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Percepção Ambiental na Gestão da Bacia Hidrográfica - O Olhar do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe

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Academic year: 2021

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(1)1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOVIMENTO E MEIO AMBIENTE NÍVEL MESTRADO. Alba Vivian Amaral Figueiredo. Percepção Ambiental na Gestão da Bacia Hidrográfica - O Olhar do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Março/2011 São Cristóvão – Sergipe Brasil.

(2) 2. Alba Vivian Amaral Figueiredo. Percepção Ambiental na Gestão da Bacia Hidrográfica - O Olhar do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre, pelo Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe.. Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio Maroti. Março/2011 São Cristóvão – Sergipe Brasil.

(3) 3. FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Figueiredo, Alba Vivian Amaral Percepção ambiental na gestão da bacia hidrográfica: olhar F475P do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe / Alba Vivian Amaral Figueiredo. – São Cristóvão, 2011. 198 f.: il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Núcleo de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Programa Regional de Desenvolvimento e Meio Ambiente, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2011. Orientador: Prof. Dr. Paulo Sérgio Maroti 1. Gestão ambiental. 2. Proteção ambiental. Hidrográfica. 4. Rio Sergipe. I. Título.. 3. Bacia. CDU 556.51(813.7).

(4) 4. Alba Vivian Amaral Figueiredo. Percepção Ambiental na Gestão da Bacia Hidrográfica - O Olhar do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Dissertação de Mestrado apresentada por Alba Vívian Amaral Figueiredo em 16 de março de 2011 pela banca examinadora constituída pelos doutores:. BANCA EXAMINADORA. ______________________________________________________ Paulo Sérgio Maroti Universidade Federal de Sergipe. ______________________________________________________ Darluce da Silva Oliveira Universidade do Estado da Bahia. ______________________________________________________ Maria Augusta Mundim Vargas Universidade Federal de Sergipe.

(5) 5. Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente.. _______________________________________________ Paulo Sérgio Maroti Universidade Federal de Sergipe Orientador.

(6) 6. É concedida ao Núcleo responsável pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe permissão para disponibilizar, reproduzir cópias desta dissertação e emprestar ou vender tais cópias.. ________________________________________________ Alba Vívian Amaral Figueiredo Universidade Federal de Sergipe Autora. ________________________________________________ Paulo Sérgio Maroti Universidade Federal de Sergipe Orientador.

(7) 7. Ofereço este trabalho:. Aos meus pais do Céu: Deus Pai que tudo fez para nós “seres vivos” e seus filhos e nossa Mãe Maria, com seu amor de mãe intercedendo e protegendo. Aos meus pais da Terra: Mainha e Painho os amores da minha vida, razão de toda a minha busca, meu porto seguro. Aos meus irmãos Tony e Liony, que sempre protegeram a irmã caçula e com os quais vivi e vivo os melhores momentos de minha vida, amo vocês..

(8) 8. AGRADECIMENTOS. Agradeço a todos aqueles que, direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração deste grande mosaico.. Em especial agradeço:. Primeiramente a Deus que me deu a vida e me protege em todos os momentos.. A Nossa Senhora Maria que me deu conforto e carinho.. A minha família que amo tanto tios e primos principalmente aos meus pais José Ottoni e Lindiomar, e irmãos Tony e Liony por todo apoio e amor concedidos incondicionalmente, pela torcida e energias positivas.. Ao meu orientador Paulo que mesmo sem me conhecer me aceitou, que depois de desencontros nos encontramos, e aos poucos fui conseguindo conhecer, entender e admirar a cada dia. Um artista que se disfarça de professor ou é o contrário? A você que no seu ritmo me guiou nessa caminhada, o meu muito obrigado!. A professora Darluce pessoa que acreditou em mim, sempre bem humorada incentivando a todos, exemplo de mulher, profissional, mãe e amiga. Muito obrigada!. Aos meus amigos PRODEMA com os quais pude conviver, conhecer, compartilhar sentimentos e aprender um pouco com cada um em sua individualidade Neuma, Karina, Carla, Felipe, Míria, Sheyla, Mércia, Osmundo, Helô, Andréa.. A Edinilson o famoso Edy! Meu amigo lindo que amo, meu conselheiro me recebendo sempre com seu sorriso e abraço gostoso. Eita negão quanta saudade!.

(9) 9. A toda secretaria PRODEMA com a professora Maria José e seu zelo de mãe. Dona Julieta sempre carinhosa, amiga e companheira dos almoços no RESUN. Najó com sua alegria contagiante, “de lua às vezes”. Aline delicada e engraçada, nunca faltava apelido para um de nós. Nataniel e nossas conversas sem fim.... Ao professor Adauto pelo aprendizado, dicas, muitas risadas, quando eu treinava para ser professorinha.. A toda turma de Biologia da UFS, com a qual fiz o estágio docência, obrigada pelo primeiro até o último dia de aula, me diverti, ensinei e aprendi com vocês, obrigada principalmente pela amizade e carinho.. A Sr. Amaral muito mais que motorista um companheiro de viagens muito divertido e prestativo, pessoa a qual pude contar durante meus trabalhos de campo.. A Comunidade Católica Shalom, meu refúgio espiritual, onde encontrei amigos que serão pra sempre Flávia, Ruth, Wilda, Leila, Iasmim, Fábio, Michel, Evandro. “Amigos pra sempre, bons amigos que nasceram pela fé. Amigos pra sempre, para sempre amigos sim se Deus quiser” (Anjos de Resgate).. A Bárbara e Juciana que me receberam em sua casa logo que cheguei em terras desconhecidas.. Ao Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, em especial aqueles que tive a oportunidade de conhecer um pouco mais Alessandra, Ângela, Jackson, Ailton, Paulo Feitosa, Cristiano, Manoel Messias, Edmilson.. Ao grupo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe que participou desse estudo, com o qual obtive experiências lindas e contrastantes.. A Superintendência de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe que sempre me recebeu e auxiliou nos trabalhos em especial a Ailton, Fátima, João Paulo e Sérgio..

(10) 10. A FAPITEC que ofereceu subsídios para que pudesse permanecer no Estado de Sergipe e realizar meus estudos com tranqüilidade.. A todo o corpo técnico do PRODEMA dando suporte para que o trabalho fluísse principalmente aos professores, “alguns” dos quais me ensinaram como ser uma pessoa de bem e ética.. Aos professores Hélio Mário e Maria Augusta a estas duas pessoas que me receberam com “olhos de descoberta” muito obrigada!. Ao Vinícius e Max que me ajudaram em traduções e viagem em campo.. A Universidade Federal de Sergipe que me recebeu de portas abertas.. A banca examinadora composta por Paulo Sérgio Maroti, Darluce da Silva Oliveira, Maria Augusta Mundim Vargas, Paulo Henrique Carneiro Marques e Hélio Mário Araújo obrigada pelas contribuições ao trabalho..

(11) 11. “Ignorar a ritualidade da vida é o mesmo que quebrar o seu encanto. Fazemos isso o tempo todo. Nossas pressas contemporâneas não nos permitem demoras. Estamos sempre atrasados. Mas o rito nos pede calma. Nasce o impasse. De alguma forma temos que ceder. Ou entramos no ritmo do rito, ou o ignoramos. E dessa forma plantamos o futuro. Vez em quando eu me deparo com colheitas infelizes. Pessoas que descobriram que a pressa não valeu a pena. Correram atrás do mundo que estava distante, mas se esqueceram de viver o mundo que estava sob seus pés.” Fábio de Melo.

(12) 12. RESUMO A degradação ambiental que a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe vem sofrendo ao longo das últimas décadas é o principal motivo deste trabalho, neste contexto, percebe-se a importância socioambiental do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, responsável pela gestão participativa e descentralizada dos recursos hídricos. A partir, de observações presenciais durante as reuniões do Comitê, objetivando compreender o funcionamento deste, foi possível sinalizar algumas dificuldades enfrentadas entre estrutura física e apoio logístico até a efetiva realização de uma gestão participativa do Comitê como conselho gestor. Para melhor compreender a realidade desse órgão gestor e de seus membros, foi realizado um estudo em percepção ambiental, correspondendo ao “pano de fundo” em busca da análise e interpretação da realidade em termos de relações dos gestores com a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Frente ao impasse que se estabelece, o trabalho propôs em responder a seguinte questão: A percepção ambiental dos segmentos que compõem o Comitê da Bacia do Rio Sergipe se dá de que forma, levando-se em consideração a diversidade sócio-econômico-culturais com diferentes papeis sociais dos atores envolvidos? O objetivo da pesquisa consistiu em verificar a percepção ambiental dos segmentos que compõem o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe em relação ao seu objeto de gestão. A pesquisa se fundamenta nas bases teóricoconceituais da percepção ambiental, análise de conteúdo e estatística descritiva. Na pesquisa da percepção foram usadas as técnicas de entrevista semi-estruturada, Jogo das Percepções, questionário de caracterização dos sujeitos e análise de Atas elaboradas durante as Plenárias na gestão 2008/2010 do Comitê. Nos diversos aspectos investigados foram evidenciadas diferenças de percepções inter e intra segmentos. Com esse estudo foi possível examinar como as percepções são diferenciadas, mas ao mesmo tempo comportam uma ligação subjetiva entre si. Afirmamos que investigar perceptivamente todo um grupo é fazer recortes interpretativos do mosaico de possibilidades que venham a existir dentro dele. Concluímos acreditando que uma investigação de percepção ambiental pode contribuir com o entendimento mais contextualizado do ambiente, estimulando novas crenças e, conseqüentemente hábitos de interação ambiental. A percepção ambiental pode contribuir para a Educação Ambiental favorecendo a um trabalho de igualdade de condições entre as partes trabalhadas. Palavras-chave: Rio Sergipe; Comitê de Bacia Hidrográfica, Percepção Ambiental..

(13) 13. ABSTRACT The environmental degradation that Sergipe River Basin has been experiencing over recent decades is the main reason of this work, in this context, it is remarkable the socio and environmental importance of the Sergipe River Basin Committee, responsible for participative and decentralized management of water resources. From in loco observations during the Committee meetings, in order to understand its functioning, it was possible to identify some difficulties faced between physical infrastructure and logistical support to the effective implementation of a participatory management of the committee as manager council. To understand better the reality of this managing body and its members, a study on environmental perception was carried out, corresponding to the "background" in search for the analysis and interpretation of reality in terms of relationships between managers and the Sergipe River Basin. Facing the impasse that is established, this work proposed to answer the following question: The environmental perception of the segments that make up the Sergipe River Basin Committee happens in what way, taking into account the socio-economic and cultural diversity with different social roles of the involved actors? The research objective was to verify the environmental perception of the segments that make up the Sergipe River Basin Committee in relation to its management object. The research is based on theoretical and conceptual foundations of environmental perception, content analysis and descriptive statistics. On the research of perception were used semi-structured interview techniques, Game of perceptions, characterization questionnaire of the subjects and analysis of the minutes prepared during the Committee plenary of management 2008/2010. In the various aspects investigated, differences in perceptions were evidenced within and among the segments. With this study it was possible to examine how perceptions are different but at the same time involve a subjective connection among them. We affirm that to investigate the perception of a wholly group is to make interpretative clippings of the mosaic of possibilities that may exist within it. We conclude believing that an investigation of environmental perception may contribute to more contextualized understanding of the environment, stimulating new beliefs and consequently habits of environmental interaction. The environmental perception may contribute to Environmental Education favoring a work of equality of conditions between the worked parts. Keywords: River Sergipe; River Basin Committee; Environmental Perception.

(14) 14. LISTA DE FIGURAS Figura 3.1:. Estado de Sergipe, territórios ocupados pela Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe (Fonte: SRH, 2009)----------------------------------------------------. 59. Políticas públicas, tipos de planos, âmbitos geográficos e entidades (fonte: adaptação BRASIL. MMA, SRH, 2006)----------------------------. 65. Figura 3.3:. Representação do Poder Público Estadual e Federal (participando em duas gestões)---------------------------------------------------------------------. 77. Figura 3.4:. Representação do Poder Público Estadual e Federal (participando em todas as gestões e freqüência nas gestões)-----------------------------------. 77. Representação do Poder Público Municipal (participando pela primeira vez e freqüência nas gestões)--------------------------------------------------. 77. Representação do Poder Público Municipal (participando em todas as gestões e freqüência nas gestões)----------------------------------------------. 77. Representação de Usuários (participando pela primeira vez e freqüência nas gestões)---------------------------------------------------------. 78. Representação de Usuários (participando em todas as gestões e freqüência nas gestões)---------------------------------------------------------. 78. Representação da Sociedade Civil (participando pela primeira vez e freqüência nas gestões)---------------------------------------------------------. 78. Representação da Sociedade Civil (participando em todas as gestões e freqüência nas gestões)---------------------------------------------------------. 78. Figura 3.11:. Modelo de percepção do meio ambiente (WHYTE, 1978)----------------. 80. Figura 3.12:. Registro fotográfico em pontos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe--. 85. Figura 3.13:. Principais abordagens metodológicas (fonte: WHYTE, 1978)------------. 87. Figura 3.14:. Pontos plotados na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe - Jogo das Percepções------------------------------------------------------------------------. 92. Características definidoras da Análise de Conteúdo (fonte: FRANCO, 2005)------------------------------------------------------------------------------. 96. Sociedade Civil, participação durante as plenárias do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe - gestão 2008-2010---------------------------. 112. Poder Público Estadual e Federal, participação durante as plenárias do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe - gestão 2008-2010-------. 113. Figura 3.2:. Figura 3.5:. Figura 3.6:. Figura 3.7:. Figura 3.8:. Figura 3.9:. Figura 3.10:. Figura 3.15:. Figura 4.1:. Figura 4.2:.

(15) 15. Figura 4.3:. Poder Público Municipal, participação durante as plenárias do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe - gestão 2008-2010----------------. 113. Usuários – Empresas e Indústrias, participação durante as plenárias do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe - gestão 2008-2010-------. 114. Poder Público Estadual e Federal, freqüência durante a gestão 20082010-------------------------------------------------------------------------------. 118. Poder Público Municipal – Executivo e Legislativo freqüência durante a gestão 2008-2010--------------------------------------------------------------. 119. Usuários – Empresas e Indústrias, freqüência durante a gestão 20082010-------------------------------------------------------------------------------. 119. Figura 4.8:. Sociedade Civil, freqüência durante a gestão 2008-2010------------------. 120. Figura 4.9:. Modelo de investigação do sistema de percepção para a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe (adaptação de Whyte, 1978)-----------------. 171. Figura 4.4:. Figura 4.5:. Figura 4.6:. Figura 4.7:.

(16) 16. LISTA DE TABELAS Tabela 3.1:. Principais culturas da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, segundo a área plantada 1996, 2000, 2004 e 2008-----------------------------------. 69. Tabela 3.2:. Estabelecimentos por Sub Setor da Indústria e Construção Civil na Bacia do Rio Sergipe (%) – 1996, 2000, 2004 e 2008------------------. 70. Tabela 3.3:. Estabelecimentos por Sub Setor de Comércio e Serviços na Bacia do Rio Sergipe (%) – 1996, 2000, 2004 e 2008------------------. 70. Tabela 3.4:. Trabalhadores por Sub Setor de Comércio e Serviços na Bacia do Rio Sergipe (%) – 1996 a 2008---------------------------------. 71. Tabela 4.1:. Presenças e Intervenções-------------------------------------------------------. 116.

(17) 17. LISTA DE QUADROS Quadro 2.1:. Quadro 2.1: Visão histórica das formas de utilização dos recursos hídricos em diferentes períodos e por países desenvolvidos e pelo Brasil (Fonte: TUCCI, HESPANHOL E CORDEIRO NETTO, 2003). ------------------------------------------------------------------------------------. 42. Quadro 2.2:. Escala da participação cidadã. ----------------------------------------------. 48. Quadro 3.1:. Municípios que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe (fonte: IBGE CIDADES, 2010)------------------------------------------. 57. Unidades de Conservação presentes na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe---------------------------------------------------------------------------. 72. Instituições que fazem parte do Comitê da Bacia do Rio Sergipe na gestão 2008 a 2010------------------------------------------------------------. 74. Atribuições dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe --------------------------------------------------------------------------. 75. Quadro 3.5:. Imagens utilizadas no Jogo das Percepções (fonte: própria Autora)----. 93. Quadro 4.1:. Dados de características pessoais dos sujeitos-----------------------------. 101. Quadro 4.2:. Ocupação e/ou profissão e faixa de renda----------------------------------. 102. Quadro 4.3:. Naturalidade--------------------------------------------------------------------. 103. Quadro 4.4:. Entidades, associações ou movimentos sociais que participa------------. 104. Quadro 4.5:. Titulação no Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe-------------. 105. Quadro 4.6:. Imagens apresentadas aos entrevistados no Jogo das Percepções (paisagem com perfil de vegetação exuberante e imagens paisagísticas). Relatos dos diferentes segmentos amostrados na pesquisa-------------------------------------------------------------------------. Quadro 3.2:. Quadro 3.3:. Quadro 3.4:. Quadro 4.7:. Quadro 4.8:. 126. Imagens apresentadas aos entrevistados no Jogo das Percepções (paisagens de poluição do ar, hídrica e do solo). Relatos dos diferentes segmentos amostrados na pesquisa-----------------------------. 130. Imagens apresentadas aos entrevistados no Jogo das Percepções (paisagens com ausência de mata ciliar). Relatos dos diferentes segmentos amostrados na pesquisa------------------------------------------. 134.

(18) 18. Quadro 4.9:. Quadro 4.10:. Quadro 4.11:. Quadro 4.12:. Quadro 4.13:. Quadro 4.14:. Quadro 4.15:. Quadro 4.16:. Quadro 4.17:. Quadro 5.1:. Quadro 5.2:. Quadro 5.3:. Quadro 5.4:. Quadro 5.5:. Imagens apresentadas aos entrevistados no Jogo das Percepções (paisagens de assoreamento). Relatos dos diferentes segmentos amostrados na pesquisa-------------------------------------------------------. 137. Imagens apresentadas aos entrevistados no Jogo das Percepções (paisagens de impactos causados pelas construções humanas). Relatos dos diferentes segmentos amostrados na pesquisa---------------. 141. Imagens apresentadas aos entrevistados no Jogo das Percepções (paisagens de barramentos no Rio). Relatos dos diferentes segmentos amostrados na pesquisa-------------------------------------------------------. 144. Imagens apresentadas aos entrevistados no Jogo das Percepções (paisagens de manutenção da mata ciliar). Relatos dos diferentes segmentos amostrados na pesquisa------------------------------------------. 145. Relação de imagens fotográficas apresentadas aos entrevistados e reconhecidas como paisagens de ambiente rural--------------------------. 147. Relação de imagens fotográficas apresentadas aos entrevistados e reconhecidas como paisagens de ambiente urbano------------------------. 149. Relação de respostas positivas ou negativas referente as paisagens pertencerem a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe por segmento e por origem (pertencente ao estado de Sergipe e de outro estado)------------. 151. Relação de imagens escolhidas pelos entrevistados como paisagens de impacto ambiental----------------------------------------------------------. 153. Relação de imagens escolhidas pelos entrevistados como paisagens de não impacto-----------------------------------------------------------------. 156. Caracterização perceptiva do sistema de estudo do segmento Poder Público Federal e Estadual----------------------------------------------------. 176. Caracterização perceptiva do sistema de estudo do segmento Poder Público Municipal-------------------------------------------------------------. 176. Caracterização perceptiva do sistema de estudo do segmento Usuários-------------------------------------------------------------------------. 176. Caracterização perceptiva do sistema de estudo do segmento Sociedade Civil-----------------------------------------------------------------. 177. Dificuldades encontradas no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe e medidas mitigadoras-----------------------------------------------. 179.

(19) 19. LISTA DE SIGLAS ABES /SE. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental do Estado de Sergipe. ACPR-STOS. Associação dos Produtores Rurais de Santo Isidoro. ADEMA. Administração Estadual do Meio Ambiente. AJAMAM. Associação de Jovens Ambientalistas de Malhador. APPPI/Jacarecica Associação de Pequenos Produtores do Perímetro Irrigado Jacarecica I ASMANE/SOC.. Associação Socorrense de Mariscultores Naturais e Ecológicos. ASA. Associação Sergipana de Aqüicultura. CBH. Comitê de Bacia Hidrográfica. CBHSE. Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. CODISE. Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos Minerais de Sergipe. COHIDRO. Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe. CONERH. Conselho Estadual de Recursos Hídricos. CREA. Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. DESO. Companhia de Saneamento de Sergipe. FAFEN. Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados. GPS. Global Positioning System. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. IFET. Instituto Federal de Ciência Educação e Tecnologia. MMA. Ministério do Meio Ambiente. OSCATMA/BC. Organização Sócio Cultural Amigos do Turismo e do Meio Ambiente da Barra dos Coqueiros. SAAE/SC. Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Cristóvão. SEPLANTEC. Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia.

(20) 20. SRH. Superintendência de Recursos Hídricos. SEMARH. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. SEPLAN/SE. Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento de Sergipe. SEPLANTEC. Secretaria do Planejamento, Habitação e do Desenvolvimento Urbano. SEINFRA. Secretaria de Estado da Infraestrutura de Sergipe. SEAGRI/SE. Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado de Sergipe. UFS. Universidade Federal de Sergipe.

(21) 21. SUMÁRIO CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------. 26. 1.1. Apresentação do tema ----------------------------------------------------------------------. 26. 1.2. Objetivos -------------------------------------------------------------------------------------. 32. 1.2.1. Objetivo geral------------------------------------------------------------------------------. 32. 1.2.2. Objetivos específicos----------------------------------------------------------------------. 32. 1.3. Justificativa e motivação--------------------------------------------------------------------. 32. 1.3.1. Aspectos pessoais--------------------------------------------------------------------------. 32. 1.3.2. Aspectos organizacionais-----------------------------------------------------------------. 33. 1.3.3. Aspectos sociais---------------------------------------------------------------------------. 34. 1.3.4. Aspectos acadêmicos----------------------------------------------------------------------. 35. 1.4. Estrutura do trabalho------------------------------------------------------------------------. 35. CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ----------------------------------------. 37. 2.1 A Bacia Hidrográfica como unidade de gerenciamento---------------------------------. 37. 2.2. Modelos de gestão dos recursos hídricos-------------------------------------------------. 40. 2.2.1. Modelo francês de gestão dos recursos hídricos--------------------------------------. 43. 2.3. Gestão participativa e governança da água-----------------------------------------------. 44. 2.4. A gestão participativa sob a ótica da percepção ambiental-----------------------------. 47. CAPÍTULO 3. METODOLOGIA------------------------------------------------------------. 56. 3.1. Caracterização da pesquisa-----------------------------------------------------------------. 56. 3.2. Caracterização do sistema de estudo - Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe----------. 56. 3.2.1. Composição física da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe---------------------------. 57. 3.3. Sistema de utilização pelo ser humano---------------------------------------------------. 63. 3.3.1. Sistemas legais-----------------------------------------------------------------------------. 63. 3.3.2. Sistemas sócio-econômico-culturais----------------------------------------------------. 67. 3.4. Atores sociais da pesquisa e amostra------------------------------------------------------. 73. 3.4.1. Atores sociais-------------------------------------------------------------------------------. 73. 3.4.2. Sistema de amostra------------------------------------------------------------------------. 76. 3.5. Elaboração dos instrumentos para coleta e análise de dados---------------------------. 81.

(22) 22. 3.5.1. Registro fotográfico em pontos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe observando suas condições ambientais---------------------------------------------------------. 83. 3.5.2. Construção, teste, aplicação e análise dos instrumentos de coleta de dados questionário do perfil sócio-profissiográfico, Jogo das Percepções e entrevista semiestruturada-----------------------------------------------------------------------------------------. 86. 3.5.2.1. Questionário do perfil sócio-profissiográfico---------------------------------------. 87. 3.5.2.2. Jogo das Percepções--------------------------------------------------------------------. 88. 3.5.2.3. Entrevista semi-estruturada------------------------------------------------------------. 94. CAPÍTULO 4. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE DESCRITIVA E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS----------------------------------------------------------------------------. 99. 4.1. Apresentação--------------------------------------------------------------------------------4.2. Análise descritiva e discussão dos resultados-------------------------------------------4.2.1. Características dos sujeitos e do grupo------------------------------------------------4.2.1.1. Características dos sujeitos do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe4.2.1.1.1. Dados pessoais-----------------------------------------------------------------------4.2.1.1.2 Atividade profissional e faixa de renda--------------------------------------------4.2.1.1.3 Naturalidade---------------------------------------------------------------------------4.2.1.1.4 Entidades, associações ou movimentos sociais que participa-------------------4.2.1.1.5 Classificação quanto à titulação dentro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe----------------------------------------------------------------------------------------4.2.2.1 Características do grupo----------------------------------------------------------------4.2.2.1.1 Processo participativo no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe-----4.2.3.1 Experiência com a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe----------------------------4.2.3.1.1 Experiência sobre o local e objeto de estudo--------------------------------------4.2.3.1.2 Interação com a área de estudo -----------------------------------------------------4.2.3.1.3 Experiência ambiental individual e coletiva --------------------------------------4.2.4. Caracterização perceptiva do sistema de estudo--------------------------------------4.2.4.1. Identidade do sistema de estudo------------------------------------------------------4.2.4.2. Significado do sistema de estudo-----------------------------------------------------4.2.4.3. Escolha de usos para o sistema de estudo--------------------------------------------. 99 100 100 100 100 102 103 104. CAPÍTULO 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------. 173. 5.1. Considerações finais------------------------------------------------------------------------5. 2. Recomendações-----------------------------------------------------------------------------. 173 177. REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------. 181. APENDICES E ANEXOS---------------------------------------------------------------------. 190. 105 109 109 121 123 146 151 158 159 163 165.

(23) 23. APENDICE. Apêndice A: Apêndice B: Apêndice C: Apêndice D: Apêndice E: Apêndice F:. Caderneta de campo------------------------------------------------------------Entrevista semi-estruturada do perfil sócio-profissiográfico-------------Jogo das Percepções------------------------------------------------------------Entrevista semi-estruturada----------------------------------------------------Carta de apresentação de projeto de pesquisa ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe--------------------------------------------------Registro fotográfico em pontos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe--. 190 191 194 196 197 198.

(24) 24. ANEXO Anexo A: Ata da XXXII Reunião Ordinária de eleição e posse do CBH-Rio Sergipe, gestão 198 2008/2010---------------------------------------------------------------------------------------Ata da XXXIII Reunião Ordinária do CBH-Rio Sergipe, gestão 2008/2010-----------. 198. Ata da VIII Reunião Extraordinária do CBH-Rio Sergipe, gestão 2008/2010---------- 198 Ata da IX Reunião Extraordinária do CBH-Rio Sergipe, gestão 2008/2010------------ 198 Ata da X Reunião Extraordinária do CBH-Rio Sergipe, gestão 2008/2010------------- 198.

(25) 25. CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO. O sol enche de cintilações a copa do coqueiral, desliza sobre a água clara do rio, joga um manto de luz sobre a onda do mar, envolve em um complexo luminoso as casas e as igrejas, as ruas e as praças, os morros e as praias [...]. O Rio Sergipe, é bem uma prova de que essa luz é variável e transitória. Às vezes você notará, em suas águas, um tom verde, Às vezes um tom azul, às vezes um tom amarelo como se aquela massa líquida estivesse incendiada, ardendo em chamas.. Mário Cabral, 2002.

(26) 26. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO. 1.1 Apresentação do Tema. O Rio constitui uma paisagem natural e cultural que tem servido de referência para o ser humano ao longo de toda a sua história. Como fonte de água, elemento vital e indispensável, como meio de comunicação e existência, como marco territorial que percorre e estrutura o espaço, como inspiração de poetas e pintores, como abrigo de uma rica biodiversidade de fauna e flora, múltiplas são as dimensões que representam para os seres vivos (SARAIVA, 1999; WWF-BRASIL, 2006). Para acelerar o “progresso”, muitos rios foram modificados e encontraram pela frente desmatamentos, queimadas, atividades extrativistas, agrotóxicos, construções de estradas e obras hidráulicas, moradias irregulares e muito lixo. Em alguns casos, não é possível mais reconhecer a sua forma e qualidade original (WWF-BRASIL, 2006). O Brasil é um país de grandes contrastes, seja no que se refere à diversidade e à riqueza dos recursos hídricos e naturais, ou no tocante aos aspectos socioculturais e econômicos. Contudo, um aspecto comum às regiões hidrográficas brasileiras, a despeito de apresentarem escassez ou farta disponibilidade natural de água, é a degradação de sua qualidade, bem como alterações no regime hídrico e quantidade. Essas alterações decorrem do crescimento demográfico, da falta de saneamento e da progressiva demanda originadas por atividades econômicas nem sempre compatibilizadas com os princípios da sustentabilidade ambiental (TUCCI, 2004; SILVA e PRUSKI, 2005; BRASIL. MMA, SRH, 2006). Vista como estando à disposição para atender a necessidade humana e considerada como renovável, abundante e infinita, a água é utilizada sem critérios, tanto como fonte de despejo e diluição de dejetos, quanto como fonte de abastecimento com alto grau de desperdício (SAITO, 2001). Em função desses problemas, a gestão de recursos hídricos vem assumindo. importância. fundamental. nas. discussões. técnico-científica,. política. e. socioeconômica, promovidas por agentes governamentais e da sociedade (MESQUITA e SANTOS, 2006). A crescente poluição dos corpos d’água despertou a consciência de que estes não têm capacidade ilimitada de absorção e atenuação de impactos, devendo assim rever-se as práticas de produção econômica atuais, de forma a assegurar a qualidade desses recursos. Além da qualidade, a própria quantidade de água passou a ser objeto de preocupação, principalmente.

(27) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 27. no que se refere às alterações em corpos d’água, ocasionando mudanças nos regimes fluviais e pluviais bem como a extração descontrolada de água do lençol freático podendo provocar seu esgotamento (BERLINCK, 2003). Ricklefs (2003) escreve que qualquer desequilíbrio que leve à acumulação ou à depressão de algum componente de um ecossistema é normalmente corrigido pelos processos dinâmicos de automanutenção do ecossistema. Entretanto, Moraes e Ferraz (2002) discutem que a utilização de recursos naturais tem um ritmo maior do que eles podem ser renovados pelo sistema ecológico, sendo que, a geração de produtos residuais supera a capacidade de integração ao ciclo natural de nutrientes, além disso, o sistema ecológico ainda tem que lidar com os materiais tóxicos gerados pelo ser humano. O comprometimento da capacidade suporte dos sistemas naturais de absorver os impactos das modificações ambientais, tem como resultado negativo a degradação dos recursos hídricos, atmosféricos e do solo, com riscos à qualidade de vida (PHILIPPI JR., 2005). Reigota (2004) argumenta que o problema ambiental não está na quantidade de pessoas que existe no planeta, mas sim no excessivo consumo dos recursos naturais, no desperdício e na produção de artigos inúteis. A prática de controle é uma preocupação crescente, representa uma mudança de atitude vigorosa em relação à prática anterior de livre utilização desses recursos naturais, trata-se de uma maior consciência ambiental (SAITO, 2001). Apesar dos esforços, são ainda incipientes as ações voltadas para efetivar a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental, necessitando de uma programação mais ativa e com objetivos mais claros de como deve ocorrer essa integração e em quais momentos (BRASIL. MMA, SRH, 2006). A crise em torno da água reflete a crise de consciência da nossa civilização e do modelo de “desenvolvimento” mundial atual, desigual, excludente e esgotante dos recursos naturais. A degradação ambiental e as desigualdades sociais são verso e reverso de um mesmo processo histórico, que tem como conseqüência a “insustentabilidade” da vida, do meio e das sociedades humanas. No processo de construção de um novo modelo de gestão sustentável dos recursos hídricos, o grande desafio é o de estabelecer uma relação de poder compartilhada e descentralizada, criando oportunidades de participação social, construindo consensos, dirimindo conflitos e pactuando a unidade na diversidade (BRASIL. SRH, MMA, 2006). No âmbito federal, a Política Nacional de Recursos Hídricos foi instituída pela Lei n° 9.433, em 1997 (BRASIL. MMA, SRH, 2002), um dos fundamentos desta Lei determina que o gerenciamento dos recursos hídricos deva ser realizado de forma descentralizada,.

(28) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 28. participativa e integrada. A descentralização refere-se à adoção da Bacia Hidrográfica como unidade regional de planejamento e gerenciamento das águas. A participação considera a importância de órgãos governamentais e da sociedade civil no sistema de gerenciamento dos recursos hídricos. A integração considera principalmente a qualidade e a quantidade das águas a partir de ações que promovam os usos múltiplos desses recursos (JACOBI e FRACALANZA, 2005). Neste contexto, para enfrentar problemas como poluição, escassez e conflitos pelo uso da água, foi preciso reconhecer a Bacia Hidrográfica como um sistema ecológico, que abrange todos os organismos que funcionam em conjunto numa dada área. Entender como os recursos naturais estão interligados e são dependentes, ou seja, quando o curso de um Rio é alterado para levar esgotos para longe de uma determinada área, acaba por poluir outra. Da mesma forma, a impermeabilização do solo em uma região provoca o escoamento de águas para outra, que passa a sofrer com enchentes. Diante de exemplos como esses, tornou-se necessário reconhecer na dinâmica das águas, que os limites geográficos para trabalhar o equilíbrio ecológico têm que ser o da Bacia Hidrográfica, ou seja, o espaço territorial determinado e definido pelo escoamento, drenagem e influência da água, do ciclo hidrológico na superfície da Terra e não aquelas divisões políticas definidas pela sociedade, como municípios, Estados e países, que não comportam a dinâmica da natureza. Segundo Araújo (2006) a Bacia Hidrográfica se constitui numa unidade física bem caracterizada, tanto do ponto de vista da integração, como da funcionalidade de seus componentes. Oliveira (2006) afirma dizendo que esta mesma área seja considerada como um sistema ecológico. Na prática, a utilização do conceito de Bacia Hidrográfica consiste na determinação de um espaço físico funcional, sobre o qual devem ser desenvolvidos mecanismos de gerenciamento ambiental na perspectiva do desenvolvimento ambientalmente sustentável. Neste sentido, as abordagens metodológicas utilizadas para estudar e gerenciar o espaço físico, compreendido pela Bacia Hidrográfica, devem estar relacionadas às teorias modelo que possam explicar, predizer e organizar adequadamente as informações úteis ao processo de gestão ambiental (PIRES, SANTOS e DEL PRETTE, 2002). Sendo a Bacia Hidrográfica a unidade territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, neste contexto, inserem-se os Comitês de Bacias Hidrográficas compostos por representantes de órgãos e entidades públicas, representantes dos municípios contidos na Bacia correspondente, os usuários das águas e representantes da.

(29) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 29. sociedade civil (BRASIL. MMA, SRH, 2002). O Estado de Sergipe apresenta uma densa malha hidrográfica, mas composta de Rios pequenos, a exceção do Rio São Francisco, intermitentes e irregulares, dotados de pequena utilidade para fins energéticos. Possuem suas nascentes e grande parte dos cursos médios, insuficientes para suprimento permanente. No litoral, a influência das marés adentra vários quilômetros, resultando num imenso volume de água com elevado grau salino. Essas condições delimitam a carência e importância do recurso água para o Estado e para os sergipanos (SERGIPE. SEPLANTEC, SRH, 2002). Sergipe possui seis Bacias Hidrográficas as quais são: dos Rios São Francisco, Japaratuba, Sergipe, Vaza Barris, Piauí e Real. A Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe drena aproximadamente 16,7% do Estado, correspondendo a 3.673 km2, limitando-se ao norte com as Bacias dos Rios São Francisco e Japaratuba e, ao sul, com a Bacia do Rio Várzea Barris (ROCHA, 2006). Seus principais afluentes pela margem esquerda são os Rios Pomonga, Parnamirim, Ganhamoroba e Cágado; e, pela margem direita, os Rios Poxim, Sal, Cotinguiba, Jacarecica, Morcego, Jacoca, Campanha, Lajes e Melancia (SERGIPE. SEPLANTEC, SRH, 2002). A escolha dessa Bacia Hidrográfica fundamenta-se na relevância quanto ao contexto político, econômico, social, cultural e ambiental para o Estado. Segundo Araújo (2007) o desenvolvimento econômico da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe não ocorreu de forma sustentável, comprometendo a qualidade de vida da população pela escassez hídrica e degradação ambiental, que vem se intensificando pelo acelerado processo de urbanização, lançamento de esgotos doméstico, ocupação desordenada do solo e concentração industrial. Em decorrência desses problemas ambientais, não só na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe como nas demais Bacias Hidrográficas presentes no Estado de Sergipe, foram estabelecidos mecanismos de convivência entre usuários da água e a sociedade em geral, resultando na Lei nº 3.870, de 25 de setembro de 1997 (GÓIS e ROCHA, 2006). O Comitê de Bacia Hidrográfica ou como é chamado também de “Parlamento das Águas” é um órgão colegiado que discute, em nome dos diversos grupos de interesse, os assuntos relativos aos recursos hídricos, definem os rumos sobre o uso das águas e determina a aplicação de recursos financeiros para garantir água em quantidade e qualidade. Seu princípio básico da operacionalidade vai além da descentralização administrativa, visando à promoção da cidadania, através da democratização das informações, estímulo à Educação Ambiental, preservação das águas e intensificação do processo participativo da sociedade.

(30) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 30. civil organizada. Deste modo, facilita a articulação direta entre poderes públicos e comunidade envolvida (SERGIPE. SEPLANTEC, SRH, 2002). O processo de instituição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe foi iniciado no ano de 2001 e em 2002 foi aprovado pelo CONERH - Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Sergipe, por meio da Resolução de nº 2 de 09 de abril de 2002, oficializado pelo Decreto do Governo do Estado de nº. 20.778 de 21 de junho de 2002 e publicado no Diário Oficial de nº. 24.060 de 25 de junho de 2002. Composto por quarenta e oito membros entre titulares e suplentes, encontrando-se atualmente na quarta gestão (SERGIPE. SEMARH, 2009). A gestão das águas abrange de forma integrada os aspectos relativos à legislação, interesses múltiplos e conflitantes de diferentes usuários, aspectos sociais e a irregularidade da distribuição espacial e temporal de disponibilidades e demandas (SILVA e PRUSKI, 2005; LANNA, 2006). Flores e Misoczky (2008) discutem sobre algumas dificuldades observadas no modelo participativo em Comitês de Bacia Hidrográfica os quais são: a falta de quórum das plenárias, as pautas extensas, as atas que não são lavradas, a igualdade ou a falta dela na composição dos conselhos, a fragilidade da representação institucional, a participação de atores com interesses distintos no planejamento, a descontinuidade e descompromisso de alguns representantes, a falta de apoio ou condições de participação para pessoas ou organizações realmente interessadas, os diferentes níveis de informação e qualificação dos membros, o gigantismo da estrutura de uns em contraste com a fragilidade e desorganização de outros. A partir, desses problemas existentes no modelo de gestão participativa, Saito (2001) argumenta que, para a efetividade desta negociação, todos os interessados nos recursos hídricos da Bacia devam ter seus interesses representados e passíveis de discussão e deliberação em igualdade de condições. Frente ao impasse que se estabelece diante dessa problemática ambiental, estudos sobre percepção ambiental são muito importantes, sendo que alguns problemas humanos surgem de fenômenos que não podem ser estudados por um enfoque científico tradicional, pois resultam de uma atividade perceptiva das pessoas em relação às condições ambientais criadas por e para elas. Araújo (2008) em seu trabalho sobre conflitos sócio-ambientais relacionados ao uso da água outorgada na Bacia Hidrográfica do Rio Japaratuba, utiliza a percepção ambiental como metodologia, justificando que a percepção é parte do processo de formação do conhecimento e, por conseguinte, do sistema de valores, em que o mundo é.

(31) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 31. apreendido a partir dos processos perceptivos que registram e aferem significados à realidade que se percebe tanto em nível social quanto individual. Schmitt e Matheus (2005) argumentam que projetos que tratem da relação ser humano-biosfera e gerenciamento dos ecossistemas devam incluir investigações de percepção como parte integrante da abordagem interdisciplinar que estes projetos exigem, porque o estudo da percepção ambiental auxilia no conhecimento das relações dos seres humanos com o ambiente. Jesus (1993) utiliza o mesmo pensamento, escrevendo que a abordagem global das questões ambientais demanda, portanto de teorias sociológicas e princípios ambientais conjugados, capazes de tratar adequadamente as interações socioambientais. O trabalho parte da premissa que os Rios e Bacias Hidrográficas constituem elementos básicos e essenciais da estrutura do território e procura refletir sobre processos, recursos e valores essenciais responsáveis pelo ordenamento desses sistemas. Na perspectiva desenvolvida, a ênfase é posta no Rio como “espinha dorsal” ou “nervura” da estrutura hidrológica do território, estrutura complexa que a atividade humana tende, geralmente, a simplificar, reduzindo a diversidade dos sistemas naturais que dele dependem e, concomitantemente, a sua riqueza intrínseca bem como a variedade estética que lhes está associada. Neste contexto, observa-se a necessidade de estudos de percepção ambiental para melhor compreender a realidade do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe e de seus membros. O estudo de percepção corresponderá a um “pano de fundo” em busca da análise e interpretação da realidade em termos de relações, a partir de conceitos integradores, como o de Bacia Hidrográfica. Diante da problemática o trabalho propõe-se a responder a seguinte questão: A percepção ambiental dos segmentos que compõem o Comitê da Bacia do Rio Sergipe se dá de que forma, levando-se em consideração a diversidade sócio-econômico-culturais com diferentes papeis sociais dos atores envolvidos? Finalmente, a investigação do sistema de percepção dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe foi realizada numa perspectiva de se obter subsídios que orientem metodologias de trabalhos educativos, voltados para a Educação Ambiental e gestão dos recursos hídricos, apoiados no conhecimento das percepções de indivíduos pertencentes a diferentes grupos sócio-econômico-culturais que exercem distintas influências sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe..

(32) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 32. 1.2 Objetivos. 1.2.1 Objetivo geral. O objetivo geral da pesquisa consistiu em verificar a percepção ambiental dos segmentos que compõem o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe em relação ao seu objeto de gestão.. 1.2.2 Objetivos específicos. Caracterizar os membros entrevistados e o grupo que compõe o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Realizar o registro fotográfico em pontos da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe observando suas condições ambientais. Descrever a experiência do grupo entrevistado em relação ao seu objeto de gestão. Identificar a percepção de significado e identidade atribuídos ao objeto de gestão, Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Identificar as escolhas de usos para o sistema de estudo – Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe.. 1.3. Justificativa e motivação. 1.3.1 Aspectos pessoais. A degradação ambiental que a Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe vem sofrendo ao longo das últimas décadas é o principal motivo de realização deste trabalho. Esta Bacia apresenta grande concentração populacional abrigando mais de metade da população do Estado de Sergipe, apresentando uma crescente irregularidade de abastecimento de água, problemas de degradação dos recursos hídricos provocados por lançamento de efluentes e contaminação por resíduos sólidos e desmatamento. Partimos do pressuposto que o trabalho de percepção ambiental seja o início para uma nova etapa na gestão dos recursos naturais da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, principalmente com utilização de imagens da área, como uma das formas de coleta de.

(33) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 33. informações dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe. Estas informações podem vir a diagnosticar deficiências presentes no Comitê, auxiliando na construção futura de programas de Educação Ambiental, que venham a contribuir no “funcionamento” da gestão participativa.. 1.3.2 Aspectos organizacionais. Segundo informações de Góis e Rocha (2006) a Constituição Sergipana é bastante completa no que diz respeito aos recursos hídricos, visto que já no seu art. 2º inclui, entre os bens do Estado, as águas superficiais e subterrâneas. Nos artigos 7º e 9º insere, entre as competências do Estado, a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, entre estes a água. A Lei Estadual nº 3.870, de 25 de setembro de 1997, da Política e do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, segue o padrão da Lei Nacional nº 9.433/97, indicando a necessidade de adequações às peculiaridades do Estado de Sergipe, já que boa parte de seu território está inserida na região do Semi-Árido. O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe integra o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, conforme inciso II do art.34 da Lei Estadual nº 3.870/97, e se constitui em um órgão colegiado, com atribuições consultivas e deliberativas e competência normativa, no âmbito da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, instituído através do Decreto Estadual nº 20.778 de 21 de junho de 2002. O objetivo principal do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe é o gerenciamento das águas da região, aprovar e acompanhar a execução do Plano da Bacia Hidrográfica e a aplicação dos recursos financeiros destinados à conservação, proteção e recuperação dos recursos hídricos, bem como conciliar os conflitos pelo uso da água (SERGIPE. SEPLANTEC, SRH, 2002). Compete ao Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, atuar de forma articulada e integrada com as entidades competentes do Sistema Nacional e Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os municípios, com ONGs atuantes nas áreas educacional, ambiental e de recursos hídricos, instituições de ensino e pesquisa, entidades privadas e entidades de classe. As ações do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe devem respeitar as peculiaridades regionais referentes à organização institucional dos municípios, a participação de entidades públicas e privadas, e as características do meio físico local..

(34) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 34. No entanto, segundo Carvalho (1998) apud Flores e Misoczky (2008) ainda que os mais diversos atores socais, tanto na sociedade quanto no Estado, reivindiquem e apóie a participação social, a democracia participativa, o controle social sobre o Estado, a realização de parcerias entre Estado e a sociedade civil, trata-se apenas de uma “generalização do discurso da participação, na medida em que participação, democracia, controle social, parceria não são conceitos com igual significado para os diversos atores e têm, para cada um deles, uma construção histórica diferente”. É neste contexto da diversidade sócio-econômico-culturais com diferentes papeis sociais dos atores envolvidos que se propõe o estudo, analisando a percepção ambiental destes, observando o funcionamento do Comitê e sinalizando possíveis problemas que venham a dificultar os trabalhos realizados.. 1.3.3 Aspectos sociais. A análise do meio ambiente, a partir da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, contribui para o desenvolvimento de uma nova concepção no tratamento das questões sócio-ambientais; serve de auxílio na tomada de decisões quanto a sua preservação e é fundamental para a implementação de uma política de desenvolvimento sustentado. Oliveira (2006) descreve que a necessidade de promover a recuperação ambiental e a manutenção de recursos naturais escassos como a água, fez com que, a partir da década de 70, o conceito de Bacia Hidrográfica passasse a ser difundido e consolidado no mundo. Para enfrentar problemas como poluição, escassez e conflitos pelo uso da água, foi preciso reconhecer a Bacia Hidrográfica como um sistema ecológico, que abrange todos os organismos que funcionam em conjunto numa dada área e entender como os recursos naturais estão interligados e são independentes. Neste contexto, percebe-se a importância social do Comitê de Bacia para o gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, tendo este o papel de atuar na promoção do gerenciamento participativo e descentralizado dos recursos hídricos, através da ação integrada, envolvendo as entidades públicas e privadas atuantes na Bacia..

(35) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. 35. 1.3.4 Aspectos acadêmicos. Com a crescente degradação da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, o estudo de percepção ambiental dos membros do Comitê desta Bacia, dentro do Programa de PósGraduação Strictu Sensu em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe é muito importante. Inicialmente, por ainda não terem sido realizados estudos de percepção ambiental com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe, que venham a auxiliar no funcionamento deste. Por fim, a compreensão da percepção dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe sobre a identidade com a Bacia Hidrográfica e o significado do Rio Sergipe para estes, pode vir a proporcionar ações das mais diversas, tanto através de estudos acadêmicos como através de políticas públicas. Desta forma, vindo a auxiliar uma gestão mais efetiva da Bacia Hidrográfica em estudo, diminuindo problemas sócio-ambientais ocorridos em seu entorno.. 1.4. Estrutura do trabalho. A estrutura do trabalho se constitui em cinco capítulos descritos abaixo. O primeiro Capítulo destinado à introdução com apresentação do tema, objetivos, justificativa e motivação e por fim estruturação do presente assunto. No segundo Capítulo aborda-se a fundamentação teórica iniciada pelo tema a Bacia Hidrográfica como unidade de gerenciamento, modelos de gestão dos recursos hídricos, gestão participativa e governança da água e a gestão participativa sob a ótica da percepção ambiental. No terceiro Capítulo é realizada a apresentação da metodologia iniciando com a caracterização da pesquisa, caracterização do sistema de estudo, sistema de utilização pelo ser humano, atores sociais da pesquisa e amostra finalizando com a elaboração dos instrumentos para coleta e análise de dados. No quarto Capítulo aborda-se a apresentação, análise descritiva e discussão dos resultados. O quinto Capítulo destina-se as considerações finais e recomendações..

(36) 36. CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. Sempre o homem a vida viu no rio refletida pois incessante como o tempo o rio corre e no mar que obstinamente busca finalmente encontra se não a solução o esquecimento de quem morre O rio dissimula em sua geografia a sua história esconde nos acidentes naturais os seus conflitos e tragédias O rio tem caprichos e é de humor instável mas por que nasce e morre e respira entretanto e tem a vida como o preço e o privilégio o rio é humano e tanto e tão pouco como um homem. Ruy Belo, em Toda a Terra.

(37) CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 37. CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 2.1 A Bacia Hidrográfica como a unidade de gerenciamento. Desde o surgimento das sociedades organizadas, o desenvolvimento de regiões urbanizadas e rurais é definido de acordo com a disponibilidade das águas doces em sua quantidade e qualidade. Para que o desenvolvimento sustentável e o intercâmbio entre regiões com interesses comuns pela utilização da água fossem realizados, foi adotado o conceito de Bacia Hidrográfica. Este conceito passou a ser difundido e consolidado no Brasil, a partir da década de 70, devido à necessidade de promover a recuperação ambiental e a manutenção desse recurso hídrico. No Estado de São Paulo as primeiras experiências surgiram em 1976, na região metropolitana, com a criação do Comitê do Acordo firmado entre o Estado e o Ministério de Minas e Energia (OLIVEIRA, 2006). Para Tucci (1997) a Bacia Hidrográfica é caracterizada como uma área de captação da água vinda da precipitação que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, o exutório, e a Bacia compõem-se basicamente de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos d água que confluem até resultar um leito único no exutório. Christofoletti (1980) refere-se à Bacia Hidrográfica simplesmente por uma área drenada por um determinado rio ou por um sistema fluvial, ou geomorfologicamente por um sistema aberto que recebe suprimento contínuo de energia através do clima reinante, e que sistematicamente, perde através da água e dos sedimentos que a deixam. Santana (2003) adota dois conceitos de acordo a área de captação da água, a Bacia Hidrográfica pode ser denominada de Bacia de Captação, quando se tem a visão de que atua como coletora de águas pluviais, ou Bacia de Drenagem, quando a visão é de atuar como uma área que está sendo drenada pelos cursos d’água. Com o aumento na demanda sobre os recursos hídricos e da experiência dos técnicos, foi verificada a necessidade de incorporar os aspectos relacionados aos usos múltiplos da água, isso porque as implicações sobre o uso dos recursos hídricos provêm de uma série de fatores naturais, econômicos, sociais e políticos, sendo o recurso natural “água” o ponto de convergência de um complexo sistema ambiental (PIRES, SANTOS e DEL PRETTE, 2002)..

(38) CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 38. Segundo Odum (2007) os campos, florestas, corpos de água e cidades ligados por um sistema de riacho ou rio, por uma rede de drenagem subterrânea, interagem como uma unidade integrativa tanto para o estudo como para a gestão. O conceito de Bacia Hidrográfica ajuda a por em perspectiva muitos de nossos problemas e conflitos, demonstrando que, a causa e as soluções da poluição da água não são encontradas olhando-se apenas a água, mas o estudo das ações antrópicas danosas ao meio ambiente ocorridas em toda área da Bacia. Os autores Pires, Santos e Del Prette (2002, p. 20) discutem que “a adoção da Bacia Hidrográfica como unidade de gerenciamento representa uma estratégia, cuja, a perspectiva mais ampla consiste em agregar valor á busca pelo desenvolvimento sustentável.” Eles complementam dizendo que o uso da Bacia Hidrográfica como unidade de gerenciamento da paisagem é mais eficaz porque:. ... (i) no âmbito local, é mais factível a aplicação de uma abordagem que compatibilize o desenvolvimento econômico e social com a proteção dos ecossistemas naturais, considerando as interdependências com as esferas globais; (ii) o gerenciamento da Bacia Hidrográfica permite a democratização das decisões, congregando as autoridades, os planejadores e os usuários (privados e públicos) bem como os representantes da comunidade (associações sócio-profissionais, de proteção ambiental, de moradores etc.); (iii) permite a obtenção do equilíbrio financeiro pela combinação dos investimentos públicos (geralmente fragmentários e insuficientes, pois o custo das medidas para a conservação dos recursos hídricos é alto) e a aplicação dos princípios usuário-pagador e poluidor-pagador, segundo os quais os usuários pagam taxas proporcionais aos usos, estabelecendo-se, assim, diversas categorias de usuários (PIRES, SANTOS e DEL PRETTE, 2002 p. 20).. Martins (2008) em seu trabalho intitulado de: “Sociologia da governança francesa das águas” discute que na condição de referência internacional, principalmente em razão da adoção da Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento e gestão, o modelo francês tem recebido reiteradamente leituras abstratas quanto ao seu significado efetivo em termos de políticas públicas. O sentido desta abstração reside justamente nas iniciativas de interpretação de seu desenvolvimento, exclusivamente com base em suas características técnicas mais evidentes. Abstraído do conjunto de relações de poder que lhe conferem sentido concreto, a gestão francesa por Bacias emerge como solução técnica aplicada à necessidade de planejamento e uso sustentável das águas. E deste modo, segue sendo apresentada como solução eminentemente técnica para a gestão racional das águas (MARTINS, 2008). Uma importante vantagem da utilização da Bacia Hidrográfica como unidade de gerenciamento é o fato de aproximar a população com os sistemas hídricos, proporcionando maior envolvimento dos habitantes nos projetos e decisões referentes à água e também propiciando uma visão mais focada nas condições naturais, valorizando os aspectos.

(39) 39 CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. ambientais de um lugar. A adoção desse conceito para a conservação dos recursos naturais está também relacionada à possibilidade de avaliar, em uma determinada área geográfica, o seu potencial de desenvolvimento e a sua produtividade biológica, determinando as melhores formas de aproveitamento dos mesmos, com o mínimo de impacto ambiental, ou seja, a sua utilização de forma sustentável. Neste sentido como relata os autores Pires, Santos e Del Prette (2002): [...] as abordagens metodológicas utilizadas para estudar e gerenciar o espaço físico, compreendido pela Bacia, devem estar relacionadas às teorias e modelos que possam explicar, predizer e organizar adequadamente as informações úteis ao processo de gestão ambiental (PIRES, SANTOS e DEL PRETTE, 2002 p. 21).. O principal desafio para o gerenciamento de uma Bacia Hidrográfica é englobar todas as questões biofísicas e humanas que estão contidas na unidade ou são exteriores a ela, com implicações significativas para a sua dinâmica, integrando as dimensões humanas, culturais, sócio-econômicas, estéticas, e outras, que não são especialmente definidas. Oliveira (2002, p. 134) propõe uma abordagem complexa e transdisciplinar, porque “além das dimensões ecológicas, econômicas, sociais, culturais e políticas, permite compreender também as dimensões afetivas, éticas, estéticas, poéticas e espirituais envolvidas, mais do que passiveis de serem incorporadas – necessárias para uma educação integral do ser humano”. Para que a Bacia Hidrográfica seja reconhecida pela sociedade como uma unidade de gerenciamento, adotando-a para tal atividade, ao invés de divisas entre municípios e estados, é preciso uma mudança cultural e educativa com a sociedade. Como relata Oliveira (2006): [...] para que isso aconteça é necessário selecionar e adotar áreas menores, a fim de aproximar a população dos recursos naturais, vincular nos meios de comunicação o estado que se encontra cada Bacia e as decisões firmadas pelo sistema de gestão e incentivar a participação da população nos Comitês e nos projetos, para que possam contribuir na elaboração de panoramas reais e soluções efetivas (OLIVEIRA, 2006, p. 19).. Conhecer as instituições que atuam numa Bacia Hidrográfica, seus atores, o papel que desempenham e a sua área de competência é fundamental para que se possam estruturar ações com vistas a auxiliar trabalhos voltados para os interesses comuns, aglutinar anseios, e formular políticas públicas para o ambiente que levem em conta as demandas e o contexto sociocultural das populações. Martins (2008) escreve sobre a cientifização do processo político, ao separar as relações de poder envolvidas no recorte das Bacias Hidrográficas, tornando-o assim uma fórmula aparentemente técnica, contribui sobremaneira para a reafirmação de certos.

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