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O bioma cerrado na perspectiva do ensino de ciências naturais: Uma análise reflexiva e inclusiva / The cerrado biome from the perspective of teaching natural sciences: A reflective and inclusive analysis

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O bioma cerrado na perspectiva do ensino de ciências naturais: Uma

análise reflexiva e inclusiva

The cerrado biome from the perspective of teaching natural sciences: A

reflective and inclusive analysis

DOI:10.34117/bjdv6n5-397

Recebimento dos originais:23/04/2020 Aceitação para publicação:20/05/2020

Douglas Mendonça Garin

Mestrando em Ensino de Ciências Naturais (PPGECN) Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT

Professor da Rede Estadual de Educação (SEDUC/MT)

Endereço: Rua Margarida Ribeiro Hungria, Nº 16 Qda 15.Bairro: Centro Sul, Várzea Grande-MT, Brasil.

E-mail: douglasgarin@yahoo.com.br

Edna Lopes Hardoim

Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Carlos

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso - Pesquisadora Associada.

Endereço: Av. Miguel Sutil, 9855 apto 1203-Edif Saint Mikhael .Bairro: Duque de Caxias I, Cuiabá-MT, Brasil.

E-mail: hardoimel@gmail.com

RESUMO

A pesquisa sobre o estado da arte buscou investigar três descritores importantes para o desenvolvimento e a justificativa de relevância em se desenvolver uma dissertação envolvendo o bioma cerrado como conteúdo do ensino de ciências naturais, na perspectiva inclusiva de alunos que apresentam alguma deficiência sensorial, física e ou cognitiva. Todavia, para o recorte mais específico, explicitamos a educação de surdos, com intuito de discutir o uso das tecnologias digitais como ferramenta pedagógica de auxílio à construção do conhecimento de alunos do ensino fundamental. A pesquisa sinalizou que embora exista um número expressivo de trabalhos publicados nas plataformas eleitas para a consulta, as pesquisas sobre o tema abordado permanecem incipientes e, por conseguinte, a correspondente produção acadêmica. As publicações relevantes para este estudo expressam algumas proposições de trabalho com alunos surdos de forma imagética, outros predispõem-se a estudar os fatores sociológicos que envolvem a educação especial, alguns trabalhos sugerem a aula de campo como atividade de aprendizagem, mas nesta revisão sistemática da literatura detectamos poucos trabalhos com o uso das tecnologias digitais, e os que propõem não enfocam o nosso objeto de pesquisa.

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ABSTRATC

The research on the state of the art sought to investigate three important descriptors for the development and justification of relevance in developing a dissertation involving the cerrado biome as content of teaching natural sciences, in the inclusive perspective of students who have some sensory, physical and or cognitive. However, for the more specific cut, we make explicit the education of the deaf, in order to discuss the use of digital technologies as a pedagogical tool to help build the knowledge of elementary school students. The research signaled that although there is an expressive number of works published on the platforms chosen for consultation, research on the topic addressed remains incipient and, therefore, the corresponding academic production. The publications relevant to this study express some propositions of working with deaf students in an imaginary way, others are predisposed to study the sociological factors that involve special education, some works suggest the field class as a learning activity, but in this systematic review of literature we detect few works with the use of digital technologies, and those that propose do not focus on our research object.

Keywords: Digital technology. Deaf education. Unschooled environments.

1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa buscou investigar de forma reflexiva e exploratória, os descritores: Bioma cerrado, Ensino de ciências naturais na perspectiva da Educação de surdos, na intenção de entender até que ponto as ferramentas digitais podem contribuir e desempenhar função pedagógica no ensino de ciências naturais. Nesse sentido, para responder ao problema central, destacamos algumas questões orientadoras: Como os professores ensinam o bioma cerrado aos alunos? É possível compreender como o sujeito aprende observando o comportamento digital dos participantes? Quais suas tendências educacionais? Como priorizar as habilidades previamente levantadas em diagnóstico? Para responder estas questões realizamos um levantamento nas principais plataformas de teses e dissertações.

Buscamos sempre a inclusão em nossos trabalhos, por isso um dos assuntos não destacados como descritores, mas presente em nosso olhar pesquisador, é a maneira como os autores e, por conseguinte os trabalhos pesquisados, trazem a inclusão. Verificando de que forma é abordada essa inclusão em suas pesquisas e por consequência como sugerem que sejam trabalhadas as habilidades e competências dos alunos conforme planejamento das aulas e ou projetos na escola à luz de suas proposições. Não ficando somente na perspectiva de incluir o aluno na sala de aula, deixando de lado questões pedagógicas que poderiam provocar uma melhora no desempenho cognitivo do aluno com deficiência. O que nos leva a sugerir metodologias mais ativas na tentativa de dirimir estas questões.

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De acordo com essas concepções a pesquisa sugere o uso das TDICs – Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, como ferramenta de auxílio no processo ensino- aprendizagem de alunos com ou sem deficiências.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo a BNCC – Base Nacional Comum Curricular, os desafios para se ensinar ciências são muitos e alguns deles são destacados neste documento, sendo os principais o ensino de ciências por investigação, o letramento cientifico e a melhora progressiva das habilidades do indivíduo ano a ano, devido a uma sequência didática que divide o ensino em três grandes eixos temáticos, sendo eles: TERRA E UNIVERSO, MATERIA E ENERGIA, VIDA E EVOLUÇÃO.

A proposta de se dividir por temáticas o currículo educacional nas diferentes fases de aprendizagem, não é nova, há muito tempo já se pensa nessa estratégia. Segundo Valente (2005), o conhecimento é o que cada indivíduo constrói como produto de processamento, da interpretação e da compreensão da informação. É o significado que atribuímos e representamos em nossa mente sobre a nossa realidade. Diante dessa afirmação, podemos dizer que é papel do (a) educador (a) que se propõe a trabalhar com essa abordagem, os eixos temáticos auxiliam o educando a ter mais autonomia em sua construção do conhecimento que de acordo com Freire:

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, procurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatandintervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (1996, p14)

A BNCC traz uma proposta de aprendizagem em espiral que, segundo Piaget:

Se voltarmos da lógica para a psicologia ou a epistemologia, todo sistema de conhecimentos é na realidade circular.A extensão do conhecimento consiste somente, desse ponto de vista, em alargar tanto quanto possível o domínio compreendido entre suas fronteiras. Conforme tivemos ocasião de mostrar em outra ocasião, a classificação das ciências apresenta essa estrutura e o progresso de seu desenvolvimento vem a ser transformar este círculo em espiral, por uma série

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indefinida de alargamentos sucessivos desse tipo. Este caráter circular é, pois, geral e documenta simplesmente a natureza organizadora de todo conhecimento, por oposição ao caráter exclusivamente aditivo ou linear que lhe é atribuído pelo bom senso falsamente pedagógico. (1973, pp.183-184)

Através dessa possibilidade, os eixos se repetiriam ano a ano e se adicionarmos a essa discussão o conteúdo de ensino de ciências mais precisamente sobre o Bioma cerrado, poderíamos concluir que essa espiral auxiliaria no processo de ensino aprendizagem e contemplaria o disposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs que sugeriam maior autonomia por meio do incentivo ao caráter investigativo e a maturidade científica dos alunos. Nesse sentido, justifica-se a inserção das tecnologias digitais, hoje consideradas TDICs, no processo pois, segundo Valente (2005), as tecnologias precisam ser inseridas na educação de modo a ensinar os alunos a pensarem e produzirem o conhecimento a partir do e com o emprego das ferramentas tecnológicas, descartando então o uso mecânico da comunicação, o qual só leva em conta a reprodução de atividades que antes eram desenvolvidas somente com papel e caneta. Nesse contexto, a tecnologia assumiria o papel de ferramenta educacional com foco na produção de ciências por meio de investigação a medida em que os estímulos fossem facilitados pelo educador ao educando.

3 PERCURSO METODOLÓGICO

A metodologia utilizada para esta pesquisa do tipo estado da arte utiliza uma abordagem qualitativa com foco principal na análise de conteúdos publicados sobre o problema de pesquisa levantado anteriormente na introdução.

Os veículos utilizados como meio para obtenção das informações foram a plataforma BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações disponível em www.bdtd.ibct.br e o portal de periódicos CAPES, disponível em: www.periodicos.capes.gov.br. Os acessos foram feitos nas semanas entre os dias 03 e 23 de junho de 2019, a lista completa com as datas e os horários de acessos encontram-se nas referências deste trabalho. Fez-se um recorte temporal para a pesquisa entre os anos 2009 e 2019. Para a pesquisa foram determinados os descritores: Bioma cerrado1, ensino de ciências naturais2 e educação de surdos3. Os descritores foram combinados

dois a dois e todos simultaneamente.

1 Descritor 1 2 Descritor 2 3 Descritor 3

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Nosso primeiro ensaio ocorreu na Biblioteca digital e filtramos como descritores apenas os termos – bioma cerrado e ensino de ciências naturais. Após análise do resultado obtido realizamos uma segunda filtragem onde utilizamos os descritores: ensino de ciências naturais e educação de surdos. É importante relatar que em todas as modalidades de filtros simulamos as preposições “DE” e “PARA” no descritor: educação de surdos e não apresentaram diferenças nos resultados. Em seguida acessamos o portal periódico CAPES e fizemos as mesmas filtragens com as mesmas combinações de descritores; salientamos que ao filtrar os três descritores juntos não encontramos trabalho algum relacionado. Destacamos que é possível haver trabalhos relacionados em outros portais ou periódicos aqui não pesquisados. Os trabalhos selecionados para serem descritos e discutidos nesse artigo na sessão de resultados foram os que tiveram maior relevância ao tema, aos descritores e a inclusão.

4 RESULTADOS

Antes de traçarmos um panorama geral dos trabalhos levantados com os descritores indicados no objetivo dessa pesquisa sobre o estado da arte, gostaríamos de relatar que em pesquisa prévia no diretório de grupos de pesquisas da plataforma Lattes, constatamos uma ausência de grupos direcionados a um dos descritores sendo este a educação de surdos. Consideramos essa informação de grande relevância para esta pesquisa haja vista que, se não há um número expressivo de grupos de pesquisadores e, por conseguinte, pesquisadores levantando e produzindo conhecimento sobre o assunto, dedutivamente teremos um número bem reduzido de trabalhos publicados para este descritor. Tal fato possui relevância pois, para delinearmos este estudo de forma equalizadora, criaremos uma dicotomia entre os demais descritores e este em questão. De qualquer forma, se justifica legitima a tentativa de contemplar o assunto e expressar o que existe de produções até o momento sobre educação de surdos.

Aproveitamos o momento para dizer que a pesquisa se limitou a buscar apenas dois canais de publicações, não eliminando, portanto, a possibilidade de haver outros trabalhos presentes em outras plataformas, anais, periódicos específicos. Todavia, afirmamos que procuramos trazer o que há de mais importante para esta etapa da pesquisa neste recorte de contribuições nas pesquisas realizadas por outros pesquisadores.

Iniciaremos o estado da arte apresentando dois trabalhos produzidos por Mestrandos do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Educação da UFMT – Universidade federal de Mato Grosso, cujos objetivos possuíam como objeto de estudo os surdos no contexto da

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educação em Ciências Naturais. Os participantes desta pesquisa foram integrantes de um projeto realizado pelo Instituto de Educação da UFMT em parceria com a CAPES, intitulado Novos Talentos (PNT). No primeiro Amanda Yasmin Cezarino buscou discutir na perspectiva cultural dos surdos, como está sendo constituída “Cultura Surda” ou Surdo com letra Maiúscula, a partir de experiências vividas por alunos surdos inseridos no Projeto Novos Talentos (PNT) e de como eles poderiam aprender por meio da imagem, sendo já de consenso da maioria dos educadores especializados na área de educação para surdos, que eles aprendem de forma imagética (CERTEAU, 2009).

O estudo citado revela-se importante para a discussão e fomento às pesquisas em ensino de ciências naturais para surdos, pois de acordo com Cezarino (2017) é possível facilitar o ensino aos alunos surdos empregando imagens, o que de uma certa forma nos leva a refletir sobre nossas práticas de sala de aula, onde temos uma heterogeneidade de tendências educacionais, e que é possível ensinar surdos, mesmo não dominando a Libras (Língua Brasileira de Sinais). A pesquisa em questão buscou desenvolver estudos teóricos sobre relações entre ciência, cultura, cultura surda e educação em ciências naturais, dando destaque à educação de surdos, tendo como objetivo geral analisar experiências vivenciadas no Projeto Novos Talentos/UFMT/Capes, notadamente no que se refere ao uso de fotografia na educação em ciências naturais para estudantes surdos. Os resultados obtidos, segundo a autora, foram de grande importância, pois permitiram ao participante momentos de reconstrução de conhecimento que antes tinham visões centralizadas.

Do ponto de vista da educação de surdos, as narrativas deram destaque à importância da experiência vivenciada no projeto de extensão universitária em questão, sobretudo porque possibilitou aproximações com a educação de surdos. A autora descreve, ainda, as experiências relatadas pelos monitores do PNT, que contribuem dizendo que a fotografia pode ser um meio de expressar a linguagem, o que na nossa opinião pode ser entendida como uma forma de linguagem, e que a fotografia ajuda a entender contextos históricos e sociais no dia- dia do participante. Os protagonistas desses estudos também foram ouvidos pela autora, em entrevista realizada com surdos que integram o CEAADA- Centro Educacional de Apoio Deficiente Auditivo, que relatam ter sido uma experiência significativa e potencializadora em suas vidas, especialmente no ensino de ciências naturais. A Cezarino conclui, nos dizendo que:

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As discussões apresentadas nesse estudo remetem ao entendimento de que os surdos são sujeitos que historicamente permaneceram à margem da cultura ouvinte. Tiveram a sua identidade e cultura negadas, principalmente pelo não reconhecimento de seus artefatos culturais. Na antiguidade a surdez era considerada como castigo dos deuses e por essa razão pais tinham autorização para sacrificar filhos surdos pelo entendimento de que não eram merecedores da vida. (2017, p75).

Uma outra pesquisa destacada, também, é de uma mestranda do Instituto de Educação, da UFMT. A autora Ana Paula Medeiros Destro traz de forma qualitativa de estudo de caso, onde fora utilizado, um caso em específico, o de uma Professora e suas experiências pedagógicas no ensino de ciências naturais para surdos. Conforme a autora, o delineamento da pesquisa seguiu uma perspectiva inclusiva dos alunos surdos no contexto escolar, e teve como objetivos as experiências pedagógicas narradas por uma docente, identificando desafios, posicionamentos e potencialidades na educação em Ciências Naturais para surdos. Os resultados sinalizam que os principais desafios manifestados pela professora foram a falta de formação específica para educação de surdos, falta de políticas públicas que asseguram seleção de professores capacitados para trabalhar com surdos além de dificuldades na comunicação entre professores e os alunos com surdez, agravados pela falta de intérprete para ajudar na condução dos trabalhos pedagógicos e, por último, porém não menos importante, é a falta de sinais em Libras para termos e conceitos da área das Ciências Naturais.

Para dirimir esses obstáculos, a professora utilizou ferramentas lúdicas com foco imagético de atividades que projetassem o aluno surdo como protagonista do processo educativo e atividades curriculares. Utilizando-se também das tecnologias digitais para auxiliar nesse processo, um ponto relatado nesta pesquisa e que nos leva a refletir é o da professora citar a auto formação como estratégia também de equalizar o conhecimento sobre o assunto, pois partimos do pressuposto de que é necessário querer para buscar novos conhecimentos sobre o assunto. As conclusões deste estudo indicam a necessidade de uma maior atenção das autoridades no que concerne à formação continuada e à extensão universitária dos estudos para o profissional docente, pois nessa perspectiva as redes colaborativas de estudo podem contribuir com trocas de experiências, vivências e informações específicas sobre educação para surdos.

As pesquisas na Biblioteca digital com os descritores 1 e 2 sinalizam apenas 2 artigos de pesquisadores que, coincidentemente, são de IES da região Centro Oeste e dão foco ao cerrado do ponto de vista didático, trabalhando como assuntos principais a representação da

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natureza e da biologia das espécies que compõem a fauna e a flora desse bioma; um na perspectiva do que trazem os livros didáticos e de que forma eles tratam as definições e influenciam o processo de ensino/aprendizagem dos educandos. O outro busca a perspectiva dos alunos e como se relacionam com os fenômenos naturais da biologia do bioma cerrado. O estudo foi feito com uma turma de 7° ano do fundamental de uma escola (pública) do DF – Distrito Federal, esses trabalhos tiveram como autores Domingas Siqueira, et al e Deise Dias Barreto, respectivamente.

No segundo ensaio feito com os descritores 2 e 3, a pesquisa revelou 50 trabalhos relacionados, dentre os quais apenas dois possuem relevância para esta pesquisa. No primeiro Marco Aurélio Tupinambá Viana Filho, busca reforçar o raciocínio lógico dos alunos com surdez por meio do modelo qualitativo de aprendizagem, que busca compor através da causalidade ou seja situações habituais no dia-dia do aluno na formação de conceito e entendimento, transformando em aprendizagem o que foi interpretado através de imagens. O segundo trata-se da tese de Ana Regina e Souza Campello, que tem como foco o que o aluno surdo vê e como isso interfere/colabora no processo de ensino-aprendizagem, traçando um panorama histórico-reflexivo da linguagem visual abordada em diferentes épocas. Os demais trabalhos encontrados na BDTD, contemplam dentro da perspectiva de educação de surdos, o desenvolvimento social e cognitivo do aluno com surdez, a formação docente e o ensino de PcD (surdos), a inclusão social dos surdos no âmbito escolar e trabalhos envolvendo o processo de aprendizagem das disciplinas química, física e matemática. Salientamos que em nossas leituras não detectamos nessa base de dados, algo relacionado diretamente ao ensino das disciplinas de biologia e ciências ou à natureza e meio ambiente para educação de surdos. A segunda parte da pesquisa contou com busca feita no portal periódicos CAPES, onde, utilizando a combinação dos filtros 1 e 2, constatamos 34 trabalhos relacionados, e, entre esses, com relação ao nosso objeto de estudos, destacamos mais 2 artigos. No primeiro, a autora Ana Maria de Andrade Caldeira discute algumas estratégias para o ensino de biologia e química sob a luz da formação de campo conceitual, utilizando como exemplo a natureza e o bioma cerrado; o segundo é de grande relevância para nossa pesquisa, pois Razuck Ribeiro et al, em parceria com aluno de programas de extensão universitária (PIBID), elaboraram um roteiro de aula de campo para alunos do 7° ano fundamental de uma escola; os alunos participantes da pesquisa fizeram uma aula de campo em uma região de cerrado do Distrito Federal e, na sequência, fizeram a manipulação de animais vertebrados e invertebrados pertencentes a flora nativa do bioma. Os resultados foram muito importantes, pois os alunos puderam estudar os

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fatores fisiológicos, biológicos e anatômicos dos animais, bem como sua importância para a conservação do bioma em questão.

Os outros trabalhos encontrados pelos buscadores relatam a agricultura, geoprocessamento, turismo e sustentabilidade, desmatamento e biodiversidade, todos esses assuntos em âmbito de educação superior ou pesquisa técnica, sendo o ensino de ciências contemplado de uma forma não aplicada ao foco desta pesquisa.

Os resultados da filtragem dos descritores 2 e 3 relataram um montante de 30 publicações relacionadas, dentre as quais destacamos outros 2 artigos sendo pertinente comentar aquele desenvolvido por Olivia Van Der Weid, que em sua dissertação faz um resgate das metodologias históricas de ensino da criança com cegueira, buscando propor adaptabilidade das cartilhas de ensino que auxiliem no processo de aprendizagem e, por fim, a pesquisa propõe contribuir para uma Pedagogia da Cegueira, utilizando os conceitos ambientais e explica como o corpo dos cegos se estende para a percepção e formação desses conceitos e expressa as consequências oriundas dessa perspectiva.

Na sequência, Paula Boos Höher et al. (2012) trazem em seu artigo a discussão sobre a importância dos cinco sentidos em um aluno ouvinte e como os demais sentidos são realçados na ausência da audição em alunos surdos. Esta experiência ocorreu com uma turma de alunos surdos que participaram de uma trilha ecológica que, ao final, foram submetidos a avaliações para verificação do que foi aprendido. Uma dessas atividades foi a de expressar, por meio de desenhos, o que foi compreendido. Os estudos desses pesquisadores ratificam que os alunos surdos têm uma maior percepção dos outros sentidos devido à ausência da audição, sendo a imagem, ou seja, a visão, o principal e mais aguçado sentido. Tal afirmação foi constatada na análise do material produzido pelos participantes do estudo, que sugerem, inclusive, relações do ambiente com situações de dia-dia dos alunos surdos.

O último trabalho escolhido para ser comentado é o de Mônica Erika Pardin Steinert, a dissertação discute o tema educação em saúde tendo como principal foco os microrganismos. O artigo traz o uso das tecnologias digitais como estratégia para o ensino de Ciências em sala de aula, a Dissertação faz parte do mesmo Programa de Mestrado cursado por um dos autores desse artigo, da Universidade Federal de Mato Grosso que confere o Diploma de Mestrado Profissional na área de Ensino, que de acordo com a normativa o mestrado profissional tem por objetivo, entre outros, a criação de um produto educacional. Para este, a autora criou o SAMBI, que traz dentro de um aplicativo de celular online, informações que vão desde dicas de saúde e higiene pessoal até conteúdo específicos de micro biologia e a fisiologia dos

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organismos causadores de enfermidades nos seres vivos. O que é de grande relevância para a nossa pesquisa haja vista que sugere o uso de telefones móveis como estratégia para o ensino em sala de aula e pode ser utilizado por Professores e Alunos.

A Tabela 1 resume os trabalhos obtidos e analisados da busca nas bases BDTD e Periódicos Capes empregando os descritores Bioma cerrado, ensino de ciências naturais e educação de surdos e traz a principal abordagem de cada um dos trabalhos considerados pertinentes para apoiar teórica e/ou metodologicamente nossa pesquisa.

Tabela 1. Artigos, Teses e Dissertações analisados, referentes aos descritores: 1 – Bioma cerrado, 2 – ensino de ciências naturais, 3 – educação de surdos

Descritores Autor Título Periódico/ano Abordagem

Bioma cerrado e Ensino de ciências naturais SIQUEIRA, Domingas Cruvinel Batista de Representação do cerrado nos livros didáticos na rede pública do estado de goiás Goiânia

BDTD/2011 Perspectiva de ensino do bioma cerrado nos livros didáticos.

DIAS, Deise Barreto

Concepções de meio ambiente e natureza: uma reflexão com alunos de 7º ano do ensino fundamental do distrito federal

BDTD /2013 Concepções de natureza e meio ambiente CALDEIRA , Ana Maria de Andrade Formação de conceitos no ensino de biologia e química PERIÓDICOS CAPES/2009

Métodos de ensino de conceitos de biologia e química RIBEIRO, Razuck. et al Animais do cerrado: indo além da sala de aula PERIÓDICOS CAPES /2016

Aula de campo envolvendo os alunos no conteúdo bioma cerrado

Ensino de VIANA Ensino de ciências para BDTD/2016 Raciocínio qualitativo para ciências FILHO, alunos surdos: alunos com surdez. naturais e Marco aplicação de modelo

Educação de Aurelio qualitativo baseado em surdos Tupinamba raciocínio qualitativo

para alunos do ensino fundamental i

CAMPELL Aspectos da BDTD/2008 Comunicação visual O, Ana visualidade

Regina e na educação de surdos Souza

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WEID, Olivia Von Der O corpo estendido de cegos: cognição, ambiente, PERIÓDICOS CAPES /2015

Discutir e propor novos métodos adaptativos de ensino de ciências para crianças cegas. acoplamentos. HOHER, Paula Boos ; CORREA, Paulo Edelvar Peres Percepções de alunos s urdos em trilha ecológica com o uso dos diferentes sentidos: uma abordagem da educação ambiental. PERIÓDICOS CAPES /2012 A educação ambiental na perspectiva da observação e o registro imagético de uma aula de campo em trilha ecológica.

CEZARINO , Amanda Yasmim Fotografia como prática de enunciação: experiências PERIÓDICOS CAPES /2017

Uma da imagem como estratégia de ensino à alunos surdos.

vivenciadas na educação em ciências naturais para surdos, no contexto do projeto novos talentos/ufmt/capes DESTRO, Ana Paula Medeiros Educação em ciências naturais para surdos: uma análise de experiências pedagógicas

PERIÓDICOS CAPES /2017

Estudo realizado com base nas reflexões das práticas educativas de uma Professora de Ciências com alunos surdos.

STEINERT, Mônica Erika Pardin "Sala de aula, um sistema autopoiético para a educação em PERIÓDICOS CAPES /2017

Uso do aplicativo SAMBI através das Tecnologias para ensino de Ciências Naturais, saúde com uso do com foco na saúde coletiva. aplicativo sambi"

Bioma Nenhum trabalho BDTD

Cerrado, encontrado Ensino de ciências naturais e Nenhum trabalho encontrado PERIÓDICOS CAPES Educação de surdos

Fonte: Elaboração dos autores (2019).

5 CONCLUSÕES

O recorte feito nesta pesquisa revela que existem trabalhos de pesquisas e conhecimentos sendo produzidos e ou fomentados em relação aos descritores aqui definidos. Porém, dentre o que pudemos verificar, foram ao todo 118 trabalhos analisados, dos quais

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apenas 11 foram referenciados por serem de relevância a implementação do objetivo geral definidos nessa pesquisa, que foi investigar como o uso das Tecnologias Digitais de comunicação e informação podem ser utilizadas no ensino do Bioma cerrado para alunos do ensino fundamental, tendo como destaque alunos com surdez, bem como outras deficiências. Dentre os trabalhos referenciados, podemos concluir que existem algumas pesquisas com o objetivo de melhorar a aprendizagem dos alunos com ou sem deficiência, mas as mesmas apontam que os trabalhos ainda permanecem seguindo modelos de reprodução ou transferência de conhecimento, sem que haja uma maior participação do sujeito como protagonista de sua aprendizagem.

Tal levantamento sobre o estado da arte justifica a necessidade de se propor o uso das tecnologias digitais de informação como tentativa de oferecer maior liberdade e autonomia ao educando no que concerne a sua aprendizagem. Percebemos, também, com este levantamento que ainda é incipiente o número de pesquisas incluindo essas tecnologias no dia-dia da sala de aula, tecnologia que é aclamada por muitos teóricos da educação como uma poderosa ferramenta pedagógica para o processo de aprendizagem.

REFERÊNCIAS

CALDEIRA, AMA. org. Ensino de ciências e matemática, II: temas sobre a formação de

conceitos [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 287 p.

ISBN 978-85- 7983-041-9.

CAMPELLO, Ana Regina et al. Aspectos da visualidade na educação de surdos. 2008. Tese (Doutorado em Ciências da Educação – Universidade Federal de Santa Catarina, FLORIANOPOLIS,2008.

CEZARINO, Amanda Yasmin. Fotografia como prática de enunciação: experiências

vivenciadas na educação em ciências naturais para surdos, no contexto do projeto novos talentos/ufmt/capes. 135f. 2017.

DE SIQUEIRA, Domingas Cruvinel Batista; DA SILVA, Marcos Antonio. A Representação

do Cerrado nos Livros Didáticos na Rede Pública do Estado de Goiás. Revista Educativa-

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DESTRO, Ana Paula Medeiros, Educação em Ciências Naturais para surdos: Uma análise

de experiências pedagógicas. 113f .2017.

DIAS, Deise Barreto. Concepções de meio ambiente e natureza: uma reflexão com alunos

de 7º ano do ensino fundamental do Distrito Federal. 2013.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura).

HöHER, Paula Boos Corrêa Peres, Paulo Edelvar. Percepções de alunos surdos em trilha

ecológica com o uso dos diferentes sentidos: uma abordagem da educação ambiental.

Revista Monografias Ambientais. 2012, Vol. 6 , p1341-1353. 13p.

PIAGET, J. (1973). Biologia e conhecimento: Ensaio sobre as relações entre as regulações

orgânicas e os processos cognoscitivos. Petrópolis: Editora Vozes.

RIBEIRO Razuck at al. Animais do cerrado: indo além da sala de aula. 2016. Revista

Ciência e Natura, 2016, Vol.38 (1), p.484-494.

STEINERT, Mônica Erika Pardin, "sala de aula, um sistema autopoiético para a educação

em saúde com uso do aplicativo sambi". 127f. 2017.

VALENTE, José Armando et al. A espiral da espiral de aprendizagem: o processo de

compreensão do papel das tecnologias de informação e comunicação na educação. 2005.

VIANA FILHO, Marco Aurelio Tupinamba . Ensino de ciências para alunos surdos: aplicação de modelo qualitativo baseado em raciocínio qualitativo para alunos do ensino fundamental I.2016.Dissertação (Mestrado Profissional educação em ciências naturais).universidade de são Paulo, São Paulo,2016.

WEID, Olivia VON Der. O corpo estendido de cegos: cognição, ambiente,

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Tabela 1. Artigos, Teses e Dissertações analisados, referentes aos descritores: 1 – Bioma cerrado, 2 – ensino de  ciências naturais, 3 – educação de surdos

Referências

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