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Palavras-Chave: Ensino superior; prática docente; formação continuada didáticopedagógica.

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O OLHAR NA PRÁTICA DO PROFESSOR DE ENSINO SUPERIOR APÓS UM CURSO DE ATUALIZAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Gabrielle Barbosa de Sousa, UFPE Maria da Conceição Carrilho de Aguiar, UFPE

Resumo

Refletindo sobre o verdadeiro significado da docência no ensino superior, as dificuldades apresentadas por alguns professores desse nível de ensino no campo didático-pedagógico e sobre a formação continuada docente que vem sendo desenvolvida no âmbito universitário, este estudo que está voltado à formação continuada didático-pedagógica dos professores na Universidade Federal de Pernambuco, realizada através do Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE (NUFOPE), buscou compreender e analisar os processos de formação continuada dos professores desta instituição, além de identificar o resultado dessa formação na prática docente. Visando entender o verdadeiro sentido dessa docência, buscou-se analisar as atividades desenvolvidas neste Núcleo, especificamente, o Curso de Atualização Didático-Pedagógica. Para isso, optou-se por adotar nesta pesquisa uma abordagem teórico-metodológica de natureza qualitativa, utilizando-se, como meio de coleta de dados, a observação participante das atividades realizadas neste Núcleo e nas salas de aulas de cinco docentes que participaram do segundo módulo do Curso de Atualização. Referindo-se a observação utilizada, esta se situou em torno do trabalho didático-pedagógico desenvolvido por estes cinco docentes; observando os seguintes aspectos: o domínio do conteúdo, a relação professor-aluno e a perspectiva teórico-didática. A partir das observações e reflexões oriundas dessa pesquisa, pode-se inferir sobre a necessidade dos professores do ensino superior assumirem sua identidade docente, observando sempre a sua prática, a finalidade desse ensino e estando dispostos a refletirem sobre suas experiências, através da sua percepção e a de seus respectivos alunos. Além disso, esta pesquisa vem demonstrar a importância da formação continuada docente, como o momento de partilhar experiências e reflexão em equipe; desenvolvendo assim, o profissional docente em sua totalidade.

Palavras-Chave: Ensino superior; prática docente; formação continuada

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1 Introdução

As exigências socioeconômicas da contemporaneidade, que vem demandando um novo perfil profissional e tem gerido novos sujeitos (globalizado, ágil, tecnológico, etc.), redimensionaram a ação docente com a finalidade de atender as atuais necessidades sociais; sociedade esta, denominada “sociedade da informação”. Desse modo, ao professor do ensino superior não cabe mais a função de informador ou transmissor de conteúdos, a este passa a ser requerido uma nova prática pedagógica, capaz de envolver todo esse contexto (BEHRENS, 1998).

Ele necessita, assim, ter clareza da responsabilidade ética e social da educação, do processo de ensino e de aprendizagem, dos princípios básicos para a formação de um ser humano completo, nas mais diversas dimensões humanas, sejam elas, ética, profissional, social ou política. O professor precisa, então, perceber essa complexidade do mundo pós-moderno tão presente em nosso ideário social, para assim, unir seu papel docente com o de cidadão, preocupando-se, portanto, com a formação humana em seu sentido mais amplo (MELO, 2008).

Para Cunha (2007), sendo a docência uma atividade tão complexa, não se pode permitir uma ação profissional descompromissada e amadora que tende a repetir processos culturalmente instalados e reproduzidos de modo descontextualizado e sem reflexão. As instituições e as políticas públicas deveriam voltar a sua atenção para a profissionalização da docência da educação superior em prol de garantir a qualidade nessa educação.

Pois, segundo Melo (2008), a docência no ensino superior passa a ser vista como uma atividade plural, reflexiva, combinada, misturada, construída a partir da interação entre os sujeitos do processo educativo, nas formações iniciais e continuadas, nas trajetórias profissionais e de vida, nas instituições de ensino e, sobretudo nas relações desenvolvidas em sala de aula.

De acordo com Pimenta e Anastasiou (2005, p. 108), “constatada a importância do desenvolvimento profissional da profissão docente para os professores que atuam na universidade, vários caminhos vêm sendo experimentado nas últimas décadas”. Para essas autoras, no Brasil também há, embora pontuais, experiências de formação continuada para docentes no ensino superior. Experiências essas, decorrentes do compromisso das instituições e do grupo de docentes, objetivando a identificação, o estudo e o encaminhamento das necessidades dessas instituições, dos professores e dos alunos.

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Por isso, cada vez mais se faz necessário políticas públicas e institucionais que se voltem para essa formação do professor universitário, permitindo assim, a reflexão dos docentes em sua prática e sobre a sua prática; reafirmando a importância da associação entre o conhecimento técnico e pedagógico para a formação dos futuros profissionais.

Refletindo sobre a formação em exercício de professores no ensino superior e sobre a necessidade do aprofundamento dos estudos didático-pedagógicos, a Universidade Federal de Pernambuco, em 2000, iniciou a sua política de formação continuada didático-pedagógica, com o desenvolvimento do Projeto de Atualização Didático-Pedagógico para professores dessa universidade.

Percebendo-se a necessidade de ampliar as atividades pedagógicas, objetivando atingir um contingente maior de docentes e criar condições para um acompanhamento sistemático dos processos de formação continuada desses, o curso de atualização ganha uma nova estrutura, e em 2008, cria-se o Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE (NUFOPE).

2 Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE (NUFOPE): Estrutura e Organização

O Núcleo, que iniciou suas atividades a partir de maio de 2008, trata-se de um espaço de estudos, pesquisas e produção acadêmica, que está voltado ao desenvolvimento de uma ação coletiva, visando produzir modos teórico-metodológicos particulares de ensino-aprendizagem (RECIFE, 2008).

De acordo com o documento, acima citado, esse processo de formação continuada desenvolvido com os professores, além de possibilitar uma reflexão mais sistemática, de estimular uma troca coletiva sobre o cotidiano de sala de aula e a prática pedagógica; constitui um esforço formativo de atualização e aprimoramento da prática docente entre professores de diversas áreas e de diversos centros, que compõem a universidade.

Nesse sentido, o Núcleo traz como principais objetivos: a) promover cursos de atualização didático-pedagógica para professores; b) delinear o perfil do professor da UFPE; c) investigar a prática didático-pedagógica desses professores; d) estimular um processo constante de exercício crítico de revisão da prática docente; e) possibilitar a

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construção de saberes necessários ao exercício profissional docente; f) subsidiar a compreensão dos elementos constitutivos da prática pedagógica docente; g) apoiar a construção de experiências didático-pedagógicas inovadoras; h) contribuir uma produção acadêmica acerca da docência universitária; i) avaliar os desdobramentos de ações desenvolvidas pelo Núcleo; e j) subsidiar o processo de avaliação individual e coletiva da prática docente (RECIFE, 2008).

Para isso, segundo o documento já referido, o Núcleo desenvolve uma série de atividades, que envolve: a) o planejamento e avaliação dos cursos fornecidos pelo NUFOPE; b) a promoção de eventos de natureza didático-pedagógica; c) estudos e desenvolvimento de pesquisas no campo da docência universitária; d) a articulação com outros Núcleos acadêmicos de formação continuada de professores universitários; e) o apoio didático-pedagógico online aos docentes participantes dos cursos de atualização; f) a produção e publicação de artigos referentes às atividades do Núcleo; g) a edição de uma revista eletrônica para divulgação de produções referentes às atividades do NUFOPE.

Falando sobre a organização do curso de atualização, a proposta do Núcleo declara que este está organizado em dois módulos, que juntos contabilizam um total de 45 horas: o primeiro módulo, com uma carga horária de 24 horas, é uma iniciação à formação continuada e tem o formato presencial; e o segundo módulo, com uma carga horária de 21 horas, é uma formação continuada semipresencial, oferecida aos professores que já fizeram o primeiro módulo desde o ano de 2000.

Desse modo, esse documento afirma que os dois módulos do curso estão articulados entre si, no propósito de se compreender a globalidade e as particularidades das relações entre universidade, sociedade, docência universitária, relação ensino e aprendizagem, avaliação, planejamento, projeto político da instituição e projeto curricular do curso, as relações e as representações no contexto da sala de aula, e as diversas influências políticas, sociais, econômicas, educativas, filosóficas e científicas.

Analisando a Proposta do Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE, pode-se compreender que o processo de formação continuada é percebido como um campo teórico-metodológico de recontextualização de conhecimento científicos diversos, transformando-os em conhecimentos escolares adaptados a uma determinada realidade.

A respeito das atividades realizadas durante o curso, estas envolvem aprendizagens individuais e coletivas dos conceitos trabalhados, dos procedimentos e

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das atitudes básicas para a formação de um docente no ensino superior. A reflexão acerca da prática deve se tornar um exercício docente constante, pois é através dela que o professor irá obter informações sobre o processo de ensino aprendizagem, e sobre o aprimoramento de sua própria prática de maneira contextualizada (RECIFE, 2008).

Além do curso de atualização didático-pedagógica, segundo a proposta desse Núcleo (RECIFE, 2008), este conta também com sessões sistemáticas de estudo voltadas à docência, focalizando os cursos de atualização desenvolvidos; além de produções acadêmicas realizadas na área. Visto que, o Núcleo se constitui em mais um esforço formativo da Universidade Federal de Pernambuco em função da sua docência, entre outras iniciativas pedagógicas de ensino, pesquisa e extensão, que também são desenvolvidas nesta universidade.

3 Percurso Teórico-Metodológico

Refletindo sobre as dificuldades apresentadas por alguns professores universitários no campo didático-pedagógico, esta pesquisa buscou compreender e analisar os processos de formação continuada didático-pedagógica dos professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), identificando o resultado dessa formação na prática docente.

Para isso, buscou-se analisar as atividades desenvolvidas no Núcleo de Formação Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE (NUFOPE), especificamente o curso de atualização didático-pedagógica; optando por adotar nesse trabalho uma abordagem teórico-metodológica de natureza qualitativa, devido os objetivos da pesquisa e a natureza do objeto de estudo, pois de acordo com Minayo (2008, p. 21), a pesquisa qualitativa “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”.

Dentro dessa perspectiva, essa pesquisa utilizou como participantes cinco docentes, que já haviam feito o primeiro e estavam cursando o segundo módulo do Curso de Atualização do NUFOPE, e como instrumentos para a coleta de dados foram utilizados a observação participante e o diário de campo.

Desse modo, essa pesquisa utilizou como campos de pesquisa a sala de aula do NUFOPE, onde estava ocorrendo o Módulo II do Curso de Atualização

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Didático-Pedagógica, e as salas de aulas dos cinco professores participantes desse curso, que permitiram a observação de suas aulas.

Para entender melhor a organização do Curso de Atualização do NUFOPE, observar as atividades apresentadas, e perceber o comportamento e o envolvimento do grupo de professores participantes, observamos os trabalhos pedagógicos desenvolvidos nesse Núcleo, nos dias 17 e 18 de novembro de 2009. Assim, procurávamos entender a discussão proposta, observando mais precisamente as atividades e as observações apresentadas pelos cinco docentes que já haviam sido informados sobre a nossa pesquisa e já haviam aceitado participar dela.

Com o objetivo de verificar como ocorria o trabalho pedagógico dos professores participantes do curso em suas respectivas salas de aula, observamos do dia 04/11/2009 a 13/11/2009 as aulas desenvolvidas pelos professores participantes da nossa pesquisa, nos cursos de: Biblioteconomia, Turismo, Serviço Social, História e Letras. Perfazendo 04 horas-aula para cada docente observado, alcançando um total de 20 horas-aula de observação geral.

A respeito da nossa observação, esta se situou em torno do trabalho didático-pedagógico desenvolvido pelos docentes e, para que a coleta de dados não se tornasse um amontoado de informações irrelevantes ou que se deixasse de lado certos dados importantes para uma análise mais completa da situação, foi necessário orientar a observação em torno desses aspectos: domínio do conteúdo, relação professor-aluno e a perspectiva teórico-didática.

4 Discussão dos Resultados

Em relação à atividade desenvolvida nas salas de aulas dos professores cursistas do Módulo II que aceitaram participar da nossa pesquisa, e com o objetivo de identificar o resultado dessa formação continuada na prática docente, foram observadas e analisadas as seguintes questões:

a) Domínio do conteúdo

Para Veiga (2008, p.277), “o conteúdo é um dos elementos estruturadores da organização didática da aula. É também elemento-chave para concretizar as intenções

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educativas”. Sendo assim, optamos por analisar o domínio do conteúdo didático por parte dos professores participantes da pesquisa, e dentro do que foi observado, podemos dizer que dos cinco docentes participantes da pesquisa, apenas um demonstrou que ainda estava organizando a disciplina e o conteúdo da mesma visto que este estava ministrando essa temática há pouco tempo. Já os demais docentes apresentavam total domínio do conteúdo e utilizavam diversos recursos didáticos com o objetivo de facilitar a aprendizagem de seus alunos.

b) Relação professor-aluno

Partindo do pressuposto de que a relação professor-aluno é a idéia central da concepção de docência, pois não há docência sem professores e nem alunos, e de que a docência existe para uma relação com os alunos, para agir com eles (VEIGA, 2008); passamos a observar como ocorria essa relação nas salas de aulas envolvidas na pesquisa.

Após analisar nossas observações podemos inferir que todos os docentes observados mantinham uma boa relação com os seus alunos, mostrando-se dispostos a ouvi-los e a auxiliá-los em suas dúvidas. Desse modo, a sala de aula era vista como um espaço de reflexão, onde professor e alunos possuíam total liberdade para expressarem suas opiniões e para juntos formarem o conhecimento.

c) Perspectiva teórico-didática

De acordo com Libâneo (2002), Saviani em seu artigo “tendências pedagógicas contemporâneas”, publicado em 1981, apresentou a contradições presentes no cotidiano da prática docente após a difusão das diversas concepções pedagógicas no meio educacional. Para este autor, os professores acreditam e defendem teoricamente a concepção escolanovista, mas na prática ainda reproduzem algumas características da concepção tradicional, pois embora as crenças dos professores sejam oriundas da escola nova, a realidade e a pedagogia oficial ainda são tradicionais.

Pensando sobre isso, além de observar o domínio de conteúdo e a relação entre professor e alunos, passamos a refletir a respeito da perspectiva teórico-didática de cada docente; para isso, buscamos compreender a organização didática da aula, os seus

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objetivos, o sistema de avaliação e a participação dos sujeitos (professor e alunos) durante o processo de aprendizagem.

Desse modo, podemos afirmar que quatro dos docentes tinham a preocupação em retomar os assuntos trabalhados anteriormente, objetivando trazê-los para a memória dos alunos, antes de iniciar o assunto seguinte; e dois dos professores observados utilizaram vários recursos didáticos para auxiliar a aprendizagem de seus alunos. E a respeito da avaliação e a participação dos sujeitos no processo de ensino e aprendizagem, podemos perceber que três professores utilizavam a avaliação processual como forma de verificar o aprendizado de seus alunos, e um professor apresentou dificuldades para trabalhar o conteúdo da disciplina com seu grupo-classe, pois este não realizavam as leituras sugeridas, deixando-o falar sozinho sobre o assunto.

Sendo assim, concordamos com Hoffman (2001), quando esta afirma que a avaliação não tem por objetivo a verificação e o registro do desempenho dos discentes, mas sim, a observação permanente de aprendizagens com o intuito de proceder a uma ação educativa que possibilite a otimização dos percursos que estão sendo desenvolvidos por cada estudante.

d) Outras reflexões a respeito dos dados coletados...

A respeito das observações realizadas nas salas de aulas dos cinco docentes envolvidos nessa pesquisa, podemos afirmar que esses professores, partindo de suas reflexões sobre seus alunos e dos problemas enfrentados em sala de aula, passaram a pensar numa outra forma de organização para suas aulas, alguns obtendo ótimos resultados.

Mostrando assim, que a atividade docente não deve ser fixa ou pré-determinada, pois não existem fórmulas prontas que podem ser ensinadas aos docentes para que estes possam aplicá-las em suas salas de aula; nem que o processo de ensino deva ser realizado apenas pelo professor. De acordo com Veiga (2008, p.267),

Um projeto de organização didática da aula significativa, que ultrapasse a concepção mecanicista de planejamento de ensino, é resultante de um processo integrador entre a instituição educativa e o contexto social, efetivado de forma colaborativa pelos professores e seus alunos. A aula, lugar privilegiado da vida pedagógica, refere-se às dimensões do processo didático – ensinar, aprender, pesquisar e avaliar – preparado e organizado pelo professor e seus alunos.

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Sendo assim, podemos afirmar que cabe ao professor a responsabilidade de sistematizar, ordenar, e organizar a atividade educativa e suas atividades didáticas pensando sempre na aprendizagem dos alunos; mas, essa organização não deve ser imposta por ele, pois os alunos também possuem o direito de expressar suas opiniões, seus desejos, de mostrar suas habilidades e de sugerirem ao docente algo que contribua para o processo de ensino e aprendizagem.

Dentro desse contexto, a avaliação não pode ser realizada com caráter classificatório ou punitivo. Ela precisa englobar todo o processo do conhecimento e incentivar os alunos para a resolução de problemas, análises e discussões temáticas. Assim, o docente passa a assumir o desafio de melhorar a aprendizagem, a partir da orientação dada aos alunos que encontram dificuldades. Analisando nossas observações, podemos afirmar que três dos professores observados mostraram utilizar essa avaliação processual com propriedade.

5 Considerações Finais

As análises e reflexões oriundas dessa pesquisa mostraram que os docentes precisam sempre estar dispostos a observar, refletir, avaliar e reconstruir suas práticas pedagógicas; modificando seus procedimentos didáticos em prol da aprendizagem do grupo-classe, rompendo assim, a visão conservadora da fragmentação do conhecimento, da autoridade centrada na figura do professor e da avaliação de cunho classificatório.

Além disso, foi demonstrada, ao longo desse trabalho a importância da formação continuada docente, como o momento de partilhar experiências, de aprendizado e reflexão em equipe, e do desenvolvimento profissional dos docentes (que passaram a se perceberem como docente, em sua totalidade; ou seja, com seus objetivos, suas responsabilidades e saberes). Visto que, segundo Aguiar (2004), essa formação continuada não se volta ao professor de forma individual ou isolada, mas sim, ao professor em todo o seu contexto coletivo, profissional e organizacional.

Pois, de acordo com Veiga (2008, p.270),

Os diálogos entre os pares e alunos sobre a experiência de trabalho conjunto constituem formas importantes para ressignificar o processo didático que ocorre durante a aula. A organização do processo de trabalho da instituição educativa deve propiciar situações de encontro e intercâmbio entre

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professores para quebrar o isolamento profissional e o individualismo que caracterizam o trabalho docente.

Referindo-se a nossa pesquisa podemos inferir que a partir do curso de atualização didática oferecido pelo NUFOPE, os professores inscritos passaram a observar seus alunos e sua prática didática, enumerando assim seus problemas, discutindo soluções e tentando por em prática algum procedimento didático diferente do utilizado por eles cotidianamente.

Desse modo, alguns desses docentes conseguiram atingir resultados significativos, e aqueles que não conseguiram solucionar os problemas, imediatamente, passaram a perceber a importância da observação e reflexão de suas práticas e perderam o receio de realizarem mudanças em suas atitudes e metodologias, passando também, a ouvirem os seus alunos e perceberem estes como sujeitos do processo pedagógico.

Sobre a relação professor-aluno-conhecimento, podemos afirmar que todos os docentes observados mostraram assumir a responsabilidade de orientador com seus alunos, sugerindo atividades reflexivas e leituras complementares para aqueles que desejassem; além de manter um ambiente agradável e respeitoso dentro de suas salas de aula e de permitirem aos discentes total liberdade de expressão.

Pois, é na sala de aula onde se desenvolve a maior parte das atividades docentes e discentes, constituindo-se dessa forma, em um espaço de vivências pedagógicas onde se concretiza a intervenção do professor; intervenção esta que deve ser construída na interação com os alunos, objetivando facilitar a aprendizagem (CALDEIRA; AZZI, 1997).

A partir da análise da observação dos trabalhos desenvolvidos pelos professores cursistas, percebeu-se que os professores participantes passaram a reparar e a refletir sobre sua prática pedagógica; a partir do exercício de analisar as suas respectivas salas de aula e do momento de socialização dessa experiência entre os docentes que faziam o curso de atualização.

Considerando as observações realizadas nas salas de aulas dos cinco docentes envolvidos nessa pesquisa, é possível inferir que esses professores, partindo de suas reflexões sobre seus alunos e dos problemas enfrentados ações em sala de aula, passaram a pensar numa outra forma de organização para suas aulas, colocando-a em prática. Mostrando assim, que a atividade docente não precisa ser fixa ou pré-determinada, pois não existem fórmulas prontas que possam ser aplicadas em qualquer

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situação que ocorra na sala de aula; e nem que o processo de ensino deva ser realizado apenas pelo professor.

Referências

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Elemento na Construção de sua Identidade. Tese de Doutorado – Universidade do

Porto / Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Porto, Portugal, 2004.

BEHRENS, Marilda Aparecida. A Formação Pedagógica e os Desafios do Mundo Moderno. In: MASETTO; Marcos T. (Org.). Docência na Universidade. Campinas, SP: Papirus, 1998. (Coleção Práxis).

CALDEIRA, Anna Maria Salgueiro; AZZI, Sandra. Didática e Construção da Práxis Docente: Dimensões Explicativa e Projetiva. In: ANDRÉ, Marli E. D. A; OLIVEIRA, Maria Rita Neto S. (Orgs). Alternativas do Ensino de Didática. Campinas, SP: Papirus, 1997. (Coleção Prática Pedagógica).

CUNHA, Maria Isabel da. O lugar da Formação do Professor Universitário: A condição Profissional em Questão. In: ______. Reflexões e Práticas em Pedagogia

Universitária. Campinas, SP: Papirus, 2007.

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública: A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. São Paulo: Edições Loyola. 18ª ed., 2002.

MELO, Márcia M. de Oliveira. Influências das Crises da Sociedade sobre o Currículo e a Docência Universitária e as Necessidades de Rupturas Epistemológicas e Pedagógicas nessas Práticas. In: CORDEIRO, Telma Santa Clara; MELO, Márcia M. de Oliveira (Orgs.). Formação Pedagógica e Docência do Professor Universitário: Um Debate em Construção. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2008.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O Desafio da Pesquisa Social. In: DESLANDES, Suely Ferreira; GOMES, Romeu; MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa

Social: Teoria, método e criatividade. 27ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

PIMENTA, Selma Garrido; ANASTASIOU, Lea. Docência no Ensino Superior. 2ª edição. São Paulo, SP: Cortez, 2005.

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RECIFE. Universidade Federal de Pernambuco. Proposta do Núcleo de Formação

Continuada Didático-Pedagógica dos Professores da UFPE – NUFOPE. Recife.

Ago, 2008.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org). Aula: Gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas, SP: Papirus, 2008. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

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