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Maus tratos em crianças e jovens – Normas de Orientação Clínica

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MAUS TRATOS EM CRIANÇAS E JOVENS

GUIA PRÁTICO

DE

ABORDAGEM, DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO

Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco

Direcção-Geral da Saúde

Fevereiro de 2011

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Ficha Técnica

Documento elaborado por:

Ana Leça Ana Perdigão Ana Rita Laranjeira Bárbara Menezes (coord.) Carmo Velez Carolina Veloso Dina Oliveira Edite Branco Helena Jardim Marta Chaves Vasco Prazeres (coord.)

Com a colaboração de:

Maria de Lurdes Amaral Maria José Lobo Fernandes

Apoio Administrativo de:

Maria Augusta Correia

Edição:

Direcção-Geral da Saúde Divisão de Comunicação e Promoção da Saúde no Ciclo de Vida

(4)

ÍNDICE

Pág.

INTRODUÇÃO 6

1. MAUS TRATOS EM CRIANÇAS E JOVENS 7

1.1. CONCEITO 7

1.2. TIPOLOGIA 7

1.3. OBJECTIVOS DA INTERVENÇÃO 10

1.4. DINÂMICA DOS MAUS TRATOS E INTERVENÇÃO EM SAÚDE 10

1.4.1. Factores de Risco 11

1.4.2. Factores de Protecção 11

1.4.3. Factores de Agravamento/Crises de Vida 11

1.4.4. Sinais de Alerta 14

1.4.5. Gravidade dos Maus Tratos 19

1.4.6. Situações de Perigo 20

1.4.7. Conceito de Urgência na Protecção dos Maus Tratos 20

1.5. BOAS PRÁTICAS NA ENTREVISTA 24

1.5.1. Recolha de Informação e Orientações para a Entrevista 24

1.6. FUNDAMENTAÇÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL 26

BIBLIOGRAFIA 28 ANEXOS Anexo I Anexo II Anexo III Anexo IV Anexo V Anexo VI

Ficha de Sinalização para os Cuidados de Saúde Primários, Serviços de Internamento e Consultas Externas Hospitalares Ficha de Sinalização e de Continuidade de Cuidados em Situações de Risco para os Serviços de Urgência Pediátrica / Serviço de Urgência Básica / Consulta de Reforço ou outra Guia de Registo de Visitação Domiciliária

Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo (Lei n.º 147/99, de 1 de Setembro)

Modelo de Relatório para Aplicação do Artigo 91º da Lei n.º 147/99, de 1 de Setembro

Modelo de Relatório para denúncia de situação de mau trato em criança/jovem como crime público

31 32 40 48 52 54 58

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ÍNDICE DE QUADROS E FIGURAS

Pág.

Quadro 1 Alguns sinais, sintomas e indicadores de negligência 7

Quadro 2 Alguns sinais, sintomas e indicadores de mau trato físico 8

Quadro 3 Alguns sinais, sintomas e indicadores de mau trato

psicológico/emocional

8

Quadro 4 Alguns sinais, sintomas e indicadores de abuso sexual 9

Quadro 5 Procedimento 1: Intervenção, em Cuidados de Saúde Primários, na detecção de factores de risco/protecção/agravamento nos maus tratos

13

Quadro 6 Procedimento 2: Detecção de sinais de alerta para uma situação de maus tratos em Cuidados de Saúde Primários

17 Quadro 7 Procedimento 3: Intervenção para a detecção de factores de

risco e/ou sinais de alerta em Meio Hospitalar e em Serviço de Urgência Básico

18

Quadro 8 Situações de perigo para a criança ou jovem 20

Quadro 9 Procedimento 4: Intervenção para Procedimento de Urgência em CSP e Cuidados Hospitalares

23

Quadro 10 Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo 27

Figura 1 Algoritmo 1: Detecção de factores de risco, de protecção e de agravamento/crises de vida, em Cuidados de Saúde Primários

12 Figura 2 Algoritmo 2: Detecção de sinais de alerta em Cuidados de Saúde

Primários e em meio Hospitalar

15 Figura 3 Algoritmo 3: Detecção de situações de maus tratos em Cuidados

de Saúde Primários e em meio Hospitalar

16

Figura 4 Algoritmo 4: Procedimento de Urgência 22

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LISTA DE SIGLAS

CP Código Penal

CPCJ Comissão de Protecção de Crianças e Jovens

CSP Cuidados de Saúde Primários

LPCJP Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo

MP Ministério Público

NACJR Núcleo de Apoio a Crianças e Jovens em Risco

NHACJR Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco

PIAF Plano de Intervenção e Apoio à Família

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Direcção Geral da Saúde

Maus Tratos em Crianças e Jovens – Guia Prático de Abordagem, Diagnóstico e Intervenção 6

INTRODUÇÃO

Os maus tratos em crianças e jovens são entendidos, hoje, como um verdadeiro problema de saúde pública a nível mundial.

A cultura tradicional - em que as crianças e os jovens nem sempre têm sido encarados como sujeitos de plenos direitos - a complexidade deste tipo de questões e a diversidade nas formas de expressão clínica têm dificultado a concretização de respostas concertadas e efectivas por parte dos serviços e dos profissionais de saúde.

A Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco, criada pelo Despacho da Ministra da Saúde n.º 31292/2008, de 5 de Dezembro, veio estruturar e operacionalizar a intervenção neste domínio, assim como promover as boas práticas face a este problema de saúde.

O presente documento, elaborado a partir das Orientações Técnicas aprovadas pelo citado Diploma, visa constituir um instrumento de trabalho útil para todos os profissionais e equipas que, nos diferentes níveis da prestação de cuidados, trabalham na promoção da saúde das crianças e dos jovens.

Pretende-se assim contribuir para:

1. Sensibilizar e motivar os profissionais de saúde sobre o seu papel na prevenção e intervenção nos maus tratos;

2. Clarificar e uniformizar os conceitos básicos mais importantes sobre os maus tratos (definição, tipologia, sinais, sintomas e indicadores);

3. Facilitar os processos de identificação e intervenção, indicando quando, como e quem deve intervir numa determinada situação observada;

4. Promover actuações coordenadas entre as diferentes entidades com responsabilidade de intervenção neste domínio.

O presente texto, enquanto instrumento de apoio à prática do dia-a-dia, não substitui a leitura do documento Maus Tratos em Crianças e Jovens – Intervenção da Saúde, a qual permitirá aprofundar conhecimentos nesta matéria.

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Maus Tratos em Crianças e Jovens – Guia Prático de Abordagem, Diagnóstico e Intervenção 7

1. MAUS TRATOS EM CRIANÇAS E JOVENS

1.1. CONCEITO

Os maus tratos em crianças e jovens dizem respeito a qualquer acção ou omissão não acidental, perpetrada pelos pais, cuidadores ou outrem, que ameace a segurança, dignidade e desenvolvimento biopsicossocial e afectivo da vítima.

1.2. TIPOLOGIA

Existe uma multiplicidade de situações que consubstanciam a prática de maus tratos, os quais podem apresentar diferentes formas clínicas, por vezes associadas:

negligência (inclui abandono e mendicidade), mau trato físico, abuso sexual, mau trato psicológico/emocional e Síndroma de Munchausen por Procuração.

NEGLIGÊNCIA

Entende-se por negligência a incapacidade de proporcionar à criança ou ao jovem a satisfação de necessidades básicas de higiene, alimentação, afecto, educação e saúde, indispensáveis para o crescimento e desenvolvimento adequados. Regra geral, é continuada no tempo, pode manifestar-se de forma activa, em que existe intenção de causar dano à vítima, ou passiva, quando resulta de incompetência ou incapacidade dos pais, ou outros responsáveis, para assegurar tais necessidades (Quadro 1).

Quadro 1 - Alguns sinais, sintomas e indicadores de negligência NEGLIGÊNCIA

 Carência de higiene (tendo em conta as normas culturais e o meio familiar);  Vestuário desadequado em relação à estação do ano e lesões consequentes de

exposições climáticas adversas;

 Inexistência de rotinas (nomeadamente, alimentação e ciclo sono/vigília);  Hematomas ou outras lesões inexplicadas e acidentes frequentes por falta de

supervisão de situações perigosas;

 Perturbações no desenvolvimento e nas aquisições sociais (linguagem, motricidade, socialização) que não estejam a ser devidamente acompanhadas;  Incumprimento do Programa-Tipo de Actuação em Saúde Infantil e Juvenil e/ou

do Programa Nacional de Vacinação;

 Doença crónica sem cuidados adequados (falta de adesão a vigilância e terapêutica programadas);

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Maus Tratos em Crianças e Jovens – Guia Prático de Abordagem, Diagnóstico e Intervenção 8

MAU TRATO FÍSICO

O mau trato físico resulta de qualquer acção não acidental, isolada ou repetida, infligida por pais, cuidadores ou outros com responsabilidade face à criança ou jovem, a qual provoque (ou possa vir a provocar) dano físico.

Este tipo de maus tratos engloba um conjunto diversificado de situações traumáticas, desde a Síndroma da Criança Abanada até a intoxicações provocadas (Quadro 2).

Quadro 2 - Alguns sinais, sintomas e indicadores de mau trato físico MAU TRATO FÍSICO

 Equimoses, hematomas, escoriações, queimaduras, cortes e mordeduras em locais pouco comuns aos traumatismos de tipo acidental (face, periocular, orelhas, boca e pescoço ou na parte proximal das extremidades, genitais e nádegas);

 Sindroma da criança abanada (sacudida ou chocalhada);

 Alopécia traumática e/ou por postura prolongada com deformação do crânio;  Lesões provocadas que deixam marca(s) (por exemplo, de fivela, corda, mãos,

chicote, régua…);

 Sequelas de traumatismo antigo (calos ósseos resultantes de fractura);  Fracturas das costelas e corpos vertebrais, fractura de metáfise;  Demora ou ausência na procura de cuidados médicos;

 História inadequada ou recusa em explicar o mecanismo da lesão pela criança ou pelos diferentes cuidadores;

 Perturbações do desenvolvimento (peso, estatura, linguagem, …);  Alterações graves do estado nutricional.

MAU TRATO PSICOLÓGICO/EMOCIONAL

O mau trato psicológico resulta da privação de um ambiente de segurança e de bem-estar afectivo indispensável ao crescimento, desenvolvimento e comportamento equilibrados da criança/jovem.

Engloba diferentes situações, desde a precariedade de cuidados ou de afeição adequados à idade e situação pessoal, até à completa rejeição afectiva, passando pela depreciação permanente da criança/jovem, com frequente repercussão negativa a nível comportamental (Quadro 3).

Quadro 3 - Alguns sinais, sintomas e indicadores de mau trato psicológico/emocional MAU TRATO PSICOLÓGICO / EMOCIONAL

 Episódios de urgência repetidos por cefaleias, dores musculares e abdominais sem causa orgânica aparente;

 Comportamentos agressivos (autoagressividade e/ou heteroagressividade) e/ou auto-mutilação;

 Excessiva ansiedade ou dificuldade nas relações afectivas interpessoais;  Perturbações do comportamento alimentar;

 Alterações do controlo dos esfíncteres (enurese, encoprese);  Choro incontrolável no primeiro ano de vida;

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Maus Tratos em Crianças e Jovens – Guia Prático de Abordagem, Diagnóstico e Intervenção 9

ABUSO SEXUAL

O abuso sexual corresponde ao envolvimento de uma criança ou adolescente em actividades cuja finalidade visa a satisfação sexual de um adulto ou outra pessoa mais velha.

Baseia-se numa relação de poder ou de autoridade e consubstancia-se em práticas nas quais a criança/adolescente, em função do estádio de desenvolvimento:

- Não tem capacidade para compreender que delas é vítima;

- Percebendo que o é, não tem capacidade para nomear o abuso sexual; - Não se encontra estruturalmente preparada;

- Não se encontra capaz de dar o seu consentimento livre e esclarecido.

O abuso sexual pode revestir-se de diferentes formas – que podem ir desde importunar a criança ou jovem, obrigar a tomar conhecimento ou presenciar conversas, escritos e espectáculos obscenos, utilizá-la em sessões fotográficas e filmagens, até à prática de coito (cópula, coito anal ou oral), ou introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou objectos, passando pela manipulação dos órgãos sexuais, entre outras - as quais se encontram previstas e punidas pelo actual art.º 171.º do Código Penal (CP)6, que trata expressamente do crime de abuso sexual de crianças.

Sempre que do acto resulte gravidez, ofensa à integridade física grave ou morte da vítima, infecções de transmissão sexual ou suicídio, a pena será agravada em metade ou em um terço, nos seus limites máximos e mínimos, conforme o caso em apreço e de acordo com a idade da vítima. O mesmo sucede se esta for descendente, adoptada ou tutelada do agente – art.º 177º CP.

Frequentemente, o abuso sexual é perpetrado sem que haja qualquer indício físico de que tenha ocorrido, facto que pode dificultar o diagnóstico. Recomenda-se, sempre que possível, a colaboração da saúde mental infantil, tanto na ajuda para o diagnóstico como para a intervenção. Contudo, em algumas situações, é possível identificar sintomas/sinais deste tipo de mau trato (Quadro 4).

Quadro 4 - Alguns sinais, sintomas e indicadores de abuso sexual ABUSO SEXUAL

 Lesões externas nos órgãos genitais (eritema, edema, laceração, fissuras, erosão, infecção);

 Presença de esperma no corpo da criança/jovem;

 Lassidão anormal do esfíncter anal ou do hímen, fissuras anais;  Leucorreia persistente ou recorrente;

 Prurido, dor ou edema na região vaginal ou anal;  Lesões no pénis ou região escrotal;

 Equimoses e/ou petéquias na mucosa oral e/ou laceração do freio dos lábios;  Laceração do hímen;

 Infecções de transmissão sexual;  Gravidez.

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Maus Tratos em Crianças e Jovens – Guia Prático de Abordagem, Diagnóstico e Intervenção 10

SÍNDROMA DE MUNCHAUSEN POR PROCURAÇÃO

A Síndroma de Munchausen por Procuração diz respeito à atribuição à criança, por parte de um elemento da família ou cuidador, de sinais e sintomas vários, com o intuito de convencer a equipa clínica da existência de uma doença, gerando, por vezes, procedimentos de diagnóstico exaustivos, incluindo o recurso a técnicas invasivas e hospitalizações frequentes.

Trata-se de uma forma rara de maus tratos, mas que coloca grandes dificuldades de diagnóstico, dado que sintomas, sinais e forma de abuso são inaparentes ou foram provocados subrepticiamente.

São indicadoras de Sindroma Munchausen por Procuração situações como, por exemplo, as seguintes: ministrar à criança/jovem uma droga/medicamento para provocar determinada sintomatologia; adicionar sangue ou contaminantes bacterianos às amostras de urina da vítima; provocar semi-sufocação de forma repetida antes de acorrer ao serviço de urgência anunciando crises de apneia.

1.3. OBJECTIVOS DA INTERVENÇÃO

Face a uma situação em que haja suspeita de sujeição a maus tratos, a intervenção dos profissionais de saúde deve ter como objectivos prioritários:

a. Proteger a criança/jovem;

b. Intervir no risco para prevenir evolução para o perigo; c. Evitar a recorrência.

1.4. DINÂMICA DOS MAUS TRATOS E INTERVENÇÃO EM SAÚDE

Os Maus Tratos resultam da conjugação de diferentes factores (de risco, protecção e agravamento/crise de vida) que interagem entre si e que devem ser ponderados durante a avaliação da situação. Só dessa forma se tornará viável a prossecução dos objectivos da intervenção em saúde referidos atrás.

A propósito dos conceitos de RISCO e de PERIGO, é de salientar que:

O RISCO, sendo um conceito mais lato que o de perigo, diz respeito à vulnerabilidade da criança/jovem vir a sofrer de maus tratos.

O PERIGO, que adquire um sentido mais concreto, corresponde à objectivação do risco.

As situações de perigo encontram-se tipificadas na Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, pelo que a ponderação dos factores de risco que a elas podem conduzir deve tomar por referencial tal tipificação (Quadro 8).

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Maus Tratos em Crianças e Jovens – Guia Prático de Abordagem, Diagnóstico e Intervenção 11

1.4.1. Factores de Risco

No que respeita aos factores de risco de maus tratos, considera-se que:

Os factores de risco, por si sós, não provam a existência de maus tratos; apenas indiciam a probabilidade do seu aparecimento.

Os factores de risco dizem respeito à criança/jovem, família e/ou cuidadores e aos contextos de vida (Figura 1 e Quadro 5).

1.4.2. Factores de Protecção

Os factores de protecção incluem variáveis biopsicossociais que apoiam e favorecem o desenvolvimento individual e social, e podem remover ou minorar o impacte dos factores de risco.

Incluem-se neste conjunto factores que dizem respeito à criança/jovem, à família e/ou cuidadores e aos contextos de vida (Figura 1 e Quadro 5).

1.4.3. Factores de Agravamento/Crises de Vida

Os factores de agravamento/crises de vida são eventos ou novas circunstâncias na vida da criança/jovem, família ou cuidadores que alteram a dinâmica entre factores de risco e protecção e podem precipitar a ocorrência de maus tratos.

Trata-se de um conjunto diversificado de situações, mencionadas na Figura 1 e no Quadro 5.

A Figura 1 pretende constituir um auxiliar técnico para a tomada de decisão dos profissionais de saúde face à necessidade de detecção dos factores de risco, de protecção e de agravamento e, também, de crises de vida. O algoritmo de apoio à decisão que se apresenta refere-se, não só ao âmbito dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) - por se considerar o espaço privilegiado para a detecção e acompanhamento de proximidade dos casos - mas também ao dos Cuidados Hospitalares. Os procedimentos/intervenções a efectuar encontram-se apresentados graficamente no Quadro 5.

Os factores de risco dizem respeito a qualquer tipo de influência(s) que aumente a probabilidade de ocorrência ou de manutenção de situações de maus tratos.

Representam variáveis bio-psico-sociais que, no meio em que ocorrem, podem potenciar alterações impeditivas do adequado desenvolvimento e socialização das crianças e dos jovens.

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Maus Tratos em Crianças e Jovens – Guia Prático de Abordagem, Diagnóstico e Intervenção 12

Figura 1 - Algoritmo 1: Detecção de factores de risco, de protecção e de agravamento/crises de vida

Detecção de factores de risco, protecção e agravamento na criança/jovem e família

Factores de risco são variáveis físicas, psicológicas e sociais que podem potenciar, no meio em que ocorrem, alterações no desenvolvimento e socialização das crianças e dos jovens

Factores de protecção incluem variáveis físicas, psicológicas e sociais, que apoiam e favorecem o desenvolvimento individual e social, e podem remover ou minorar o impacte dos factores de risco

Factores de agravamento/crises de vida são eventos

ou novas circunstâncias na vida da criança/jovem, família ou cuidadores que alteram a dinâmica entre factores de risco e de protecção e podem precipitar a ocorrência de maus tratos

Observação activa e continuada da evolução dos factores de risco, protecção e agravamento e respectivas consequências

Aconselhamento e apoio aos pais/ cuidadores no desenvolvimento de competências parentais

· Observações periódicas da criança/jovem (com possibilidade de aumentar a frequência das mesmas)

· Registo na história clínica sobre:

- Factores de risco, factores de protecção e de agravamento detectados - Evolução dos mesmos e efeito na criança/jovem

· Articulação entre os profissionais das diferentes Unidades Funcionais do ACES (valorizar a possibilidade de Visitas Domiciliárias)

· Avaliação da gravidade da situação através da ponderação do equilíbrio detectado entre factores de risco, de protecção e de agravamento/crises de vida

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Quadro 5 - Procedimento 1: Intervenção na detecção de factores de risco/protecção/agravamento nos maus tratos Detecção Objectivos da intervenção Intervenções a realizar Metodologia Responsável pela intervenção Factores de risco Factores de protecção Factores de

agravamento Na criança/jovem:

■Nascimento prematuro/baixo peso ■Temperamento difícil

■Filho não desejado ■Défice físico ou psíquico

■Doença crónica ou perturbações do desenvolvimento

■Problemas de comportamento (agressividade, oposição, mentiras, absentismo escolar, etc.) ■Insatisfação das expectativas dos pais (sexo,

saúde, temperamento, etc)

■Excessiva dependência ou alheamento ■Viver em lar ou instituição

Familiares/contextos de vida

■Cuidadores vítimas de maus tratos em criança ■Défice de competências parentais

■Perturbações emocionais, mentais ou físicas que os impedem de reconhecer e responder adequadamente às necessidades da criança ■Disciplina demasiado rígida e autoritária ou

inconsistente

■História de comportamento violento e/ou anti-social

■Desajustamento psicossocial / comportamentos aditivos (abuso de substâncias, criminalidade, prostituição, etc.)

■Relações familiares conflituosas

■Inexistência de condições de habitabilidade ■Incapacidade de procurar/utilizar os recursos

comunitários

■Ausência de suporte socio-familiar ■Ausência prolongada de um dos cuidadores ■Família disfuncional

■Insegurança económica /pobreza

Na criança/jovem: ■Bom nível de desenvolvimento global ■Temperamento fácil ■Vinculação segura à família/adulto de referência ■Capacidade de resolução de

problemas e/ou pedir ajuda quando necessário ■Sucesso escolar ■Desejo de autonomia e

comportamento exploratório

■Grupo de pares pró-social

Familiares/contextos de vida

■Boas competências parentais ■Boa rede de suporte familiar

e social

■Família organizada, com regras e controle da criança ■Boa integração comunitária ■Capacidade de acesso aos

serviços de apoio comunitários (serviços sociais, educação, saúde, entre outros) ■Segurança económica ■Ruptura e reconstituições familiares (separação, divórcio. cisão, conflito, etc.) ■Luto ■Doença súbita grave ■Início de cuidados a pessoa dependente ■Desemprego ■Migração ■Alteração brusca da situação laboral/económica ■Institucionalização ■Detenção/prisão ■Desastre natural ■Conflito armado ■Prevenir o aparecimento dos maus tratos

■Colaborar com os cuidadores no desenvolvimento das competências parentais ■Manter atitude activa e receptiva na recolha da informação ■Observar continuadamente a evolução dos factores de risco/de protecção e especificamente o aparecimento de sinais de alerta e/ou de sinais ou sintomas de maus tratos ■Apoiar os pais nas intervenções específicas e reforçar as competências que revelam ■Programa-tipo de Actuação em Saúde Infantil e Juvenil - Recolha e registo de informação relacionada com os factores de risco e/ou com as suas consequências no cuidar da criança/jovem ■Aumento da frequência dos actos de vigilância, se necessário ■Avaliação dagravidade da situação ■Observação periódica ■ Visitação Domiciliária, quando possível ■ Observação periódica ■Articulação entre os profissionais das diferentes Unidades Funcionais do ACES, dos hospitais e de outros parceiros do 1.º nível de intervenção ■ Médico/ Enfermeiro/ Psicólogo, se aplicável ■ Médico/ Enfermeiro/ Psicólogo, se aplicável ■ Enfermeiro/ Assistente Social ■ Médico/ Enfermeiro/ Assistente Social/ Psicólogo

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1.4.4. Sinais de Alerta

Os sinais de alerta são indicadores de uma probabilidade acrescida de ocorrência de maus tratos e implicam a necessidade de uma investigação mais detalhada e consequente intervenção protectora (Figura 2 e Quadros 6 e 7).

Os sinais de alerta, por si só, não permitem diagnosticar uma situação de maus tratos, já que podem surgir como sintomas e sinais de outras entidades clínicas. Porém, apontam para a necessidade de intervir (Figura 2 e Quadros 6 e 7).

Poder-se-á pensar numa possível situação de maus tratos se, perante um sinal de alerta, os pais/cuidadores não se mostrarem preocupados e colaborantes perante as propostas de intervenção e, ao contrário, manifestarem indiferença ou rejeitarem as orientações dadas. O algoritmo de apoio à decisão dos profissionais de saúde e os procedimentos/intervenções a efectuar em situações de maus tratos apresentam-se de forma gráfica na Figura 3.

Os formulários para sinalização de uma potencial situação de mau trato, quer no âmbito dos CSP, quer a nível Hospitalar, encontram-se, respectivamente, nos Anexos I e II deste documento.

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Figura 2 - Algoritmo 2: Detecção de sinais de alerta em Cuidados de Saúde Primários e em Meio Hospitalar

Detecção de sinais de alerta na criança/jovem e família

O Alerta pode ser detectado através de sinais ou sintomas que revelam disfuncionalidade no desenvolvimento físico ou psíquico da criança e para os quais não se encontra causa orgânica. Consideram-se como “de alerta”, os sinais que: a. Se encontrem associados (existência de mais do que um sinal ou sintoma)

b. Forem persistentes

Recolher, analisar e registar, na história clínica, informação sobre a natureza e

características dos sintomas detectados para excluir causa orgânica

· Associação a outros sintomas e/ou factores de risco · Persistência no tempo (≥ 6 meses)

· Gravidade

· Consequências na criança/jovem/família · Intervenções recorrentes

· Pedido de ajuda por parte dos pais/cuidadores

Sinal de Alerta?

Não Sim

Observar, acompanhar e intervir sobre os sintomas detectados, através do Programa de Vigilância de Saúde Infantil

Valorizar da atitude/comportamento dos pais/ cuidadores e/ou da criança durante o processo de recolha e análise de informação

· Obter mais informação através de consulta aos outros profissionais das diferentes Unidades Funcionais

· Saber junto do N(H)ACJR se já existe sinalização anterior

É Sinal de Alerta ou é uma Situação de Maus

Tratos?

Situação de Maus Tratos Sinal de Alerta

· Articular, eventualmente, com Saúde Mental, Serviço Social, outros parceiros de 1.º nível e elaborar Plano de Intervenção e Apoio à Família

· Aumentar a frequência das observações periódicas da criança/ jovem Proceder conforme Algoritmo 3 Detecção de causa orgânica/ psicológica

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Figura 3 - Algoritmo 3: Detecção de situações de maus tratos em Cuidados de Saúde Primários e em Meio Hospitalar

Detecção de sinais de alerta na criança/jovem e família

Evidência de indicadores, sinais e sintomas de maus tratos (Quadro 5)

A situação é urgente?

Não Sim

Os profissionais de saúde devem obter mais informação para confirmar a situação de Maus Tratos

Activar o Procedimento de Urgência (Art. 91º da Lei 147/99) – consultar

Algoritmo 4 para Situação

de Urgência

A situação justifica o recurso ao Procedimento de Urgência se, e de forma cumulativa se verificar:

- Existência de perigo actual ou iminente para a vida ou integridade física da criança/ jovem

E

- Oposição à intervenção por parte de quem exerça a responsabilidade parental ou de quem tenha a guarda de facto da criança ou do jovem

Recolher e registar na história clínica: 1. Antecedentes pessoais da criança 1.1. Incidentes anteriores de lesões 1.2. Episódios de hospitalização anteriores 2. Acompanhamento noutros serviços de saúde 3. Situação sócio-familiar

4. Relações com parceiros da Rede Social

Confirma-se a situação de Mau Trato Sim Não Manter observação, acompanhamento e intervenção sobre os sinais e sintomas detectados através do Programa-Tipo de Actuação em Saúde Infantil e Juvenil

Através do Sistema de Informação para Crianças e Jovens em Risco (SICJR)*, sinalizar ao N(H)ACJR:

· Para efeitos estatísticos

· Para saber se já existe processo para aquela criança/jovem

Se existe processo aberto

Se não existe processo aberto

(O SICJR* informa) (O SICJR* informa)

O profissional de saúde deve acompanhar a situação mas

aguarda contacto do

N(H)ACJR

O profissional de saúde elabora PIAF em articulação/ consultadoria com N(H)ACJR

* O SICJR, via informática encontra-se em fase de construção, pelo que nesta fase, a sinalização processar-se-á em suporte físico (ANEXOS I e II)

Uma situação considerada GRAVE (ver.1.4.5) nem sempre obriga a um procedimento de URGÊNCIA

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Quadro 6 - Procedimento 2: Detecção de alguns sinais de alerta para uma situação de maus tratos

Detecção de sinais de alerta Objectivos da intervenção

Intervenções a realizar Metodologia Responsável pela

intervenção Criança dos 0 aos 5 anos:

 Perturbações na alimentação  Perturbações do sono  Perturbações do comportamento e da relação  Perturbações do desenvolvimento psicomotor  Medo e/ou fobias de pequena

intensidade

Crianças com idade > 5 anos:

 Dificuldades / insucesso escolar  Perturbações da

relação/comunicação

 Perturbações do comportamento  Ansiedade

 Perturbações emocionais (tristeza, fadiga, agressividade)  Manifestações somáticas  Perturbações do comportamento

alimentar

 Perturbações psicóticas

 Abuso de substâncias tóxicas nos adolescentes 1 - Valorizar as características e natureza do sintoma detectado 2 - Prevenir o agravamento da situação de saúde detectada 3 – Confirmar ou infirmar a evidência de mau trato

Recolher informação relacionada com o sintoma detectado e registar na história clínica:

 Associação a outros sintomas/factores de risco  Persistência no tempo (≥6 meses)

 Consequências graves na criança/jovem  Intervenções recorrentes

 Pedido de ajuda por parte de pais/cuidadores

 Não sendo “de alerta” o sinal/sintoma detectado, manter observação vigilante  Sendo ”de alerta” o sinal/sintoma detectado,

ponderar necessidade de apoio a outros profissionais/equipas

 Valorizar atitude de pais/cuidadores/criança durante o processo de diagnóstico:

Nos pais:

 Colaboração  Evitação

 Reconhecimento da necessidade de intervenção

 Veracidade das informações

Na criança/jovem:

 Colaboração  Evitação

 Submissão aos pais  Ansiedade/Medo

 Procurar mais informações junto dos outros profissionais/equipas

 Consultar o NACJR sobre sinalização anterior

 Frequência acrescida nas entrevistas e consultas de vigilância

 Registo rigoroso da informação pertinente

 Realização de Visita Domiciliária – Guia de Registo em ANEXO III

 Manutenção do cumprimento do Programa-Tipo de Actuação em Saúde Infantil e Juvenil

 Aumentar a frequência de observações periódicas

 Elaboração de PIAF, se necessário, em colaboração com outros profissionais/equipas  Observação directa/registos b) Contactos/reuniões/registos c) Contactos/reuniões/registos ■ Médico/Enfermeiro/ Assistente Social/ Psicólogo ■ Médico/Enfermeiro/ Assistente Social/ Psicólogo ■ Médico/Enfermeiro/ Assistente Social/ Psicólogo ■ Médico/Enfermeiro/ Assistente Social/ Psicólogo

(19)

Quadro 7 - Procedimento 3: Intervenção para a detecção de factores de risco e/ou sinais de alerta em Meio Hospitalar e em Serviço de Urgência Básico

Detecção Objectivos da

intervenção

Intervenções a realizar Metodologia Responsável pela

intervenção Factores de Risco (ver exemplos - Procedimento 1) e/ou Sinais de Alerta (ver exemplos – Procedimento 2)  Detecção activa de situação de mau trato

 Promover a continuidade, ou complementaridade, da intervenção em CSP

 Procura de informação complementar do(s) sintoma(s) físico(s) apresentado(s)

 Contactar NHACJR ou NACJR

 Registar informação recolhida

 Articular intervenção com CSP (através de NHACJR e NACJR)

 Exame objectivo

 Observação do comportamento da ciança/jovem, em particular a interacção com os pais/cuidadores  Entrevistas, em separado, quando

possível

 Discussão da situação

 Em nota de alta, descrição de intervenções realizadas

 Envio de ficha de sinalização (Anexos I e

II) ao NHACJR ou NACJR

 Envio de relatório pelo N(H)ACJR para NACJR da área de residência da criança/jovem  Enfermeiro/Médico  Enfermeiro/Médico  Enfermeiro/Médico  Elemento de referência do N(H)ACJR

(20)

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1.4.5. Grau de Severidade da Situação de Maus Tratos

A avaliação do grau de severidade da situação de mau trato deve ter em conta a análise de um conjunto de factores, em particular:

 As circunstâncias do incidente que gerou o mau trato;  Os efeitos do mau trato na criança;

 O facto de se tratar de um acto isolado ou de uma situação repetida ou continuada;

 A existência de factores que aumentam a vulnerabilidade, tais como:  Tratar-se de uma criança pequena (menor que 5 anos);  Haver incapacidades físicas ou psíquicas.

 A inexistência de factores de protecção externos:

 Ausência de outro familiar ou pessoa idónea que tenha capacidade para proteger a criança/jovem;

 Dificuldade de acesso ao apoio de estruturas sociais (por incapacidade devida à idade/grau de desenvolvimento ou à oposição por parte dos cuidadores).

Ponderados tais factores, é possível estabelecer a seguinte classificação quanto ao grau de severidade da situação de mau trato:

LIGEIRO: Quando:

 Os efeitos do mau trato recebido não provocam sinais ou sintomas na criança, nem se prevê que venham a desencadeá-los

 Havendo algum sinal ou sintoma, este não é significativo ao ponto de justificar tratamento ou intervenção especializada

Neste caso, a intervenção cabe, se possível, aos profissionais que o identificam.

MODERADO: Quando:

 Pela intensidade ou frequência, o mau trato provoca sinais ou sintomas na criança/jovem, ou se preveja que possa vir a provocar  Requer algum tipo de intervenção ou tratamento especializado,

assim como um plano de intervenção interdisciplinar e personalizado

GRAVE: Quando:

 Os efeitos do mau trato recebido podem pôr em causa a integridade física ou emocional da criança/jovem, ou provocar perturbações significativas no seu desenvolvimento

 Existe risco elevado de recorrência dos episódios de maus tratos  A criança tem menos de cinco anos ou apresenta algum tipo de

incapacidade física ou psíquica que a torne especialmente vulnerável Estas circunstâncias poderão implicar a tomada de uma medida de promoção/protecção, a favor da criança ou do jovem tornando-se necessária, também, a intervenção da CPCJ territorialmente competente ou do Tribunal de Família e Menores (ou da Comarca) da área de residência.

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1.4.6. Situações de Perigo

Considera-se existir perigo sempre que se objectiva uma situação que, antes, era de risco, devido a insuficiência ou falência de factores protectores, em particular durante as crises de vida.

As situações de perigo encontram-se consagradas no n.º 2 do art.º 3.º da Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo (LPCJP) (Quadro 8, Anexo IV).

Quadro 8 - Situações de perigo para a criança ou jovem – art.º 3º n.º 2 da LPCJP

a) Estar abandonada ou viver entregue a si própria;

b) Sofrer maus tratos físicos ou psíquicos ou ser vítima de abusos sexuais; c) Não receber os cuidados ou a afeição adequados à sua idade e situação

pessoal;

d) Ser obrigada a actividades ou trabalhos excessivos ou inadequados à sua idade, dignidade e situação pessoal ou prejudiciais à sua formação ou desenvolvimento;

e) Estar sujeita, de forma directa ou indirecta, a comportamentos que afectem gravemente a sua segurança ou o seu equilíbrio emocional;

f) Assumir comportamentos ou entregar-se a actividades ou consumos que afectem gravemente a sua saúde, segurança, formação, educação ou desenvolvimento sem que os pais, o representante legal ou quem tenha a guarda de facto se lhe oponham de modo adequado a remover essa situação.

Contudo, e atendendo ao carácter meramente exemplificativo do referido preceito legal, outros casos não especificados no mesmo poderão caber igualmente no grupo das “situações de perigo”.

1.4.7. Conceito de Urgência na Protecção dos Maus Tratos

De acordo com o disposto na alínea c) do art.º 5.º da Lei n.º 147/99 de 1 de Setembro, entende-se por situação de urgência a que se reveste de perigo actual ou iminente para a vida ou integridade física da criança ou do jovem.

Qualquer entidade ou profissional dum serviço de saúde pode, e deve, tomar as medidas adequadas para assegurar a protecção imediata da criança/jovem em situação de perigo, devendo solicitar a intervenção do Tribunal ou das entidades policiais, conforme estabelece o art.º 91º da Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo.

Em suma: o grau de severidade de uma situação de maus tratos pode ser classificado como: LIGEIRO, MODERADO ou GRAVE.

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Neste contexto, confere-se aos Serviços de Saúde, enquanto entidades com competência em matéria de infância e juventude legitimidade para tomarem as medidas adequadas de forma a removerem o perigo em que a criança ou jovem se encontra (ver artigos 7.º, 8.º (Quadro 10), 91.º (Algoritmo 4), e 92.º da LPCJP).

Sempre que for desencadeada uma intervenção adequada para remover o perigo, pelas instâncias de primeiro nível (nomeadamente, os Serviços de Saúde), deverá esta ser comunicada por escrito, de imediato, ao Magistrado do Ministério Público junto do Tribunal de Família e Menores (ou da Comarca) da área de residência da criança/jovem, solicitando a intervenção judicial, independentemente da entidade policial também o fazer, por imposição legal.

Fora do horário normal dos serviços, a comunicação deverá ser dirigida, por fax, ao Magistrado do Ministério Público de turno junto do Tribunal de Família e Menores (ou da Comarca) da área de residência da criança/jovem (Figura 4 e Quadro 9).

É de assinalar que:

Uma situação considerada GRAVE nem sempre obriga a um procedimento de urgência.

Para se recorrer, assim, a um procedimento de urgência, a lei exige a verificação cumulativa de dois requisitos:

 A existência de perigo actual ou iminente para a vida ou integridade física da criança ou do jovem;

E

 A oposição à intervenção manifestada por quem exerça a responsabilidade parental ou quem tenha a guarda de facto da criança ou do jovem.

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Figura 4 - Algoritmo 4: Procedimento de Urgência

Situação de Urgência – implica a existência cumulativa de:

· Perigo actual ou iminente para a vida ou integridade física da criança ou do jovem E

· Oposição à intervenção por parte de quem exerça o poder paternal ou de quem tenha a guarda de facto

da criança ou do jovem

O Profissional de Saúde activa o Procedimento de Urgência (Art.º 91º da Lei 147/99)

1. Ponderar as medidas adequadas para assegurar a protecção imediata da criança/jovem (ex: adulto idóneo que possa assegurar a sua protecção) 2. Elaborar Relatório escrito para o Magistrado do Ministério Público (MP) do Tribunal de Família e Menores (TFM) ou da Comarca, solicitando a intervenção judicial

3. Solicitar a colaboração policial para dar cumprimento à medida considerada a adequada para remover o perigo em que a criança/jovem se encontra, já proposta no relatório dirigido ao M; 4. Se a medida de protecção mais adequada for o Acolhimento Temporário, contactar a Linha Nacional de Emergência Social (N.º de Telef. 144) 5. Dar conhecimento à CPCJ caso exista processo activo a favor da criança/jovem em apreço 6. Sinalizar ao N(H)ACJR e enviar cópia do relatório

Do Relatório deve constar:

1. Dados de identificação da criança/jovem e agregado familiar

2. Descrição dos factos que originaram o recurso ao Procedimento de Urgência, se possível, de acordo com os exemplos de “Situação de Perigo” mencionados no n.º 2 do art. 3.º da Lei 147/99

3. Descrição das intervenções tidas junto de quem exerce a responsabilidade parental ou de quem tem a guarda de facto da criança/ jovem no sentido de aceitar a intervenção proposta e os factos que demonstrem oposição àquela

4. Fundamentação da tomada de medida que se entende ser a adequada para por termo à situação de perigo (seguindo a hierarquia do art.35.º da Lei 147/99) e descrição dos princípios orientadores da intervenção (art.4º da mesma Lei)

5. Prestação de outros dados que o profissional de saúde tenha conhecimento e sejam relevantes na análise da situação

NOTA 1:

· Após o envio da informação ao Magistrado do MP, a medida tomada pelo profissional de saúde está legitimada por 48H

· No prazo de 48H o Tribunal deve pronunciar-se sobre a situação, dando informação de retorno:

- ou confirma as medidas tomadas - ou determina o que tiver por conveniente para o destino da criança/jovem

NOTA 2:

O facto de ter sido pedida uma intervenção da CPCJ ou do Tribunal, não desvincula os Serviços de Saúde do SNS de manterem o acompanhamento continuado da vigilância de saúde da criança/jovem e família

Artigo 91º Procedimentos urgentes na ausência do consentimento

1 — Quando exista perigo actual ou iminente para a vida ou integridade física da criança ou do jovem e haja oposição dos detentores do poder paternal ou de quem tenha a guarda de facto, qualquer das entidades referidas no artigo 7.º ou as comissões de protecção tomam as medidas adequadas para a sua protecção imediata e solicitam a intervenção do tribunal ou das entidades policiais

2 — As entidades policiais dão conhecimento, de imediato, das situações referidas no número anterior ao Ministério Público ou, quando tal não seja possível, logo que cesse a causa da impossibilidade

3 — Enquanto não for possível a intervenção do tribunal, as autoridades policiais retiram a criança ou o jovem do perigo em que se encontra e asseguram a sua protecção de emergência em casa de acolhimento temporário, nas instalações das entidades referidas no artigo 7.º ou em outro local adequado

Neste Guia inclui-se um Relatório “modelo” no Anexo V

(24)

Quadro 9 - Procedimento 4: Intervenção para Procedimento de Urgência em CSP e Cuidados Hospitalares

Detecção Objectivos da

intervenção

Intervenções a realizar Metodologia Responsável pela

intervenção

Procedimento de Urgência

Se for constatada a existência de:

 Perigo actual ou iminente para a integridade física ou a vida da criança/jovem

E

 Oposição à intervenção por parte de pais/cuidadores

1. Proteger a criança

2. Assegurar os procedimentos legais aplicáveis

Assegurar protecção através de:

1. Procura de outro adulto idóneo que possa assegurar a protecção da criança/jovem ou

2. Solicitação de colocação em Centro de Acolhimento Temporário

3. Comunicação ao Ministério Público (ver Algoritmo 4)

4. Elaboração de relatório clínico e envio ao N(H)ACJR

1. Entrevista

2. Contactos telefónicos

3. Fax

4. Via informática /suporte físico

 Enfermeiro/Médico/Assistente Social/Psicólogo

 Enfermeiro/Médico/Assistente Social/Psicólogo

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1.5. BOAS PRÁTICAS NA ENTREVISTA

O profissional de saúde necessita de manter, em todas as fases da entrevista, uma atitude compreensiva e empática face à situação, baseando a sua intervenção no reforço positivo das competências reveladas pela criança/jovem e família, assim como na sua capacidade de mudança e de resiliência.

O objectivo geral da entrevista é proporcionar apoio terapêutico à criança/jovem e família e/ou recolher informação sobre uma possível situação de maus tratos.

Para a sua realização, os principais aspectos a ter em conta são: 1. Preparação do ambiente

A escolha do espaço físico deverá favorecer o processo de empatia entre entrevistador e entrevistado, pelo que deve:

 Assegurar que não haja qualquer interrupção ao longo da entrevista;  Proporcionar ambiente calmo e confortável;

2. O profissional que realiza a entrevista deve ter formação e/ou experiência quer na técnica de entrevista quer na área visada: os maus tratos infantis. Se em qualquer momento duvidar da sua própria capacidade para realizar a entrevista, solicitar apoio e assessoria a outro com mais formação e/ou mais experiente;

3. Se possível, preparar e estruturar, antecipadamente, o conteúdo da entrevista, definindo com rigor:

 A razão e o objectivo da entrevista;

 A informação básica que se pretende obter.

1.5.1. Recolha de Informação e Orientações para a Entrevista

A observação é uma etapa fundamental para o diagnóstico de situações de maus tratos. É importante estar atento à expressão comportamental da criança/jovem mas também às interacções que estabelece com os pais/acompanhantes. A observação deverá incluir a avaliação dos seguintes parâmetros:

1) Crescimento e desenvolvimento da criança/jovem; 2) Estado físico (pele, cabelo, unhas, roupa, etc.); 3) Estado emocional;

4) Estado emocional dos pais (relação pais/filho(a));

5) Contexto social (frequência e assiduidade escolar, mendicidade, etc.). A. Atitude a ter perante a criança/jovem:

 Tentar que a entrevista seja realizada pelo profissional de saúde com quem a criança tenha mais vínculo ou contacto;

 Escutar o testemunho da criança/jovem;  Entender os pontos essenciais da situação;

 Não emitir juízos de valor nem reagir intempestivamente;

 Evitar fazer perguntas directas que possam soar bruscas ou agressivas;  Não fazer perguntas desnecessárias;

 Apaziguar as tensões que possam surgir durante a entrevista;  Transmitir confiança, orientar e proteger;

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 Utilizar uma linguagem simples, com uma abordagem apropriada à fase de desenvolvimento da criança/jovem;

 Mostrar disponibilidade para o diálogo com a criança/jovem;

 Respeitar as pausas no discurso da criança/jovem e os silêncios, mantendo uma escuta activa constante.

Exemplos:

Como é que correm “as coisas” em casa?

O que é que acontece em tua casa quando as pessoas não concordam umas com as outras?

O que é que acontece em tua casa quando as coisas correm mal?

O que é que acontece quando os teus pais/cuidadores se zangam contigo? Quem faz as regras e o que é que acontece quando quebras as regras?

B. Atitude a ter perante os pais/cuidadores:

 Assegurar um tratamento digno a todos os intervenientes, mesmo nos casos mais complexos;

 Salvaguardar a privacidade e a confidencialidade;

 Não emitir juízos de valor, culpabilizar ou envergonhar os intervenientes;

 Proceder a uma escuta activa, dar suporte, valorizar as capacidades e competências sem criar uma relação de dependência;

 Promover, no decurso da intervenção, as capacidades e competências da família;

 Facilitar a colaboração e envolvimento da família na intervenção;

 Não negociar as formas de intervenção se não estiverem garantidas as condições de segurança para o profissional ou para a criança/jovem e/ou se a família não colaborar;

 Transmitir-lhes que “estamos todos no mesmo barco” e que, como eles, o nosso interesse é cuidar e proteger as crianças e que vamos ajudá-los nessa tarefa.

Exemplos:

O que faz quando o seu filho(a) se porta mal? Que métodos de disciplina utiliza com o seu filho(a)? Já aconteceu magoar o seu filho(a)?

Quem toma conta do seu filho(a) quando não está em casa? Costuma recear pela segurança do seu filho(a)?

Sabe onde procurar ajuda?

C. O que pode/deve dizer-se à criança/jovem durante o depoimento:  Que se dá credibilidade e valor ao seu testemunho;

 Que não é culpada da situação;  Que é muito importante ter falado;

 Que outras crianças/jovens vivem situações idênticas ou que isso também pode acontecer a outros;

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 Que vai procurar ajuda para ela e para a sua família;  Que (e porquê) precisamos de fazer perguntas;  Que pode fazer perguntas;

 Que não vai ser enganada nem manipulada, nem serão quebradas promessas feitas;

 Que tem tempo para a ouvir e que pode procurá-lo sempre que precisar;

 Que pode falar ou manifestar os seus sentimentos.

1.6. FUNDAMENTAÇÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL

Neste domínio, a intervenção da Saúde enquadra-se num contexto de responsabilidades partilhadas pelos diferentes actores da comunidade, conforme o regime jurídico consagrado na Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo1 (Lei n.º 147/99, de 1 de Setembro). De acordo com esta, a acção processa-se segundo um modelo que estabelece três níveis de intervenção (Figura 5), articulados e complementares:

· No primeiro nível, intervêm as entidades com competência em matéria da infância e juventude - ou seja, as que têm acção privilegiada em áreas como as da saúde, educação, formação profissional, ocupação dos tempos livres, entre outros – tendo em vista a promoção dos direitos e a protecção das crianças e dos jovens, em geral, e das que se encontrem em situação de risco ou perigo, em particular; · No segundo nível, quando não seja possível às entidades acima mencionadas

actuar de forma adequada e suficiente para remover o perigo, toma lugar a acção das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ), nas quais a Saúde também participa;

· No terceiro nível, é à intervenção judicial, que se pretende residual, que cabe assegurar a protecção de crianças e jovens em perigo.

Figura 5 - Níveis de Intervenção

1

Para efeitos da Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, considera-se criança ou jovem a pessoa com menos de 18 anos ou com menos de 21 anos que solicite a continuação da intervenção iniciada antes de atingir os 18 anos.

(28)

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Neste contexto, os Serviços de Saúde, enquanto instâncias de primeiro nível, adquirem relevo particular. No âmbito das competências específicas que lhes estão atribuídas, e mediante o enquadramento conferido pela Lei n.º 147/99 de 1 de Setembro, os Agrupamentos de Centros de Saúde/Centros de Saúde (ACES/CS) e os Hospitais têm prioridade na intervenção junto de crianças e jovens, face às CPCJ e aos Tribunais, que apenas devem ser chamados a agir quando não for possível aos primeiros remover o perigo – após terem sido esgotados todos os seus meios e os das outras entidades do mesmo nível de competências, cumprindo-se, assim, o Princípio da Subsidiariedade (ver Quadro 10).

Quadro 10 - Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo Lei 147/99, de 1 de Setembro

Art. º 7º

A intervenção das entidades com competência em matéria de infância e juventude é efectuada de modo consensual com os pais, representantes legais ou com quem tenha a guarda de facto da criança ou do jovem, consoante o caso, de acordo com os princípios e nos termos do presente diploma.

Art.º 8º

A intervenção das comissões de protecção de crianças e jovens tem lugar quando não seja possível às entidades referidas no artigo anterior actuar de forma adequada e suficiente a remover o perigo em que se encontram.

Os Serviços de Saúde têm, portanto, legitimidade - direito e obrigação - no que respeita a intervir para a protecção da criança ou jovem, com base no consentimento e na não oposição por parte de quem tem de o expressar.

Além disso, constituindo os maus tratos em crianças e jovens um crime público, o procedimento criminal não depende da apresentação de queixa por parte da vítima ou de quem detenha as responsabilidades parentais da mesma (art.º 152º - A, art.º 152º - B e art.º 178º do Código Penal e art.º 70º da Lei 147/99 de 1 de Setembro). Deste modo, os profissionais de saúde que da situação tenham conhecimento, devem denunciá-la, por escrito, ao Ministério Público do Tribunal Judicial. Esta denúncia não tem tempo limite para ser apresentada e deverá acontecer depois de ponderar e assegurar que a protecção da criança /jovem não será posta em causa por tal diligência (art.º 70º da Lei 147/99 de 1 de Setembro). Um exemplo de relatório tipo a efectuar nestas situações pode ser consultado no Anexo VI.

Este tipo de processo é independente do Processo de Promoção e Protecção dos Direitos das Crianças/Jovens e decorrem noutro Tribunal, isto é, em sede do Tribunal Judicial.

(29)

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ANEXO I – Ficha de Sinalização para os Cuidados de Saúde Primários, Serviços de Internamento e Consultas Externas Hospitalares

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Ficha de Sinalização para os Cuidados de Saúde Primários, Serviços de Internamento e Consultas Externas Hospitalares

A-DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA/JOVEM

Nome Sexo Masc. Sexo Fem. Data Nasc. / / Idade anos e meses Morada (rua, nº e andar)

Localidade Cod. Postal - Telefone Telemóvel Nº Utente Centro de Saúde Médico de Família Jardim-de-infância/Escola

Dados da Mãe/Pai ou Pessoa Responsável

N.º Irmãos Coabitantes:

Outras Informações de Interesse

B–DADOS DA SINALIZAÇÃO

Entidade Sinalizadora:

Contactos da Entidade: Email Telefone Telemóvel Fax Morada

Quem sinaliza: Contactos:

Data de sinalização: / /

Data do primeiro contacto com a família na situação em análise __ / __ / ____ C–MOTIVO DA SINALIZAÇÃO (SUSPEITA/CONFIRMAÇÃO)

Mau trato físico Negligência

Mau trato psicológico / emocional Abandono

Abandono afectivo Disfuncionalidade parental/familiar

Abuso sexual (suspeita) Abuso sexual (confirmado)

Problemas comportamentais –

agressividade contra outros (família, amigos, professores), agitação psicomotora

Problemas comportamentais

(autoagressividade, ideação suicida, desorientação, confusão, apatia, …) Comportamentos aditivos nos cuidadores

(álcool, substâncias ilícitas, jogo, …) Absentismo escolar sem justificação Dificuldade de aprendizagem sem défice

cognitivo

Problema de saúde grave na

criança/fratria

Imagem

Figura  1  -  Algoritmo  1:  Detecção  de  factores  de  risco,  de  protecção  e  de  agravamento/crises de vida
Figura 2 - Algoritmo 2: Detecção de sinais de alerta em Cuidados de Saúde Primários  e em Meio Hospitalar
Figura  3  -  Algoritmo  3:  Detecção  de  situações  de  maus  tratos  em  Cuidados  de  Saúde Primários e em Meio Hospitalar
Figura 4 - Algoritmo 4: Procedimento de Urgência
+2

Referências

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