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O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS OBESAS DURANTE AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

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THAÍS MENDES VALA: Mestre em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos

SELVA MARIA GUIMARÃES BARRETO: Doutora em Educação, Universidade Federal de São Carlos

RESUMO

A obesidade é uma doença de prevalência crescente, o que faz dela o principal problema de saúde pública das sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento, como o Brasil. Devido à preocupação com os índices crescentes de obesidade; e, a importância do desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais e de sua consequente repercussão em níveis mais elevados de atividade física, essa pesquisa consiste em analisar o desenvolvimento motor de crianças obesas regularmente matriculadas no Ensino Fundamental I de uma escola particular da cidade de São Carlos-SP. Para obter os resultados, será feito o Índice de Massa Corporal (IMC) de cada aluno da amostra utilizado, testes motores utilizando a Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto, como referência. Além de instrumentos como entrevista, formulário, observação, diário de campo. Ao final dessa pesquisa, a análise dos resultados irá confirmar ou desmistificar o mito existente de que obesos são descoordenados, atrasados em relação a algumas habilidades, agilidade de movimento modificada, dentre outros paradigmas que acabam sofrendo. Será priorizada, durante todo o estudo, a importância da prática de atividade física e o quão estar ativo faz bem para todos.

Palavras-Chave: Educação Física, Desenvolvimento Motor, Obesidade

ABSTRACT

Obesity is a disease of increasing prevalence, making it the leading public health problem in developed societies and developing countries, such as Brazil. Due to concern about rising rates of obesity, and the importance of the development of fundamental movement skills and their resulting effects on higher levels of physical activity, this research is to analyze the development engine of obese children enrolled in regular elementary school a private school in the city of São Carlos-SP. For the results will be the Body Mass Index (BMI) of each student sample used motor tests using the Motor Development Scale Rosa Neto, as reference. In addition to instruments such as interview form, observation, field journal. At the end of this research, the analysis of the results will confirm or debunk the myth exists that obese

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are uncoordinated, delayed for some skills, agility motion modified, among other paradigms that end up suffering. Be prioritized throughout the study the importance of physical activity and how well being active is good for everyone.

Key - Words: Physical Education, Motor Development, Obesity

INTRODUÇÃO

Entre crianças e adolescentes brasileiros identifica-se um aumento do excesso de peso em ritmo acelerado. Em 1974 observava-se uma prevalência de excesso de peso de 4,9% entre as crianças de 6 a 9 anos de idade e de 3,7% entre os adolescentes de 10 a 18 anos. Já em 1996-97 o excesso de peso foi de 14% entre crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 18 anos (WANG et al., 2002).

O crescimento da obesidade na infância pode acarretar a marginalização devido à falta de aceitação das outras pessoas consideradas normais em relação ao peso. Tal fato acaba levando esta criança a ter baixa autoestima, isolamento social, brincar menos, não participando de eventos e atividades escolares por ter vergonha do seu corpo. De forma correlata, observa-se também pouca frequência e participação nas aulas de Educação Física, ficando cada vez mais sedentário e, com isso, aumenta sua ingestão calórica como uma fuga do sofrimento (AQUINO JUNIOR; BARRETO; OKADA, 2008).

Concomitante a ação familiar, o papel do professor de Educação Física é essencial, pois, no contexto de suas aulas, deve viabilizar uma prática física-motora completa e significativa para a criança. Importante ressaltar que criança motivada é criança ativa, sendo que:

“na escola, a motivação consiste em oferecer estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais eficaz. O professor deve propiciar ao aluno oportunidades para que esse seja induzido a um esforço intencional, visando resultados esperados e compreendidos. Não há aprendizagem sem motivação. Um aluno está motivado quando sente necessidade de aprender o que está sendo tratado. Por meio dessa necessidade, o aluno se dedica às tarefas inerentes até se sentir satisfeito” (NERICI, 1983, p.71).

Portanto, aprender a movimentar-se implica em planejar, experimentar, avaliar, optar entre alternativas, coordenar ações do corpo com objetos no tempo e no espaço e interagir com outras pessoas, sendo considerados e favorecidos os procedimentos cognitivos no processo de ensino e aprendizagem.

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O desenvolvimento motor fornece um suporte para o entendimento de como o aprendizado de habilidades motoras ocorre sendo essencial para o processo de desenvolvimento humano (MANOEL et al., 1988).

No Brasil, segundo os dados divulgados pelo IBGE (2003), a incidência de excesso de peso atinge 38,8 milhões de brasileiros, e que, destes, 10,5 milhões possuem Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 25 Kg/m² sendo considerados obesos. (MOKDAD et al., 2003).

Para Pereira et al., (2003), a obesidade tem origem multifatorial, resultante de componentes genéticos e de fatores ambientais como hipoatividade física e alimentação inadequada, ou a interação entre eles. Pode ser dividida em obesidade de origem exógena, mais frequente, e de origem endógena. A endógena é quando a doença é advinda de fatores intrínsecos ao corpo, como alterações hormonais que podem alterar o metabolismo do indivíduo a ponto de resultar em alguma doença. A obesidade exógena origina-se do desequilíbrio entre ingestão e gasto calórico, devendo ser manejada com orientação alimentar, especialmente mudanças de hábitos e otimização da atividade física (DÂMASO, 2003; GUYTON, 2002).

O sedentarismo, perante a obesidade, assume papel de causa e consequência dessa doença. Defende-se que medidas para reduzir, ou pelo menos evitar, incrementos maiores na prevalência da obesidade e sobrepeso são relativamente simples de se realizar, como no caso da redução do consumo calórico com refeições mais saudáveis e o aumento do gasto energético com prática regular de atividades físicas. O que demonstra a necessidade de uma conscientização do papel do professor de Educação Física no contexto da redução do índice de obesidade e sobrepeso infantil (SANTOS et al., 2007).

Darido et al. (2006) define Educação Física Escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, de modo a formar o cidadão para que este produza, reproduza e transforme essa cultura corporal, com diversas finalidades e, dentre elas, há a de manutenção e melhoria da saúde.

A disciplina mencionada desenvolve simultaneamente o raciocínio, habilidades, capacidades físicas e hábitos saudáveis, com essas características, a mesma deveria ser completa e valorizada no ambiente escolar. De acordo com essa visão, ela desempenha um papel relevante na vida escolar da criança, pois pode realizar a mediação entre a prática e o processo de aprendizagem utilizando o corpo como instrumento de construção real do conhecimento.

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Por tudo isso, acreditamos que a Educação Física Escolar seja capaz de se constituir fator fundamental no combate a obesidade/sobrepeso, de modo a atuar significativamente na prevenção de doenças, na melhoria da qualidade de vida, na sociabilização dos alunos, contribuindo para a descoberta de uma atividade que proporcione ao aluno prazer, bem-estar, motivação e autoconfiança.

De acordo com Gallahue e Ozmun (2005, p. 72), “o desenvolvimento motor não é um processo estático, não é somente o produto de fatores biológicos, mas também é influenciado por condições ambientais e leis físicas (...)” onde “tanto o processo como o produto do desenvolvimento motor são influenciados por grande variedade de fatores, operando isoladamente e em conjunto”.

Segundo Manoel et al. (1988) há basicamente dois processos fundamentais constituintes do desenvolvimento motor: o aumento da diversificação e; o aumento da complexidade do comportamento, ou seja o aumento na quantidade de elementos do comportamento, além do aumento da interação entre esses elementos.

A proposta atual da Educação Física escolar se constitui em priorizar o desenvolvimento motor das crianças e estudos referentes ao desenvolvimento motor de crianças com distúrbios nutricionais são pouco frequentes.

O Ensino Fundamental I é um período em que deve ser trabalhado o máximo das habilidades básicas, sem preocupação com as habilidades específicas, já que aquelas são consideradas importantíssimas para a aprendizagem de todas as habilidades específicas ou culturalmente determinadas.

A Educação Física, deste modo, deve proporcionar às crianças, oportunidades que possibilitem um desenvolvimento hierárquico do seu comportamento motor. O ideal é que esse desenvolvimento por meio da interação entre o aumento da diversidade e complexidade, formando estruturas cada vez mais organizadas e complexas (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

O período escolar serve para o refinamento das habilidades motoras fundamentais nas áreas de locomoção, manipulação e estabilidade até o ponto em que estas sejam contínuas e eficientes, a fim de desempenhar suas atividades motoras necessárias.

Desordens alimentares podem resultar na maioria dos casos em obesidade afetando o crescimento de crianças e o desenvolvimento motor de crianças e adultos, além de causar ou agravar danos nos sistemas circulatório, respiratório e

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metabólico. (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Neste sentido, as aulas de Educação Física podem ter um papel que vai além das pistas, quadras, piscinas ou ginásios, como o de conscientizar o aluno sobre a importância da prática regular, por toda a vida, de atividades físicas que não apenas previnam a obesidade, como lhe proporcionem prazer e bem-estar, motivação e autoconfiança.

O objetivo da pesquisa foi analisar, mediante o desempenho expresso durante as aulas de Educação Física Escolar, o nível de desenvolvimento motor de crianças portadoras da síndrome metabólica (obesidade ou sobrepeso).

DESCRIÇÃO DO TRABALHO DESENVOLVIDO

O presente estudo utilizou-se de documentação indireta para a coleta de dados por meio de pesquisa de campo, com objetivo descritivo da população estudada.

O estudo foi realizado com alunos do Ensino Fundamental ciclo I de uma escola particular da cidade de São Carlos, a qual tinha um acordo com a UFSCar para realização de pesquisa. Os pais assinaram autorização, comprovando estarem cientes da presença do pesquisador nas aulas e o que estaria realizando com os alunos. A amostra compreende um total de 83 alunos com idade entre 6 e 12 anos.

A população foi identificada como portadora de síndrome metabólica (sobrepeso ou obesidade) ou não portadora dessa síndrome por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), que é feito pela divisão do peso corporal da pessoa em estudo pela altura elevada ao quadrado. Foi utilizada a mesma balança antropométrica eletrônica da marca Toledo, modelo 2096-pp, com graduação em 5g e capacidade para até 150 kg. Logo após a mensuração da massa corporal, a estatura foi aferida utilizou-se sempre o mesmo estadiômetro metálico não flexível da marca Toledo, com graduação em 0,05cm, sendo que:

“a classificação utilizada baseada em padrão internacional de IMC/idade mostrou uma boa correlação com adiposidade. Dos fatores estudados, podem ser considerados como predisponentes ao sobrepeso e obesidade em escolares: inatividade, redução das horas diárias de sono, menor escolaridade materna e ocorrência de sobrepeso ou obesidade em um ou ambos os pais” (GIUGLIANO; CARNEIRO, 2004, p. 21).

Para caracterização da amostra estudada foram utilizadas como embasamento as tabelas abaixo:

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TABELA I – Valores limites do índice de massa corporal por idade para diagnóstico de baixo peso, sobrepeso e obesidade em crianças de 6 a 10 anos.

Fonte: Giugliano, R.; Carneiro, e. C, 2004, p. 19.

A coleta de dados foi iniciada com a determinação de quais alunos se enquadravam como obesos sobrepeso ou aqueles considerados eutróficos, através do IMC. A seguir foram utilizados os seguintes instrumentos para coleta de dados:

a) Observação Assistemática: aconteceu durante as aulas assistidas de Educação Física. Para que fosse uma observação direcionada, delimitamos alguns itens para dar evidência nas observações, como por exemplo: - Como é a locomoção utilizando a corrida durante atividades variadas nas aulas de Educação Física; - Como se dá a amplitude de movimento desses alunos, a agilidade, velocidade, dentre outros aspectos; dentre outros tópicos, dentre outros pontos observados.

A atividade proposta para análise foi a corrida, nesse sentido foi observada a oscilação de tronco lateralmente e protrusão deste à frente durante o movimento da corrida.

Essa análise foi realizada tendo como referência os padrões citados por Gallahue e Ozmun (2005) para a corrida. Anotamos como foi o movimento da corrida, baseando a observação na análise do movimento de braço, flexão de joelho e, consequentemente, na fase aérea, a posição de tronco, notando se a base dos pés no chão era larga ou não, e o tipo da passada. Esses são os critérios utilizados por Gallahue e Ozmun (2005), que determinam as dificuldades encontradas no

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movimento da corrida e a partir dessas características, é possível diagnosticar se o indivíduo encontra-se no estágio inicial, elementar ou maduro da habilidade motora fundamental: correr.

b) Formulário aplicado aos alunos: como a amostra da pesquisa compreende apenas estudantes que não são totalmente alfabetizados, este é o instrumento que proporciona uma maior fidelidade para os dados que necessariamente devem vir destas crianças. O entrevistador é quem preenche o formulário na frente do entrevistado fazendo as perguntas oralmente e redigindo as respostas.

d) Entrevista Semi- Estruturada: o entrevistador pergunta algumas questões em uma ordem pré-determinada, mas dentro de cada questão é relativamente grande a liberdade do entrevistado.

As informações foram obtidas dos professores de Educação Física a respeito de suas aulas de Educação Física no que diz respeito a alunos obesos.

RESULTADOS OBTIDOS

Na análise quantitativa, utilizou-se de gráficos para demonstrar os resultados obtidos.

Por meio do Índice de Massa Corporal - IMC de cada aluno, foi possível delimitar a população portadora de Síndrome Metabólica, compreendendo um total de 39 alunos, dos 83 participantes da pesquisa (53% do total da amostra). Sendo 25 alunos caracterizados na linha do sobrepeso (30% da amostra total), e 14 alunos caracterizados na linha da obesidade (17% da amostra total). São dados alarmantes, pois nota-se que a quantidade de crianças com síndrome metabólica e a quantidade de alunos eutróficos são consideravelmente equivalentes.

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Os dados desse gráfico confirmam a realidade mundial que pesquisas vêm comprovando. Demonstrando a importância de se preocupar com essas síndromes que possuem amplas consequências prejudiciais para a saúde do indivíduo.

No primeiro ano, foi constatado que os alunos com síndrome metabólica estão no estágio inicial da habilidade “correr” por não apresentarem fase aérea, a perna de apoio apresentar extensão incompleta e base de apoio larga. Os alunos apresentaram dificuldades de movimento como inclinação exagerada à frente do tronco e braços cruzando a linha mediana do corpo.

TABELA III – Resultados dos Estágios da Corrida de cada sala

IDADE

ALUNOS COM SOBREPESO OU

OBESIDADE ALUNOS EUTRÓFICOS

6 anos (1°

Ano) Estágio Inicial Estágio Elementar

7 anos (2°

Ano) Estágio Elementar Estágio Maduro

8 anos (3°

Ano) Estágio Elementar Estágio Maduro

9 anos

(4°Ano) Estágio Elementar –Maduro

Estágio Maduro – Especializado 10 anos

(5°Ano) Estágio Maduro Estágio Especializado

Com essa turma foi observado que com o aumento da velocidade eles tendem a aumentar a fase aérea, o que causa desequilíbrio do centro gravitacional do movimento. Uma justificativa para tal ocorrência pode ser o fato de estas crianças ainda não estarem em um Estágio Inicial nos movimentos dos segmentos.

Nessa turma, foram analisados os alunos ditos eutróficos, os quais se encaixaram no Estágio Elementar, pois possuem características como: fase aérea presente mas ainda limitada e aumento da oscilação de braços na lateral do corpo.

As características de dificuldade que os alunos apresentaram eram menores do que aquelas apresentadas pelas crianças obesas ou com sobrepeso. Naqueles, o tronco não sofre protrusão exagerada, há um aumento da flexão dos joelhos e a base de apoio do movimento não é larga, o que acaba tornando a passada lenta.

Os alunos do segundo ano com sobrepeso e obesidade apresentaram fase aérea limitada, mas presente; aumento da oscilação do braço, sendo este muitas vezes cruzado na mediana do corpo, o que, em relação à tabela refere-se a uma dificuldade do movimento. Apresentaram também, nesse padrão de movimento, a

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colocação toda do pé no chão para o deslocamento e inclinação do tronco a frente; coordenação entre movimento de braços e pernas em fase de transição, pois não há sincronia: ora um dos braços fica fixo no tronco, ora o outro realiza o movimento, ou acabam cruzando a mediana do corpo como citado acima. Assim classificam-se no Estágio Elementar do movimento.

Os outros alunos eutróficos dessa sala deixaram evidente no movimento uma extensão acentuada da passada e da velocidade; movimento de braços alternados na lateral do corpo em ângulos aproximadamente retos. Essas características observadas, somadas à ausência de características designadas como dificuldades de movimento, deixam claro que esses alunos encontram-se no Estágio Maduro do movimento corrida.

A atividade aplicada no terceiro ano apresentou o mesmo resultado da sala anterior, alunos com sobrepeso e obesidade encontram-se também no Estágio Elementar, apresentaram principalmente aumento da passada, da velocidade e balanço de braços. Como dificuldade foi destacado o apoio do pé inteiro no solo. Em especial os alunos com obesidade apresentaram uma protrusão de tronco mais acentuada, teve um aluno que no momento de aumentar a velocidade desequilibrou para frente e quase caiu, não coordena movimento de braços com o das pernas.

Os alunos eutróficos, dessa sala, não apresentaram nenhuma das dificuldades citadas por Gallahue e Ozmun (2005) na tabela V, e apresentaram como característica do movimento passada ampla, facilidade em aumentar a velocidade em relação à sincronia do movimento e ao equilíbrio, os braços se alternam na lateral do corpo, formando um ângulo de 90° e apresentam fase aérea definida, perante essa descrição e se enquadram no Estágio Maduro.

No quarto ano, os alunos com sobrepeso e obesidade não apresentaram tantas dificuldades, os braços não cruzam mais a mediana do corpo e apresentam uma leve protrusão de tronco, não é tão acentuada como nos anos anteriores. Encontram-se em uma fase de transição do Estágio Elementar para o Maduro, apresentando características de ambos os Estágios, sendo que a fase aérea ainda não está definida, mas há um aumento da extensão da passada e da velocidade. Os braços alternam na lateral, mas não ainda em 90°, e perna de apoio no impulso começa a ficar estendida.

Já os alunos eutróficos realizam o mesmo movimento, mas sem inclinação de tronco à frente, fase aérea bem definida e apresentam facilidade no momento de

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aumentar a velocidade da corrida, sendo capazes de realizar o movimento sem muito dispêndio de energia e são classificados no Estágio Maduro.

O quinto ano foi a única sala que apresentou o movimento já no Estágio do movimento Especializado, mas em seu primeiro nível, o transitório. Utilizam muito bem o movimento nos esportes, atividades recreacionistas.

Os alunos que apresentam obesidade ou sobrepeso encontram-se no Estágio Maduro, mas ainda não na fase de movimentos especializados. Não possuem total controle da movimentação de tronco, em alguns alunos foi observada oscilação excessiva de tronco na lateral, outros mantêm inclinado apenas de um lado. Outra dificuldade foram os braços rígidos na lateral, ou apresentam movimentos pesados.

TABELA IV – Sequência de aparecimento de habilidades locomotoras.

Fonte: Gallahue; Ozmun (2005, p.224).

A análise dos dados do formulário foi realizada por meio da tabulação, categorização e interpretação dos dados. O primeiro procedimento foi efetuar a leitura das respostas e a tabulação integral das mesmas, classificando-as em categorias que pudessem favorecer a compreensão das respostas dos alunos às questões do formulário.

Questão 1: Para você Educação Física é:

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De acordo com essa questão do formulário, foi possível analisar que todos os alunos gostam das aulas de Educação Física.

O movimento, que é o objeto de estudo da Educação Física Escolar, e a crença depositada de "automotivadora" conferem a essa disciplina, quando comparada às demais, o lugar de destaque no que se refere à atratividade.

Pensando o obeso como um indivíduo sedentário, a partir do momento em que este participa das aulas, está praticando uma atividade física, a qual não está sendo significativa para seu organismo reconhecer como queima calórica, que é o que qualquer obeso precisa: acelerar o gasto energético. Um ponto que não deve ser desconsiderado é como está sendo essa ingestão calórica.

Questão 2: Como você se sente durante as aulas de Educação Física?

GRÁFICO III – Nível de cansaço durante as aulas considerando o total de alunos participantes

GRAFICO IV - Nível de cansaço durante as aulas considerando a quantidade de alunos portadores de Síndrome Metabólica.

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O consumo de O2 e a produção de CO2 estão aumentados no paciente obeso como resultado da atividade metabólica do excesso de tecido adiposo e do tecido magro. No exercício, o consumo de oxigênio é maior do que em indivíduos não obesos, refletindo uma insuficiência relativa da musculatura respiratória, o que causa um cansaço precipitado (MANCINI, 2001).

Observou-se, durante a intervenção com os formulários, que os alunos que responderam que se sentem muito cansados ou cansados são todos portadores de síndrome metabólica, o que caracteriza uma resistência cardiorrespiratória de caráter negativo desses alunos em relação às outras crianças.

Questão 3: Você participa das aulas de Educação Física? Por quê? GRÁFICO V – Participação nas aulas de Educação Física.

Essa questão foi feita para saber se todos realmente vão à aula e, quando não participam, o que leva-os a ficarem em sala.

Foi relatado que aqueles que não frequentam é porque possuem autorização dos pais para ficarem em sala de aula ou atestado médico por conta de alguma restrição; um outro motivo da não participação é estarem sofrendo uma penalidade por indisciplina na aula de outro professor.

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GRÁFICO VI – Motivo da participação.

Esse gráfico corresponde à segunda parte da questão, como se pode notar, a maioria respondeu que participa porque é legal, uma parcela significativa de 20% têm a consciência que faz bem para saúde, uma concepção que apenas os alunos do 3° ao 5°ano tiveram. Respostas mais simples como “diversão” e “professor legal” foram dadas pelos alunos do 1°ano e 2° ano.

Questão 4: Você pratica alguma atividade física fora da escola? Além da Educação Física?

GRÁFICO VII – Prática de atividade física fora do horário escolar.

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Este gráfico deixa claro que os alunos puderam assinalar por mais de uma alternativa, a quantidade de respostas é maior do que o número de participantes.

Vários responderam que praticam natação e futebol ou ballet e natação, por exemplo.

É possível assim, analisar um índice alto de realização de alguma outra atividade fora da escola, que pode ser devido ao fato de serem dados retirados de uma escola particular, na qual os alunos têm uma situação econômica favorecida.

Dos 47% dos alunos que fazem parte do grupo com síndrome metabólica (ou são obesos, ou têm sobrepeso) apenas 25% praticam alguma atividade física fora do horário escolar.

Questão 5: Você gosta das aulas de Educação Física? Por quê? GRÁFICO IX – Motivos por ser uma disciplina atrativa.

Nessa questão, 100% dos alunos responderam que sim. Mediante esta realidade, perguntas surgiram:

- Se todos os alunos dessa faixa etária participam das aulas, dizem que gostam, consideram-na uma aula legal, o que chama mais atenção desses alunos durante as aulas?

- O que será fundamental para que eles tenham essas opiniões positivas e motivadoras da disciplina?

Para obter um parâmetro sobre isso foi feita a pergunta: Por quê? Para especificarem o que é considerado mais atrativo nas aulas de Educação Física.

No Gráfico VIII, temos as respostas dadas pelos alunos para satisfazer a indagação anterior, sendo possível perceber que muitos ainda não distinguem os jogos de brincadeiras, além de ter uma parcela significativa de alunos que encaram como diversão, um momento de lazer. Fica explícito que o número de respostas é

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maior do que o número de participantes, os alunos puderam assinalar mais de uma alternativa no formulário.

A entrevista foi feita com dois professores de Educação Física dos alunos que participaram da pesquisa.

Os dois professores entrevistados disseram que não preparam conteúdos específicos para alunos com obesidade ou síndrome metabólica, visam sempre uma aula que alcance o desenvolvimento global.

Eles deixam claro que conteúdos vinculados à nutrição e à importância da prática de atividade física fazem parte do planejamento, mas não de maneira direita.

Um dos professores relata que não teve, durante sua formação acadêmica, conteúdos específicos para essa população, enquanto outro disse que teve.

Nenhum professor explicitou que entende ser importante para os alunos permanecerem ativos durante o tempo de aula.

Pensando nos alunos com sobrepeso e obesidade, este “ser ativo” deveria ser uma percepção dos professores, fazendo com que as aulas sejam significativas para esta população que necessita de um gasto energético diferenciado. Mas acreditamos que isso tenha ocorrido por falta de especificidade na pergunta realizada pelo entrevistador, o qual poderia aprofundar em conteúdos que gostaria de obter informações já que a entrevista é do tipo semi-estruturada. Saberia assim qual o tempo que estes professores consideram importante que os alunos com sobrepeso e obesidade se mantenham ativos e não apenas se preparam conteúdos diferenciados.

Baseando nos dados obtidos em relação às crianças obesas ou com sobrepeso destaca-se que:

“dentre os principais componentes de políticas de uma vida saudável em crianças e adolescentes, destacam-se a promoção do aumento da atividade física, a implantação de programas de exercício físico e o incentivo à aquisição de hábitos alimentares saudáveis. (OLIVEIRA; et al., 2004, p.243).

De acordo com Manoel et al. (1988), o correr é uma extensão natural do andar e se caracteriza por uma fase com apoio e uma fase aérea ou sem apoio. O estágio inicial desse movimento não depende da caminhada madura, mas já o padrão maduro da corrida é essencial para a prática bem sucedida de outras atividades relacionadas aos esportes. O padrão imaturo da corrida se caracteriza

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como uma corrida “saltada” com oscilação para os lados. Até que chegue ao estágio maduro, esse movimento deve passar por alguns níveis como:

- Nível 1: fase aérea muito curta, apoio dos pés no solo é feito com toda a planta do pé, os braços são mantidos em uma posição de guarda;

– Nível 2 : fase aérea aumenta, braços cruzam a linha mediana do corpo com pequena flexão de cotovelo e há uma flexão do joelho dianteiro;

- Nível 3 : para uma corrida mais rápida o apoio é feito com a ponto do pé, fase aérea máxima. Os braços oscilam em oposição às pernas numa posição ântero-posterior estando com o cotovelo flexionado (MANOEL et al., 1988).

Quanto ao desempenho motor das crianças obesas, os resultados do presente estudo sugerem fortemente que a obesidade e o sobrepeso estão influenciando negativamente o processo e o produto no desempenho das habilidades motoras fundamentais.

Esses atrasos podem repercutir nas fases subsequentes no engajamento dessas crianças em práticas esportivas sistemáticas, ampliando ainda mais as diferenças com seus pares não obesos; restringindo de maneira significativa o repertório motor das mesmas.

O que comprova esses resultados é um estudo feito por Tribastone (2001), o qual mostra que a atividade motora acaba sendo ausente ou bastante reduzida nas crianças obesas. Uma criança obesa apresenta frequentes distúrbios psicomotores que são responsáveis pelo “embaraço motor global”.

De acordo com Gallahue (2004), n fase dos movimentos fundamentais, são consideradas habilidades básicas de movimento: andar, correr, arremessar, agarrar, pois são o alicerce de outras habilidades de movimento mais desenvolvidas e aperfeiçoadas. Toda fase dos movimentos fundamentais tem três estágios separados, mas que frequentemente se sobrepõem, o que é comprovado nessa pesquisa.

Reforçamos a contribuição que o aumento da quantidade de aulas de Educação Física nas escolas pode trazer, em nível de desenvolvimento motor. Os alunos teriam um tempo maior em contato com a prática física, mas em contrapartida, nada adianta se os professores não fizerem um trabalho planejado e efetivo, visando que cada aluno alcance sua idade motora adequada.

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CONCLUSÃO

Através da compreensão dos processos que embasam as mudanças das habilidades motoras através da vida pode-se ter um melhor entendimento do desenvolvimento humano. Isto auxiliaria professores a aperfeiçoar e a melhorar as performances de movimento de seus alunos, detectando problemas naqueles que apresentam desenvolvimento motor inadequado e adaptando as propostas educacionais às características, necessidades e interesses das crianças, o que muda com o processo de desenvolvimento. (ISAYAMA; GALLARDO, 1998).

O atraso motor pode ser causado pela inatividade ligada ao estado de obesidade, causando dificuldade para realização de atividades, vergonha da exposição de sua aparência corporal. O cuidado para não se expor faz com que o obeso escolha as atividades com baixo gasto calórico.

Assim, de acordo com Fonseca (2008, p.123), “é pelo corpo que atingimos fins, realizamos gestos, concretizamos pensamentos e organizamos ações”.

REFERÊNCIAS

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