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Análise da aplicação dos royalties do petróleo no município de Niterói

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS – EST DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO – STA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

RODRIGO PINHEIRO POSSAS

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS

ROYALTIES DO PETRÓLEO NO

MUNICÍPIO DE NITERÓI

NITERÓI – RJ

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS – EST DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO – STA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

RODRIGO PINHEIRO POSSAS

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO NO MUNICÍPIO DE NITERÓI

NITERÓI – RJ 2018

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RODRIGO PINHEIRO POSSAS

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO NO MUNICÍPIO DE NITERÓI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Administração da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Dr. JOÃO ALBERTO NEVES DOS SANTOS

NITERÓI – RJ 2018

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Ficha catalográfica automática - SDC/BAC Gerada com informações fornecidas pelo autor

Bibliotecária responsável: Carlos Roberto Santos de Lima - CRB7/5531 P856a Possas, Rodrigo Pinheiro

Análise da Aplicação dos Royalties do Petróleo no Município de Niterói: / Rodrigo Pinheiro Possas ; João Alberto Neves Dos Santos, orientador. Niterói, 2018. 57 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Administração)-Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Niterói, 2018.

1. Royalties. 2. Petróleo. 3. Niterói (RJ). 4. Produção intelectual. I. Dos Santos, João Alberto Neves, orientador. II. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de

Administração e Ciências Contábeis. III. Título. CDD

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-RODRIGO PINHEIRO POSSAS

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO NO MUNICÍPIO DE NITERÓI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Administração da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Data de Aprovação ___ / ___ / ______

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________ PROF. DR. JOÃO ALBERTO NEVES DOS SANTOS (Orientador)

Universidade Federal Fluminense

____________________________________________________________ PROF. DR. IVANDO SILVA DE FARIA

Universidade Federal Fluminense

____________________________________________________________ PROF. DR. LUIZ PÉREZ ZOTES

Universidade Federal Fluminense

NITERÓI – RJ 2018

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AGRADECIMENTOS

A minha família, por todo o amor e apoio.

A meus amigos, pelos melhores momentos da minha vida. A Maria e Tio Beto.

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RESUMO

A indústria petrolífera no Brasil vem crescendo cada vez mais, e gera valores substanciais de

royalties para diversos municípios, estados e regiões. Os royalties constituem parcelas

fundamentais dos orçamentos de diversos municípios, tornando necessária a verificação da adequada destinação dessas receitas, em prol dos interesses da população e do desenvolvimento. Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo avaliar a utilização dos recursos provenientes dos royalties do petróleo pelo município de Niterói, de modo a verificar a sua efetiva aplicação. Para isso, foram coletados os dados referentes à arrecadação dos royalties de Niterói junto à ANP, dados populacionais junto ao IBGE e dados do IFDM divulgados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN). Para a realização da análise quantitativa foram utilizadas as seguintes ferramentas estatísticas: Coeficiente de Correlação de Pearson e Teste de Significância do Coeficiente de Correlação. A análise forneceu resultados que primeiramente refutaram a hipótese de uma correlação entre as receitas dos royalties e o desenvolvimento municipal medido pelo IFDM Médio, mas que confirmou correlações fortes entre essas receitas e cada dimensão específica do IFDM (Saúde, Educação e Emprego e Renda).

(8)

ABSTRACT

The oil industry has continuously developed in Brazil and generates substantial values in royalties for many cities, states, and regions. These royalties are fundamental for the budgets of many cities, and it is necessary to verify whether this income is properly applied to the benefit of the population and the city development. This final-term paper has the objective of assessing the use of these oil-industry royalties by the city of Niterói, as to verify their effective application. For that, we have gathered ANP data regarding the royalties, IBGE population data and IFDM data released by Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). As per the quantitative analysis, the following statistic tools have been used: Pearson Correlation Coefficient and Correlation Coefficient Test. The analysis provided results that, at first, refuted the hypothesis of a correlation between the royalty income and the city development measured by Average IFDM, but confirmed a strong correlation between the income and each specific IFDM dimension (Healthcare, Education and Employment and Income).

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GLOSSÁRIO

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis CNPE Conselho Nacional de Política Energética

FHC Fernando Henrique Cardoso

FIRJAN Federação das Indústrias do Rio de Janeiro HA Hipótese Nula HB Hipótese Alternativa H1 Hipótese 1 H1.1 Hipótese 1.1 H1.2 Hipótese 1.2 H1.3 Hipótese 1.3

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IFDM Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal PIB Produto Interno Bruto

RJ Estado do Rio de Janeiro SP Estado de São Paulo

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - O Petróleo na Receita Primária de Niterói ... 20

Gráfico 2 - Evolução do consumo mundial de Petróleo em função da população ... 24

Gráfico 3 - Histórico da Produção do Campo de Lula ... 28

Gráfico 4 - Evolução da População de Niterói ... 41

Gráfico 5 - Royalties e Participações Especiais em Niterói ... 42

Gráfico 6 - IFDM Médio - Niterói ... 43

Gráfico 7 - IFDM Saúde - Niterói ... 43

Gráfico 8 - IFDM Educação – Niterói ... 44

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LISTA DE QUADROS

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados de IFDM Médio e Petróleo per capita ... 47

Tabela 2 - Pearson, Significância e T Crítico ... 47

Tabela 3 - Dados de IFDM Saúde e Petróleo per capita ... 48

Tabela 4 - Pearson, Significância e T Crítico ... 48

Tabela 5 - Dados de IFDM Educação e Petróleo per capita ... 49

Tabela 6 - Pearson, Significância e T Crítico ... 49

Tabela 7 - Dados de IFDM Emprego e Renda e Petróleo per capita ... 50

(14)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

... 17

1.1. Objetivos, Delimitações do Estudo e Justificativa ... 19

1.1.1 Objetivo Geral ... 19 1.1.2 Objetivos Específicos ... 19 1.1.3 Delimitações do Estudo ... 19 1.1.4 Justificativa ... 20 1.2. Hipóteses do Trabalho ... 21 1.3. Organização do Estudo ... 21 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 23 2.1. A Indústria do Petróleo ... 23

2.1.1. Principais Aspectos da Indústria do Petróleo... 23

2.1.2. O Petróleo no Brasil ... 25

2.1.2.1. O Pré-Sal Brasileiro ... 26

2.1.2.2. O Campo de Lula ... 28

2.2. A Lei do Petróleo ... 29

2.3. Os Royalties do Petróleo ... 30

2.3.1. Definição e breve histórico ... 30

2.3.2. Case: Os países do Oriente Médio... 31

2.4. Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) ... 31

3. METODOLOGIA ... 34

3.1. Revisão Bibliográfica ... 34

3.2. Coleta de Dados ... 34

(15)

3.3.1. Correlação de dados ... 35

3.3.2. Coeficiente de Correlação de Pearson ... 35

3.3.3. Análise da Significância do Coeficiente de Correlação... 36

4. ANÁLISE, DISCUSSÃO E RESULTADOS ... 37

4.1. População de Niterói ... 37

4.1.1. Regiões de Niterói ... 37

4.1.1.1. Região das Praias da Baía ... 37

4.1.1.2. Região Norte ... 38

4.1.1.3. Região Oceânica ... 39

4.1.1.4. Região de Pendotiba ... 40

4.1.1.5. Região Leste ... 40

4.1.2. Evolução da população de Niterói ... 41

4.2. Os Royalties do Petróleo no Município de Niterói ... 41

4.3. IFDM de Niterói ... 42

4.3.1. IFDM Médio ... 42

4.3.2. IFDM Saúde ... 43

4.3.3. IFDM Educação ... 44

4.3.4. IFDM Emprego e Renda ... 45

4.3.4.1. Niterói: “Cidade dormitório”? ... 46

4.4. Análise dos Resultados de Niterói ... 46

4.4.1. Correlação entre Petróleo per capita e IFDM ... 46

4.4.2. Correlação entre Petróleo per capita e IFDM Saúde ... 48

4.4.3. Correlação entre Petróleo per capita e IFDM Educação... 49

4.4.4. Correlação entre Petróleo per capita e IFDM Emprego e Renda ... 50

(16)

5.1. Conclusões Alcançadas ... 52

5.2. Sugestões Para o Município de Niterói ... 53

5.3. Recomendações Para Trabalhos Futuros ... 53

(17)

17

1. INTRODUÇÃO

O petróleo é a mais relevante fonte de energia da atualidade. Após sua difusão no século XIX, o petróleo hoje aparece não apenas como matéria-prima na geração de energia, mas também na produção de diversos produtos como plásticos, lubrificantes, tintas e sintéticos. Encontrado em bacias sedimentares ao redor do planeta, produto de difícil extração e dono de alto valor comercial, o petróleo tem grande importância na economia e no desenvolvimento de vários países, sendo um dos fatores determinantes na geopolítica mundial.

A exemplo do que ocorreu no Brasil com o ouro, a borracha e o café, o petróleo tornou-se um fator de grande geração de receita e detornou-senvolvimento para muitas cidades e regiões do país. O Brasil vem buscando elevar cada vez mais sua produção de petróleo & gás e assim reduzir a dependência das importações. Elemento central da matriz energética mundial e brasileira, as reservas estimadas de petróleo no Brasil vêm crescendo nos últimos anos, principalmente após o advento do Pré-Sal.

O Pré-Sal brasileiro é composto por grandes acumulações de óleo leve, de alto valor comercial e excelente qualidade, sendo formado por três imensas bacias sedimentares: Santos, Campos e Espírito Santo. Segundo Morais (2013) essa camada está localizada em grandes profundidades abaixo do solo marinho, estendendo-se do litoral do Espírito Santo até o de Santa Catarina e possuindo aproximadamente 800 quilômetros de comprimento e 200 quilômetros de largura.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP):

O royalty é uma compensação financeira devida à União pelas empresas que produzem petróleo e gás natural no território brasileiro: uma remuneração à sociedade pela exploração desses recursos não renováveis. (ANP, 2018a.)

Atualmente, os valores arrecadados com royalties e participações especiais constituem parcela fundamental na receita primária de muitos estados e municípios brasileiros. A adequada aplicação e investimento desses recursos pode (e deve) melhorar a qualidade de vida de seus habitantes, em áreas como por exemplo a saúde, a educação, o saneamento básico e a criação de empregos.

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Em 1997 surge a Lei do Petróleo (Lei nº 9.478/97), estabelecendo novos critérios de cálculo e distribuição dos royalties do petróleo para os municípios produtores ou envolvidos na cadeia de produção. Essa lei garantia parcelas consideráveis dos royalties e participações especiais do petróleo aos municípios afetados pelas atividades de upstream, que segundo Batista (2013, p. 17) é “uma expressão utilizada na indústria do petróleo que significa a parte da cadeia produtiva que antecede o refino, abrangendo dessa forma as atividades de exploração, desenvolvimento, produção e transporte para beneficiamento.”

O município de Niterói vem recebendo valores substanciais de royalties e demais participações da atividade petrolífera, acentuados pela descoberta do Pré-Sal e pelo início da operação do Campo de Lula. Segundo reportagem do Jornal “O Globo” (MOURÃO, 2018), baseada em dados da ANP, os valores pagos a Niterói em royalties e participações especiais devem ultrapassar um bilhão de reais em 2018, levando o município ao posto de segundo maior destinatário de receitas dessa natureza no Estado do Rio de Janeiro, atrás apenas do município de Maricá.

Há casos negativos e positivos no Brasil e no mundo no tocante ao uso dos royalties do petróleo e à sua aplicação, de modo a garantir melhorias na qualidade de vida dos cidadãos. É conveniente que esses recursos sejam distribuídos de forma planejada, visando não apenas medidas paliativas e de curto prazo, mas também medidas de médio e longo prazos. Nesse sentido, o presente trabalho irá analisar o Município de Niterói e a destinação de suas receitas provenientes dos royalties do petróleo, com impacto no desenvolvimento municipal.

Uma vez que sabemos serem os recursos oriundos do petróleo finitos e considerados “extraordinários”, precisamos encontrar evidências da adequada utilização dos recursos dos

royalties do petróleo pelo município de Niterói. Por outro lado, ainda não foram encontradas

evidências de que sejam utilizados métodos ou metodologias para avaliar a aplicação desses recursos disponibilizados ao Município. Por isso, é importante verificar se a aplicação dos

royalties acontece de maneira responsável e de acordo com as necessidades da população,

gerando melhorias e infraestrutura para o futuro, de modo que os benefícios gerados possam ser mantidos, caso as receitas do petróleo diminuam.

(19)

19

1.1. Objetivos, Delimitações do Estudo e Justificativa.

1.1.1. Objetivo Geral

O principal objetivo desse trabalho é avaliar a utilização dos recursos provenientes dos

royalties do petróleo pelo município de Niterói, de modo a verificar a sua efetiva aplicação.

Esse método de avaliação poderá servir como ferramenta para uma possível utilização por outros municípios e regiões. Para esse fim, foram levantados dados de arrecadação de royalties do petróleo e participações especiais per capita, além de dados do Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal – IFDM.

1.1.2. Objetivos Específicos

Para realização do estudo, será necessário atingir os seguintes objetivos específicos:  Coletar os dados referentes à arrecadação de royalties e participações especiais do

Município de Niterói, de 2007 a 2016.

 Realizar pesquisa sobre o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) do Município de Niterói no mesmo período, contemplando Saúde, Educação e Emprego e Renda.

 Coletar os dados referentes à população de Niterói, de 2007 a 2016.

 Analisar a influência dos valores de royalties per capita do município nos seus índices de desenvolvimento.

 Com base nos resultados encontrados, fazer sugestões de como o município pode destinar as receitas dos royaltiesde forma adequada.

1.1.3. Delimitações do Estudo

Este trabalho pretende analisar qualitativa/quantitativamente a destinação dos recursos provenientes dos royalties do petróleo pelo município de Niterói, verificando se estão sendo utilizados para melhorar a educação, a saúde e o emprego e a renda da população, de acordo com o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal.

Busca também sugerir alternativas para que o município de Niterói possa aplicar os repasses dos royalties do petróleo de forma adequada, em prol de seu desenvolvimento e seu futuro.

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Devido à indisponibilidade do IFDM do ano de 2017, a análise fica restrita ao período de 2007 a 2016, uma vez que decidiu-se analisar um período de 10 anos. Não se pode afirmar que o método utilizado possa ser aplicado em outros municípios e estados, de forma a obter resultados semelhantes, uma vez que cada local possui suas peculiaridades.

Além disso, não se pode afirmar que o estudo sirva de exemplo para a análise da aplicação de outros tipos de royalties, como, por exemplo, minérios de ferro e carvão.

1.1.4. Justificativa

É dever do município zelar pela qualidade de vida de seus cidadãos, alocando seus recursos da melhor maneira possível para gerar desenvolvimento e oferecer serviços públicos de qualidade. Sendo assim, deve-se garantir que quaisquer receitas arrecadadas serão utilizadas de forma consciente e efetiva pela administração pública, de acordo com os interesses da população e buscando suprir as principais carências encontradas pelos estados e municípios.

Segundo os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP, 2018a), os valores repassados ao município de Niterói referentes aos royalties e participações especiais do petróleo vêm crescendo ano a ano, tornando-se fundamentais no orçamento do município. O Gráfico 1 mostra a porcentagem da receita primária de Niterói que foi composta por receitas do petróleo, ano a ano:

Gráfico 1 - O Petróleo na Receita Primária de Niterói

Fonte: O Autor, adaptado dos dados da ANP (2018a)

0.00% 2.00% 4.00% 6.00% 8.00% 10.00% 12.00% 14.00% 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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De acordo com dados da ANP (2018a), o valor auferido pelo Município de Niterói com receitas dos royalties do petróleo e participações especiais foi de aproximadamente 615 milhões de reais em 2017, e deve ultrapassar a casa dos 1 bilhão de reais em 2018 (MOURÃO, 2018). Sendo assim, é esperado que a porcentagem da receita primária constituída por receitas de

royalties continue ainda mais significativa, acentuando o impacto dessas receitas no

desenvolvimento de Niterói.

Neste cenário, torna-se necessária uma fiscalização correta a respeito da destinação dos recursos provenientes dos royalties do óleo & gás, buscando assegurar sua adequada alocação em prol do desenvolvimento do Município, seu futuro e o bem-estar da população.

1.2. Hipóteses do Trabalho

Foram formuladas algumas hipóteses a serem testadas no decorrer no trabalho, que foram confirmadas ou refutadas por meio dos resultados obtidos.

Hipótese 1 (H1): Existe uma correlação positiva entre as receitas provenientes dos

royalties do petróleo auferidos pelo Município de Niterói e o IFDM Médio do Município. Dessa Hipótese derivaram três outras Hipóteses a serem testadas:

Hipótese 1.1 (H1.1): Existe uma correlação positiva entre as receitas provenientes dos

royalties do petróleo auferidos pelo Município de Niterói e o IFDM Saúde do Município. Hipótese 1.2 (H1.2): Existe uma correlação positiva entre as receitas provenientes dos

royalties do petróleo auferidos pelo Município de Niterói e o IFDM Educação do Município. Hipótese 1.3 (H1.3): Existe uma correlação positiva entre as receitas provenientes dos

royalties do petróleo auferidos pelo Município de Niterói e o IFDM Emprego e Renda do Município.

1.3. Organização do Estudo

No capítulo 1 é apresentado o tema central do estudo, o problema a ser resolvido, os objetivos gerais e específicos, a justificativa, as delimitações do estudo e sua organização.

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22

No capítulo 2 é feita a revisão bibliográfica do tema do estudo, apresentando um panorama do petróleo no Brasil e da distribuição dos royalties, além do Índice FIRJAN de

Desenvolvimento Municipal.

No capítulo 3 é descrita a metodologia utilizada no projeto.

No capítulo 4 são apresentados dados sobre o crescimento das receitas dos royalties do petróleo no Município de Niterói, as regiões do Município e seus dados populacionais e os dados do IFDM de cada ano. Também é descrito o método de análise, sua aplicação em Niterói e os resultados alcançados com o estudo.

No capítulo 5 são descritas as conclusões do trabalho e são feitas as recomendações para o Município de Niterói e para trabalhos posteriores.

(23)

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo será feita a Revisão Bibliográfica do trabalho. Será apresentada primeiramente a indústria do petróleo e suas principais características. Em seguida, será feito um breve histórico da atividade petrolífera no Brasil e um resumo do panorama atual, discorrendo também sobre o Pré-Sal brasileiro e o Campo de Lula. Após, será apresentada a Lei do Petróleo, que reformulou as regras tocantes a exploração e produção de petróleo no Brasil. Irá se falar também sobre os royalties do petróleo, sua definição e relevância. Por fim, será apresentado um breve case a respeito dos países do Oriente Médio e suas utilizações das receitas do petróleo & gás. Por fim, será descrito o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, que serviu de base para a análise da aplicação dos royalties do petróleo pelo Município de Niterói.

2.1. A Indústria do Petróleo

2.1.1. Principais Aspectos da Indústria do Petróleo Para Batista (2013):

Na condição de recurso natural não renovável, o petróleo é finito, e torna-se cada vez mais escasso em função da demanda crescente de energia no mundo. Embora declinante, o petróleo ainda é a principal fonte energética e o principal propulsor da economia mundial. (BATISTA, 2013, p. 26)

O mundo tem-se tornado cada vez mais dependente do petróleo para o seu progresso econômico (BORBA; OLIVEIRA; NETO, 2007). Desde sua consolidação como principal fonte de energia primária mundial, o petróleo se tornou vital no desenvolvimento de diversos países, influenciando diretamente suas economias. O Gráfico 2 mostra o crescimento do consumo mundial do petróleo ao longo das décadas, em função da população:

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Fonte: TEIXEIRA et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

Os primeiros usos do petróleo pela civilização humana datam de até cinco mil anos, quando a substância líquida e inflamável começou a aparecer na superfície ou em pequenas profundidades. Ao longo de séculos sua utilização aumentou, como lubrificante e matéria-prima para fabricação de óleos, remédios e utensílio de todos os tipos. Atualmente, além do principal uso que é a geração de energia, o petróleo e seus derivados estão presentes em produtos agrícolas, plásticos e similares, artigos de higiene, embalagens, remédios e diversos tipos de combustível, gasolina, diesel, querosene e outros.

Conforme aponta Canelas, 2004:

As reservas de petróleo se encontram apenas em bacias de rochas sedimentares, e se encontram irregularmente dispersas pelas regiões mundiais, criando elevadas rendas diferenciais para os produtores das regiões com reservas de maior volume e de mais fácil exploração. (CANELAS, 2004, p. 10)

De acordo com Guerra e Honorato (2004):

As rendas oriundas da produção de petróleo representam parte substancial do Produto Interno Bruto (PIB), dos ingressos de capital e de divisas em muitos países produtores de petróleo no mundo. Este movimento promove um conjunto de preocupações de caráter econômico-financeiro, social e distributivo. (GUERRA; HONORATO, 2004, p. 1)

Desse modo, as reservas de petróleo e sua exploração oferecem grandes receitas para os países que a possuem, que devem se empenhar na utilização correta e responsável dessas receitas. Conforme definido pela “Lei do Petróleo”, a indústria do petróleo engloba o conjunto de atividades econômicas relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino, processamento, transporte, importação e exportação de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados. (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA)

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2.1.2. O Petróleo no Brasil

De acordo com a ANP (2018b), O Brasil possui 29 bacias sedimentares com interesse para a pesquisa de hidrocarbonetos, somando a área de 7,175 milhões de quilômetros quadrados, mas que apenas um pequeno percentual dessa área está sob contratação para exploração e produção.

A exploração do petróleo no Brasil teve várias fases distintas. Em 1896 um empreendedor paulista chamado Eugênio Ferreira de Camargo fez a primeira perfuração em solo brasileiro em busca do petróleo, mas sem atingir seus objetivos. Somente em 1919, o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil efetuou as primeiras perfurações oficiais, em Alagoas, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pará. A primeira perfuração que gerou resultados concretos ocorreu apenas em 1939, no poço de Lobato, Bahia. O sucesso gerou um aumento dos investimentos, sobretudo no Recôncavo Baiano.

Até 1938, quando não havia leis ou estruturas organizadas com esse fim, era permitido que a iniciativa privada prospectasse e explorasse eventuais reservas. Em de abril de 1938, foi criado o Conselho Nacional do Petróleo, além do decreto-lei que tornava todas as jazidas de óleo e gás patrimônios nacionais. Havia uma enorme pressão para a nacionalização da atividade petrolífera e o slogan “O petróleo é nosso” repercutia na mídia e nas discussões políticas.

Após uma proposta de lei que criaria uma empresa com gestão do governo e de grupos privados, Getúlio Vargas mudou de ideia e propôs a criação de uma empresa 100 % governamental. Em 1953, foi sancionada a lei (Lei nº 2004 de 03 de Outubro de 1953) que estabeleceu o monopólio estatal brasileiro para exploração e produção de petróleo, além da criação da Petrobrás para exercer essa atividade (BATISTA, 2013). A Petrobras tornou-se, desde então, referência mundial no ramo da exploração petrolífera (PEREIRA, 2014). A produção brasileira, naquele momento, era de cerca de três mil barris por dia. Além dos poços e equipamentos já existentes, a Petrobrás começou suas atividades com uma refinaria – Mataripe, Bahia – uma grande refinaria em construção – Cubatão, São Paulo e 22 navios petroleiros. Surgiram logo depois mais refinarias, em Manguinhos, RJ e Capuava, SP.

Em 1963 o monopólio da Petrobrás foi ampliado, absorvendo as atividades de importação e exportação do óleo cru ou de qualquer um dos seus derivados. Naquele momento, várias jazidas foram descobertas no nordeste brasileiro, elevando as reservas potenciais de cem para quinhentos milhões de barris. A produção nacional alcançava oitenta mil barris por dia.

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Segundo Oliveira (2012) “a produção brasileira de petróleo, que permanecia estagnada em terra, sofreu forte impulso após a identificação de reservatórios na plataforma continental da Bacia de Campos na década de 1970.” No início dos anos 1980, a produção em mar já superava a produção em terra. Na década de 1990, como a Petrobrás não dispunha de recursos suficientes para a exploração de todas as possíveis áreas e campos já descobertos, o Brasil permitiu os chamados “contratos de risco”, pelos quais empresas petrolíferas estrangeiras explorariam determinadas áreas, tendo seu retorno financeiro vinculado ao sucesso comercial da exploração. As reservas brasileiras cresciam rapidamente, atingindo 1,5 bilhões de barris.

Essa maior liberalização do mercado de hidrocarbonetos deu novo impulso ao setor petrolífero brasileiro, que havia sofrido queda na década de 1980 devido à crise econômica e à queda do preço do barril do petróleo (OLIVEIRA, 2012).

Em 06/08/1997 surge a “Lei do Petróleo”, Lei 9.478/97. De acordo com Guerra e Honorato (2004, p.5) “A Lei do Petróleo foi fruto da evolução da indústria do petróleo no país e do crescimento gradativo de sua importância tanto para o mercado interno, quanto para o mercado internacional, onde são determinadas regras especiais para o segmento petrolífero.” Esta Lei ditava novas regras quanto à exploração e produção de petróleo no Brasil.

Segundo a ANP (2018b) “com a produção de petróleo e gás natural, os cofres públicos arrecadam recursos em participações governamentais oriundas dos contratos de concessões resultantes das licitações (bônus de assinatura, royalties e participações especiais).” Com as recentes descobertas de novos campos e poços de extração, a atividade petrolífera se aqueceu ainda mais no Brasil, alavancando a produção de petróleo e também a dependência por esse recurso.

2.1.2.1. O Pré-Sal Brasileiro

Descoberta em 2007, a camada do Pré-Sal brasileiro estende-se por cerca de 800 quilômetros no litoral brasileiro, nas Bacias Sedimentares de Campos, Espírito Santo e Santos. Estende-se do norte da Bacia de Campos ao sul da Bacia de Santos, englobando uma faixa que se estende do litoral sul do Espírito Santo até Santa Catarina, com duzentos quilômetros de largura. Localizadas abaixo de extensa camada de sal, a 3.000 metros abaixo do solo marinho, as rochas do Pré-sal apresentam alto potencial para a exploração de petróleo. (MORAIS, 2013)

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A Figura 1 mostra a localização da faixa do Pré-Sal, sendo possível perceber a localização privilegiada do Estado do Rio de Janeiro:

Figura 1 – Área do Pré-Sal

Fonte: SCHIRMER; RONCHINI (2013)

“A identificação de vastos reservatórios de petróleo no pré-sal oferece oportunidade histórica para que o Brasil supere os gargalos econômicos e sociais que impedem nosso desenvolvimento.” (OLIVEIRA, 2012, p. 1) A descoberta do Pré-Sal causou uma maior expectativa no tocante às reservas nacionais de petróleo, sua extração e produção. O Estado do Rio de Janeiro e seus municípios são os mais beneficiados devido ao fato de se localizarem de frente para a Bacia de Campos, sendo o estado o maior produtor de petróleo do Brasil e também dono das maiores reservas do nosso país. (RAMIRES; DORNELAS, 2012)

De acordo com Sauer e Rodrigues (2016):

O Brasil, com a descoberta dos recursos do pré-sal, tornou-se um ator potencialmente relevante como produtor e exportador de petróleo, e aposta na geração de excedente econômico associado ao desenvolvimento e extração do petróleo para investimentos sociais capazes de resgatar as graves assimetrias sociais que acometem o povo brasileiro. (SAUER; RODRIGUES, 2016, p.185)

Sendo assim, o governo brasileiro deve empreender todo o esforço necessário para traduzir as receitas do petróleo & gás, acentuadas pela descoberta do Pré-Sal, em melhorias

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28

efetivas para a população, contribuindo para o desenvolvimento de estados, municípios e regiões.

2.1.2.2. O Campo de Lula

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP, 2018c) assim define o Campo de Lula:

“O campo de Lula, oriundo do Bloco BMS-11 adquirido em 2000 na segunda Rodada de Licitações sob o regime de Concessão, está localizado na porção central da bacia de Santos, a cerca de 230 km da costa do município do Rio de Janeiro em lâmina d’água de aproximadamente 2.200 m de profundidade.” (ANP, 2018c, p. 1)

O Campo de Lula é o maior campo produtor de petróleo e gás natural do Brasil. O Gráfico 3 mostra a evolução da produção de petróleo e gás natural do Campo de Lula ao longo dos anos, desde o início de sua operação:

Gráfico 3 - Histórico da Produção do Campo de Lula

Fonte: Adaptado da ANP (2018c)

A exploração e a produção de petróleo e gás natural no Campo de Lula são os principais geradores de receitas de royalties do petróleo e participações especiais para o Município de Niterói, tema central deste trabalho. Como mostrado no item 1.1.4, as receitas provenientes da atividade petrolífera constituem parcela importante nas receitas do Município, fato que causa uma expectativa acerca da adequada aplicação dessas receitas e da sua colaboração no desenvolvimento municipal.

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2.2. A Lei do Petróleo

De acordo com Caçador e Monte (2013):

Em 1997, o Congresso Nacional aprovou a Lei n. 9.478/97 – conhecida como “Lei do Petróleo”. Esta lei estabeleceu uma nova lógica para as participações governamentais, que foram definidas pelo Decreto n. 2.705, de 3

de agosto de 1998 – conhecido também como Decreto das Participações

Governamentais. Tais participações, que devem estar contidas no contrato de concessão e previstas no edital de licitação, são: i) bônus de assinatura; ii) royalties; iii) participação especial; e, iv) pagamento pela ocupação ou retenção de área. (CAÇADOR; MONTE, 2013, p. 268).

A Lei do Petróleo foi responsável também pela criação de dois órgãos reguladores. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) é o órgão de assessoramento do Presidente da República, para formulação de políticas e diretrizes de energia. Já A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foi instituída com a finalidade de regular a atividade petrolífera no Brasil, sendo responsável pela regulamentação das atividades tocantes à pesquisa, exploração, refino, exportação e importação de petróleo e derivados, definindo as diretrizes para a participação do setor privado. Isso está expresso no artigo 2º da Lei nº 2.455/98:

A ANP tem por finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, de acordo com o estabelecido na legislação, nas diretrizes emanadas do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE e em conformidade com os interesses do País (BRASIL, 1988).

Para Pereira (2014, p. 19) “atrair capitais privados significava possibilitar a expansão dos investimentos e, consequentemente, aumentar a produção, tornando a indústria nacional mais moderna, competitiva e, sobretudo, autossuficiente.” Nesta nova conjectura, o Estado que é o detentor dos recursos minerais, permite que terceiros executem a atividade de exploração e também que obtenham os ganhos correspondentes, passando o Estado a receber uma compensação através das participações governamentais, que são exigidas do concessionário. (BATISTA, 2013, p. 29)

De acordo com Ribeiro e Novaes (2014), a inserção da Petrobras neste ambiente mais regulado levou o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) a determinar para a Petrobras as mesmas condições estabelecidas para as outras empresas que desejassem ingressar no mercado de produção e exploração petrolífera brasileira. O Brasil caminhava para a adoção de uma tendência mundial na área da exploração e da produção, preservando o controle do setor no país, mas permitindo o exercício aberto para a iniciativa privada por meio de contratos com a ANP.

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2.3. Os Royalties do Petróleo

2.3.1. Definição e breve histórico

De acordo com Bakker (2014, p. 5) “o petróleo é um recurso exaurível e, por conta disso, deve ser pago um preço por aqueles que exploram o recurso natural aos proprietários com o intuito de compensar a exaustão para as gerações futuras, conhecido como royalty.”

Os royalties são compensações financeiras devidas pelos concessionários da exploração e da produção de petróleo e gás natural, principalmente a estados e municípios. Existem também as participações especiais, calculadas sobre a receita bruta da produção. (PACHECO, 2003).

O aparecimento dos royalties remonta à Era Medieval. A própria palavra vem do termo inglês royal, do rei. Esse tipo de pagamento teve origem na cobrança de reis, nobres e senhores feudais pela exploração dos recursos e terras em seus respectivos domínios. Tratava-se do pagamento que trabalhadores de qualquer tipo deviam fazer para explorar recursos nas terras desses governantes, que variaram ao longo da história: ferro, madeira, terra, sal, água e, finalmente, petróleo.

A Lei 9.478/97 trouxe algumas mudanças no tocante à distribuição dos royalties do Petróleo, aumentando não só o número de municípios beneficiados mas também o volume de receitas auferidas por eles. (PIQUET; TAVARES; PESSÔA, 2017)

Segundo Pacheco (2003) essas compensações estão promovendo um rápido crescimento das receitas orçamentárias de diversos municípios, além do desenvolvimento econômico e social que as atividades das empresas do setor petrolífero proporcionam por meio por exemplo da criação de empregos formais e o aumento do mercado consumidor. Espera-se então que esse aumento nas receitas dos municípios em função da arrecadação dos royalties e participações especiais do petróleo seja convertido em melhorias para a população.

2.3.2. Case: Os países do Oriente Médio

Alguns países do Oriente Médio vêm buscando superar o mesmo desafio que a cidade de Niterói: utilizar as receitas oriundas do petróleo para gerar benefícios e realizar investimentos, de forma que a população não perca seu desenvolvimento econômico e social quando as receitas do petróleo & gás diminuírem.

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Algumas nações do Oriente Médio, como por exemplo a Arábia Saudita e o Kuwait vem buscando diversificar seus investimentos, gerando alternativas ao petróleo e aumentando seu poderio político. É o que mostra a reportagem da Revista EXAME (AMORIM; PULICE, 2018). Em entrevista, pesquisador e especialista em Oriente Médio, Ayham Kamel diz que a Arábia Saudita está buscando investir em tecnologia com retorno de longo prazo, visando também criar relações com outros países. De acordo com o príncipe saudita Mohamed Bin Salman, no futuro os investimentos serão a principal fonte de renda da Arábia Saudita, e não o petróleo.

Outro exemplo pode ser observado na reportagem publicada pela Revista AUTO&TÉCNICA (CARUSO, 2014). A reportagem fala sobre quem são os donos das ações de grandes empresas do ramo automobilístico, e o Kuwait Investments aparece como dono de 7,6% das ações da Daimler. Já o Qatar Holding é dono de 16,4% das ações da Volkswagen.

E as investidas árabes podem, eventualmente, chegar ao Brasil. Segundo Investe São Paulo (2016), investidores dos Emirados Árabes Unidos poderiam estabelecer parcerias com empresas paulistas, investindo em torno de 5 bilhões de dólares.

Maior pólo de produção mundial de petróleo, o Oriente Médio pode ser um bom exemplo para o Município de Niterói, uma vez que suas nações buscam reduzir a dependência desse recurso e suas receitas e investi-las pensando no longo prazo, em prol de seu desenvolvimento e seu futuro.

2.4. Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM)

De acordo com a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN):

O IFDM é um indicador composto que aborda, com igual ponderação, três áreas consagradas do desenvolvimento humano: Emprego & Renda, Educação e Saúde. Assim, o IFDM de um município consolida em um único número o nível de desenvolvimento socioeconômico local, através da média simples dos resultados obtidos em cada uma dessas três vertentes. (FIRJAN, 2018, p.1)

Referência para o acompanhamento do desenvolvimento socioeconômico brasileiro, o índice é desenvolvido anualmente, e utiliza exclusivamente estatísticas públicas oficiais. Dessa forma, as fontes primárias de dados são os Ministérios do Trabalho, da Educação e da Saúde, para elaboração dos índices específicos de Emprego e Renda, Educação e Saúde, respectivamente.

O IFDM é a média simples dos três índices específicos. O Quadro 1 apresenta os componentes de cada um dos índices.

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Quadro 1 - Quadro Resumo dos Componentes do IFDM – por Área de Desenvolvimento

Fonte: Anexo Metodológico para o cálculo do IFDM elaborado pela FIRJAN (FIRJAN, 2018, p.1)

O cálculo do IFDM Emprego & Renda é dividido em duas dimensões. A dimensão do Emprego avalia a capacidade do município em gerar vagas formais de emprego e o nível de absorção da mão-de-obra local. Já a dimensão da Renda observa sua geração e distribuição no mercado de trabalho do município.

O IFDM Educação é feito para analisar principalmente a qualidade da educação oferecida no Ensino Fundamental, tanto na rede pública quanto na privada. Além disso, observa a oferta de educação infantil nos municípios. Já o IFDM Saúde se debruça principalmente sobre a saúde básica, contemplando indicadores cujo controle e responsabilidade é da competência municipal.

O IFDM varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento do município analisado. Municípios classificados com o IFDM entre 0 e 0,4 são considerados de baixo desenvolvimento. Municípios com o IFDM entre 0,4 e 0,6 são considerados de desenvolvimento regular. Já os municípios com seu IFDM entre 0,6 e 0,8 são considerados de desenvolvimento moderado, enquanto aqueles que possuem o índice entre 0,8 e 1 são considerados de alto estágio de desenvolvimento.

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A metodologia utilizada para elaboração do índice permite definir com precisão se uma melhora relativa de determinado município em determinado período é resultado de políticas específicas ou apenas o reflexo de uma queda dos demais municípios.

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3. METODOLOGIA

“A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade (RUIZ, 1996).

Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada no desenvolvimento do projeto, descrevendo a forma que a pesquisa foi realizada e as técnicas de coleta e análise dos dados para obtenção dos objetivos propostos.

3.1. Revisão Bibliográfica

Nesta etapa foram apresentadas as bases teóricas para construção do Trabalho de Conclusão de Curso. Foi feita uma análise sobre a indústria petrolífera e seu histórico, assim como o panorama atual e as características dessa indústria no Brasil. Além disso, buscou-se discorrer sobre os royalties do petróleo, suas principais características e sua importância na composição do orçamento de diversos municípios, estados e países.

Também foi apresentado o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que leva em conta educação, saúde e emprego e renda dos municípios, e que foi utilizado neste trabalho para servir de base à análise da aplicação dos recursos provenientes dos royalties do petróleo no Município de Niterói.

3.2. Coleta dos Dados

Decidiu-se realizar uma pesquisa com os dados do Município de Niterói de 10 anos. Devido à indisponibilidade dos dados do IFDM do ano de 2017, o período escolhido para o trabalho foi o de 2007 a 2016.

Os dados coletados para realização do estudo foram: valores arrecadados pelo Município de Niterói com receitas do petróleo nos anos de 2007 a 2016, somando royalties e participações especiais, população e Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de cada ano.

Os dados do IFDM foram coletados junto à FIRJAN. Já os dados populacionais foram obtidos junto ao IBGE. Os dados referentes ao volume de arrecadação de royalties e

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participações especiais do Município de Niterói foram coletados junto à ANP, que divulga os valores de arrecadação mensal e anual de cada região, estado e município, por meio de relatórios.

3.3. Análise dos Dados

Os dados coletados para a realização do estudo foram dispostos em planilhas de EXCEL para organização, e analisados estatisticamente por meio das ferramentas descritas a seguir.

3.3.1. Correlação de dados

De acordo com o que apontou Crespo (2009):

Sendo a relação entre as variáveis de natureza quantitativa, a correlação é o instrumento adequado para descobrir e medir essa relação. (CRESPO, 2009, p. 144)

Conforme coloca Viali (2017): “A análise de correlação fornece um número que resume o grau de relacionamento linear entre as duas variáveis.” Quando se observam duas ou mais variáveis, é interessante analisar se elas possuem algum relacionamento entre si.

Sendo assim, este trabalho irá verificar a força da relação entre as variáveis estudadas, através do Coeficiente de Correlação de Pearson.

3.3.2. Coeficiente de Correlação de Pearson

“O Coeficiente de correlação amostral de Pearson, representado por r, é uma medida da direção e grau com que duas variáveis, de tipo quantitativo, se associam linearmente.” (MARTINS, 2014).

O Coeficiente é expresso em valores que variam de -1 a 1, sendo que quanto maior for o valor de r, maior será o grau de relacionamento entre as variáveis observadas. (MARTINS, 2014).

Dessa forma, o Coeficiente de Correlação de Pearson indica também se o relacionamento é positivo ou negativo, por meio do sinal. O valor -1 indica uma correlação perfeita negativa, enquanto o valor 1 indica uma correlação perfeita positiva. Por outro lado, quanto mais próximo de 0 for o coeficiente, mais fraca será a relação entre as variáveis.

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A classificação utilizada neste trabalho para determinar a magnitude dos coeficientes foi a citada por Figueiredo Filho e Silva Júnior (2009). Valores entre 0,10 e 0,30 foram considerados fracos, valores entre 0,40 e 0,60 considerados moderados e valores entre 0,7 e 1 considerados fortes.

A fórmula do Coeficiente de Correlação de Pearson é dada por:

3.3.3. Análise da Significância do Coeficiente de Correlação

É necessária a realização de um teste de significância para se verificar se o resultado obtido por meio do Coeficiente de Correlação de Pearson é realmente válido.

Existe a hipótese de que os valores encontrados com o Coeficiente de Pearson tenham sido obtidos devido ao acaso, ou seja, flutuações probabilísticas dos eventos estudados, e não em função de efeitos reais que causem os resultados. Essa hipótese será chamada de Hipótese Nula (Ha).

Por outro lado, existe a hipótese de que os valores encontrados em r sejam significantes, sendo assim válidos para justificar determinado fenômeno. Neste trabalho, esta hipótese será chamada de Hipótese Alternativa (Hb).

Então, a estatística de teste utilizada para verificar se os valores de r são realmente significativos será:

t′ =r. √ n − √ − r²

A letra “n” representa o número de observações das variáveis. Para n-2 graus de liberdade, o valor de t’ será analisado na tabela t de Student. Se o valor de t’ for superior ao valor crítico de t na tabela, os valores encontrados por meio do Coeficiente de Correlação de Pearson serão considerados significantes. Ou seja, irá se rejeitar a Hipótese Nula (Ha)e se

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4. ANÁLISE, DISCUSSÃO E RESULTADOS

4.1. População de Niterói

4.1.1. Regiões de Niterói

Segundo a Prefeitura de Niterói (2017), o município possui 52 bairros, divididos em 5 regiões de governo: Região das Praias da Baía, Região Norte, Região Oceânica, Pendotiba e Região Leste.

4.1.1.1. Região das Praias da Baía

A Região das Praias da Baía abrange os bairros de Boa Viagem, Bairro de Fátima, Cachoeiras, Centro, Charitas, Gragoatá, Icaraí, Ingá, Jurujuba, Morro do Estado, Pé Pequeno, Ponta d’Areia, Santa Rosa, São Domingos, São Francisco, Viradouro e Vital Brasil. É a região mais populosa da cidade, com aproximadamente 202.638 habitantes segundo o censo demográfico de 2010 do IBGE, concentrando aproximadamente 41% da população total do município.

Nesta região destacam-se os bairros Centro e Icaraí. O Centro possui uma ampla atividade comercial e de serviços, tendo inclusive a estação das barcas na Praça Araribóia, ponto crucial de transporte marítimo para a capital Rio de Janeiro. Além disso, localizam-se neste bairro as repartições da administração pública da cidade. O Centro ainda conta com uma grande quantidade de edificações antigas, herança dos primeiros planos urbanísticos implementados em Niterói, que coexistem com construções modernas e prédios novos.

Já o bairro de Icaraí é o bairro mais populoso e com maior densidade demográfica de Niterói, tendo em torno de 33.817 habitantes por quilômetro quadrado, fato que se justifica pela grande quantidade de construções verticalizadas e multifamiliares. Icaraí destaca-se principalmente pela elevada qualidade de vida e grande renda per capita. De acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras, em 2010 a fração mais nobre de Icaraí, chamada de Icaraí Praia, obteve o maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do estado do Rio de Janeiro, superando bairros da zona sul carioca como Jardim Botânico e São Conrado, atingindo 0,962 no índice que leva em conta longevidade, educação e renda. Na fração mais nobre de Icaraí, a renda média por pessoa é de pouco mais de cinco mil reais, fato que impulsiona Niterói a ser um dos municípios com a maior renda per capita do país.

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Icaraí tem ainda a Pedra da Itapuca, ponto turístico localizado na Praia de Icaraí e um dos símbolos da cidade, ao lado do Museu de Arte Contemporânea localizado no bairro da Boa Viagem.

4.1.1.2. Região Norte

A Região Norte é formada pelos bairros de Baldeador, Barreto, Caramujo, Cubango, Engenhoca, Fonseca, Ilha da Conceição, Santa Bárbara, Santana, São Lourenço, Tenente Jardim e Viçoso Jardim.

Esta região era, tradicionalmente, uma região agrícola, tomada quase em sua totalidade por fazendas e sítios. Após o término da Primeira Guerra Mundial, o processo de industrialização ganha impulso no Brasil, devido em parte ao declínio da cultura cafeeira e à necessidade de importação de produtos industrializados dos países abalados pela guerra, além de reduzir a dependência externa do Brasil. Nesse contexto, o bairro do Barreto tornou-se um pólo industrial, principalmente com a produção de vidro, fósforos e tecido, além de outras fábricas menores de saponáceos, formicidas e olarias. Antes do seu declínio, causado pela reformulação do perfil industrial brasileiro, a atividade industrial do Barreto contribuiu para um inchaço populacional da região Norte, principalmente no bairro da Engenhoca que possuía condições perfeitas para moradia dos trabalhadores das fábricas. Já a Ilha da Conceição e o bairro de Santana apresentaram desenvolvimento da indústria naval ao longo do século XX, principalmente com a presença de estaleiros, incentivada pela inauguração do Porto de Niterói, no Centro, em 1927.

Hoje em dia a Região Norte caracteriza-se pela predominância de população de baixa renda, sendo a maioria de seus bairros ocupados principalmente por residências de baixo padrão, possuindo inclusive um número elevado de favelas e sendo considerada uma área de risco para a segurança. Destaca-se o bairro do Fonseca, dono da maior população da região Norte e segunda maior de Niterói, ficando atrás apenas de Icaraí. O Fonseca, predominantemente residencial, conta com uma variada atividade comercial e um intenso tráfego de veículos e pessoas, principalmente na Alameda São Boaventura, que é o coração do bairro e possui ligação direta com a ponte Rio-Niterói.

O comércio na maioria dos bairros da Região Norte é bastante variado e visa atender às necessidades básicas da população, como padarias, mercearias, mercados, açougues, farmácias, bares, quitandas e algumas lojas de materiais de construção. De acordo com o censo demográfico de 2010 do IBGE, a Região Norte tem população aproximada de 151.408 pessoas.

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4.1.1.3. Região Oceânica

Na Região Oceânica de Niterói estão localizados os bairros de Cafubá, Camboinhas, Engenho do Mato, Itacoatiara, Itaipu, Jacaré, Jardim Imbuí, Maravista, Piratininga, Santo Antônio e Serra Grande.

A Região Oceânica é uma grande área administrativa da cidade, começando logo após as praias da Baía e indo até Maricá. A ocupação da Região Oceânica de Niterói se iniciou no século XVII. Os primeiros colonos portugueses se instalaram nas praias locais e se dedicaram inicialmente à pesca e extrativismo. Aos poucos, a população aumentou e surgiram propriedades dedicadas à plantação de açúcar e a fabricação de cachaça. Uma parte da Região Oceânica pertenceu ao município de São Gonçalo, no início do século XX, retornando posteriormente à esfera administrativa de Niterói em 1943.

O turismo e a ocupação permanente de toda a região aumentaram substancialmente na década de 1970, após a construção da Ponte Rio-Niterói. Atualmente a Região Oceânica apresenta dezenas de condomínios, ocupados, em sua grande maioria pela classe média, que trabalha no comércio local ou dirige-se diariamente para outros locais de Niterói e do Rio de Janeiro. Suas quatro praias principais recebem um grande fluxo turístico nos finais de semana, especialmente durante o verão. Em toda a região, há um crescimento contínuo de estrutura e negócios voltados ao fluxo de turistas, com grande diversidade de bares, restaurantes e lojas, sobretudo após a conclusão do túnel que liga Charitas ao Cafubá.

Destacam-se os bairros de Itaipu, Itacoatiara, Piratininga e Camboinhas, predominantemente residenciais e famosos pelas suas grandes praias. Em função da grande quantidade de moradores e alto fluxo turístico, esses bairros possuem um comércio mais intenso e diversificado do que os outros bairros da região. Engenho do Mato é um bairro desenvolvido onde ficava uma grande fazenda, com o mesmo nome. Além das propriedades agrícolas, tradicionais na área, também recebeu um fluxo migratório, com a urbanização e construção de condomínios de classe média, nas últimas décadas. Segundo o censo demográfico de 2010 do IBGE, a Região Oceânica tem população em torno de 68.695 habitantes.

A Região Oceânica enfrenta grandes desafios atualmente. As autoridades e as associações de moradores dos bairros buscam uma forma de preservar o resto da Mata Atlântica, as suas praias limpas e, especialmente evitar o assoreamento das lagoas, ao mesmo tempo em que os bairros crescem e é necessário gerar mais empregos e infraestrutura para os turistas e moradores.

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4.1.1.4. Região de Pendotiba

A Região de Pendotiba contempla os bairros de Badu, Cantagalo, Ititioca, Largo da Batalha, Maceió, Maria Paula, Matapaca, Sapê e Vila Progresso.

A exemplo de outras localidades da cidade, Pendotiba se desenvolveu, durante décadas, com propriedades agrícolas voltadas ao abastecimento de Niterói, São Gonçalo e Rio de Janeiro. Aos poucos, sofreu o mesmo processo de urbanização e forte migração com o surgimento de condomínios de classe média e grandes empreendimentos imobiliários. Outras áreas, sobretudo na Ititioca e Maceió, foram ocupadas, em sua maioria, pela população de renda mais baixa. O número de habitantes da Região de Pendotiba em 2010 era de 55.513, de acordo com o censo demográfico do IBGE.

Pelo crescimento rápido e desordenado, toda a região enfrenta problemas, que vão da dificuldade de transporte público à carência de água e esgoto, centenas de ruas não asfaltadas, além da falta de mais serviços públicos e instalações como postos de saúde.

Pendotiba serve como caminho de ligação entre várias áreas de Niterói – bem como para municípios vizinhos – apresentando, por isso, um grande fluxo de automóveis. A mesma característica de passagem para muitos locais da cidade, originou um comércio bem desenvolvido, em torno da estrada principal e, principalmente, no Largo da Batalha.

4.1.1.5. Região Leste

A Região Leste de Niterói é formada pelos bairros de Muriqui, Rio do Ouro e Várzea das Moças, sendo a menos populosa da cidade. O bairro de Rio do Ouro caracterizava-se até meados do século XX pela predominância de grandes fazendas, que passaram a ser divididas com a decadência da atividade agrícola. Existiu até a década de 60 em Rio do Ouro uma estação ferroviária que ajudava a escoar excedentes de produção para outras localidades e o café proveniente da fazenda de Várzea das Moças.

Também predominantemente rural, o bairro de Várzea das Moças recebeu este nome devido a grande fazenda existente na região no século passado, cujo dono era pai de seis moças. A principal atividade do bairro era o comércio de café, advindo de outras localidades e preparado para venda em Várzea das Moças. A Região Leste conta ainda com o bairro de Muriqui, formado principalmente por inúmeros sítios. Alguns desses sítios possuem atividades agropecuárias ou demais atividades específicas e outros não, possuindo um baixo número de

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residências e população extremamente reduzida, girando em torno de 6.664 habitantes em 2010, de acordo com o IBGE.

4.1.2. Evolução da população de Niterói

Com 474.002 habitantes em 2007, a população de Niterói cresceu regularmente no período analisado, atingindo 497.883 habitantes em 2016. O Gráfico 4 mostra esse crescimento:

Gráfico 4 - Evolução da População de Niterói

Fonte: O Autor, adaptado dos dados do IBGE (2018c)

Uma vez que a população de Niterói apresentou pouco crescimento no período analisado (aproximadamente 5%) e as receitas relativas aos royalties do petróleo aumentaram substancialmente, os valores de petróleo per capita também apresentaram grande crescimento ao longo dos anos.

4.2. Os Royalties do Petróleo no Município de Niterói.

O Município de Niterói possui posição privilegiada no litoral Fluminense. Referência na indústria naval e petrolífera e localizado de frente para a Bacia Sedimentar de Santos, o município viu suas receitas do petróleo dispararem por volta de 2012, após o advento do Pré-Sal e principalmente o início da operação do Campo de Lula.

Segundo os dados da ANP, até o ano de 2011, Niterói recebia apenas valores de

royalties. A partir de 2012 o município passa a arrecadar também valores de participações

especiais, fato que ajudou a alavancar as receitas totais de petróleo. O gráfico 5 mostra o 460000 465000 470000 475000 480000 485000 490000 495000 500000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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crescimento dos royalties, o início das participações especiais e sua importância no total recebido:

Gráfico 5 - Royalties e Participações Especiais em Niterói

Fonte: O Autor, adaptado dos dados da ANP (2018a)

Como visto, as receitas provenientes do petróleo arrecadadas por Niterói aumentaram em mais de seis vezes, entre 2007 e 2016. Por outro lado, a população de Niterói cresceu apenas cerca de cinco por cento, fato que justifica a expectativa por uma aplicação efetiva dos royalties, com impacto positivo na qualidade de vida dos cidadãos e no desenvolvimento do município.

4.3. IFDM de Niterói

4.3.1. IFDM Médio

O Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal combina os índices de Saúde, Educação e Emprego e Renda para chegar ao IFDM Médio, com igual peso de cada dimensão. O Gráfico 6 mostra os valores do IFDM Médio de Niterói em cada ano no período analisado:

R$ R$ 50,000,000.00 R$ 100,000,000.00 R$ 150,000,000.00 R$ 200,000,000.00 R$ 250,000,000.00 R$ 300,000,000.00 R$ 350,000,000.00 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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Gráfico 6 - IFDM Médio - Niterói

Fonte: O Autor, adaptado dos dados da FIRJAN (2018b)

Como será mostrado nos itens seguintes, as quedas no IFDM Médio em 2007 e 2008 e posteriormente de 2013 a 2016 foram causadas por quedas significativas no índice de Emprego e Renda do município. Apesar disso, a média do IFDM no período foi de 0,8046, considerado pela FIRJAN como sendo de alto desenvolvimento.

De acordo com o ranking da FIRJAN, o Município de Niterói aparece em todos os anos analisados entre os municípios do Estado do Rio de Janeiro com o melhor IFDM Médio, chegando ao segundo lugar em 2014 e tendo sua pior colocação em 2010, quando foi o décimo primeiro.

4.3.2. IFDM Saúde

Os dados utilizados para a elaboração do IFDM Saúde são do Ministério da Saúde, focando principalmente nos aspectos da saúde do município que são de responsabilidade da administração pública. O gráfico 7 apresenta os valores do IFDM Saúde de Niterói:

Gráfico 7 - IFDM Saúde - Niterói

Fonte: O Autor, adaptado dos dados da FIRJAN (2018b)

0.74 0.76 0.78 0.8 0.82 0.84 0.86 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95 1 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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Como é possível notar, após um período de pequenas variações no índice entre 2007 e 2010, iniciou-se um período de acentuado crescimento do índice, de 2011 a 2015. Nesses 6 anos o índice saltou de 0,8191 para 0,8995. Em todos os 10 anos estudados o IFDM Saúde de Niterói registrou valores acima de 0,8, com um valor médio de 0,8599, o que demonstra que o Município possui um resultado de desenvolvimento humano na saúde que é considerado alto. Desse modo, a área da Saúde é a que obteve os melhores resultados do índice, sendo a principal responsável pelos bons valores de IFDM do Município.

4.3.3. IFDM Educação

O Gráfico 8 mostra a evolução do IFDM Educação no Município de Niterói:

Gráfico 8 - IFDM Educação – Niterói

Fonte: O Autor, adaptado dos dados da FIRJAN (2018b)

O IFDM Educação foca principalmente no Ensino Fundamental dos municípios. Feito com base nos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) do Ministério da Educação, o índice leva em conta também o atendimento à educação infantil.

No Município de Niterói, o IFDM Educação mostrou crescimento em 8 dos 10 anos analisados, com exceção apenas dos períodos de 2008 a 2009 e 2015 a 2016. De 2007 a 2016, o índice cresceu pouco mais que 0,1 e teve valor médio de 0,7788, considerado pela FIRJAN como sendo de desenvolvimento moderado.

0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95 1 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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4.3.4. IFDM Emprego e Renda

O IFDM Emprego e Renda utiliza dados do Ministério do Trabalho e é elaborado com base em quatro aspectos do município: capacidade de geração de empregos, absorção de mão-de-obra local, geração de renda e sua distribuição. O Gráfico 9 mostra os resultados obtidos pelo índice ano a ano:

Gráfico 9 - IFDM Emprego e Renda - Niterói

Fonte: O Autor, adaptado dos dados da FIRJAN (2018b)

Assim como pode se observar no gráfico, o IFDM Emprego e Renda de Niterói apresenta certa irregularidade no período. Alternando anos de queda e anos de crescimento, chamam a atenção os períodos de 2007 a 2008 e de 2014 a 2015, nos quais ocorreram quedas acentuadas do índice. Em função disso, apesar do alto valor registrado em 2007 (0,8663), de 2007 a 2016 o índice teve queda de 0,25 e apresentou valor médio de 0,7750, considerado de desenvolvimento moderado. A queda entre 2014 e 2016 muito provavelmente está relacionada à grave crise econômica enfrentada pelo Brasil, em geral, e o estado do Rio de Janeiro, em particular.

A queda significativa do IFDM Emprego e Renda de Niterói teve grande impacto no IFDM Médio do município no período, sendo a responsável pela variação do índice de 0,8053 em 2007 para 0,7784 em 2016. 0.5 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95 1 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

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4.3.4.1. Niterói: “Cidade dormitório”?

São consideradas “cidades dormitório” aquelas cuja população precisa se deslocar para um centro urbano próximo para trabalhar, normalmente uma cidade mais populosa ou uma capital, retornando à cidade dormitório para dormir. Isso ocorre com cidades que não são capazes de empregar toda a sua população, não conseguindo fixá-la.

Nesse contexto, a cidade de Niterói foi considerada durante muito tempo uma cidade dormitório. Contudo, segundo dados do censo demográfico do IBGE de 2010 (IBGE, 2018b), existem mais trabalhadores que vão ao Município de Niterói para trabalhar do que trabalhadores que se deslocam de Niterói para trabalhar em outros Municípios.

A grande diferença é que a principal origem dos trabalhadores que se deslocam até Niterói para trabalhar é São Gonçalo, município que apresenta índices de educação, emprego e renda muito inferiores à Niterói (FIRJAN, 2018b). Esses trabalhadores ocupam, em sua maioria, postos de trabalho de menor renda. Por outro lado, o principal destino dos trabalhadores que saem de Niterói para exercer sua profissão é o Município do Rio de Janeiro. Os habitantes de Niterói que fazem esse deslocamento pendular para trabalhar são, em grande parte, mão-de-obra qualificada, de alta escolaridade e que, por isso, possuem renda mais elevada. Sendo assim, pode ser que o Emprego e principalmente a Renda do Município de Niterói apresentem certa dependência da capital Rio de Janeiro.

4.4. Análise dos Resultados de Niterói

Para a análise da aplicação dos royalties do petróleo no município de Niterói, decidiu-se investigar a força da correlação entre as receitas com petróleo per capita e o IFDM, por meio do Coeficiente de Correlação de Pearson.

As receitas de petróleo per capita foram obtidas dividindo-se os valores de arrecadação de royalties e participações especiais pela população do município em cada ano.

4.4.1. Correlação entre Petróleo per capita e IFDM

O estudo mediu a relação entre a receita total com petróleo per capita e o IFDM do ano seguinte, de acordo com a Tabela 1:

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Tabela 1 - Dados de IFDM Médio e Petróleo per capita

Ano A Petróleo Per Capita Ano "A" IFDM Médio Ano "A+1" 2007 R$ 98.46 0.7813 2008 R$ 106.54 0.7794 2009 R$ 70.84 0.7957 2010 R$ 122.48 0.8126 2011 R$ 130.13 0.8235 2012 R$ 205.08 0.8441 2013 R$ 269.81 0.8422 2014 R$ 423.96 0.7836 2015 R$ 549.65 0.7784

Fonte: O Autor, adaptado dos dados da FIRJAN (2018b) e da ANP (2018a)

Por exemplo, o valor de petróleo per capita de 2007 (R$ 98,46) foi relacionado com o IFDM Médio de 2008 (0,7813). O valor de petróleo per capita de 2008 foi relacionado com o IFDM Médio de 2009, e assim por diante. Os valores encontrados para o Coeficiente de Correlação de Pearson e seu respectivo teste de significância constam na Tabela 2:

Tabela 2 - Pearson, Significância e T Crítico

PEARSON, SIGNIFICÂNCIA E T CRÍTICO

Coeficiente de Pearson Significância T Crítico

-0.1985 -0.5359 2.3646

Fonte: O Autor, adaptado dos dados da FIRJAN (2018b) e da ANP (2018a)

Ao contrário do que era esperado, o Coeficiente de Correlação de Pearson apresentou o valor de -0,1985, que expressa uma correlação negativa fraca, uma vez que é inferior a 0,2. Realizado o teste de significância, o valor encontrado ficou abaixo do t crítico, indicando que essa correlação não é significativa.

Isso mostra que a Hipótese “H1: Existe uma correlação positiva entre as receitas provenientes dos royalties do petróleo auferidos pelo Município de Niterói e o IFDM Médio do Município” não foi confirmada, sendo rejeitada.

Diante dessa dificuldade, visando obter uma visão mais detalhada e compreender as razões dessa falta de correlação, decidiu-se realizar a análise da relação entre os valores arrecadados de Petróleo per capita com cada uma das três dimensões que compõe o IFDM, separadamente: Saúde, Educação e Emprego e Renda. Essa decisão foi tomada tendo em vista que uma vez que valores específicos são agregados, como faz o IFDM Médio, é possível que sejam perdidas informações importantes sobre cada dimensão em particular.

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