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ESTUDO DA APLICAÇÃO DE RESÍDUO DE BENEFICIAMENTO DE MÁRMORE E GRANITO EM TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

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Academic year: 2021

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ESTUDO DA APLICAÇÃO DE RESÍDUO DE BENEFICIAMENTO DE

MÁRMORE E GRANITO EM TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO

Rita Angélica Cardoso Miranda (1); Edgar Bacarji (2); Regis de Castro Ferreira (3)

(1) Mestre pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente – Escola

de Engenharia Civil – Universidade Federal de Goiás, Brasil – e-mail: ritaangel@gmail.com (2) Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente – Escola

de Engenharia Civil – Universidade Federal de Goiás, Brasil – e-mail: edgar@eec.ufg.br (3) Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente – Escola

de Engenharia Civil – Universidade Federal de Goiás, Brasil – e-mail: rcastro@agro.ufg.br

RESUMO

Proposta: O solo-cimento apresenta-se como uma excelente alternativa tecnológica e econômica para

uso em construções civis. O objetivo deste trabalho foi comprovar a viabilidade técnica da aplicação de resíduo gerado no beneficiamento de mármore e granito em tijolos maciços de solo-cimento, produzidos em uma prensa manual. Método de pesquisa/Abordagens: O resíduo foi adicionado ao solo nas proporções: 0%, 10%, 15% e 30%. O cimento foi aplicado com os teores de 5%, 10% e 15%. Ensaios realizados: análise química e física do solo, compactação do solo-cimento, absorção de água e resistência à compressão dos tijolos. Resultados: Todos os tijolos fabricados com os teores de 10% e 15% de cimento ultrapassaram os valores mínimos estabelecidos na normalização brasileira. Os tijolos moldados com 15% de cimento atingiram, em média, o valor mínimo de 4,5 MPa de resistência à compressão, aos 28 dias. Apenas as composições elaboradas com o traço pobre em cimento (5%) não atingiram os resultados exigidos em norma. Verificou-se que o emprego do resíduo possibilita a economia de cimento. Contribuições/Originalidade: Além da questão econômica e técnica, encontra-se em um contexto mais amplo a preencontra-servação da natureza, a aplicação desencontra-se resíduo na construção civil contribui para sua adequada destinação.

Palavras-chave: solo-cimento; tijolo prensado; resíduo de beneficiamento de mármore e granito.

ABSTRACT

Propose: The use of soil-cement bricks has proved to be an excellent technological alternative for civil

engineering. The purpose of this investigation was to verify the technical feasibility of the application of residue produced in the processing of marble and granite to soil-cement bricks, produced by manual compression. Methods: The study was developed with the addition of four proportions of residue: 0%, 10%, 15% and 30%. The quantity of cement employed was 5%, 10% and 30%. Trials of chemical and physical characterization of the soil and of the soil with the added residue were performed, as well as trials of compactation of cement, water absorption and resistance to compression of the soil-cement bricks. The results were evaluated in the 7th and in the 28th day. Findings: All bricks built with the proportions of 10% e 15% of cement surpassed the minimum rate established by the Brazilian norms. The combinations made of 15% of cement reached, in average, the minimum rate of 4.5 MPa of mechanical resistance in the 28th day. Only the composition made of poor cement features (5%) did not reach the minimum rate established by the Brazilian norms. It was proved that the use of residue allows saving cement. Originality/value: Besides the technical and economical concern, there is a wider context of environment protection. The application of residue to civil engineering contributes to its adequate destination.

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1 INTRODUÇÃO

As pesquisas nas quais se utilizam materiais e técnicas alternativas de construção, no contexto atual de preservação do meio ambiente e aproveitamento de resíduos, estão assumindo papéis de destaque na indústria da construção civil, inclusive porque determinados tipos de resíduos podem ser utilizados com vantagens técnicas e redução de custos (FERRAZ; SEGANTINI, 2004).

O solo destaca-se entre os materiais de construção por ser apropriado para as mais diversas aplicações devido à sua abundância, disponibilidade de obtenção, facilidade de manuseio e custo reduzido, permitindo um amplo emprego nas obras civis. A eficiência desse material é comprovada pela existência de construções feitas com derivados do solo, desde as fundações até as estruturas em paredes portantes, que datam de vários séculos e estão resistindo às intempéries, preservando a estabilidade estrutural (GRANDE, 2003).

Os solos que não possuem as características desejadas para um determinado tipo de aplicação podem ser melhorados acrescentando-se a eles um ou mais estabilizantes. Adota-se a prática de estabilizar solos com aditivos químicos, tais como o cimento, a cal, a borra de carbureto, cinzas volantes, escórias de alto-forno e materiais pozolânicos em geral, com a finalidade de se obter, entre outros, tijolos e blocos, não apenas mais resistentes, mas, também, de maior estabilidade volumétrica, maior durabilidade e menor permeabilidade e compressibilidade (FERREIRA, 2003).

O solo-cimento apresenta-se como uma variedade de construção em terra com aplicação bastante difundida. Sua utilização no Brasil, remota de 1940 na construção dos pátios do Aeroporto Santos Dumont e de 1942, na construção da pista do aeroporto de Petrolina. Em 1945 foi construída a primeira parede de solo-cimento nas casas de bombas para abastecimento das obras do aeroporto de Santarém-PA (SOARES et al., 2004). O solo-cimento foi utilizado em habitações a partir de 1948, em experiências desenvolvidas pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Conciani e Oliveira (2005) afirmam que existe uma resistência natural para a mudança de sistemas construtivos na construção civil em geral e, em especial, àqueles que possam atender as populações de baixa renda. Esta resistência se deve à falta de divulgação de tecnologias geradas no meio acadêmico e também à carência de projetos que atendam às necessidades dessa população. Acrescido a isto, o pouco investimento para tornar estes produtos e sistemas com melhor acabamento, impede a sua popularização.

Os países que dispõem de importantes recursos geológicos e onde a produção encontra-se em pleno desenvolvimento, entre eles o Brasil, enfrentam sérios problemas com os resíduos provenientes das indústrias de rochas ornamentais que contaminam diretamente os rios e o próprio solo, além da desfiguração da paisagem, o que vem preocupando as autoridades e a população (SOUZA et al., 2005). O Brasil possui aproximadamente 7.000 marmorarias, que fazem a serragem e o polimento das chapas ornamentais, estima-se que estas empresas produzam anualmente, cerca de 190.000 toneladas de lama do resíduo de beneficiamento de mármore e granito (RBMG), que é depositada em tanques de decantação (LOPES, 2007).

O uso de materiais que envolvam menores quantidades de energia, que gerem menos resíduos e poluentes, que emitam menos gás carbônico (CO2) na atmosfera e que sejam mais facilmente

reincorporados na natureza devem ser tidos como materiais do futuro. Numa época em que o aquecimento global do planeta já está sendo responsabilizado pela maior intensidade das catástrofes naturais, também na área de engenharia é possível se pensar em materiais de construção que se pode dizer serem amigáveis ao ambiente (GONÇALVES, 2005).

Estudar e compreender essa tecnologia, com os resultados voltados a apresentar alternativas na composição e fabricação de materiais poderá apontar tendências e mudanças no cenário da construção civil brasileira rumo à adoção de técnicas de construção mais sustentáveis (GRANDE, 2003).

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2 OBJETIVO

O objetivo geral deste trabalho é comprovar a viabilidade técnica da aplicação de resíduo de beneficiamento de mármore e granito (RBMG) em tijolos maciços de solo-cimento, produzidos em uma prensa manual.

3 METODOLOGIA

3.1 Materiais

O solo utilizado foi coletado na parte inferior da Praça Tamandaré, no Setor Oeste, na cidade de Goiânia-GO. O local da retirada foi em uma área que estava ocorrendo movimento de terra para a construção de um supermercado. O material foi extraído em uma profundidade entre dois e três metros, evitando-se assim a presença de matéria orgânica em excesso. Foi realizada a secagem do material ao ar livre, o destorroamento e o armazenamento em sacos plásticos lacrados com dezesseis quilogramas. A umidade higroscópica foi calculada individualmente em cada saco de solo.

O cimento utilizado no experimento foi o cimento Portland composto com fíler, CP II-F-32, da marca Cimento Goiás, doado pela Cimpor Cimentos do Brasil.

O RBMG foi coletado em forma de lama em um estabelecimento comercial, que utiliza o mármore e o granito em seu processo de beneficiamento, localizado na cidade de Goiânia-GO. A secagem do material foi realizada em uma estufa a uma temperatura média de 100ºC, por um período de 24 horas. Com o resíduo seco, utilizou-se o moinho de bolas para o destorroamento. Posteriormente, foi realizado o peneiramento manual para eliminar os grãos com diâmetros superiores a 4,8 mm. Para não receber umidade, todo o material foi guardado em baldes com tampa.

A água potável utilizada em todos os procedimentos da pesquisa foi coletada na rede pública de abastecimento, na cidade de Goiânia-GO.

3.2 Métodos

Na composição das misturas, medidas em massa, o resíduo de marmoraria e o cimento foram adicionados em função da massa do solo. Estudou-se a adição de quatro porcentagens do RBMG: 0%, 10%, 15% e 30%. O cimento foi adicionado com os teores de 5%, 10% e 15%. Assim, os traços analisados foram compostos por doze famílias.

As análises da absorção de água e da resistência à compressão, realizadas nos tijolos de solo-cimento, ocorreram aos sete e aos 28 dias.

A metodologia utilizada na análise química do solo foi de acordo com as recomendações do Serviço Nacional de Solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

O estudo granulométrico do solo e do solo acrescido com o RBMG foi realizado por uma combinação de sedimentação e peneiramento, conforme as recomendações da NBR 7181 (ABNT, 1984a).

Os materiais e métodos utilizados no ensaio da determinação do limite de liquidez e do limite de plasticidade seguiram a NBR 6459 (ABNT, 1984b) e NBR 7180 (ABNT, 1984c), respectivamente. Os procedimentos do ensaio de compactação da mistura de solo-cimento seguiram a NBR 12023 (ABNT, 1992).

A fabricação dos tijolos maciços de solo-cimento seguiu as recomendações de materiais e métodos da NBR 10832 (ABNT, 1989). Na produção dos tijolos foi utilizada uma prensa manual da marca Sitec, modelo MSC6.

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Na quantificação das misturas, o cimento e o resíduo foram considerados materiais secos. Assim, as massas de água adicionadas ao cimento e ao resíduo foram proporcionais à umidade ótima, obtida no ensaio de compactação. No solo, que possui umidade natural, a quantidade de água adicionada foi proporcional à diferença da umidade ótima pela umidade higroscópica do solo.

No total foram fabricados 144 tijolos (Figura 1). Foram moldados doze tijolos para cada traço das doze famílias, sendo que seis tijolos foram submetidos ao ensaio de absorção de água e seis tijolos foram verificados no ensaio de resistência à compressão (Figura 2). Desses seis tijolos três foram analisados aos sete dias de idade e os outros três aos 28 dias.

O ensaio de absorção de água dos tijolos prensados seguiu as determinações de materiais e métodos da NBR 8492 (ABNT, 1984d).

Os procedimentos do experimento da resistência à compressão dos tijolos obedeceram às recomendações da NBR 8492 (ABNT, 1984d).

4 ANÁLISE

DE

RESULTADOS

4.1 Solo

4.1.1 Análise

Química

A Tabela 1 apresenta a quantificação de matéria orgânica, o resultado da determinação do potencial hidrogeniônico (pH) e os principais componentes químicos presentes no solo.

Tabela 1 - Análise química do solo.

Determinação Resultado

Matéria orgânica 0,1%

pH 6,8

Óxido de alumínio (Al2O3 ) 13,50%

Óxido de ferro (Fe2O3) 12,00%

Dióxido de silício (SiO2) 5,80%

Óxido de titânio (TiO2) 2,40%

Óxido de cálcio (CaO) 0,10%

Óxido de magnésio (MgO) 0,03%

Óxido de sódio (Na2O) 23 ppm

Óxido de potássio (K2O) 140 ppm

Trióxido de enxofre (SO3) 80 ppm

Figura 2 – Aplicação de carga no corpo-de-prova.

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O solo com presença de matéria orgânica sofre ação do meio pela alcalinidade elevada, alterando a sua estabilização como matéria-prima, comprometendo assim a qualidade do tijolo modular (GRANDE, 2003). O solo utilizado na pesquisa apresentou pequena quantidade de matéria orgânica (0,1%). O valor de 6,8 do pH do solo aproxima-se do ponto de neutralidade, sendo uma boa referência, pois solos ácidos apresentam dificuldades em se estabilizar com cimentos.

Caputo (1988) destaca que, entre os solos finos, as argilas apresentam uma complexa constituição química. São constituídas basicamente de sílica em forma coloidal (SiO2) e sesquióxidos metálicos da

forma geral R2O3, onde o símbolo R refere-se ao alumínio (Al) e ao ferro (Fe). Essa observação é

confirmada nos resultados da Tabela 1, que mostra os principais constituintes do solo analisado: 13,50% de óxido de alumínio (Al2O3), 12,00% de óxido de ferro (Fe2O3) e 5,80% de dióxido de silício

(SiO2).

4.1.2 Análise

Granulométrica

O Gráfico 1 apresenta as curvas granulométricas do RBMG, do solo e do solo acrescido de RBMG. A curva granulométrica do resíduo foi determinada no estudo desenvolvido por Lopes (2007).

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0,001 0,01 0,1 1 10 100

Diâmetro das Partículas (mm)

P o rcen ta g e m P a ss an te ( % )

Resíduo Solo Solo + 10% de resíduo Solo + 15% de Resíduo Solo + 30% de Resíduo

Gráfico 1 - Curvas granulométricas do resíduo, do solo e do solo com resíduo.

Dentre os critérios estabelecidos para a seleção do solo na NBR 10832 (ABNT, 1989), destinado à fabricação do tijolo maciço de solo-cimento, estão que os grãos do solo devem passar 100% na peneira 4,8 mm e 10% a 50% devem passar na peneira 0,075 mm. A Tabela 2 demonstra que as porcentagens passantes nas peneiras 4,8 mm do solo analisado aproximaram-se das determinações da norma.

Tabela 2 – Porcentagens passantes nas peneiras nº 4 e nº 200.

Composição % Passando na Peneira 4,8 mm (n° 4) % Passando na Peneira 0,075 mm (nº 200) Solo Natural 99,76 51,35 Solo + 10% de Resíduo 99,79 55,64 Solo + 15% de Resíduo 99,80 57,51 Solo + 30% de Resíduo 99,82 62,25

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Verifica-se na Tabela 2 que o acréscimo do RBMG resultou em uma tendência na diminuição da granulometria, quanto maior o porcentual de resíduo, maiores quantidades de grãos passaram nas peneiras.

Conforme o Sistema Unificado de Classificação, o solo foi classificado como argiloso de baixa compressibilidade (LL<50) e de granulação fina, com 48% de argila, 14% de silte e 38% de areia. Em razão da economia de cimento, os solos mais apropriados para o solo-cimento são os que possuem teor de areia entre 45% e 50% (HABITAR, 2007).

4.1.3 Determinação do Índice de Plasticidade

Ferreira (2003) destaca que quanto maior o índice de plasticidade mais o material estará sujeito às variações dimensionais, resultantes do inchamento do solo quando úmido e de sua retração, quando seco. Os valores do índice de plasticidade atenderam às determinações da NBR 10832 (ABNT, 1989). A Tabela 3 demonstra que o acréscimo do resíduo indicou uma tendência para a diminuição dos limites de consistência e dos índices de plasticidade. Os valores da massa específica dos grãos aumentaram com o acréscimo do RBMG.

Tabela 3 - Valores dos limites de consistência, índice de plasticidade e massa específica dos grãos para as composições com solo natural e solo acrescido de RBMG.

Composição Limite de Liquidez (%) Limite de Plasticidade (%) Índice de Plasticidade (%) Massa Específica dos Grãos (g/cm3) Solo Natural 29,7 21,4 8,3 2,77 Solo + 10% de Resíduo 28,6 20,6 8,0 2,78 Solo + 15% de Resíduo 25,3 20,3 5,0 2,78 Solo + 30% de Resíduo 23,0 18,1 4,9 2,79

Segundo a norma D3282 (ASTM, 2004), a classificação do solo e das misturas de solo com 10%, 15% e 30% de resíduo é A4, correspondente aos solos siltosos. Conforme essa normalização, esse tipo de solo é considerado fraco e pobre para o funcionamento como sub-base de rodovias.

4.2 Solo-cimento

4.2.1 Ensaio de Compactação

A Tabela 4 apresenta os valores obtidos no ensaio de compactação do solo-cimento, com o solo natural e o solo acrescido de resíduo.

Tabela 4 - Resultados dos ensaios de compactação do solo-cimento.

Cimento

(%) Composição

Massa Específica Úmida (g/cm³)

Massa Específica Aparente Seca Máxima (g/cm³) Umidade Ótima (%) Solo Natural 2,04 1,73 18,3 Solo + 10% de Resíduo 2,05 1,74 17,5 Solo + 15% de Resíduo 2,06 1,76 17,0 5 Solo + 30% de Resíduo 2,05 1,76 16,7 Solo Natural 2,08 1,76 17,6 Solo + 10% de Resíduo 2,05 1,74 17,6 Solo + 15% de Resíduo 2,05 1,74 17,3 10 Solo + 30% de Resíduo 2,05 1,75 16,6 Solo Natural 2,09 1,77 18,3 Solo + 10% de Resíduo 2,04 1,74 16,9 Solo + 15% de Resíduo 2,07 1,76 17,8 15 Solo + 30% de Resíduo 2,05 1,75 16,7

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Observa-se na Tabela 4 que não aconteceram alterações significativas nos valores das massas específicas, úmida e aparente seca máxima, com o aumento do resíduo e do teor do cimento nas composições. Os valores da umidade ótima tenderam a um decréscimo com o aumento do porcentual de resíduo, para todos os teores de cimento empregados.

4.2.2 Absorção de Água dos Tijolos

A NBR 8491 (ABNT, 1984e) determina que as amostras ensaiadas não devem apresentar a média dos valores de absorção de água maior do que 20%, nem valores individuais superiores a 22%.

Os Gráficos 2, 3 e 4 apresentam os valores das médias obtidas nos ensaios de absorção de água dos tijolos com os teores de 5%, 10% e 15% de cimento.

a) 5% de cimento -1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 7 dias 28 dias Resíduo de Marmoraria A b so rç ã o d e Á g u a (% ) I 0% 10% 15% 30% b) 10% de cimento -1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 7 dias 28 dias Resíduo de Marmoraria A b so rç ã o d e Á g u a (% ) I 0% 10% 15% 30% c) 15% de cimento -1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0 19,0 7 dias 28 dias Resíduo de Marmoraria A b so rç ã o d e Á g u a (% ) I 0% 10% 15% 30%

Gráficos 2, 3 e 4 – Comportamento da média aritmética da absorção de água dos tijolos: a) 5% de cimento, b) 10% de cimento e c) 15% de cimento.

Verifica-se nos Gráficos 2, 3 e 4 que todas as composições atenderam as condições específicas da NBR 8491 (ABNT, 1984e).

A análise dos Gráficos 2, 3 e 4 demonstra que existem pequenas variações nos valores da absorção de água com o acréscimo do resíduo. Quando calculadas as médias gerais das absorções, para 5%, 10% e 15% de cimento, encontram-se os respectivos valores: 17,84%, 17,53% e 16,56%, que indicam uma redução das absorções quando se aumenta o teor de cimento.

4.2.3 Resistência à Compressão dos Tijolos

A NBR 8491 (ABNT, 1984e) determina que as amostras ensaiadas não devem apresentar a média dos valores de resistência à compressão menor do que 2,0 MPa, nem valores individuais inferiores a 1,7 MPa.

Os Gráficos 5, 6 e 7 apresentam os valores das médias obtidas nos ensaios de resistência à compressão dos tijolos de solo-cimento com os teores de 5%, 10% e 15% de cimento.

Verifica-se no Gráfico 5 que as médias dos valores de resistência à compressão com 5% de cimento não atenderam aos requisitos da NBR 8491 (ABNT, 1984e). Já nos Gráficos 6 e 7, com os teores de 10% e 15% de cimento, nota-se que todos os valores estão conforme as determinações da NBR 8491 (ABNT, 1984e).

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b) 10% de cimento -0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 7 dias 28 dias Resíduo de Marmoraria R e si st ê n c ia à C o m p re ss ã o ( M P a ) I 0% 10% 15% 30% a) 5% de cimento -0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 7 dias 28 dias Resíduo de Marmoraria R e si st ê n c ia à Co m p re ss ã o (M P a ) I 0% 10% 15% 30% c) 15% de cimento -0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 7 dias 28 dias Resíduo de Marmoraria R e si st ê n c ia à Co m p re ss ã o (M P a ) I 0% 10% 15% 30%

Gráficos 5, 6 e 7 – Comportamento da média aritmética da resistência à compressão dos tijolos: a) 5% de cimento, b) 10% de cimento e c) 15% de cimento.

Constata-se nos Gráficos 5, 6 e 7 que o teor de cimento é determinante em relação ao aumento da resistência à compressão dos tijolos ensaiados, quanto maior a porcentagem de cimento, maior foi a resistência mecânica, independente da adição ou não de resíduo.

Observa-se que nas composições analisadas não houve uma linearidade na evolução do ganho de resistência aos 28 dias em relação aos sete dias (Gráficos 5, 6 e 7). Deve-se observar que a cura dos tijolos ocorreu somente até os sete dias após a moldagem, o que pode ter contribuído para o decréscimo da resistência aos 28 dias em algumas composições.

Os tijolos produzidos com 15% de teor de cimento obtiveram resistência mecânica suficiente para serem empregados como alvenaria estrutural (Gráfico 7).

Analisando cada um dos gráficos separadamente, verifica-se uma certa constância nos valores da resistência com o acréscimo do resíduo. Como a quantidade de cimento foi adicionada em função da massa do solo, não houve um aumento de cimento nas composições que tiveram acréscimo de resíduo. Sendo assim, houve uma economia de cimento, pois a mesma massa de cimento usada na família composta apenas por solo foi aplicada nas composições adicionadas com 10%, 15% e 30% de resíduo. Com a mesma quantidade de cimento, porém, com uma massa maior, as composições adicionadas com 10%, 15% e 30% de resíduo acompanharam as resistências obtidas pela família referência.

Uma pequena relação entre o ganho de resistência e a diminuição da absorção de água foi observada nos experimentos com os tijolos de solo-cimento.

As análises dos experimentos realizados, dos resultados obtidos e das discussões apresentadas, possibilitam algumas considerações:

a) o teor de umidade e o grau de compactação têm grande importância nos resultados das características de resistência à compressão e absorção de água;

b) apenas as composições elaboradas com o traço pobre em cimento (5%) não atingiram os valores mínimos estabelecidos pela NBR 8491 (ABNT, 1984e), relativos à resistência à compressão;

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c) todos os tijolos produzidos com os teores de 10% e 15% de cimento ultrapassaram os valores mínimos estabelecidos na NBR 8491 (ABNT, 1984e), quanto à resistência à compressão simples e a capacidade de absorção de água;

d) todas as composições de tijolos moldados com 15% de cimento atingiram, em média, o valor mínimo de 4,5 MPa aos 28 dias, podendo ser empregados em alvenaria estrutural;

e) a adição do resíduo proveniente de beneficiamento de mármore e granito possibilitou condições técnicas favoráveis para se produzir tijolos prensados de solo-cimento com qualidade e redução no consumo de cimento;

f) o solo estudado, típico da região de Goiânia, é classificado como argiloso de baixa compressibilidade e de granulação fina, não sendo o ideal para a produção de solo-cimento devido o maior consumo de solo-cimento, ainda assim, o desempenho dos tijolos de solo-cimento e solo-cimento acrescido de RBMG mostrou-se satisfatório.

O ganho econômico com o emprego do RBMG em tijolos prensados é confirmado com a economia de cimento. O desenvolvimento de materiais de melhor desempenho e custo reduzido mostra-se como uma alternativa para construções de moradias populares.

Além da questão econômica e técnica, encontra-se em um contexto mais amplo a preservação da natureza, a aplicação desse resíduo na construção civil contribui para sua adequada destinação, evitando a degradação do meio ambiente (MIRANDA, 2007).

5 REFERÊNCIAS

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6 AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia do Meio Ambiente da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás e à empresa Cimpor Cimentos do Brasil - Cimento Goiás, pela doação do cimento utilizado na pesquisa.

Referências

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