiente, e reitera a proibição no 1o parágrafo do Artigo 55, vinculando-a à “saúde ou à sobrevivência da população”.

Segundo Freeland (2005) o instrumento institui, ainda, sanções penais no caso de “infrações graves” às quatro Convenções de Genebra ou ao próprio Pro-tocolo Adicional I, declarando que tal conduta deve ser observada como crime de guerra, sendo considerado pelo autor como um avanço considerável para a proteção do meio ambiente em tempos de guerra, mas, em termos práticos, pode ser quase impossível demonstrar qual patamar de danos implicaria uma condena-ção por infracondena-ção grave. Conforme comenta FREELAND (2005), citando o caso do incêndio de 736 poços de petróleo no Kuwait (Figura 01), provocado pelas forças em retirada, no final da primeira invasão iraquiana, sobre o tema dos crimes am-bientais em contexto de guerra:

De forma similar, está claro que a depredação deliberada do meio ambiente pode gerar efeitos catastróficos não apenas em termos ecológicos, mas também sobre as populações humanas. Ações estra-tegicamente planejadas para destruir uma parte importante do meio ambiente representam uma infração aos direitos humanos básicos das pessoas afetadas. A relação entre a segurança humana e um ambiente seguro e habitável é fundamental, em particular no que tange ao aces-so aos recuraces-sos naturais. No entanto – especialmente em contextos bélicos –, temos testemunhado inúmeros atos destinados à destruição deliberada do ambiente natural, tendo em vista metas estratégicas. O aniquilamento intencional do ambiente como método para ameaçar a segurança humana vem se tornando de forma crescente uma tática

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empregada em conflitos, dando origem a termos como “Ecocídio” ou “geocídio” 11. (FREELAND, 2005, p. 120).

Figura 01: Caças USAF sobrevoando área com poço de

petróleo incendiados, na Guerra do Golfo12.

Convém destacar que, além das situações envolvendo danos ao meio am-biente em contexto de guerra, Freelandressalta, conforme dispõe o texto transcrito abaixo, que questões ambientais relacionadas com a falta ou restrições ao acesso aos recursos naturais por nações e populações possuem implicações diretas em crises de sustentabilidade de níveis adequados de qualidade de vida para coletivos humanos agrupados conforme características sociais e étnicas particulares, induzin-do a conflitos bélicos, inclusive.

Outra ligação significativa entre o ambiente e os conflitos humanos nem sempre é levada em conta: o acesso aos recursos naturais – ou a falta de acesso –, às vezes basta, por si só, para disparar o gatilho de um conflito. Uma das tensões latentes entre Israel e a Síria é o acesso à água. O Programa Ambiental das Nações Unidas relatou que

11 Comenta FREELAND que uma das consequências trágicas dos conflitos reside no fato de que o am-biente natural é quase sempre vulnerável aos objetivos bélicos ou às armas de guerra. É difícil esque-cer as imagens fantasmagóricas do incêndio de 736 poços de petróleo no Kuwait, provocado pelas forças em retirada, no final da primeira invasão iraquiana; ou a drenagem sistemática dos pântanos de al-Hawizeh e al-Hammar, no sul do Iraque, pelo regime de Saddam Hussein, destruindo de fato a base de subsistência de 500 mil árabes dos pântanos, que habitavam esse ecossistema único.

12 Fonte: Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:USAF_F-16A_F-15C_F-15E_De-sert_Storm_edit2.jpg>. Acesso em: 10 set. 2012.

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os danos ambientais têm sido uma causa importante dos distúrbios políticos e dos conflitos na República Democrática do Congo e no Hai-ti. [...]

Ações intencionais para causar ampla destruição ambiental e que afe-tam de modo expressivo determinados grupos de pessoas represen-tam não apenas um aspecto estratégico dos conflitos, mas represen-também um fator de intensificação do próprio conflito. Por isso, é importante dispor de medidas apropriadas de intervenção que respondam à des-truição ambiental deliberada, em situações de guerra. Em uma época em que a moral, a ética e o direito internacional passaram a reco-nhecer os direitos dos indivíduos, e em que os conceitos de direitos ambientais e ecológicos vêm ganhando aceitação geral, é natural que a destruição deliberada do ambiente durante conflitos armados seja enquadrada por rigorosas normas jurídicas internacionais. Além dis-so, em determinadas circunstâncias, tal destruição deveria resultar em responsabilização penal individual, no plano internacional. Se a destruição ambiental for conduzida de modo a causar danos graves e implicar sofrimento humano, tal ação deveria constituir crime contra a comunidade internacional como um todo e, portanto, crime inter-nacional – apropriadamente chamado “Crime contra o Meio Ambien-te”. (FREELAND, 2005, p. 121).

Mais adiante, destaca:

Um regime legal que permitisse a responsabilização criminal individu-al no plano internacionindividu-al, em caso de destruição significativa e deli-berada do meio ambiente, levaria os dirigentes militares e políticos a avaliar com mais cuidado as consequências de seus atos. Promoveria a importância da proteção do ambiente e dos direitos ambientais, mesmo em tempos de guerra, estigmatizando publicamente ações que desprezam tais direitos. Desse modo, a destruição ambiental não seria mais uma mera consequência colateral dos conflitos. (FRE-ELAND, 2005, p. 121).

Importante destacar que o Estatuto inclui crimes de violência sexual tais como a violação e escravidão sexual, a prostituição forçada e a gravidez à força como cri-mes contra a humanidade, quando cometidos como parte de um ataque amplo e sistemático contra uma povoação civil. Também são crimes de guerra quando ocor-rem em conflitos armados internos ou internacionais.

9 SOBRE A INTENÇÃO DE CRIME CONTRA A HUMANIDADE EM CRIMES AMBIEN-TAIS

Interessante destacar, em relação ao elemento volitivo no Direito Penal, re-lacionado ao contexto abordado no presente trabalho, que a culpa deriva do latim, significando uma falta cometida contra o dever, seja por ação ou omissão,

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normal-mente procedida por negligência, imprudência ou imperícia, dividindo-se em culpa consciente ou inconsciente.

Ressalte-se que na culpa não há a ação positiva de causar o dano e, tão-somente a falta do dever de cuidado objetivo que a pessoa deveria ter. O dolo, por sua vez, consiste na prática de ato ou omissão de fato, cujo resultado resulta em crime, sendo necessário que o agente tenha desejado o resultado ou assumido o risco de produzi-lo, dividindo-se, essencialmente, em dolo eventual e dolo direto. Entre o dolo eventual e a culpa consciente existe um elo, visto que, na culpa cons-ciente, o resultado é previsto pelo agente. Ele confia que o mesmo não ocorrerá, e no dolo eventual, ele, o agente, assume o risco de produzir o resultado. Para que um indivíduo seja sancionado penalmente, é necessário que a conduta praticada esteja previamente tipificada no Código Penal, em conformidade com a Doutrina do Direito Penal do Fato, adotada atualmente pela maioria das legislações.

Quanto à questão correspondente ao elemento volitivo em crimes contra a humanidade em crimes ambientais, a interpretação tradicional da intenção de destruir para a caracterização do genocídio está relacionada com a concepção do conceito de intenção, o que requer um tratamento diferenciado em conformidade com o Estatuto, pois a concepção tradicional baseada na intenção de destruir é requisito a ser considerado em conformidade com o nível de atuação dos sujeitos envolvidos (AMBOS, 2009).

Consequentemente, um sujeito não precisa agir com uma intenção “especial” (propósito ou desejo) para destruir um grupo, mas somente com o conhecimento de que seus atos são parte de um contexto global de genocídio ou de campanha. Como para a destruição final do grupo, o autor pode não ter conhecimento do risco do genocídio, mas pode desejar esse resultado, uma vez que é um evento futuro, sua atitude em relação a esta última consequência (genocídio propriamente dito) não é determinante para configurar a intenção de destruir.

A principal razão para criminalizar condutas prejudiciais ao meio ambiente em convenções internacionais de meio ambiente em geral é o de impedir a condu-ta que é particularmente prejudicial ao meio ambiente compartilhado nos níveis nacional e internacional. Quanto aos tipos e características de disposições penais, em nível de acordos internacionais, as disposições penais das convenções interna-cionais ambientais parecem ser uma abordagem na busca de uma solução para um problema. Agora, a maioria das convenções ambientais tem disposições penais, e muitas convenções internacionais obrigam os Estados, parte da Convenção, a de-senvolverem legislações nacionais adequadas, com a previsão expressa em relação à punição dos atos proibidos.

O primeiro tipo de abordagem das disposições penais das convenções inter-nacionais ambientais exige que as partes contratantes tomem medidas adequadas para assegurar a aplicação do acordo. O segundo tipo de abordagem inclui a exigên-cia para as partes de promulgar e fazer cumprir a legislação, como pode ser

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neces-sário para tornar efetivas as disposições. O terceiro advoga que as violações devem ser um crime punível sob a lei do território onde o navio (caso de poluição dos oceanos – águas internacionais) esteja registrado, ou “deve ser feita uma ofensa pu-nível por cada Estado-Parte por sua legislação nacional. O quarto tipo dispõe que as partes devem promulgar e aplicar leis e outras medidas que possam ser necessárias para a finalidade de dar efeito ao acordo, e inclui várias proibições. Estes tipos de provisões são encontrados em cerca de quinze acordos multilaterais relativos a ma-térias relativas ao ambiente. Eles também são encontrados em um número limitado de acordos bilaterais e de instrumentos multilaterais. Alguns acordos expressamen-te reconhecem a sua função dissuasiva no sentido de que “as penas fixadas na lei de um partido devem ser suficientemente severas para desencorajar as violações da presente Convenção (1982)” 13.

Uma boa parte das convenções acima mencionadas contém o que poderia ser referido como “disposições de policiamento”, para permitir às partes tomarem medidas no local para fazer cumprir as regras do acordo. Isso é verdade, por exem-plo, da Convenção de 191114, para a Preservação de mamíferos marinhos da família Otaridae, altamente valorizado pela sua pele. Da mesma forma, o Acordo

Interna-cional de 1937 para a Regulamentação da Caça à Baleia, prevê, no artigo 1, que as partes “deverão manter pelo menos um inspetor de caça em cada navio-fábrica sob sua jurisdição”.

10 ECOCíDIO: CRIME CONTRA A HUMANIDADE

A citação referente ao “Ecocídio” apareceu no topo de um ensaio apresen-tado no verão de 1997, no periódico Earth Island Journal, que levantou a questão: “Como lidar com o Mal Industrial?”, tendo sido solicitado mediante demandas pro-venientes do Congresso, que revelou como a indústria do tabaco, apesar de déca-das de negação, há muito tempo sabia que o cigarro causava câncer.

Para impedir desastres semelhantes e exigir justiça em nível mundial, a ad-vogada e ativista Polly Higgins, radicada em Londres, apresentou, em abril de 2010, uma proposta legal à Organização das Nações Unidas (ONU) para considerar os da-nos ambientais graves como crime contra a paz, chamando-os de “ecocídios”. O Tribunal Penal Internacional (TPI) foi criado em 2002 para julgar casos contra quatro

13 Por exemplo, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar Para o Direito Marítimo, em geral. A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), também chamada de Lei da Convenção do Mar e da Lei do Tratado do Mar (Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar) afirma: “As sanções prevista pelas leis e regulamentos dos Estados para os navios que arvorem a sua bandeira devem ser suficientemente severas para desencorajar as violações onde quer que ocorram”. 14 A convenção, no artigo 7º, prevê que “cada país irá manter um guarda ou patrulha nas águas frequen-tadas pela manada de focas na proteção do que é especialmente interessado, tanto quanto pode ser necessário para o cumprimento da Convenção”.

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tipos de crime contra a paz: genocídio, crimes de guerra, de agressão e contra a hu-manidade. “As legislações nacionais ambientais não são suficientes”, disse Higgins. “Temos um enorme dano e destruição ocorrendo diariamente, e se agrava, não diminui”, acrescentou15.

Higgins (2010)16, portanto, define Ecocídio como: “a extensa destruição, dano ou perda de ecossistema(s) ou de um determinado território, seja por ação humana ou por outras causas, a tal ponto que o gozo pacífico dos habitantes desse território foi severamente diminuído” (um relatório da ONU reforça a preocupação de Hig-gins, estimando que 3.000 das maiores empresas do mundo já causaram US$ 2,2 trilhões em danos ambientais)17.

Comenta, ainda, que um verdadeiro desafio para definir Ecocídio vem sendo descobrir qual o nível de destruição do meio ambiente que constituiria um “crime contra a paz”, tendo em conta que o genocídio envolve o pressuposto da intenção criminosa, enquanto ação dolosa, enquanto Ecocídio é tipicamente um subproduto da ganância e negligência, sendo, portando, qualificado a priori como ação culposa. Comenta a ativista que a destruição dos ecossistemas da floresta tropical da Azônia e da Indonésia, a desestabilização do sistema do mundo, clima e poluição ma-ciça da BP18 do Golfo do México deve claramente passar no teste do “Ecocídio” 19, argumentado que outras das incontáveis árvores cortadas na Amazônia (Figura 2) ou das areias de alcatrão do Canadá, não tiveram tanta repercussão, mas também atestam o preço que tem a ambição humana.

15 Sua proposta define “ecocídio” como “a vasta destruição, dano ou perda de ecossistemas de um determinado território, seja por causa humana ou outras, em tal nível que o gozo pacífico de seus habitantes seja severamente reduzido”. A advogada também explicou que existe um círculo vicioso nas relações da humanidade com a natureza: a exploração intensiva dos recursos esgota e degrada os ecossistemas, o que gera conflitos entre as pessoas, às vezes armados. A guerra, por sua vez, provoca danos em grande escala no meio ambiente. A deterioração ambiental maciça durante tempos de guerra já é proibida.

16 Ex-advogada britânica Polly Higgins, que reavivou o debate sobre o mal corporativo com uma propos-ta que pede às Nações Unidas que reconheçam “ecocídio” como um “crime contra a paz” - o quinto - que poderia ser processado pelo Tribunal Penal Internacional ao lado de “genocídio”, “crimes de guerra”, “limpeza étnica” e “crimes contra a humanidade”.

17 A definição de Higgins é ainda mais ampla do que parece à primeira vista, uma vez que sua definição de “habitantes” inclui plantas e animais, bem como populações humanas. A revista The Ecologist a chamou de “Um dos Dez Melhores Visionários para Salvar o Planeta”, e, em 2008, ela foi convidada para apresentar a sua proposta de uma Declaração Universal dos Direitos Planetários junto às Nações Unidas. Até agora, apenas a Bolívia aprovou formalmente a Declaração, enquanto o vizinho Equador consagrou o “direito da natureza” em sua Constituição.

18 Empresa petroleira inglesa (British Petroleum).

19 As imagens da imensa mancha negra de petróleo que cobriu o Golfo do México percorreram o mun-do como testemunho de um mun-dos maiores desastres ambientais da história, em que milhões de litros de petróleo ainda se espalham pelo Golfo do México após a explosão de uma plataforma, ocorrida em 20 de abril de 2010, quando uma enorme mancha de petróleo se espalhou pelo Golfo do México, resultado da explosão da plataforma petrolífera Deepwater Horizon.

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Convém destacar que o artigo sobre “crimes de guerra” no Estatuto de Roma, que deu origem ao TPI (1998), proíbe “o dano de longo prazo e severo do meio ambiente” em certas condições, dispondo a convenção sobre a proibição de utilizar técnicas de modificação ambiental com fins militares ou outros fins hostis proíbe o uso do meio ambiente como arma nos conflitos armados, consistindo a proposta de Higgins na busca pela extensão dessas proibições para tempos de paz, de forma dissociada a contextos bélicos.

Figura 2: Explosão da plataforma petrolífera Deepwater Horizon, no Golfo do México, em

20/04/201020 e imagem de área de desmatamento na região Amazônica no Brasil.21

Embora haja diferentes caminhos para um caso ser levado ao TPI, acredita a ati-vista que os “ecocídios” provavelmente se basearão em informação apresentada por organizações não governamentais e comunidades locais. A proposta, segundo a ativis-ta, se fundamenta na tese da possibilidade de punição, pelo TPI, dos responsáveis por “ecocídios”, bem como a competência do tribunal em fazer cumprir a ordem da restau-ração do dano em lugar do pagamento de multas, pena comum e inócua em legislações ambientais de muitos países, tendo em vista que muitas corporações conscientes das sanções financeiras não argumentam, simplesmente incluem as multas em seu orça-mento de despesa, não se comprometendo na reparação dos danos causados.

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desse modo, o presente artigo, possuindo como objetivo o estudo das condi-ções para a caracterização de crimes ambientais como passíveis de tratamento pelo Tribunal Penal Internacional, à luz da teoria funcionalista, apresenta considerações

20 Fonte: Imagem disponível em: <http://saibahistoria.blogspot.com.br/2010/05/um-crime-ambiental-que-entrou-para.html>. Acesso em: 12 set. 2012.

21 Fonte: Imagem disponível em: <http://www.infoescola.com/ecologia/crime-ambiental/>. Acesso em: 12 set. 2012).

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sobre as condições para a caracterização de crimes ambientais como ameaças à so-brevivência, em condições dignas, de etnias e coletivos humanos. Aborda a questão ao comparar o crime contra a humanidade, tipificado no Tratado de Roma, a crimes ambientais em contextos de guerra, mediante metodologia baseada na analogia e comenta sobre a possibilidade para o tratamento, pelo Tribunal Penal Internacional, de crimes ambientais considerados como danosos contra a humanidade.

Os direitos ambientais representam um componente importante dos direitos humanos fundamentais. Sem acesso a um ambiente seguro, as populações humanas podem não subsistir, nem sequer a um nível mínimo. O direito de viver em um ambien-te seguro requer a proambien-teção por meio de mecanismos jurídicos adequados e factíveis. A relevância desses direitos significa que a destruição deliberada do ambiente, direito incluso durante um conflito, está restrita pelos princípios da legislação ambiental e pode implicar a responsabilidade do Estado. Sem dúvida, o requisito básico da segurança am-biental significa que os atos praticados com a intenção de comprometer gravemente os direitos ambientais durante um conflito também geram responsabilidade penal.

Fazer cumprir – a legislação que protege a segurança ambiental em amplitu-de internacional – amplitu-deve caber às instituições internacionais cridas como resultado de processos diplomáticos, jurídicos e políticos. A integridade dos direitos ambien-tais significa que sua proteção deve ser assegurada por órgãos criados com a acei-tação geral (idealizada, universal) da comunidade internacional. O TPI é o primeiro e único tribunal penal internacional permanente (pelo menos atualmente) e, como tal, representa o foro judicial apropriado para ajuizar tais atos, apesar da resistência que ainda sofre por parte dos Estados Unidos e de outros países. Um dos principais objetivos que levaram a constituir o Tribunal Penal Internacional foi coibir e castigar os mais graves crimes internacionais, que também “ameaçam a paz, a segurança e o bem-estar da humanidade” (Estatuto de Roma, 1998). A destruição deliberada do ambiente para fins estratégicos e militares, com suas sequelas desastrosas para as populações humanas, se enquadra claramente em esta descrição.

A jurisdição do TPI limita-se aos crimes específicos definidos no Estatuto de Roma (1998)22. É importante que o Tribunal, atue de forma a evitar acusações de que suas competências estão sendo indevidamente ampliadas, dada a natureza altamente política da oposição ao Tribunal. Isto significa que, mesmo que surjam novos exemplos de ações inaceitáveis praticadas por seres humanos contra outros seres humanos, não se pode esperar que o Tribunal desempenhe seu papel até que tais ações possam ser claramente enquadradas entre os crimes já definidos da competência do TPI.

Apesar destas limitações, a instituição de processos contra crimes ambien-tais, nos termos da atual jurisdição do Tribunal é possível e apropriada, congruente

22 Estatuto de Roma: Tratado que estabeleceu o Tribunal Penal Internacional, adotado em 1998, Ato Internacional que entrou em vigor internacional em 1o de julho de 2002, e passou a vigorar, para o Brasil, em 1o de setembro de 2002, tendo sido Promulgado mediante o Decreto no. 4.388, de 25 de setembro de 2002.

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com os dispositivos do Estatuto de Roma, sempre que as circunstâncias assim o justifiquem. Não existe uma razão jurídica impeditiva, sendo conveniente destacar que quando doutrinadores excluem taxativamente a possibilidade de que o TPI de-sempenhe um papel em relação aos crimes ambientais, estão avaliando o tema de forma precipitada e incorreta, tendo em vista a gravidade dos efeitos que o dano ambiental imporia ao grupo afetado.

Assim, os militares e outras pessoas envolvidas em conflitos armados não po-dem atuar sem ter em conta o impacto dos seus atos sobre o meio ambiente, sendo justificável, principalmente nos casos em que o próprio meio ambiente (ainda que indiretamente) seja o objeto das ações, considerando-se que os crimes poderiam ser ajuizados conforme os termos do Estatuto de Roma, importando no processo tanto fatores de ordem política como aspectos eminentemente jurídicos. Sem dúvida, a condenação por tais crimes constituiria um importante passo no sentido de inibir atos relacionados a sérias violações de direitos humanos atentando contra a segurança de coletivos e sustentabilidade do desenvolvimento e autodeterminação dos povos.

Considera-se que para o tratamento pleno dos crimes contra o meio ambien-te no Estatuto de Roma, faz-se necessário, dianambien-te da exigência de estrita tipificação das figuras delituosas que vigora no campo penal, a inclusão do delito na jurisdição do Tribunal, juntamente com o tipo penal dos crimes de agressão, conforme previs-to por Levandovski (2002), visando possibilitar a aplicação da pena, com a devida caracterização do tipo no Estatuto por ocasião da eventual reforma do diploma.

Associada à evolução dogmática na área da legislação ambiental internacio-nal, o tema do direito ambiental internacional penal é considerado como um cam-po emergente, tendo em vista a sua complexidade e as expectativas de resultados positivos advindos da transnacionalização do direito penal ambiental, bem como consiste, em tese, a necessidade de um direito penal associado a sistema ambiental internacional, ao invés de simplesmente mais princípios internacionais de direito penal aplicados sobre o meio ambiente.

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Imagem

Figura 01: Caças USAF sobrevoando área com poço de  petróleo incendiados, na Guerra do Golfo 12 .
Figura 2: Explosão da plataforma petrolífera Deepwater Horizon, no Golfo do México, em  20/04/2010 20  e imagem de área de desmatamento na região Amazônica no Brasil

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