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AS RELAÇÕES FAMILIARES NAS TRAJETÓRIAS DE VIDAS DE JOVENS EM CONTEXTOS DE VULNERABILIDADE SOCIAL

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AS RELAÇÕES FAMILIARES

NAS TRAJETÓRIAS DE VIDAS

DE JOVENS EM CONTEXTOS DE

VULNERABILIDADE SOCIAL*

DORIAN MÔNICA ARPINI**

JOANA MISSIO***

CAMILA ALMEIDA KOSTULSKI**** LUIZA CAMPONOGARA TONIOLO****** NATÁLIA FERREIRA SCHREINER*******

* Recebido em: 14.11.2019. Aprovado em: 03.12.2019.

** Pós-doutorado em Psicologia pela Universidade de Lisboa (2014). Doutorado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001). Mestrado em Educação Brasileira pela Universidade Federal de Santa Maria (1995). Graduada em Psicologia pela Universidade de Passo Fundo (1986). Professora Titular da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: monica.arpini@gmail.com. *** Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Bolsista CAPES. Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: joanamissio@hotmail.com

**** Doutoranda em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria, UFSM. Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Federal de Santa Maria - Bolsista CAPES/2016. Especialista em Direito de Família e Mediação de Conflitos pela Faculdade Palotina de Santa Maria, FAPAS. Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário Franciscano - UNIFRA. E-mail: camila.ak@hotmail.com.

***** Acadêmica do curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: uiza.toniolo@hotmail.com ****** Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: nataliaschreiner97@

gmail.com.

DOI 10.18224/frag.v29i3.7864

DOSSIÊ

Resumo: este estudo tem como objetivo analisar as experiências familiares nas trajetórias de

vidas de jovens em situação de vulnerabilidade social. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e de caráter longitudinal, pois aborda dois momentos distintos: o primeiro, quando alguns jovens da presente pesquisa participaram de um documentário, produzido a partir de um Projeto de Extensão na Escola; e o segundo, quando foram novamente contatados para com-partilharem suas trajetórias por meio de entrevistas. A análise realizada propõe pensar os atravessamentos trazidos pelos jovens sobre suas famílias como relacionados à vulnerabilidade em que se encontram, atentando para o fato de que provavelmente essas famílias estariam atravessadas pela pobreza e pela desigualdade. Assim, compreende-se certas dificuldades referidas pelos adolescentes com relação ao estabelecimento de relações afetivas na família. Salienta-se a Escola e as políticas públicas como suporte para os jovens e suas famílias.

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A

família, ainda que única, é constituída a partir de um emaranhado de valores e normas que refletem os pressupostos vigentes na cultura e na sociedade às quais pertence, portanto deve ser pensada sempre de forma contextualizada e tomada como construção histórico-social (ARIÈS, 1986; ARPINI, 2003). Assim, pode-se destacar que dentre suas funções está a de principal célula social, responsável pelo cuidado com seus filhos e demais membros, independente da configuração e da estrutura familiar (WAGNER, TRONCO, ARMANI, 2011; SILVA et al., 2012; CRONEMBERGER, TEIXEIRA, 2013; ARPINI, QUINTANA, GONÇALVES, 2010).Dessa forma, pode-se compreender a importância do papel da família no processo de desenvolvimentodos filhos, de maneira que o aprendizado, a incorporação de saberes e a inserção no meio social se iniciam no ambiente familiar. Afinal, a família tem a função de dar sentido às relações entre os sujeitos, constituindo-se em um filtro, por meio do qual se começa a enxergar e significar o mundo (SARTI, 2004).

Ao longo dos anos, a família vem sofrendo modificações atravessadas pelas trans-formações sociais, culturais e históricas. Nesse sentido, à medida que se acompanham as modificações no âmbito familiar, no que diz respeito à organização, às relações, à composição e a outras características, é possível observar alguns efeitos desse processo atualmente. Hoje, a sociedade testemunha o aumento do número de famílias monoparentais, de casais sem filhos e casais compostos por integrantes do mesmo sexo, por exemplo, ainda que a família nuclear ocupe uma posição ainda hegemônica no senso comum e nas políticas públicas (CRONEM-BERGER, TEIXEIRA, 2013; SILVA et al., 2012; DESSEN, 2010; ARPINI, QUINTANA, 2003; MOREIRA, PASSOS, PEREIRA, 2012).

Além disso, o papel dos contextos que circundam e permeiam a família têm uma im-portância inegável, uma vez que serão responsáveis por guiar a manifestação desses aprendizados e dessas aquisições (OLIVEIRA, 2009). No caso das famílias em contextos de pobreza, cuja estrutura e organização nem sempre correspondem ao modelo tido socialmente como ideal, sendo frequentemente estigmatizadas e vistas como “desestruturadas” (SILVA et al., 2012).Isso ocorre devido a suas estruturas e formas de organização não serem legitimadas pelas instituições sociais, gerando, muitas vezes, práticas de moralização com relação a essas famílias. Fonseca (2002) destaca que tais dificuldades seriam decorrentes mais da condição de pobreza e exclusão social do que propriamente do tipo de família.Por detrás dessa estigmatização, conforme Cro-nemberger e Teixeira (2013), a realidade dessas famílias traz consigo a luta pela sobrevivência em condições adversas, o que pode dificultar o estabelecimento de vínculos fortes e seguros entre seus membros, além de demarcar a fragilidade no cuidado familiar.

Nessa direção, Peres (2001) desenvolveu um estudo com famílias situadas nas zonas periféricas da Cidade de Goiás. O estudo realizou entrevistas com essas famílias, no intuito de conhecer suas concepções de família e suas realidades, e revelou alguns aspectos que per-meiam esses contextos de vida: as dificuldades financeiras, os conflitos e a desunião entre os membros da família, a frustração compreendida entre o ideal de família e a família concreta, a falta de diálogo e o “afastamento” entre os integrantes. Tais aspectos são importantes de serem problematizados, para, por um lado, reconhecer as vulnerabilidades que podem resultar em fragilidades de vínculo, mas por outro, termos o cuidado de não estigmatizar tais famílias, tomando como referência o que Fraga (2002) diz, com relação ao fato de que tais famílias se encontram afetadas pelas contradições e injustiças sociais, sendo, portanto, parte delas.

Assim, é importante pensar essas relações numa perspectiva dialética como propõe Sawaia (2014). Conforme a autora, essa lógica baseia-se na compreensão de que a sociedade

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exclui para incluir, caracterizando esse processo como uma inclusão perversa, que sustentaria o contexto de desigualdade social. Ainda, Costa e Bronzo (2016) exploram as noções de ex-clusão social, evidenciando que se pode entender esse fenômeno a partir de três abordagens: uma pautada em certa cronicidade, na qual a exclusão se apresenta como multidimensional, intensa e persistente; outra com foco na operacionalização da exclusão, ou seja, nas relações entre os diferentes vetores da privação; e uma última abordagem que tem como foco a desfi-liação e a fragilização ou rompimento dos vínculos sociais.

Tendo em vista as noções de exclusão social propostas pelos autores, entende-se por que essas famílias se encontram, em geral, em situação de vulnerabilidade social. O conceito de vulnerabilidade social não pode ser compreendido unicamente a partir da pobreza, mas sim também de outros aspectos, que podem estar atrelados a ela ou serem por ela potenciali-zados. Além desses aspectos pode-se pensar na fragilidade de recursos simbólicos que poten-cializam ou facilitam o desenvolvimento, além das dificuldades de inserção no mercado de trabalho e a falta de acesso às políticas públicas(CRUZ; HILLESHEIM, 2016).

Desse modo, se a família é protagonista no cuidado com seus membros, em especial na infância e na adolescência, como ele será exercido em contextos atravessados pela pobreza e pela exclusão/inclusão social? Que influências a organização familiar e o exercício ou não do cuidado e da proteção podem ter sobre os jovens que residem nas periferias?Diante desse contexto, o objetivo deste estudo é analisar as experiências familiares nas trajetórias de vidas

de jovens em situação de vulnerabilidade social, a partir de suas falas. METODOLOGIA

A pesquisa realizada foi de caráter qualitativo (MINAYO, 2016) e longitudinal, uma vez que buscou investigar aspectos da trajetória de jovens a partir de dois momentos dis-tintos: em um primeiro momento, em 2012, realizou-se um documentário, no qual os jovens puderam falar sobre seus contextos de vida, sobre a escola, sobre a família, sobre seus projetos, entre outros assuntos; já em um segundo momento, em 2016, buscou-se esses mesmos jovens para convidá-los a participar de uma entrevista semiestruturada, na qual seria possível identi-ficar e explorar aspectos de suas trajetórias, partindo dos relatos do documentário.

A pesquisa ocorreu em uma escola pública, localizada no interior do Rio Grande do Sul, que funciona na modalidade de Escola Aberta. Essa escola acolhe crianças e adolescentes que não se adaptaram ao sistema regular de ensino, pois oferece um sistema de etapas, no qual cada etapa corresponde a dois anos do ensino fundamental, totalizando quatro etapas. A Es-cola oferece um atendimento diferenciado, baseando-se nas necessidades de cada educando, e promovendo espaços de oficinas pedagógicas, de escuta, de acolhimento e de integração. Vis-to que os estudantes da instituição, em sua maioria, têm seus contexVis-tos de vida perpassados pela vulnerabilidade social, por situações de violência e conflitos familiares, a Escola busca se articular aos serviços da rede pública, tais como conselho tutelar, acolhimento institucional, unidades de cumprimento de medida socioeducativa, CRAS, CREAS, entre outros.

Sendo assim, os participantes da pesquisa foram cinco jovens, que estudaram nessa Escola, e que participaram do documentário em 2012. Cabe salientar que o documentário foi protagonizado por seis jovens, contudo nem todos puderam participar do segundo momento da pesquisa. Assim, foi possível fazer contato diretamente para a segunda etapa do estudo, com quatro jovens, sendo que um deles foi representado pela sua avó, que aceitou participar

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relatando a trajetória de seu neto, e outro não foi possível localizar nem contatar. A entrevista semiestruturada teve duração aproximada de uma hora e foi realizada, com os quatro jovens, nas dependências da Escola, e com a avó de Ítalo, na residência desta. Os áudios foram gra-vados e depois transcritos. Posteriormente, procedeu-se a análise de conteúdo temática, na qual se puderam elencar algumas categorias. A seguir, serão apresentados alguns aspectos de cada participante e de suas trajetórias, ressaltando que, a fim de preservar a identidade dos mesmos, foram atribuídos nomes fictícios.

Quadro 1: Participantes

Juliana

Juliana residia com a mãe, o padrasto e dois irmãos, contudo se mudou e em 2016 residia com a mãe e um irmão apenas. Em 2012, com 12 anos, sentia falta da presença da mãe e gostaria de tê-la mais próxima, já em 2016, com 17 anos, relata que isso mudou.

Marcos

Marcos, em 2016 com 20 anos, é irmão de Juliana, contudo não reside na mesma casa, e sim com sua esposa e dois filhos. Ele considera ter conseguido realizar os sonhos que mencionou no documentário, quando tinha 15 anos.

Karina

Karina residia com a mãe e dois irmãos, sendo um deles André, também participante desta pesquisa. Seu pai é falecido e ela possui alguns conflitos com a mãe. Possuía 15 anos em 2012, e 19 anos em 2016.

André

André residia com sua mãe, Karina e outro irmão. Relatou que sua mãe já foi presa, e que sente falta da avó, que já faleceu. Um de seus irmãos mais velhos se encontra preso. Possuía 14 anos em 2012, e 18 anos em 2016.

Ítalo

Em 2016, estava em privação de liberdade, fato pelo qual sua participação na pesquisa ocorreu por meio do contato com sua avó. Há situações de violência e de perdas ocorridas em sua família, e não costuma receber visitas da mesma no local onde se encontra preso. Possuía 15 anos em 2012, e 19 anos em 2016.

O presente artigo pretende apresentar uma dessas categorias de análise, referente às experiências familiares dos jovens e seu impacto na vida dos mesmos. Salienta-se, por fim, que todos os preceitos éticos foram atendidos para a realização da pesquisa, sendo que foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de Ensino Superior na qual as pesquisadoras estão vinculadas, sob o CAEE - 61015216.2.0000.5346.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Muito se tem abordado sobre a importância da família para a vivência dos jovens, ou seja, seu papel de centralidade. Nesse sentido, os jovens participantes da pesquisa enfa-tizaram, em diversos momentos, a influência da família em suas trajetórias. No entanto, a maioria das menções ao contexto familiar faz alusão a conflitos e fragilidades, fato que se pode compreender, entre outros aspectos, a partir da condição de vulnerabilidade e exclusão social vivenciada por essas famílias (FRAGA, 2002; ARPINI, QUINTANA, GONÇALVES, 2010).Nesse sentido, Karina, uma das participantes do estudo, relata na entrevista em 2016, que prefere morar com o tio em outra cidade, ao invés de permanecer morando com a mãe e o irmão. Isso pode ser visto no seguinte fragmento: “Ela defende o [irmão] e eu não, sobra pra mim. Até mesmo eu tô indo embora porque ela mesmo me mandou embora de casa [...]. Então eu decidi ir pra lá. Eu decidi ir embora”.

No momento em que Karina relata que a mãe “manda ela embora de casa”, pode-se pensar que a mãe, que seria uma das responsáveis por promover o cuidado, talvez esteja encon-trando dificuldades para dar conta dessa função. A partir disso, pode-se tomar as reflexões de

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Fraga (2002), aomencionar que, muitas vezes, os investimentos de cuidado no contexto fami-liar, em especial pelas figuras parentais, podem estar fragilizados devido ao contexto de vulnera-bilidade social a qual a família se encontra, sendo ela mesma parte das injustiças e contradições sociais. Como desdobramento desse contexto, pode sim haver uma falta de investimento dos pais em seus filhos, como também uma dificuldade de exercer as funções parentais que são im-portantes para eles. Contudo, não se trataria de uma falta de desejo ou uma condição natural de fragilidade, mas sim de um dos efeitos dos processos de exclusão a que se encontram submetidos. Ou seja, são famílias que também não tiveram experiências de reconhecimento, sendo difícil para muitas delas transpor essa condição. Pensar nessa direção pode ajudar a evitar julgamentos de ordem moral sobre a realidade dessas famílias. Desse modo, Fraga (2002) adverte para o equí-voco de imaginar que a família “deveria manter uma ética educativa acima dos conflitos sociais, como se ela não fizesse parte da mesma sociedade” (FRAGA, 2002, p. 53).

Dentro desse espectro de fragilidades do contexto familiar, Marcos, quando per-guntado sobre a influência da família em sua trajetória, afirma:

Olha, não influenciaram muito na minha vida, sabe. Eles não mudaram uma vírgula, só eu, eu que decidi mudar, eu que decidi sair, eu que decidi ter a minha casa, com a minha mulher, tudo eu e ela, entendeu? [...] Então eles não têm nada a ver. [...]. Que minha mãe não me deu educação, minha família não me deu educação [...]. Aí educação metade eu ganhei aqui [escola] e metade eu ganhei com a minha esposa (MARCOS).

Este relato chama a atenção para a ausência que ele menciona ter sentido de sua família enquanto referência e suporte. Também se pode pensar que, na impossibilidade de in-vestimento por parte da sua família, em especial da mãe, o jovem pareceu buscar na sua esposa uma figura de suporte e investimento de cuidado. Dessa forma, muitos jovens buscam em ou-tras pessoas as referências que os pais não teriam conseguido ser. Assim, os jovens prospectaram um futuro contexto familiar diferente daquele que viveram, como parece ter feito Marcos, no documentário, ao dizer que ele gostaria de fazer diferente: “gostaria de ser um pai mais presente, de buscar o filho na escola, de ver a família reunida”. Ainda, André relatou que desejaria poder educar seus filhos “falando com a boca”, em oposição a uma forma de relação marcada pela vio-lência e não pela palavra. Esses aspectos são significativos para pensar na importância de manter uma reflexão que analise os atravessamentos dos aspectos econômicos e sociais nas experiências familiares. Afinal, muitas vezes torna-se difícil para os jovens, na condição de filhos, entender a dimensão da contradição social e a fragilidade a que suas famílias estariam expostas.

Ainda sobre a fragilidade no contexto familiar, André, quando questionado sobre como a família teria influenciado a trajetória de vida dele, responde: “dando apoio”. Entretan-to, o jovem relata que a família já o apoiou, e que agora não apoia mais: “agora eu que tenho que ir atrás”. Seu sonho, no momento do documentário, era fazer teatro, e no momento da entrevista reafirma esse sonho, mas relata ter dificuldades em torná-lo realidade. Quando questionado sobre essas dificuldades, ele conta: “era eu que não ia atrás. Vergonha de chegar lá e perguntar [...]. Por isso que eu não fui. Ninguém me dá força”. Além disso, quando indaga-do sobre quem ele considera que deveria incentivá-lo, ele responde “minha mãe” e acrescenta: “nós tamos próximos, mas ela não me incentiva”.

Talvez o mais interessante de se perguntar aqui, a partir da fala de André, e do per-curso para analisar o tema, seria: o que estaria impedindo a mãe de André de dar esse passo de

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incentivo ao filho? Seria apenas falta de interesse em investir nele? Ou seria, quiçá, uma certa passividade gerada pela condição social a que se encontra, a qual cotidianamente reduz expec-tativas e sonhos, ou seja, empobrece as experiências? Seria uma forma de se proteger e proteger o filho da frustração de ver seus sonhos não serem realizados, devido a situação de pobreza e exclusão em que se encontram? Enfim, na esteira de não tomar como algo naturalizado o olhar sobre as famílias pobres, é que parece ser importante não perder de vista os nós que atam as múltiplas condições que geram as vulnerabilidades. Essas condições, quando tomadas de for-ma individualizada, podem desfazer esses nós, levando por ufor-ma trilha muitas vezes injusta de tomar a família como foco do problema, tirando da cena os atravessamentos socioeconômicos.

O relato de André, supracitado, remete a algo muito importante: ele parece sentir vergonha, sentir que ninguém lhe dá força, sentir que faltaria aquele impulso para chegar lá. O caminho é justamente pensar o porquê e o que estaria faltando. Nesse sentido, talvez o que precise ser transposto é justamente a barreira da exclusão e da vulnerabilidade: para chegar até lá e passar para o outro lado. Além disso, talvez possa-se inferir, como apontado anteriormen-te, que sua mãe também tenha passado por essa mesma experiência.

Além de André e Marcos, a partir do contato com Ester, avó de Ítalo, também foi possível perceber a existência de entraves no contexto familiar, o que inclui uma situação de violência sexual entre os irmãos já falecidos de Ítalo. Nesse sentido, entende-se que as fragilidades podem gerar, em alguns casos, ações de violência entre os membros da família, tornando a violência um elemento que vai se fazer presente nas relações (ARPINI; QUIN-TANA; GONÇALVES, 2010). Além disso, Groeninga (2003), menciona que, ainda que a família seja um lugar privilegiado de relações, estando no cerne da constituição psíquica, é necessário considerar que nem sempre as famílias conseguem cumprir com essa função. Elas podem passar pelas mais variadas adversidades, que são agravadas no caso de famílias que se encontram em um contexto de exclusão e vulnerabilidade social, como aquelas a que perten-cem os participantes do estudo.

Para além das fragilidades do contexto familiar já descritas, Ítalo também parece ter se afastado de sua família, visto que sua mãe pouco permanecia em casa, conforme Ester, pois fazia uso de álcool e não conseguia se vincular a um serviço de atendimento psicossocial (CAPS). No documentário, Ítalo referiu que a pessoa que ele mais admirava era o seu tio, pois o mesmo “trabalha de noite e de dia. Só vinha em casa pra trocar a roupa”. Ester também referiu, na entrevista, sobre a afetuosa relação que o Ítalo tinha com esse tio, porém quando o jovem estava em privação de liberdade, este não o visitou, fazendo com que, possivelmente, os laços entre eles se fragilizassem e assim Ítalo se sentisse desamparado.

Nesse sentido, destaca-se a importância de que se possam ampliar as reflexões sobre as relações familiares e os jovens, pois, na medida em que eles dizem sentir a ausência dos pais e sua falta de investimento, eles estariam explicitando a dificuldade de estar à mercê de suas próprias escolhas e decisões e, portanto, traçando uma trajetória mais solitária e talvez de maior risco. Assim, pode-se considerar que haveria uma relação de cuidado mais naturalizada dos pais em relação aos filhos na infância, sendo que esse cuidado parece se enfraquecer na medida em que a infância vai sendo deixada para trás. Dessa forma, os jovens sentem o peso de ter que se haver com suas necessidades, muitas vezes, por conta própria (ARPINI; WITT, 2015). Certamente essa não é uma tarefa fácil, sobretudo numa sociedade que também não se coloca de forma protetiva e acolhedora – menos ainda para os jovens que trazem a marca da pobreza e da exclusão.

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Ainda nessa direção, o relato de Karina, ao mencionar que “saía toda hora em festa” e que “não parava em casa”, corrobora com essa ausência da referência almejada. Também An-dré, ao falar sobre sua vontade de participar de um grupo de teatro, relatou que sua mãe não lhe dava força, explicitando essa mesma situação. Nesse cenário, André falou claramente de uma falta e a consequente necessidade de se sentir ancorado por alguém que pudesse ajudá-lo a tomar decisões e atitudes em circunstâncias que seriam significativas para a sua trajetória. Nesse ínterim, Silva et al. (2012) destacam que muitas famílias, atravessadas pelo contexto de exclusão e vulnerabilidade social, apresentam dificuldades ou não conseguem atender as demandas de seus filhos e, inclusive, as exigências sociais do que imaginam ser bons pais e boas mães. Dessa forma, acabam se sentindo fragilizados no exercício das funções parentais, gerando, em alguns casos, dificuldades no estabelecimento das relações familiares.

Em contrapartida a essas dificuldades no âmbito familiar, é importante destacar que os participantes relataram sobre algumas expectativas que seus familiares tinham sobre eles. Essas expectativas poderiam indicar que as famílias veem nesses jovens potencialidades para desenvolverem projetos de vida. Isso se torna importante na medida em que possam se sentir reconhecidos, valorizados e ter visibilidade por parte de suas próprias famílias. Isso pode ser visualizado nos seguintes fragmentos: “a minha mãe quer que eu termine todo meus estudos. Ela quer me ajudar a arrumar meu serviço pra mim [...]. E ter minhas próprias coisas” (JU-LIANA, 2012).

O que a minha família espera que eu não faça coisa errada né, que eu não vá preso de novo, que eu me cuide, que eu estude bastante. Eu acho né, não sei a opinião deles. Eles querem que eu estude bastante, de atenção pros meus irmãos pequenos, tipo assim não brigue, não faça nada errado na escola pra eles não tá vindo aqui né. Acho que o que eles querem pro meu futuro é que eu termine meus estudos, trabalhe e tenha a minha casa né, sem incomodação, sem fofoca, essas coisas (MARCOS, 2012).

Sobre as expectativas da família de André, anteriormente, no documentário, este relatou que a sua família esperava que ele entrasse para o quartel, pois sua mãe tinha sonho de colocar “a boina” nos filhos. Na entrevista, o participante relata que ainda não entrou no quartel e que acha que a mãe espera isso até hoje. Ele diz: “Vou dar uma pensada, daí eu vou ver se eu vou. Querer, querer eu quero, mas só que eu tenho medo de pegar lá na X, lá é pe-sado, tem que fazer de tudo”. Além disso, ainda sobre as expectativas parentais, refere: “que eu trabalhe e seja honesto; não faça nada pra ninguém”.

Os participantes da pesquisa também incluíram suas próprias expectativas e desejos com relação às suas famílias, em uma perspectiva que resgata a afetividade presente nessas relações. No caso de Juliana e Marcos (que são irmãos), por exemplo, salienta-se que ambos referiram no documentário sobre o desejo de que a mãe estivesse mais próxima da rotina da família. Contudo, eles demonstraram entender que à distância, muitas vezes, ocorria devido ao fato de a mãe ser a pessoa responsável por promover o sustento da família.

Nesse sentido, aponta-se para a tendência já explorada por alguns estudos, de que algumas famílias, que estão em situação de vulnerabilidade social, são monoparentais femini-nas (CÚNICO; ARPINI, 2014). Segundo as autoras, essa mudança no papel da mulher teria um impacto sobre as dinâmicas familiares, tendo em vista que isso geraria uma sobrecarga de tarefas, tais como a educação dos filhos e a supervisão de suas atividades externas à

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famí-lia, além das inúmeras tarefas de manutenção do lar. Isso, associado ao trabalho, reduziria o tempo destinado aos filhos e se refletiria na relação entre eles (GADEA et al., 2017; ARPINI, QUINTANA, 2003).

Torna-se importante também destacar outro aspecto da trajetória de Ítalo: as trans-gressões ocorridas durante sua adolescência e a continuidade de sua imersão no universo da contravenção ao atingir a maioridade. Considerando o contexto familiar de ítalo, anterior-mente discutido, Feijó e Assis (2004) evidenciaram que a maioria dos jovens atores de ato infracional possui fragilidades nos vínculos familiares, bem como advém de contextos de pobreza e exclusão social. Assim, tais jovens careciam de suporte social e familiar, não sob uma perspectiva reducionista de causa e efeito, mas como um, entre diversos fatores interde-pendentes que teriam influência sobre sua trajetória de vida.

Outro estudo, de Morais, Koller e Raffaelli (2012), com jovens em situação de vulnerabilidade social, constatou a importância do contexto familiar, enquanto fator de proteção, frente a eventos estressores, que são frequentemente vivenciados por essa popu-lação. Neste sentido, as autoras enfatizam a relevância de políticas públicas que tenham como foco a atenção às famílias. Nessa mesma direção, Cronemberger e Teixeira (2013) ressaltam que hoje existe um crescimento na demanda de políticas de atenção às famílias, uma vez que estas necessitam de proteção, dadas as vulnerabilidades que se fazem diversas vezes presentes.

Parece ser importante, ainda, destacar a relação de proximidade/conflito entre as famílias pobres e as políticas de fortalecimento dos vínculos e de proteção às famílias. Ro-magnoli (2015) chama atenção para a importância de considerar que, assim como a dimen-são macrossocial precisa estar presente no entendimento sobre a família e suas fragilidades, também precisa estar na prática dos profissionais. Afinal, na medida em que as queixas no processo de trabalho com as famílias são tomadas como pessoais e despolitizadas, sem atentar para as determinações socioinstitucionais, estar-se-ia fortalecendo esse olhar de naturalização de certos estigmas em relação a essas famílias pobres, vendo-as ainda como culpadas por suas limitações ou dificuldades.

Nesse sentido, a Romagnoli (2015) destaca a importância de discutir os conceitos que embasam as políticas públicas e os usos desses conceitos no cotidiano do trabalho com as famílias. Tomando por base as discussões aqui já tecidas, sente-se a necessidade de sair de um olhar que encobre práticas moralistas, relações de tutela e processos de assujeitamento. É preciso aceitar o convite da autora para pensar nos afetos, nos sofrimentos e nas potencialidades, entendendo que elas não estão fora da exclusão, mas são parte dela, de seu confronto ou de sua superação.

Outro aspecto que merece destaque foi a referência à escola como local importante e permeado por boas lembranças e também expectativas positivas. Percebe-se que, muitas vezes, ao sentirem que não possuem um lugar definido na família, a partir da fragilização das relações, a escola se coloca como uma instituição de referência para os jovens pobres, constituindo-se como um suporte no enfrentamento dessas questões. Todavia, é importante frisar que a escola, da mesma forma que as famílias e as políticas públicas direcionadas a elas, também se encontra atravessada pela desigualdade e pela exclusão.

Por fim, nesse cenário, Rocha et al. (2014) destacam que, para além da família, a escola pode ser um espaço de referência, onde se deveriam buscar estabelecer relações inves-tidas, afetivas e livre de preconceitos e estereótipos. Nesse sentido, compreende-se que, ao ter uma escola atenta e preocupada com os jovens, esta poderia auxiliar em possíveis mudanças

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nas relações entre as famílias e seus filhos, como também diante das fragilidades familiares, colocando-se como uma instituição de apoio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa considerou diversos fatores que podem permear os contextos familiares de jovens da periferia. Desse modo, foi possível identificar aspectos que pareceram interferir nas experiências de vida desses jovens, colocando em evidência o significado que a fragilidade de relações familiares pode assumir.

Os participantes da pesquisa relataram a dificuldade de estabelecer laços e afetos seguros com sua família, por conta de diversos conflitos existentes em seus contextos. Esses aspectos exigem que o jovem tenha uma capacidade de empenhar-se em reorientar seus ru-mos e redirecionar seus objetivos de vida e seus anseios, muitas vezes por conta própria ou com a ajuda de outras pessoas que possam ocupar um lugar de referência.

Foi possível observar que, no contexto dos participantes, fazem-se presentes alguns obstáculos, dentre eles: a pobreza, as dificuldades nas relações, a exposição a situações de risco e a vulnerabilidade social. Dessa forma, compreende-se que as políticas públicas poderiam oferecer possibilidades diferentes para essas famílias, no que diz respeito ao suporte para en-frentar as adversidades e oportunizar novas formas e estratégias de ampliar as possibilidades de superação.

Este artigo pretendeu lançar um olhar a partir das narrativas dos jovens sobre suas relações familiares. Buscou-se evidenciar a importância da família e as vulnerabilidades em que se encontram inseridas, bem como o impacto estas têm para os jovens. A pobreza se coloca como um elemento que atravessa as trajetórias dos jovens, sendo que estes sentem cotidianamente a falta de oportunidades e as dificuldades para a realização de seus projetos e sonhos, assim como suas famílias. Destaca-se, ainda, que, entre os sonhos manifestados pelos jovens, estaria o de “ver a família unida, ajudando-se”, assim como o de “poder ser um pai presente, que vai levar e buscar os filhos na escola”, por exemplo. Esses sonhos distanciam-se da violência e da ausência que teria sido vivenciada em suas trajetórias. Embora fale-se sobre fragilidades, o texto almeja destacar a família como ponto central na trajetória dos jovens, visto que suas problemáticas incidem de forma contundente em seus contextos de vida.

Por fim, entende-se que as políticas públicas podem ser uma ponte para superação e o fortalecimento dos vínculos familiares, assim como a escola, referida pelos jovens como positiva em suas vidas. As contribuições do artigo se dão justamente pelo fato de ter oportunizado aos jovens dois momentos de fala e escuta sobre suas relações e seus projetos. Reconhecer a com-plexidade das relações familiares, assim como ter presente o contexto histórico e social que as permeiam, são aspectos que devem se fazer presentes na análise dos estudos. Logo, outras con-tribuições sobre essa temática certamente são necessárias, considerando sua relevância.

FAMILIAR RELATIONS IN THE LIFE TRAJECTORIES OF YOUTHS IN SOCIAL VULNERABILITY CONTEXTS

Abstract: this study aims to analyze the familiar experiences in the life trajectories of young people in socially vulnerable situations. This is a qualitative and longitudinal research, as it addresses two distinct moments: the first, when some young people in this research participated in a documentary,

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produced from an Extension Project at School; and the second, when they were contacted again to share their trajectories through interviews. The analysis proposes to think of the crossings brought by the young people about their families as related to the vulnerability where they find themselves, paying attention to the fact that these families would be crossed by poverty and inequality. Thus, it is understood certain difficulties referred by adolescents regarding the establishment of affective relations in family. It emphasize the School and the public policies as support for young people and their families.

Keywords: Familiar relations. Youths. Social Vulnerability. Referências

ARIÈS. Philippe. História social da criança e da família. Dora Flaksman (trad.). Rio de Janeiro: Guanabara. 2. ed. 1986.

ARPINI, Dorian Mônica. Violência e Exclusão em adolescente de grupos populares. Bauru, 2003. ARPINI, Dorian Mônica; QUINTANA, Alberto Manuel. Identidade, família e relações sociais em adolescentes de grupos populares. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 20, n. 1, p. 27-36, jan./abril, 2003.

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Referências

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